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A EXPANSÃO PORTUGUESA A EXPANSÃO PORTUGUESA

A expansão portuguesa ii

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A EXPANSÃO PORTUGUESAA EXPANSÃO PORTUGUESA

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► Vencido o “Cabo Das Tormentas”, Vencido o “Cabo Das Tormentas”, caberá a D. Manuel I, que sucede a caberá a D. Manuel I, que sucede a D. João II, a tarefa e o privilégio de D. João II, a tarefa e o privilégio de organizar a Armada que, organizar a Armada que, comandada por Vasco da Gama, comandada por Vasco da Gama, chegará finalmente , no ano de chegará finalmente , no ano de 1498, à Índia.1498, à Índia.

► Vasco da Gama um militar pouco Vasco da Gama um militar pouco habituado às lides marítimas habituado às lides marítimas rapidamente se tornou, num rapidamente se tornou, num corsário, num mestre na estratégia corsário, num mestre na estratégia da dissimulação e do confronto da dissimulação e do confronto naval. naval.

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► Depois de uma atribulada Depois de uma atribulada viagem de quase um ano, viagem de quase um ano, navegando a Rota do Cabo navegando a Rota do Cabo aberta por Bartolomeu aberta por Bartolomeu Dias, Vasco da Gama chega Dias, Vasco da Gama chega a Calecut, em 1498, onde é a Calecut, em 1498, onde é recebido com a habitual recebido com a habitual cortesia pelos Marajás cortesia pelos Marajás indianos.indianos.

► No entanto, se a nível No entanto, se a nível diplomático as coisas diplomático as coisas correram, a princípio, bem, correram, a princípio, bem, o mesmo não aconteceu do o mesmo não aconteceu do ponto de vista comercial.ponto de vista comercial.

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► De facto, temendo a De facto, temendo a concorrência portuguesa no concorrência portuguesa no comércio entre o Ocidente e o comércio entre o Ocidente e o Oriente, de que eram os Oriente, de que eram os principais intermediários, os principais intermediários, os Árabes fizeram circular boatos Árabes fizeram circular boatos acerca dos intuitos maléficos e acerca dos intuitos maléficos e hostis dos Portugueses.hostis dos Portugueses.

► Com a nossa chegada, diziam, Com a nossa chegada, diziam, os territórios indianos, as suas os territórios indianos, as suas populações e riquezas estariam populações e riquezas estariam em perigo.em perigo.

► Cedo, ao contrário do Cedo, ao contrário do pretendido, os navegadores e pretendido, os navegadores e mercadores portugueses foram mercadores portugueses foram vistos como aventureiros e vistos como aventureiros e conquistadores. Não como conquistadores. Não como pacíficos comerciantes. pacíficos comerciantes.

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► Como resultado, os mercadores indianos recusavam-se a negociar e as naus Como resultado, os mercadores indianos recusavam-se a negociar e as naus portuguesas regressaram, apesar do êxito da viagem, meio vazias ao Tejo.portuguesas regressaram, apesar do êxito da viagem, meio vazias ao Tejo.

Dois anos depois, em 1500, uma nova expedição comandada por Pedro Dois anos depois, em 1500, uma nova expedição comandada por Pedro Álvares Cabral, supostamente, ao desviar-se dos ventos na zona do Bojador Álvares Cabral, supostamente, ao desviar-se dos ventos na zona do Bojador é empurrada para Ocidente, chegando ao Brasil, então baptizado” Terra de é empurrada para Ocidente, chegando ao Brasil, então baptizado” Terra de Vera Cruz”.Vera Cruz”.

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► Continuando a viagem Continuando a viagem sem mais sobressaltos sem mais sobressaltos até à Índia, Pedro Álvares até à Índia, Pedro Álvares Cabral vai deparar-se com Cabral vai deparar-se com os mesmos problemas de os mesmos problemas de Vasco da Gama: Vasco da Gama:

► o medo dos Indianos e a o medo dos Indianos e a hostilidade dos Árabes hostilidade dos Árabes que dominavam com os que dominavam com os seus navios corsários e seus navios corsários e piratas as águas da piratas as águas da região.região.

► Assim, impediam ou Assim, impediam ou dificultavam as trocas dificultavam as trocas comerciais.comerciais.

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► No entanto, esta viagem foiNo entanto, esta viagem foi economicamente muito mais economicamente muito mais lucrativa que a primeira.lucrativa que a primeira.

► A custo, os negócios foram A custo, os negócios foram feitos, facilitados por uma feitos, facilitados por uma presença militar, agora mais presença militar, agora mais avisada e fortemente avisada e fortemente armada.armada.

► Os porões das naus Os porões das naus encheram-se de especiarias, encheram-se de especiarias, e a Lisboa chegavam, pela e a Lisboa chegavam, pela primeira vez, as riquezas primeira vez, as riquezas orientais tão valiosas e orientais tão valiosas e cobiçadas.cobiçadas.

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► No regresso, os Portugueses No regresso, os Portugueses traziam porém uma certeza:traziam porém uma certeza:

dificilmente, dificilmente, conseguiriam explorar as conseguiriam explorar as riquezas do comércio riquezas do comércio oriental enquanto não se oriental enquanto não se instalassem militarmente instalassem militarmente na região e não fosse na região e não fosse neutralizada a forte neutralizada a forte oposição islâmica.oposição islâmica.

Incluindo a turca , que Incluindo a turca , que dominava os mares da dominava os mares da região e ocupava as cidades região e ocupava as cidades litorais.litorais.

Conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque

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► No início, estas viagens foram No início, estas viagens foram de facto pouco lucrativas. Os de facto pouco lucrativas. Os negócios eram feitos trocando negócios eram feitos trocando com os indianos mercadorias com os indianos mercadorias que não produzíamos.que não produzíamos.

► Estas eram compradas aos Estas eram compradas aos países do norte de Europa países do norte de Europa mediante empréstimos de mediante empréstimos de alto juro que diminuíam muito alto juro que diminuíam muito os lucros das viagens.os lucros das viagens.

► Nestas circunstâncias, os Nestas circunstâncias, os verdadeiros lucros só verdadeiros lucros só surgiriam pela conquista de surgiriam pela conquista de regiões onde se produziam ou regiões onde se produziam ou negociavam as especiarias, o negociavam as especiarias, o ouro, as sedas e outras ouro, as sedas e outras cobiçadas mercadorias.cobiçadas mercadorias.

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De facto, Portugal só De facto, Portugal só começará a dominar começará a dominar este comércio quando, este comércio quando, a partir de 1505, são a partir de 1505, são enviados para a Índia enviados para a Índia os dois primeiros Vice-os dois primeiros Vice-Reis que, agindo em Reis que, agindo em nome de D. Manuel, se nome de D. Manuel, se encarregarão de encarregarão de conquistar pela força conquistar pela força algumas ilhas e algumas ilhas e cidades litorais da cidades litorais da Índia.Índia.

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► D. Francisco de Almeida e, D. Francisco de Almeida e, principalmente, Afonso de principalmente, Afonso de Albuquerque, os dois primeiros Albuquerque, os dois primeiros Vice-Reis na Índia, cumpriram Vice-Reis na Índia, cumpriram com risco, coragem e alguma com risco, coragem e alguma contenção este objectivo. contenção este objectivo. Eram várias as funções de que Eram várias as funções de que o rei os incumbia .o rei os incumbia .

► Diplomatas, governadores e Diplomatas, governadores e administradores dos territórios administradores dos territórios conquistados, eram também conquistados, eram também mestres no combate aos mestres no combate aos piratas e corsários que piratas e corsários que infestavam as águas do Indico.infestavam as águas do Indico.

AFONSO DE ALBUQUERQUEAFONSO DE ALBUQUERQUE

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► Os corsários ao contrário dos piratas (bandidos que agiam por iniciativa Os corsários ao contrário dos piratas (bandidos que agiam por iniciativa própria) eram marinheiros e guerreiros que a coberto da bandeira própria) eram marinheiros e guerreiros que a coberto da bandeira pirata, agiam em nome de um rei. Os piratas eram geralmente pirata, agiam em nome de um rei. Os piratas eram geralmente desertores ou amotinados .Os corsários agiam em nome de sua desertores ou amotinados .Os corsários agiam em nome de sua majestade.majestade.

► Este artificio era utilizado para que nações amigas ou com tratados de Este artificio era utilizado para que nações amigas ou com tratados de paz em vigor, se pudessem atacar e pilhar, mutuamente.paz em vigor, se pudessem atacar e pilhar, mutuamente.

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O procedimento era simples. Afundados os navios O procedimento era simples. Afundados os navios saqueados, morta a sua tripulação , era altura de saqueados, morta a sua tripulação , era altura de substituir a bandeira pirata pela bandeira de lei, que substituir a bandeira pirata pela bandeira de lei, que identificava o reino a que o navio pertencia. Podia –se identificava o reino a que o navio pertencia. Podia –se então prosseguir calmamente viagem . então prosseguir calmamente viagem .

Desta forma se evitavam males e guerras maiores.Desta forma se evitavam males e guerras maiores.

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Limpar as aguas indicas de piratas e corsários Limpar as aguas indicas de piratas e corsários inimigos, era pois fundamental , para assegurar o inimigos, era pois fundamental , para assegurar o êxito comércio marítimo com a índia e o oriente.êxito comércio marítimo com a índia e o oriente.

Diga-se de resto que quando falamos de Diga-se de resto que quando falamos de corsários nós fomos dentre eles , dos melhores.corsários nós fomos dentre eles , dos melhores.

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► Assim, enquanto nos Assim, enquanto nos mares o domínio do mares o domínio do Oceano Índico foi Oceano Índico foi assegurado pela presença assegurado pela presença de uma forte armada de uma forte armada portuguesa; em terra, nas portuguesa; em terra, nas cidades conquistadas cidades conquistadas foram erguidas fortalezas foram erguidas fortalezas que asseguravam e que asseguravam e atestavam a presença atestavam a presença dominadora dos dominadora dos Portugueses na região.Portugueses na região.

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►Malaca, Goa, Diu e outras cidades indianas islamizadas, rapidamente, se tornaram cidades portuguesas.

► Simultaneamente, tornaram-se destinos ambicionados por todos os que pretendiam enriquecer, ou simplesmente, melhorar as suas condições de vida.

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► Aventureiros, comerciantes, artesãos e padres, todos podiam aí ser vistos Aventureiros, comerciantes, artesãos e padres, todos podiam aí ser vistos procurando a sua salvação ou a salvação dos outros.procurando a sua salvação ou a salvação dos outros.

O domínio comercial e naval do Oceano Índico permitiu aos O domínio comercial e naval do Oceano Índico permitiu aos Portugueses estender a sua influência para Oriente, nomeadamente em Portugueses estender a sua influência para Oriente, nomeadamente em direcção à China e ao Japão.direcção à China e ao Japão.

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► Macau, entreposto comercial que nos foi dado pelos Macau, entreposto comercial que nos foi dado pelos Chineses para, por nosso intermédio, intensificarem as Chineses para, por nosso intermédio, intensificarem as relações económicas e culturais com a Europa, foi utilizado relações económicas e culturais com a Europa, foi utilizado como base para a exploração dos mares, territórios e como base para a exploração dos mares, territórios e recursos do Extremo Oriente e seus arquipélagos.recursos do Extremo Oriente e seus arquipélagos.

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► No séc. XVI culmina a aventura feita de conquista e descoberta, No séc. XVI culmina a aventura feita de conquista e descoberta, iniciada pelos Portugueses no séc. anterior, permitindo o iniciada pelos Portugueses no séc. anterior, permitindo o contacto entre mundos e civilizações muito diferentes.contacto entre mundos e civilizações muito diferentes.

► Com esta abertura, alguns dogmas caíram, o conhecimento Com esta abertura, alguns dogmas caíram, o conhecimento expandiu-se e as formas de viver e de pensar o mundo expandiu-se e as formas de viver e de pensar o mundo alteraram-se radicalmente.alteraram-se radicalmente.

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Os “ novos mundos “ que os Descobrimentos Portugueses abriram foram o nosso maior contributo, a nível económico e cultural, para a verdadeira revolução das artes e das mentalidades que foi, para a época,”O Renascimento”.E para o movimento Humanista que se lhe seguiu

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► Difundido pela Europa fora, a partir de Florença e de outras Cidades -Estado da Difundido pela Europa fora, a partir de Florença e de outras Cidades -Estado da Península Itálica ,” O Renascimento “ foi sobretudo marcado por uma insaciável Península Itálica ,” O Renascimento “ foi sobretudo marcado por uma insaciável curiosidade pela Antiguidade Clássica, a que foi buscar a inspiração, e pela curiosidade pela Antiguidade Clássica, a que foi buscar a inspiração, e pela descoberta de novas soluções técnicas no campo da arte, como por exemplo, a descoberta de novas soluções técnicas no campo da arte, como por exemplo, a noção de perspectiva e suas leisnoção de perspectiva e suas leis

► ( Giotto ).( Giotto ).

O “ REGRESSO AO MUNDO CLÁSSICO “ “ O NATAL “ de GIOTTO LEONARDO DA VINCI

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► No reinado de D. Manuel, No reinado de D. Manuel, Portugal conseguiu feitos que Portugal conseguiu feitos que lhe conferiram uma importância lhe conferiram uma importância internacional, que não voltou a internacional, que não voltou a repetir na sua História.repetir na sua História.

► Essa importância residia no Essa importância residia no controle do comércio das controle do comércio das riquezas africanas e orientais riquezas africanas e orientais que os Portugueses passaram a que os Portugueses passaram a deter com a descoberta do deter com a descoberta do caminho marítimo para a Índia.caminho marítimo para a Índia.

► Pela “ Rota do Cabo “, de Pela “ Rota do Cabo “, de feitoria em feitoria, as feitoria em feitoria, as especiarias, o ouro, a seda, o especiarias, o ouro, a seda, o marfim e os escravos marfim e os escravos chegavam, regularmente, a chegavam, regularmente, a Lisboa e, daí, seguiam para as Lisboa e, daí, seguiam para as principais feiras internacionais. principais feiras internacionais.

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► Com a chegada a Lisboa das naus carregadas de riquezas Africanas e Com a chegada a Lisboa das naus carregadas de riquezas Africanas e Orientais, os negócios multiplicavam-se e o reino prosperava .Orientais, os negócios multiplicavam-se e o reino prosperava .

O rápido enriquecimento de alguma Burguesia , (os “ Tratantes”) e certos O rápido enriquecimento de alguma Burguesia , (os “ Tratantes”) e certos sectores da Nobrezasectores da Nobreza

( os Nobres - Mercadores) ligados ao comércio destes produtos e, ( os Nobres - Mercadores) ligados ao comércio destes produtos e, fundamentalmente, a enorme riqueza acumulada pelo Rei que dirigia toda fundamentalmente, a enorme riqueza acumulada pelo Rei que dirigia toda esta actividade em regime de monopólio, criou um ambienteesta actividade em regime de monopólio, criou um ambiente propício ao luxo propício ao luxo e à ostentação , que o Rei e a sua Corte reflectiam como ninguém .e à ostentação , que o Rei e a sua Corte reflectiam como ninguém .

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► Esta riqueza passava a Esta riqueza passava a valorizar o ócio, o divertimento valorizar o ócio, o divertimento e a cultura como nunca.e a cultura como nunca.

► A divulgação das novas ideias, A divulgação das novas ideias, práticas e conhecimentos que práticas e conhecimentos que a abertura ao mundo a abertura ao mundo proporcionou, serviu também proporcionou, serviu também para tornar o mecenato quase para tornar o mecenato quase uma moda entre os mais ricos.uma moda entre os mais ricos.

► E com isso ganharam a ciência E com isso ganharam a ciência , a literatura e as artes de que , a literatura e as artes de que o Rei era o principal patrono.o Rei era o principal patrono.

Livro de Horas de D. Manuel I

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► Depois da fome veio a fartura .Esta Depois da fome veio a fartura .Esta é a época do grande desperdício… é a época do grande desperdício…

► … … do fausto, da ostentação, da do fausto, da ostentação, da riqueza, das sedas, pedras riqueza, das sedas, pedras preciosas e dos escravos…preciosas e dos escravos…

… … dos grandes banquetes onde a dos grandes banquetes onde a amena conversa ou a polémica amena conversa ou a polémica sobre as novas realidades, era sobre as novas realidades, era animada por poetas escritores e animada por poetas escritores e filósofos, ao som da música …filósofos, ao som da música …

► A época dos grandes cortejos e A época dos grandes cortejos e desfiles encabeçados pelo Rei, desfiles encabeçados pelo Rei, com a presença de animais com a presença de animais exóticos que provocavam no Povo, exóticos que provocavam no Povo, tal a sua magnificência , o pasmo, tal a sua magnificência , o pasmo, a reverência e a admiração. a reverência e a admiração.

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► Admiração que se estendia a Admiração que se estendia a toda a Europa e que levou toda a Europa e que levou Dürer a imortalizar em vários Dürer a imortalizar em vários desenhos e numa das suas desenhos e numa das suas telas, o fantástico rinoceronte telas, o fantástico rinoceronte que D. Manuel exibia nas suas que D. Manuel exibia nas suas dramáticas aparições públicas.dramáticas aparições públicas.

► O mesmo que se encontra O mesmo que se encontra esculpido como motivo esculpido como motivo manuelino, na torre de Belém e manuelino, na torre de Belém e que atesta o gosto da época que atesta o gosto da época pelo exotismo .pelo exotismo .

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► É também o tempo da literatura de viagens que as novas paisagens e É também o tempo da literatura de viagens que as novas paisagens e povos descobertos estimularam. É o tempo do padre António Vieira e povos descobertos estimularam. É o tempo do padre António Vieira e das suas “crónicas brasileiras “. É o século de Fernão Mendes Pinto e da das suas “crónicas brasileiras “. É o século de Fernão Mendes Pinto e da sua “Peregrinação”.O mesmo que ganhou o epíteto de “ sua “Peregrinação”.O mesmo que ganhou o epíteto de “ MentesMentes Pinto”, Pinto”, tal a exuberância e o excesso que percorriam os seus relatos sobre o tal a exuberância e o excesso que percorriam os seus relatos sobre o Oriente recém-descoberto .E no entanto o homem pouco mentiu.Oriente recém-descoberto .E no entanto o homem pouco mentiu.

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O século do matemático Pedro O século do matemático Pedro Nunes, do botânico Garcia da Nunes, do botânico Garcia da Horta e, finalmente, de Camões Horta e, finalmente, de Camões cuja vida e obra anunciavam já, cuja vida e obra anunciavam já, nostalgicamente, a decadência nostalgicamente, a decadência do Império.” Os Lusíadas “, mais do Império.” Os Lusíadas “, mais que uma obra literária foram um que uma obra literária foram um balanço ,um acerto de contas balanço ,um acerto de contas com a nossa história .A história com a nossa história .A história de um país que exaltando um de um país que exaltando um passado nele resolveu repousar, passado nele resolveu repousar, cansado de mais para se adaptar cansado de mais para se adaptar aos novos temposaos novos tempos

A exploração das riquezas do A exploração das riquezas do Brasil continuará por uns tempos Brasil continuará por uns tempos a alimentar esta inércia. Os reis a alimentar esta inércia. Os reis continuarão a cobrir-se de sedas. continuarão a cobrir-se de sedas.

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► Os festins e desfiles continuarão a Os festins e desfiles continuarão a divertir a corte, e a entreter e divertir a corte, e a entreter e fazer pasmar a populaça. Mas no fazer pasmar a populaça. Mas no fundamental nada mudou. O País fundamental nada mudou. O País continuava o mesmo .Um país continuava o mesmo .Um país pobre e atrasado ,que ia vivendo pobre e atrasado ,que ia vivendo dos rendimentos dos rendimentos

► Mas, paradoxalmente, no meio de Mas, paradoxalmente, no meio de toda esta aparente abundância de toda esta aparente abundância de crédito e dinheiro, o século crédito e dinheiro, o século dezasseis vai marcar pela atitude dezasseis vai marcar pela atitude conservadora do poder e, conservadora do poder e, sobretudo da Nobreza ,o início de sobretudo da Nobreza ,o início de um atraso nunca recuperado em um atraso nunca recuperado em relação aos países do norte da relação aos países do norte da Europa, com quem competíamos Europa, com quem competíamos no comércio africano e oriental.no comércio africano e oriental.

De repente, bem instalado, De repente, bem instalado, Portugal tornou-se vaidoso, Portugal tornou-se vaidoso, preguiçoso e avesso ao risco.preguiçoso e avesso ao risco.

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► Esbanjando os rendimentos da Coroa, da Igreja e dos ricos em Esbanjando os rendimentos da Coroa, da Igreja e dos ricos em obras sumptuárias e de auto - glorificação…obras sumptuárias e de auto - glorificação…

… …Investindo os lucros na compra de novas terras e de artigos Investindo os lucros na compra de novas terras e de artigos sumptuários, fomos incapazes, numa altura em que o podíamos sumptuários, fomos incapazes, numa altura em que o podíamos fazer, de alterar a estrutura fundiária da nossa economia.fazer, de alterar a estrutura fundiária da nossa economia.

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Comprando preguiçosamente ao estrangeiro tudo o que não produzíamos, desdenhando de tudo o que por cá era feito, fomos incapazes de desenvolver as actividades que, pelo seu atraso, nos tinham condenado à situação de país pobre. Um país por uns tempos rico, mas cada vez mais gastador e devedor.

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► Um país onde reinava uma Um país onde reinava uma agricultura cada vez mais agricultura cada vez mais confundida com “trabalho para confundida com “trabalho para negros”, tal o número de negros”, tal o número de escravos a que os grandes escravos a que os grandes proprietários recorriam…proprietários recorriam…

► … …arcaica, sub–aproveitada, arcaica, sub–aproveitada, mal distribuída e incapaz de mal distribuída e incapaz de alimentar o país…alimentar o país…

► mas que chegava e bastava mas que chegava e bastava para as necessidades e para os para as necessidades e para os desperdícios dos grandes desperdícios dos grandes proprietários que detinham a proprietários que detinham a maior parte da terra…E assim maior parte da terra…E assim nada mudava.nada mudava.

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► Um comércio externo e Um comércio externo e interno que deixou de interno que deixou de assentar na produção de assentar na produção de bens produzidos no bens produzidos no Reino…Reino…

► ……um artesanato incapaz um artesanato incapaz de encontrar o seu de encontrar o seu lugar, quando foi lugar, quando foi chamado a competir, em chamado a competir, em qualidade, com os qualidade, com os artigos que chegavam artigos que chegavam do Oriente e do Norte...do Oriente e do Norte...

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Entretanto, os novos e velhos Entretanto, os novos e velhos detentores da riqueza gastavam detentores da riqueza gastavam o dinheiro, como sempre por cá o dinheiro, como sempre por cá se tinha feito:se tinha feito:

► Comprando terras e cobrindo-se Comprando terras e cobrindo-se de glória: sedas, ouro, jóias e, de glória: sedas, ouro, jóias e, claro, construindo monumentais claro, construindo monumentais edifícios e residências.edifícios e residências.

► E, como a glória por cá não se E, como a glória por cá não se fabricava, comprava-se ao fabricava, comprava-se ao estrangeiro.estrangeiro.

► Na altura, o dinheiro parecia não Na altura, o dinheiro parecia não acabar. Nem a glória do Rei. Não acabar. Nem a glória do Rei. Não fixámos no país o dinheiro que fixámos no país o dinheiro que por cá circulava, modernizando a por cá circulava, modernizando a nossa economia, adaptando-a às nossa economia, adaptando-a às transformações e às exigências transformações e às exigências de um novo mundo que de um novo mundo que ajudámos a criar . ajudámos a criar .

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Um mundo dinâmico que crescia ao ritmo do risco, da ousadia e da criatividade.Um mundo onde a inércia dos tempos góticos .já não tinha lugar. Um tempo em que já não se tratava de acumular dinheiro terras e outras riquezas, para se ter realmente poder e assegurar o desenvolvimento do reino..

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► Agora não bastava ser Agora não bastava ser rico. Era preciso saber rico. Era preciso saber rentabilizar essa riqueza. rentabilizar essa riqueza. Fazê-la circular, conseguir Fazê-la circular, conseguir abdicar de algo por abdicar de algo por alguma coisa maior. Com alguma coisa maior. Com risco. Sem certezas. Um risco. Sem certezas. Um jogo em que acabamos jogo em que acabamos por assumir o papel de por assumir o papel de saudosos perdedores.saudosos perdedores.

Limitámo - nos a gastar e Limitámo - nos a gastar e no final ficamos com pouco. no final ficamos com pouco. Apenas com o suficiente Apenas com o suficiente para continuarmos pobres.para continuarmos pobres.

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► Na realidade, resignámo-Na realidade, resignámo-nos ao papel de nos ao papel de transportadores de transportadores de mercadorias que outros mercadorias que outros produziam, a sul e a oriente produziam, a sul e a oriente mas também a norte. mas também a norte.

Começava a esmorecer o Começava a esmorecer o espírito empreendedor que espírito empreendedor que tinha estado na origem dos tinha estado na origem dos Descobrimentos Descobrimentos Portugueses.Portugueses.

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► E por fim, limitámo-nos a E por fim, limitámo-nos a enriquecer e a facilitar o enriquecer e a facilitar o desenvolvimento dos países desenvolvimento dos países de cujas importações de cujas importações dependíamos, para dependíamos, para continuarmos a comer e a continuarmos a comer e a exibir o fausto e a futilidade. exibir o fausto e a futilidade.

► De facto, se exceptuarmos De facto, se exceptuarmos um breve período do um breve período do reinado de D. João I I, reinado de D. João I I, mesmo no auge da mesmo no auge da Expansão, fomos sempre Expansão, fomos sempre um país devedor .um país devedor .

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► Os lucros do comércio Africano, e Oriental e Os lucros do comércio Africano, e Oriental e nem mesmo o ouro brasileiro chegavam para nem mesmo o ouro brasileiro chegavam para pagar o que o país não produzia e consumia cada pagar o que o país não produzia e consumia cada vez mais avidamente.vez mais avidamente.

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► Dos cereais aos artigos de Dos cereais aos artigos de luxo, passando pelos mais luxo, passando pelos mais variados artefactos, tudo variados artefactos, tudo vinha do estrangeiro.vinha do estrangeiro.

► A acumulação desse capital A acumulação desse capital a Norte, conseguida através a Norte, conseguida através das exportações para os das exportações para os países do Sul e do Oriente, países do Sul e do Oriente, ajudará a financiar a ajudará a financiar a revolução industrial que, a revolução industrial que, a partir de Inglaterra, mudará a partir de Inglaterra, mudará a face da Europa.face da Europa.

► Mas, por cá, o dinheiro ia-se Mas, por cá, o dinheiro ia-se acabando e o país continuava acabando e o país continuava atrasado, pobre e rural.atrasado, pobre e rural.

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► O estilo Manuelino é, na verdade, uma síntese de elementos O estilo Manuelino é, na verdade, uma síntese de elementos estruturais do estilo gótico, profusamente ornamentado com estruturais do estilo gótico, profusamente ornamentado com motivos pagãos alusivos às descobertas e à vida no mar.motivos pagãos alusivos às descobertas e à vida no mar.

► A esfera armilar, as conchas, as cordas e nós dos marinheiros, os A esfera armilar, as conchas, as cordas e nós dos marinheiros, os peixes são alguns dos muitos motivos que foram ao mar buscar peixes são alguns dos muitos motivos que foram ao mar buscar inspiração, e que dão originalidade a este sub - estilo que se inspiração, e que dão originalidade a este sub - estilo que se implantou em Portugal no séc. XVI. implantou em Portugal no séc. XVI.

O “ ESTILO MANUELINO “

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► Em Portugal trocámos o estilo renascentista pelo “ Em Portugal trocámos o estilo renascentista pelo “ Manuelino”, mas no século seguinte ele chega até Manuelino”, mas no século seguinte ele chega até nós na sua variante “Maneirista”- um novo gosto pelo nós na sua variante “Maneirista”- um novo gosto pelo clássico.clássico.

► Menos depurado que o estilo renascentista, o Menos depurado que o estilo renascentista, o Maneirismo, mais hierático, mais imponente e Maneirismo, mais hierático, mais imponente e desproporcionado, reflecte o espírito da contra – desproporcionado, reflecte o espírito da contra – reforma. reforma.

► Imponente, dogmático e castigador, anuncia já os Imponente, dogmático e castigador, anuncia já os excessos do “Barroco” que se instalará na Europa excessos do “Barroco” que se instalará na Europa na época de todos os “ Absolutismos”na época de todos os “ Absolutismos” . .

O ESTILO MANEIRISTA