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Mês de aniversário
Por nosso diretor e pai espiritual Dom tomás de aquino
SANTOS E
FESTAS DO MÊS:
08 - Pentecostes;
09 - Sta. Margarida da Escócia
(rainha);
13 – Santo Antônio de Pádua;
14 - São Basílio Magno;
15 - Festa da Santíssima
Trindade;
19 - Corpus Christi;
21 - São Luís Gongaza;
24 - Natividade de São João
Batista;
27– Festa do Sagrado Coração
de Jesus
Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro;
29 - São Pedro e São Paulo;
30 - São Paulo.
N E S T A
E D I Ç Ã O :
Palavras do diretor 1
Obrigações dos casados 2
Biografia 3
Jesus, Rei de amor 4
Filhos morrendo de fome 5
Avisos 6
Junho/ 2014 Edição 13
A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S
E D I Ç Ã O E S P E C I A L D E A N I V E R S Á R I O
Caríssimos leitores e amigos,
Nosso jornalzinho faz um ano. Um ano é apenas um ano, mas um ano não
deixa de ser alguma coisa, pois se trata de um ano de dedicação, de estudo, de
procura de bons textos e de interesse pelo que é verdadeiro, bom e belo.
Ora, é desta dedicação que gostaria de lhes falar neste aniversário. Dedicar-
se é se consagrar a uma coisa, a um ideal. E qual deve ser o nosso ideal? Nosso
ideal não pode ser outro senão aquele que Deus Ele mesmo nos deu: Nosso
Senhor Jesus Cristo. Ele é o nosso ideal. Ele é a rocha sobre a qual o homem
sábio construiu a sua casa e vieram os ventos e as torrentes e ela não caiu por-
que estava fundada sobre a rocha. Para nós viver é o Cristo, como diz São Pau-
lo. Nossa vida, nosso ideal é o Cristo, Nosso Senhor, dono de nosso jornalzinho,
dono de tudo o que é nosso, dono de nossas pessoas, de nossa atividade. Nu-
ma palavra: Ele é nosso rei e como rei Ele dispõe de nós como coisa e proprie-
dade sua.
Ora, caríssimos leitores, este jornal não tem outro objetivo que o de nos unir
neste mesmo ideal de fazer reinar Nosso Senhor em nossas vidas e em nossas
famílias. Queira Deus que ele tenha cumprido sua razão de ser. Que ele lhes
tenha ajudado a conhecer e amar Nosso Senhor e sua lei. Se queremos que
nossas famílias, nossa pátria e o mundo inteiro se volte para Nosso Senhor,
centro de toda a criação, nós devemos continuar este esforço de nos instruir
não só pela leitura, mas também pela oração que, nos fazendo conhecer e
amar Nosso Senhor, nos fará imitá-lo em tudo. Nosso Senhor amou a vontade
do Pai e disse: "Não seja feita a minha vontade, mas a vossa". Nosso Senhor
amou o próximo e mesmo os seus inimigos e disse: "Pai, perdoai-lhes, porque
eles não sabem o que fazem". Sim, o mundo moderno não sabe o que faz, mas
Nosso Senhor sabe o que devemos fazer e Ele pôs a nosso alcance sabê-lo tam-
bém. É para isto que este jornalzinho existe. Para nos ajudar a conhecer o que
devemos fazer e para nos animar a fazê-lo.
Agradecemos os encorajamentos recebidos e as colaborações enviadas, pois
isto nos ajuda a continuar este trabalho que fazemos com o intuito de ajudá-los
na sua vida de família no meio de um mundo que vive em contradição cada vez
maior com os ensinamentos de Nosso Senhor. Queira Deus que, com ajuda de
Nossa Senhora e de São José nós possamos ter parte na reconstrução do reina-
do de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre todo o mundo. "Instaurare onmia in Cris-
to ", restaurar todas as coisas em Cristo, a começar por nossas famílias. Que a
divina Providência que fez nascer nosso jornal no mês do Sagrado Coração vele
sobre o seu crescimento e sobre sua fidelidade aos ensinamentos de Nosso
Senhor para a glória da Santíssima Trindade e nossa salvação eterna.
ir. Tomás de Aquino
O matrimônio é um sacramento instituí-
do por Jesus Cristo ; bom e grande sacra-
mento, quando é feito em Jesus Cristo e
na sua Igreja, como diz São Paulo; é
sacramento de amor e união entre os
casados, assim como há este amor entre
Jesus Cristo e a sua esposa a Santa
Igreja. Segue-se portanto que os maridos
devem amar as suas mulheres, como
Jesus Cristo ama a sua esposa a Santa
Igreja; e as mulheres do mesmo modo
devem amar os seus maridos, assim
como a mesma Igreja ama a Jesus Cris-
to, seu esposo: devem ambos viver em
paz e harmonia; devem assistir-se e
socorrer-se mutuamente nos trabalhos e
necessidades, e guardar fidelidade um
ao outro. Peca pois mortalmente o mari-
do que ofende sua mulher com despre-
zos e injúrias, que ela muito sente, e
também se a espanca gravemente, so-
bretudo sem grave causa; pois ainda que
o marido é a cabeça da mulher para o
governo e admoestação, não é para a
tratar como escrava; e também deve
ouvir seu parecer e conselho, porque
muitas vezes, como mais livre das pai-
xões, pode acertar melhor no governo da
casa e da família, do que o mesmo mari-
do; peca também mortalmente o marido,
se embaraça à sua mulher a observân-
cia dos mandamentos de Deus e da sua
Igreja, ou se lhe manda fazer alguma
coisa contra eles em matéria grave; do
mesmo modo peca se lhe nega o vestido
preciso, conforme suas posses, e se
desperdiça e gasta mal os bens da casa
e família com outras mulheres ou com o
jogo. Peca também mortalmente a mu-
lher que provoca com palavras graves e
pesadas seu marido a grandes iras e
agonias, pragas e blasfêmias; se gasta
de casa quantidade notável sem licença
do mesmo marido, a não ser para o go-
verno da casa ou para coisa que se su-
ponha que ele não embarace; e se não
obedece ao marido naquilo que pertence
ao bom governo da casa e da família.
Pecam ambos mortalmente se não são
um para o outro, e se são infiéis um ao
outro, adulterando. Pecam finalmente de
outros muitos modos, que aqui se não
podem explicar; e muitos casados se
condenam ao inferno, porque julgam
muitas coisas lícitas, que o não são; e
P á g i n a 2 A F a m í l i a C a t ó l i c a
praticam às vezes o que Deus muito repro-
va.
Eis aqui os principais deveres dos casa-
dos. Mas onde estão esses que cumpram
com eles exatamente? Observa-se quase
tudo pelo contrário: observam-se imensos
casados em desordem e discórdia um com
outro, e um inferno nas suas casas; um
contínuo de gritos, palavras injuriosas,
pragas e maldições um para o outro; ob-
servam-se desprezos para as mulheres,
necessidades, lágrimas, desesperações,
infidelidades e divórcios escandalosos. Os
que assim vivem casados, em lugar de
acharem no matrimônio o nó da união e
amor, acharam o laço que os prende e leva
ao inferno, diz São Jerônimo. A mulher
desperdiçando muitas vezes o que não
deve; o homem gastando no jogo, nas
tabernas e com os vícios o que pertence
também à sua mulher; e depois de tudo
isto ainda em casa um chuveiro de impro-
périos um para o outro: se ao menos um
dos dois se calasse, não se ouviria tão
cruel e renhida contenda, e tantos peca-
dos; mas nem o homem nem a mulher se
abranda, nenhuma língua sossega, e eis
aqui uma medonha tempestade e tantos
escândalos aos filhos e à vizinhança.
Mas d’onde vem, pergunto eu, d’onde
vem tão péssimo procedimento entre os
casados? Vem dos maus matrimônios,
vem dos casamentos que não são feitos
em Jesus Cristo, isto é, como Ele manda.
OBRIGAÇÕES DOS CASADOS, AS QUAIS OS MESMOS
SOLTEIROS DEVEM PRIMEIRO SABER.
Pe. Fr. Manoel da Madre de Deus
A maior parte dos casamentos, ou
quase todos, são feitos ou por paixão de
interesses mundanos, ou por paixão
carnal; e assim vão viciados na sua ori-
gem, e não podem progredir bem; são
feitos no pecado, consumados no peca-
do, e continuados no pecado. Como n’es-
se casamento haja conveniência, como
faço arranjo para a casa, ou como agra-
de esse homem ou mulher, não se olha
a coisa alguma, não se olha a outras
qualidades, não se olha a costumes, não
se olha a gênio, não se olha à obriga-
ções que se vão contrair; nada, nada
lembra senão casar, e só coisas tempo-
rais e carnais, e nada mais. Como sairão
assim semelhantes matrimônios? Princi-
pia-se uma amizade ilícita entre ambos
os pretendentes; conversa-se meses e
anos; sopram-se imensos pensamentos
desonestos; proferem-se repetidas vezes
palavras maliciosas; praticam-se brincos
indecentes, e às vezes o mais; e depois
de desafiada a concupiscência, depois
de muitos pecados mortais cometidos
deste modo contra a santa castidade,
então se celebram os casamentos: tra-
tam-se com pecados mortais, e cele-
bram-se com pecados mortais sem uma
confissão demorada, que até geral seria
bem necessária. Tudo vai à pressa e mal
ordenado, porque só lembra casar, e
nada mais; recebem assim o matrimônio
em pecado mortal; e em lugar de recebe-
rem as bênçãos do céu, a graça de
Deus, para cumprirem com os deveres
do estado, recebem a maldição do mes-
mo Deus; não são matrimônios abençoa-
dos, são amaldiçoados; e por isso depois
procedem tão mal, como continuamente
se observa. Tremei, pois, casados, e
tremei solteiros, para não vos introduzi-
res com tanta facilidade em semelhante
estado.
Retirado do livro:
Piedosas meditações sobre a Paixão de
Nosso Senhor Jesus Cristo extraídas e
compendiadas da obra de Santo Afonso
Maria de Ligório intitulada Relógio da
Paixão acrescentadas com algumas
outras meditações, devoções e explica-
ções dos mandamentos, também quase
tudo extraído das obras do mesmo San-
to Afonso, pelo Pe. Fr. Manoel da Madre
de Deus, religioso carmelita descalço
empregado nas missões.
Trecho da vida de Maria da Concei-
ção Fróis Gil Ferrão de Pimentel Tei-
xeira, conhecida como Sãozinha. Nas-
ceu a 1 de fevereiro de 1923, em
Coimbra, e viveu em Abrigada. Teve
uma existência curta, faleceu aos 17
anos no hospital de S. Luís em Lis-
boa, no dia 6 de junho de 1940. Reti-
rado do livro “... Vou para o céu!”,
pela mãe da Sãozinha. Edições Sale-
sianas, Porto.
Salientamos que os banhos citados
pela Sãozinha eram banhos públicos,
e portanto mistos, o que definitiva-
mente não é bom, e esta era a razão
de sua resistência à praia. Ela só ia,
porque os pais, que eram liberais, a
forçavam, e tomava as devidas pre-
cauções porque tinha a alma bem
católica, mais do que os pais, como a
mãe mesmo reconhece.
Na praia
Foi talvez na vida das praias onde
mais se notou a sua candura. Amara a
praia desde criança. Mas à medida que
ia crescendo, começou a manifestar
escrúpulos quanto ao uso dos fatos1 de
banho. Escrúpulo não, mas repugnância
pelos fatos de malha, e que subiu de
pontos, dos 14 aos 16 anos. Infelizmen-
te, nem eu, nem meu marido compreen-
díamos semelhante atitude que taxáva-
mos de exagero. No seu último ano de
praia, enquanto eu tomava trinta ba-
nhos, tomava ela apenas meia dúzia,
ainda assim constrangida e só a custa
de severas repreensões.
A justificar a sua resistência às nos-
sas ordens irrefletidas, de pessoas ob-
cecadas pelo espírito do mundo, dizia-
nos: “Tenho vergonha de ir tomar ba-
nho. Isto é que é uma situação!... Se
vou tomar banho de fato comprido, dou
nas vistas, porque ninguém vai assim;
se vou vestida de fato de malha, tenho
vergonha. Por isso prefiro não tomar”.
Quando ela, embrulhada no roupão,
junto ao mar, fazia os costumados quei-
xumes, eu e o pai, enfadados por não
compreender o que chamávamos de
melindres da sua consciência delicada,
fazíamos-lhe sentir que com essas ce-
nas ainda dava mais nas vistas.
Se, cedendo algumas vezes à nossa
pressão, se resolvia ao sacrifício de nos
fazer a vontade, obrigava-me a mim ou
ao banheiro2 a entrarmos com ela pelo
mar a dentro, enquanto o roupão ia
arregaçando à medida que a água ia
subindo e só no-lo entregava quando se
julgava bem encoberta pelo mar. Cena
idêntica se repetia quando saía do ba-
nho.
Enquanto se vestia na barraca, a vivas
instâncias suas, tinha que ficar eu ou
pessoa de muita intimidade de sentinela,
a segurar a abertura da barraca, não
fosse alguém entrar lá por engano ou o
vento levantar o toldo.
Quantas vezes saía da barraca com
uma saia comprida ou o roupão grande a
cobrir o vestido de malha, e vinha para
ao pé de nós com um expressivo olhar
de ternura e súplica, que parecia dizer:
“Não me obriguem a tomar banho”. (...)
Aos 14 anos, um tio seu tirou-lhe o
retrato em fato de banho. Embora, en-
tão, fosse muito criança sentiu-se muito
ferida na sua dignidade. Aos seus olhos,
uma fotografia que lhe tiramos, nuazi-
nha, aos seis meses, tinha sido uma má
ideia da nossa parte.
Hoje pensamos como ela, compreen-
demos a delicadeza dos seus sentimen-
tos e tomamos na conta de homenagem
à sua pureza de alma a observação que
alguém fez em prosa rimada, em Santa
Cruz, no último ano de praia, e que de-
clamou à sua passagem para o banho,
envolta no roupão que lhe chegava aos
pés:
Lá vai a São
Embrulhada no roupão
E toda esta delicadeza justificada pare-
cia contrastar tanto com a sua vida cheia
de movimento e radiosa alegria, parecia
perfeitamente incompatível com a maior
pureza de consciência. Mas não foi as-
sim. A Sãozinha vivia a verdade sublime
tão querida ao seu coração de cristã:
“O nosso coração é o Templo do Espí-
rito Santo, o Santuário da Divindade”.
Acerca desta afirmação, recordo
que, embora raramente, quando mu-
dava de roupa, esquecia sobre a
“toilette” as medalhas que trazia con-
sigo.
Cheguei a mostrar-lhe a falta. Não
só recebeu bem a observação, mas
com o seu ar desempoeirado, um dia
respondeu-me: “Não se inquiete,
mãezinha, Jesus está aqui!”, enquan-
to, sorrindo, com a palma da mão
batia-se contente sobre o peito.
Só mais tarde é que nós também
avaliamos as razões da sua repug-
nância e as suas palavras, dela que
fora sempre tão humilde e obediente,
quando dizia ao pai que a ameaçava
de nunca mais voltar para as praias
se continuasse com esquisitices:
“Prefiro mil vezes não voltar, do que
sujeitar-me a este martírio”.
Estimava as amigas da praia, que
lhe faziam sempre festa quando apa-
recia: “Lá vem a São! Lá vem a São!”
mas nunca, porém, adiantou as suas
saídas de casa. Em geral não saía
sem ser acompanhada por nós. “Ó
Sãozinha, porque tardaste tanto?“-
perguntavam-lhe. E a resposta era
sempre a mesma: “Não me foi possí-
vel vir mais cedo; tive de esperar
meus paizinhos”.
Delicadamente, com o receio de me
magoar quando me visse deitada na
areia, vinha puxar-me a saia com
receio de que estivesse curta demais
e sussurrava-me assim: “Não gosto
de ver assim a mãezinha deitada na
areia... Não sei o que parece”. Ou: “
Este vestido está decotado demais...
Não lhe fica bem! Lembre-se, Ginha,
de que é feio”
E para desfazer qualquer melindre,
puxava-me como que a brincar o de-
cote para cima, como fazia em crian-
ça e, contemplando-me, dizia, enleva-
da: “Ah, como assim fica bonita, mãe-
zinha... Quem me dera ter a sua cari-
nha”.
Ou usava ainda outra arma tão deli-
cada... Mandava-me fechar logo os
olhos e punha-me na boca algum
bombom.
Sim, mas a lição estava dada!
(1) Fato: roupa, trajo, vestuário.
(2) Banheiro: Salva vidas, nadador-
salvador.
“...vou para o céu!” Pela mãe da Sãozinha
A F a m í l i a C a t ó l i c a E d i ç ã o 1 3
A ENTRONIZAÇÃO
Em que consiste - Sua importância - Sua
prática.
Em que consiste
A Entronização pode definir-se: o reco-
nhecimento oficial e social da soberania
do Coração de Jesus sobre uma família
cristã.
Reconhecimento afirmado, tornado
sensível e permanente pela instalação
solene da imagem desse Coração divino
no lugar de honra e pelo ato de consagra-
ção.
Foi o próprio Deus de misericórdia que
disse: que, sendo a fonte de todas as
bênçãos, Ele as distribuiria em abundân-
cia em todos os lugares onde fosse colo-
cada a imagem do seu Coração para ser
amada e honrada.
Disse ainda: “Eu reinarei apesar dos
meus inimigos e de todos aqueles que se
quiserem opor”.
A Entronização não é então outra coisa
senão a inteira realização do conjunto dos
pedidos feitos pelo Sagrado Coração em
Paray-le-Monial e das promessas magnífi-
cas que acompanharam esses pedidos.
Digo o conjunto, porque a família a san-
tificar é o objetivo transcendente de todos
esse apostolado: célula social, ela deve
ser o primeiro trono vivo do Rei de amor.
Para transformar, para salvar de novo o
mundo, é preciso que o Natal se perpe-
tue, que o Emanuel, o Jesus do Evangelho
habite sempre entre nós.
É preciso, para chegar-se ao Reino Soci-
al de Jesus Cristo, retomar a sociedade
pela base e refazer a família cristã.
É pela família que se afirma e se mede
o valor de um povo. O povo vale o que
vale a família.
Dizia-me um grande convertido: “Padre,
o senhor nunca poderá exagerar a impor-
tância da cruzada que está pregando.
Deixamos de boa vontade para os católi-
cos as igrejas, as capelas, as catedrais;
basta-nos, para perverter a sociedade,
possuir as famílias. Se nisso formos bem
sucedidos, acabou-se a vitória da Igreja.”
Oh! Como será sempre verdadeira esta
palavra de Jesus: “Os filhos deste século
são mais prudentes que os filhos da luz.”
O grande mal da nossa sociedade é que
ela perdeu o sentido do divino. Que remé-
dio dar a esse mal?
Voltar a NAZARÉ.
Foi por Nazaré, fundando a Santa Famí-
lia, que o Verbo começou a Redenção do
mundo. As sociedades para serem redimi-
das deverão voltar para lá.
Mostraram-vos quadros horríveis da
devastação das igrejas nos países invadi-
dos; vossas almas de católicos ficaram
revoltadas. Pois bem, a ruína da família
cristã é um mal ainda maior. A família é o
JESUS, REI DE AMOR.
Pe. Mateo Crawley-Boevey
Templo dos templos. Não são essas igre-
jas esplêndidas, essas igrejas de pedra
que salvarão o mundo, são as famílias
cristãs, é NAZARÉ.
E isso compreende-se.
A família é a fonte da vida, a primeira
escola da criança. Se a fonte da vida naci-
onal for envenenada, a nação perecerá. O
que queremos, é inocular nas famílias a
fé e o amor do Sagrado Coração. Se Jesus
Cristo for inoculado nas raízes, toda a
árvore será Jesus Cristo.
Ora, a Entronização é Nosso Senhor
vindo reclamar seu lugar no lar; como
outrora no fim de suas viagens apostóli-
cas, Ele pedia hospitalidade em Betânia:
lugar de honra, porque Ele é Rei e, - nós o
repetimos - Ele deve reinar sobre cada
família em particular afim de vir a reinar
bem cedo sobre a sociedade...lugar ínti-
mo e familiar porque Ele é Amigo e é pelo
seu Coração, pelo seu Amor que Ele quer
reinar.
A Entronização é portanto de fato o
Emanuel, o Jesus do Evangelho habitando
ainda entre nós. (...)
Sua prática
Receber a Jesus como Rei e Amigo,
colocar a imagem do seu Coração em
vossa casa, no lugar de honra, como pe-
nhor sensível dessa recepção, e o alvo
imediato, é o primeiro passo no caminho
do vosso amor familiar com o Mestre bem
amado. (...)
É preciso que a consagração seja vivida
e constitua um estado em que o Evange-
lho se torne a regra e como que a alma
do lar.
É necessária a convivência, isto é, a
vida comum com aquele Jesus que foi
acolhido e festejado; é necessário convi-
dá-lo a abençoar a aurora e o crepúsculo,
a paz e a tribulação, os sorrisos e as lágri-
mas. (...)
Eis a ideia: um Jesus vivo no lar, um
Deus Emanuel no santuário da família
consagrada! (...)
Vou mostrar-vos com exemplos o que é
a consagração vivida, mais vale um fato
que mil dissertações.
Em plena guerra, uma família consagra-
da recebe um telegrama comunicando
que o filho mais velho tombou no campo
da honra. A mãe toma o despacho e de-
põe-no diante da imagem do Rei da casa.
Chama seus filhos, seus empregados,
toda a família, acende candelabros, traz
flores e, dominando-se como uma verda-
deira heroína, inicia um hino: “Jesus, nos-
sa esperança”...Depois, todos rezam
“Creio em Deus Padre”. Quando a prece
termina a mãe diz aos filhos: “Sua vonta-
de é sempre sábia e boa...Que o seu Rei-
no venha a nós!” só então correm as lágri-
mas serenas diante do Coração de Jesus.
Eis uma homenagem incomparável rendi-
da ao Rei do amor: eis uma dor que não é
da carne e do sangue, mas a do Calvário,
fecunda e gloriosa.
Numa outra família, chegam da escola
as crianças com os braços carregados de
prêmios e coroas. Correm para seus pais
para serem abraçadas.
“Não, diz o pai, vamos primeiro depor as
coroas e os prêmios aos pés de Jesus; é
Ele e não eu o Chefe da família. Beijem o
seu Coração com amor depositando cada
um os seus prêmios e dizendo: “Venha a
nós o teu Reino. Seus pais podem desa-
parecer um dia, meus filhos, este Rei,
nunca”.
No começo da minha vida apostólica eu
tinha tido a alegria de entronizar o Sagra-
do Coração no lar que acabavam de fun-
dar dois jovens da classe operária. No
próprio dia do seu casamento eles tinham
querido fazer entrar em sua casa o Rei-
Jesus.
“Ele será, diziam, o Amigo íntimo de
todos os instantes”.
Alguns anos mais tarde, o operário me
chamava para ver sua mulher, gravemen-
te enferma. O pobre quarto em que mora-
vam, deixava adivinhar uma grande misé-
ria; mas o que chamava logo a atenção
do visitante, era uma bela imagem do
Coração de Jesus, que lá estava fixada,
bem à vista, no lugar de honra, e mais
ainda a grande paz daquela morada.
Depois de algumas palavras de conforto
e consolação: “És muito infeliz, minha
filha? Disse eu à doente.
- Infeliz? Respondeu ela com a convicção
da mais viva fé, com os olhos brilhantes
pelo fogo da febre, não, Padre, nós não
somos infelizes! Nós sofremos, é verdade,
mas choramos com Ele. Entronizando-O
em nossa casa, o Senhor nos tinha dito
que Ele nos consolaria em todas as nos-
sas dores, que Ele saberia abrandar todos
os nossos sofrimentos...Ele o fez, Padre!”
E tomando pela mão seu marido que
soluçava, ela lhe disse: “E tú, o que di-
zes? Fomos infelizes?”
Então, fixando o seu olhar cheio de lá-
grimas sobre a imagem do Coração de
Jesus, ele respondeu: “Infelizes, nós?
Nem cinco minutos! Sofremos bastante,
oh!, sim isso é inevitável, a vida é a vida.
Mas, ser infeliz é coisa bem diferen-
te...infelizes com Jesus, nosso Rei e nos-
so Amigo? Nunca, nunca! Jesus vem bus-
car minha querida, é seu direito, que seja
feita a sua vontade; mas Ele tornará logo
para me buscar, a mim também; e então
nós três, lá em cima, seremos felizes no
céu, como fomos, os três nesta pobre
choupana!” Não é sublime? Eles tinham
aprendido a alta filosofia, do Evangelho: a
diferença que há entre chorar, sofrer e
ser infeliz.
Em muitos lares os filhos morrem de
fome. Porque “o homem não vive só de
pão, mas de toda palavra que sai da
boca de Deus”. Ora, esse alimento espiri-
tual, tenho a impressão que muitos rapa-
zes e moças não o recebem dos pais,
apesar de cristãos.
Será que você compreendeu o que se
passa na alma do seu filho no dia do
batismo? Ele recebe a graça, e portanto
as virtudes teologais - não plenamente
desenvolvidas é claro, mas em estado de
gérmen. Ora, você bem sabe que todo
gérmen possui dentro de si uma energia
interna, sob cujo impulso vai crescer, até
seu pleno desenvolvimento. Nesse meni-
no que vocês trazem na pia batismal, a
fé e a caridade são como gérmens vivos.
Já há nele, pela fé, uma obscura intuição
do divino, uma aspiração ao conhecimen-
to de Deus; já há nele, pela caridade, um
impulso para Deus, um desejo inconsci-
ente de união com Deus.
Um poderoso dinamismo, semelhante
ao que se faz de um caroço de abacate
um grande abacateiro, anima, em seu
coração, essas duas virtudes. Mas é pre-
ciso que o caroço de abacate encontre
terreno favorável ao seu crescimento, e
que a fé e a caridade não sejam privadas
do alimento que elas exigem para pode-
rem crescer. Ora, eu lhe pergunto: será
que você oferece a eles esse Deus que é
objeto das virtudes teologais, e do qual
seus filhos sentem fome? Todos os dias
você parte para eles o pão do corpo; será
que lhes dá também o pão espiritual?
Você se preocupa, eu sei, em fazer com
que seus filhinhos tenham conhecimento
de Deus. Mas porque, pais e mães, desis-
tem da empreitada logo que eles cres-
cem? Já não falam mais de Deus com
eles. E se espantam, de repente, ao veri-
ficar que seus filhos vão perdendo a fé...
Alguns me respondem: “cada um tem
seu papel! Nós não somos padres; não
nos compete pregar! Aliás, os filhos não
gostam de sermões. Será que não há
coisa mais eficaz que ficar falando? O
exemplo e o testemunho não valem mui-
to mais?” Eu esperava por isso. É a res-
posta clássica de hoje em dia, daqueles
que não tem mais coragem de falar em
Deus. “Damos o testemunho, dizem eles;
a gente se cala, mas o exemplo fala!”
Que confianças vocês tem no valor exem-
plar de suas vidas! Depois, que contras-
senso: se abro um dicionário, verifico que
testemunha é alguém que diz o que sa-
be, o que viu, o que escutou.
Vocês devem reconhecer que o seu
silêncio tem talvez outras causas: a timi-
dez, o respeito humano, o medo das
reações, a consciência da sua própria
ignorância ou da falta de jeito para tratar
de temas religiosos. A menos que, por
Pe. Henri Caffarel
Filhos morrendo de fome
mais estranho que isso pareça, vocês não
tenham nada a dizer de Deus. Oh, nós
também, os padres, sentimos às vezes
isso. Mas nós sabemos o que isso signifi-
ca. Um dos meus colegas me dizia certa
vez: “Há um sinal infalível de que minha
vida interior esteja baixando: é não sentir
vontade de falar em Deus!”.
Não vá pensar que eu lhes esteja suge-
rindo usurparem o lugar da hierarquia. Ela
tem uma tarefa que lhe é própria, en-
quanto Igreja ensinante. Herdeira do mi-
nistério dos Apóstolos, só ela define a fé,
só ela ensina com autoridade. Mas, ao
lado desse ensinamento dado com autori-
dade pública, há um ensinamento particu-
lar. E este é para vocês, os pais, uma
função de Igreja, uma missão sagrada,
oficial: “evangelizar os seus filhos,
“transmitir a fé” àqueles aos quais trans-
mitiram a vida física. Para convencer os
pais de família que o escutavam, santo
Agostinho lhes dizia que, em suas casas,
eles deviam fazer o papel de sacerdotes e
até de bispos. E é evidente que é preciso
que a vida que levam não seja um des-
mentido de suas palavras, mas antes
uma ilustração das mesmas.
Não é muito normal que tenhamos de
lembrar-lhes esse dever imprescritível!
Quando chega ao seu conhecimento uma
noticia alegre e importante, que diga res-
peito não só a você, como também àque-
les que ama, você não fica ardendo de
impaciência por comunicar-lhes, o mais
depressa possível, tal notícia? Não venha
me dizer que isso já foi feito de uma vez
por todas, que você já ensinou a seu filho
que Deus é bom e que Deus o convida à
felicidade eterna. Pois todos os dias a fé
no infinito amor de Deus é posta a prova!
Porque o mundo em que estamos mergu-
lhados lança, a cada instante, um des-
mentido novo à nossa confiança na bon-
dade de Deus. Por isso, a fé tem de ser
uma reconquista cotidiana. Essa recon-
quista, seus filhos não a podem fazer
sozinhos: cabe a você proteger, defender,
alimentar neles a fé, falando-lhes de
Deus, que é seu Pai, ajudando-os a com-
preender melhor o grande desígnio de
Deus em relação ao mundo.
Mas insisto em que você deve falar-lhes
de Deus, e não penas de seus deveres, e
não apenas pregar-lhes a obediência, a
franqueza, o esforço, a pureza. Ensinando
-lhes apenas uma moral, você corre o
risco de vê-los reagirem como esse jovem
estudante que acaba de escrever-me
uma carta, de que tiro esse trecho: “Qual
não foi minha surpresa, ao descobrir nos
meus colegas e professores, todos ateus,
aquela consciência, aquela retidão, aque-
la dignidade de vida que meus pais me
haviam ensinado a colocar acima de tu-
do, e que eu julgava ser sinal característi-
co de um católico”. “Os que vejo aqui são
muito melhores que muitos cristãos que
eu conheço. Por isso, já não compreendo
bem a razão de ser dos sacramentos e
das práticas religiosas...”
Ele não compreendeu, esse rapaz, que
o que distingue um católico de um sim-
ples homem de bem, não é a prática
mais ou menos perfeita das virtudes,
mas a fé viva em Deus, que amou os
homens a ponto de lhes dar seu filho:
“Quanto a nós, diz São João, nós conhe-
cemos o amor que Deus tem por nós, e
nós cremos nesse amor”! Uma coisa é a
gente reduzir a religião do Cristo à prati-
ca das virtudes morais, e outra, inteira-
mente diferente, a gente saber que é
amado por Deus, que é filho de Deus,
que é convidado a participar de sua inti-
midade neste mundo, e chamado a dar-
lhe glória durante a vida toda.
É preciso que vocês sejam os que bus-
cam a Deus e que alimentam continua-
mente a fé com a sua palavra. “Guardem
a Palavra” (como foi dito de Nossa Se-
nhora, que conservava todas as coisas,
meditando-as em seu coração), e vocês
não tardarão a tornarem-se cristãos
transbordantes de vida, e o Espírito San-
to lhes dará toda a Verdade”.
A alegria de conhecer fará de vocês
apóstolos. Apóstolos para seus filhos em
primeiro lugar. Pais cristãos, vocês obser-
varam a ordem que Deus já dava aos
judeus: “Amarás o Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma,
com todas as suas forças”. Que estas
palavras que eu hoje te digo permane-
çam gravadas aos teus filhos. Tu lhes
dirás estas palavras tanto sentado em
tua casa como andando pela estrada,
tanto deitado como em pé; tu prendê-las-
á ao teu braço como um sinal, em torno
da tua fronte, como um diadema; tu as
escreverás nas traves da tua casa, tu as
escreverás sobre as portas...
Quando teu filho te perguntar: “que
instruções são essas que o Senhor nosso
Deus nos prescreveu?” Tu dirás a teu
filho: “Nós éramos escravos do Faraó do
Egito, e o Senhor nos tirou de lá com sua
mão poderosa. Realizou diante de nos-
sos olhos, prodígios enormes e terríveis.
Conduziu-nos ao país que, com juramen-
to, havia prometido aos nossos pais dar-
nos um dia. O Senhor nos prescreveu por
em prática todas as leis, a fim de sermos
sempre felizes, e de viver como nos con-
cedeu até agora”. (Deut. 6).
Todo pai (e toda mãe) deve ser um
profeta no sentido bíblico da palavra, isto
é, um homem que ouve a Deus, que fala
de Deus e em nome de Deus, e que pro-
clama os grande feitos do amor divino
por nós.
Edição:
Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES.
http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br
Entre em contato conosco pelo e-mail: [email protected]
Prezados Amigos, Salve Maria Imaculada!
É com grande alegria que chegamos a este primeiro ano de nosso jornalzinho. Que ele tenha servido, em
primeiro lugar, para a maior glória de Deus e também para auxiliar na formação das famílias católicas, são os
mais sinceros desejos de nossos corações, como bem disse Dom Tomás. Aproveitamos a oportunidade para
agradecer ao mesmo pela idéia de fazer este jornal e por ser nosso diretor, nosso pai e nosso amigo, guiando
nossas almas para a Verdade. Que a Virgem Santíssima o conserve sempre fiel à Nosso Senhor e à sua Igreja e
que, ao fim do combate, o leve ao Céu.
Para comemorar este 1º aniversário faremos o sorteio de alguns livros que
consideramos importantes para as famílias. Os interessados em participar deverão
enviar um e-mail, até o dia 10 de julho, para [email protected]
informando nome completo, cidade e e-mail de contato. Na próxima edição
anunciaremos o vencedor.
Que o Sacratíssimo Coração de Jesus, em união com o Coração Imaculado de
Maria e o Castíssimo Coração de José, se dignem abençoar e fortificar nossas famílias
para que elas sejam cada dia mais santas.
A Família Católica
P á g i n a 6 A F a m í l i a C a t ó l i c a
Entronização ao Sagrado Coração de Jesus
Aos que ainda não possuem suas casas entronizadas ao Sagrado Coração de Jesus, esperamos que o texto
que transcrevemos nesta edição do jornal, retirado do livro Jesus, Rei de Amor, sirva-lhes como o estímulo que
faltava para empreenderem a resolução de o mais rápido possível transformarem suas casas em Nazaré, em
uma nova Betânia, onde o Amor dos amores vive e reina. Pe. Mateo foi um verdadeiro apóstolo do Sagrado
Coração, a quem Nosso Senhor deu a conhecer seu projeto de “conquistar-Lhe o mundo, família por família”
além de “todo o plano da Entronização, tal como é praticada hoje no universo inteiro”. A respeito desta obra
São Pio X disse-lhe pessoalmente: “Não somente eu lh’o permito, como também eu lhe ordeno que dê a sua
vida por essa obra de salvação social. É uma obra admirável, consagre-lhe toda a sua vida”. Procure o sacerdo-
te responsável por sua Capela e peça-lhe que faça a Entronização ao Sagrado Coração de Jesus.
Promessas do Sagrado Coração às famílias em que a sua imagem fosse exposta e honrada:
“Eu lhes darei todas as graças necessárias ao seu estado de vida;
Eu tocarei os corações mais endurecidos;
Eu porei a paz nas famílias;
Eu abençoarei todos os seus empreendimentos.”