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alfredo-caseiro
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“A gota de água que precisava de tomar banho”
- Era uma vez uma gota de água que precisava de tomar banho...
- Porque é que estão a fazer essa cara de espanto?
- É alguma coisa do outro mundo uma gota de água precisar de se lavar?
- Então uma gota de água não se pode sujar?
- Pois olhem que esta gota de água de quem estou a falar, está suja e bem suja!
- Se não acreditam, esperem um pouco, que ela já aí vem e conta-vos.
- Olá, eu chamo-me Gota de Água.
- Nasci muito longe daqui, num país que se chama Espanha.
-Até chegar aqui, já corri muitos caminhos, e vivi muitas aventuras.
- E até apanhei algumas boleias, vejam lá.
- A primeira foi logo quando desci da nuvem onde me tinha juntado com milhões de amigas, todas iguais a mim e caí em cima das penas de uma águia.
- Ela conseguia voar sem bater as suas enormes asas. Chamam-lhe Águia, talvez por ser tão grande...
- Fui em cima dela durante um bom bocado, até que ela virou a cabeça de repente…
… para ver um coelho a correr lá em baixo nos campos.
- Caí e fui parar à folha de uma árvore.
- Depois desci para outra, e outra, e outra, escorreguei pelo tronco, e só parei para descansar no meio das ervas.
- Mas não descansei por muito tempo:
ainda me estava a encostar,
quando comecei a descer pela terra abaixo.
- Foi aí que tive outra boleia: entrei
num túnel de minhoca, que por
acaso vinha a passar naquele instante, e me levou agarrada a ela, até eu ficar presa a uma raiz.
-Depois infiltrei-me mais
pela terra dentro, até ficar numa
espécie de lago subterrâneo, cheio de gotas
de água.
-Durante alguns dias, a minha vida foi só brincar com as minhas amigas gotas…
… saltávamos à corda, corríamos umas atrás das outras, e dizíamos "olá" às gotas que iam chegando.
- Até que, um belo dia, fizemos uma longa fila, e corremos até à superfície…
…a um sítio que se chama nascente, que é o sítio onde as pessoas dizem que nasce um rio.
- Por isso, eu e as outras gotas éramos agora um rio.
… desde a nascente, nunca paramos.
- Umas vezes vamos devagarinho, que até dá sono; outras vezes, ninguém nos apanha.
- Ser rio é estar sempre em movimento…
- Mas, como é tudo a brincar, nunca nos cansamos.
- Até ficamos com dores nas pernas. E a cabeça anda à roda, que aquilo é só curvas e mais curvas.
-A única coisa que estragou a festa foi que quando estávamos quase a chegar aqui à foz: Passámos perto de um enorme cano...
- ...e de lá saíam umas coisas escuras que se agarravam a nós. Ficámos assim, todas sujas.
- Agora nem conseguimos
brincar, porque ficamos coladas a todos os
objectos que passam no
rio.
- Até cheiramos
mal.
- É por isso que preciso
urgentemente de tomar um grande banho.
- O meu banho não é igual ao dos meninos e das meninas. Para eu ficar mais limpa, tenho de passar por umas coisas que se chamam filtros.
- Vou explicar-vos como é, com a vossa ajuda.
- Primeiro, arranjam um copo de água suja...
- ... depois, fazem passar a água suja por um filtro de café...
- ... finalmente, irão ter a possibilidade de ver um copo de água muito mais?! Limpa…
- Que tal?
Resulta ou não?
- Agora o que faz falta é arranjar filtros destes para todas as gotas de água do rio Douro para que as minhas irmãs gotas fiquem também limpinhas.
- E para os meninos poderem nadar no nosso meio, que é uma coisa muito gira.
Sabiam que quando os meninos nadam, fazem-nos muitas cócegas?
Se não acreditam experimentem estar com muita atenção quando nadam e hão-de confirmar que nos irão ouvir rir.
- É verdade.
FimFim(T e x t o a d a p t a d o p e la s
e s t a g i r i a s )á