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A Imagem do Artista
Quando falamos em artista, logo pensamos em sujeito excêntrico, um cantor de rock, um pintor, um gênio
maluco, etc... Mas quando é que surgiu essa imagem que temos do
artista?
Nas primeiras produções de arte feitas pelo ser humano, não existia a figura do artista, nem a idéia de arte; o fazer esculturas ou pinturas se vinculava à relação mágica do
homem com o mundo.
No Egito antigo, surge a figura do artesão, e boa parte da produção artística está
vinculada à religião.
É somente na Grécia clássica que os artesões começam aexpressar sua individualidade como Policleto, Fídias, Mirón.
Mas vai ser somente no Renascimento que vai surgir a figura do artista.
Com a queda do Império romano e o crescimento
da igreja católica, surgem diversas ordens
monásticas (de monges).
Que se ocupam na Idade Média em produzirem livros buscando a
organização do conhecimento espalhado pela Europa.
Também produziam
Iluminuras (livros de orações ilustrados).
São considerados monges-artesões.
Inicialmente estes monges trabalhavam no “scriptorium” (sala do
mosteiro). Com o tempo eles começam a viajar para orientar os
novos monges na produção dos manuscritos.
Para mergulhar neste universo, recomendo o livro de Humberto Eco: “O Nome da Rosa” ou a sua
adaptação para o cinema.
Na Idade Média, buscando proteger-se dos bárbaros, as pessoas passam a viver em feudos agrícolas
Depois das cruzadas, as cidades voltam a serem povoadas e surge uma nova classe social
conhecida como burguesia.
Além da Igreja essa nova classe social passa a patrocinar os artistas se
transformando nos novos mecenas.As cidades começam a fervilhar vida
cultural.
Com o enriquecimento da Igreja, as construção de igrejas e mosteiros na zona rural antecede a construção das grandes
catedrais góticas (ano 1000/1300), onde as cidades disputavam pela
arquiteturamais bonita e grandiosa.
Pouco a pouco o trabalho dos monges é substituído por outros artesões comandados por um arquiteto.
Eles se reuniam na “logia” (lugar ao lado da construção para produzirem pinturas,
esculturas e outros materiais utilizados nas catedrais).
Alguns pintores começam a receber encomendas
fora das logias e começam a se organizarem nos talheres (oficinas) de
pintura ou escultura.
Buscando proteger os artesões em sua vidaprofissional, surgem os grêmios que buscam
garantir o trabalho de seus associados.
Mas, se por um lado os artesões estão protegidos pelos grêmios, por outro sua
liberdade de criação fica limitada aos temas religiosos ou mitológicos.
Passa-se então a valorizar a técnica do artista e seu potencial intelectual.
Andrea Mantegna
Alguns artesões se rebelam contra os
grêmios, reivindicando para si o papel de artista
criador eindependente.
Surgem então as primeiras “academias” que busca a formação dos estudantes, bem
como a sua participação na realização de encomendas feitas por papas, reis e
mercadores.
Com o passar dos anos, as academias além de exigir uma sólida formação, se prende à cópias de artistas consagrados,
limitando a criatividade.
No século XIX os artistas rompem com a arte acadêmica e se proclamam gênios
criadores comprometidos apenas com sua própria expressão.
No século XX, alguns artistas passam a produzir a própriaimagem de gênio loucoe criativo.
Salvador Dali
E foi esse percurso que proporcionou o status de “artista” para os artesões
(pintores, escultores, arquitetos), bem como a idéia de um “gênio criador” e cuja
imagem perdura até os dias atuais.
Projeto Gráfico:Paulo Cintra
Bibliografia:História da Arte – Ernest Gombrich
El Complot del Arte – Jean BaudrillardO Nome da Rosa – Humberto Eco