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A Leitura no Percurso Escolar Sessão de Encerramento do IV Encontro das Bibliotecas Escolares de Oeiras Lucília Salgado

A Leitura no Percurso Escolar

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Apresentação da Sessão de Encerramento do IV Encontro das Bibliotecas Escolares de Oeiras sobre a Leitura no Percurso Escolar. Autora da comunicação: Dr.ª Lucília Salgado.

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A Leitura no Percurso Escolar

Sessão de Encerramento do

IV Encontro das Bibliotecas Escolares de Oeiras

LucíliaSalgado

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A Leitura no Percurso Escolar

Os países industrializados debatem-se hoje com um novo problema que consideravam apenas remetido para os países periféricos: a incapacidade, de utilização do código escrito por camadas significativas da sua população activa, nos seus vários contextos de vida.

OCDE (1992)

Mudança de paradigma

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A Leitura no Percurso Escolar

Esta forma de comunicação que se considerava adquirida com o acesso à escolarização parece não ter sido resolvida com a expansão da escola de massas.

Cidadãos adultos, por vezes com mais de dez anos de frequência de escola básica, revelam actualmente uma absoluta incapacidade de recorrer à leitura e à escrita para a resolução dos problemas do seu quotidiano.

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A Leitura no Percurso Escolar

O analfabetismo era considerado nos países industrializados, como problema residual esperando-se a sua extinção natural ou resolvido por medidas sociais destinadas a grupos marginais da população como os idosos, deficientes de diverso tipo e imigrantes.

Seria inimaginável que em países que há algumas décadas ofereciam - e obrigavam - a educação de massas a toda a sua população, se pudesse vir a identificar, na população autóctone e considerada integrada, a incapacidade de utilização funcional do código escrito .

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A Leitura no Percurso Escolar

Para conseguir viver nas sociedades contemporâneas e perceber os seus complexos mecanismos de funcionamento é necessário gerir uma gama variada de informações que nos chegam de várias formas.

Ana Benavente e al (1994)

Não foi sem surpresa que países como a França, os Estados Unidos e o Canadá verificaram as dificuldades de muitos cidadãos na utilização de material impresso, apesar de escolaridades obrigatórias relativamente longas.

A literacia dos adultos tem vindo a preocupar um número cada vez maior de países, ao constatar-se que as competências neste domínio se revelem muito aquém do que os níveis de instrução obtidos poderiam indicar.

Ana Benavente e al (1994)

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A Leitura no Percurso Escolar

O termo analfabetismo funcional, usado correntemente, pretendendo significar o conceito de literacia, caía de forma desajustada. Ou se sabe ler funcionalmente ou sabe-se apenas decifrar sem se atingir os objectivos comunicacionais que a leitura implica.

A recusa à utilização da palavra literacia é ainda a da protecção da instituição escolar. Apresenta-se como se duma disfunção se tratasse. O indivíduo teria aprendido a ler na escola e, com a falta de uso teria perdido essa capacidade.

De facto, veremos que a criança nunca chegara a aprender a ler e que estamos preci samente perante um problema de uso dum instrumento.

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A Leitura no Percurso Escolar

Se o termo alfabetização remete para o processo de aprendizagem,

o de literacia refere-se ao produto, aos efeitos dessa (ou doutra) aprendizagem.

[competência de extrair o sentido de um texto escrito

necessário ao seu quotidiano ]

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A Leitura no Percurso Escolar

Os resultados globais da distribuição da população por estes níveis de literacia são os seguintes:

nível 0 - 10,3% dos inquiridos nível 1 - 37,0% dos inquiridos nível 2 - 32,1% dos inquiridos nível 3 - 12,7% dos inquiridos nível 4 - 7,9% dos inquiridos

Tais resultados, cuja relação com os graus de instrução é evidente (mas não linear) vêm sublinhar a existência de cerca de metade dos inquiridos(10,3% no nível 0 e 37% no Nível 1) com dificuldades no uso da informação escrita na vida quotidiana

Estudo Nacional da Literacia (1995)

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A Leitura no Percurso Escolar

Entendido como incapacidade total ou parcial de ler e de escrever, a iliteracia não tem a ver com um qualquer insucesso escolar, qualquer que seja a etapa da escolaridade. O insucesso na formações de nível secundário ou superior só contribui de forma muito ténue para iliteracia.

É do insucesso dos primeiros ciclos de formação que se aqui trata e particular mente do ensino primário onde se espera que sejam aprendidos os saberes, saber-fazer e saber-ser fundamentais considerados como bagagem mínima indispensável ao longo de toda a vida.”

W. Hutmacher ( 1992)

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A Leitura no Percurso Escolar

Também os estudos internacionais situaram os nossos alunos do 4º ano de escolaridade em níveis muito baixos

Entre os estudos mais recentes, conta-se Os primeiros elementos, publicados em 2000, colocaram 48% dos jovens portugueses nos patamares inferiores (1 ou 2) de uma escala de 5 níveis.

PISA (1997)

Também os resultados das provas de aferição, realizadas no final do 1º ciclo, tornaram evidente que a maioria das crianças faz a transição para o 2º ciclo sem ter adquirido competências básicas no domínio da leitura e da escrita.

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A Leitura no Percurso Escolar

Proposta:

reflectir sobre os baixos níveis de literacia nas nossas escolas

e as suas implicações no percurso escolar

Como se produz e como se pode evitar

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A Leitura no Percurso Escolar

Literacia e Insucesso escolar

É um fenómeno

•massivo •selectivo, •precoce e•cumulativo

Ana Benavente (1980)

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A Leitura no Percurso Escolar

Relação entre (i)literacia e (in)sucesso escolar

Coorte de 1994 (literacia à entrada no 2º ciclo)

Coorte de 1993 (literacia ao longo dos 12 anos de escolaridade)

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De que insucesso falamos?

Alunos em dificuldade, Alunos em insucesso e Alunos em exclusão

Meirieu

necessidade de aprender a ler

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O insucesso escolar é um fenómeno •massivo, •selectivo, •precoce e•cumulativo

Fenómeno selectivo

Fenómeno precoce

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Insucesso fenómeno selectivo

Afecta crianças de meios socioeconómicos “desfavorecidos”

[Meios não (ou pouco) letrados]

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Iliteracia das famílias e (não)

construção do projecto pessoal de leitor

[Processo de aprendizagem Fase cognitiva

Fase de domínioFase de automatização][Feets, referido por Margarida Alves Martins ]

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Projecto pessoal de leitor[Importância da fase cognitiva da aprendizagem da leitura e da escrita]

• A criação da vontade de ler

• O desenvolvimento das representações da funcionalidade da leitura e da escrita,

• O desenvolvimento das conceptualizações sobre a leitura e a escrita.

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A Leitura no Percurso Escolar

Apesar da manipulação de objectos naturais se poder aprender vendo como fazem os outros, os artefactos culturais requerem compreender “para quê” se está a usar, discernir o objectivo dos que o usam

[Tomasello, 1999] O “para quê” dos artefactos culturais não se aprende por observação

das suas propriedades perceptivas...

A aprendizagem da linguagem e da leitura e escrita, é uma prática social e cultural que se dá num ambiente cultural que faz uso de artefactos culturais (o livro, o jornal, o computador) e que necessita da interacção com pessoas que tenham os recursos e a intenção de os utilizar ambos: artefactos e práticas. Esta visão é radicalmente diferente da que considera a aprendizagem da linguagem oral e escrita como um conjunto de regras formais já definidas

(Teberosky,2001

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A Leitura no Percurso Escolar

A criação da vontade de ler

Como criar numa criança a necessidade e a vontade de ler?

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A Leitura no Percurso Escolar

Os objectos significativos do bebé As pessoas significativas

As actividades com as famílias para ajudar na relação da leitura com as crianças para enriquecer a educogenia da família

As actividades na comunidades as bibliotecas: um espaço privilegiado os espaços formais e não formais enriquecer a educogenia da leitura nas comunidades

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A Leitura no Percurso Escolar

Ler histórias

Trabalho sobre o texto descrições sobre o que se vê no livro

(baixa procura cognitiva) explicações sobre o que passa e

(alta procura cognitiva)

comentários de avaliação e juízos (alta procura cognitiva)

(Teberosky, 2001)

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A Leitura no Percurso Escolar

Desenvolvimento das representações sobre a funcionalidade da leitura e da escrita

Realização de actividades reais:

trabalho sobre suportes e portadores de texto

actividades de produção a partir da escrita (ciência,

cozinha, instrumentos musicais,

outros)

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A Leitura no Percurso Escolar

Desenvolvimento das conceptualizações sobre a leitura e a escrita

Criação de contextos alfabetizadores

Organizadores de espaço e de tempoorganização do currículo

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A Leitura no Percurso Escolar

Organização do espaço

Área para ler

Área para escrever

Área para brincar

Organização do tempo

Tempo de narração de leiturade explicação oral

Tempo de reconstrução

Tempo de ditado

Tempo de análise

(Teberosky, 2001

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A Leitura no Percurso Escolar

As actividades com as famílias

para ajudar na relação da leitura com as crianças

para enriquecer a educogenia da família

As actividades nas comunidades as bibliotecas: um espaço privilegiado os espaços formais e não formais (ATL’s; o enriquecimento curricular…)

enriquecer a educogenia da leitura nas comunidades

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A Leitura no Percurso Escolar

Quem? Onde? Como?

Para educar uma criança, é preciso uma aldeia

enriquecer a educogenia da leitura

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A Leitura no Percurso Escolar

O Contexto Escola As interrelações com as famílias

As salas de aula com actividade reais de leitura A biblioteca escolar

O grupo de docentes – [comunidade de leitores…]

As dinâmicas inter-turmas

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A Leitura no Percurso Escolar

… e tudo o mais que formos capazes de inventar para fazer bons leitores

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