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A Ordem Rosacruz - AMORCLucas Daniel Reginato
24out 2009
ORDEM ROSA CRUZ - AMORC
A Ordem Rosacruz, AMORC é uma organização internacional de caráter místico-filosófico,
com sede mundial em São José na Califórnia, EUA, fundada em 1915 por Harvey Spencer
Lewis. A AMORC tem por missão despertar o potencial interior do ser humano, auxiliando-o
em seu desenvolvimento, em espírito de fraternidade, respeitando a liberdade individual,
dentro da Tradição e da Cultura Rosacruz. O nome AMORC, siginifica: Antiga e Mística Ordem
Rosa Cruz e foi adotado para diferenciá-la de outras ordens filosóficas com nomes
semelhantes, mas diferentes em essência.
ORIGENS
Segundo seus adeptos, as origens da Ordem Rosacruz AMORC, remontam às antigas escolas
egípcias de mistérios, há 3.360 anos. E o faraó Tutmés III, da XVIII dinastia, é tido como seu
fundador por volta de 1350 a.C. Teria o faraó fundado uma fraternidade secreta, com o
objetivo de estudar os mistérios da vida. A Fraternidade Rosacruz ainda não se auto
denominava assim, sendo oficialmente estabelecida em El Amarna pelo faraó Amenófis IV,
conhecido também como Akhenaton, porém essas informações não podem ser comprovadas
históricamente. A primeira menção histórica da ordem data de 1614, quando surgiu o famoso
documento intitulado "Fama Fraternitatis", onde são contadas as viagens de Christian
Rosenkreuz pela Arábia, Egito e Marrocos, locais onde teria adquirido sua sabedoria secreta,
que só seria revelada aos iniciados.
A LENDA DE CHRISTIAN ROSENKREUZ
Segundo a lenda, exposta no documento "Fama Fraternitatis" (1614), essa fraternidade teria
suas origens em Christian Rosenkreuz (de início apenas designado por "Irmão C.R.C."),
nascido em 1378 na Alemanha, junto ao rio Reno. Os seus pais teriam sido pessoas ilustres,
mas sem grandes posses materiais. Sua educação começou aos quatro anos numa abadia
onde aprendeu grego, latim, hebraico e magia. Em 1393, acompanhado de um monge,
visitou Damasco, Egito e Marrocos, onde estudou com mestres das artes ocultas, depois do
falecimento de seu mestre, em Chipre. Após seu retorno a Alemanha, em 1407, teria fundado
a "Fraternidade da Rosa Cruz", de acordo com os ensinamentos obtidos pelos seus mestres
árabes, que o teriam curado de uma doença e iniciado no conhecimento de práticas do
ocultismo. Teria passado, ainda, cinco anos na Espanha onde três discípulos redigiram os
textos que teriam sido os iniciadores da sociedade. Depois, teriam formado a "Casa Sancti
Spiritus" (a Casa do Espírito Santo) onde, através da cura de doenças e do amparo daqueles
que necessitavam de ajuda, foram desenvolvendo os trabalhos da fraternidade, que
pretendia, no futuro, guiar os monarcas na boa condução dos destinos da humanidade.
Segundo o texto "Fama Fraternitatis", C.R.C. morreu em 1484, e a localização da sua tumba
permaneceu desconhecida durante 120 anos até 1604, quando teria sido, secretamente,
redescoberta.
Uma outra lenda menos conhecida, veiculada na literatura maçônica, originada por uma
sociedade secreta altamente hierarquizada do século dezoito na Europa central e do leste, ao
contrário dos ideais da Fraternidade que se encontra exposta nos manifestos originais,
denominada "Gold und Rosenkreuzer" (Rosacruz de Ouro), que tentou realizar, sem sucesso,
a submissão da Maçonaria ao seu poder, dispõe que a Ordem Rosa-cruz teria sido criada no
ano 46, quando um sábio gnóstico de Alexandria, de nome Ormus e seis discípulos seus
foram convertidos por Marcos, o evangelista. A Ordem teria nascido, portanto, da fusão do
cristianismo primitivo com os mistérios da mitologia egípcia. Segundo este relato,
Rosenkreuz teria sido, apenas um Iniciado e, posteriormente Grão Mestre da Ordem e não
seu fundador.
Assim como ocorre com o Mestre Hiram Abif da lenda maçônica, a existência real de
Christian Rosenkreuz divide a opinião dos grupos que se intitulam Rosacruzes. Alguns a
aceitam, outros o vêem apenas como um pseudônimo usado por personagens realmente
históricos como, Francis Bacon, por exemplo.
A ORDEM ROSA CRUZ E A MAÇONARIA
O Rosacrucianismo, assim como a Maçonaria, é um sincretismo de diversas correntes
filosóficas-religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão e alquimia.
Existe ligação entre a Maçonaria e os rosacruzes e essa ligação começou já na Idade Média.
No fim do período medieval e começo da Idade Moderna, com inicio da decadência das
corporações operativas (englobadas sob rótulo de maçonaria de Ofício ou operativa), estas
começaram, paulatinamente, a aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo,
inicialmente, filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica assemelhava-se à
dos francos-maçons.
Como a Ordem Rosa-cruz estava impregnada pelos alquimistas, deu-se a ligação do
rosacrucianismo e da alquimia com a Maçonaria. Leve-se em consideração, também, que
durante o governo de José II, imperador da Alemanha de 1765 a 1790, e co-regente dos
domínios hereditários da Casa d'Áustria, houve um grande incremento da Ordem Rosa-cruz e
sua comunidade, atingindo até a Corte e fazendo com que o imperador proibisse todas as
sociedades secretas, abrindo exceção , apenas aos maçons, o que fez com que muitos
rosacruzes procurassem as lojas maçônicas para alí poder continuar com os seus trabalhos.
Ambas as Ordens são medievais, se for considerado o maior incremento da Maçonaria de
Ofício durante a Idade Média e o início de sua transformação em "Maçonaria dos Aceitos"
(também chamada, indevidamente, de "Especulativa"). Se, todavia, considerarmos o início
das corporações operativas, em Roma, no século VI antes de Cristo, históricamente a
maçonaria é mais antiga. Isso, é claro, levando em consideração apenas, as evidências
históricas autênticas e não as "lendas", que faz remontar a origem de ambas as instituições
ao Antigo Egito.
A maçonaria é uma ordem totalmente templária, ou seja, os ensinamentos só ocorrem dentro
das lojas. Seus graus vão do 1 ao 3 nas "Lojas Base" e do 4 ao 33 nas "Lojas de Graus
Filosóficos". Já a Antiga e Mística Ordem Rosa-cruz dá ao estudante o livre arbítrio de estudar
em casa ou em um templo Rosa-cruz. O estudo em casa é acompanhado à distância, e assim
como na maçonaria, é composto de vários graus, que vão do neófito (iniciante) ao 12º grau,
conhecido como grau do ARTESÃO.
O estudo no templo, mesmo não sendo obrigatório, proporciona ao estudante além do
contato social como os demais integrantes, a possibilidade de participar de experimentos
místicos em grupo, e poder discutir com os presentes os resultados, e por último, a reunião
templária fortalece a egrégora da organização, o que também ocorre na maçonaria.
A maior evidência de uma ligação histórica entre a Ordem Rosa-Cruz e a Maçonaria é a
existência do "Capítulo Rosa-Cruz" que é o 18º Grau do "Rito Escocês Antigo e Aceito" da
Franco-Maçonaria, (representando simbolicamente a 9ª Iniciação Menor no grau de
"Cavaleiro Rosa-Cruz"), que tem como símbolos principais o Pelicano, a Rosa e a Cruz.
AS INICIAÇÕES
Uma singularidade entre a AMORC e a Maçonaria, são as iniciações nos seus respectivos
graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante. No caso da Maçonaria a
iniciação é no grau de Aprendiz, na AMORC, a admissão se dá no Primeiro Grau de Templo.
As iniciações têm o mesmo objetivo, impressionar o iniciante, levá-lo à reflexão, para que ele
decida naquele momento se deve ou não seguir adiante, e se o fizer, assumir o compromisso
de manter velado todos os símbolos, usos e costumes da instituição de que fará parte.
O SIMBOLISMO
Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar pela disposição dos mestres
com cargos, lembrando os pontos cardeais, e a passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao
Ocidente.
Cada ponto cardeal é ocupado por um membro. A figura do venerável mestre na maçonaria,
ocupando sua posição no Oriente, encontra similar na Ordem Rosa-cruz, na figura de um
mestre instalado, que ocupa seu lugar no leste. A linha imaginária que vai do altar dos
juramentos ao Painel do Grau, e a caminhada somente no sentido horário, também é similar.
Em ambos os casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre
pelo Ocidente.
O altar dos juramentos encontra semelhança no Shekinah na ordem Rosa Cruz, sendo que
neste último não se usa a bíblia ou outro livro, mas sim 3 velas dispostas de forma triangular,
que são acesas no início do ritual e apagadas ao final deste, simbolizando a luz, a Vida e o
Amor.
Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros iniciados ao adentrarem o
templo, enquanto que os oficiais, (equivalente aos mestres com cargo), usam paramentos
especiais, cada qual simbolizando o cargo que ocupa no ritual.
O avental usado pelos membros não diferencia o grau de estudo.
Algumas das diferenças ficam por conta da condução do ritual, onde na rosa cruz tem caráter
místico-filosófico.
Os iniciantes na Ordem Rosa Cruz recebem seus estudos em um templo separado, anexo ao
templo principal, enquanto que os aprendizes maçons recebem suas instruções juntamente
com os demais irmãos e, finalmente, o formato físico da loja maçônica lembra as construções
greco-romanas, enquanto que a Ordem Rosa Cruz (AMORC) lembra as construções egípcias.
ROSACRUZES FAMOSOS
Ramon Llull, Dinis de
FRATERNITAS ROSAE CRUCIS - FRC Portugal (o Rei-Poeta), Rainha Santa Isabel (alquimia das
Rosas), Leonardo da Vinci, Paracelso, Nostradamus, Michael Servetus, Luís Vaz de Camões,
John Dee, Giordano Bruno, Heinrich Khunrath, Lutero, Caspar Schwenckfeld, Sebastian
Franck, Valentin Weigel, Johann Arndt, Francis Bacon, William Shakespeare, Michael Maier,
Robert Fludd, Coménio (Jan Amos Komenský), René Descartes, Elias Ashmole, Isaac Newton,
Gottfried Wilhelm Leibniz, Alessandro Cagliostro, Johann Wolfgang von Goethe, Conde de St.
Germain, Johann Sebastian Bach, Vitor Hugo, Paschal Beverly Randolph, Edward Bulwer-
Lytton, Franz Hartmann, William Wynn Westcott, Samuel Liddell MacGregor Mathers, Richard
Wagner, Rudolf Steiner, Max Heindel, Arnold Krumm-Heller, Reuben Swinburne Clymer,
Harvey Spencer Lewis, George Alexander Sullivan, Hermann Hesse, J. van
Rijckenborgh,Corinne Heline, Manly Palmer Hall, Elsa M. Glover
A ROSA CRUZ NA ATUALIDADE
Além da AMORC, existem atualmente diversas Organizações Rosacrucianas. Apresentamos à
seguir uma breve descrição das mais conhecidas:
FRATERNIDADE ROSACRUZ
No Brasil e em Portugal (em inglês, The Rosicrucian Fellowship), foi fundada por Max Heindel
entre 1909 e 1911, nos Estados Unidos, e não reivindica o título de "Ordem Rosacruz".
Considera-se apenas uma uma escola de exposição de suas doutrinas e de preparação para o
indivíduo para ingresso em caminhos mais profundos na Ordem espiritual, sendo que a
verdadeira Ordem Rosacruz funciona apenas nos mundos espirituais. Ao contrário da maioria
das demais organizações rosacruzes, as escolas de Max Heindel se consideram indissociáveis
do Cristianismo considerando-o como a única verdadeira religião universal e Cristo como o
único salvador, daí ser mais propriamente chamada de Cristianismo Rosacruz, ou, por vezes,
Cristianismo Esotérico. Outras organizações rosacruzes também consideram-se cristãs, mas
não com este ênfase.
Também com sede mundial nos EUA, que se reinvindica a autêntica Ordem Rosa-Cruz
fundada em 1614 na Alemanha, mas na verdade foi fundada por Reuben Swinburne Clymer
por volta de 1920 e se diz representante de um movimento originalmente fundado por Pascal
Beverly Randolph em 1856.
FRATERNITAS ROSICRUCIANA ANTIQUA - FRA
Foi fundada pelo esoterista alemão Arnoldo Krumm-Heller por volta de 1927, e tem sede no
Rio de Janeiro (está presente também nos países de língua hispânica).
LECTORIUM ROSICRUCIANUM
Ou "Escola Internacional da Rosacruz Áurea", é uma organização rosacruz que começou a se
estruturar em Haarlem, Holanda, em 1924, através do trabalho de J. van Rijckenborgh
(pseudônimo de Jan Leene) e Z.W. Leene, quando esses dois irmãos entraram para a
Sociedade Rosacruz (Het Rozekruisers Genootschap), divisão holandesa do grupo americano
Rosicrucian Fellowship. Este grupo se tornaria independente da Rosicrucian Fellowship em
1935 e, com o final da guerra em 1945 (quando seu trabalho foi proibido pelas forças de
ocupação nazista), o trabalho exterior foi retomado e passou a adotar o nome Lectorium
Rosicrucianum, ou Escola Internacional da Rosacruz Áurea, apresentando-se cada vez mais
como uma escola gnóstica, "Gnosis" significando aqui o conhecimento direto de Deus,
resultado de um caminho de desenvolvimento espiritual. Desde 1945, o grupo se expandiu
por vários países da Europa, América, Oceania e África, além de publicar inúmeros livros,
muitos dos quais com comentários sobre antigos textos da sabedoria universal, como os
Manifestos Rosacruzes do Século XVII, o Corpus Hermeticum (textos atribuídos a Hermes
Trismegistus), o Evangelho Gnóstico da Pistis Sophia, o Tao Te Ching, entre outros.