2
RESENHA HARVEY, David. Condição pós-moderna. São paulo: Edições Loyola Parte II. A transformação político-econômica do capitalismo no final do século XX, 1989, pp. 115- 184. Na parte II de sua obra o autor reflete sobre o espaço tradicional do capitalismo, dizendo que são concentrações espaciais do capital e do trabalho, dos desequilíbrios regionais, das migrações, da degradação social, ambiental, das periferias das cidades, dos centros urbanos segregadores, a destruição do campo devido a modernização, etc. Esta espacialidade foi formada a partir da industrialização e da urbanização, do processo estrutural da sociedade de consumo e pós-industrial, consolidada após a Segunda Guerra Mundial. Analisa a contribuição do fordismo como forma de intervencionismo estatal, da internacionalização, da formação de mercados globais, globalização da oferta de matéria prima dos países periféricos, modernização no sistema bancário, turismo etc. O autor reforça sua ideia apontando o cenário das relações econômicas, e principalmente para o momento de transição das formas de organização do trabalho. Com cenário mundial a partir da década de 1970 de reestruturação econômica e reajustamento social e política em diversos países do mundo. Esse fenômeno David Harvey vai denominar como acumulação flexível, que representa um confronto direto com a rigidez do fordismo. Harvey aponta a data inicial do fordismo ano de 1914, quando Henry Ford inaugurou um turno de trabalho de oito horas diárias, dando uma gratificação para os trabalhadores da linha de montagem de carros. A organização de negócios corporativos já vinha ganhando seu espaço desde o século XIX com a construção das estradas de ferro em toda a Europa e as fusões e formações de cartéis entre as empresas. A transição do modelo fordista ao modelo da acumulação flexível passa a auxiliar o entendimento materialista histórico-geográfico da condição pós-moderna. A definição de acumulação flexível não aparece na obra do autor e não sabemos qual a origem do termo. Esse conceito é descrito amplamente com gráficos e tabelas, a partir de 1970 com o momento da reestruturação produtiva do capitalismo. Neste capítulo o autor aponta que a acumulação flexível foi marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se

A transformação político econômica do capitalismo no final do século xx

Embed Size (px)

Citation preview

RESENHA

HARVEY, David. Condição pós-moderna. São paulo: Edições Loyola Parte II. A

transformação político-econômica do capitalismo no final do século XX, 1989, pp. 115-

184.

Na parte II de sua obra o autor reflete sobre o espaço tradicional do capitalismo, dizendo

que são concentrações espaciais do capital e do trabalho, dos desequilíbrios regionais,

das migrações, da degradação social, ambiental, das periferias das cidades, dos centros

urbanos segregadores, a destruição do campo devido a modernização, etc. Esta

espacialidade foi formada a partir da industrialização e da urbanização, do processo

estrutural da sociedade de consumo e pós-industrial, consolidada após a Segunda

Guerra Mundial. Analisa a contribuição do fordismo como forma de intervencionismo

estatal, da internacionalização, da formação de mercados globais, globalização da oferta

de matéria prima dos países periféricos, modernização no sistema bancário, turismo etc.

O autor reforça sua ideia apontando o cenário das relações econômicas, e

principalmente para o momento de transição das formas de organização do trabalho.

Com cenário mundial a partir da década de 1970 de reestruturação econômica e

reajustamento social e política em diversos países do mundo. Esse fenômeno David

Harvey vai denominar como acumulação flexível, que representa um confronto direto

com a rigidez do fordismo. Harvey aponta a data inicial do fordismo ano de 1914,

quando Henry Ford inaugurou um turno de trabalho de oito horas diárias, dando uma

gratificação para os trabalhadores da linha de montagem de carros. A organização de

negócios corporativos já vinha ganhando seu espaço desde o século XIX com a

construção das estradas de ferro em toda a Europa e as fusões e formações de cartéis

entre as empresas.

A transição do modelo fordista ao modelo da acumulação flexível passa a auxiliar o

entendimento materialista histórico-geográfico da condição pós-moderna. A definição

de acumulação flexível não aparece na obra do autor e não sabemos qual a origem do

termo. Esse conceito é descrito amplamente com gráficos e tabelas, a partir de 1970

com o momento da reestruturação produtiva do capitalismo.

Neste capítulo o autor aponta que a acumulação flexível foi marcada por um confronto

direto com a rigidez do fordismo. Ela se apóia na flexibilidade dos processos de

trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se

pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de

fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente

intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional.

Harvey identifica autores que falam em fim do trabalho, um citado por ele é Gorz, com

distorções que têm a ver com a condição pós-moderna. O conceito se apóia na

flexibilidade dos processos dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de

consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos,

novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e

principalmente de taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e

organizacional que envolveram aceleradas transformações dos padrões do

desenvolvimento desigual entre setores e também entre regiões geográficas, criando um

grande movimento no emprego chamado ‘setor de serviços’ e conjuntos industriais

totalmente novos em regiões até então subdesenvolvidas – países periféricos – Ásia,

África e América Latina.

Para o autor, criou-se a partir daí, a necessidade da desregulamentação tributária,

mercadológica e trabalhista. O mercado tornou-se instável e a produção em massa já

não podia ser mantida. O mercado começa a se alterar dentro desse processo conforme

as novas exigências de consumo. A produção flexível não pode conviver com um

sistema jurídico e tributário que a regula, de forma rígida, a exploração da força de

trabalho humana, por legislação trabalhista.

A partir da flexibilização dos processos de mercados de trabalho, dos produtos, dos

padrões de consumo, novos setores de produção, inovação comercial, tecnológica,

organizacional e novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros. Os

empregadores passam a exercer maior pressão do controle do trabalho, ocorrendo o

enfraquecimento do sindicalismo da classe trabalhadora, aumentando o desemprego nos

países desenvolvidos, ocasionado pelo avanço tecnológico, destruindo e reconstruindo

habilidades e levando a precarização e a redução dos salários de todos os trabalhadores.

Para HARVEY a adoção do modo de acumulação flexível de capital decorre devido a

necessidade do sistema capitalista superar suas crises e manter ou alcançar a maior taxa

de lucros, que é o elemento motriz de todo o sistema.

Emerson Feliciano Mathias. Disciplina Políticas Educacionais, Mestrando do

Programa de Pós Graduação Uninove – PPGE. Prof. Celso Carvalho.