PAV – 2º MÓDULO – NOITE ELITOM DE SOUZA SILVA

ETEC JORNALISTA ROBERTO MARINHO PAV – 2º MÓDULO – NOITE FILOSOFIA NO AUDIOVISUAL – PROF. RENATO ELITOM DE SOUZA SILVA ANALISE DOS FILMES “O ENCOURAÇADO POTEMKIN” E “DECÁLOGO – 1º EPISÓDIO – NÃO TERÁS OUTROS DEUSES ALÉM DE MIM”

O ENCOURAÇADO POTEMKIN 1925 – URSS/RÚSSIA

DIR.: SERGEI M. EISENSTEIN

O filme parte de uma revolta dos marinheiros do Potemkin que ao se recusarem comer uma carne podre, com larvas de mosca, provocam a fúria dos superiores da embarcação. O que era pra ser uma reivindicação por uma alimentação melhor acaba tomando grandes proporções, onde a vida de todos muda drasticamente. O filme, dividido em cinco capítulos (dentro do próprio filme), mostra como o coletivo pode ser mais forte do que um pequeno grupo que os governa. Partindo, sempre, de alguém que acaba sendo aquele que irá guiar o rebanho, no caso do filme de Eisenstein é o marinheiro Vakulinchuk, que, com um “bigode Leninista”, acaba sendo a causa de toda a reviravolta na vida daqueles que estão na embarcação Potemkin. O marinheiro camarada acaba sendo assassinado no motim. Seus companheiros resgatam seu corpo após cair em água. Levam seu corpo à terra firme para que possa ser velado como aquele que incentivou todos a se revoltarem com a autocracia, tanto do navio como a níveis maiores (czares da Rússia). Assim que morre, Vakulinchuck vira um mártir. Toda a revolta dos marinheiros resultou na posse da embarcação, que, ao final, acaba não entrando em confronto em mar.

O corpo do marinheiro Vakulinchuck é velado em local público, onde todos podiam ver. Entre suas mãos estava uma folha com os seguintes dizeres: “por uma colher de sopa”. Isso define bem o motivo de tanta barbárie contra os marinheiros, como inútil. Por apenas boa alimentação e melhor tratamento, marinheiros e oficiais do navio perderam suas vidas.

A NARRAÇÃO DO TEMPO

A cena do capítulo 4 – A Escadaria de Odessa, no momento em que os soldados brancos começam a marchar em uma forma tão bem sincronizada contra a multidão, é montada de maneira não contínua. Talvez o jovem diretor, com apenas 27 anos, ainda estivesse sendo influenciado pelos filmes do chamado primeiro cinema, que não seguiam uma ordem cronologia, como Life

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Of An American Fireman (1903 – George Fleming e Edwin Porter), que, com suas cenas repetidas em diferentes planos, quisessem segurar a atenção do espectador e mostrar lhes, de fato, diferentes pontos de vista para um mesmo acontecimento, já que a cena da escadaria de Eisenstein e do resgate da mulher no filme de Porter, estivessem mostrando ambas cenas de grande tensão.

DECÁLOGO – 1º EPISPÓDIO

NÃO TERÁS OUTROS DEUSES ALÉM DE MIM

1989 – POLÔNIA DIR.: KRYSZTOF KIESLOWSKI

A série, como o nome sugere, se baseia na ideia que os 10 MANDAMENTOS BÍBLICOS levam, cada episódio leva o título de um mandamento, sendo este primeiro episódio o mandamento que diz amarás a deus (e apenas ele) sobre todas as coisas. E acompanha a vida de Krysztof e seu filho Pawel. Este primeiro episódio mostra um

condomínio de classe média, pouco antes do inverno rigoroso que cobrirá a região. Mais precisamente a vida do professor e viúvo Krysztof, que por coincidência tem o nome do diretor, e seu único filho Pawel, um garoto esperto e também muito curioso. A família acaba tendo bastante influência da jovem máquina que até então era algo pouco conhecido, o PC-computador pessoal. Pelo fato de ter apenas Pawel como seu filho, e ser viúvo, Krysztof acaba sendo bastante precavido com seu filho, criando-o sob regras e jogos que estimulem seu filho a ter uma vida mais regrada. Pawel ainda sim é um garoto curioso, questionando sempre seu pai sobre assuntos como morte e religião, assuntos que deixam seu pai desconfortável,

Life Of An American Fireman “Plano fora da casa em chamas”

1903 - EUA Dir.:George Flemming e Edwin Porter

O Encouraçado Potemkin “A Escadaria de Odessa”

1925 - URSS Dir.: Sergei M. Eisenstein

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provavelmente por ter perdido sua esposa e assim o ter feito se desapegar de qualquer religião. O que era para ser uma vida regrada, planejada, a prova de erros, acaba se virando contra Krzysztof quando o lago em que ele tanto supervisionava e acompanhava para ter a certeza de que nunca racharia durante o inverno, acaba se abrindo enquanto seu filho patinava com alguns amigos. E, por conta disso, novamente a morte toma Krysztof, levando agora seu único filho.

O diretor polonês brinca bem com o inesperado neste episodio. A cena que precede o desfecho trágico da história é o momento em que o pote de tinta de Krysztof racha na mesa, por conta do frio, sendo o pontapé inicial para uma sucessão de erros na sua vida, terminando com a rachadura no lago que acaba matando seu filho.

A NARRAÇÃO DO TEMPO

Logo no começo do filme, vemos uma mulher olhando tristemente para uma televisão onde um garoto corre felizmente. A imagem congela e então a história começa logo de cara com esse garoto em cena. Pawel, que iria ter um trágico fim ao final do filme, nos é mostrado logo no começo para que, durante o filme, possamos

refletir sobre o porquê desta montagem. Essa é uma forma muito conhecida hoje de se apresentar uma história ou personagem, mostrando logo no começo algo que só terá sentido ao final do filme.

TRABALHANDO COM METÁFORAS

Comparar dois elementos de significados imagísticos A METÁFORA DA ESCÓRIA Tem um momento no filme O ENCOURAÇADO POTEMKIN, no momento do grande motim que culminou com a aniquilação de todos os oficiais superiores do navio os jogando ao mar, é colocado o plano das larvas de mosca andando em cima da carne, seguido da frase: “Vai servir de pasto para os vermes”. Mostrando agora quem está no poder e quem são os vermes “indefesos”.

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A METÁFORA DA MORTE Em um momento do primeiro episódio de Decálogo, logo de manhã, enquanto

Krzysztof e Pawel estão tomando café da manhã, o pequeno curioso questiona seu pai sobre a morte, este explica apenas aquilo que a medicina nos diz: o coração para de bater. Logo em seguida, ele coloca leite no copo com café, e é questionado por Pawel se o leite azedou. A ideia de “azedar” talvez esteja no sentido em que seu pai vê a vida, onde a ela não pode ser entendida, e sim vivida, e quando

paramos de viver para entendermos ela, “azedamos a vida”.