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INTRODUÇÃO

Bíblia, a biblioteca do Espírito Santo.

A Bíblia é o livro dos livros, o maior compêndio literário da história. É a carta magna de Deus para a humanidade. É a constituição das constituições. É o supremo código de doutrina e vida. É a nossa única regra de fé e prática. A Bíblia é a voz de Deus em linguagem humana. É o depositário de toda vontade de Deus para o homem.

A singularidade da Bíblia.

A Bíblia é o livro por excelência: inspirado por Deus, escrito pelos homens, concebido no céu, nascido na terra, odiado pelo inferno, pregado pela Igreja, perseguido pelo mundo e crido pelos crentes.

A Bíblia não contém erros, pois ela é a Palavra de Deus. A Bíblia é o livro dos paradoxos: é o livro mais lido e o mais desconhecido. É o livro mais amado e o mais odiado. É o livro mais obedecido e o mais escarnecido. É o mais pregado e o mais combatido. A Bíblia é o livro mais publicado, mais distribuído, mais lido e mais comentado do mundo.

A Bíblia é o livro de Deus. É o livro do céu. É a Biblioteca do Espírito Santo. É o livro que foi muitas vezes acorrentado, mas trouxe libertação; que foi muitas vezes queimado na fogueira, mas tirou muitas vidas do inferno. É o livro odiado que tem ensinado o perdão. É o livro que nos mostra o caminho da salvação em Jesus Cristo nos labirintos religiosos deste mundo tenebroso.

Há três razões suficientes e irrefutáveis para evidenciar a veracidade incontroversa das Sagradas Escrituras:

1. A sua unidade: A Bíblia é o único livro da humanidade que demorou cerca de 1.600 anos para ser escrito. É um livro divino, pois Deus o inspirou. Ela é um livro humano, pois não foi escrito pelo dedo de Deus, mas por homens inspirados pelo Espírito Santo. A palavra é de Deus, mas a voz é humana. Cerca de 40 escritores foram usados para registrar de forma infalível todo o conteúdo da revelação divina. Homens de diversos lugares, de diversos níveis culturais e intelectuais, homens de cultura enciclopédica como Moisés, Salomão e Paulo; homens de vida palaciana como Isaías e Daniel; mas também homens simples como o boiero Amós e o pescador Pedro. Esses homens escreveram para pessoas diferentes, em línguas diferentes, mas dentro de uma absoluta concordância e harmonia de conteúdo. Isso é algo que só pode ser explicado pela ação soberana de Deus.

2. O cumprimento das profecias: a Bíblia não é apenas um livro de história. Ela conta história antes dela acontecer. A Bíblia é um livro profético. Ela encerra centenas de profecias que vêm se cumprindo literalmente. Deus vê o futuro no seu eterno agora. Por isso Ele conhece o amanhã como se fosse hoje.

3. O poder da Bíblia de transformar as pessoas que a examinam: quando o homem lê a Bíblia, ele é lido por ela. Quando ele a examina, é examinado por ela. Quando a confronta, é confrontado por ela. Ela é a espada do Espírito. Ela penetra o mais íntimo do nosso ser. Ela é a lâmpada que clareia a escuridão do nosso coração e lança luz na estrada de nossa vida. A Palavra de Deus é espírito e vida. O mesmo sopro que a inspirou é o sopro que dá vida ao homem que está morto em seus delitos e pecados. Por isso ela tem sido luz para as nações, alicerce para a construção das grandes civilizações, parâmetro para as instituições que são guardiãs da justiça, carta magna para o estabelecimento da justiça no mundo e regra infalível de fé e prática para o povo de Deus.

É sobre esta maravilhosa Palavra que estaremos estudando neste curso.

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Como a Bíblia chegou até nós?

A Bíblia é um livro antigo. O livro de Gênesis começou a ser escrito 1.400 anos antes de Cristo, aproximadamente. O último livro, o Apocalipse, foi escrito perto do ano 100 da era cristã. Foram necessários 1.500 anos para que todo o material ficasse pronto, e já se passaram quase 2.000 anos desde que seus livros começaram a circular. Mesmo assim, por mais antiga que seja, sua mensagem sempre foi atual e verdadeira.

Origem e significado dos termos.

A palavra “bíblia” vem do termo grego “biblos” (βιβλος) que significa “livro”. Originalmente, todos os livros da Bíblia foram escritos em peças separadas e durante muitos anos eles foram usados individualmente.

Dois materiais foram utilizados para a escrita: o pergaminho e o papiro. O pergaminho era feito de couro de ovelha, cabra ou bois. O pêlo era retirado e o couro amaciado com pedras. Alguns tingiam o pergaminho com púrpuras e usavam tinta de ouro ou prata sobre eles. Na cidade de Pérgamo, na Ásia Menor, fabricava-se o material em tão grande quantidade que este acabou herdando o nome do lugar: pergaminho. Paulo se refere a esse tipo de material na carta enviada a Timóteo (2 Tm 4:13).

Já o papiro era um material feito de junco, uma planta que crescia em pântanos e tinha seis centímetros de diâmetro. Ele era cortado em tiras de trinta centímetros de comprimento, colocadas lado a lado. Uma outra camada era colocada por cima, formando um ângulo reto, e então as duas camadas eram embebidas com cola e água. Em seguida eram apertadas até que formassem um só tecido. Por fim, alisava-se sua superfície com pedra-pome. Juntavam-se várias seções do material que, então eram enroladas até um tamanho conveniente. Estes rolos também eram chamados “bíblia” (livros).

Divisão da Bíblia

A Bíblia está dividida em Antigo Testamento e Novo Testamento. Testamento significa um “acordo”, “pacto” ou “aliança”. Vários acordos ou pactos entre Deus e os homens são citados no Antigo Testamento, como por exemplo, o chamado de Abraão em Gênesis 12.

O Antigo Testamento (ou Velho Testamento) possui 39 livros1 e relata o fracasso do homem em cumprir com sua responsabilidade diante de Deus. Também relata as ações de Jeová em direção ao homem para prover o perdão dos seus pecados. O Novo Testamento possui 27 livros e apresenta uma nova maneira de Deus tratar o pecado e o pecador: em Cristo, Deus perdoa os pecados do Seu povo e cria uma nova qualidade de relacionamento, firmado na misericórdia, no amor e no perdão: “... e dos seus pecados de modo nenhum me lembrarei” (Hb 10:17).

Leitura da Bíblia

Quando a Bíblia surgiu, tanto o Antigo como o Novo Testamento, não era dividida nem por capítulos nem por versículos. A Bíblia Sagrada foi dividida em capítulos no século XIII (entre 1234 e 1242), pelo teólogo Stephen Langhton, então Bispo de Canterbury, na Inglaterra, e professor da Universidade de Paris, na França.

A divisão do Antigo Testamento em versículos foi estabelecida por estudiosos judeus das Escrituras Sagradas, chamados de massoretas. Com hábitos monásticos e ascéticos, os massoretas dedicavam suas vidas à recitação e cópia das Escrituras, bem como à formulação da gramática hebraica e técnicas didáticas de ensino do texto bíblico.

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Foram eles que, entre os séculos IX e X primeiro dividiram o texto hebraico (do Antigo Testamento) em versículos. Influenciado pelo trabalho dos massoretas no Antigo Testamento, um impressor francês chamado Robert d’Etiénne dividiu o Novo Testamento em versículos no ano de 1551.

Até boa parte do século XVI, as Bíblias eram publicadas somente com os capítulos. Foi assim, por exemplo, com a Bíblia que Lutero traduziu para o Alemão, por volta de 1530. A primeira Bíblia a ser publicada incluindo integralmente a divisão de capítulos e versículos foi a Bíblia de Genebra, lançada em 1560, na Suiça. Os primeiros editores da Bíblia de Genebra optaram pelos capítulos e versículos vendo nisto grande utilidade para a memorização, localização e comparação de passagens bíblicas. (Hoje, as notas históricas dos estudiosos protestantes de Genebra agregadas a novas notas de estudo podem ser encontradas em um recente lançamento da Sociedade Bíblica do Brasil: a Bíblia de Estudo de Genebra.) Em Português, já a primeira edição do Novo Testamento de João Ferreira de Almeida (1681) foi publicada com a divisão de capítulos e versículos.

O Antigo Testamento

O Antigo Testamento foi escrito, quase na sua totalidade, na língua hebraica, que é o idioma falado ainda hoje pelos judeus. É composto por 39 livros divididos em 4 categorias (Pentateuco, Históricos, Poéticos e Proféticos – nesta respectiva ordem nas Bíblias cristãs). No Antigo Testamento hebraico a divisão é diferente e segue o esquema a seguir:

a) A Lei (Torah): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio (5 livros);b) Os profetas:

1. Profetas anteriores: Josué, Juízes, Samuel e Reis (4 livros);2. Profetas posteriores:

Maiores: Isaías, Jeremias e Ezequiel (3 livros);Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias (no hebraico formam um tomo só);

c) Os Escritos ou “Hagiógrafos”:1. Os poéticos: Salmos, Provérbio e Jó (3 livros);2. Os cinco rolos: Cânticos, Rute Lamentações de Jeremias, Eclesiastes e

Ester (5 livros);3. Os Históricos: Daniel, Esdras, Neemias e Crônicas (3 livros)

A ordem usada nas Bíblias evangélicas segue esta seqüência:a) Livros da Lei ou Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e

Deuteronômio;b) Livros Históricos: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2

Crônicas, Esdras, Neemias e Ester;c) Livros Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Cânticos de Salomão (ou Cântico dos

Cânticos) e Eclesiastes;d) Livros Proféticos: dividem-se em Profetas Maiores e Menores;

1. Profetas Maiores: Isaías, Jeremias (Juntamente com Lamentações), Ezequiel e Daniel;

2. Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias;

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Os Livros Apócrifos e Apocalípticos

A Bíblia utilizada pelos católicos romanos, além dos livros contidos na Bíblia utilizada pelos evangélicos, possui alguns outros livros. São os chamados “Livros Apócrifos”. Nós não utilizamos estes livros, pois não podem ser reconhecidos como inspirados por Deus e nem como autoritativos para a vida cristã.

Com o nome de “apócrifos” designamos, normalmente, os livros que a Vulgata Latina2 contém, mas que não estão incluídos no Velho Testamento Hebraico. A presença de tais livros na Vulgata, exceção feita a II Esdras, deve-se à tradução grega da Septuaginta3, fonte da versão latina destes livros. Muitos foram escritos em “pseudepígrafe”, ou seja, um autor desconhecido escrevia um livro e assinava com o nome de alguém muito conhecido para dar à sua obra autoridade.

Além dos que a Bíblia católica contém, existem outros que são menos conhecidos. Os livros apócrifos são:

1 livro de Esdras: Não confunda com o Livros históricos de Esdras. É uma narração fragmentária dos acontecimentos lembrados no livro de Esdras, juntamente com a história dos três cortesões, um dos quais se chama Zorobabel e que teve papel preponderante na festa de Dario.

2 livro de Esdras: Não passa dum apocalipse do primeiro século da era cristã, de certo modo o mais trágico de todos os apocalipses.

Tobias: É uma história romântica que nos fala da sepultura dos mortos e do casamento de Tobias. Foi escrito provavelmente nos fins do século III A.C.

Judite: É outra obra de ficção a propósito da libertação duma cidade do exército assírio. Não vai além da época dos Macabeus (150 A.C.).

O descanso de Ester: É um apêndice ao livro canônico4 de Ester e inclui orações e decretos, que vêm tornar mais explícito o caráter religioso do livro.

Sabedoria de Salomão: É considerado um dos livros mais representativos e mais sublimes da sabedoria hebraica, do período interbíblico5. Supõe-se que tenha sido escrito entre os anos 150 A.C. e 40 D.C.

Eclesiástico: Também chamado de “Sabedoria de Jesus, filho de Siraque”, é uma obra no mesmo estilo de “Sabedoria de Salomão” e datada do ano 180 A.C.

Baruque forma um livro só com A Epístola de Jeremias, datado do primeiro do século III A.C. e o segundo do século II A.C. Ambos se destinam a combater a heresia6.

Apêndices ao livro de Daniel conhecem-se três: A História de Susana, condenada a morte e defendida pelo jovem Daniel; a Oração de Azarias e o Cântico dos três santos mancebos lançados à fornalha ardente; e por fim Bel e o Dragão, duas narrativas separadas contando como Daniel desacreditou os sacerdotes de Bel e desmascarou o deus-dragão.

A oração de Manassés, é um grito de arrependimento proferido pelo rei que tem este nome e baseado em 11 Crônicas 23:12ss, escrito provavelmente no século II A.C..

O livro de I Macabeus narra a luta dos judeus, chefiados pelos filhos de Matatias contra Antíoco Epífanes e seus sucessores. Há quem suponha que o autor é contemporâneo dos acontecimentos que relata.

O livro de II Macabeus continua o anterior e expõe, num estilo primoroso, as façanhas de Judas Macabeu.

Ainda existem outros livros apócrifos e pseudepígrafes que não figuram na Bíblia católica, como o Livro de Enoque, o Livro dos Jubileus, A assunção de Moisés, entre outros que falam também de Jesus e dos apóstolos.

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Dicas para leitura da Bíblia

Para você ler e estudar a Bíblia é necessário conhecer algumas abreviaturas e formas de escrita. Quando você for estudar a Bíblia tenha algumas coisas em mente:1º. Quem escreveu este livro? 2º Quando ele escreveu?3º Para quem escreveu?4º Quais acontecimentos importantes marcam a vida de quem escreveu e de quem recebeu

o que foi escrito?5º Qual o estilo do livro? (Histórico, Poético, Profético, Espistolar, Apocalítico?)

É necessário saber também as abreviaturas e escritas das passagens.Veja a lista que segue:: (dois pontos) dividem o capítulo do versículo (Gn 3:4), (vírgula) dividem versículos (Gn 3:4,5)- (traço) dividem trechos ou passagens (Gn 3:4-6 ou Gn 3:4-5:6); (ponto e vírgula) dividem capítulos de capítulos ou livros de livros (Gn 3:4; Gn 9:10)ss (dois esses) ler o versículo indicado e os posteriores (Gn 3:4ss), também indicado por “seg.” (usa-se também a abreviatura “segs.”)cf. (conforme). Indica que você compreenderá aquele texto lendo o outro.Algumas Bíblias possuem ajudas especiais para leitura e estudo, que devem ser

consultadas a parte. Muitos compram Bíblias de estudo e nunca a utilizam como deveriam. Colocamo-nos à disposição para ensinar como utilizar melhor os recursos de que a sua Bíblia dispõe.

Elementos essenciais à compreensão do Antigo Testamento

1. Elemento histórico: Todos os livros do Antigo Testamento estão fundamentados em dados históricos. Podemos encaixar na cronologia tantos os livros históricos quanto os poéticos e proféticos. Neste sentido, percebemos que Deus está tanto Se revelando neste processo histórico quanto o controlando.

2. Elemento cultural: Vários povos são citados no Antigo Testamento e cada um possui a sua cultura peculiar. Também encontramos o desenvolvimento da cultura da nação de Israel. Essas culturas afetam diretamente a compreensão do texto bíblico. Nossa tendência é ler o texto com a nossa cultura.

3. Elemento geográfico: As narrativas nos remetem à lugares específicos. Conhecê-los aumenta nossa compreensão.

4. Elemento literário: É grande a diversidade literária do Antigo Testamento: narração, poesia, literatura sapiencial, etc. Em que grupo se encaixa o texto incidirá diretamente na sua interpretação.

5. Elemento revelacional: O Antigo Testamento é a revelação que Deus faz de Si mesmo. Esta revelação se dá através do desenvolvimento da história (experiências e relacionamento) e, acima de tudo, de maneira proposicional (palavras).

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6. Elemento teológico: Devemos levar em consideração a revelação progressiva ao lermos o Antigo Testamento. Da criação do mundo à reedificação do Templo, o conhecimento do homem sobre Deus está gradativamente aumentando.

OS LIVROS DA LEI OU PENTATEUCO

Geralmente esta seção do AT é comumente conhecido como Toráh (Lei). O substantivo toráh se deriva da raiz yarah, “lançar” ou “projetar”, e significa orientação, lei, instrução.

A palavra “Pentateuco” é uma derivação de duas palavras gregas “pente” (cinco) e “teuchos” (volume). Seu primeiro uso se encontra, talvez, nos escritos de Orígenes, a respeito de Jo 4:25, “do Pentateuco de Moisés”.

No AT o Pentateuco é chamado de:

1. Lei: Js 8:34; Ed 10:3; Ne 8:2,7,14; 10:34,36; 12:44; 13:3; 2 Cr 14:4; 31:21; 33:8.2. Livro da Lei: s 1:8; 8:34; 2 Rs 22:8; Ne 8:3.3. Livro da Lei de Moisés: Js 8:31; 23:6; 2 Rs 14:6; Ne 8:1.4. Livro de Moisés: Ed 6:18; Ne 13:1; 2 Cr 25:4; 35:12.5. Livro do Senhor: Ed 7:10; 1 Cr 16:40; 2 Cr 31:3; 35:26.6. Lei de Deus: Js 24:26; Ne 8:18.7. Livro da Lei de Deus: Js 24:26; Ne 8:18.8. Livro da Lei do Senhor: 2 Cr 17:9; 34:14.9. Livro da Lei do Senhor seu Deus: Ne 9:3.10. Livro de Moisés, servo de Deus: Dn 9:11, 13; Ml 4:4.

No NT o Pentateuco é chamado de:

1. Livro da Lei: Gl 3:10.2. Livro de Moisés: Mc 12:26.3. Lei: Mt 12:5; Lc 16:16; Jo 7:19.4. Lei de Moisés: Lc 2:22; Jo 7:23.5. Lei do Senhor: Lc 2:23-24.

1. Autoria do Pentateuco

O Pentateuco é uma obra contínua, completa, produzida por um só autor inspirado. É possível que se tenha feito o uso de fontes orais e escritas sob orientação divina.

1.1. Negação da Autoria Mosaica

1.1.1.Origem do Desenvolvimento da Teoria Documentária

O deísmo e o racionalismo contribuíram para o surgimento da TEORIA DOCUMENTÁRIA. O objetivo era negar a relação sobrenatural de Deus com o homem e, consequentemente, a doutrina da Bíblia como inspiração sobrenatural. O Antigo Testamento, segundo estes autores, não é formado pelo conteúdo da revelação sobrenatural de Deus acerca de si mesmo, mas das experiências religiosas dos que buscavam a Deus. Thomas Hobbes em sua obra Leviathan (1651) afirmou que o Pentateuco havia sido editado por Esdras a partir de fontes antigas. Benedicto Spinoza declarou em

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Tractatus Theologico-Politicus (1670) que Esdras havia editado o Pentateuco com interpolação de Deuteronômio, questionando a autoria mosaica.

1.1.2.Teoria Documentária Primitiva

Jean Astruc, médico francês, foi o primeiro a dar expressão literária a essa teoria (em 1753). Limitou suas dúvidas apenas a autoria de Gn 1. Sua tese era que Moisés havia compilado o livro de Gênesis a partir de duas memórias, e outros documentos menores. Astruc identificou 2 fontes principais: Fonte A, com o uso da palavra Elohim, e fonte B, o uso da palavra Yahweh. Todavia, aceita Moisés como autor do livro todo. Alegava ter encontrado em Gênesis mais de dez fontes e outras interpolações textuais!

Johann G. Eichorn em sua Einleitung (1780-1783), expandiu as idéias de Astruc a todo o Pentateuco e não apenas a Gênesis. Negou a autoria mosaica. Dividiu Gn e Êx 1-2 em fontes designadas J e E, e afirmou que estas foram editadas por um autor desconhecido.

1.1.3.Teoria Fragmentária

Alexander Geddes, padre católico escocês, investigou as “memoires” de Astruc. Em 1792-1800 desenvolveu a teoria fragmentária. Segundo a Teoria Fragmentária o Pentateuco consiste em fragmentos lendários, desconexos entre si e de muitos autores desconhecidos, mas possuindo apenas um redator. Foi o primeiro a sugerir a existência de um Hexateuco. Segundo Geddes o Pentateuco foi compilado por um redator desconhecido a partir de numerosos fragmentos que tiveram sua origem em círculos diferentes, um elohístico, e o outro javístico. A data da composição final do “Hexateuco” teria ocorrido em Jerusalém, durante o reinado de Salomão.

J. Vater (1802-1805) fez a divisão do Pentateuco em 39 fragmentos. A data da composição final do Pentateuco foi no exílio babilônico, sendo que nesta época adquiriu a forma que hoje conhecemos.

A.T. Hartmann foi o primeiro a dizer que a escrita era desconhecida no tempo de Moisés entre os israelitas (1831). Segundo ele, o Pentateuco era constituído de um grande número de pequenos documentos pós-mosaicos, a que foram feitas adições, de tempos em tempos, até se tornarem nos cinco livros. Considerava o Pentateuco como lenda e mito.

1.1.4.Teoria suplementar

Wilhelm M. L. De Wette (1780-1849) em 1805 escreveu um livro, acerca de Deuteronômio, dando este livro como pertencente ao tempo de Josias e escrito um pouco antes da sua reforma religiosa, em 621 a.C.

Heinrich Ewald (+1875) rejeitou a autoria mosaica. Segundo ele o Pentateuco é composto de muitos documentos, mas enfatizando o documento E como sendo básico.

Tuch foi quem deu expressão clássica à teoria. Deu ênfase a dois documentos básicos, o E e o J, tendo datado o E no tempo de Saul, e o J no tempo de Salomão.

Representa uma volta a Teoria Documentária primitiva. Segundo essa teoria, o documento básico, original era um só, o documento E (elohista), combinado com um suplemento principal que era o documento J (jeovísta) formavam a base para o Pentateuco. No decorrer dos séculos novas adições foram feitas a estes documentos, terminando na cristalização do atual conjunto de cinco livros. Todos estes críticos negaram a autoria mosaica do Pentateuco.

1.1.5.Teoria Documentária Modificada

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Esta teoria defende que de três a quatro documentos principais e contínuos foram combinados por um redator.

Hermann Hupfeldt, em 1853, ensinou que, além do Deuteronômio, havia três documentos contínuos que eram J,E1 e E2, combinados por um único redator.

E. Riehm (1854) defendeu que os documentos contínuos eram quatro e não três. Foi o primeiro a apresentar um quarto documento principal, chamado D. A forma dos documentos seria E1, E2, J, D.

1.1.6.Teoria Documental em seu Estado Final

Segundo esta teoria, quatro ou cinco documentos principais, mais outros documentos secundários foram combinados por quatro redatores principais e mais outros redatores secundários.

Reuss (1850) acreditava em cinco documentos principais J, E1, E2, d, P. Foi o primeiro a sugerir o documento P como sendo documento básico e também como sendo o último deles. Atribuiu ao tempo de Esdras como data final da redação do Pentateuco.

Karl H. Graff, em 1865, afirmou a literatura de Êxodo, Levítico e Números, não pertencia ao período de Josias, mas ao cativeiro babilônico. Rejeitou o documento E1 como sendo um documento independente. Para ele o E1 é igual ao P, um documento procedente do período do reinado de Josias. Para Graff a ordem dos documentos seria P–histórico, E, J, D, P-legal.

Abraham Kuenen (1869-1870) desenvolveu a teoria de Graff e a difundiu, principalmente na Alemanha. Em sua obra “A Religião de Israel” (1869) argumentou que o P-histórico não poderia ser separado do documento P-legal. Sua teoria resultou em J, E, D, P.

Julius Wellhausen foi quem deu uma popular formulação literária à teoria, em sua obra Die Composition dês Hexateuchs, em 1876. Com ele a teoria adquiriu o nome de Graff-Kuenen-Wellhausen. Causou um grande impulso ao criticismo moderno.

1.1.7.Teoria Documentária no Século XX

Herman Gunkel (1862-1932) e Hugo Gressmann (1877-1927) posicionaram-se contra as tendências do wellhausenismo clássico. Os grandes expoentes na crítica das fontes. Defendiam a necessidade de se descobrir o Sitz im Leben (contexto vital). Comparação com a mitologia antiga.

Otto Eissfeldt em sua Einleitung in das Alte Testament (1934) defendia a classificação da literatura do AT em vários gêneros e categorias. Tenta traçar o desenvolvimento (a influência pré-história literária) dos diferentes documentos. Propõem a existência de um documento L (fonte leiga). Não possui uma concepção adequada da revelação, considera a literatura do AT como de origem meramente humana.

R.H. Pfeiffer em Introduction to the Old Testament (1941) mostra erudição e apologia, basicamente anti-cristã. Ensinou a existência de um documento S (Sul ou Seir), mas obteve aceitação popular. Nega a revelação, milagres, etc., segundo Pfeiffer estas são cousas subjetivas, sem prova científica.

Gerhard Von Rad (1934) defendeu a existência de mais dois documentos Pa e Pb. Propôs a teoria do Hexateuco.

Aage Bentzen publicou em 1941 uma obra que esposa o método histórico-crítico que presta dedicada atenção ao estudo das supostas formas da literatura do AT.

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1.1.8. Características dos “supostos” documentos

Documento J (Jeová, Jeovista)1.Data: 950 ou 850 a.C.2.Local escrita: Judá3.Autoria: é atribuído a um historiador desconhecido, pertencente ao reino do Sul4.Conteúdo: começa com a criação e vai até o fim do reino de Davi (Gn 2 a Nm

22-24).5.Natureza: uma coleção de literatura épica, demonstrando forte sentimento

nacionalista. Contém dramatização vívida, apresentações antropomórficas de Deus, em que Deus é descrito em termos humanos. Prefere usar o nome Yahweh para Deus. Ressalta a continuidade do propósito de Deus desde a criação, passando pelos patriarcas, até o papel de Israel como seu povo. Essa continuidade leva ao estabelecimento da monarquia com Davi.

Documento E (Elohista)1.Data: 850 ou 750 a.C.2.Autoria: atribuída a um sacerdote desconhecido de Betel (Reino do Norte), ou a

um profeta, sob a influência de Elias.3.Local escrita: Efraim4.Conteúdo: começa com Abraão e termina com Josué5.Natureza: Usa-se a história na forma épica. Este documento possui uma

variedade de detalhes, grande interesse no ritual e uma teologia mais abstrata, que evita antropomorfismo e usa visões e anjos como meios de revelação. É a narrativa da tradição de Israel (reino do Norte) em paralelo com documente J. Prefere Elohim como nome de Deus até a revelação de seu nome Yahweh a Moisés (Êx 3), depois disso passa a empregar ambos os nomes de Deus.

Documento D (Deuteronomista)1.Data: 650 a.C.2.Autoria: atribuída a um sacerdote desconhecido.3.Local escrita: Jerusalém4.Conteúdo: é o material núcleo do livro de Deuteronômio5.Natureza: tem interesse teológico pelo Templo de Jerusalém, e forte oposição

contra a idolatria. O estilo literário é prosaico, prolixo, paranético (repleto de exortações ou conselhos). Seria o tal livro descoberto no reinado do rei Josias no ano 621 a.C.

Documento P (do inglês Priestly [Sacerdotal])1.Data: 525 ou 450 a.C.2.Autoria: desconhecida3.Conteúdo: composto de tradições mosaicas antigas depois do Exílio.

1.2. Uma avaliação crítica da Teoria Documentária.

Devemos considerar algumas implicações da Teoria Documentária em afirmar a formação final do Pentateuco num período pós-exílico (entre 500-400 a.C.), quando a religião de Israel já estava bem desenvolvida.

1. A Teoria Documentária não prova a não autoria de Moisés. 2. Mesmo entre os adeptos desta teoria não há concordância acerca da

identificação e classificação dos textos e dos grupos documentais a que eles supostamente pertencem.

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3. Aceitar a teoria JEDP anula a credibilidade do Pentateuco. Segundo a Teoria Documentária a história bíblica é forjada. O uso do nome de Moisés no Pentateuco, era simplesmente para dar autoridade ao texto, mas ele nada tinha a ver com a composição histórica do mesmo.

4. Retira todo o caráter normativo do Pentateuco. Se ele não foi o princípio regulador para os primeiros leitores, não teria valor algum para os crentes de outras épocas, uma vez que os conceitos humanos mudam e o que não foi normativo para um povo, pode não ser para outro.

5. Invalida o esforço de composição. O relato do Pentateuco é rico em detalhes e informações. Possui informações das origens e desenvolvimento dos povos, em especial do povo de Israel. Os supostos autores teriam se dado a um imenso trabalho de imaginação para simplesmente manter uma ordem que já estava estabelecida.

6. Devemos considerar a ausência de evidências histórica, ou manuscritológicas, de que estes supostos documentos (JEDP) tenham circulado em algum período soltos uns dos outros.

7. Considera o autor mal-intencionado. 8. Impossibilidade do sobrenatural no AT. Consequentemente a intervenção divina

é negada: revelação, inspiração, encarnação, milagres, etc.9. Negação da revelação especial. A Bíblia torna-se meramente uma referência

literária semítica. Um livro antigo como outro qualquer, deixando de ser a auto revelação proposicional de Deus.

1.3. Argumentos em favor da Autoria Mosaica do Pentateuco

Não há no Pentateuco uma declaração objetiva de que Moisés tenha escrito o Pentateuco. Todavia, há um testemunho suficiente, que apoia a sua autoria.

A ausência do nome do autor harmoniza-se com a prática do AT em particular, e com as obras literárias antigas em geral. No antigo Oriente Médio, o “autor” era basicamente um preservador do passado, limitando-se ao uso de material e metodologia tradicionais, conforme já foi observado.

1.3.1. Evidências Internas

1. Êx 17:14 indica que Moisés estava em condições de escrever.2. Êx 24:4-8 refere ao “Livro da Aliança”.3. Êx 34:27 pela segunda vez a ordem de escrever. 4. Nm 33:1-2 Moisés anotou a lista das paradas desde o Egito até.5. Dt 31:9,24 referência aos 4 livros anteriores do Pentateuco.6. Dt 31:22 refere-se a Dt 32.7. Narra detalhes de uma testemunha ocular. O número de fontes e palmeiras (Êx

15:27), a aparência e paladar do maná (Nm 11:7-8).8. Em Gn e Êx, o autor exprime um detalhado conhecimento do Egito, e do

percurso do êxodo.9. Conhecimento de palavras e nomes egípcios. O autor possuí uma noção

estrangeira da Palestina. Os termos usados para as estações, tempo, fauna, flora são egípcios, não palestinos. O autor estava familiarizado com a geografia egípcia e sinaítica. Menciona quase nada sobre a geografia palestina, o que evidencia seu pouco conhecimento da região.

1.3.2. Evidências Externas

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1. Livro de Josué repleto de referências a Moisés como autor do Pentateuco Js 1:7-8; 8:31; 22:9; 23:6; etc.

2. Jz 3:4 declara “...por intermédio de Moisés.”3. Expressões frequentes nos livros históricos: “lei de Moisés”, “livro da lei de

Moisés”, “livro de Moisés”, etc. 1 Rs 2:3; 2 Rs 14:6; 21:8; Ed 6:18; Ne 13:1; etc.

1.3.3. Evidências do NT

1. Cristo menciona passagens do Pentateuco como sendo de Moisés. Mt 19:8; Mc 10:4-5.

2. O texto sobre a circuncisão (Gn 17:12) mencionado no NT (Jo 7:23) como fazendo parte da Lei de Moisés.

3. Restante do NT em harmonia com Cristo. At 3:22-23; 13:38-39; 15:5,21; 26:22; 28:23; Rm 10:5,19; 1 Co 9:9; 2 Co 3:15; Ap 15:3.

1.3.4. Moisés Era Qualificado Para Escrever o Pentateuco

Moisés é reconhecido como o homem erudito na antiguidade bíblica. Nos dias de Moisés o Egito era a maior civilização do mundo, tanto em domínio, construções e conhecimento. Moisés teve a oportunidade de ter sido educado na corte real egípcia, recebendo a instrução de disciplinas acadêmicas que no Egito já eram tão desenvolvidas. Incluindo a arte da escrita, que há muito tempo era usada, de comum uso dos egípcios, inclusive entre os próprios escravos.

Como historiador, soube coletar as informações da rica tradição oral de seu povo. Mas além da tradição oral, Moisés dispôs, enquanto esteve no palácio real egípcio, do seu acervo literário.

Era possuidor de um vasto e detalhado conhecimento geográfico. O clima, vegetação, a topografia, o deserto tanto do Egito como do Sinai, e os povos circunvizinhos lhe eram familiares.

O modo como o autor do Pentateuco descreve os eventos e lugares, indica que ele não era palestino. Alguns fatos contribuem para esta conclusão 1) conhecia lugares pelos nomes egípcios, 2) usa uma porcentagem maior de palavras egípcias do qualquer outra parte do AT, 3) as estações e tempo que se mencionam nas narrativas são geralmente egípcias e não palestinas, 4) a flora e a fauna descritas são egípcias, 5) os usos e costumes relatados que o autor conhecia e eram comuns em seus dias.

Moisés como fundador da comunidade de Israel, também exerceu o papel de legislador, educador, juiz, mediador, profeta, libertador, sacerdote, pastor, historiador, entre outros. Possuía vários motivos, segundo as funções que exerceu, para prover ao seu povo alicerces morais concretos e religiosos, e era preciso registrar e distribuir a Lei entre o povo, de modo que ela fosse acessível a todos.

Como escritor teve tempo mais que suficiente. O Êxodo durou quarenta árduos e longos anos de peregrinação pelo deserto do Sinai. Apesar de sua ocupação ativista, este seria um tempo mais do suficiente para que pudesse escrever todo o Pentateuco, e ainda se necessário alfabetizar todo o povo.

Ele mesmo reivindicou escrever sob orientação de Deus (Êx 17:14; 34:27; Dt 31:9, 24). Nenhum outro autor da antiguidade foi assim identificado.

1.3.5. O Que se Entende Por Autoria Mosaica?[13]

1. Não significa que Moisés tenha pessoalmente escrito originalmente cada palavra do Pentateuco. Certamente ele lançou mão da “tradição oral”;[14]

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2. É possível que ele tenha empregado porções de documentos previamente existentes;

3. Talvez, tenha usado escribas ou amanuenses para escrever;4. Moisés foi o autor fundamental ou real do Pentateuco;5. Sob a orientação divina, talvez, tenha havido pequenas adições secundárias

posteriores, ou mesmo revisões (Dt 34);

2.Unidade

2.1. Unidade Literária/Textual

Não há nenhuma evidência história ou manuscritológica que vários redatores tenham “costurado” os livros do Pentateuco. Não existe nenhuma evidência que em algum período da história, o Pentateuco tenha circulado como “pedaços” (fontes JEDP), e que algum redator, ou redatores, tenha compilado e dado sua formação final, como propõe a teoria documentária. Os rabinos judeus desconhecem tal coisa.

2.2. Unidade Histórica

O Pentateuco possui uma linha histórica que se desenvolve. A ligação cronológica entre os cinco livros, transmite-nos a ideia de que, é somente um livro de cinco capítulos. Podemos resumir a história de Israel registrada no Pentateuco da seguinte forma:

1. Deus é o criador de toda a raça humana, e dela formou para si um povo.2. Deus escolheu Abraão e seus descendentes, e lhes prometeu dar a terra de

Canaã.3. Israel foi para o Egito, e caiu na escravidão, da qual o Senhor os livrou.4. Deus conduziu Israel a Canaã conforme prometeu.

3.3. Unidade Temática

1. Em Gn vemos a origem do universo e a aliança com Israel.2. Em Êx vemos a escravidão e libertação de Israel.3. Em Lv vemos a santificação de Israel.4. Em Nm vemos a recontagem do povo de Israel.5. Em Dt vemos a renovação da aliança com a nova geração de Israel

4. Importância

4.1. Aspectos Sociais: princípio norteador para toda a nação.4.2. Aspecto Científico: O criacionismo é fundamentado a partir de Gênesis.4.3. Aspecto Teológico: Os grandes fundamentos da fé são criados a partir dele.4.4. Aspectos Históricos: O mais perfeito relato histórico apresentando Cristo.4.5. Aspectos Antropológicos: Descreve raças, nações e culturas.4.6. Aspectos Proféticos: Fundamenta os temas proféticos mais importantes.

O livro de Gênesis

Abreviatura: GnAutor: MoisésData: 1450/1410 AC.Versículo-chave: 1:1; 12:1-2

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Frase-chave: Começos, origens;

Conteúdo:

O Livro de Gênesis é o livro das origens. Relata a criação do mundo, o surgimento do homem e da mulher e o pecado original. Outro fato importante neste livro é a escolha que Deus faz. Deus escolhe Abraão, Deus escolhe Isaque, Deus escolhe Jacó e Deus escolhe Judá.

Esboço:

I. Os princípios da História 1:1-11:32a. A criação do Universo (1:1-2:3)b. O lugar do homem (2:4-25)c. A entrada do pecado no mundo (3:1-4:26)d. A genealogia de Adão a Noé (5:1-32)e. A perversidade e o castigo do velho mundo (6:1-9:29)f. As antigas famílias da humanidade (10:1-11:32)

II. A História de Abraão (12:1-2518)a. A fé e a obediência de Abrão (12:1-14:24)b. Aliança de Deus com Abrão (15:1-17:27)c. O livramento de Ló de Sodoma e Gomorra (18:1-19:38)d. Abraão e Abimeleque (20:1-18)e. O filho prometido (21:1-24:67)f. A família de Abraão (25:1-18)

III. A História de Isaque (25:19-26:35)a. Nascimento de Esaú e Jacó (25:19-28)b. Esaú vende sua primogenitura para Jacó (25:29-34)c. Isaque e Abimeleque (26:1-16)d. Disputa a respeito de poços (26:17-33)e. Os casamentos de Esaú (26:34-35)

IV. A História de Jacó e Esaú (27:1-37:1)a. Jacó na casa paterna (27:1-46)b. A viagem de Jacó (28:1-22)c. Jacó na Síria (29:1-33:15)d. Jacó na Terra Prometida (33:16-35:20)e. Descendência de Jacó e Esaú (35:21-37:1)

V. A História de José (37:2-50:26)a. A infância de José (37:2-36)b. Judá e Tamar (38:1-30)c. Promoção de José no Egito (39:1-41:57)d. José e seus irmãos (42:1-45:15)e. José recebe seu pai no Egito (45:16-47:26)f. Últimos dias de Jacó (47:27-50:14)g. José cuida de seus irmãos (50:15-26)

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O livro de Êxodo

Abreviatura: ExAutor: MoisésData: 1450/1410 AC.Versículo-chave: 19:4-6Frase-chave: Saída do Egito

Conteúdo:

Depois da morte de José, que assinala o fim do Gênesis e da “era patriarcal”7, o povo de Israel floresceu e se multiplicou no Egito. Os egípcios, porém, logo se esqueceram de como José os havia salvado da fome. A gratidão dos governantes egípcios transformou-se em suspeita e ódio. O livro relata o livramento dos oprimidos israelitas do poder egípcio. Os rigores da escravidão no Egito e o faraó exigiram a preparação do libertador, Moisés, um dos tipos de Cristo8.

Esboço:

I. A opressão no Egito (1:122)

II. Nascimento, treino e chamada de Moisés (2:1-7:7)a. Os primeiros oitenta anos de Moisés (2:1-22)b. A chamada de Moisés (2:33-4:17)c. Moisés retorna ao Egito (4:18-31)d. A primeira petição a Faraó e seu resultado (5:1-6:1)e. As promessas e a comissão renovadas (6:2-13)f. As genealogias de Moisés e Aarão (6:14-27)g. A comissão retomada (6:28-7:7)

III. As pragas, a Páscoa e o Êxodo (7:8-15:21)a. Faraó reconhece um sinal (7:8-13)b. As primeiras nove pragas (7:14-10:29)c. Aviso sobre a última praga (11:1-10)d. Instituição da Páscoa (12:1-28)e. A décima praga e a partida para fora do Egito (12:29-51)f. Santificação e redenção dos primogênitos (13:1-16)g. A travessia do Mar Vermelho (13:17-14:31)h. O cântico de Moisés (15:1-21)

IV. A viagem até Horebe (15:22-18:27)a. Mara e Elim (15:22-27)b. A provisão do maná (16:1-36)c. A rebelião em Refidim e a batalha com Amaleque (17:1-16)d. A visita de Jetro (18:1-27)

V. A entrega da Lei, no Sinai (19:1-24:18)a. Preparação para a recepção da lei no concerto (19:1-25)

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b. Os dez mandamentos (20:1-17)c. O temor de Deus cai sobre o povo (20:18-21)d. O altar a ser erigido (20:22-26)e. Vários julgamentos (21:1-22:20)f. Vários estatutos morais (22:21-23:19)g. As recompensas da obediência (23:20-33)h. A ratificação do concerto (24:1-11)i. Moisés delega sua autoridade e sobe novamente ao monte Sinai (24:12-18)

VI. O plano divino para o Tabernáculo9 (25:1-31:18)a. Dádivas para o tabernáculo (25:1-9)b. Os móveis do tabernáculo (25:10-40)c. O tabernáculo, o altar e o pátio (26:1-27:21)d. As vestes do Sumo sacerdote e seus filhos (28:1-43)e. Ordenanças para a consagração dos sacerdotes (29:1-37)f. O sacrifício diário e a promessa da presença do Senhor (29:38-46)g. Mais instruções sobre o tabernáculo (30:1-31:11)h. O sinal do sábado (31:12-17)i. As tábuas do testemunho (31:18)

VII. A idolatria dos israelitas e a intercessão de Moisés (32:1-33:23)a. A fabricação do bezerro de ouro (32:1-6)b. Moisés intercede pelo povo (32:7-14)c. O povo é castigado (32:15-29)d. Moisés intercede novamente, e lhe é mostrada a glória divina (32:30-33:23)

VIII. A renovação do concerto (34:1-35)

IX. Construção e ereção do tabernáculo (35:1-40:38)a. O povo traz oferendas voluntárias (35:1-29)b. Os construtores fazem o trabalho segundo o modelo (35:30-39:43)c. O tabernáculo é armado (40:1-33)d. A glória do Senhor entra no tabernáculo (40:34-38)

O livro de Levítico

Abreviatura: LvAutor: MoisésData: 1450/1410 AC.Versículo-chave: 20:7-8Frase-chave: Santidade

Conteúdo:

O nome “Levítico” vem de “Levi”. Levi era o terceiro filho de Jacó e Lia (Gn 29:34) e sua família foi escolhida para auxiliar os sacerdotes. Note algo importante: somente os da família de Arão eram sacerdotes, os levitas tinham por obrigação auxilia-los. Desmanchavam, transportavam e armavam o Tabernáculo (Nm 3:5ss) e substituíam os primogênitos de toda a nação servindo ao Senhor. Cada uma das três famílias de Levi tinha deveres especiais. Os filhos de Coate estavam incumbidos de transportar os móveis depois que os mesmos fossem cuidadosamente cobertos pelos sacerdotes. Os coatitas eram

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supervisionados por Eleazar, filho de Arão. Os filhos de Gérson cuidavam das cobertas, cortinas e véus sob a supervisão do filho de Arão, Itamar. Os filhos de Merari tinham a tarefa de transportar e erguer a armação do tabernáculo e seu átrio. Os levitas começavam a servir quando tinham 25 anos e continuavam a servir até os 50 anos. Os levitas não possuíam herança alguma na terra. Eles eram sustentados por dízimos do povo e habitavam em 48 cidades em Israel, dentre estas, seis cidades eram “cidades de refúgio”10.

O livro de Êxodo terminou com o levantamento do tabernáculo, construído segundo o padrão que Deus dera a Moisés. Como iria Israel usar o tabernáculo? As instruções encontradas em Levítico são a resposta a essa pergunta, e foram dadas a Moisés no intervalo de 50 dias entre a inauguração do tabernáculo (Ex 40:17) e a partida do povo do Sinai (Nm 10:11).

Esboço:

I. Os sacrifícios (1:1-7:38)a. A porção do Senhor (1:2-6:7)b. A porção do sacerdote e do oferente (6:8-7:38)

II. A consagração de Arão seus filhos (8:1-10:20)a. Arão e seus filhos consagrados por Moisés (8:1-36)b. Arão desempenha o seu ofício (9:1-24)c. O sacrilégio e suas conseqüências (10:1-20)

III. Leis relativas à purificação (11:1-15:33)a. Impureza por causa dos animais (11:1-47)b. Purificação do primogênito (12:1-8)c. Purificação do leproso (15:1-33)d. Impureza do corpo (15:1-33)

IV. O dia da expiação (16:1-34)a. A preparação de Arão (16:1-10)b. O sacrifício pelos sacerdotes (16:11-14)c. O sacrifício pelo povo (16:15-19)d. O bode expiatório (16:20-22)e. Sacrifícios terminados (16:23-28)f. Outras instruções (16:29-34)

V. Local do sacrifício e santidade do sangue (17:1-16)

VI. Pecados contra a lei moral (18:1-20:27)a. Casamentos ilícitos e uniões abomináveis (18:1-30)b. Uma coleção de novas leis (19:1-37)c. Diversas leis respeitantes a outros crimes hediondos (20:1-27)

VII. Instruções para os sacerdotes (21:1-22:33)a. Os sacerdotes devem ser santos (21:1-9)b. Determinações especiais para o Sumo-sacerdote (21:10-15)c. Efeitos da deformidade física (21:16-24)d. A profanação impede o sacerdote de tocar nas coisas santas (22:1-16)e. Diretrizes para a oferta dos sacrifícios (22:17-33)

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VIII. As festas sagradas (23:1-44)a. O sábado (23:3)b. A Páscoa e a festa dos pães asmos (23:4-8)c. A oferta das primícias (23:9-14)d. A festa das semanas (23:15-22)e. As festas do sétimo mês (23:23-24)

IX. O óleo santo, os bolos e o pecado da blasfêmia (24:1-23)a. O azeite para a lâmpada (24:1-4)b. Os bolos (24:5-9)c. O pecado da blasfêmia e os crimes da violência (24:10-23)

X. O Ano Sabático e o Ano do Jubileu (25:1-55)a. O Ano Sabático (25:1-7)b. O Jubileu (25:8-55)

XI. Bênçãos e maldições (26:1-46)a. Bênçãos como prêmio da obediência (26:3-13)b. Castigos pela desobediência (26:14-45)

XII. Votos particulares e dízimos (27:1-34)

O livro de Números

Abreviatura: NmAutor: MoisésData: 1450/1410 AC.Versículo-chave: 14:22,23Frase-chave: Andando no deserto

Conteúdo:

O título do livro vem da tradução grega e não resume o seu conteúdo. A tradução hebraica utiliza o nome bemidhbar (no deserto), que resume bem o conteúdo do livro. É de recear que a nossa tradução baseada no grego leve muitos crentes a desprezarem o livro, e a perderem assim os tesouros que ele encerra.

Como o título hebraico sugere, contém uma descrição da viagem dos israelitas através do deserto. O Êxodo conta a partida do Egito e a viagem até o Sinai; Josué narra a entrada na Terra Prometida; mas é em Números que se descreve a longa caminhada desde o Sinai até às terras de Canaã.

O livro de Números divide-se em quatro partes distintas: a preparação para a jornada através do deserto; a viagem desde o Sinai até as planícies de Moabe; o episódio de Balaão e a preparação para a entrada em Canaã.

Esboço

I PARTEA PREPARAÇÃO PARA A JORNADA ATRAVÉS DO DESERTO (1:1-10:10)I. Disposição dos homens para a guerra e para a marcha (1:1-2:34)II. Enumeração dos Levitas e dos cargos que lhes competiam (3:1-4:49)III. Não se admitem impurezas no arraial (5:1-31)

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Page 20: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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IV. O voto dos nazireus (6:1-21)V. Disposições para o culto no arraial (6:22-9:14)VI. Deus vela pela orientação do seu povo (9:15-10:10)

II PARTEA VIAGEM DESDE O SINAI ATÉ AS PLANÍCIES DE MOABE (10:11-22:1)VII. Primeira etapa (10:11-36)VIII. Revolta e traição (11:1-12:16)IX. Desânimo e saudade (13:1-14:45)X. A proclamação de novas leis passada a crise (15:1-41)XI. A revolta de Core, Data e Abirão (16:1-50)XII. Consequências da revolta (17:1-19:22)XIII. Incidentes a caminho das planícies de Moabe (20:1-22:1)

III PARTEO EPISÓDIO DE BALAÃO (22:2-25:18)XIV. A intimação de Balaão (22:2-40)XV. As profecias de Balaão (22:41-24:24)XVI. As conseqüências (24:25-25:18)

IV PARTEA PREPARAÇÃO PARA A ENTRADA EM CANAÃ (26:1-36:13)XVII. Preparação para a conquista e partilhas da terra (26:1-27:23)XVIII.Regulamento dos sacrifícios e votos (28:1-30:16)XIX. Vingança sobre os midianitas (31:1-54)XX. As partilhas da transjordânia (32:1-42)XXI. Resumo das etapas desde a saída do Egito até a planícies de Moabe (33:1-42)XXII. Planos para a divisão de Canaã (33:50-36:13)

O livro de Deuteronômio

Abreviatura: DtAutor: MoisésData: 1410 AC.Versículo-chave: 6:4-5Frase-chave: Lembrem-se da aliança

Conteúdo:

O nome deriva da tradução grega “deuteronomion”, que significa “segunda lei” ou “repetição da lei” e contém os discursos dirigidos por Moisés ao povo, antes de entrar na Terra prometida. Os acontecimentos descritos no livro pertencem ao último mês dos quarenta anos de vagueação impostos sobre o povo por causa da sua incredulidade (1:3,35- 2:14). Diferentemente de Êxodo, Levítico e Números em que as leis são referentes ao tabernáculo e aos sacerdotes, em Deuteronômio dirigem-se a todos os membros da congregação. Em termos da mais fácil compreensão anuncia-se a todo o bom israelita o que Deus pretende dele. Se uma ou outra vez se fala em sacerdotes e levitas, é do ponto de vista dos leigos que se fala, apontando-lhes as funções dos sacerdotes como ministros e os levitas como instrumentos da Lei. A mensagem de Deuteronômio pode resumir-se em três exortações: Recorda! Obedece! Cuidado!

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Page 21: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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Esboço:

I. Introdução (1:1-5)

II. Primeiro discurso de Moisés (1:6-4:40)a. Panorama retrospectivo (1:6-3:29)b. Exortação à obediência (4:1-40)

III. Designação de três cidades de refúgio (4:41-43)

IV. Segundo discurso de Moisés (4:44-26:15)a. Introdução (4:44-49)b. Exortação à fidelidade e à obediência baseada na revelação feita em Horebe (5:1-

11:32)c. Preceitos religiosos, civis e domésticos (12:1-26:15)d. Exortação final (26:16-19)

V. A Lei é gravada: bênçãos e maldições (27:1-28:68)a. A Lei é gravada (27:1-8)b. Exige-se inteira obediência (27:9-10)c. Maldições da Lei (27:11-26)d. Sanções da Lei (28:1-68)

VI. Terceiro discurso de Moisés (29:1-30:20)a. Renovação da aliança (29:1-29)b. O arrependimento (30:1-14)c. A escolha entre a vida e à morte (30:15-20)

VII. A leitura da Lei e o Cântico de Josué (31:1-30)a. A Lei é escrita e lida ao povo (31:1-13)b. A nomeação de Josué (31:14-15)c. O cântico de Josué (31:16-30)

VIII. O cântico de Moisés (32:1-43)

IX. A despedida de Moisés (32:44-33:29)a. Última exortação (32:44-47)b. A aproximação da morte (32:48-52)c. A bênção final (33:1-29)

X. A morte de Moisés (34:1-8)

XI. Conclusão (34:9-12)

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Page 22: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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O CALENDÁRIO JUDAICO

Ano sagrado Meses Hebreus Ano civil Equivalência moderna

1Abibe (Nisã) 7 Março/Abril1 – Lua nova14 – Páscoa15 – Sábado16 – Pães asmos (semana)21 – Santa convocação

2Iiar (Zive) 8 Abril/Maio

3Sivã 9Maio/Junho1 – Lua nova6-7 – Festa das semanas

4Tamuz 10 Junho/Julho1 – Lua nova

5Abe 11 Julho/Agosto1 – Lua nova

6Elul 12 Agosto/Setembro1 – Lua nova

7Tisri (Etanim) 1Setembro/Outubro1 – Lua novaAno novoFesta das trombetas10 – Dia da expiação15-22 – Festa dos tabernáculos

8Hesvã 2Outubro/Novembro1 – Lua nova

9Quisleu 3Novembro/Dezembro1 – Lua nova

10 Tebete 4 Dezembro/Janeiro

11 Shebate 5 Janeiro/Fevereiro

12 Adar 6 Fevereiro/Março

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Page 23: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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AS OFERTAS NO VELHO TESTAMENTO

Quatro tipos de oferendas envolviam o derramamento de sangue de sangue: os holocaustos, as ofertas pacíficas, as ofertas pelo pecado e as ofertas pela culpe. Os animais reputados aceitáveis para sacrifício eram animais mansos e limpos, cuja carne era comestível, como ovelhas, cabras e vacas, machos ou fêmeas, velhos ou novos. Nos casos de extrema pobreza, permitia-se a substituição por pombos.

Regras gerais para a execução dos sacrifícios:1. Apresentação do animal diante do altar2. Imposição da mão sobre a vítima pelo ofertante3. Abater o animal4. Aspersão do sangue sobre o altar5. Sacrifício consumido pelo fogo

Quando era oferecido algum sacrifício pela nação, oficiava um sacerdote. Quando um indivíduo oferecia sacrifício por si mesmo, trazia o animal, impunha sobre ele a mão e o abatia. Em seguida, o sacerdote aspergia o sangue e queimava o animal. Aquele que fazia uma oferta dessas não podia comer dela, a menos que se tratasse de uma oferta pacífica. Quando várias oferendas eram feitas ao mesmo tempo, a oferta pelo pecado antecedia o holocausto e as ofertas pacíficas.

Holocaustos: A característica distintiva dos holocaustos era o fato de que o animal sacrificado era totalmente consumido pelo fogo sobre o altar (Lv 1:5-17 e 6:8-13). Não estava excluída a expiação, porquanto fazia parte de todo sacrifício com sangue. A completa consagração do ofertante a Deus era simbolizada pela consumição se todo o sacrifício. A Israel foi ordenado que se mantivesse um holocausto contínuo, dia e noite, por intermédio de uma chama sobre o altar de cobre. Um cordeiro era oferecido toda manhã e toda tarde, o que relembrava Israel se sua devoção a Deus (Ex 29:38-42 e Nm 28:3-8).

Ofertas pacíficas: Eram totalmente voluntárias. A despeito da inclusão das idéias de representação e expiação, a característica primária dessa oferenda era a oferta de uma refeição (LV 3:1-17; 7:11-34; 19:5-8 e 22:21-25). Isso era símbolo de uma viva comunhão e companheirismo entre o homem e Deus. Familiares e amigos tinham permissão de unir-se ao ofertante, nessa refeição sacrificial (Dt 12:6, 7, 17, 18). Visto tratar-se de uma oferenda voluntária, qualquer animal, excetuando aves, era aceito, sem importar idade ou sexo. Após o abate da vítima e a aspersão do sangue para fazer a expiação pelo pecado, a gordura do animal era queimada sobre o altar. Por meio do rito de agitar as mãos do ofertante, que segurava a coxa e o peito do animal, o sacerdote oficiante dedicava essas porções a Deus. O restante da oferta provia um banquete para o ofertante e seus convidados. Esse alegre companheirismo indicava o laço de amizade entre Deus e o homem.

Ofertas pelo pecado: Os pecados de ignorância, cometidos inadvertidamente, exigiam oferta pelo pecado (Lv 4:1-35 e 6:24-30). A violação de mandamentos negativos, puníveis por extirpação, podia ser retificada por um sacrifício prescrito. Embora Deus tenha um único padrão de moralidade, a oferenda variava de acordo com a responsabilidade do indivíduo. Nenhum líder religioso ou civil era proeminente que seu pecado fosse tolerado, e nem havia qualquer indivíduo tão insignificante que seu pecado fosse ignorado. Havia gradação nas ofertas requeridas: um novilho para o sumo sacerdote ou para a congregação; um bode para qualquer líder; uma cabra ou ovelha para qualquer cidadão particular. O ritual também

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variava. No caso de um sacerdote ou da congregação, o sangue era aspergido por sete vezes perante a entrada do santo dos santos. Para um governante ou leigo, o sangue era aplicado sobre os chifres do altar. Visto tratar-se de uma oferenda de expiação, a parte culpada não tinha permissão de comer qualquer porção do animal. Conseqüentemente, esse sacrifício ou era consumido sobre o altar ou queimado no campo, havendo uma única exceção – o sacerdote recebia uma porção determinada quando oficiava em favor de algum líder ou leigo.

A oferta pelo pecado também era exigida para as transgressões específicas, como a recusa de dar testemunho, a contaminação cerimonial e os juramentos inúteis (Lv 5:1-13). Embora esses pecados pudessem ser considerados intencionais, não representavam desafios calculados contra Deus e puníveis de morte (Nm 15:27-31). Se o pecador não tivesse condições financeiras, poderia oferecer uma rola ou um pombinho. Em casos de pobreza extrema, até mesmo um punhado de farinha de trigo – o equivalente à ração alimentar de um dia – assegurava à parte culpada a sua aceitação diante de Deus.

Oferta pela transgressão: Os direitos legais de uma pessoa e suas propriedades, em situações que envolvessem Deus ou seus semelhantes humanos, eram claramente firmados nas exigências acerca das ofertas pela culpa (Lv 5:14-6:7 e 7:1-7). O fato de não reconhecer a Deus, deixando de trazer as primícias, os dízimos ou outras ofertas requeridas, exigiam não só a restituição, mas igualmente sacrifício. Em adição ao pagamento de seis quintos do que era devido, o ofensor também deveria sacrificar um carneiro para que obtivesse perdão. Quando o erro fosse cometido contra o próximo, também era exigido aquele quinto acima do prejuízo para que houvesse retificação. Se não se pudesse fazer restituição à pessoa ofendida ou a um parente próximo, essas reparações eram pagas ao sacerdote (Nm 5:5-10). A infração contra os direitos de outra pessoa também representava uma ofensa contra Deus. Conseqüentemente, tornava-se necessário um sacrifício.

Oferta de manjares: Essa é a única oferenda que não envolvia a vida de um animal, mas que consistia primariamente de produtos do solo, que representavam frutos do labor humano (Lv 2:1-16:14-23). Essa oferenda podia ser apresentada de três modos diferentes, sempre de mistura com azeite, incenso e sal, mas sem fermento ou mel. Se uma oferta consistisse de primícias, então as espigas, que deveriam ser novas, teriam de ser assadas ao fogo. Após a moagem do grãos, este podia ser apresentado ao sacerdote na forma de farinha de trigo, ou de pães asmos (sem fermento), ou de bolos ou de obréias preparadas ao forno. Parece que uma porção subordinada dessa oferta era uma quantia apropriada de vinho, para servir de libação (Ex 39:40; Lv 23:13; Nm 15:5, 10). Uma inferência justificada é que essa oferenda jamais era trazida sozinha. Ela era, primariamente, um acompanhamento dos holocaustos diários (Lv 6:14-23; Nm 4:16). Quando era oferecida pelo sacerdote, em prol da congregação, era consumida a oferenda inteira. No caso de oferendas individuais, o sacerdote oficiante apresentava somente um punhado ante o altar dos holocaustos, retendo o resto para o tabernáculo. Nem na oferenda propriamente dita e nem no ritual havia qualquer sugestão de que houvesse provisão para a expiação pelo pecado. Mediante essa oferenda os israelitas apresentavam o fruto do seu labor, assim indicando a dedicação de seus presentes a Deus.

FESTAS E ESTAÇÕES DETERMINADAS

Por meio de festas e estações determinadas os israelitas eram constantemente lembrados de que eram povo santo de Deus. No pacto que Israel ratificou no monte Sinai, a observância fiel de períodos fixos fazia parte do compromisso assumido (Ex 20-24).

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O sábado: A primeira, principal e mais freqüente observância era o sábado. Embora Gênesis mencione períodos de sete dias, o sábado é referido pela primeira vez no treco de Ex 16:23-30. no decálogo (como é chamado “Os dez mandamentos”) os israelitas são advertidos a “lembrar o dia de sábado”, o que indicava que esse não foi o início de sua observância. Través do descanso ou cessação do trabalho, os israelitas eram relembrados do fato que Deus descansou de sua obra criadora no sétimo dia. A observância do sábado, pois, era memorial de que Deus redimira a Israel da servidão egípcia, tendo santificado ao povo para ser seu povo santo (Ex 31:13 e Dt 5:12-15). Isso causa um belo contraste, já que na época da servidão no Egito não havia descanso. Na observância do sábado até os servos dos israelitas participavam. Havia punições severas para aqueles que deliberadamente não observavam o sábado (Ex 35:3 e Nm 15:32-36). Se o sacrifício diário em favor de Israel era um cordeiro, no sábado tinham de ser oferecidos dois cordeiros (Nm 28:9, 19). Era igualmente nesse dia que se punham os doze pães sobre a mesa, no lugar santo (Lv 24:5-8).

Lua nova e Festa das Trombetas: Toques de trombeta proclamavam, oficialmente o começo de um novo mês (Nm 10:10). A lua nova também era observada mediante holocaustos e sacrifícios pelo pecado, com as devidas provisões de ofertas de manjares e de libação (Nm 28:11-15). O sétimo mês, no qual havia o Dia da Expiação e a Festa das Semanas, assinalava o clímax do ano religioso, ou fim do ano (Ex 34:22). No primeiro dia dessa semana, a lua nova era intitulada “Festa das Trombetas”, quando eram apresentadas oferendas adicionais (Lv 23:23-25 e Nm 29:1-6). E era esse, por igual modo, o começo do ano civil.

Ano Sabático: Intimamente relacionado ao sábado, havia o ano sabático aplicável aos israelitas desde que entrassem na terra de Canaã (Ex 23:10-11 e Lv 25:1-7). Observando-o como um ano de descanso para o solo, os israelitas não semeavam seus campos e nem podavam suas videiras a cada sete anos. Tudo quanto colhessem naquele ano deveria ser igualmente compartilhado pelo proprietário, pelos servos, pelos estrangeiros e até pelos animais. Os credores eram instruídos a cancelarem as dívidas dos pobres, assumidas durante os seis anos anteriores (Dt 15:1-11). Havia instruções mosaicas que também faziam arranjos para a leitura da lei (Dt 31:10-31). Desse maneira, o ano sabático se tornava significativo para os velhos e jovens, para senhores, quanto para os escravos.

Ano Jubileu: Após sete observâncias do ano sabático (49 anos), vinha o ano jubileu (50º ano). Este era inaugurado quando eram tocadas as trombetas, no décimo dia de Tisri, o sétimos mês. De conformidade com as instruções baixadas em Lv 25:8-55, isso assinalava o ano de liberdade, quando a herança da família era restituída àqueles que tivessem tido o infortúnio de perde-la, quando os escravos hebreus eram libertos e quanto a terra ficava sem cultivo. Os israelitas tinham o dever se reconhecer, na possessão da terra, que Deus era o doador. Portanto, a terra devia ser guardada na família, passando de pais a filhos como uma herança. No caso de necessidade, somente o direito à produção da terra podia ser vendido. E posto que a cada cinqüenta anos essa terra revertia ao proprietário original, o preço estava diretamente relacionado ao número de anos que restavam antes do ano jubileu. A qualquer tempo, durante esse período, a terra poderia ser remida pelo proprietário ou por um parente próximo. As casas erigidas em cidades muradas, excetuando as cidades dos levitas, não estavam incluídas nas provisões do ano jubileu.

Os escravos eram libertos nesse ano, sem importar por quanto tempo vinham servindo. Seis anos era o período máximo de servidão para qualquer escravo hebreu que não gozasse da opção de liberdade (Ex 21:11). Por conseguinte, não podia ele ser reduzido

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a um estado perpétuo de escravidão, embora ele se visse forçado a vender-se a outro senhor, como servo contratado, quando se visse financeiramente pressionado. E nem os próprios escravos não-hebreus podiam ser reputados como propriedade absoluta. A morte, resultante de crueldade por parte de um proprietário, impunha a este uma punição (Ex 21:20, 21). No caso de mais tratos, um escravo podia reivindicar a sua liberdade (Ex 21:26, 27). Por meio da soltura periódica de escravos hebreus e da demonstração de amor e gentileza para com os estrangeiros na sua terra (Lv 19:33, 34), os israelitas eram relembrados de que antigamente haviam sido escravos no Egito. No ano jubileu era proibido cultivar a terra. Sendo assim, seguiam-se dois anos sem cultivar o solo: o 49º ano, que era sabático, e o 50º ano, que era o jubileu. Deus prometeu que no 48º ano teriam uma colheita tão abundante que daria para os dois anos seguintes.

Um detalhe é que o ano jubileu nunca foi cumprido pelos judeus. Tanto que o período de cativeiro, que foi de 70 anos, foi calculado com base na quantidade de anos em que deixou de ser observado: 490 anos.

Festas anuais

As três festividades que tinham de ser observadas, eram: (1) a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos; (2) a Festa das Semanas, das Primícias ou da Sega; e (3) a Festa dos Tabernáculos ou Colheita. Tão significativas eram essas festividades que todos os israelitas do sexo masculino tinham obrigação de se fazerem presentes (Ex 23:14-17).

A Páscoa e a Festa dos Pães Asmos: Historicamente, a Páscoa foi observada pela primeira vez no Egito, quando as famílias de Israel foram isentadas da morte dos primogênitos, mediante o sacrifício do cordeiro pascal (Ex 12:1-13:10). O cordeiro era selecionado no décimo dia do mês de Abibe, e morto no décimo quarto dia. Durante os sete dias subseqüentes só se podia consumir pão sem fermento. Esse mês de Abibe, que mais tarde tornou-se conhecido como mês de Nisã, foi designado “o começo dos meses”, ou seja, o princípio do ano religioso (Ex 12:2). A segunda Páscoa foi observada no décimo quarto dia do mês de Abibe, um ano depois que Israel Saiu do Egito (Nm 9:1-5). Visto que nenhum homem incircunciso poderia participar da Páscoa (Ex 12:48), os israelitas não observaram essa festividade durante o restante de suas peregrinações pelo deserto (Js 5:6). Foi somente depois que o povo entrou em Canaã, quarenta anos após terem partido do Egito, que foi observada a terceira Páscoa. O propósito declarado da observância pascal era o de relembrar anualmente aos israelitas, qual fora a miraculosa intervenção divina em favor deles (Ex 13:3, 4; 34:18 e Dt 16:1). A celebração da Páscoa passou por reformulação quanto se iniciou a celebração no templo.

Tão cheia de significado era a celebração da Páscoa que havia arranjos especiais para os que fossem incapazes de participar dela durante o tempo determinado, podendo observa-la um mês mais tarde (Nm 9:9-12). Qualquer pessoa que se recusasse a celebrar a Páscoa caía no ostracismo em Israel. Os próprios estrangeiros residentes em Israel eram bem acolhidos se quisessem participar dessa celebração anual (Nm 9:13, 14).

Festa das Semanas: Esta festa tinha lugar cinqüenta dias após a celebração da Páscoa, após a colheita do trigo (Dt 16:8). Embora fosse ocasião importantíssima, essa festa era observada por um único dia. Neste mesmo dia de descanso, uma oferta de manjares especial, que consistia de duas obréias sem fermento, era apresentada ao Senhor, para uso do tabernáculo, dando a entender que até o pão diário era provido por Deus (Lv 23:15-20). Os sacrifícios prescritos eram apresentados junto com essa oferenda. Nessa oportunidade de júbilo, os israelitas não deveriam esquecer-se dos menos afortunados, deixando respigas no campo, para os pobres e necessitados (Lv 23:32).

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Festa dos Tabernáculos: A festividade final do ano era a festa dos Tabernáculos – um período de sete dias, durante os quais os israelitas habitavam em tendas (Ex 23:16; 34:22 e Lv 23:40, 41). Essa festa não somente não assinalava o fim da estação da colheita, mas, uma vez que os israelitas se estabeleceram na terra de Canaã, ela fazia-os lembrarem-se, anualmente, de suas peregrinações pelo deserto, quando então tinham vivido em tendas. Eram oferecidos muitos sacrifícios adicionais. Cada sétimo ano era peculiarmente significativo nesta festa. Esse era o ano em que se lia publicamente a Lei. Embora dos peregrinos se requeresse que se fizessem presentes na Páscoa ou na Festa das Semanas apenas por um dia, normalmente eles passavam a semana inteira na Festa dos Tabernáculos. Isso prova ampla oportunidade para a leitura da Lei, de acordo com a determinação de Moisés (Dt 31:9-13).

Dia da Expiação: A mais solene ocasião do ano inteiro era o Dia da Expiação (Lv 16:1-34; 23:26-32 e Nm 29:7-11). Esse dia era observado no décimo dia do mês de Tisri, havendo santa convocação e jejum. Nenhum trabalho era permitido nesse dia. Esse era o único jejum exigido pela lei de Moisés. O principal propósito dessa observância era fazer expiação. Somente o sumo sacerdote podia oficiar naquele dia. Aos demais sacerdotes não era nem permitido entrarem no santuário, porquanto ficavam identificados com a congregação. Nessa ocasião, o sumo sacerdote deixava de lado suas vestimentas especiais e se vestia de linho branco. As oferendas prescritas para aquele dia eram as seguintes: dois carneiros como holocaustos, que o sumo sacerdote oferecia por si mesmo e pela congregação, um novilho como oferta por seu próprio pecado, e dois bodes como oferta pelo pecado do povo.

Enquanto os dois bodes permaneciam de pé, diante do altar, o sumo sacerdote oferecia sua oferta pelo pecado, fazendo expiação por si mesmo. Sacrificando um dos bodes no altar, ele fazia expiação pela congregação. Em ambos os casos ele aplicava o sangue ao propiciatório. De forma similar ele santificava o santuário interno, o lugar santo e o altar dos holocaustos. Dessa maneira, as três divisões do tabernáculo eram devidamente purificadas no Dia da Expiação pela nação. Impondo a mão sobre o bode vivo, o sumo sacerdote confessava os pecados da nação. Então o bode era levado ao deserto, para que os pecados da congregação fossem embora. A pessoa que conduzia essa bode ao deserto só tinha permissão de retornar ao acampamento depois de ter-se banhado e lavado as suas roupas.

Tendo confessado os pecados do povo, o sumo sacerdote retornava ao tabernáculo, a fim de purificar-se e vestir-se com suas vestimentas oficiais. Uma vez mais ele retornava ao altar do átrio exterior. Ali ele concluía o ritual do Dia da Expiação com dois holocaustos, um por si mesmo e outro pela congregação de Israel.

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OS LIVROS HISTÓRICOS

O livro de Josué

Abreviatura: JsAutor: JosuéData: 1400/1370 AC.Versículo-chave: 1:8Frase-chave: Vitória

Conteúdo:

Josué, filho de Num, era descendente da família de José. Foi chamado por seus familiares de Oséias, “salvação” (Dt 32:44 e Nm 13:8); esse nome ocorre na sua tribo, Efraim (1 Cr 27:20, cf. 2 Rs 17:1), talvez por isso Moisés ter acrescentado o nome Josué, que em hebraico é “yehôshua”, que significa “o Senhor é salvação”. O nome de Jesus vem da mesma raiz e tem o mesmo significado.

Vários fatores contribuíram para que Josué viesse a chefiar o povo escolhido do Senhor. Seu avô Elisama, fora orientador da tribo de Efraim através do deserto. O contato que teve com a civilização e a cultura egípcias (já que no Egito nascera e tomara parte no êxodo (Nm 32:11ss)), preparou-o, como, aliás, a Moisés, para a grande missão de dar a estrutura e a independência a um novo país.

No livro de Êxodo, Josué aparece como jovem (Ex 33:11). Moisés o escolheu como seu assistente pessoal, e lhe deu o comando de um destacamento tirado das tribos ainda não-organizadas para repelir os assaltantes amalequitas (ex 17). Como representante de Efraim, no grupo de reconhecimento enviado de Cades (Nm 13 e 14), ele apoiou as recomendações de Calebe para que se desse prosseguimento à invasão.

Estando Moisés sozinho perante Deus, no monte Sinai, Josué ficou a vigiar; na Tenda da Aliança ele também aprendeu a esperar no Senhor; e nos anos que se seguiram, algo da paciência e da mansidão de Moisés certamente foi também adicionado ao valor pessoal de Josué (Ex 24:13; 32:17; 33:11; Nm 21:28). Nas planícies próximas ao Jordão Josué foi formalmente consagrado como sucessor de Moisés no tocante à liderança militar, coordenada com o sacerdócio de Eleazar (Nm 27:18ss; 34:17 cf. 3 e 31). Provavelmente ele tinha então setenta anos de idade. Josué faleceu com a idade de 110 anos, e foi sepultado perto de Timnate-sera.

O livro descreve a conquista e a divisão da terra de Canaã, tendo como pano-de-fundo as características corruptas e brutais da religião cananita. Prostituição de ambos os sexos, sacrifícios de crianças e sincretismo religioso eram alguns dos males pelos quais Deus ordenou a destruição completa dos habitantes de Canaã.

Esboço:

I. A missão de Josué (1:1-9)

II. A entrada em Canaã (1:10-5:12)

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a. A mobilização (1:10-18)b. A missão dos espias (2:1-24)c. A preparação para a guerra santa (3:1-13)d. A travessia do Jordão (3:14-4:18)e. O acampamento em Gilgal (4:19-5:12)

III. A conquista de Canaã (5:13-12:24)a. O comandante divino (5:13-15)b. Primeira etapa: Jericó e Ai (6:1-8:35)c. Segunda etapa: a campanha do sul (9:1-10:43)d. Terceira etapa: a campanha do norte (11:1-23)e. Lista dos reis cananeus derrotados (12:1-24)

IV. A divisão do território (13:1-22:34)a. Ordem para dividir o território (13:1-7)b. Território das duas tribos e meia (13:8-33)c. Território de Calebe e Judá (14:1-15:63)d. Território de Efraim e Manasses (16:1-17:18)e. Território das sete tribos (18:1-19:51)f. Cidades de refúgio (20:1-9)g. Cidades dos Levitas (21:1-45)h. Regresso das tribos orientais e construção dum altar (22:1-34)

V. Últimos dias de Josué (23:1-24:33)a. Primeira exortação de Josué (23:1-16)b. Segunda exortação de Josué (24:1-28)c. Morte e sepultura de Josué (24:29-33)

O livro de Juízes

Abreviatura: JzAutor: Anônimo, provavelmente SamuelData: 1050/1000 AC.Versículo-chave: 21:25Frase-chave: Ciclos de falhas (pecado – castigo – arrependimento – libertador)

Conteúdo:

A época descrita no livro de Juízes descreve a história de Israel desde o falecimento de Josué até o levantamento de Samuel. Esses juízes, entretanto, eram mais do que simples árbitros judiciais; eram “libertadores” (3:9), carismaticamente dotados pelo Espírito Santo de Deus, para livramento e preservação de Israel (6:34) até o estabelecimento do reino.

O fundo histórico pertencente ao período dos juízes diz respeito, localmente, à presença dos cananeus. Antes da conquista dos hebreus, Moisés havia ordenado seu extermínio (Dt 7:2; cf. 6:17) tanto pro causa de sua secular imoralidade (Dt 9:5; cf. Gn 9:22,25; 15:16) como por causa de sua aviltante influência religiosa sobre o povo de Deus (Dt 7:4); pois, em incontáveis “lugares altos”11 os cananeus adoravam os deuses locais da fertilidade, os baalim, com ritos que incluíam a prostituição sagrada, e até sacrifícios de crianças (11:31). Josué, dessa maneira, havia subjugado a terra de Canaã inteira (Js 11:16;

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cf. 21:43). Porém, seus habitantes nativos ainda não haviam perdido seu potencial para a resistência. Vez por outra, os habitantes de Canaã lançavam duras ofensivas contra Israel.

Existem três lições centrais no livro de Juízes: a) A indignação de Deus contra o pecado (2:11,14); b) A misericórdia de Deus em vista do arrependimento (2:16) e c) A total depravação do homem (2:19).

Esboço:

I. Conquista parcial de Canaã (1:1-2:5)

II. Alguns gentios ficam no país (2:6-3:6)

III. Cusã – Risataim e Otniel (3:7-11)

IV. Eglom, rei de Moabe, e Eúde (3:12-30)

V. Feitos de Sangar, Filho de Anate (3:31)

VI. Jabim, rei de Canaã, e Débora e Baraque (4:1-24, 5:31b)

VII. O cântico de Débora e Baraque (5:1-31a)

VIII. Midiã e Gideão (6:1-8:32)

IX. O episódio de Abimeleque (8:33-9:57)

X. Tola e Jair, juízes menores (10:1-5)

XI. Amom e Jefté (10:6-12:7)

XII. Ibsã, Elom e Abdom, juízes menores (12:8-15)

XIII. Os filisteus e os feitos de Sansão (13:1-16:31)

XIV.Mica e a emigração dos daneus (17:1-18:31)

XV. A guerra contra Benjamim (19:1-21:25)

O livro de Rute

Abreviatura: RtAutor: Anônimo, alguns sugerem SamuelData: 1000 AC.Versículo-chave: 1:16Frase-chave: Amor fiel

Conteúdo:

Os acontecimentos narrados no livro deram-se durante o reinado dos Juízes (1:1), provavelmente durante a mocidade de Samuel, último juiz. Fala-nos da história da família de

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Elimeleque, de Belém, que emigrou para Moabe, acossado pela fome, e lá morreu com seus dois filhos. Entretanto, a viúva Noemi volta à terra de seus antepassados, levando consigo sua nora Rute, também viúva, que insistiu em acompanha-la. Aí encontraram um parente próximo, Boaz, que voluntariamente assumiu a responsabilidade de “goel”12, o qual desposou Rute, que foi mãe de Obede, avô de Davi.

O livro oferece um vislumbre das vidas de pessoas comuns, ainda tementes a Deus, durante o período turbulento dos juízes. O livro é um oásis de fidelidade numa época marcada pela idolatria e infidelidade.

Esboço:

I. Fome e a imigração de Elimeleque (1:1-5)

II. Noemi e Rute decidem ir para Judá (1:6-18)

III. Um triste regresso (1:19-22)

IV. Um bom amigo (2:1-23)

V. Nobre resolução (3:1-18)

VI. Casamento de Boaz e Rute (4:1-16)

VII. A promessa (4:17-22)

Os livros de 1 e 2 Samuel

Abreviatura: 1 Sm; 2 SmAutor: Samuel, entre outros (Nata e Gade, cf. 1 Cr 29:29)Data: 930 AC. em dianteVersículo-chave: 01:1; 13:14; 16:13Frase-chave: Reino estabelecido

Conteúdo:

Samuel foi o último e maior dos juízes e o primeiro dos profetas. Foi sucessor de Eli no sacerdócio. Era filho de Elcana, um piedoso efraimita e de sua esposa Ana, que por longo tempo fora estéril, e fizera um voto que se Deus lhe desse um filho ele seria dedicado ao serviço do santuário. Quando Samuel foi desmamado, provavelmente com dois ou três anos de idade, sua mãe o levou e o dedicou formalmente, deixando-o com Eli. Samuel foi crescendo em estatura na presença do povo, e toda a terra compreendeu que Samuel fora encarregado com um ofício profético da parte do Senhor (3:20). O tema de 1 e 2 Samuel é o estabelecimento do reino nas pessoas de Saul e Davi.

Esboço:

I SamuelI. História de Israel desde o nascimento de Samuel até a libertação dos filisteus (1:1-7:17)

a. Nascimento e primeiros anos de Samuel (1:1-3:21)b. A guerra contra os filisteus (4:1-7:17)

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II. O rei Saul (8:1-15:35)a. A eleição de Saul (8:1-12:25)b. Guerras com os filisteus (13:1-14:52)c. A destruição dos amalequitas (15:1-35)

III. Saul e Davi (16:1-31:13)a. Unção de Davi, Vitória sobre o gigante Golias (16:1-17:58)b. Davi e Jônatas (18:1-20:42)c. O exílio de Davi (21:1-24:22)d. Morte e Samuel (25:1)e. Davi e Abigail (25:2-44)f. Declínio de Saul (26:1-30:31)g. Derrota e morte de Saul e Jônatas (31:1-13)

II SamuelIV. Davi no trono (1:1-20:26)

a. Davi chora a morte de Saul e Jônatas (1:1-27)b. Proclamação de Davi em Hebrom e início do seu reinado em Jerusalém (2:1-5:25)c. A arca é levada para Sião. Vitórias de Davi (6:1-11:1)d. O pecado de Davi e a censura de Nata (11:2-12:25)e. A revolta de Absalão (12:26-18:33)f. Regresso de Davi e revolta de Ziba (19:1-20:26)

V. Últimos anos do reinado de Davi (21:1-24:25)a. A fome e a vitória sobre os filisteus (21:1-22)b. Cântico de ação de graças do rei Davi (22:1-51)c. Últimas palavras de Davi (23:1-7)d. Lista dos “valentes” de Davi (23:8-39)e. O recenseamento e o castigo de Deus (24:1-25)

O livro de 1 e 2 Reis

Abreviatura: 1 Rs e 2 RsAutor: Desconhecido, um profeta contemporâneo de Jeremias (alguns sugerem o próprio Jeremias)Data: 550 AC.Versículo-chave: 11:1; 12:16

Conteúdo:

Certa tradição judaica não muito recuada atribui estes livros ao profeta Jeremias (Josephus, em termos mais gerais, atribui os livros históricos aos profetas); contudo, ainda que possivelmente associado à sua parte final e revisão, não é natural que Jeremias seja o seu único autor. O livro dos Reis baseia-se, em parte, segundo o seu próprio testemunho, em certas autoridades escritas: “os livros dos sucessos de Salomão” (1 Rs 11:41); “o livro das crônicas dos reis de Israel” (1 Rs 14; 19); “o livro das crônicas dos reis de Judá” (1 Rs 14:29). É certo que seu autor seria um profeta contemporâneo de Jeremias. Assim como os livros de Samuel, os livros de Reis formavam um único volume. A divisão em dois livros foi introduzida pela Septuaginta, por questões de praticidade. A tradução grega, na qual as vogais são escritas, requer duas vezes mais espaço que o original hebraico, no qual nenhuma vogal era empregada senão depois de 600 D.C. Um rolo grande podia conter o

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Introdução ao Antigo Testamento

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livro inteiro em hebraico, mas dois rolos eram necessários para a tradução grega. Apesar de histórico o livro tem uma forte tonalidade religiosa.

Os capítulos 1 ao 12 de 1 Reis relatam o final do governo de Davi, a entronização, o governo e a queda de Salomão. Com a morte deste, seu reino foi divido em dois: o reino do Norte (chamado de Israel), cuja capital ficou sendo Samaria, e o reino do Sul (chamado de Judá), com a capital em Jerusalém (caps. 13 – 22). 2 Reis descreve o declínio e o cativeiro tanto de Israel quanto de Judá. Israel suportou uma sucessão de reis maus durante 130 anos até o cativeiro assírio. A história de Judá, culminando com o cativeiro babilônico é contada com poucos detalhes.

Profetas dessa época: Em Israel: Elias, Eliseu, Amós e Oséias; em Judá: Obadias, Joel, Isaías, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias e Jeremias.Cronologia dos Reis de Israel e Judá após a divisão:

Israel Judá Israel JudáJeroboão I 930-910 Roboão 930-914 Jeroboão II 793-753 Azarias 791-740Nadabe 910-909 Abias 913-911 Zacarias 753-752 (Uzias)Baasa 909-886 Asa 910-870 Salum 752Elá 886-885 Menaém 751-742 Jotão 751-736Zinri 885 Pecaías 741-740Onri 885-874 Peca 751-732 Acaz 736-716Acabe 874-853 Josafá 873-849 Oséias 731-723 Ezequias 729-687Acazias 853-852 Manasses 696-642Jorão 852-841 Jeorão 849-842 Amom 641-640

Acazias 841 Josias 639-609Jeú 841-814 Atalia 841-836 Jeoacaz 609

Joás 836-797 Jeoaquim 608-598Jeoacaz 814-798 Joaquim 608-598Jeoás 798-782 Amazias 797-768 Zedequias 597-586

Esboço:

O REINO ANTES DA DIVISÃO (1 Reis 1:1-11:43)I. Salomão sobe ao trono (1:1-2:46)

II. O princípio do reinado de Salomão (3:1-28)

III. Excertos dos anais reais (4:1-34)

IV. Salomão como edificador (5:1-7:51)

V. A dedicação do templo (8:1-9:9)

VI. Assuntos diversos (9:10-10:29)

VII. As tribulações de Salomão (11:1-43)

O REINO APÓS A DIVISÃO (1 Reis 12:1 – 2 Reis 17:41)VIII. O cisma (12:1-24)

IX. Jeroboão de Israel (12:25-14:20)

X. Roboão, Abias e Asa de Judá (14:21-15:24)

XI. De Nadabe a Onri de Israel (15:25-16:28)

XII. Acabe e Elias (16:29-22:40)

XIII. Josafá de Judá (22:41-50)

XIV. Acazias de Israel (22:51 – 2 Reis 1:18)

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XV. Elias é sucedido por Eliseu (2:1-25)

XVI. Jorão de Israel (3:1-27)

XVII. Eliseu, o profeta (4:1-8:15)

XVIII. Jorão e Acazias de Judá (8:16-29)

XIX. Jeú de Israel (9:1-10:36)

XX. Atalia de Judá (11:1-20)

XXI. Joás de Judá (11:21-12:21)

XXII. Jeoacaz e Jeoás de Israel (13:1-25)

XXIII. Amasias de Judá (14:1-22)

XXIV. Jeroboão II de Israel (14:23-29)

XXV. Azarias (Uzias) de Judá (15:1-7)

XXVI. Caos em Israel (15:8-31)

XXVII. Jotão e Acaz de Judá (15:32-16:20)

XXVIII. O fim do Israel (17:1-41)

O REINO DE JUDÁ (2 Reis 18:1-25:30)XXIX. Ezequias (18:1-20:21)

XXX. Manasses (21:1-18)

XXXI. Amom (21:19-26)

XXXII. Josias (22:1-23:30a)

XXXIII. Os últimos dias de Jerusalém (23:30b-25:7)

XXXIV. Destruição e exílio (25:8-30)

O livro de 1 e 2 Crônicas

Abreviatura: 1 Cr e 2 CrAutor: EsdrasData: 450/425 AC.Versículo-chave: 7:14Frase-chave: Judá e o templo

Conteúdo:

Uma crônica difere de uma história por ser um registro de acontecimentos transitórios feitos sem qualquer critério seletivo quanto ao que se inclui ou ao que se omite. O “cronista” escreve obviamente histórias, pois há um princípio muito claro que ressalta tanto do que acrescenta a Samuel e a Reis como do que exclui. Os seus acrescentamentos referem-se principalmente ao templo e aos seus atos de culto e aos acontecimentos que exaltavam o aspecto religioso de estado sobre o civil; é óbvio que se preocupava, sobretudo, com Israel como comunidade religiosa. As suas omissões mostram que o seu interesse se concentrava no desenvolvimento de duas instituições divinas: o templo e a linhagem davídica de monarcas. Por isso, só menciona a morte de Saul, omitindo-se o seu reinado, o

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Page 35: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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pecado de Davi, a rebelião de Absalão, a tentativa de usurpação feita por Adonias. A história do reino do norte (Israel), que se revoltou contra ambas instituições de Deus, é mencionada só até ao ponto em que se relaciona com os destino de Judá.

É por isso que se diz que o livro de Crônicas representa o ponto de vista sacerdotal, preocupando-se com a realização do que Deus determinara e não, ao contrário de Samuel e Reis, com o ponto de vista profético, de como Deus tratou o Seu povo e Se revelou.

Esdras, que conduziu um grupo de exilados de volta à Palestina em 458 A.C., tinha a preocupação de estabelecer um alicerce espiritual sólido para o povo. Para alcançar este objetivo, evidentemente compilou o livro de Crônicas para enfatizar a importância da pureza religiosa e racial, o lugar apropriado da Lei, do templo e do sacerdócio. Assim, ele omite as atividades detalhadas dos reis e profetas, enfatizando a rica herança do povo e a benção de seu relacionamento pactual com Deus.

Esboço:

I. Genealogias (1 Cr 1:1-9:44)a. Genealogias desde o Gênesis (1:1-2:2)b. Genealogias de Judá (2:3-4:23)c. Genealogias de Simeão, Rúben, Gade e Manasses (4:24-5:26)d. Genealogias de Levi (6:1-81)e. Genealogias de Issacar, Zebulom, Dã, Naftali, Manasses, Efraim e Aser (7:1-40)f. Genealogias de Benjamim (8:1-40 e 9:35-44)g. Chefes de família posteriores ao exílio e residente em Jerusalém (9:1-34)

II. O reinado de Davi (1 Cr 10:1-29:30)a. Morte de Saul (10:1-14)b. Davi é aclamado rei (11:1-12:40)c. Davi e arca (13:1-17:27)d. As guerras de Davi (18:1-20:8)e. Os preparativos para a construção do templo (21:1-22:19)f. Organização e deveres dos levitas (23:1-26:32)g. Os dirigentes civis da nação (27:1-34)h. Salomão sobe ao trono (28:1-29:30)

III. O reinado de Salomão (2 Cr 1:1-9:31)a. Salomão confirmado no reino por Deus (1:1-17)b. A construção do templo (2:1-5:1)c. A dedicação do templo (5:2-7:22)d. A glória de Salomão (8:1-9:31)

IV. Os reis de Judá (2 Cr 10:1-36:23)a. Roboão (10:1-12:16)b. Abias (13:1-22)c. Asa (14:1-16:14)d. Josafá (17:1-20:37)e. Jeorão e Acazias (21:1-22:9)f. Joás (22:10-24:27)g. Amazias (25:1-26:2)h. Uzias (26:3-23)i. Jotão (27:1-9)

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Introdução ao Antigo Testamento

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j. Acaz (28:1-27)l. Ezequias (29:1-32:33)m. Manassés (33:1-20)n. Amom (33:21-25)o. Josias (34:1-35:27)p. Queda e restauração (36:1-23)

O livro de Esdras

Abreviatura: EdAutor: EsdrasData: 456/444 AC.Versículo-chave: 1:3Frase-chave: Construindo o templo

Conteúdo:

De acordo com Ed 7, ele foi enviado a Jerusalém pelo rei Artaxerxes I, em 458 A. C. Parece provável que ele mantinha uma posição na Pérsia equivalente ao Secretário de Estado para negócios judaicos. Sua tarefa era pôr em vigor a observância uniforme da lei judaica, e para essa finalidade tinha autoridade de fazer nomeações dentro do estado judaico. Um grande grupo de exilados veio com ele, e trouxe presentes valiosos para o templo, da parte do rei e dos exilados judeus. Foi-lhe solicitado que cuidasse do problema dos casamentos mistos e, depois de jejum e oração, ele e uma comissão selecionada, puseram na lista negra os indivíduos culpados, induzindo alguns, pelo menos, a rejeitarem suas esposas pagãs (10:19).

Depois disso não ouvimos falar mais em Esdras senão quando leu publicamente a lei, em Ne 8. Isso aconteceu em 444 A.C. Visto que havia sido enviado pelo rei numa missão temporária, presumivelmente regressou com seu relatório, porém, foi novamente enviado com comissão similar quando os muros da cidade ficaram terminados. Neemias, em parte de suas memórias (Ne 12:36ss) registra que ele mesmo liderou um grupo ao redor dos muros, por ocasião de sua dedicação, enquanto Esdras liderou outro grupo.

O livro registra o cumprimento da promessa divina de restaurar Israel à sua terra depois de 70 anos de cativeiro na Babilônia (Jr 25:11). Isto foi conseguido através da ajuda de três monarcas persas (Ciro, Dario e Artaxerxes), bem como de líderes judeus como Zorobabel, Josué, Ageu, Zacarias e Esdras. Ciro conquistou Babilônia em 539 A.C. e, de acordo com sua política de estimular os povos subjugados a retornarem às suas terras de origem, promulgou em 538 A.C. um decreto autorizando os judeus a fazerem o mesmo.

Esboço:

I. O regresso dos exilados a Jerusalém (1:1-2:70)

II. Enceta-se o trabalho da restauração (3:1-13)

III. O trabalho paralisado (4:1-24)

IV. Recomeça-se o trabalho e conclui-se a construção do templo (5:1-6:22)

V. Esdras vem a Jerusalém (7:1-8:36)

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VI. O problema dos casamentos mistos (9:1-10:44)

O livro de Neemias

Abreviatura: NeAutor: EsdrasData: 445/425 AC.Versículo-chave: 8:9,10Frase-chave: Construindo o muro

Conteúdo:

Neemias era um oficial importante, copeiro do rei Artaxerxes I da Pérsia. Ele ficara chocado ao ter notícias, muitos anos depois do primeiro retorno de exilados, que as muralhas de Jerusalém ainda permaneciam tombadas e a situação não havia melhorado quase nada. Depois de orar e se preparar cuidadosamente, obteve do imperador permissão para voltar. Neemias demonstrou qualidades ímpares de liderança e organização. Em 52 dias de trabalho, a reconstrução foi terminada. Como governador de Judá, Neemias demonstrou humildade, integridade, patriotismo, energia, piedade e altruísmo.Esboço:

I. Neemias informado das dificuldades em Jerusalém (1:1-11)

II. Neemias vai a Jerusalém (2:1-20)

III. Lista dos edificadores (3:1-32)

IV. Concluído o trabalho apesar da oposição (4:1-7:4)

V. Registro dos que regressaram com Zorobabel (7:5-73)

VI. A Lei lida e explicada (8:1-18)

VII. Arrependimento nacional e concerto de obediência (9:1-10:39)

VIII. Listas de habitantes (11:1-12:26)

IX. Dedicação das muralhas e organização dos serviços no templo (12:27-47)X. Reformas de Neemias (13:1-31)

O livro de Ester

Abreviatura: EtAutor: Incerto, provavelmente um judeu (alguns sugerem Esdras ou Mardoqueu)Data: 456 AC.Versículo-chave: 4:14Frase-chave: Providência de Deus

Conteúdo:

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A ação do livro de Ester decorre no palácio de Susã (ou Susa), em Elão, uma das três capitais do império persa. Como os livro de Daniel, Esdras e Neemias, dá-nos uma breve visão dos judeus na Babilônia conforme vistos por alguém que gozava de autoridade na corte real e que estava familiarizado com as suas convenções e hábitos; mas, enquanto que Esdras e Neemias se preocupam veementemente com as aspirações espirituais e políticas dos judeus que regressaram do cativeiro, o livro de Ester aborda esses assuntos com reserva estudada e significativa. Em todo o livro palpita um patriotismo fervido e, no entanto, não há uma única referência ao Deus de Israel. Descreve ele situações de perigo, aflição e desespero, mas em todo este quadro bem vívido, não ocorrem quaisquer orações ou súplicas ardentes da parte do povo naquela fase de terrível provação. Os judeus choravam e lamentavam-se e Mardoqueu “clamou com grande e amargo clamor”, mas o autor evita cuidadosamente dizer que era a Deus que clamavam. Jejuavam, mas não se atribui qualquer significado espiritual a esta prática essencialmente religiosa.

É agora evidente que este cuidado em evitar qualquer referência explícita à religião é deliberada. A melhor explicação é que talvez o livro tivesse sido escrito numa época em que era extremamente perigoso confessar publicamente a adoração de Jeová (ver Dn 6:7-17). O rei citado como Assuero é tido como o mesmo que Xerxes.

Esboço:

I. Divórcio de Vasti (1:1-22)

II. Ester escolhida para a rainha (2:1-23)

III. A intriga de Hamã para destruir os judeus (3:1-4:3)

IV. Mardoqueu persuade Ester a intervir (4:4-17)

V. A petição de Ester coroada de êxito (5:1-8:2)

VI. O livramento dos judeus (8:3-9:16)

VII. A festa do Purim (9:17-32)

VIII. Conclusão (10:1-3)

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OS LIVROS POÉTICOS

A poesia hebraica

Diferentemente da poesia brasileira, a poesia hebraica não faz rimar as palavras finais das sentenças. O padrão da poesia hebraica não depende do ritmo ou compasso em uma linha, e sim daquilo que se chama “ritmo” mental. Esta forma de se fazer poesia é denominada de paralelismo. A combinação conjunta de idéias forma o padrão. Essa poesia não joga com palavras, mas com pensamentos.

Existem cinco tipos de paralelismos para lembrar:

1. Paralelismo sinônimo: a segunda linha repete a idéia da primeira.Ex: Salmo 19:1: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento as obras de suas mãos”.

2. Paralelismo antitético: a segunda linha contrasta a idéia da primeira linha.Ex: Salmo 1:6: “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá”.

3. Paralelismo sintético: a segunda linha desenvolve a idéia da primeira linha.Ex: Salmo 1:1:” Bem aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”.

4. Paralelismo simbólico: a segunda linha ilustra a idéia da primeira linha.Ex: Salmo 42:1: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma”.

5. Paralelismo gradativo: a segunda linha amplia a primeira linha.Ex: Salmo 29:1: “Tributai ao Senhor, filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e força”.

O livro de Jó

Abreviatura: JóAutor: Incerto (alguns sugerem Jó, Eliú, Moisés e Salomão)Data: IncertaVersículo-chave: 19:25, 26; 42:5, 6Frase-chave: Porque o justo sofre?

Conteúdo:

O autor é desconhecido, bem como a sua data. Não existe nele nenhuma referência a acontecimentos históricos capazes de ajudar a definição de uma data para a sua escrita, mesmo que aproximada. A história passa-se na “terra de Uz”, que é provável que deva identificar-se com Edom (Sl 137:7; Ml 1:2ss). Nenhuma das personagens é israelita. Quatro amigos de Jó – Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú – representam tudo que a

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teologia da época tinha a dizer acerca do significado das calamidades que haviam arrasado a felicidade e a estabilidade de Jó. Com a possível exceção de Eliú, a sua contribuição é gravemente limitada por uma inexorável interpretação do sofrimento: o sofrimento como conseqüência do pecado pessoal. Se eles se tivessem limitado a estabelecer a solidariedade humana no pecado, Jó ter-lhe-ia dado a sua imediata aprovação, visto que ele jamais considera um homem perfeito; mas ao ouvi-los insinuar e depois direta e claramente afirmar que o seu sofrimento era inevitável fruto da semente do pecado que ele cometera e de que só Deus era testemunha, Jó nega veementemente e coerentemente a exatidão do seu juízo.

O livro denuncia, de maneira notável, a insuficiência dos horizontes humanos para uma compreensão adequada do problema do sofrimento. Todas as figuras do drama falam com o desconhecimento absoluto das alegações de Satanás conta a piedade de Jó, descritas no prólogo, e da conseqüente permissão divina – a permissão concedida a Satanás de provar, se puder, a exatidão das suas acusações. Com o prólogo como pano de fundo, os sofrimentos de Jó aparecem, portanto, não como irrefutável prova de castigo divino, como pretendiam os amigos, mas como prova de confiança divina em seu caráter.

Esboço:

I. Prólogo (1:1-2:13)

II. Primeiro ciclo de discursos (3:1-14:22)

III. Segundo ciclo de discursos (15:1-21:34)

IV. Terceiro Ciclo de discursos (22:1-31:40)

V. A intervenção de Eliú (32:1-37:24)VI. O Senhor responde a Jó (38:1-41:34)

VII. A resposta de Jó à palavra divina (42:1-6)

VIII. Epílogo (42:7-17)

O livro dos Salmos

Abreviatura: SlAutor: Vários autoresData: Várias datasVersículo-chave: 19:14Frase-chave: Hinário de Israel

Conteúdo:

Nada menos que setenta e três salmos são atribuídos a Davi. Outros autores nomeados são: Asafe (50; 75-83), os filhos de Core (42-49; 84; 85 e 87), Salomão (72 1 127), Hemã (88) e Etã (89) e Moisés (90). Há ainda outros de autores anônimos.

O livro dos Salmos divide-se em cinco partes (cinco rolos): Livro I (Sl 1 ao 41); Livro II (Sl 42 ao 72); Livro III (Sl 73 ao 89); Livro IV (Sl 90 ao 106) e Livro V (Sl 107 ao 150).

Os salmos também seguem esta classificação:

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1. Salmos que são orações, em que os salmistas solicitam bênção e a proteção de Deus (86 e 102);

2. Salmos de louvor, em que a ação de graças pode ser por causa de atos específicos de misericórdia divina, ou o louvor pode basear-se na majestade de Deus no mundo da natureza, ou louvor em adoração (47, 145 – 150);

3. Salmos que apelam pela intervenção divina e por livramento em tempos de enfermidade, calamidades ou perigo (38 e 88);

4. Salmos de penitência por causa do pecado, havendo sete salmos dessa categoria (6, 32, 38, 51, 102, 130 e 143), porém, em apenas um deles (51) é que a confissão é proeminente; de fato, em dois deles (6 e 102) não há qualquer referência ao pecado, pois a principal preocupação gira em torno do perdão e não da confissão;

5. Salmos que são confissões de fé de que Deus é o Senhor, o Criador e o Rei das nações, Juiz e Governador moral do universo (33, 94, 96, 136 e 145);

6. Salmos de intercessão, nos quais os salmistas intercedem a favor do rei, de seu povo, de outras nações, da casa de Davi e de Jerusalém (31, 67, 89 e 122);

7. Salmos imprecatórios são pedidos de justiça e vingança a Deus sobre a vida dos ímpios (35, 59, 69, 109). A idéia que forma o fundo dessas passagens do saltério, onde maldições e punições vingativas são invocadas contra adversários é expressa em Sl 139:21: “Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem?... para mim são inimigos de fato”. Em outras palavras, os salmistas não são motivados por desejos de vingança pessoal, mas antes pelo zelo pelo Santo de Israel, que necessariamente exerce retribuição na presente ordem moral do mundo. Por trás das imprecações há o reconhecimento de um governo moral exercido por Deus no mundo, uma crença que o correto e o errado têm significado para Deus, e que, por conseguinte, o julgamento deve operar no mundo moral paralelamente com a graça. O julgamento aqui em vista não é o escatológico, isto é, o “fim do mundo”, mas o julgamento imediato.

8. Salmos de sabedoria, na forma de homilias espirituais ou religiosas, que oferecem instrução sobre a paciência quando o ímpio prospera sobre a verdadeira glória de Jerusalém, sobre como o rei deve realmente governar, sobre a falsa prosperidade, sobre o serviço autêntico prestado à Deus, sobre o cuidado providencial de Deus acerca da nação, sobre o poder de Deus no mundo da natureza, e sobre Seu domínio em toda a história (37, 122, 45, 49, 50, 78, 104, 105 – 107);

9. Salmos que tratam de providências estranhas que sobrevêm ao povo de Deus, e com questões tais como a vida futura, a razão da prosperidade dos ímpios, e com especulações sobre a possibilidade de galardões após a morte (94, 49, 16, 17, 73);

10. Salmos que exaltam a grandeza da Lei. O primeiro salmo de todos concerne às alegrias e bênçãos que acompanham o indivíduo que estuda e pratica a Lei (Torah). O Salmo 19 descreve a natureza da lei e seus efeitos sobre o coração

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Page 42: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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obediente, enquanto que Salmo 119 é um cântico de contínuo louvor a Deus devido Sua maior dádiva a Israel, a Sua Lei, e a revelação da Sua vontade para com o povo de Sua aliança, que a Lei media.

Salmos sobre a vida futura e Salmos messiânicos

Não existe nos Salmos a idéia de vida futura que nós temos hoje. Isto se deve ao fato da revelação ser progressiva. Há esperança, mas não crença acerca do futuro. Nenhum salmista, naturalmente, pensa jamais sobre a morte em termos de aniquilamento, mas a morte é algo que deve ser temido porque separa o homem de Deus. Visto que a morte é sorte tanto dos piedosos como dos ímpios, isso significa que a existência dos mortos é vazia de qualquer significação moral e religiosa. O máximo que o indivíduo piedoso podia esperar era a sobrevivência por intermédio de uma posteridade feliz. Não existem referências certas à ressurreição no saltério. Lampejos de revelação ou discernimento concernente à vida futura talvez existam, mas não é evidente qualquer doutrina, qualquer artigo de fé religiosa semelhante. O germe de tal esperança pode ser encontrado em Sl 16, 17, 49 e 73, mas tudo é apenas esperança. Em parte alguma, algum salmista atinge uma crença firme sobre a ressurreição.

Quanto aos salmos messiânicos, um dos mais importantes fatores da sobrevivência nacional de Israel tem sido a esperança messiânica.

Essa esperança se centraliza em torno da volta da era de Davi, cujo reinado no passado assinalou a idade áurea da história de Israel; e é contra esse pano de fundo que a esperança do saltério deve ser contemplada. O quadro do Messias que emerge do saltério é duplo.

Em primeiro lugar, visto que o Messias deverá ser o rebento da dinastia davídica, Ele deve ser o Rei da era messiânica. O saltério contempla um Rei messiânico divino contra Quem as nações rebelar-se-ão inutilmente (Sl 2). A era messiânica é pintada no Sl 72, enquanto que no Sl 2 o reino é descrito como um reino universal que pertence a Deus, mas sobre o qual o Messias governa em associação com o Senhor. No Sl 110, o Messias figura como Rei, Sacerdote e Vencedor, que se assenta na glória, à mão direita de Deus. O Sl 45 fala sobre o domínio eterno, enquanto que o Sl 72 salienta a universalidade do governo do Messias.

Mas, em segundo lugar, o saltério também prepara as mentes dos homens para receberem um Messias sofredor. Is 53 tem seu paralelo no saltério. O filho ungido de Yahweh, o Rei-Sacerdote cujo trono durará para sempre e cujo reinado de paz e equidade fará com que todas as nações sejam abençoadas nEle, haveria de submeter-se voluntariamente a sofrimentos espantosos (Sl 22, 69, etc.). Entretanto, enquanto Cristo não interpretou o saltério para os apóstolos, esses e outros salmos semelhantes não eram considerados messiânicos (Lc 24:27-46).

Esboço:

I. Livro I (1 – 41)

II. Livro II (42 – 72)

III. Livro III (73 – 89)

IV. Livro IV (90 – 106)

V. Livro V (107 – 150)

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Introdução ao Antigo Testamento

Page 43: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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Livro de Provérbios

Abreviatura: PvAutor: Salomão e outrosData: 950/750 A.C.Versículo-chave: 1:7; 9:10Frase-chave: Sabedoria

Conteúdo:

Embora o tema que permeia todo o livro seja a sabedoria para o viver, ensinos específicos incluem instruções sobre a insensatez, o pecado, a bondade, a riqueza, o amor, a cobiça, a amizade, a família, a vida, a morte, entre outros. Quase todas as facetas dos relacionamentos humanos são mencionados e os ensinos do livro são aplicáveis a todos os homens em qualquer lugar.

Podemos esboçar o conteúdo do livro de acordo com seus autores:a. A importância da sabedoria (1:1-9:18): Seguindo uma declaração introdutória

a respeito do propósito (1:1-6), o escritos instrui seu filho ou aluno acerca do valor e da natureza da sabedoria. Em contraste com os provérbios de 10:1 e segs., cada idéia é discutida com certa extensão num poema didático.

O alvo do autor é pintar o mais forte contraste possível entre os resultados da busca pela sabedoria e da vida vivida na insensatez. O autor arma o palco para as diversas centenas de provérbios específicos que se seguem. Certas tentações aparecem insistentemente na mente do sábio: crimes de violência (1:10-19; 4:14-19)); obrigar-se por fiança precipitada (6:1-5); a ociosidade (6:6-11); a duplicidade (6:12-15); e especialmente a impureza sexual (2:16-19); 5:3-20; 6:23-35); 7:4-27; 9:13-18). Para aquele que evita essas armadilhas, a Sabedoria oferece a felicidade, vida longa, riqueza e honra (3:13-18).

Aparentemente o escritor desses capítulos é anônimo, visto que 1:1-6 provavelmente se refere ao livro inteiro, enquanto que 10:1 introduz uma coletânea de provérbios que seriam da lavra de Salomão. Essa seção é costumeiramente datada entre os últimos provérbios da coleção. Embora sua edição final possa ser relativamente tardia, muito material pode ser considerado mais antigo.

b. Os provérbios de Salomão (10:1-22:16): Esta seção é provavelmente a mais antiga do livro e tem sido atribuída ao rei Salomão. Cerca de 375 provérbios ocorrem nessa coletânea. Sua estrutura é principalmente antitética (10 – 15) e sintética (16 – 22). A maioria dos provérbios não são relacionados entre si; nenhum sistema de agrupamento pode ser descoberto.

Embora não esteja de forma alguma ausente de certo tom religioso, a grande maioria dos provérbios não contém qualquer referência específica à religião de Israel, mas antes, baseia-se nas observações práticas da vida diária.

c. As palavras dos sábios (22:17 – 24:22): Estes provérbios estão intimamente relacionados e têm um tema mais uniforme do que os provérbios de Salomão. Os tópicos são multiformes: a consideração para com os pobres (22:22, 27), o respeito pelo rei (23:1-3; 24:21, 22), a disciplina das crianças (23:13, 14), a temperança (23:19-21, 29:35), a honra

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Introdução ao Antigo Testamento

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aos pais (23:22-55), a castidade (23:26-28), etc. A ênfase religiosa, embora não dominante, não deixa de estar presente (22:19, 23; 24: 18, 21).

d. Palavras adicionais dos sábios (24:23-34): Essa breve coleção exibe a mesma irregularidade de forma como a coleção anterior. Existem provérbios breves (ex.: 26) e máximas prolongadas ( ex.: 30-34; cf. 6:6-11). O elemento religioso não aparece com proeminência, mas há um agudo senso de responsabilidade social (ex.: 28 e 29). Essas duas coleções evidentemente não são de Salomão, mas fazem parte do legados dos sábios de Israel, os quais criaram e coligiram um vasto corpo de afirmações sábias ( cf. Ec 12:9-11).

e. Provérbios adicionais de Salomão (25:1 – 29:27): Seu conteúdo é semelhante à seção dos provérbios de Salomão, entretanto os provérbios desta seção são menos uniformes quanto à sua extensão; o paralelismo antitético é menos comum (com exceção dos capítulos 28 e 29).

f. As palavras de Agur (30:1-33): Não foi possível identificar quem era Agur ou qualquer um dos seus familiares mencionados (30:1). É uma resposta ao agnosticismo14

com uma declaração acerca da imutável palavra de Deus. Seguindo uma breve, mas comovente oração (7-9), o capítulo termina com uma

série de extensos provérbios que descrevem algumas qualidades recomendáveis ou condenáveis. Em muitos desses provérbios, o número quatro aparece com preeminência.

g. As palavras de Lemuel (31:1-9): Esse rei de Massá é desconhecido. O conselho de sua mãe inclui advertências contra o excesso sexual e o alcoolismo, bem como o encorajamento para julgar com retidão até mesmo os pobres.

h. Louvor à mulher virtuosa (31:-10:31): Esse poema acróstico muito bem composto não tem qualquer título, porém, é tão diferente da seção anterior que precisa ser considerado separado. A sua forma estilizada sugere que deve ser reputado como uma das últimas seções do livro. A descrição de uma esposa trabalhadora, sábia e piedosa, é uma conclusão apropriada para um livro que discute os resultados práticos de uma vida dirigida por Deus.

Livro de Eclesiastes

Abreviatura: EcAutor: O mais sugerido tem sido SalomãoData: 935 A.C.Versículo-chave: 12:13, 14Frase-chave: O significado da vida

Conteúdo:

O livro de Eclesiastes tem uma tonalidade mais filosófica do que poética. O termo “eclesiastes” vem da palavra hebraica qõheleth e denota o ofício de alguém que convoca assembléias, tanto que o nome “pregador” tem sido aceita como uma boa tradução do termo.

Embora o escritor afirme haver sido rei sobre Israel (1:12) e fale como se fosse Salomão, em parte alguma afirma que é o próprio Salomão. O estilo do hebraico é posterior

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Introdução ao Antigo Testamento

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ao dos tempos salomônicos. Se Salomão foi seu autor, o livro passou por uma modernização posterior da linguagem.

O tema do livro é a busca pela chave do significado da vida. O Pregador examina a vida de todos os ângulos para verificar onde pode ser encontrada a satisfação. E descobre que só Deus tem essa chave, e que devemos confiar nEle. Enquanto isso, devemos receber a vida dia a dia das Suas mãos, glorificando-O por causa das coisas ordinárias. O tema descreve a futilidade do sistema de valores baseado nas posses materiais e ambições. Ele mostra que é absurdo procurar a felicidade como alvo principal. O livro de Eclesiastes pertence ao mundo real das pessoas que questionam o significado da vida. Alguns lêem o livro como uma crítica ao secularismo. O autor mostra como é a vida sem fé em Deus.

Alguns têm sugerido que o livro foi escrito por Salomão perto do fim da sua vida, quando estava afastado de Deus por causa dos casamentos mistos.

Pelo fato de ser um livro truncado, não é possível estabelecer com exatidão um esboço definitivo da obra.

Livro de Cantares ou Cântico dos cânticos

Abreviatura: CtAutor: SalomãoData: 965 A.C.Versículo-chave: 8:7Frase-chave: O amor no casamento

Conteúdo:

Tem sido bem aceita a atribuição tradicional da autoria deste livro a Salomão, baseado nas referências feitas a ele (1:5; 3:7, 9, 11; 8:11), especialmente no versículo do título (1:1).

O livro expressa a alegria do amor humano entre homem e mulher. O poema descreve de maneira franca e apaixonada as expressões do amor sexual e sua satisfação. Os poemas em si são ricos em símbolos orientais e expressões culturais e geográficas. Há uma igualdade de sentimentos e de expressão tanto do homem como da mulher.

Alguns autores têm interpretado este livro como o amor de Cristo pela sua igreja, mas esta forma de ver o livro vai contra a hermenêutica histórico-gramatical do texto. A esta tentativa de interpretar o texto sobre algo do qual ele não fala diretamente, chamamos de “alegorização”. Esta interpretação está presente em muitos cânticos e louvores que cantamos, mas adotamos uma posição de interpretar este texto literalmente.

Esboço:

I. O desejo e a satisfação da Sulamita (1:1 – 2:7)

II. A visita do amado e o sonho da Sulamita (2:8 – 3:6)

III. A procissão e os cânticos de Salomão (3:6 – 5:1)

IV. A tardia recepção da Sulamita e a busca prolongada (5:2 – 8:3)

V. A Sulamita e o amado conversam (8:4-14)

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Page 46: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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LIVROS PROFÉTICOS

A última divisão de livros da Bíblia é aquela que trata de profecia e são atribuídos ou a profetas ou às palavras dos profetas. Eles têm duas subdivisões: Profetas maiores (Isaías, Jeremias (juntamente com Lamentações), Ezequiel e Daniel) e Profetas menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias).

Profetas Maiores

Livro de Isaías

Abreviatura: IsAutor: IsaíasData: 740/680 A.C.Versículo-chave: 7:14; 40:1-20; 53; 61Frase-chave: O sofrimento do Servo do Senhor

Conteúdo:

Isaías (“o Senhor é salvação”), filho de Amós, vivia em Jerusalém (Is 7:1-3). Segundo a tradição judaica, era de sangue real; algumas vezes tem sido inferido, pelas narrativas e oráculos do livro, que de qualquer modo, era membro da família real. Conforme é evidente pelo título do livro (1:1), Isaías profetizou durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. Foi chamado como profeta “no ano da morte do rei Uzias” (6:1), isto é, em 740/739 A.C.; sua última aparição, conforme pode ser datado com certeza, foi no tempo da campanha de Senaqueribe contra Jerusalém (entre 701 e 688 A.C.). A tradição afirma que foi cerrado ao meio durante o reinado de Manasses; alguns pensam ver alguma referência a isso em Hb 11:37, ainda que a referência seja duvidosa, além de que a tradição parece não contar com qualquer base histórica sã.

Isaías era casado; sua esposa é chamada de “a profetiza” (8:3), talvez devido ao fato que ela, igualmente, profetizava. Dois filhos são mencionados, ambos os quais receberam nomes simbólicos (8:18).

Isaías e Miquéias foram contemporâneos (cf. 1:1 com Mq 1:1). A atividade de Isaías foi precedida pela de Amós e Oséias (Am 1:1 e Os 1:1). Amós e Miquéias profetizaram principalmente contra as tribos do norte; Isaías e Miquéias concentraram suas profecias principalmente em Judá e Jerusalém (1:1).

Esboço:

O livro de Isaías divide-se em duas partes (1 ao 39 e 40 a 66).

Primeira parte (1 a 39)

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I. Profecias referentes a Judá e Jerusalém (1:1-12:6)

II. Profecias dirigidas contra nações estrangeiras e hostis (13:1-23:18)

III. O apocalipse de Isaías: os castigos de Jeová sobre o pecado do mundo (24:1-27:13)

IV. Profecias respeitantes às relações de Judá e Jerusalém com o Egito e a Assíria (28:1-33:24)

V. Profecias que proclamam a queda de Edom e a redenção de Israel (34:1-35:10)

VI. Apêndice histórico: A vida e a atividade de Isaías durante o reino de Ezequias (36:1-39:8)

Segunda parte (40 a 66)

VII. Libertação do domínio da Babilônia (40:1-48:22)

VIII. Redenção pelo sofrimento e sacrifício (49:1-57:21)

IX. O triunfo do reino e o domínio universal de Jeová (58:1-66:24)

Livro de Jeremias

Abreviatura: JrAutor: JeremiasData: 740/680 A.C.Versículo-chave: 1:10Frase-chave: Rendição

Conteúdo:

A história de Jeremias cobre um período de 40 anos – desde a sua chamada durante o reinado de Josias (626 A.C.) até a queda de Jerusalém em 587 A.C. Nessas quatro décadas, o região passou pelo seu mais turbulento período histórico. A Assíria, que destruíra as tribos do norte (Israel) caiu ante o poder de uma nova potência militar: a Babilônia. A vida e os tempos de Jeremias, que caem dentro desse importantíssimo período, estão notavelmente documentados, e os pontos íntimos de sua personalidade são mais vividamente retratados que os outros profetas.

Quando Jeremias foi chamado para o ofício proféticos era ainda “uma criança”, um termo ambíguo que descreve a infância e a adolescência em seus últimos anos. Era um período posterior a longa apostasia promovida pelo rei Manassés (2 Rs 21:1 e segs.) e os impérios egípcios e babilônicos lutavam entre si. Vale salientar que Jerusalém ficava no caminho entre as duas nações: Egito e Babilônia.

Sem dúvida muitos em Judá ansiavam pelo raiar do dia que poria fim à prolongada noite de sessenta anos de degeneração moral da nação. Jeremias foi criado numa piedosa família sacerdota (1:1). Seu nome pode significar “Jeová exalta” ou “Jeová derruba”. Jeremias profetizou durante os reinados de Josias, Jeoacaz, Jeoaquim (Eliaquim), Joaquim e Zedequias.

A personalidade de Jeremias é aquela mais claramente pintada dentre todos os profetas do Antigo Testamento. De fato, não é exagero dizer que a fim de entendermos o que o Antigo testamento quer dizer com o vocábulo “profeta”, é necessário estudar o livro de

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Introdução ao Antigo Testamento

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Jeremias. A chamada de Jeremias, sua vocação como anunciador da palavra de Deus, a autoridade com que essa lhe era comunicada, a maneira como a mesma lhe era revelada, sua distinção claríssima entre o verdadeiro e o falso profeta, suas mensagens e os dilemas agonizantes em que foi envolvido devido à sua fidelidade – tudo é delineado nos oráculos de Jeremias com uma autoridade simplesmente irresistível. Isso se deve à correlação entre a experiência espiritual e emocional do profeta para com seu ministério profético.

Suas emoções são vividamente exibidas até mesmo em seus discursos. Pelo conteúdo de sua pregação é claro que Jeremias era homem de notáveis contrastes. Era ao mesmo tempo gentil e tenaz, afetuoso e inflexível. Nele, as fraquezas da carne contendiam com as energias do espírito. As aspirações naturais da juventude foram negadas ao jovem profeta. Ele insistia no arrependimento por parte do povo judeu que, no entanto era incapaz de contrição. Ele desmascarou os pecados da nação e anunciou seu julgamento sabendo que tudo isso seria inútil para salvá-los. Aqueles a quem amava, odiavam-no. Sendo leal patriota, foi chamado de traidor. Esse profeta de esperança imorredoura teve de exibir a falácia das esperanças de seu próprio povo. Esse intercessor-sacerdote foi ordenado a não mais interceder pelos seus. Esse amante de Judá, foi maltratado por Judá.

As profecias do livro não seguem uma ordem cronológica, mas lógica. O arranjo em ordem cronológica seria: (1) Josias (1 – 20, excetuando 12:7-13, 27); (2) Jeoacaz (nada); (3) Jeoaquim (26; 22; 23; 25; 35; 36; 45; 33; 12:7-13, 27); (4) Joaquim (13:18 segs.; 20:24-30; 52:31-34); (5) Zedequias (advertências: 24; 29; 27; 28; 51:59, 60; promessas: 30 – 33; o cerco: 21; 34; 37 – 39); (6) depois da queda de Jerusalém (40 – 44); (7) profecias contra as nações (41 – 51); (8) apêndice histórico (52).

Uma característica importante do livro de Jeremias é que ele utilizou-se do serviço pelo escriba Baruque15 para compilar suas profecias.

Esboço

Parte 1: Mensagens referentes ao povo escolhido de Deus (1:1-25:38)

I. A chamada do profeta (1:1-19)

II. A intimação da nação (2:1-6:30)

III. As ilusões acerca da segurança do Templo (7:1-10:25)

IV. Jeremias e o concerto (11:1-12:17)

V. As cinco advertências (13:1-27)

VI. Sombras de tragédia (14:1-21:14)

VII. Reis e profetas de Judá: a visão do fim (22:1-25:38)

Parte 2: Narrativas históricas (26:1-52:34)

VIII. Profecias e acontecimento durante o reinado de Jeoaquim (26:1-24)

IX. A sensatez do profeta (27:1-29:32)

X. Um futuro e uma esperança (30:1-34:22)

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Introdução ao Antigo Testamento

Page 49: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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XI. Profecias e acontecimentos durante o reinado de Jeoaquim (35:1-36:32)

XII. Profecias e acontecimentos durante o reinado de Zedequias (37:1-39:18)

XIV.Profecias e acontecimentos no Egito (43:1-44:30)

XV. A mensagem de Jeremias a Baruque (45:1-5)

XVI.Profecias contra nações estrangeiras (46:1-51:64)

XVII. Retrospecto (52:1-34)

Livro de Lamentações de Jeremias

Abreviatura: LmAutor: JeremiasData: 586/585 A.C.Versículo-chave: 2:5, 6; 3:19-42Frase-chave: Destruição de Jerusalém

Conteúdo:

O aturo derrama seu coração em profunda aflição e dor por causa da terrível sorte de Jerusalém nas mãos dos seus captores babilônicos em 587 A.C. Ele reconhece que a culpa da nação fez-lhe sobrevir sua ruína. Falsos profetas tranqüilizavam dizendo que tudo ia bem, por isso não admitiram seus pecados e não se arrependeram. Mesmo assim, em meio a tanta infelicidade e angústia, o autor vê um raio de esperança. Porque Deus é um Deus de aliança, que sempre guarda suas promessas. Há esperança em Israel para o arrependido (3:25-29).

Esboço:

I. Primeira ode (1:1-22)a. A desolação de Jerusalém (1:1-7)b. Pecado produz sofrimento (1:8-11)c. Um grito pedindo compaixão (1:12-22)

II. Segunda ode (2:1-22)a. O Senhor é um inimigo (2:1-9)b. Os horrores da fome (2:10-13)c. Profetas falsos e verdadeiros (2:14-17)d. Um apelo em prol de súplicas (2:18-22)

III. Terceira ode (3:1-66)a. O clamor dos aflitos (3:1-21)b. As misericórdias de Deus (3:22-39)c. Uma chamada à conversão (3:40-42)d. As tristezas do pecado (3:43-54)e. Consolo e maldição (3:55-66)

IV. Quarta ode (4:1-22)

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Introdução ao Antigo Testamento

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a. Então e agora (4:1-12)b. As consequências do pecado (4:13-20)c. Edom não escapará (4:21, 22)

V. Quinta ode (5:1-22)a. Um apelo em prol de misericórdia (5:1-10)b. A vergonha do pecado (5:11-18)c. O eterno trono de Deus (5:19-22)

Livro de Ezequiel

Abreviatura: EzAutor: EzequielData: 592/570 A.C.Versículo-chave: 33; 34; 36:33-35; 37:1-14Frase-chave: Exílio e restauração

Conteúdo:

Ezequiel (Deus fortalece), filho de Buzi, foi deportado para a Babilônia quase certamente com Joaquim em 597 A.C. (2 Rs 24:14-17). Ele se estabeleceu na vila de Tel-abibe, perto do rio Quebar. Cinco anos mais tarde recebeu sua chamada como profeta (Ez 1:2), possivelmente com a idade de trinta anos (1:1). Viveu pelo menos durante outros vinte e dois anos (29:17). O ministério de Ezequiel aos judeus na Babilônia se deu ao tempo em que Jeremias profetizava aos judeus na Palestina e na época em que Daniel iniciava seu ministério na Babilônia. Como Isaías, sua mensagem foi de denúncia e consolação.

Esboço:

O pecado de Israel e o juízo iminente (1:1-24:27)

I. A chamada de Ezequiel (1:1-3:27)

II. Quatro profecias por ações (4:1-5:17)

III. Profecia contra os montes de Israel (6:1-14)

IV. A iminente condenação de Israel (7:1-27)

V. Pecado e julgamento de Jerusalém: abandonada por Deus (8:1-11:25)

VI. Profecias contra Jerusalém (12:1-24:27)

Profecias contra nações estrangeiras (25:1-32:32)

VII. Profecias contra tribos circunvizinhas (25:1-17)

VIII. Profecias contra Tiro (26:1-28:26)

IX. Profecias contra o Egito (29:1-32:32)A restauração de Israel (33:1-48:35)

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Introdução ao Antigo Testamento

Page 51: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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X. A responsabilidade do profeta e do povo (33:1-20)

XI. O ponto central do ministério de Ezequiel (33:21-33)

XII. Volta de Israel à sua própria pátria (34:1-37:28)XIII. Profecia contra Gogue (38:1-39:28)

XIV.O tempo e o povo no reino de Deus (40:1-48:35)

Livro de Daniel

Abreviatura: DnAutor: DanielData: 537 A.C.Versículo-chave: 2; 3; 4; 6Frase-chave: Soberania de Deus

Conteúdo:

Daniel (Deus é meu juiz) é o quarto dos chamados profetas “maiores”. Era um israelita de origem real ou nobre que foi levado cativo para a Babilônia por Nabucodonosor, no terceiro ano do reinado de Jeoaquim, tendo sido treinado para o serviço do monarca babilônico em companhia de diversos companheiros (Dn 1:1-6). Conforme um costume do tempo, foi-lhe dado o nome babilônico de Beltessazar. Ganhou reputação inicialmente como intérprete de visões alheias, e então como intérprete de suas próprias visões, nas quais predisse o triunfo futuro do reino messiânico. Renomado por sua sagacidade, ocupou sucessivamente os principais postos governamentais sob Nabucodonosor, Belsazar e Dario.

O livro de Daniel é, na sua maior parte, uma história profética dos poderes gentílicos mundiais desde o reinado de Nabucodonosor até a vinda de Cristo. O tema de Daniel pode ser resumido da seguinte maneira: Deus revelado como o que domina a elevação e queda dos reinos deste mundo até a sua destruição final e que estabelece seu próprio reino. Por causa de suas muitas visões, o livro de Daniel tem sido chamado “O Apocalipse do Antigo Testamento”. O livro abrange cerca de 73 anos, desde Nabucodonosor até Ciro.

Esboço:

I. Daniel elevado ao poder (1:1-21)

II. O sonho do rei interpretado por Daniel (2:1-49)

III. O episódio da fornalha ardente (3:1-30)

IV. Segundo sonho interpretado por Daniel (4:1-37)V. Festa de Belsazar e escrita misteriosa (5:1-30)

VI. Daniel na cova dos leões (5:31-6:28)

VII. Visão de Daniel sobre as quatro feras (7:1-28)

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Introdução ao Antigo Testamento

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VIII. Visão de Daniel sobre o carneiro e o bode (8:1-27)

IX. Oração de Daniel (9:1-23)

X. Profecia sobre os setenta vezes sete (9:24-27)

XI. A visão de Deus (10:1-11:1)XII. Revelação sobre o futuro (11:2-20)

XIII. Os tempos de Antíoco e do Anticristo (11:21-12:3)

XIV.Conclusão da profecia (12:4-13)

Profetas Menores

Livro de Oséias

Abreviatura: OsAutor: OséiasData: 710 A.C.Versículo-chave: 4:1Frase-chave: Lealdade de Deus

Conteúdo:

Este livro é considerado o primeiro ou um dos primeiros livros proféticos a ser escrito. Profetizou desde os últimos dias de Jeroboão II (por volta de 741 A.C.) até a queda de Samaria (722 A.C.).

Nosso conhecimento acerca de Oséias (O Senhor é salvação) é extremamente excasso. Era das tribos do norte e especula-se que tenha sido padeiro ou trabalhou com o solo. Seu amor pela humanidade brilha por todo o seu livro. Ele amava sua nação. Diferentemente do profeta Amós, nunca se refere à outras nações e se o faz, o faz em conexão com a história de Israel.

Seu amor à sua esposa é ainda mais evidente. Poder-se-ia mesmo dizer que o livro de Oséias é uma “história de amor que não terminou bem”. Porém, nessa tragédia doméstica, ele se encontrou com Deus. O grande sofrimento de Oséias nos proporcionou esse maravilhoso poema de amor de Deus por Israel. O sofrimento de Oséias transformou num espelho de sofrimento de Deus, expresso no grito: “Como te deixarei, ó Efraim?” (11:8).

O livro é uma grande exortação ao arrependimento dirigida às dez tribos de Israel, durante os cinqüenta anos ou sessenta anos antes do cativeiro destas. Seu cálice de iniqüidade enchia-se rapidamente. Os reis e sacerdotes eram assassinos e libertinos; os sacerdotes idólatras desviavam o povo do culto a Jeová; em dificuldades, o governo se voltava ao Egito ou a Assíria pedindo ajuda; viviam escancaradamente na prática de todo o mal; abandonaram a Deus e se tornaram piores do que as nações gentias. É o seguinte o tema de Oséias: Israel, a esposa infiel abandona seu esposo compassivo, que a acolhe novamente. Oséias foi um profeta do reino do Norte. Profetizou na mesma época que Amós, Isaías e Miquéias em Judá. Seu ministério é o mais longo de todos os profetas. Os acontecimentos históricos a que se refere o livro de Oséias sobrem um período de mais ou menos 60 anos, até o cativeiro das dez tribos.

Oséias é o mais evangélico e o mais terno de todos os profetas.

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Esboço:

I. A formação do profeta (1:1-3:5)

II. Corrupção moral de Israel (4:1-8:14III. O julgamento inevitável (9:1-11:11)

IV. Israel repreendida por Deus (11:12-13:16)

V. Predição de arrependimento e restauração (14:1-9)

Livro de Joel

Abreviatura: JlAutor: JoelData: 835 A.C.Versículo-chave: 2:11Frase-chave: O Dia do Senhor

Conteúdo:

Pouco sabemos sobre Joel (Jeová é Deus), além do fato de que ele era filho de Petuel (1:1) e que, com toda a probabilidade, vivia em Jerusalém, pois demonstra profundo conhecimento sobre sua história e adoração. Pelas passagens de 1:13, 14 e 2:17 pode-se deduzir que ele não era sacerdote. Ele viveu e profetizou numa época quando o povo de Judá ainda não havia caído naquela extrema depravação que, em tempos posteriores, atraiu contra eles tão pesados castigos. Isso parece situa-lo ou no início do reino de Joás ou entre o reino de Joás e o de Uzias (2 Rs 11:17, 18; 12:2-16; 2 Cr 24:4-14). Provavelmente ele também era contemporâneo de Oséias e Amós e, assim eles se dirigiam a Israel, ele se dirigia a Judá. Isto foi após o reinado infame de Atalia (filha do iníquo casal Acabe e Jezabel).

A ocasião da profecia de Joel foi uma invasão extraordinariamente calamitosa de gafanhotos, que devastou a terra, destruiu colheitas e trouxe fome geral. Como muitos dos outros profetas, Joel predisse o futuro à luz do presente, considerando um acontecimento atual e iminente como símbolo de um acontecimento futuro. Por isso ele vê na invasão dos gafanhotos um indício da invasão vindoura do exército assírio (2:1-27). Projetando sua visão ainda mais para o futuro, vê a invasão final da Palestina pelos exércitos do Anticristo.

Esboço:

I. História (1:1-2:17)a. Descrição da praga de gafanhotos (1:2-12)b. Apelo e aviso aos sacerdotes (1:13-20)c. Os presságios do profeta (2:1-11)d. O apelo ao povo (2:12-17)

II. Predição (2:18-3:21)a. As bênçãos do futuro imediato (2:18-27)b. As bênçãos do futuro distante (2:28-32)c. A destruição final de todos os inimigos de Deus (3:1-21)

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Livro de Amós

Abreviatura: AmAutor: AmósData: 755 A.C.Versículo-chave: 4:12Frase-chave: Falsidade

Conteúdo:

Amós era nativo de Tecoa, uma pequena cidade cerca de dez quilômetros de Belém. Não era cortesão como Isaías nem sacerdote como Jeremias, mas pastor e cultivador de sicômoros. Por meio das comparações que ele freqüentemente empregou, fica claro que ele estava plena e pessoalmente familiarizado com as dificuldades e perigos da vida de boieiro. A vida lhe era difícil e havia pouco luxo. Por outro lado, seu negócio o levava certamente a cidades e mercados importantes onde, sem dúvida, se encontrava com caravanas de muitas terras. Um homem de seu calibre sempre mantém os ouvidos abertos para as notícias sobre homens e seus feitos em outros lugares. Isso explica seu surpreendente conhecimento sobre outras terras e outros povos. Conforme mostram os capítulos iniciais do seu livro, ele sabia muita coisa sobre a história, as origens e feitos das nações circunvizinhas. Devido a tais experiências e moldado por sua observação pessoal e condições na terra, desenvolveu-se ele como homem duro e severo, grande combatente, legítimo campeão dos pobres.

O profeta Amós tinha o cuidado de salientar que não era profeta profissional e que não ganhava a vida com profecias, mas com o pastoreio de ovelhas em Judá. É provável que ele tenha visitado o reino do Norte quando vendia lã, pois foi profeta durante o próspero reinado do rei Jeroboão II. Ele ficou chocado com o completo desprezo pela justiça em uma cidade como Betel, que se julgava muito religiosa. Seus discursos eram muito veementes e tocantes. Ele salienta que Israel era especialmente privilegiado como nação escolhida por Deus, portanto seu povo era duplamente culpado por negligenciar a justiça. O povo havia mantido sua rotina religiosa de sacrifícios, mas era tudo pura hipocrisia, já que eles haviam falhado em agir com justiça nos tribunais e nos fatos corriqueiros do dia a dia no que se refere aos desprivilegiados.

Esboço:

I. Prólogo (1:1, 2)

II. Declaração da destruição das nações (1:3-2:16)a. Damasco (Síria) (1:3-5)b. Gaza (Filístia) (1:6-8)c. Tiro (1:9-10)d. Edom (1:11, 12)e. Amom (1:13-15)f. Moabe (2:1-3)g. Judá (2:4, 5)h. Israel (2:6-16)

III. Proclamação da mensagem do profeta (3:1-6:14)a. Primeiro discurso (3:1-15)b. Segundo discurso (4:1-13)

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c. Terceiro discurso (5:1-6:14)

IV. Revelação do desígnio de Deus (7:1-9:10)a. A visão do gafanhoto devorador (7:1-3)b. A visão do fogo consumidor (7:4-6)c. A visão do prumo (7:7-9)d. Interlúdio histórico (7:10-17)e. A visão do cesto de frutas de verão (8:1-14)f. A visão do Senhor sobre o altar (9:1-10)

V. Epílogo (9:11-15)

Livro de Obadias

Abreviatura: ObAutor: ObadiasData: 586 A.C.Versículo-chave: 1:18Frase-chave: Julgamento contra Edom

Conteúdo:

Este é o livro mais curto do Antigo Testamento. Quem tenha sido Obadias, não possuímos meios para saber. Seu nome significava “servo de Jeová” e diversos personagens têm esse nome no Antigo testamento, mas nada existe para ligar este profeta com quaisquer outros Obadias.

A mensagem de Obadias era para Edom – o vizinho de Israel a sudeste – nos dias amargos que se seguiram à queda de Jerusalém em 586 A.C. O termo Edom é atribuído à Esaú e seus descendentes, ou seja, as nações de Israel e Edom possuíam parentesco, já que Esaú era irmão de Jacó (Israel). No tempo do êxodo, Israel buscou permissão para atravessar por uma estrada no território edomita, porém o pedido foi rejeitado (Nm 20:14-21). Não obstante essa descortesia Israel foi proibida de abominar seus irmãos edomitas (Dt 23:1, 8). A terra de Canaã foi dividida, mas não foram repartidas as terras de Edom. Os reis Saul e Davi guerrearam contra eles. Após a queda de Jerusalém, Edom se regozijou (Sl 137:7). Os profetas predisseram julgamento contra Edom, por causa de seu ódio amargo (Jr 49:7-22; Ez 25:12-14; Jl 3:19; Am 9:12; Ob 10 e segs.). Edom caiu nas mãos dos árabes durante o século V A.C. Um detalhe interessante que os Herodes eram edomitas.

Esboço:

I. A iminente destruição de Edom (1-9)

II. Comportamento de Edom para com Judá (10-14)

III. Julgamento de Edom e de todas as nações no Dia do Senhor; restauração de Judá (15-21)

Livro de Jonas

Abreviatura: JnAutor: Jonas

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Page 56: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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Data: 760 A.C.Versículo-chave: 4:2Frase-chave: Compaixão para Nínive

Conteúdo:

O livro de Jonas (pomba) gira inteiramente em torno das relações pessoais entre Jeová e Seu servo Jonas, filho de Amitai. Essas relações se originam numa comissão profética, da qual Jonas procurou evadir-se. Jonas descobriu que os pensamentos de Deus não eram os seus pensamentos e que seus caminhos não eram os caminhos de Deus. Mas Deus não deixou Jonas sozinho. Na primeira metade da história, Deus permite que Jonas chegue ao extremo de quase perder a própria vida, somente para em seguida restaura-lo à posição onde ele se encontrava antes dele tentar, por meios físicos, evitar o mandado de Jeová. Na segunda metade da história o Senhor permite que Jonas chegue ao extremo da depressão mental e espiritual, somente para revelar a ele a correção essencial de Seus misericordiosos propósitos.

O livro de Jonas é diferente de todos os demais livros proféticos. O livro de Jonas é uma repreensão contra o exclusivismo dos judeus que se conservavam a certa distância dos gentios e consideravam-se superiores a eles. Jonas também pregou às dez tribos no reinado de Jeroboão II (2 Rs 14:25-27).

Esboço:

I. A comissão a Jonas, dada e rejeitada (1:1-3)

II. A fuga de Jonas e a perseguição de Jeová (1:4-17)

III. A oração de Jonas no ventre do peixe (2:1-10)

IV. A comissão profética é reiterada e aceita (3:1-9)

V. Duas reações ao arrependimento de Jonas: Jeová desafia a Jonas (3:10-4:11)

Livro de Miquéias

Abreviatura: MqAutor: MiquéiasData: 700 A.C.Versículo-chave: 6:8Frase-chave: Equidade

Conteúdo:

A autoria desse livro é atribuída a Miquéias de Moresete (1:1), cuja terra identificada com Moresete-Gade, na Sepela ou terras baixas de Judá, foi o local geral de sua atividade profética (1:14). Era contemporâneo mais jovem de Isaías, e proferiu suas prégações durante os reinados de Jotão (742-735 A.C.), Acaz (735-715 A.C.), e Ezequias de Judá (715-687 A.C).

Embora tenha vivido num ambiente rural, Miquéias (quem é como o Senhor?) estava familiarizado com as corrupções da vida da cidade, em Israel e Judá. Suas denúncias

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foram dirigidas particularmente contra Jerusalém (4:10), e, à semelhança de Amós e de Isaías, obersvou como os ricos proprietários de terras se aproveitavam dos pobres (2:1 e segs.). Ele condenou a corrupção comum entre os líderes religiosos de seus dias (2:11), bem como as grosseiras injustiças perpetradas por aqueles cujo dever e vocação era manter a justiça da lei (3:10). O fato que tudo isso era levado a efeito numa atmosfera de falsa religiosidade (3:11) era, para Miquéias, de todos os insultos o pior.

Tal como seus contemporâneos do século VIII A.C., Amós, Oséias e Isaías, Miquéias salientava a retidão e a moralidade essenciais da natureza divina. Ele também se preocupou em destacar que essas qualidades possuem poderosas implicações éticas a respeito da vida do indivíduo e da comunidade igualmente. Se o povo de Israel e Judá tivessem de tomar a sério suas obrigações da aliança, a justiça que caracteriza a natureza de Deus teria de ser refletida numa situação semelhante entre o povo de Deus.

Esboço:

I. A ira vindoura (1:1-16)

II. Denúncia de Miquéias contra os obreiros do mal (2:1-3:12)a. Os gananciosos donos de terras (2:1-11)b. Governantes, profetas e sacerdotes (3:1-12)

III. O monte do Senhor (4:1-5)

IV. Oráculos sobre bênção e julgamento (4:6-5:1)V. A vinda do redentor (5:2-15)

VI. A controvérsia do Senhor com Israel (6:1-7:20a. Um apelo supremo (6:1-8)b. Denúncia contra o pecado da cidade (6:9-16)c. O profeta lamenta a corrupção existente (7:1-6)d. Confissão e doxologia (7:7-20)

Livro de Naum

Abreviatura: MqAutor: NaumData: 620 A.C.Versículo-chave: 3:5-7Frase-chave: Execução de Nínive

Conteúdo:

O nome Naum significa “conforto” ou “alívio” e era de Elcós, uma aldeia entre Jerusalém e Gaza. O seu livro tem um único tema saliente: a destruição de Nínive. É a seqüência da mensagem de Jonas, por cujo ministério os ninivitas foram conduzidos ao arrependimento e salvos do castigo iminente. É evidente que mudaram de opinião a respeito de seu primeiro arrependimento e de tal maneira se entregaram à idolatria, crueldade e opressão que, 120 anos mais tarde, Naum pronunciou contra eles o julgamento de Deus em forma de destruição completa.

Esboço:

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Page 58: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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I. Um acróstico alfabeto (1:1-15)a. O título do livro (1:1)b. O poema (1:2-8)c. O castigo dos inimigos

II. Um quadro tríplice (2:1-13)a. O cerco (2:1-6)b. O saque (2:7-10)c. A queda (2:11-13)

III. Um cântico de guerra (3:1-19)a. A iniqüidade de Nínive (3:1-7)b. Comparação com o Egito (3:8-15)c. A irremediável condenação (3:16-19)

Livro de Habacuque

Abreviatura: HcAutor: HabacuqueData: 607 A.C.Versículo-chave: 2:4Frase-chave: Vida pela fé

Conteúdo:

Nada sabemos a respeito de Habacuque fora das informações prestadas neste livro. O seu próprio nome é de significado incerto. Aparentemente vêm de um vocábulo assírio que significa uma planta ou vegetal. Outros fazem relação com uma palavra hebraica que quer dizer “abraço”.

Habacuque foi o primeiro profeta a impugnar não a Israel, porém a Deus. O que o deixava perplexo era a aparente discrepância entre a revelação e a experiência. Ele apresenta o quadro de um homem de Deus, embaraçado com a aparente tolerância de Deus pela iniqüidade. O profeta está rodeado por todos os lados da injustiça triunfante e não castigada. A princípio seu clamor por julgamento não é ouvido por Deus. Quando, finalmente é respondida a sua oração e pronunciado o julgamento de Deus, Habacuque não compreende como Ele pode usar os caldeus, que são mais ímpios e mais dignos de castigo do que suas vítimas. Ele leva sua inquietação a Deus que logo a dissipa. A resposta de Deus foi de que todo mal será punido no fim das contas. Enquanto isso, “os justos viverão porque são fiéis a Deus”.

Esboço:

I. Introdução (1:1)

II. A primeira queixa (1:2-4)- Por que os pecados do povo de Deus não são punidos?

III. A resposta de Deus (1:5-11)- Estou preste a punir: os caldeus são Meu instrumento.

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Page 59: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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IV. Segunda queixa (1:12-2:1)- Como um Deus santo pode usar um instrumento profano?

V. A resposta de Deus (2:2-4)- A insolência também será punida e a fé paciente será recompensada.

VI. Os cinco ais (2:5-20)

VII. Visão de julgamento (3:1-19)

Livro de Sofonias

Abreviatura: SfAutor: SofoniasData: 625 A.C.Versículo-chave: 1:14Frase-chave: O Dia do Senhor

Conteúdo:

O Nome Sofonias, que significa “O Senhor ocultou”, pode indicar que o profeta nasceu durante o período das atrocidades perpetradas por Manasses, o qual, de conformidade com a tradição, “serrou pelo meio” ao profeta Isaías (Hb 11:37). A única referência biográfica a respeito de Sofonias aparece no primeiro versículo do livro. A genealogia do profeta recua até quatro gerações, até Ezequias, mas não podemos determinar se este Ezequias era o rei de Judá, mas é provável que tenha sido.

Sofonias profetizou durante o reinado de seu aparentado, Josias, o bisneto de Ezequias. Josias subiu ao trono com a idade de oito anos (640 A.C.) e foi muito influenciado por Hilquias, o sumo sacerdote da época. Pode-se supor que Sofonias também tivesse exercido influência sobre o rei Josias, inclinando-o à piedade. Quando estava com dezoito anos de idade o jovem rei ordenou a renovação do templo, durante o qual processo foi encontrado no mesmo o “livro da lei de Jeová” (2 Cr 34 e 35). Quando foi lido na presença do rei e do povo de Jerusalém, as Escrituras produziram uma reforma na vida da nação (621 A.C.).

Sofonias provavelmente foi contemporâneo de Naum e Jeremias, mas não sabemos ao certo quanto durou seu ministério profético.

Esboço:

I. Profecia geral sobre os julgamentos de Deus (1:1-2:3)a. O julgamento declarado (1:1-6)b. O julgamento definido (1:7-13)c. O julgamento descrito (1:14-18)d. O julgamento ainda poderia ser evitado (2:1-3)

II. Profecia detalhada sobre os julgamento de Deus (2:4-3:8)b. Filístia (2:4-7)c. Moabe e Amom (2:8-11)d. Egito (2:12)e. Assíria (2:13-15)f. Jerusalém (3:1-8)

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III. Bênção prometida (3:9-20)a. Ao remanescente de Judá (3:9-13)b. Ao inteiro Israel de Deus (3:14-20)

Livro de Ageu

Abreviatura: AgAutor: AgeuData: 520 A.C.Versículo-chave: 1:7-8Frase-chave: Construção do templo

Conteúdo:

Alguns explicam que o nome “Ageu” significa “festivo” ou “exuberante”. Isto parece sugerir que seus pais foram guiados divinamente a escolher tal nome para seu filho. Parecem ter percebido que, embora ele semeasse entre lágrimas, haveria de colher com alegria. A profecia envolvida em seu nome, seja como for, foi cumprida, pois Ageu é um dos poucos profetas que teve o indizível prazer de ver amadurecerem os frutos de sua mensagem perante seus próprios olhos.

Ageu é um profeta pós-exílico e contemporâneo de Zacarias. Nesta época Judá havia retornado à Jerusalém. Os muros e as casas estavam em ruínas. O templo estava cheio de entulho e cinzas e havia seca pela terra. Em 536 A.C. as fundações do templo foram colocadas. Os inimigos de Judá politicamente conseguiram parar o trabalho por 16 anos. O povo tornou-se letárgico, adorando na estrutura inacabada do templo. As quatro mensagens de Ageu serviram para inspira-los para retomarem a construção.

Esboço:

I. Uma mensagem para príncipe e sacerdote (1:1, 2)

II. Uma mensagem para o povo (1:3-12)

III. Uma mensagem de encorajamento a todos (1:13, 14)

IV. Uma mensagem para o príncipe, o sacerdote e o povo (2:1-9)

V. Um apelo a todos para que meditem profundamente (2:10-19)

VI. Uma mensagem pessoal para o príncipe, como sucessor de Davi (2:20-23)

Livro de Zacarias

Abreviatura: ZcAutor: ZacariasData: 620 A.C.Versículo-chave: 3:5-7

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Page 61: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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Frase-chave: Execução de Nínive

Conteúdo:

Zacarias (o Senhor lembra) era filho de Baraquias e neto de Ido. Esdras se refere a ele como “filho de Ido” (Ed 5:1; 6:14), mas essa aparente contradição é removida simplesmente supondo que Baraquias faleceu antes de Ido. Juntamente com seu contemporâneo, Ageu, Zacarias tinha o alvo de encorajar os judeus na obra da reconstrução do templo. Reconstrução essa que estivera suspensa desde o primeiro ano de Ciro (538 A.C.). Zacarias nasceu na Babilônia, mas escreveu em Israel, sendo um dos profetas pós-exílicos. Seu livro possui muitas passagens messiânicas (3:8; 9:9; 11:12, 13; 12:10; 13:7 e 14:3-8).

Esboço:

I. A mensagem introdutória (1:1-6)

II. As oito divisões (1:7-6:8)

III. A coroação simbólica (6:9-15)

IV. Os enviados de Betel (7:1-8:23)

V. A restauração de Judá e a destruição de seus inimigos (9:1-10:12)

VI. A rejeição do rei-pastor e suas conseqüências (11:1-13:9)

VII. As vitórias finais do rei-pastor (14:1-21)

Livro de Malaquias

Abreviatura: MlAutor: MalaquiasData: 450 A.C.Versículo-chave: 4:56Frase-chave: Interrogação

Conteúdo:

Malaquias (meu mensageiro ou mensageiro do Senhor) foi o último dos profetas do Velho Testamento e também um profeta pós-exílico. Após ele segue-se um intervalo de 400 anos sem voz profética. Este período é conhecido como “interbíblico” ou “intertestamental”, e só é quebrado com João Batista.

Na época de seu ministério, os judeus tinham retornado do exílio impulsionados por altas esperanças. Inspirados por Ageu e Zacarias, haviam reconstruído o templo. Com a passagem dos anos os judeu foram ficando desiludidos. A prosperidade prometida não retornava. A vida era difícil. Estavam cercados por inimigos, como os samaritanos, os quais procuravam impedi-los em cada oportunidade. Sofriam por causa da seca e das más colheitas e da fome.começaram a duvidar do amor de Deus. Punham em dúvida a justiça de Seu governo moral. Diziam que o praticante do mal era bom aos olhos do Senhor.

Pr. Handerson Xavier

Introdução ao Antigo Testamento

Page 62: Apostila de Introdução ao Antigo Testamento

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Argumentavam que não havia proveito na obediência aos Seus mandamentos e em andar penitentemente perante Ele.

O profeta, então, começou a responder-lhes, mostrando-lhes que tal ceticismo se baseava na hipocrisia. Se lhes cabia a adversidade era por causa dos pecados do povo. Haviam pecados de todas as espécies: feitiçaria, adultério, desonestidade, opressão aos fracos, casamentos mistos e impiedade generalizada. Como poderiam esperar a prosperidade quando a não estava apodrecida com tais práticas?

Malaquias, em verdadeira nota profética, condenou os pecados e convocou o povo para que se arrependesse. Caso purificassem sua adoração, obedecessem à lei e pagassem seus dízimos na íntegra, então o resultado seria as bênçãos de Deus. O profeta percebia a salvação final para seu povo, não no arrependimento deles, mas na ação do Senhor. Raiaria o grande dia do Senhor. Esse dia purificaria e vindicaria os piedosos e destruiria os ímpios. Esse dia seria preparado com a vinda do profeta Elias.

Esboço:

I. O título (1:1)

II. O amor do Senhor por Israel (1:2-5)

III. Israel desonra ao Senhor (1:6-2:9)

IV. Condenação aos divórcios e ao casamento com estrangeiros (2:10-16)

V. O julgamento vindouro (2:17-3:6)

VI. O arrependimento, provado pelos dízimos, trará bênçãos (3:7-12)

VII. A futura vindicação aos piedosos (3:13-4:3)

VIII. Conclusão (4:4-6)

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TABELA DE PESOS, MEDIDAS E MOEDAS DA BÍBLIA

Ace: o mesmo que ceitilBato: cerca de 22 litros, unidade de medida de líquidosBeca: 1/4 de onça, 6,02gBraça: medida de profundidade, 2 metrosCabo: 1 litroCana: cerca de 3,30 metrosCeitil ou asse: moeda romana de cobre. 1/4 de cêntimo, ou 1/8 de dólarCôvado: cerca de 45 cmCoro (ou Ômer): 220 litros ou 10 alqueiresDárico: ouro – 5 dólares; prata – 64 centavos de dólar (o mesmo que o siclo)Denário: moeda romana de prata. Salário de um dia de trabalho.Didracma: Moeda grega de prata. 2 denáriosDígito (dedo): quase dois centímetrosDracma: Moeda grega de prata. 16 centavos de dólarEfa: cerca de 1 alqueire, unidade de medida para secos, 22 kgEstádio: 184 metrosEstáter: moeda grega de prata. 2 didracmas ou 4 denáriosGera: 1/40 de onça, 0,571 gHin: 3,6 litrosÔmer: medida de 220 litros (para líquidos) e 10 alqueires (para secos)Ômer: (outra palavra) 2,2 litrosJornada de um sábado: cerca de 1,5 quilômetrosJornada de um dia: cerca de 32 quilômetrosLepto: moeda de cobre ou bronze. 1/2 do quadrante ou 1/128 do denárioLethech: cerca de 5 1/2 alqueires, ou 88,11 kgLogue ou sextário: 0,3 litrosLibra: 16 dólaresLibra prata: cerca de 20 ou 40 dólares (dois padrões)Libra ouro: cerca de 300 ou 600 dólares. Proporção de prata para ouro: 15 por 1Largura da mão: 7,6 cmManeh (mina): cerca de 500 gramasMeio siclo: igual a um didracmaMetreta: cerca de 38 litrosMilha romana: 8 estádios. 1.479 metrosMina: moeda grega de ouro. 100 denáriosPalmo: 22,2 centímetrosQuadrante: moeda romana de cobre. 1/4 do asse ou 1/64 do denárioSeah: 7,0 litros

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Siclo: Unidade de peso. 9,5 gramas. Siclo: Unidade monetária. Igual a 4 denáriosTalento: cerca de 1.000 dólaresTalento de prata: 6.000 denáriosTalento de ouro: cerca de 60 ou 30 kg; 30.000 ou 15.000 dólaresTetracma: moeda grega de prata. 4 dracmas ou 4 denáriosTiro de arco: 100 a 150 metrosTiro de pedra: 20 a 30 metros

MEDIDAS DE TEMPO

Hora: 1/12 do dia e 1/12 da noite; a extensão da hora variava de acordo com a estação do ano. As horas do dia eram contadas a partir do nascer do sol e as da noite, a partir do pôr-do-sol (Mt 20:3).

Vigília: os israelitas dividiam a noite em 3 vigílias, sendo cada uma de 4 horas (Jz 7:19); os romanos a dividiam em 4 vigílias, com 3 horas cada uma (Mt 14:25).

Noite: 12 horas, do pôr-do-sol até o seu nascer (Gn 7:4).

Dia: podia ser da extensão de 12 horas, do nascer ao pôr-do-sol (Gn 7:4), ou de 24 horas, de um pôr-do-sol até outro (Ex 28:8-11).

Semana: 7 dias, terminando com o sábado (Ex 20:10).

Mês: 29 a 30 dias, iniciando com a lua nova (Nm 28:14)

Ano: 12 meses lunares (354 dias; 1 Cr 27:1-15). De três em três anos acrescentava-se um mês (pela repetição do último mês) para tirar a diferença entre os 12 meses lunares e o ano solar.22.

DATAS IMPORTANTES DO VELHO TESTAMENTO

Abraão...............................................................Cerca de 2000-1850 a.C.Jacó...................................................................Cerca de 1800-1700 a.C.José...................................................................Cerca de 1750-1650 a.C.Moisés.......................................................... Cerca de 1400 ou 1300 a.C.O Êxodo........................................................Cerca de 1400 ou 1300 a.C.Rute............................................................................ Cerca de 1125 a.C.Samuel....................................................................... Cerca de 1075 a.C.Saul............................................................................ Cerca de 1050 a.C.Davi ........................................................................... Cerca de 1011 a.C.Salomão....................................................................... Cerca de 971 a.C.Divisão do Reino.......................................................... Cerca de 931 a.C.Cativeiro de Israel........................................................ Cerca de 722 a.C.Conquista de Judá pela Babilônia................................Cerca de 605 a.C.Destruição de Jerusalém..............................................Cerca de 587 a.C.Volta do cativeiro ......................................................... Cerca de 538 a.C.

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Reconstrução do Templo............................................. Cerca de 520 a.C.Esdras parte para Jerusalém....................................... Cerca de 458 a.C.Neemias reedifica os muros ........................................Cerca de 444 a.C.

O TABERNÁCULO

O Tabernáculo tinha 15 metros de comprimento por 5 de largura e 5 de altura. Era feito de tábuas perpendiculares e coberto de cortinas. Tinha a frente para o oriente.

As tábuas, 20 de cada lado norte e sul, 6 na extremidade ocidental, mediam de comprimento 5 metros e quase 1 metro de largura. Eram de madeira dura de acácia, de fibra compacta, e cobertas de ouro. Tinha cada uma 2 espigas para se ajustarem entre si, levantadas sobre 2 bases de prata; e presas com 5 barras que passavam por argolas de ouro nas tábuas.

As cortinas, em número de 10, cada uma com 14 metros de comprimento por 2 de largura, eram feitas de linho finíssimo, azul púrpura e escarlate, com querubins primorosamente trabalhados nelas; eram ajuntadas aos pares com colchetes de ouro em laçadas de azul para formarem um só cortinado. Este cortinado, assim constituído de 10 cortinas, media 20 metros ao leste e ao oeste, 14 metros ao norte e ao sul, caindo os 5 metros excedentes sobre a parte posterior do Tabernáculo. Este cortinado estendia-se sobre o espaço delimitado pelas tábuas de ouro, formando o Tabernáculo propriamente dito.

O ouro e a prata empregados na construção do Tabernáculo e sua mobília estiman-se em cerca de 1 milhão e 150 mil dólares. Os tesouros que os egípcios deram supriram tudo isto (Ex 12:35).

A parte mais interna do Tabernáculo era conhecida como “Santo dos Santos” ou “Santíssimo Lugar”. Ali havia uma única mobília: A Arca da Aliança.

Pr. Handerson Xavier

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Era uma caixa de 1,20 metros de comprimento, 0,75 metros de largura e 0,75 metros de altura. Era feita de madeira de acácia, recoberta de ouro puro. Continha as duas tábuas dos Dez Mandamentos, um vaso com maná e a vara de Arão.

O propiciatório era a parte superior da arca, uma tampa de ouro maciço. Um querubim de cada lado, formando uma só peça com a tampa, um defronte do outro, suas asas abertas, olhando os dois para o Propiciatório. A arca provavelmente perdeu-se no Cativeiro Babilônico. Em Ap 11:19, João viu a arca “no templo”. Mas isso foi em visão, não querendo certamente dizer que a própria arca material lá estivesse; porque no céu não terá templo, Ap 21:22. No Santo dos Santos só era permitida a entrada do sumo sacerdote no Dia da Expiação.

Uma espessa cortina separava o Lugar Santo do Santo dos Santos. Em Mt 27:51, este véu é rasgado no templo de Jerusalém, significando que toda separação entre Deus e o homem estava cancelada para aqueles que aceitam a Jesus.

No Lugar Santo havia mais algumas mobílias:

O Castiçal ou Candelabro: Era feito de ouro puro. Uma haste no centro com 3 ramos de cada lado. Presume-se que tivesse mais de 1,50 metros, por 1 metro na parte superior, de um extremo ao outro dos ramos. Era alimentado de puríssimo óleo de oliva e aceso diariamente (30:7,8).

A Mesa dos Pães da Proposição: 1 metro de comprimento. 50 centímetros de largura, 70 centímetros de altura. Feita de acácia, revestida de ouro puro. Destinava-se a contes 12 pães perpetuamente, substituídos cada sábado. Ficava no lado norte do Lugar Santo. Era símbolo de gratidão a Deus pelo pão de cada dia.

O Altar de Incenso: 1 metro de altura, quadrado, 50 centímetros de cada lado. Feito de madeira de acácia, revestido de ouro puro. Ficava defronte do véu. Devia-se queimar incenso nele perpetuamente, de manhã e à tarde (Ex 30:8). Simbolizava a oração perpétua (Ap 8:3-5).

Ao lado de fora ficava o pátio. Este era o ponto máximo em que aqueles que não eram sacerdotes podiam chegar. No pátio havia:

O Altar dos Holocaustos: Grande altar para o sacrifício de animais. Quadrado, 2,50 metros de cada lado, 1,50 metro de altura. Feito de tábuas de acácia; revestido de cobre; oco para encher-se de terra. Tinha uma saliência à volta, de baixo até ao meio dele, onde os sacerdotes se postavam. Ficava ao oriente do Tabernáculo, perto da entrada do pátio.

A Bacia ou Pia: Uma grande bacia de cobre para conter água, destinada à lavagem das mãos e pés dos sacerdotes, antes de ministrarem no altar, ou na tenda. Significava limpeza, sem sentido literal e também do pecado.

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A Arca da Aliança

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MAPAS

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O CÓDEX SINAITICUS: Exemplar mais antigo de uma Bíblia já encontrada. Está disponível para consulta na internet: http://www.codexsinaiticus.org/

CODEX ALEXANDRINUS: Possui a Septuaginta e partes do Novo Testamento.

LINKS ÚTEIS:Biblioteca Britânica. Manuscritos digitalizados para consulta: http://www.bl.uk/Os Manuscritos do Mar Morto digitalizados: http://dss.collections.imj.org.il/

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