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1 ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS DISCIPLINA: Ética Empresarial e Responsabilidade Socioambiental Campina Grande 2012

Apostila o que é ética-1

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ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS

DISCIPLINA: Ética Empresarial e Responsabilidade Socioambiental

Campina Grande 2012

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O QUE É ÉTICA? È necessário inovar e ser ousado. Levar a discussão sobre ética nas empresas é inovar e ousar. Nesta primeira lição é necessário definir o que entendemos por ética. 2.1 O POQUÊ DA ÉTICA, DA MORAL E DA LEI

É comum você encontra pessoas nas empresas perguntando constantemente: que devo fazer? Será correto fazer isso? Por que a empresa em que trabalho é assim? A empresa não deveria ser diferente? Diariamente nos vemos frente a frente com situações ou problemas que nos levam a fazer tais perguntas. Sempre perguntamos sem nos questionarmos por que o fizemos. Elas fazem parte da nossa normalidade. Qual a minha atitude perante a situação de um colega de trabalho que esta correndo algum tipo de risco? Devo ajudá-lo, mesmo correndo o risco de perder, talvez, o emprego ou algum tipo de negocio? Não fomos educados a refletir sobre estas questões. Respondemos a tudo de forma automática reproduzindo formular já presente em nosso meio social. Geralmente seguimos as normas do nosso grupo social e nos sentimos dentro da normalidade. 2.2 CONCEITO DE MORAL

Quando falo de normas do nosso grupo, estou falando de valores morais. A palavra moral vem do latim mos (singular) e mores (plural), que significa costumes. Moral é o conjunto de hábitos e costumes, efetivamente vivenciados por um grupo humano. Nas culturas dos grupos humanos estão presentes hábitos e costumes considerados válidos porque bons; bons porque justos; justos porque contribuem para a realização das pessoas.

Há hábitos e costumes relativos a conteúdos julgados fundamental, indispensáveis para as pessoas, são consignados na forma de leis. 2.3 CONCEITO DE LEI

Leis são acordos de caráter obrigatório, estabelecidos entre pessoas de um grupo, para garantir justiça mínima, ou direitos mínimos de ser. Sem duvida nenhuma, a lei não é a justiça, isto é, o cumprimento da lei não é o máximo que as pessoas conseguem desenvolver em prol da própria realização. A lei é um instrumento para fazer justiça.

Toda lei deve ser uma ordenação da razão em vista do bem comum promulgada por quem tem o cargo de chefia na comunidade. Segundo Camargo (1999), a fim de satisfazer o conteúdo ético, toda lei deve primar pela justiça, isto é, deve prescrever o que está de acordo com a natureza, a dignidade do ser humano; assim, ao determinar varias horas extras de serviço, deve-se questionar se isto não está prejudicando a saúde do trabalhador; em seguida, deve-se prever a possibilidade de a lei ser cumprida.

A justiça não é tomada por Rawls (1999) nem em sentido aristotélico nem no sentido kantiano; para ele, a justiça não é uma virtude nem um direito, mas sim, um princípio fundador de uma sociedade bem ordenada. O ponto essencial é que, em matéria de justiça política, nenhuma concepção moral geral pode fornecer um fundamento publicamente reconhecido para a concepção da justiça no quadro de um estado democrático moderno.

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2.1 CONCEITO DE ÉTICA

Quando há consenso e aceitação dos costumes e valores morais estabelecidos não há necessidade de muito discussão sobre eles. Quando surgem questionamentos sobre a validade de determinados valores ou costumes, surge a necessidade de fundamentar teoricamente estes valores vividos de uma forma pratica. Aqui aparece o conceito de ética, que vem do termo grego: ethos, modo de ser, caráter. A ética é definida como o conjunto das praticas morais de uma determinada sociedade, ou, como os princípios que dão rumo a estas praticas.

O conceito de ética é usado para se referir a teoria sobre a pratica moral. É uma reflexão teórica que analisa e critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral, isto é, a dimensão pratica de nossa vida.

É comum na historia encontrar pessoas que propõem um sistema ético criticando a moral vigente e propondo uma mudança radical nos valores e normas estabelecidas da sociedade. Ética é a reflexão sobre a ação humana, para extrair dela o conjunto excelente de ações. É uma ciência que tem por objeto a moral e a lei, e pretende aprimorar as atividades realizadas de si desenvolvidas pelos indivíduos, pela busca do bem em função do conteúdo de justiça a que pode dar continuidade. A ética propõe rumos possíveis para o aperfeiçoamento da moral e da lei. Muitos filósofos e lideres se encontram nesta condição.

No nosso cotidiano nos encontramos domesticados pelos valores morais vigentes. A experiência ética fundamental é descobrir a diferença entre o que é e o que deveria ser. Nas organizações muitos dirigentes querem fazer o que querem e não se perguntam o que deve ser feito. O fato de não saber como agir numa determinada situação nos mostra que os seres humanos são seres inacabados. Por isso é que cada um, ou cada grupo, cria respostas e soluções diferentes para perguntas e problemas semelhantes.

O grande desafio de nossas vidas é o processo de construção do nosso ser. Construir ou conquistar o nosso ser. Só quando superamos a visão da realidade existente como algo inesquecível e absoluto é que podemos imaginar, sonhar e pensar sobre uma outra realidade deferente e melhor. Somente assim, poderemos pensar em mudança real e verdadeira em nossas organizações. Caso contrario, tudo não passa de uma orquestração de mudanças com base na normalidade. Mudar para dizer que estamos mudando não é nada ético nas organizações. A mudança só é verdadeira quando há mudança de ser, isto é, quando nos tornamos éticos. A ética é a arte que torna bom aquilo que é feito (operatum) e quem o faz (operantem). É a arte do bom, ciência do bom.

A seguir farei um pequeno comentário sobre a concepção ética de três grandes gigantes da filosofia: Platão, Aristóteles e Habermas

2.5 A CONCEPÇÃO DE ÉTICA EM PLATÃO

A ética de Platão consiste na aplicação da doutrina das idéias e, em particular, da idéia do Bem à vida humana. A moralidade consiste, para Platão, na participação da idéia do Bem no agir humano ou, em outras palavras, na imitação do Bem. Como se realiza esta imitação do Bem no agir humano? Na realidade, as pessoas diferentes na escolha dos meios que conduzem à felicidade. Para uns a felicidade consiste no prazer e, para outros, na sabedoria.

Platão, no Filebo, resolve a questão da seguinte maneira. A felicidade deve ser algo que se baste a si mesmo. Logo, nem só na sabedoria, nem, muito menos, só no prazer consistirá a felicidade pois não se bastam a si mesmo. A felicidade deve encontrar-se, pois, na harmonia de ambos; numa vida mista, em que entrem igualmente a sabedoria e o prazer, porém com predomínio da sabedoria. Porém nem todo prazer é apto para a felicidade. Os prazeres do corpo são só sombras de prazer. O verdadeiro prazer consiste no gozo da ciência e da verdade, que acompanha precisamente a sabedoria.

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Por outra parte, existem as ciências aparentes – como as empíricas – e as ciências verdadeiras, entre as quais, em primeiro lugar, corresponde a ciência das idéias.

A felicidade consistira, pois na conjunção do verdadeiro prazer com a ciência verdadeira, embora com predomínio desta ultima, por estar mais perto do Bem que do prazer.

Esta harmonia da alma em que consiste a felicidade e o bem moral, somente pode ser alcançada mediante a virtude (Arete). O vicio é uma perturbação, uma doença e uma fraqueza da harmonia.

A virtude, como a própria harmonia, é uma, porém se subdivide em quatro, segundo as partes da alma:

Quadro 01 – A virtude e as partes da alma em Platão

Fonte: criação do autor. A virtude suprema é a sabedoria, e tal sorte que quem a possui, possui todas

as outras (identificações socráticas da ciência com a mobilidade). A República é a obra-prima de Platão e como que a summa de seu

pensamento filosófico. Um estado nasce porque cada um de nós não é autárquico, isto é, não se basta a se mesmo e tem necessidade dos serviços de muitos outros homens.

* Em primeiro lugar, são imprescindíveis os serviços de todos aqueles que

provem às necessidades matérias, desde o alimento até as vestes e a habitação.

* Em segundo lugar, são necessários os serviço de alguns homens responsáveis pela guarda e defesa da cidade.

* Em terceiro lugar, é necessário a dedicação de alguns poucos homens que saibam governar adequadamente.

A cidade necessita, portanto, de três classes sociais:

a) A dos lavradores, artesãos e comerciantes; b) A dos guardas; c) A dos governantes.

A primeira classe é constituída de homens nos quais prevalece o aspecto “concupiscível” da alma. Essa classe social é boa quando nela predomina a virtude da “temperança”.

A segunda classe é constituída de homens nos quais prevalece a força “irascível” (volitiva) da alma. A virtude dessa classe social deve ser a fortaleza ou a coragem.

A terceira classe são os governantes que deverão ser aqueles que tenham amado a cidade mais do que os outros, tenham cumprido com zelo sua própria missão e, especialmente, tenham aprendido a conhecer e contemplar o bem.

Nos governantes, portanto, predomina a alma raciona, e sua virtude especifica é a sabedoria.

A justiça nada mais é do que se estabelece entre essas três virtudes. Quando cada cidadão e cada classe social desempenham as funções que lhes são próprias, da melhor forma e fazem aquilo que por natureza e por lei são convocados a fazer então realiza-se justiça perfeita.

Á parte intelectiva corresponde a sabedoria Sofia

À parte irascível corresponde a fortaleza andreia

À concupiscível corresponde a temperança sofrosyne

À quarta virtude corresponde a justiça dikaiosyne

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Existe, portanto, uma correspondência perfeita entre as virtudes da cidade e as virtudes do indivíduo.

No final do livro IX da República, Platão afirma que “pouco importa se exista ou possa existir” tal cidade. Basta apenas que cada um viva segundo as leis dessa cidade, isto é, segundo as leis do bem e da justiça.

Desse modo, antes mesmo de realizar-se na realidade exterior, isto é, na historia, a cidade platônica realiza-se no interior do homem. Ai se encontra, definitivamente, a sua verdadeira sede.

O Platão ancião das Leis, suavizou muitos dos exageros utópicos de sua primeira concepção do Estado, pois os homens não são na realidade tão perfeitos como os exige o Estado ideal.

Por isso, no Estado rela não reinam os filósofos ou os sábios, mas as melhores leis. A propriedade privada é licita a todos, porém deve ser limitada por certas leis.

O matrimonio é lícito para todos, mais ainda, impõe-se como obrigatório, porém há certas leis que o regulam, por exemplo, quanto ao numero de filhos a procriar. A educação da prole continua sendo publica e em comum.

Não se confia tanto na sabedoria racional dos governantes e guardiões. A cidade será mantida, na medida em que repousar sua vida numa estrutura legal sábia e num sentimento religioso profundo. 2.6 A CONCEPÇÃO DE ÉTICA EM ARISTÓTELES

O estudo da conduta ou do fim do homem como individuo é a ÉTICA. O estudo da conduta e do fim do homem como parte de uma sociedade é a POLÍTICA. Todas as ações humanas tendem a “fins” que são “bens”. O conjunto das ações humanas e o conjunto dos fins particulares para os quais elas tendem subordinam-se a um “fim ultimo”, que é o bem supremo, que todos os homens concordam em chamar de “felicidade”. Mas o que é felicidade?

O bem supremo realizável pelo homem (e, portanto, a felicidade) consiste em aperfeiçoar-se enquanto homem, ou seja, naquela atividade que diferencia o homem de todas as outras coisas. O homem que quer viver bem deve viver sempre segundo a razão. Se estabelecemos como função própria do homem certo tipo de vida (precisamente essa atividade da alma e as ações acompanhadas da razão) e como função própria do homem de valor o concretizá-la bem e perfeitamente, então, o bem do homem consiste em uma atividade da alma segundo a sua virtude e, quando as virtudes são mais de uma, segundo a melhor e a mais perfeita. Mas é preciso acrescentar: em uma vida completa. Com efeito, uma andorinha não faz verão, nem um só dia: da mesma forma, um só dia não faz nenhum homem bem-aventurado ou feliz.

Assim, Aristóteles proclama os valores da alma como valores supremos, embora, com seu forte senso realista, reconheça uma utilidade também aos homens materiais em quantidade necessária, já que eles, mesmo não estando em condições de dar a felicidade com sua presença, podem (em parte) comprometê-la com sua ausência.

Todos os homens tendem à felicidade, que é o fim ultimo do homem. Para Aristóteles, a vida contemplativa é a fonte da felicidade. A felicidade é uma conseqüência da posso do verdadeiro bem, ou como um resultado da atividade própria do homem. Portanto, só o exercício da contemplação pode produzir felicidade verdadeira.

Já que a felicidade foi definida como a atividade da alma segundo as virtudes, é preciso determinar agora o que se deve entender por virtude. Para Aristóteles há dois tipos de virtudes humanas; umas, éticas ou morais, que consistem em dominar as tendências e impulsos irracionais, próprios da alma sensitiva, e, outras, que correspondem à parte e que o estagirita chama dianoéticas ou intelectuais.

Nas virtudes éticas Aristóteles distingue dentro da alma sensitiva, as paixões, que são movimentos transitórios da afetividade, as potencias que são raiz ativa dos

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atos humanos, e as disposições adquiridas ou hábitos, qualidades estáveis que outorgam ao sujeito uma facilidade para realizar certos atos.

Os hábitos bons são as virtudes, e os mais, os vícios. Não são paixões porque estas, como são dadas pela natureza, não são nem boas nem más; em compensação, os hábitos podem ser bons ou maus, pois são perfeições ou imperfeições das potencias, que se adquirem livremente com o exercício.

Segundo Aristóteles, as virtudes morais não são nem um efeito inato da natureza, nem algo contrario a ela: o homem está predisposto a adquiri-las, ao repetir muitas vezes um mesmo ato. A natureza nos dá inclinações e potencias que logo devemos atualiza: “praticando a Justiça nos tornamos justos, praticando a temperança, temperantes”

A virtude implica justa proporção, justo meio entre dois excessos. A virtude ética é a justa medida entre dois vícios opostos, ou seja, entre o participar por excesso ou por defeito numa mesma emoção. Quadro 02 – Quadro das virtudes em Aristóteles

Fonte: criação do próprio Autor.

Virtudes, segundo Aristóteles, é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consistente numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um principio racional próprio do homem dotado de sabedoria pratica. E é um meio-termo entre dois vícios; “um, por excesso, e outro, por falta” (Ética a Nicômaco, 1107ª, 1). Três critérios estão indicados, por Aristóteles, para nos certificarmos a respeito da existência da virtude. Ela é uma disposição de caráter que leva a pessoa a agir:

* Fora dos extremo, quer por excesso quer por falta. * É um agir segundo um principio racional: a reta razão. * Se espelha no exemplo dos homens dotados de sabedoria prática (phrónesis). As virtudes são as que se referem à alma racional e chama-se prudência ou

sabedoria prática (phronesis) ou sabedoria (Sophia), conforme se referem às coisas contingentes e variáveis ou as coisas necessárias e imutáveis. A prudência é prática. A sabedoria é teórica.

Na Ética a Nicômaco afirma também Aristóteles: Parece que a felicidade necessita de bens exteriores, já que é impossível, ou não é fácil, praticar boas ações quando não se possui meios econômicos. Na verdade, há muitas coisas que são feitas graças aos amigos, à riqueza e ao poder público. Quem é muito feio, de uma origem obscura, vive só e não tem filhos, não pode ser feliz, e ainda é menos feliz se, por desgraça, tem filhos degenerados ou, se eles são bons, os vê morrer. Em suma, na vida, para se alcançar a felicidade, é necessário ter-se também um pouco de sorte. (Ética a Nicômaco I, 8, 1099a 31 b 7)

Virtude ética Por excesso Por defeito

A mansidão A ira A impassibilidade

A coragem A temeridade A covardia

O pudor A impudência A timidez

A temperança A intemperança A insensibilidade

A justiça O lucro A perda

A liberdade A prodigalidade A avareza

A amabilidade A hostilidade A adulação

A seriedade A complacência A soberba

A magnanimidade A vaidade A modéstia

A magnificência A faustosidade A mesquinhez

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A escolha deliberada (livre) não se identifica, sem mais, com o voluntario, pois

existem atos voluntários que não são livre; como aqueles que a criança faz, espontaneamente; ou mesmo aqueles que os adultos realizam, repentinamente, sem tempo para deliberação.

Segundo Aristóteles, o homem é naturalmente um animal político (politikón zôon). Aquele que “fosse incapaz de integrar-se numa comunidade (koinonia), ou que seja auto-suficiente a ponto de não ter necessidade de fazê-lo, não é parte de uma cidade, por ser um animal selvagem ou um deus”. (política 1, 1253 a).

A comunidade perfeita, para os gregos, era a polis. O indivíduo não se realiza em si mesmo, mas somente na medida em que se transcendem e se integra na vida dessa comunidade, que é a polis. Para ele, indivíduo e sociedade se ordenam um para o outro harmoniosamente.

Enquanto animal racional o homem tem como meta final a vida de contemplação (teoria) das verdades absolutas, para o que se requer distanciamento das atividades políticas. A teoria ou contemplação é que permite a Sophia, ou seja, a sabedoria.

Enquanto animal político, o homem tem como meta integrar-se plenamente na vida da polis. É o reino da phrónesis, sabedoria prática, no qual as certezas não existem, e o ser humano tem de contar com as decisões prudenciais.

As virtudes integrantes de uma organização definem seu clima ético, componente fundamental da cultura empresarial. Os stakeholders acabam por solidificar sua confiança na empresa, pela percepção que têm de sua cultura. Ele espera encontram, por exemplo, muita dedicação aos clientes, cooperação com a comunidade, respeito às pessoas, trabalho em equipe, espírito empreendedor e integridade nos profissionais de todos os níveis hierárquicos.

2.7 CONTRIBUIÇÃO DE HABERMAS PARA A REFLEXÃO ÉTICA

Filosofo alemão contemporâneo, herdeiro da Escola de Frankfurt, Habermas desenvolve uma teoria critica da sociedade contemporânea a partir de uma critica dos modos de racionalidade nela encarnados. Habermas faz parte da segunda geração da Escola de Frankfurt.

A segunda geração incorpora nomes novos que reconhecem o pós-capitalismo como fase dominante no mundo ocidental, a crise do Estado do bem-estar social e o surgimento da sociedade da informação. Habermas é um dos que reconhecem a incapacidade da teoria critica clássica para adaptar-se a novas condições e destaca um novo ator social, o cidadão ilustrado, e outro é o de incorporar novas teorias que integrem uma perspectiva interdisciplinar em suas bases teóricas.

A teoria critica de Habermas busca uma reflexão sobre as ideologias com vistas a emancipação dos seres humanos rumo a um sistema dominado pela razão e pela ética. Para Habermas, “não é propriamente a razão que está em crise, mas uma forma atrofiada e reducionista de razão que se fez dominante nos últimos séculos” (OLIVEIRA, 1990, p. 81-82). Busca resgatar o potencial de criticidade por meio da elaboração de uma teoria de ampla da racionalidade.

O projeto iluminista ainda não esgotou suas possibilidades, segundo Habermas. A idéia de libertação, isto é, de sua emancipação, teria duplo sentido: dominar as forças da natureza, colocando-as a seu serviço, e superar as escravidões que os homens mutuamente se impuseram, especialmente pela força dos dogmas, das crenças e das ideologias. De acordo com sua analise, houve um desenvolvimento desigual entre os dois sentidos propostos: os homens obtiveram um grande domínio tecnológico sobre a natureza, mas não souberam encaminhar devidamente os problemas da convivência da ética e da justiça social; a razão técnico-instrumental floresceu e subjugou a razão prática (ROUANET, 1987, p. 341 e ss.; FREITAG, 1993a, p. 66 e ss.).

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Habermas identifica na raiz desse processo a concepção positivista de ciência que, baseada num reducionismo empírico-instrumental, tem-se arvorado dona da racionalidade exaltando as questões dos valores, da ética e da justiça para o âmbito da irracionalidade científica. A alternativa que Habermas encontra é a da construção de uma teoria ampla da racionalidade, capaz de submeter à crítica a concepção positivista, bem como dar conta das questões políticas da convivência humana.

A mudança de paradigma que Habermas propõe é a de que o parâmetro da racionalidade de crítica deixa de ser o sujeito cognoscente que se relaciona com os objetos a fim de conhecê-los e manipulá-los, passando a ser a relação intersubjetiva que os sujeitos entre si estabelecem a fim de se entenderem sobre algo (HABERMAS, 1992 i, p. 499).

O interesse de Habermas é elaborar uma teoria da racionalidade que contemple, além do elemento cognitivo-instrumental, o elemento prático-moral e o elemento estético-expressivo (HABERMAS, 1990b, p. 291).

Não houve apenas um avanço da razão instrumental sobre os âmbitos indefinidos, mas uma assimilação dessa como única forma de racionalidade possível. Habermas se propõe resgatar o potencial de racionalidade que emerge de contextos interativos; tal resgate consiste na reconstrução racional do agir comunicativo.

A teoria da ação comunicativa se propõe a “investigar a razão inscrita na própria prática comunicativa cotidiana e reconstruir a partir da base de validei da fala um conceito não reduzido de razão”. (HABERMAS, 1989a, p. 506)

Habermas elabora uma teoria dos interesses do conhecimento, isto é, um ponto de partida que relaciona os tipos de conhecimento com os interesses que tem cada um. Os interesses atuam como verdadeiras forças dinamizadoras e orientadoras do saber. Estes são os tipos de interesses: interesses técnicos, interesses práticos e interesses emancipatórios.

O interesse técnico orienta a relação do ser humano com a natureza, com vistas à manipulação técnica da realidade mediante o trabalho, e se expressa através das ciências da natureza (empírico-analíticas). O interesse prático orienta a relação do ser humano com os demais seres humanos mediante a ação prática, com vistas à comunicação intersubjetiva e ao entendimento, e se expressa nas ciências hsitórico-hermenêuticas.

No interesse emancipatórios, tanto o técnico como o prático estão relacionados, também utilizam diferentes linguagens, por sua orientação meramente teórica e explicativa, este tipo de interesse reconhece o processo histórico que, mediante a relação do ser humano com a natureza e com os outros seres, conduza rumo à libertação da opressão e rumo ao social. Este interesse se expressa mediante as ciências sociais críticas (psicanálise, crítica das ideologias, filosofia crítica e outras). A capacidade de auto-reflexão é essencial neste interesse.

A racionalidade comunicativa mostra-se atuante no processo de reprodução da sociedade sob o ponto de vista de suas estruturas simbólicas: as tradições culturais, as solidariedades sociais e as identidades pessoais. Com isso o conceito de agir comunicativo torna-se importante. Reprodução no sentido de integração social operada através da reprodução simbólica do mundo da vida.

Habermas propõe em sua teoria crítica que se compreenda a sociedade como unidade constituída de sistema e mundo de vida, contemplando ao mesmo tempo os domínios da razão instrumental e da razão comunicativa. A percepção adequada dos complexos problemas de reprodução da sociedade estaria condicionada, assim, à devida consideração desses dois domínios de racionalidade e das relações que se estabelecem entre as duas formas de interação: a social, mediada por um consenso normativo, e a sistêmica, baseada em conexões funcionais.

A possibilidade de uma perspectiva crítica capaz de identificar e de enfrentar as patologias do mundo atual exige, em todo caso, o parâmetro da razão comunicativa. É esta que deve controlar, em última instância, os processos sistêmicos, colocando-os a serviço das finalidades humanas comunicativamente estabelecidas. A ordem do dia consiste em preservar e ampliar os espaços nos quais a razão

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comunicativa pode ser cultivada, delimitando-se claramente os espaços de atuação da razão instrumental (FREITAG, 1993b, p. 62).

Nossa intuição quanto à possível fecundidade da reflexão habermasiana para a economia se deve à constatação de que os objetivos gerais da economia se colocam na perspectiva de transformar os recursos em bens e serviços para suprir as necessidades das pessoas.

Nesse sentido queremos propor o espaço do conhecimento como espaço privilegiado do agir comunicativo. Acreditamos que a elaboração teórica de Habermas evoca um grande sentido estratégico que importa ser explicitado.

Pretende-se evidenciar o que se expressa como conteúdo normativo da teoria da ação comunicativa, esclarecendo que conseqüências podem resultar desse conteúdo normativo para a práxis na área produtiva.

Não se pode negar que neste começo de século, a filosofia registra o fato auspicioso da extraordinária ascensão da ética. O debate ético, hoje, está ao alcance de todos os interessados na discussão de problemas morais. A ética ao alcance de todos renasce. Seu desafio é encontrar um ponto de partida novo, abrangente e capaz de interpretar o homem, a terra, e o universo nas suas novas circunstâncias.

Entra-se na fase da política global em matéria de saúde, educação, economia, tecnologia e ecologia. Nesta perspectiva global, em nossos dias a questão central é esta: qual a importância da teoria do agir comunicativo para compreendermos o valor inestimável do ser humano neste final de século?

Tem-se consciência que para responder a esta questão não basta um paradigma ético, limitado ao alcance e de suas premissas. Os modelos religiosos, filosóficos e científicos também são insuficientes quando unidirecionais. Num mundo pluralista como o nosso, é preciso que vários paradigmas éticos tentem interpretar os variadíssimos aspectos da realidade. No entanto, optou-se pela teoria do agir comunicativo como um dos paradigmas mais importante nesta virada de milênio.

De raiz kantiana, a teoria da ética comunicativa, é liderada por Otto Apel e J. Habermas. Para estes autores, a compatibilização do exercício público da liberdade não se faz pela lei, mas, pelo diálogo, como lugar da invenção ética.

Inventar a ética não é mero exercício da imaginação, mas, esforço para descobrir o princípio mais adequado para responder, da melhor maneira possível, a um problema ético determinado.

As proposições básicas da ética da argumentação são as seguintes: a) Os princípios dependem da criatividade dos participantes do diálogo; b) Para solucionar problemas éticos concretos adota-se um princípio diretor e

não, uma teoria global; c) O princípio ético diretor resulta do consenso entre todos os interlocutores

na discussão do problema; d) A solução adotada não passa a ser uma regra definitiva a ser aplicada

sempre e por igual. Na teoria consensual, a argumentação tem peso decisivo. A autoridade dos

interlocutores não é tomada em consideração. Aqui vale o antigo adágio segundo o qual a autoridade do interlocutor depende da competência de sua argumentação: Tantum valent Auctores Quantum Argumenta. A ética não se decide pela quantidade de adesões, mas pela quantidade argumentativa. A propriedade da argumentação de um interlocutor vale mais que mil opiniões mal fundamentadas.

Portanto, a ética do consenso argumentativo é qualitativa e nunca quantitativa (estatística) ou autoritária. O consenso é válido para um determinado problema abordado em suas circunstâncias; é sempre provisório, no sentido que deve ser sempre retomado à luz de novas situações e circunstâncias.

A ética argumentativa nunca sacrifica a referência à pessoa, como lugar incondicional da ética. A ética argumentativa supõe que cada participante do diálogo venha com sua cultura, suas convicções e tradições com base nas quais formula sua argumentação ética. Portanto, quanto maior o lastro cultural dos participantes tanto mais valiosa será a solução de um problema.

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O diálogo argumentativo enriquece e amplia a visão dos participantes, que podem romper com um passado estreito e individualista, abrir-se aos problemas gerais da humanidade e descobrir um sentido global na vida sociopolítica; as pessoas podem concluir que nenhum problema ético tem solução pontual mas que depende de um contexto amplo que exige princípios gerais estabelecidos pelo consenso de todos os interessados. Então, pelo diálogo argumentativo sobre problemas concretos, os interlocutores se elevam à universalidade dos princípios éticos dos quais partiam os clássicos.

O projeto habermasiano tem como um dos seus objetivos principais mostrar que questões valorativas podem ser tratadas de forma racional, não arbitrária, onde a superação da dicotomia entre fato e valor se fundamenta na identificação de critérios universais para justificar racionalmente as normas implícitas na estrutura da comunicação, tal como se realiza nos atos da fala.

A partir dos atos da fala, Habermas criou a teoria da ação, que pode ser utilizada (e instrumentalizada) basicamente de três modos:

1) Como uma concepção convincente da racionalidade em relação ao discurso cotidiano que permite que se refute toda forma de relativismo como algo incoerente;

2) No sentido de que a concepção da racionalidade comunicativa implica conseqüências políticas, isto porque sua perspectiva utópica de racionalização e liberdade está baseada nas condições de socialização dos indivíduos e inserta nos mecanismos lingüísticos de reprodução da espécie humana;

3) No sentido de quando a racionalidade é vista como razão instrumental, o potencial da razão comunicativa fica deslocado e distorcido no curso do desenvolvimento capitalista (da modernização capitalista), isto porque o desenvolvimento capitalista está associado a um “padrão seletivo de racionalização”.

Desse modo, a Teoria da Ação (Comunicativa) de Habermas se propõe entender a modernidade ocidental sob a perspectiva da racionalidade cultural e societária e os efeitos do processo de racionalização sobre os atores sociais.

1) através da lógica estratégica; do sistema que organiza o mercado e o Estado;

2) da lógica da racionalidade comunicativa que permite a organização da solidariedade e da identidade no interior do mundo da vida.

A partir dessa idéia, Habermas traça um diagnóstico dos problemas contemporâneos das sociedades ocidentais através da utilização de um instrumental sociológico, que permite analisar a racionalização enquanto processo de diferenciação interna dos subsistemas da ação estratégica. E, ao mesmo tempo, privilegia a perspectiva dos atores na compreensão dos processos culturais, sociais e políticos. A análise de Habermas sobre a sociedade tem como objetivo determiná-la enquanto esfera simultaneamente pública e política, cuja explicação da ação social se articularia com o movimento político de defesa da sociedade contra a penetração dos subsistemas em áreas organizadas em torno da reprodução de formas comunicativas de ação. 2.8 INDIGNAÇÃO ÉTICA

Quando somos éticos surge a indignação. Ela é uma das experiências

humanas fundamentais, pois é a experiência da liberdade frente às normas injustas e petrificadas aceitas com normalidade.

Somos responsáveis pelas nossas atitudes e atos. Isto é, somos responsáveis não somente pelas intenções das nossas ações, mas também pelas suas conseqüências. Por trás das ações há motivações que podem ser conscientes ou inconscientes. Quando temos a consciência do fim desejado e dos meios utilizados, nós temos um ato voluntário. Somente uma pequena parte de nossas ações tem

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motivações conscientes e são voluntárias. A maioria delas tem motivações inconscientes e é automática.

Estas ações são frutos da internalização de valores e regras morais e sociais. Levar em consideração as conseqüências de nossas ações é fundamental. Nossas ações produzem efeitos intencionais, mas também efeitos não-intencionais. Por exemplo: alguém na empresa que tem a intenção de melhorar a qualidade de vida dos colaboradores adota uma série de medidas gerenciais que prejudicam ainda mais os colaboradores.

Os efeitos intencionais acontece quando minha ação tem um efeito operacional e não foi capaz de materializar a minha intenção. O que fazer nestes casos? Devo aperfeiçoar minha capacidade de ação. As questões éticas não podem ser reduzidas às intenções das pessoas.

2.9 A RESPONSABILIDADE O problema da essência do ato moral envia a outro problema importantíssimo:

o da responsabilidade. Vázques (2000, p. 8-9) fala da responsabilidade da seguinte forma:

É possível falar em comportamento moral somente quando o sujeito que assim se comporta é responsável pelos seus atos, mas isto, por sua vez, envolve o pressuposto de que pode fazer o que queria fazer, ou seja, de que pode escolher entre duas ou mais alternativas, e agir de acordo com a decisão tomada. O problema da liberdade da vontade, por isso, é inseparável do da responsabilidade. Decidir e agir numa situação concreta é uni problema prático-moral; mas investigar o modo pelo qual a responsabilidade moral se relaciona com a liberdade e com o determinismo ao qual nossos atos estão sujeitos é um problema teórico, cujo estudo é da competência da ética. (..) Os problemas teóricos e os problemas práticos, no terreno moral, se diferenciam, portanto, mas não estão separados por uma barreira intransponível. A maioria das pessoas preferem viver como vítimas. Não querem viver como

protagonistas. Por que isto acontece? Acontece porque acreditamos que a segurança e a felicidade se conseguem mediante a aprovação do outro e que o bem-estar e o êxito derivam da nossa inocência e de agradarmos aos outros.

A dignidade primeira e última do ser humano é a capacidade inalienável de escolher como responder à situação em que se encontra. Neste sentido o ser humano pode manifestar seus princípios e seus valores de maneira incondicional.

A experiência fundamental de Jonas (2006) é a de fundamentar uma ética da responsabilidade, cujo ponto de partida e de chegada é o reconhecimento do caráter de dever-ser da autêntica vida humana sobre a terra, e por conseguinte, do dever de preservar as condições sob as quais o autenticamente humano veio a ser e se revelar na história. Trata-se da confissão de uma espécie nova e paradoxal de humildade, aquela que decorre não da consciência de que o poder humano é ínfimo e insignificante em relação à incomensurável potência natural, que o ultrapassa, mas da grandeza excessiva de nosso poder, que produz um excesso, uma desmesura do poder de agir sobre o poder de prever, valorar e julgar.

Jonas (2006) tem como objetivo fundamentar filosófico-metafsicamente uma ética visando as futuras gerações, que o nosso dever relativamente a elas vai além da simples gratidão e se determina como responsabilidade num certo sentido. A preocupação básica diz respeito aos efeitos remotos, cumulativos e irreversíveis da intervenção tecnológica sobre a natureza e sobre o próprio homem. O novo poder tecnológico abriga uma dimensão ameaçadora e perigosa.

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2.10 A FUNÇÃO E O CAMPO DA ÉTICA A função fundamental da ética é a mesma de toda teoria: explicar, esclarecer

ou investigar uma determinada realidade, elaborando os conceitos correspondentes. A realidade moral varia historicamente e, como ela, variam os seus princípios e as suas normas. Muitas doutrinas éticas do passado não são uma investigação ou esclarecimento da moral como comportamento efetivo, humano, mas, uma justificação ideológica de determinada moral.

O campo da ética nem está à margem da moral efetiva, nem tampouco se limita a uma determinada forma temporal e relativa da mesma.

A ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens, o da moral.

O valor da ética como teoria está naquilo que explica, e não no fato de prescrever ou recomendar com vistas à ação sem situação concreta.

A ética estuda uma forma de comportamento humano que os homens julgam valioso e, além disto, obrigatório e inescapável. Mas nada disto altera minimamente a verdade de que a ética deve fornecer a compreensão racional de um aspecto real, efetivo, do comportamento dos homens.

Os problemas teóricos morais não se identificam com os problemas práticos, embora estejam estritamente relacionados, também não se podem confundir a ética e a moral.

Como diz Vázquez: A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento humano. A nossa definição sublinha, em primeiro lugar, o caráter científico desta disciplina filosófica; isto é, corresponde à necessidade de uma abordagem científica dos problemas morais. (..) a ética é a ciência da moral, isto é, de um esfera do comportamento humano. Não se deve confundir aqui a teoria com o seu objeto: o inundo moral. (...) Ética e moral se relacionam, pois, como uma ciência específica e seu objeto. A moral se refere ao comportamento adquirido ou modo de ser conquistado pelo homem. Ética significa analogamente “modo de ser” ou “caráter” enquanto forma de vida também adquirida ou conquistada pelo homem. O comportamento moral pertence somente ao homem na medida em que,

sobre a sua própria natureza, cria esta segunda natureza, da qual faz parte a sua atividade moral.

2.11 CRITÉRIOS DE ETICIDADE Segundo Pérez (1980 p. 25), determina-se a moralidade ou eticidade dos atos

humanos com base na consideração de seu objeto, as circunstâncias e a finalidade. É fundamental conhecer o objeto, a realidade perseguida pelo ato.

Há diversos fatores ou modificações que afetam o ato humano, as circunstâncias: quem age, onde, como, por quê, quando, com que meios. Dependendo das circunstâncias, pode-se agravar a moralidade de um ato. A finalidade ou fim é a intenção que move o agente a realizar o ato, podendo ou não, coincidir com o objeto da ação.

Segundo Arruda (2001, p. 48), para que um ato seja bom, conclui-se que devem ser bons o objeto, as circunstâncias e o fim. Se qualquer um desses três elementos for caracterizado como mau, o ato também será mau. O roubo de dinheiro do caixa da empresa, feito com a boa intenção de dar o dinheiro para os pobres, configura um ato não ético. É preferível que se pratique uma ação boa, ainda que com intenção pouco reta, do que realizar uma ação má com boa intenção. A intenção é fundamental para caracterizar a ação ética.

Arruda (2001, p. 28) afirma que o critério da moralidade permite definir uma hierarquia de fins, apoiada na ordem essencial da própria natureza humana, em que é

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atribuído um lugar a cada fim existencial concreto. O fim último do homem é sua plena realização como ser humano.

A ética é importante no universo organizacional já que as empresas, as organizações ou instituições são agentes da sociedade que dependem de homens de caráter bem formado, livres, inteligentes, competentes e eficazes.

2.12 A CONSCIÊNCIA A regra última e definitiva do agir é a consciência, que faz ver ao sujeito o que

é justo e reto, nas circunstâncias concretas em que se encontra. A consciência é um juízo da razão, por intermédio do qual o ser humano

percebe e reconhece o que é justo e reto. A consciência não julga, indica. Sua função não é aprovar ou condenar, mas mostrar o que é justo e reto, para que a vontade livre se autodecida a seguir o bem.

A qualidade ética da ação concreta depende da conformidade do agir com o que a consciência faz ver ao sujeito que é justo e reto, no momento de agir.

O ato humano é bom ou mau na medida em que a autodecisão do sujeito se conforma ou não com o que a consciência diz ser justo e reto.

Para Camargo (1999, p. 65) consciência significa a capacidade de distinguir entre o bem e o mal para si mesmo; ela é a norma fundamental do comportamento de cada pessoa sob o ponto de vista ético. Ela é pessoal, individual, irrepetível, pois é a convicção interna na decisão moral aqui e agora; é inteligência fazendo um juízo a respeito do acerto ou do erro para a própria pessoa, de um ato já feito ou por fazer.

Segundo Sá (1996:53), a consciência resulta da relação íntima do homem consigo mesmo, ou seja, é fruto da conexão entre as capacidades do ego (eu) e aquelas das energias espirituais, responsáveis pela nossa vida.

A formação da consciência reside na capacidade de ir ao encontro do que é realmente bom, na liberdade, procurando e zelando constantemente pela verdade, reconhecendo os próprios limites e as próprias capacidades. Jamais deve-se deixar de lado as aspirações e percepções das pessoas e do grupo em que se vive, sem parecer estar impondo uma moral, senão sugerindo caminhos viáveis para as pessoas.

A formação da consciência implica um despertar profundo da afetividade em relação ao que é belo, bom, verdadeiro, justo e fraterno, mais do que fruto do trabalho da razão, resulta de um envolvimento do agente numa relação interpessoal de amor, no seio de uma comunidade, em que vigora um espírito de beleza, bondade, verdade, justiça e fraternidade.

A consciência como regra última da moralidade é expressão da liberdade e do espírito, mais do que conclusão racional do que se deva fazer em tais ou quais circunstâncias concretas. 2.13 ÉTICA PROFISSIONAL

A ética é condição essencial para o exercício de qualquer profissão. Segundo

Sá (1996:92), cada conjunto de profissões deve seguir uma ordem de conduta que permita a evolução harmônica do trabalho de todos, a partir de conduta de cada um, através de uma tutela no trabalho que conduza a regulação do individualismo perante o coletivo.

A atividade profissional é a ação produtiva de bens materiais e serviços. Devido ao desenvolvimento e à expansão da atividade profissional gerou-se a necessidade de organização do trabalho.

Segundo Santos (1997:15), a ética profissional é a reflexão sobre a atividade produtiva, para dali extrair o conjunto excelente de ações, relativas ao modo de produção. Atividade produtiva tem hábitos e costumes próprios; tem também acordos

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que asseguram a produção de justiça mínima no decorrer de seu exercício e constituem, ambos, o objeto da ética profissional.

Camargo (1991:31) afirma que a ética profissional é a aplicação da ética geral no campo das atividades profissionais; a pessoa tem que estar imbuída de certos princípios ou valores próprios do ser humano para vivê-los nas suas atividades de trabalho. De um lado, ela exige a deontologia, isto é, o estudo dos deveres específicos que orientam o agir humano no seu campo profissional; de outro, exige a diciologia, isto é, o estudo dos direitos que a pessoa tem ao exercer suas atividades. 2.14 CÓDIGOS DE ÉTICA

Os códigos de ética estruturam e sistematizam as exigências éticas de todos

os profissionais no tríplice plano: de orientação, disciplina e de fiscalização. Para Arruda (2001, p. 64), cada organização estabelece um sistema de

valores, explícito ou não, para que haja uma homogeneidade na forma de conduzir questões específicas e relativas a seus stakeholders, ou seja, todos os públicos que de forma direta ou indireta contribuem para o bom desempenho da empresa: acionistas ou proprietários, empregados, clientes, fornecedores e distribuidores concorrentes, governantes e membros da comunidade em que está inserida a empresa.

Códigos de ética fazem parte do sistema de valores que orientam o comportamento das pessoas, grupos, e das organizações e seus administradores.

Para Sá (1996:136), quando a consciência profissional se estrutura em um trígono, formado pelos amores à profissão, à classe e à sociedade, nada existe a temer quanto ao sucesso da conduta humana; o dever passa então a ser uma simples decorrência das convicções plantadas nas áreas recônditas do ser, ali depositadas pelas formações educacionais básicas.

O código de ética das empresas, assim como o código dos profissionais, deve ser regulamentador. Não deve necessariamente contemplar os ideais, a missão, a visão da empresa, embora se apóie neles, mas deve deixar claro o que é uma afirmação genérica e o que é uma afirmação de caráter regulamentador, à qual deve corresponder uma punição.

A razão de ser do código de ética é fornecer critérios ou diretrizes para que as pessoas descubram formas éticas de se conduzir. É mais para orientar do que solucionar os dilemas éticos da organização. A maioria dos códigos aborda temas como: conflitos de interesse, conduta ilegal, segurança dos ativos da empresa, honestidade nas comunicações dos negócios da empresa, denúncias, suborno, entretenimento e viagem, propriedade de informação, contratos governamentais, responsabilidade de cada stakeholders, assédio moral, assédio sexual, uso de drogas e álcool.

O código de ética deve ser fruto de consenso entre as pessoas envolvidas. Jamais deve ser elaborado por um iluminado e depois obrigar o cumprimento do mesmo. Quando o código é fruto de consenso entre as pessoas envolvidas, a vivência e as posturas éticas serão realidades visíveis na empresa. Geralmente o código resulta do clima ético de cada organização.

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POR QUE ÉTICA NOS NEGÓCIOS? Atenta às contínuas mudanças no panorama social e político, a economia

através das corporações, há décadas, vem sendo palco de diversas experimentações em seu modelo de gestão e aplicações de instrumentos estratégicos. Depois da reengenharia, programas de qualidade, down-sizings e outras ferramentas menos conhecidas, o mundo empresarial se dá conta de que não há modelo pronto e que qualquer modelo que venha a adotar não deve ser permanente.

Afinal, é essa a grande lição da nossa atual “sociedade da comunicação”: tudo muda a todo instante (OREM, 1999). Como conseqüência natural da evolução da empresa, num mundo onde a comunicação é valor e os efeitos da globalização pesam sobre a administração, ao mesmo tempo que a impulsionam para a transformação sistemática, surge a reflexão sobre a ética dos negócios.

Ética dos negócios é o estudo da forma pela qual normas morais pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos da empresa comercial. Não se trata de um padrão moral separado, mas, do estudo de como o contexto dos negócios cria seus problemas próprios e exclusivos à pessoa moral que atua como um gerente desse sistema.

A ética nos negócios reflete os hábitos e as escolhas que os administradores fazem no que diz respeito às suas próprias atividades e às do restante da organização.

A ética empresarial leva em consideração três áreas básicas de tomada de decisão gerencial: escolhas quanto à lei, escolha sobre os assuntos econômicos e sociais que estão além do domínio da lei e escolhas sobre a preeminência do interesse próprio. O interesse neste livro é destacar a ética empresarial em relação a escolha sobre os assuntos sociais. Neste sentido a responsabilidade social terá destaque primordial.

É necessário compreender a distinção entre ética da convicção e ética da responsabilidade, para perceber que no mundo organizacional a ética da responsabilidade se transforma em uma questão estratégica para as organizações modernas.

3.1 ÉTICA DA CONVICÇÃO X ÉTICA DA RESPONSABILIDADE

De acordo com Orem (1999): Sem querer substituir o papel que é do Governo, no sentido e estabelecer políticas públicas e ações que assegurem ao cidadão o acesso aos seus direitos básicos, o mundo empresarial parece estar concluindo que não é possível ter sucesso numa sociedade que não compartilhe das mesmas perspectivas e que, portanto, investir na sociedade é mais efetivo do que fazer caridade. Assim, nos novos tempos vividos, o conhecimento da ética no contexto das

organizações corporativas e suas relações com a sociedade traz à tona questões polêmicas e demarca um leque de opções para enfrentá-las.

Num mundo globalizado em que a competição pode resvalar para a concorrência desleal, em que a capacidade de ação da cidadania ganha dimensão inédita, adotar um posicionamento responsável tem muito a ver com a sobrevivência das empresas, mas também com a dignidade pessoal de quem a conduz e daqueles com quem a corporação possui relações.

Segundo Srour (2000:51), Max Weber ensina que há pelo menos duas vertentes éticas, as quais teorizariam sobre as condutas morais:

A ética da convicção, entendida como deontologia (tratado dos deveres);

A ética da responsabilidade, conhecida como teleologia (estudo dos fins humanos).

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Para Weber (1959:172), toda atividade orientada pela ética pode subordinar-se

a duas máximas totalmente diferentes e irredutivelmente opostas. Ela pode orientar-se pela ética da responsabilidade (verantwortungsethisch) ou pela ética da convicção (gesinnugsethisch). Isso não quer dizer que a ética da convicção seja idêntica à ausência de responsabilidade, e a ética da responsabilidade, à ausência de convicção. Não se trata evidentemente disso. Todavia, há uma oposição abissal entre a atitude de quem age segundo as máximas da ética da convicção – em linguagem religiosa, diremos: “O cristão faz seu dever e no que diz respeito ao resultado da ação remete-se a Deus” – e a atitude de quem age segundo a ética da responsabilidade que diz: “Devemos responder pelas conseqüências previsíveis de nossos atos”.

Temos, então, que a ética da convicção compõe-se de códigos morais, traduz valores, princípios, normas ou ideais e vão sendo aplicados pelos agentes a situações concretas. E a ética da responsabilidade por sua vez apregoa que somos responsáveis por aquilo que fazemos. Os agentes avaliam os efeitos previsíveis que uma ação produz; contam obter resultados positivos para a coletividade; e ampliam o leque das escolhas ao preconizar que dos males o menor (SROUR, 2000:52).

A moralidade empresarial brasileira espelha as duas ambigüidades congênitas em relação aos postulados da ética. A primeira, remete às tradições históricas e à decisiva influência católica, convertendo, assim, para a ética da convicção. Ocorre que as empresas dificilmente agem de forma mecânica e guiam-se exclusivamente por condutas pré-codificadas ou por um rol de mandamentos.

Em termos práticos, elegem o caminho das análises estratégicas e procuram antecipar os impactos que certas decisões irão produzir sobre os negócios. Isto significa que, quando as empresas optam por trilhar a estrada íngreme da idoneidade, elas adotam a ética da responsabilidade.

As principais características da ética da responsabilidade são:

Decisões decorrem de deliberação em função de uma análise das circunstâncias.

Somos responsáveis por aquilo que nossos atos provocam

Vertente da finalidade: alcance os objetivos custe o que custar

Vertente utilitarista: faça o maior bem para mais gente. Faz-se necessário abordar neste momento um comentário sobre a vertente

utilitarista. O utilitarismo defende a tese do maior bem possível para o maior número de indivíduos. Essa doutrina ética cresceu especialmente no mundo anglo-saxônico quase sem rivais nos últimos dois séculos. Como são muitas as modalidades de entendimentos e de aplicação da tese, o presente livro apresentará duas versões: o utilitarismo universal e o utilitarismo como ética prática.

O utilitarismo defende um ponto de vista ético finalista. Não se trata mais da finalidade global do universo e da natureza humana em sentido metafísico, mas, de uma finalidade pontual; finalidade que o ser humano persegue a partir de seus impulsos. O utilitarismo toma a sério dois impulsos humanos: o desejo de felicidade e a fuga do sofrimento. Benthan, o pai do utilitarismo, declara que a natureza nos colocou sob o domínio de dois mestres soberamos: o prazer e a dor.

O utilitarismo sustenta a ética do bem, do prazer, da utilidade e da felicidade das pessoas e combate à dor, ao mal e à infelicidade.

John Stuart Mill retoma a tese do utilitarismo de Bentham dando-lhe um rosto mais definido. Concebe a ética não como um saber filosófico mas, como a arte de viver: a arte do bem (moral), a utilidade (bem público) e do belo (estética).

Mill sustenta a tese do bem como a finalidade da humanidade. “Estou convicto de que o princípio geral ao qual todas as regras práticas devem se conformar e o leste que permite aprová-las é sua contribuição ir felicidade da humanidade, ou melhor, de todos os seres sensíveis; em outras palavras, a promoção da felicidade é o principio último da teleologia”.

Portanto, o que está em causa não é a maior felicidade do agente individual mas o maior montante de felicidade global. E como há diferentes espécies de prazer, é preciso ter em conta as suas variações qualitativas e quantitativas.

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A utilidade inclui necessariamente a noção de justiça que regula o interesse coletivo da humanidade. De fato, para Mill os seres inteligentes percebem uma comunidade de interesses e desenvolvem uma capacidade de simpatia para com os seres humanos em geral. Este interesse coletivo pode ser expresso pelo imperativo categórico de Kant: “age de maneira que tua regra de conduta possa ser adotada como lei por todos os seres racionais”. Os deveres de justiça são a forma mais alta das utilidades sociais. O pensamento de Mill deve ser analisado a partir de suas obras Utilitarianism e On Liberty. São obras de maior expressão do ponto de vista da filosofia moral.

Na sociedade utilitarista, cada cidadão procura realizar seus interesses, sem impedir os esforços dos outros na mesma direção. O dever moral da sociedade é oferecer a máxima utilidade aos indivíduos. A justiça social consiste em organizar as estruturas públicas para que produzam o maior saldo de utilidades e bens para maior número de pessoas no país, numa região e no mundo. Mercado eficiente é aquele que faz a melhor combinação possível entre o interesse de cada indivíduo e a utilidade coletiva.

Dois são os princípios de justiça da sociedade bem ordenada. Rawls (1993) os apresenta em duas redações, uma, provisória e outra, definitiva. A última, afirma que cada pessoa deve ter direito ao sistema mais largo de liberdade de bases iguais para todos, compatível com um sistema similar para todos os outros, e as desigualdades sociais e econômicas devem ser tais que nos limites de um justo princípio de poupança, garantam a maior vantagem possível aos menos favorecidos e sejam ligadas a tarefas e posições acessíveis a todos em função de uma justa igualdade de oportunidades.

O primeiro é o princípio da liberdade e dos direitos humanos fundamentais. Garante os direitos de participação política, de opinião, de reunião, de consciência, de religião. Este é de fato o imperativo categórico da filosofia política de J. Rawls e o fundamento do Estado de direito e da democracia constitucional utilitarista.

O segundo é o princípio da diferença. Refere-se aos interesses materiais, à repartição equilibrada dos bens primários, dos encargos, dos deveres e das vantagens sociais. Aqui trava-se o debate com as teses marxistas e com o liberalismo ortodoxo. Contra as teses igualitaristas, Rawls (1993) afirma as desigualdades sociais que, intoleráveis no seio do primeiro princípio, não podem ser negadas na ordem social, econômica e cultural regida pelo segundo princípio.

São aceitáveis desde que beneficiem os mais desfavorecidos na escala social. É preciso que a sociedade bem ordenada maximize a condição mínima. Uma vez aceito o princípio da diferença, deduz-se que o mínimo (social vital) deve ser fixado num nível que maximize as expectativas do grupo menos favorecidos.

A segunda parte do segundo princípio admite a desigualdade nos cargos públicos e nas vantagens contanto que se respeite uma condição: que a todos os cidadãos tenham igual oportunidade de acesso a estes postos. Os critérios de acesso serão os da aptidão, formação e competência publicamente comprovadas. Dito negativamente, ninguém pode ser excluído por razões circunstanciais de cor, sexo, idade, convicção política e condição econômica.

O primeiro princípio é absolutamente prioritário e sempre inegociável. A liberdade nunca pode ser negociada por ofertas materiais e sociais de que fala o segundo princípio. As limitações da liberdade são determinadas somente pela própria liberdade para ordenar a coexistência livre. Entre os dois princípios vigora urna ordem lexicográfica. O segundo princípio é muito difícil de ser definido de modo convincente.

A experiência histórica, a tradição de liberdade e a democracia criam nas pessoas, nos grupos e na sociedade o senso da justiça que se traduz em sentenças sapienciais, as nossas convicções ponderadas que serão elevadas a princípios de nova sociedade.

Uma das principais questões para a ética nos negócios e para o administrador preocupado em sustentar altos padrões de comportamento empresarial não é detectar todos os homens e mulheres de negócio antiéticos. A supervisão do cumprimento das regras é necessária, mas não assegura urna conduta ética nos negócios. A tarefa

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urgente de todo líder empresarial é concentrar-se não apenas naquilo que não deve ser feito, mas também naquilo que o administrador ético deve pensar em termos morais e econômicos. É nesse ponto que a liderança moral verdadeira vai acontecer nas empresas.

Observa-se no mercado que algumas empresas já descobriram o tipo de filosofia empresarial necessária para atender às complexidades éticas do empenho comercial. Cada vez mais estão aceitando uma afirmação mais explícita dos padrões éticos.

Etzioni (1988, p. 8) expressou o aspecto fundamental dos negócios de forma eloqüente:

A confiança, obviamente, é, fundamental para a economia, e não meramente para as relações sociais, uma ver que, sem ela, a moeda será usada, poupança não faz sentido e os custos das transações sobem precipitadamente; em resumo, é difícil conceber uma economia moderna sena um forte elemento de confiança que a permeie por completo. A ética empresarial está estritamente ligada à postura de responsabilidade

social adotada pelas empresas, seja de uma perspectiva moral, seja de uma postura competitiva, seja ambas. No segundo capítulo aprofundar-se-á a importância da responsabilidade social empresarial.

REFERÊNCIA: PONCHIROLLI, Osmar. Ética e responsabilidade social empresarial. Curitiba: Juruá, 2007.

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ANEXO A - ÉTICA

Na pauta do dia

A ética ainda é vista como um obstáculo aos negócios, mas o assunto vai ganhar

espaço na agenda executiva

Por José Eduardo Costa

Maria Cecília Arruda, da FGV-SP: maior atenção aos princípios corporativos

A palavra ética vai ganhar espaço nas conversas de executivos em 2009. Três são os

motivos para isso acontecer. O primeiro é o fortalecimento das áreas de compliance,

auditoria e gestão de risco nas empresas financeiras, principalmente, mas também nas

não-financeiras. “Por consequência da crise, essas áreas ganham importância, pois são

responsáveis pelo cumprimento das leis e dos princípios corporativos”, diz Maria

Cecília Arruda, coordenadora do Centro de Estudos de Ética nas Organizações, da

Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP). Esse movimento se dá pela maior

necessidade de controle de custos e transparência na divulgação de resultados.

O segundo motivo se deve à regulamentação do ambiente de negócios. A partir deste

mês, instituições financeiras e empresas de capital aberto publicam seus informes

financeiros de acordo com as normas internacionais da International Financial

Reporting Standards. Aumenta, assim, o rigor em relação à qualidade e veracidade dos

informes contábeis. Por último, a crise acelera o movimento por melhores práticas de

governança corporativa. “A crise fez ressurgir vários questionamentos sobre a forma

como algumas negociações estavam sendo conduzidas”, diz Maria Cecília. De tempos

em tempos, os hábitos de executivos e de todo o sistema que orbita em torno das

empresas como escritórios de advocacia, consultorias, auditorias, agências de ratings e

bancos de investimento têm suas práticas questionadas.

Em geral, isso acontece em épocas de crise como esta ou após grandes escândalos. Foi

assim no início de 2000, quando conglomerados americanos como WorldCom, Tyco e

Enron foram denunciados por maquiar seus balanços. A Enron com faturamento na casa

dos 100 bilhões de dólares foi denunciada, naquele ano, por fraudes contábeis e fiscais.

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Em dezembro de 2001, o grupo pediu concordata e arrastou consigo a Arthur Andersen,

que fazia sua auditoria. Como consequência, em 2002 foi redigida a lei Sarbanes-Oxley,

que prega maiores controles contábeis. Agora, o contexto é outro, mas a pressão por

transparência é ética nos negócios é maior do que nunca.

As multinacionais estão preocupadas com risco, imagem e reputação, e as companhias

brasileiras vão continuar se internacionalizando, o que obriga as empresas nacionais a se

adequarem aos padrões mundiais de governança. Isso, em última instância, significa

aumentar os programas de ética, mesmo em tempos de orçamento reduzido. Para os

profissionais de diferentes linhas de negócio, o desafio é se manter atualizado sobre o

assunto. O Centro de Estudos de Ética nas Organizações, da FGV-SP, tem notado maior

procura de profissionais por cursos e seminários sobre o assunto. Mas em 2008 a

demanda veio mesmo do setor privado, por serviços de consultoria e treinamentos de

atualização. Este ano, devido aos desdobramentos da crise, à maior regulamentação e à

crescente importância que a governança vem ganhando nas empresas, a ética vai ser

assunto em muitas reuniões.

Um xerife dentro da sua empresa

| 04.10.2007

As rígidas regras do mercado de capitais criaram uma nova paranóia nas

companhias -- todo mundo precisa ser vigiado

Biô Barreira

Oliveira, da Redecard: novas rotinas para todos

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Publicidade

Por Mauro Silveira

EXAME A rotina dos executivos da Redecard mudou um bocado desde a abertura de

capital da administradora de cartões, em junho -- a mais vultosa estréia na bolsa nos

últimos três anos, com oferta inicial equivalente a 3,5 bilhões de reais. Um dos novos

hábitos entre eles é acompanhar a cotação das ações de tempo em tempo. Outro --

menos excitante e mais burocrático -- é seguir uma série de regras impostas pela

listagem da companhia no Novo Mercado, o grau máximo de governança corporativa do

mercado brasileiro. Até agora, um conjunto de 15 processos foi criado para fiscalizar o

cumprimento dessas novas normas. Alguns deles já começaram a alterar a rotina da

Redecard. Os vendedores, por exemplo, passaram a seguir uma nova cartilha de análise

de clientes, segundo a qual devem evitar instalar as máquinas leitoras de cartões em

fabricantes de armas ou em hotéis sob suspeita de exploração da prostituição. Sempre

que houver um anúncio relevante para a Redecard, seja uma aquisição, seja a entrada

num novo setor, os diretores terão de provar que não fizeram uso de informação

privilegiada para negociar ações da empresa. O controle de todos esses processos está

nas mãos do executivo Douglas Oliveira, diretor de risco e controle da Redecard, que há

quase um ano incluiu o termo compliance em seu cartão de visita. O conceito (sem

equivalente em português e já devidamente incorporado ao vocabulário dos negócios)

representa a tarefa de fazer com que regras de conduta sejam criadas e seguidas à risca

dentro das empresas. "Minha missão é zelar pelos valores e pela imagem da

companhia", diz Oliveira.

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A vida sob vigilância permanente tornou-se uma nova obsessão dentro de grandes

companhias em todo o mundo. Pelo menos duas situações favorecem a ascensão da

patrulha corporativa. A primeira, no caso brasileiro, é a sofisticação dos mecanismos de

controle do mercado de capitais e a crescente adesão das companhias aos níveis mais

rigorosos de governança. A segunda é a adaptação das multinacionais com capital

aberto nos Estados Unidos -- e, por conseqüência, de suas subsidiárias -- às rígidas

regras da Lei Sarbanes-Oxley. Uma mostra da crescente preocupação das empresas com

o tema é o número de afiliados da americana Society of Corporate Compliance and

Ethics, maior organização mundial sem fins lucrativos com o objetivo de estimular a

ética nos negócios. Em 2006, havia 600 empresas associadas. Passado pouco mais de

um ano, os associados chegaram a 900, incluindo nomes como Wal-Mart e Microsoft.

"As solicitações de clientes interessados em estruturar seus departamentos de

compliance têm aumentado mês a mês", diz a brasileira Shin Hong, sócia responsável

pela recém-criada área de compliance do escritório Tozzini Freire. "Organizar essas

operações é algo complexo e caro, mas fundamental para assegurar a perenidade do

negócio." Um dos casos mais recentes que ilustram a urgência em monitorar as

atividades dos executivos é o da alemã Siemens, que entrou numa crise em abril deste

ano, logo após suspeitas de fraudes que teriam causado prejuízo de 258 milhões de

dólares. Em julho, em meio às investigações, o presidente mundial, Klaus Kleinfeld,

pediu demissão.

Patrulha constante

O que representa a área de compliance

numa grande empresa

Missão Criar e garantir o cumprimento de regras de

conduta.Para isso, algumas companhias

treinam centenas de funcionários

Equipe A equipe, em média, compreende dez

profissionais. Em geral, o diretor acumula

funções como diretoria de risco ou

financeira

Custo O investimento em atividades relacionadas à

área pode chegar a 7 milhões de reais por

ano, como no caso da Redecard

Fonte: especialistas e empresas

O primeiro desafio para o responsável pela área de compliance é quebrar a imagem de

que sua equipe se resume a um grupo de burocratas chatos, pagos para atrapalhar a vida

dos colegas. "Meu trabalho exige muito diálogo e relacionamento", diz Oliveira, da

Redecard. "Converso com os executivos, falo da importância da área e das regras para a

manutenção da boa imagem da empresa." Desde que a Redecard começou a se preparar

para abrir o capital, a equipe de Oliveira passou de cinco para nove pessoas e ganhou

um orçamento de 7 milhões de reais por ano. Nesse período, foi criado também um

comitê de compliance -- formado por sete representantes de cada uma das áreas da

empresa, como os diretores de finanças e de tecnologia. O grupo se reúne a cada dois

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meses para discutir normas e condutas internas. Segundo Oliveira, parte do trabalho foi

facilitada pelo fato de a Redecard já contar com uma área de risco desde sua fundação,

em 1996 -- entre outras atividades, esse departamento monitorava o conteúdo dos e-

mails enviados pelos funcionários e o acesso à internet. (Há alguns anos, um

funcionário foi demitido por enviar informações de dados sigilosos de cartões de crédito

de clientes.) A prática demonstrou que uma das melhores maneiras de convencer os

funcionários da importância da área é tornar as conquistas conhecidas de todos. Um dos

episódios recentemente alardeados foi o resultado de uma investigação com ares

policialescos, na qual a equipe de compliance identificou um ex-funcionário que estava

espalhando informações falsas sobre a Redecard no mercado. "Graças a informações

que recebemos de clientes e funcionários, conseguimos identificar o sujeito e processá-

lo por calúnia e difamação", diz Oliveira.

UMA DAS TAREFAS MAIS ARDUAS dos profissionais que atuam na área de

compliance é romper com velhos hábitos incorporados pela companhia -- e que até

então eram vistos como práticas comuns de mercado. Desde que assumiu a diretoria de

compliance da subsidiária brasileira do laboratório americano Bristol-Myers Squibb, em

2005, o executivo Alexandre Dalmasso vem combatendo uma tradicional prática da

indústria farmacêutica: dar presentes caros a médicos, como televisores de LCD, e

bancar viagens dentro e fora do país. "Só bancamos viagens de médicos se eles forem

dar palestras a nossos funcionários ou se tiverem a necessidade de participar de algum

congresso para atualizar suas palestras. Não queremos que esse relacionamento se

transforme numa moeda de troca", afirma Dalmasso.

Um dos ônus de propagar maneiras de controlar o que se passa em toda a companhia é

aumentar a burocracia -- o que não deixa de ser certo retrocesso, sobretudo para as

empresas que mantêm estruturas magras. Na AES Eletropaulo, por exemplo, alguns

contratos com fornecedores que antes eram avaliados em poucos dias hoje podem levar

até três semanas. "Cumprir uma legislação como a Sarbanes-Oxley tornou nosso

trabalho mais complexo", afirma Maurício Vargas, vice-presidente de governança

corporativa do grupo AES no Brasil, controlado pela americana AES. Vargas, que

coordena uma equipe de dez profissionais, já treinou 415 funcionários para que eles

passassem um pente-fino nos contratos dos prestadores de serviços, de modo a descobrir

se algum deles sonega impostos ou explora mão-de-obra infantil. Como resultado, o

grupo já decidiu cancelar negócios com 15 fornecedores que acumularam muitos litígios

trabalhistas ou problemas fiscais e tributários nos últimos quatro anos. "Às vezes, um

simples contrato de 50 000 reais fechado com um fornecedor de comportamento

duvidoso pode comprometer a integridade de nossa empresa", diz Vargas.

Tanto trabalho já fez com que algumas companhias desistissem de seguir esse caminho.

A Rhodia, por exemplo, decidiu recentemente deixar o mercado americano de ações até

o final deste ano (a empresa vai continuar negociando seus papéis na Europa, onde as

regras são menos rígidas). "Temos apenas 1% dos nossos papéis no mercado americano

e a corporação entendeu que o alto custo e as inúmeras exigências do mercado tornam

nossa permanência inviável", diz André Luis Rodrigues, vice-presidente financeiro da

Rhodia para a América Latina. Rodrigues garante, porém, que vai manter programas de

compliance, como canais para denúncias, um comitê de auditoria e outros sistemas de

controles internos. "Às vezes, é difícil notar os resultados de uma política de

compliance, porque ela está lá justamente para evitar que os problemas surjam", diz

Shin, do Tozzini Freire. "Mas as empresas que apostam nessas práticas normalmente

conseguem obter e manter um bem muito valioso, a boa reputação da companhia."

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ANEXO B – RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL

Investimento de longo prazo

Banco Real implementa uma nova ética para os negócios, levando em conta o meio ambiente e o desenvolvimento da sociedade

Para que serve uma empresa? Basicamente, para prestar um serviço à sociedade, contribuindo para o seu desenvolvimento. O lucro é uma conseqüência disso e também um sinal de que a empresa está fazendo um bom trabalho.

A questão que importa para nós, do Banco Real, é a maneira pela qual isso é feito. Como qualquer empresa, nós também perseguimos o lucro, mas temos algo muito claro nesse processo: queremos lucro como resultado de um jeito certo de trabalhar.

Temos consciência de que nosso negócio é um agente fundamental de desenvolvimento econômico. Sabemos que temos um importante papel a desempenhar na construção de um mundo mais sustentável.

Como os negócios em geral precisam da intermediação de um banco para serem colocados em prática, aproveitamos essa oportunidade para colocar em prática aquilo em que acreditamos. Assim, podemos contribuir para disseminar uma nova ética nos negócios, que considere o meio ambiente e o desenvolvimento de toda a sociedade.

Para atingir esse objetivo, temos lançado um novo olhar para as nossas atividades. Em todas as nossas decisões, buscamos o lucro como resultado de uma relação que respeite a sociedade e o meio ambiente.

Guardiões verdes

Adultos com consciência ecológica não nascem prontos, são o resultado de uma boa educação

Por Sandra Chemin*

DIVULGAÇÃO "Nós somos a face da nação." A frase estampada no aeroporto em Nova York era para lembrar a quem trabalha ali a importância de valores como integridade, honestidade e respeito. À minha volta, na fila de entrada dos Estados Unidos, o medo e a ansiedade, no rosto de tantos estrangeiros, mostravam o quanto aqueles valores eram necessários. Depois de raios X, impressões digitais e fotos, consegui provar que não era terrorista e que meu objetivo era apenas participar de uma conferência sobre responsabilidade social.

Conferência lotada. Executivos do mundo todo debatiam temas como diminuição da pobreza, ética nos negócios e desenvolvimento sustentável. Eu olhava para tudo com a curiosidade de quem busca entender até que ponto o discurso se traduz em ações

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efetivas de transformação social. Só a constatação de que assuntos dessa importância estavam na pauta de grandes empresas já alimentava meus sonhos.

Das palestras de que participei, a que mais me impressionou foi a de Majora Carter - moradora do Bronx, um dos bairros mais pobres e poluídos de Nova York. Dali sai 70% do lixo da cidade e uma em cada quatro crianças sofre de asma.

O trabalho envolveu um projeto para separar o escoamento da água da chuva que era misturada ao esgoto e infestava o bairro quando ocorriam enchentes. Daí o grupo investiu na criação de ciclovias e parques em avenidas de pouco tráfego. O passo seguinte foi encontrar uma forma de reduzir as altas temperaturas nos antigos prédios da região. Foram plantados jardins suspensos nos tetos dos edifícios que antes eram de concreto. Daí em diante a comunidade já estava engajada e o movimento foi de treinamento. Pessoas-chave da vizinhança foram preparadas para agir como guardiões do ambiente.

THAIS BELTRANE Olhei aquela mulher da minha idade, tão determinada e confiante, e me lembrei de Paraty. A cidade que escolhi para morar e que é um dos principais pontos turísticos entre o Rio de Janeiro e São Paulo não tem esgoto nem um hospital equipado. As obras são sempre as estéticas - agora se decidiu enterrar os fios elétricos do centro histórico para acabar com os postes de luz e deixar a cidade mais bonita. O esgoto segue correndo para o rio e para o mar. Voltei para casa com novos sonhos.

Num balanço do evento, percebi que não faltaram projetos sérios nem presidentes de empresas comprometidos com o impacto de seus negócios no ambiente e na comunidade local. Mas senti um vazio. Ninguém falou de educação infantil. Adultos com consciência ecológica, que atuam em suas comunidades, não nascem prontos, são resultado de uma infância com boas memórias, carinho e exemplos. Responsabilidade social começa na forma como educamos nossos filhos para serem íntegros, participativos, que respeitem a si mesmos, ao outro e à natureza.

O modelo de educação que escolhemos no Brasil privilegia o conteúdo e não leva em conta o desenvolvimento social e emocional das crianças. Transmitir valores desse tipo me parece mais importante que ensinar uma criança de 3 anos a ler e escrever. Rever esse modelo é uma necessidade.

* Sandra Chemin, publicitária, aproveitou a viagem para andar descalça pelo parque e catar folhas para a filha Clara. www.santapaz.com e [email protected]

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Top 10 em sustentabilidade no Brasil

A Bunge é uma das dez melhores empresas sustentáveis do país. Foi a única do setor de alimentos, agronegócio e mineração a integrar a lista da consultoria inglesa SustainAbility

A Bunge foi a única empresa do setor de alimentos, agronegócio e mineração a integrar a lista das dez melhores em sustentabilidade no país, segundo pesquisa da consultoria inglesa SustainAbility (criadora do termo Triple Bottom Line), em conjunto com o PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. A pesquisa foi realizada por especialistas em sustentabilidade, como parte do programa Global Reporters. Além da Bunge, a lista inclui empresas como Natura, Banco Real, Suzano, Sabesp e Banco Itaú. A pesquisa foi desenvolvida pela SustainAbility e FBDS - Fundação Brasileira para Desenvolvimento Sustentável, que analisaram nove pontos a partir dos relatórios de sustentabilidade das empresas brasileiras, tais como identificação e priorização de questões, valores, princípios e políticas para desenvolvimento sustentável, responsabilidades e estruturas de governança, procedimentos gerenciais, engajamento de stakeholders, medição de desempenho de desenvolvimento sustentável, estabelecimento de metas, verificação externa e padrões para relatório. Não houve inscrições ou preenchimento de formulários. ”A Bunge recebeu as melhores notas nos quesitos materialidade (síntese de assuntos) e engajamento de stakeholders, além de ter obtido destaque em gestão, envolvimento com políticas públicas, acessibilidade e verificação”, resume o gerente de Marketing Corporativo & Sustentabilidade da Bunge, Michel Santos. A pesquisa foi divulgada no final do ano passado, na Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, em São Paulo.

TRANSPARÊNCIA E COMPROMISSO

O trabalho de seleção das melhores empresas em sustentabilidade está sendo realizado em nível mundial, sendo o Brasil o primeiro país a participar de um ranking exclusivo no programa. Com base em padrões internacionais, a pesquisa difere de outros rankings e não busca destacar cases isolados. O objetivo da iniciativa é incentivar a responsabilidade corporativa, a transparência e a prestação de contas por meio de relatórios de alta qualidade como ferramenta para identificação de riscos e oportunidades na gestão de desempenho.

A sustentabilidade é um dos tripés da Bunge, que desde 2003 vem publicando relatórios sobre o desempenho de suas operações nas áreas econômica, social e ambiental e seu compromisso com o desenvolvimento sustentável. Em 2005 a empresa aderiu ao padrão da Global Reporting Initiative (GRI), instituição européia, que estabelece um padrão internacional de relato que atenda às expectativas de consumidores, investidores, comunidades e demais públicos interessados, sendo o padrão mais aceito mundialmente.

No ano passado, a edição do relatório de Sustentabilidade da Bunge foi auditada e atingiu o nível A+, sendo uma das únicas empresas operantes no Brasil e setorialmente no mundo, a conseguir essa classificação. “Isso significa que ela respondeu a todos os indicadores do modelo difundido pelo GRI e foi submetida a auditoria externa para verificação, o que reflete não apenas a transparência da Bunge, mas seu compromisso com a sustentabilidade nacional, gerando referência globalmente”, destaca Michel Santos.