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FILOSOFIA Aula 6 A Escolástica Prof. Ms. Elizeu N. Silva

Aula 06 filosofia escolástica

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FILOSOFIAAula 6 – A Escolástica

Prof. Ms. Elizeu N. Silva

A Filosofia Medieval, cuja principal expressão é a Escolástica,

compreende a produção entre os séculos VIII e XIV.

Abrange pensadores europeus, árabes e judeus e ocorre num

período em que a Igreja Romana domina a Europa, coroando

reis e depondo-os, organizando Cruzadas à Terra Santa,

construindo catedrais e estabelecendo as primeiras

universidades.

Nos séculos XI e XII, algumas das escolas que haviam sido

estruturadas a partir das ordens de Carlos Magno, que se

destacaram por seu alto nível de ensino, ganham a forma de

Universidades.

Depois começaram a surgir instituições, fundadas por

autoridades, que já nasciam estruturadas como escolas de

ensino superior.

Universidade de Bolonha >> 1088

Universidade de Paris >> 1170

Universidade de Oxford >> 1096

Universidade de Modena >> 1175

Universidade de Cambridge >> 1209

A Filosofia medieval teve como influências principais Platão e

Aristóteles – embora o conhecimento que se tinha de Platão

resultasse do neoplatonismo de intérpretes como Plotino, do

século VI d.C.

Já os textos de Aristóteles foram conservados e traduzidos por

estudiosos árabes, particularmente Avicena e Averróis.

Para além do mundo cristianizado, nas regiões árabes e

islâmicas floresce um vigoroso pensamento filosófico e

científico.

Árabes e islamitas anteciparão em séculos os conhecimentos

ocidentais sobre

Matemática, Astronomia, Medicina, Engenharia, posteriormente

reivindicados como conquistas do Renascimento.

Além dos problemas típicos da Patrística – especialmente, a

conciliação entre fé e razão –, a Escolástica debruçou-se sobre

os Problemas dos Universais.

A preocupação da Escolástica com as palavras é enorme. Se a

verdade está contida na Bíblia, é preciso compreendê-la e

distinguir o que deve ser entendido como literal, e o que é

apenas simbólico.

Por isso, a Escolástica recomendará que os estudantes

comecem os estudos pelo trivium (gramática, retórica e

dialética), ou seja, os estudos da linguagem, para só depois

passar ao quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e

música), que concentravam os estudos das coisas.

Tanto o trivium quanto o quatrivium estavam subordinadas à

Ciência das ciências: Teologia. Portanto, tinham como principal

objetivo demonstrar racionalmente a existência de Deus e a

imortalidade da alma. Este era o principal tema da Escolástica.

• Que relações existem entre as palavras e as coisas?

• Qual a relação entre a linguagem e a realidade?

Os nominalistas, que têm em Roscelin Compiègne (1050-1120)

considera os universais (ou gêneros, como

“homem”, “astros”, “animais”, “máquinas”) como palavras sem

existência real.

A escolástica desenvolveu um importante método de exposição

filosófica, conhecido como disputa:

• Cada tese apresentada devia ser refutada e/ou defendida

com argumentos tirados da Bíblia, de Aristóteles, de Platão

ou dos doutores da igreja.

• As teses eram consideradas verdadeiras ou falsas

dependendo da força e da qualidade dos argumentos

encontrados nos autores mencionados.

• Diz-se, em relação a este método, tratar-se da aplicação do

princípio da autoridade, isto é, a validade das ideias estava

subordinada a autoridades reconhecidas

(Bíblia, Platão, Aristóteles, o Papa, algum santo).

Os nominalistas, que têm em Roscelin Compiègne (1050-1120)

considera os universais (ou gêneros, como “homem”, “astros”,

“animais”, “máquinas”) como palavras sem existência real.

São meras abstrações humanas geradas a partir da percepção

das coisas individuais (determinado homem, determinado astro,

determinado animal, determinada máquina).

Os realistas sustentam a existência real dos universais.

Apoiam-se em Platão para defender os universais como ideias

anteriores e separadas das coisas; ou, apoiados em Aristóteles,

defendem os universais presentes nas coisas.

Santo Anselmo (1033-1109) afirma que a palavra “Deus” indica

um ser perfeito, o maior de todos. Deus só pode existir, pois o

atributo da existência é uma das perfeições associadas à

palavra “Deus”.

O crescimento das cidades medievais se faz acompanhar pelo

crescimento das universidades. Mestres e estudantes cuidam

da administração das instituições, alcançando relativa

autonomia em relação aos poderes temporal e eclesiástico.

A Universidade de Paris, fundada em 1170, é uma das que

melhor aproveita a autonomia consentida pelo papado. Nesta

instituição, São Tomás de Aquino foi figura central.

Para Tomás de Aquino, se fé e razão entram em colisão, o

equívoco deve ser atribuído à razão – jamais à fé.

Entretanto, Tomás de Aquino não considera a possibilidade de

conflito entre fé e razão. Antes, procura por meio da razão

confirmar a fé e a existência de Deus.

Para isso, apelará à percepção do mundo sensível:

• Percebe-se, pelos sentidos, que o mundo é dotado de

movimento.

• Segundo Aristóteles, nada se move por si. A causa do

movimento deve ser causada – e a investigação sobre a

causa do movimento do mundo levaria a uma sucessão

infinita de causas. Portanto, é forçoso admitir uma causa

absolutamente imóvel e primeira: Deus.

Para Tomás de Aquino, há um domínio comum à razão e à fé.

É preciso demarcar os respectivos territórios com precisão,

para que a razão possa se desenvolver plenamente dentro dos

limites que lhe forem impostos. Este domínio é o campo do ser,

ou seja, a realidade do mundo sensível.

Nisso, concorda com Aristóteles, para quem o conhecimento

racional provém inicialmente dos sentidos.

No século XIII novas ordens católicas conquistam espaço nas

universidades. Entre elas, as recém-formadas Ordem dos

Franciscanos e dos Dominicanos, que pregam um retorno da

igreja à simplicidade e à humildade dos tempos iniciais.

Defendem a ortodoxia (doutrina pura e original) em face dos

“dialéticos” (entre os quais, São Tomás de Aquino) que se

dedicam primeiro à especulação e só depois à devoção.

Para o dominicano São Boaventura (1221-1274), a Filosofia e a

razão só se justificam como busca do “itinerário da alma até

Deus”.

Portanto, compete à razão apenas buscar no mundo sensível

(ou seja, o mundo das criaturas de Deus)

vestígios, imagens, sinais das Ideias perfeitas, que são o

próprio conhecimento de Deus.

Não se trata de conhecer o que as coisas são, mas apenas o

que elas significam e representam, como imagem e

semelhança da imensa sabedoria divina.

• Seguindo este preceito, em Oxford, o franciscano Roger

Bacon desenvolve a ideia de ciência experimental, partindo

da premissa de que as provas da experiência são a melhor

forma de conhecimento. É reconhecido como precursor da

ciência moderna.

Guilherme Ockham (1300-1350), franciscano também ligado a

Oxford, defende que os universais não têm existência real, não

passando de signos que só adquirem sentido na relação que as

palavras estabelecem entre si numa determinada proposição.

Os signos referem-se a coisas, mas só na qualidade de

substitutos dessas coisas. Não têm, portanto, existência por si

mesmos.

Por isso, o conhecimento racional, embora estruturado em

procedimentos lógicos rigorosos, não conferem acesso à

realidade das coisas. Isso se aplica ainda mais à questão da

existência de Deus.

Ockham mostra que a verdade revelada, muito mais que a

realidade das coisas do mundo sensível, é absolutamente

inacessível à razão. Procura, desta forma, subordinar o

conhecimento racional à supremacia do conhecimento por meio

da fé. A fé tem ascendência sobre a razão.

Separadas radicalmente da fé, a razão e a Filosofia libertam-se

da subordinação à Teologia.

Fontes bibliográficas:

ABRÃO, Bernadette Siqueira. A história da filosofia. São

Paulo, Ed. Nova Fronteira, 2004

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, 13ª

edição, Ed. Ática, 2005

GHIRALDELLI JR., Paulo. Introdução à filosofia. Barueri, Ed.

Manole, 2003