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Aula de Sociologia no Ensino Médio Narrativas sobre o Impeachment de Dilma IV: protestos, crises e preocupações nos primeiros dias do governo Temer. Nome:______________________________________________Turma:____________ Data: / / Introdução: O governo interino de Michel Temer não conseguiu estancar totalmente a crise política em seus primeiros dias no poder, crise que assombrou o segundo mandato de Dilma desde o seu início em 2015. O governo interino precisava conquistar alguma popularidade rapidamente, já que não passou pelo crivo de uma eleição e estava disposto a implantar uma política de austeridade que não tinha sido escolhida pelos eleitores. A operação Lava Jato que investigava a corrupção na Petrobrás continuava sendo o principal fator de instabilidade política no Brasil, ainda mais quando chegava perto dos políticos com altos cargos no executivo e no legislativo. Os principais líderes do partido do presidente interino Michel Temer, o PMDB, apareceram em gravações divulgadas pelo jornal Folha de São Paulo tentando impedir a continuidade das investigações. Na primeira delas, no dia 23/05/2016, o então ministro do planejamento Romero Jucá (PMDB/RR) foi gravado pelo ex-presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobrás), Sérgio Machado, afirmando que a saída de Dilma Rousseff resultaria num pacto para conter a “sangria” da operação Lava Jato que investigava ambos. Esta foi a primeira crise política séria enfrentada pelo novo governo, que exonerou Jucá no mesmo dia em que as gravações foram divulgadas, expressando apoio público à continuidade das investigações. A crise pareceu não ter tido grande impacto junto aos congressistas, pois, na madrugada do dia 25/05/2016 foi aprovada a nova meta fiscal do governo, que previa um déficit de 170,5 bilhões de reais no orçamento de 2016. A demissão do ministro Romero Jucá foi objeto de um reportagem do jornal Financial Times, que será analisada nesta atividade. Além disso, a volta da presidente Dilma Rousseff ao poder continuava tendo apoio de parte significativa da população que se identificava com as políticas sociais levadas a cabo nos treze anos em que o Partido dos Trabalhadores esteve a frente do governo. Um fato ganhou repercussão internacional e nacional, atores e produtores do filme brasileiro Aquarius protagonizaram um protesto no tapete vermelho de Cannes, carregando cartazes que denunciavam um “golpe de estado” no Brasil (16/05/2016). Esse fato foi um gatilho para uma forte contestação entre artistas e produtores culturais, que não aceitavam a incorporação do Ministério da Cultura pelo Ministério da Educação. Frente aos protestou, Temer voltou atrás e anunciou no dia 21/05/2016 que recriaria o Ministério da Cultura. Entretanto, a iniciativa do “volta Dilma” ganhava espaço na medida em que integrantes do novo governo eram citados em conversas interceptadas, tal como o novo ministro da transparência Fabiano Silveira que foi gravado tentando ajudar o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB/AL) a escapar das investigações (29/05/2016). O ministro pediu demissão no dia seguinte após fortes protestos de funcionários da pasta. Estas manifestações vão ser mais bem analisadas no segundo artigo desta atividade, publicado pelo jornal The Washington Post. Por fim, no último artigo desta atividade, também do The Washington Post, será analisada a preocupação de ambientalistas estrangeiros com a política amazônica do governo Temer, que não teve grande impacto na imprensa nacional. Neste ponto, o desmatamento da amazônia estava no foco dessas preocupações, principalmente, pela nomeação de Blairo Maggi como ministro da agricultura, um notório desmatador. 1) No final de maio de 2016, era visível que os apoiadores da presidente Dilma continuariam protestando contra aquilo que qualificavam como um “golpe de estado.” A imagem abaixo circulou fartamente nas redes sociais brasileiras e houve uma disputa pela forma como deveria ser interpretada. Aqueles contrários à presidente Dilma procuraram desqualificar os manifestantes afirmando que o diretor do filme ocupava um cargo federal de confiança e o filme tinha recebido recursos públicos. No Brasil, atores e personalidades aparecem com frequência em campanhas políticas, você acredita que o apoio de artistas em alguma causa pública influenciaria o conjunto da sociedade para aquela causa? (__) SIM; (__) NÃO. Se um artista que você gosta participasse de alguma campanha política, você se influenciaria por ele? (__) SIM; (__) NÃO. Porquê?___________________________________________________________________. Você segue alguma personalidade, artista, político no Facebook, curtindo e apoiando suas ideias ou comportamento: (__) SIM; (__) NÃO. Porquê? _______________________________________________________________________. Cannes, sul da França, terça-feira, 17/05/2016. (Lionel Cironneau/Associated Press)

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Aula de Sociologia no Ensino MédioNarrativas sobre o Impeachment de Dilma IV: protestos, crises e preocupações nos primeiros

dias do governo Temer.

Nome:______________________________________________Turma:____________ Data: / /

Introdução: O governo interino de Michel Temer não conseguiu estancar totalmente a crise política em seus primeirosdias no poder, crise que assombrou o segundo mandato de Dilma desde o seu início em 2015. O governo interinoprecisava conquistar alguma popularidade rapidamente, já que não passou pelo crivo de uma eleição e estava disposto aimplantar uma política de austeridade que não tinha sido escolhida pelos eleitores. A operação Lava Jato queinvestigava a corrupção na Petrobrás continuava sendo o principal fator de instabilidade política no Brasil, ainda maisquando chegava perto dos políticos com altos cargos no executivo e no legislativo. Os principais líderes do partido dopresidente interino Michel Temer, o PMDB, apareceram em gravações divulgadas pelo jornal Folha de São Paulotentando impedir a continuidade das investigações. Na primeira delas, no dia 23/05/2016, o então ministro doplanejamento Romero Jucá (PMDB/RR) foi gravado pelo ex-presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobrás), SérgioMachado, afirmando que a saída de Dilma Rousseff resultaria num pacto para conter a “sangria” da operação Lava Jatoque investigava ambos. Esta foi a primeira crise política séria enfrentada pelo novo governo, que exonerou Jucá nomesmo dia em que as gravações foram divulgadas, expressando apoio público à continuidade das investigações. A crisepareceu não ter tido grande impacto junto aos congressistas, pois, na madrugada do dia 25/05/2016 foi aprovada a novameta fiscal do governo, que previa um déficit de 170,5 bilhões de reais no orçamento de 2016. A demissão do ministroRomero Jucá foi objeto de um reportagem do jornal Financial Times, que será analisada nesta atividade. Além disso, avolta da presidente Dilma Rousseff ao poder continuava tendo apoio de parte significativa da população que seidentificava com as políticas sociais levadas a cabo nos treze anos em que o Partido dos Trabalhadores esteve a frentedo governo. Um fato ganhou repercussão internacional e nacional, atores e produtores do filme brasileiro Aquariusprotagonizaram um protesto no tapete vermelho de Cannes, carregando cartazes que denunciavam um “golpe deestado” no Brasil (16/05/2016). Esse fato foi um gatilho para uma forte contestação entre artistas e produtores culturais,que não aceitavam a incorporação do Ministério da Cultura pelo Ministério da Educação. Frente aos protestou, Temervoltou atrás e anunciou no dia 21/05/2016 que recriaria o Ministério da Cultura. Entretanto, a iniciativa do “voltaDilma” ganhava espaço na medida em que integrantes do novo governo eram citados em conversas interceptadas, talcomo o novo ministro da transparência Fabiano Silveira que foi gravado tentando ajudar o presidente do Senado RenanCalheiros (PMDB/AL) a escapar das investigações (29/05/2016). O ministro pediu demissão no dia seguinte após fortesprotestos de funcionários da pasta. Estas manifestações vão ser mais bem analisadas no segundo artigo desta atividade,publicado pelo jornal The Washington Post. Por fim, no último artigo desta atividade, também do The Washington Post,será analisada a preocupação de ambientalistas estrangeiros com a política amazônica do governo Temer, que não tevegrande impacto na imprensa nacional. Neste ponto, o desmatamento da amazônia estava no foco dessas preocupações,principalmente, pela nomeação de Blairo Maggi como ministro da agricultura, um notório desmatador.

1) No final de maio de 2016, era visível que os apoiadores da presidente Dilma continuariam protestando contra aquiloque qualificavam como um “golpe de estado.” A imagem abaixo circulou fartamente nas redes sociais brasileiras ehouve uma disputa pela forma como deveria ser interpretada. Aqueles contrários à presidente Dilma procuraramdesqualificar os manifestantes afirmando que o diretor do filme ocupava um cargo federal de confiança e o filme tinharecebido recursos públicos. No Brasil, atores e personalidades aparecem com frequência em campanhas políticas, vocêacredita que o apoio de artistas em alguma causa pública influenciaria o conjunto da sociedade para aquela causa?(__) SIM; (__) NÃO. Se um artista que você gosta participasse de alguma campanha política, você se influenciaria porele? (__) SIM; (__) NÃO. Porquê?___________________________________________________________________.Você segue alguma personalidade, artista, político no Facebook, curtindo e apoiando suas ideias ou comportamento:(__) SIM; (__) NÃO. Porquê? _______________________________________________________________________.

Cannes, sul da França, terça-feira, 17/05/2016. (Lionel Cironneau/Associated Press)

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2) Com o apoio de um dicionário, traduza as frases que aparecem nos cartazes da esquerda para a direita na foto:

2a) ____________________________________________________________________________________________.

2b) ____________________________________________________________________________________________.

2c) ____________________________________________________________________________________________.

2d) ____________________________________________________________________________________________.

Temer encara problemas do Brasil enquanto seu ministro é demitido após vazamento degravações

por: Joe Leahy e John Paul Rathbone, Financial Times, 24/05/2016Tradução: Rodrigo Belinaso Guimarães

SÃO PAULO – O presidente interino do Brasil, Michel Temer, sofreu sua primeira baixa menos de duas semanas apóster assumido o poder, um dos seus ministros caiu na segunda-feira à noite (23/05/2016), depois dele ter supostamentetramado contra as investigações de corrupção. O ministro do planejamento, Romero Jucá, disse que ele estava selicenciando de seu cargo depois que o jornal Folha de São Paulo relatou que ele tinha sido pego em uma gravaçãoafirmando que uma mudança no governo era necessária para conter a ampla investigação de corrupção na petrolíferaestatal, Petrobrás.

A gravação foi feita antes da presidente Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores, ou PT, de esquerda, serimpichada no início deste mês (maio de 2016), um movimento que fez com que Michel Temer assumisse seu lugar. Elee Jucá são líderes do centrista Partido do Movimento Democrático Brasileiro, ou PMDB. Jucá afirmou aos repórteresque: “eu não fiz nada, aquilo não prova nada e não tenho nada mais a declarar no momento,” anunciando que estavadeixando seu cargo para se defender das acusações.

A crise tem ameaçado desestabilizar o novo governo de Michel Temer, exatamente quando propõe umambicioso programa econômico com o objetivo de ajustar o orçamento do Brasil e lançar os fundamentos darecuperação econômica. A saída rápida de Jucá pode ajudar a limitar o dano político desta crise, dizem analistas. Jucá éum dos muitos membros do novo ministério de Temer que estão sob investigação no caso da Petrobrás, em quemembros da ex-coalização do governo do PT de Dilma Rousseff são acusados de terem montado um esquema comexecutivos da companhia e empreiteiras para receberem propinas e subornos.

Romero Jucá foi pego em uma gravação privada conversando com Sérgio Machado, ex-presidente de umasubsidiária da Petrobrás, Transpetro, afirmando que uma mudança no governo seria necessária para impedir que ainvestigação implicasse todo mundo de seu partido, como relatou o jornal Folha de São Paulo. “Nós temos que mudar ogoverno para estancar esta sangria,” ele disse. Romero Jucá não negou a existência da conversa, mas disse que ela foitirada de contexto. Machado está também sob investigação no caso da Petrobrás. Ele não foi encontrado para comentaro caso na segunda-feira (23/05/2016).

Romero Jucá faz parte da liderança histórica do PMDB de Temer junto com o presidente do Senado, RenanCalheiros, que também está sob investigação na Lava Jato, como a investigação na Petrobrás é chamada. EduardoCunha, o presidente da Câmara dos Deputados, foi suspenso também devido às investigações em curso. Em trechos dagravação divulgada pela Folha de São Paulo, Machado alerta Jucá que o procurador-geral da República Rodrigo Janotplanejava atingir a liderança do PMDB como um todo. “Eu estou preocupado porque eu penso que Janot está querendopegar você e eu penso que eu sou o meio para ele conseguir,” disse Machado, um ex-senador do PMDB. Eleacrescentou no decorrer da conversa: “A situação é grave porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos.” Jucárespondeu: “Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta pura.”

A dupla debateu como Aécio Neves, o líder do principal partido da oposição, o PSDB, provavelmente seriatragado pela investigação de corrupção se não houvesse impeachment. “Todo mundo está na bandeja esperando para sercomido,” disse Jucá. Machado respondeu: “O primeiro [no PSDB] será Aécio.” Em nota, o PSDB afirmou que odiálogo entre Jucá e Machado não contem nenhuma acusação explícita de irregularidade contra Aécio Neves.

Romero Jucá mencionou na conversa que ele estava dialogando com os militares, que tinham garantido quemanteriam a calma durante a crise política. Ele disse que ele tinha também falado com alguns ministros da SupremaCorte. Nestas conversas, tinha entendido que a investigação da Lava Jato continuaria enquanto Dilma Rousseffestivesse no poder por causa da sua impopularidade com a mídia e com os outros políticos. Na entrevista coletivadepois da publicação das gravações, Jucá disse que ele apoia a Lava Jato, mas que as investigações deveriam serconcluídas mais rapidamente, pois os políticos brasileiros não podem conviver permanentemente sob uma “nuvemnegra.” Ele disse que foi neste contexto que tinha discutido o caso com os juízes da Suprema Corte, com os quais tinhase encontrado socialmente.

3) Nos diálogos gravados entre Jucá e Machado, antes do processo de impeachment ser votado no Senado, o senador eex-Ministro do Planejamento do governo Temer expôs seus temores sobre o alcance da operação Lava Jato. A partir dasgravações, órgãos da imprensa nacional o acusaram de tentar formular um plano para obstruir as investigações. Dessa

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forma, conforme a reportagem acima, assinale a alternativa que apresenta um trecho das falas de Romero Jucá nagravação que pode ser interpretada como uma tentativa de formular um plano para escapar da Lava Jato:

(A) “Eu não fiz nada, aquilo não prova nada e não tenho nada mais a declarar no momento;”(B) “Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta pura;”(C) “Nós temos que mudar o governo para estancar esta sangria;”(D) “Todo mundo está na bandeja esperando para ser comido;”(E) Os políticos brasileiros não podem conviver permanentemente sob uma “nuvem negra.”

4) Investigados na operação Lava Jato fizeram parte do governo Dilma Rousseff tanto quanto do governo de MichelTemer. Você acredita que o fato de um político que ocupa um cargo importante no governo ser acusado de corrupção,podendo ele ser inocente, já é motivo suficiente para que ele seja afastado do governo? (__) SIM; (__) NÃO. Vocêacredita que seria melhor esperar que o político se tornasse réu numa investigação, ou seja, que haja indícios suficientesde sua culpa para que ele fosse afastado do governo? (__) SIM; (__) NÃO. Porquê: ____________________________________________________________________________________________________________________________.

A política brasileira ganha contornos satânicos e Temer está em um caldeirão

por: Dom Phillips, 22/05/2016, The Washington Posttradução: Rodrigo Belinaso Guimarães

RIO DE JANEIRO – Artistas, produtores e atores estão ocupando prédios públicos por todo o Brasil para protestarcontra o novo governo do presidente interino Michel Temer. Neste fim de semana (21 e 22/05/2016), músicos fizeramshows contra Temer ao redor do Brasil e o público cantou por sua destituição. Alguns gritavam “Fora Temer” no ritmode uma famosa ópera – interpretada como se um apocalipse fosse iminente, assim, brincavam com rumores da Internetinfundados de que o novo líder impopular do Brasil seria um satanista. O vice-presidente Temer foi empossado depoisque Dilma Rousseff foi suspensa pelo Senado em um processo de impeachment controverso no início do mês (maio de2016). Ela responde ao processo no Senado e tem dito que seu afastamento foi um golpe.

As ocupações foram desencadeadas após Temer extinguir o Ministério da Cultura para cortar gastos, atiçandoas labaredas de uma revolta cultural. Os manifestantes vieram no rastro do “protesto silencioso” que atores brasileiros eo diretor Kleber Mendonça Filho fizeram no Festival de Cinema de Cannes na França, além de declarações contráriasao impeachment por outros brasileiros famosos, entre eles, Wagner Moura, estrela da série do Netflix “Narcos.” Omovimento artístico tem galvanizado produtores, músicos, atores e artistas e é especialmente perigoso para Temerporque ele foi organizado espontaneamente por uma comunidade criativa e não pelo Partido dos Trabalhadores deDilma Rousseff.

Na sexta-feira (20/05/2016) o cantor Caetano Veloso fez um show gratuito para milhares de pessoas em frenteao prédio do Ministério da Cultura no Rio que está ocupado pelos manifestantes. A multidão entoou em coro a frase “Euodeio Michel Temer” ao som de um de seus clássicos. Um pouco antes, a multidão ali reunida cantou “Fora Temer”usando a melodia da ópera de Carl Orff, “Carmina Burana” durante um concerto. Outros gritos de “Fora Temer” foramouvidos no show gratuito de um dos maiores artistas brasileiros, Ney Matogrosso, em São Paulo, no sábado à noite(21/05/2016). Além destes, “Temer Jamais” foi projetado em uma tela durante a apresentação no domingo (22/05/2016)do rapper Criolo. Os espetáculos gratuitos na ocupação do Rio tem sido marcadamente diferentes dos protestospreparados pelo Partido dos Trabalhadores de Dilma Rousseff contra seu impeachment. Em vez de partidos políticos, ofoco tem sido a cultura e a democracia.

Temer, cujo partido centrista PMDB abandonou a coalização governamental de Dilma em março (2016),instalou uma administração favorável ao mercado, mas alguns de seus ministros, exclusivamente formado por homens,estão sendo investigados em um vasto escândalo de corrupção centrado na petrolífera estatal, Petrobrás. Dilma Rousseffnão foi citada no escândalo – o qual junto a uma profunda recessão econômica, foi o fator chave para sua suspensão.Entretanto, investigadores afirmam que políticos de seu partido e do de Temer estão profundamente envolvidos ealegam que ela tentou obstruir a investigação – o que ela nega.

O ato de eliminar o Ministério da Cultura foi uma tentativa de cortar o inchado gasto público do Brasil. Porémem um país que ama, vive e respira cultura, este pode ter sido um dispendioso erro. O show de Caetano Veloso foi feitocom músicas que ele escreveu enquanto estava exilado durante a ditadura militar do Brasil. “Isso foi emocionanteporque Caetano estava mostrando seu apoio abertamente,” disse Rodrigo Faria, 34, um produtor cultural que estava noshow. A apresentação de Caetano deu ao movimento uma relevância extra: foi como se Bob Dylan fizesse umespetáculo aberto no Occupy Wall Street.

No dia seguinte (21/05/2016), o novo governo voltou atrás e disse que manteria o Ministério da Cultura.Entretanto, os manifestantes no Rio juravam que manteriam a ocupação. “Foi uma vitória,” disse Diana Iliescu, 37, umaprodutora audiovisual e uma das 90 ativistas que participaram da ocupação, “mas o que queremos é derrotar Temer.”Ela era integrante do grupo que coordenava a divulgação nas redes sociais em um centro de comunicações instaladonum escritório. Dânae Melo, 34, uma atriz que passa a noite em uma barraca numa das salas ocupadas, explicou comoos manifestantes tinham isolado as áreas ao redor de obras de arte valiosas, incluindo um enorme painel de CândidoPortinari. “Nós cuidamos de tudo,” ela disse, “nós estamos aqui protegendo nosso Brasil para entregar de volta a suademocracia.”

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Do lado de fora, na noite de sábado, (21/05/2016) ocorria uma apresentação antigoverno ao som de Hip-Hop,ao mesmo tempo que havia uma performance artística de um grupo sentado silenciosamente em cadeiras de plástico, asquais eram, a todo momento, trocadas de lugar. Com vendedores ambulantes oferecendo cervejas e bebidas, a ocupaçãotem se tornado uma atração social para os moradores do Rio e inspirado outras ao redor do Brasil. Os manifestantesestão esperançosos de que o diabólico canto de “Fora Temer” esteja se tornando popular.

5) A reportagem acima do The Washington Post faz referência a um movimento popular chamado de Occupy WallStreet, cujo início oficial foi em 17 de setembro de 2011 e causou forte impacto nos Estados Unidos. Faça uma pesquisasobre este movimento em um grupo de até 4 pessoas, coletando informações sobre ele, fotos, reportagens no Brasil, etc.Elabore uma apresentação em power point com no máximo 10 slides que mostre uma síntese do movimento: ondeocorreu, quais as principais reivindicações, quais grupos sociais participaram predominantemente, quais foram asprincipais ações, se terminou ou continua realizando atos, se utilizou ou utiliza as redes sociais, como são suaspostagens, há algum site, etc. Não esqueça de expressar a opinião do grupo sobre o movimento e sobre suasreivindicações. Utilize ao menos três fontes bibliográficas diferentes para a realização dos slides, citando as fontes aofinal. É bom que um integrante do grupo tenha conhecimento intermediário de inglês.

6) Sublinhe uma frase do texto acima que evidencie que a invasão do prédio do Ministério da Cultura (Minc) no Rio deJaneiro não foi apenas um movimento contra a extinção do Minc, mas, sobretudo, uma ação contra o governo Temer.

O novo governo do Brasil, provavelmente, protegerá menos a Amazônia, dizem os críticos

por: Dom Phillips e Nick Miroff, The Washington Post, 22/05/2016tradução: Rodrigo Belinaso Guimarães

Sinalizando um direcionamento político à direita, o novo governo brasileiro tem alarmado conservacionistas eativistas da mudança climática que temem uma redução das leis ambientais que poderiam acelerar o desmatamento nabacia amazônica. Com a economia brasileira em sua pior crise econômica desde os anos 1930, o novo presidenteMichel Temer assumiu o poder este mês (maio de 2016) prometendo uma agenda favorável ao mercado para estimular ocrescimento. Temer nomeou um ministério com inclinações mais conservadoras cujos membros incluem pessoas comlaços próximos aos proprietários de terras e empresas do agronegócio.

Temer assumiu o poder na maior nação da América do Sul – com a maior floresta tropical do mundo – aomesmo tempo que os congressistas brasileiros estão apreciando a mais profunda revisão das leis ambientais. Isto incluiuma emenda constitucional controversa conhecida como PEC 65, que reduz os requisitos para o licenciamentoambiental de projetos de desenvolvimento e uma limitação do poder judiciário para supervisionar seus impactos. Aapreciação da emenda tem sido adiada, mas no mês passado (abril de 2016) ela passou por uma importante comissão noSenado, onde foi defendida pelo Senador Blairo Maggi, um magnata do agronegócio apelidado de “Rei da Soja.” Temerfez do maior agricultor do país seu ministro da agricultura, um cargo poderoso no segundo maior exportador de comidado mundo, dando a ele influência significativa para promover a PEC 65.

O centrista Partido do Movimento Democrático Brasileiro de Temer respondeu à crise econômica com umpacote de propostas que facilitariam os requisitos para o licenciamento de projetos em áreas protegidas, enfraquecendoa regulação para as mineradoras e permitindo “atividades produtivas” nas reservas indígenas do Brasil. Agora queTemer é presidente, conservacionistas estão preocupados com a tramitação destas medidas no Congresso Nacional. “Osque assumiram o poder estão trazendo uma agenda explicitamente contrária ao meio ambiente.” disse Christian Poirierda norte-americana Amazon Watch.

O novo ministro das relações exteriores, José Serra, disse na semana passada (12 a 18/05/2016) que o Brasilassumiria sua “responsabilidade especial” pela Amazônia e que o país será “proativo e impulsionador” nas negociaçõesclimáticas. Porém, o novo governo disse ainda pouco sobre seus planos e Temer chega ao poder ao mesmo tempo queos controles regulatórios brasileiros e as leis ambientais são crescentemente culpados por sufocar o investimento e ocrescimento. Depois de uma década em que o desmatamento foi reduzido significativamente, ele voltou a crescernovamente no governo da presidente Dilma Rousseff, conforme os dados do satélite Imazon, pertencente a um grupobrasileiro de monitoramento independente. Ano passado (2015), foram desmatados 3.180 km² de floresta, conformedados do grupo – uma área maior do que Rhode Island.

Dilma Rousseff foi suspensa do cargo em 12 de maio (2016) e responde a um processo de impeachment noSenado brasileiro, o que permitiu a Temer – seu vice-presidente e ex-parceiro de coalizão – formar um novo governo.Ambientalistas e advogados dos direitos indígenas também estão preocupados se Temer levará adiante projetoscontestados de construção de hidrelétricas na bacia amazônica, incluindo a grande barragem hidrelétrica de São Luiz doTapajó ao custo de 10 bilhões de dólares. Os planos para o projeto foram suspensos mês passado (abril de 2016) pelaagência brasileira de meio ambiente, em parte devido a preocupações que a obra destruiria a floresta ancestral de gruposindígenas.

Temer, cuja taxa de aprovação popular é mínima, reuniu uma ampla coalizão política ao oferecer postos-chaveem seu gabinete ministerial para deputados com uma orientação mais à direita que foram marginalizados durante os 13anos em que o Partido dos Trabalhadores de Dilma Rousseff esteve no poder. Entre aqueles que ganharam maiorinfluência estão os “ruralistas”, representantes do vasto interior do Brasil, com laços com poderosos fazendeiros e com

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os interesse do agronegócio. A interrupção na perda da cobertura de árvores no Brasil é vista pelos ativistas ambientaiscomo essencial para desacelerar o aquecimento global, porque as florestas tropicais absorvem e estocam grandesquantidades de carbono. Desde 1970, em torno de 20 por cento da bacia amazônica foi desmatada – uma área maior doque a França – mas a taxa de destruição caiu significativamente após 2005, sob o governo do predecessor de DilmaRousseff, Luiz Inácio Lula da Silva. A administração de Lula endureceu a execução das leis ambientais e retiroumilhares de acres de terras dos limites do desenvolvimento.

“Poucas pessoas acham que o Brasil possa acabar completamente com a destruição da Amazônia. Sua redução– parcial porém real – é uma das poucas esperanças de conquista na luta por um clima seguro,” disse o ativista e escritorsobre mudança climática, Bill McKibben, um professor de estudos ambientais do Middelebury College em Vermont. “Aperspectiva de continuidade da exploração econômica na floresta tropical é particularmente triste,” ele disse. Como aeconomia brasileira começou a vacilar em anos recentes, retornaram os avanços do desmatamento, especialmente porcausa dos fazendeiros que tentam compensar a queda em seus rendimentos através da incorporação de mais terras. Aprodução de soja no Brasil quadruplicou nos últimos 20 anos e a projeção da colheita deste ano se aproxima das 100milhões de toneladas, um recorde.

O défict orçamento também significa menos dinheiro para afastar madeireiras ilegais, garimpeiros e quaisqueroutros de áreas protegidas e reservas indígenas. Dilma Rousseff não era vista com nenhuma simpatia especial porativistas ambientais e grupos de conservação da Amazônia. Em 2014, ela nomeou Kátia Abreu, ligada ao agronegócio echamada de “Rainha da Serra Elétrica” por seus críticos, como ministra da agricultura. Porém, com sua presidência nascordas nas últimas semanas (abril e maio de 2016), Dilma tentou reconquistar o apoio dos ambientalistas ao emitirdecretos para proteger mais de 5 milhões de acres da Amazônia e criar três novas reservas indígenas. Integrantes donovo governo dizem que os decretos de Dilma assinados na calada da noite estão sujeitos à revisão.

O novo ministro de minas e energia de Temer, outro cargo ministerial importante, é Fernando Coelho Filho, de32 anos de idade e membro do Congresso Nacional, que disse que sua prioridade será atrair novos investimentosestrangeiros através da revisão das leis de mineração. Os críticos dizem que esta proposta de mudança falha na proteçãoàs comunidades afetadas pelas mineradoras. Ano passado, 19 pessoas morreram quando uma barragem rompeu comgrande quantidade de rejeitos, um acidente que se tornou um símbolo da falta de fiscalização no Brasil.

Os integrantes do novo governo Temer dizem que os controles sob o meio ambiente permanecerão bastanterígidos. Maggi, o novo ministro da agricultura, disse que o objetivo da PEC 65 é dar às empresas garantias de que umavez que o projeto seja aprovado pelas agências regulatórias, ele não poderá ser interrompido por ações judiciais. Oproblema do Brasil, ele disse em uma entrevista, é que “se algum grupo não-governamental ou procurador ou qualquerpessoa se oponha a um projeto, mesmo que por razões ideológicas, eles usam de todos os meios para atrasar asconstruções.” Maggi ganhou o prêmio “Motosserra de ouro” em 2005 dado pelo Greenpeace quando era governador doEstado do Mato Grosso. Ele disse que aquilo fez dele uma pessoa mais ágil na luta contra o desmatamento, que caiudramaticamente em seu Estado nos anos seguintes. Entretanto, seu apoio ao novo marco regulatório erodiu o respeitorelutante que conquistou de alguns grupos ambientalistas.

Um grupo de procuradores lançou uma campanha nas redes sociais contra a emenda constitucional. “O risco éenorme,” disse Sandra Curea, uma das manifestantes. Maggi disse que ele também apoia que os indígenas brasileirospossam produzir alimentos comercialmente em suas reservas, em vez de apenas para sua subsistência como é entãopermitido. Esta é outra proposta delicada, porque o sistema de reservas indígenas do país é também usado para deixargrandes extensões da floresta amazônica fora dos limites da exploração comercial e do desenvolvimento. Maggi rejeitoua ideia de que os fazendeiros são contrários ao meio ambiente. “O maior amigo do meio ambiente tem que ser oprodutor, porque ele depende da natureza para receber a chuva,” ele disse.

José Carlos Carvalho, que foi ministro do meio ambiente em 2002 no governo pró-mercado do presidenteFernando Henrique Cardoso, disse que a nova onda de revisão da regulamentação ambiental patrocinada pelos políticosbrasileiros equivaleria ao “maior retrocesso na gestão ambiental do Brasil desde a redemocratização,” referindo-se aofim da ditadura militar em 1985. Ele disse que o governo Temer não seria o primeiro a ver as proteções ambientaiscomo um luxo que o país não pode se permitir. “Esta tem sido a realidade da política brasileira desde sempre,” ele disse.

7) Você concorda que o Brasil deveria ter uma legislação ambiental menos rigorosa para favorecer o crescimentoeconômico? (__) SIM; (__) NÃO. Explique sua opinião: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________.

8) A reportagem do jornal Washington Post faz referência à tramitação no Senado Federal de uma proposta de emendaconstitucional chamada de PEC 65/2012. Na página oficial do Senado Brasileiro na internet a PEC 65 é descrita como:“Acrescenta o § 7º ao art. 225 da Constituição Federal para assegurar a continuidade de obra pública após a concessãoda licença ambiental; dispõe que a apresentação do estudo prévio de impacto ambiental importa autorização para aexecução da obra, que não poderá ser suspensa ou cancelada pelas mesmas razões a não ser em face de fatosuperveniente.” Sublinhe no texto as explicações do ministro Blairo Maggi para apoiar a mudança. Através dasinformações apresentadas, explique com suas próprias palavras o que é a PEC 65/2012, além de seu posicionamento emrelação a ela: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.Faça uma pesquisa sobre a situação atual da tramitação da PEC 65/2012 no Congresso Nacional.

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9) A reportagem afirma que o ministro da agricultura Blairo Maggi, apoia uma mudança na legislação sobre as terrasindígenas. Circule no texto qual seria essa mudança. Você concorda com essa medida: (__) SIM; (__) NÃO. Explique:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.

10) Conforme a reportagem, ligue a coluna A que mostra os nomes de pessoas citadas na reportagem acima com acoluna B que mostra as ideias ou ações defendidas ou realizadas por elas.

Coluna A Coluna B

Dilma Rousseff • • Promete uma agenda pro mercado para estimular o crescimento.

Michel Temer • • Se algum grupo não-governamental ou procurador se opõe aum projeto, eles usam seu poder para atrasar as construções.

Luiz Inácio Lula da Silva • • O atual governo não seria o primeiro a ver as proteçõesambientais como um luxo que o país não pode se permitir.

José Carlos Carvalho • • Estes que assumiram o poder estão trazendo uma agendaexplicitamente contrária ao meio ambiente.

Christian Poirier • • Tentou reconquistar o apoio dos ambientalistas ao emitirdecretos para proteger mais de 5 milhões de acres da Amazônia.

Bill McKibben • • Endureceu a execução das leis ambientais e retirou milharesde acres de terras dos limites do desenvolvimento.

Blairo Maggi • • Poucas pessoas pensam que o Brasil pode acabarcompletamente com a destruição da Amazônia.

Referências

BRASIL. Congresso. Senado. Proposta de Emenda Constitucional, de 2012. Acrescenta o § 7º ao art. 225 da Constituição, para assegurar a continuidade de obra pública após a concessão da licença ambiental. Proposta de Emenda Constitucional. Disponível em: <http://legis.senado.leg.br/mateweb/arquivos/mate-pdf/120446.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2016.

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