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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOCENTE
Ao se pensar no tema da avaliação é fundamental a compreensão de todas as
questões teóricas, concepções, visões de mundo, da escola, da aprendizagem e do ensino,
assim como dos valores, da ética e da política, por se tratar de uma prática social, que
acima de tudo, serve para melhorar a vida profissional dos professores. Este é o cenário
geral que deve ser considerado ao se falar em sistemas de avaliação que tenham sentido
real e significado para todos os envolvidos no processo.
A avaliação é uma prática social, cada vez mais, utilizada para compreender,
demonstrar e melhorar diversos problemas que atualmente afetam as sociedades. Um dos
grandes desafios à avaliação em geral é o de contribuir com a verificação, discussão,
reconhecimento e busca entre diferentes abordagens para uma reflexão crítica e não
apenas uma visão técnica ou formal dos propósitos avaliados.
Os propósitos de uma avaliação podem ser variados, no caso da avaliação de
professores podemos citar a melhoria no desempenho, responsabilidade com apresentação
de contas, progressão na carreira e com a profissionalização ou até com o próprio acesso a
profissão.
A avaliação de professores é um processo difícil de conceber e de se por em prática.
Não se trata somente de um processo burocrático para verificar o cumprimento de normas e
procedimentos. Trata-se de uma complexa construção social, onde fazem parte do processo
diferentes visões de ensino, de escola, de educação e sociedade. É muito mais do que uma
questão técnica. Segundo Fernandes (2006):
[...] a avaliação de professores (...) poderá ser um meio importante de regulação, de amadurecimento, de credibilidade e de reconhecimento de uma classe profissional que, evidentemente, está perante um dos dilemas mais desafiadores com que se viu confrontada nos últimos 30 anos. (FERNANDES, 2006, p. 21).
É importante que a avaliação de professores passe a ser pensada além de uma
rotina burocrática e administrativa com pouca ou nenhuma influência no desempenho dos
professores, para ser concebida como um eficiente instrumento na melhoria da qualidade de
ensino e desenvolvimento profissional dos professores.
Os modelos de avaliação podem estar focados em avaliar: a qualidade dos
professores, ou seja, a sua competência enquanto a um sistema de saberes diversificados e
específicos que o professor domina. Pode estar interessado em avaliar a qualidade do
ensino, analisando o desempenho dos professores, ou seja, àquilo que o professor faz
efetivamente em seu trabalho. Pode também estar mais voltado para avaliar a eficácia dos
professores, tudo aquilo que o professor faz sobre os alunos.
Outro fator importante no que se refere a um sistema de avaliação são as
concepções de ensino consideradas, assim para cada concepção de ensino teremos uma
concepção de avaliação.
No ensino como trabalho temos uma visão racionalista e burocrática da tarefa de
ensinar. O papel do professor é a aplicação de orientações metodológicas e de natureza
prática. Nesse caso a avaliação é realizada com a análise dos resultados dos alunos,
observação direta do trabalho do professor e o seu desempenho nas aulas.
No ensino como oficio há um conjunto de regras e técnicas que podem ser
aprendidos e desenvolvidos pelos professores. Ensinar se baseia em utilizar e aplicar essas
regras e técnicas. A avaliação é para verificar se os professores possuem as competências
exigidas.
No ensino como profissão os professores se desenvolvem com mais autonomia em
cooperação e colaboração com seus pares, ensinam com grande conhecimento científico,
pedagógico e prática profissional. Neste caso predomina a autoavaliação e a avaliação
pelos pares.
No ensino como arte as práticas dificilmente são orientadas por regras, consistem
em dramatizações, improvisações e na criatividade. A avaliação valoriza a pessoa que o
professor é, o que pensa e o que sente sobre sua profissão.
Partindo dessas quatro concepções de ensino temos os modelos de avaliação de
produto e de processo na avaliação de professores. Nos modelos de produto da avaliação
são recolhidas e analisadas informações sobre a competência, desempenho e eficácia do
professor. Sua preocupação é garantir que sejam mínimas as diferenças entre o currículo
oficial, o currículo ensinado pelos professores e o currículo aprendido pelos alunos. Este
modelo apresenta-se mais próximo as concepções de ensino como trabalho e ensino como
ofício.
Nos modelos de processo da avaliação de professores o desenvolvimento
profissional está relacionado com a reflexão, com o objetivo principal de melhoria na
qualidade do ensino. As informações recolhidas durante o processo de avaliação são
utilizadas como estímulo e incentivo no desenvolvimento profissional dos professores. Este
modelo aproxima-se mais das concepções de ensino como profissão e de ensino como arte.
É importante também aqui ressaltar que esses dois modelos de avaliação são
legítimos e coexistem nos sistemas educativos. São complementares e apresentam
diferentes visões de um processo.
Ainda dentro desta linha de discussão temos três paradigmas de avaliação do
desempenho do professor: o racionalismo burocrático, onde a avaliação é hierárquica, com
uma relação autoritária, fiscalizadora e controladora. O personalismo individualista onde a
avaliação privilegia a liberdade e a responsabilidade individual do professor. No paradigma
sócio-crítico a avaliação é vista como um processo de desenvolvimento individual e coletivo.
As escolas precisam pensar na avaliação como um processo que só terá um real
significado se todos os envolvidos estiverem participando e interessados em analisar e
avaliar o trabalho que fazem, buscando-se ao contrário do clima de ameaça, que muitas
vezes é cercado o processo de avaliação, que seja possível se desenvolver a idéia de
colaboração, apoio e melhoria.
A avaliação feita pelos pares apresenta-se como uma proposta de grande potencial
com o seu sucesso, entre outros fatores, relacionado com o maior nível de participação e
envolvimento de todos os interessados. Não está livre de críticas, mas apresenta-se com
uma alternativa de qualidade para todo esse processo.
Considerando todos os fatores que permeiam um processo de avaliação conclui-se
que alguns elementos apresentam-se como fundamentais para um processo de avaliação. A
transparência com a definição de critérios claros e simples, construídos e debatidos por
todos; o objetivo com a melhoria na qualidade do ensino; os avaliadores que devem ser
pessoas respeitadas e de confiança; a simplicidade avaliando-se o que é realmente
importante; a credibilidade baseada em critérios claros para a coleta das informações que
devem ser diversificadas; a utilidade que permitirá a melhora no desempenho e na
qualidade do ensino; a participação de todos os interessados no processo e a ética para um
processo onde todos se sintam bem com os resultados da avaliação.