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CADERNOS DIDTICOS PET HISTRIA UFCG - Ano III - Volume I N 1 jul./dez. 2016 - ISSN 2358-4971
CADERNOS DIDTICOS PET HISTRIA UFCG
Ano III- Vol. I N 1 jul./dez. 2016- ISSN 2358-4971
CADERNOS DIDTICOS PET HISTRIA UFCG - Ano III - Volume I N 1 jul./dez. 2016 - ISSN 2358-4971
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FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG
C122 Cadernos didticos PET Histria UFCG *recurso eletrnico+ / Regina Coelli Gomes Nascimento (organizadora). Campina Grande: EDUFCG, 2016-. v. : il. color.
Modo de Acesso: http://modulosdidaticos.blogspot.com.br
ISSN: 2358-4971 1. Histria - Universidade. 2. Ensino. 3. Pesquisa e Extenso. I. Nascimento, Regina Coelli Gomes. II. Ttulo.
CDU 378.4(091)
http://modulosdidaticos.blogspot.com.br
CADERNOS DIDTICOS PET HISTRIA UFCG - Ano III - Volume I N 1 jul./dez. 2016 - ISSN 2358-4971
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SUMRIO
Apresentao ..................................................................................................................05
ENEM 2016 informaes gerais..................................................................................06
Competncia de rea 01 Compreender os elementos culturais que constituem as
identidade ................................................................................................................ ....08
Competncia de rea 02 Compreender as transformaes dos espaos geogrficos
como produto das relaes socioeconmicas e culturais de poder.................................20
Competncia de rea 3 Compreender a produo e o papel histrico das instituies
sociais, polticas e econmicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movi-
mentos sociais. ...............................................................................................................31
Competncia de rea 04 Entender as transformaes tcnicas e tecnolgicas e
seu impacto nos processos de produo, no desenvolvimento do conhecimento e na vi-
da social...........................................................................................................................39
Competncia de rea 5 Utilizar os conhecimentos histricos para compreender e valo-
rizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuao conscien-
te do indivduo na sociedade. .........................................................................................51
Competncia de rea 6 Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas
interaes no espao em diferentes contextos histricos e geogrfico .............................63
Anexo .........................................................................................................................................75
Carpe diem. Aproveitem o dia meninos. Faam de suas vi-
das uma coisa extraordinria.
Fragmento do filme SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS Acesso em 10.08.2015
https://www.youtube.com/watch?v=Fak3xydNvYMhttps://www.youtube.com/watch?v=Fak3xydNvYM
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Caro estudante,
Atualmente o ENEM (Exame Nacional do Ensino Mdio) utilizado como critrio de
seleo para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para
Todos (ProUni). Alm disso, cerca de 500 universidades j usam o resultado do exame como cri-
trio de seleo para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vesti-
bular. O ENEM tem o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade
bsica. Podem participar do exame alunos que esto concluindo ou que j concluram o ensino
mdio em anos anteriores.
Foi pensando nessa abrangncia, relevncia para a formao do grupo e a necessidade de
estreitarmos os laos com o ensino bsico que o PET Historia UFCG, iniciou em 2011, o projeto
ENEM - Cincias Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o ensino de
Histria. E nesse sentido, este quarto mdulo foi elaborado com o objetivo de facilitar a com-
preenso da proposta do ENEM para a rea de CINCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGI-
AS, melhorando o desempenho dos participantes em seus estudos dentro e fora da oficina.
Contamos com sua participao para que possamos aprimorar este mdulo em edies futuras e
esperamos que suas notas reflitam seu esforo, dedicao, tempo de estudo e que seus sonhos e
objetivos sejam alcanados.
Organizadoras e revisoras
Regina Coelli Gomes Nascimento
Tutora/PET Histria
Rozeane Albuquerque Lima
Doutorando PPGH/UFPE
Autores (as) Petianos
Aldrey Ribeiro de Brito
Ana Carolina Monteiro Paiva
Ayrton Adilson Barbosa F. da Silva Alves
Jean Lucas Marinho Cavalcanti
Jhon Lennon de Jesus Ferreira
Jos Adriano de Oliveira Barbosa
Karl Marx Henrique de Oliveira
Kzia Jaiane Porfrio da Silva
Larissa Albuquerque M. Almeida
Lorrane Rangel Agra Lopes
Lucas Tadeu Borges Viana
Paulo Montini de A. Souza Jnior
Rayan Fernades Pereira
Roberta dos Santos Arajo
Valber Nunes da Silva Mendes
Viviane Carneiro de Oliveira
Wendna Mayse Amorim Chaves
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Q U AL O CO NTE D O D AS PRO V AS?
O contedo das provas do Enem definido a partir de matrizes de referncia em quatro
reas do conhecimento:
C O MO C O ME OU O E NE M ?
ENEM 2016 INFORMAES GERAIS
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DICAS
a) Inscrio
Fique atento ao perodo de inscries. Voc pode se inscrever no Enem 2016, exclusivamente pela
internet, entre as 10h do dia 09 de maio de 2016 s 23h59 do dia 20 de maio de 2016.
Leia o edital com ateno e preencha todos os campos solicitados de forma precisa. Lembre-se que a
responsabilidade pelas informaes dos participantes.
Mantenha seus dados de contato (e-mail e telefone) atualizados. O Inep poder enviar informaes
importantes sobre o exame e as comunicaes so feitas pelos contatos informados na inscrio.
Alteraes nos dados cadastrais, opo de cidade de provas ou de lngua estrangeira sero permitidas
apenas durante o perodo de inscrio.
b) Carto de confirmao O carto de confirmao de inscrio estar disponvel para impresso na Pgina do Participante,
com as seguintes informaes:
- nmero de inscrio;
- data, hora e local de realizao das provas;
- indicao do (s) atendimento (s) especializado (s) e/ou do (s) atendimento (s) especfico (s), devida-
mente solicitado (s) no ato da inscrio, quando for o caso;
- opo de lngua estrangeira; e
- solicitao de certificao, quando for o caso.
Para obter o carto, o participante deve acessar o endereo eletrnico enem.inep.gov.br/participante.
preciso informar CPF e senha.
c) Como so as provas O Enem composto por quatro provas objetivas, com 45 questes cada, e uma redao.
Confira os dias das provas:
5 de novembro de 2016 (sbado)
- Cincias Humanas e suas Tecnologias (Histria, Geografia, Filosofia e Sociologia) e;
- Cincias da Natureza e suas Tecnologias (Qumica, Fsica e Biologia).
Tempo para as provas: 4 horas e 30 minutos
6 de novembro de 2016 (domingo)
- Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias (Lngua Portuguesa, Literatura, Lngua Estrangeira, Artes,
Educao Fsica e Tecnologias da Informao e Comunicao);
- Redao e;
- Matemtica e suas Tecnologias.
Tempo para as provas: 5 horas e 30 minutos.
d) No dia da prova
Os portes de acesso so abertos s 12h e fecham s 13h, horrio de Braslia. Recomenda-se que to-
dos os participantes cheguem ao local de prova at as 12h (horrio de Braslia), j que proibida a
entrada aps o fechamento dos portes.
Depois que os portes fecharem, s 13h, uma srie de procedimentos de segurana realizada. As
provas tm incio s 13h30.
IMPORTANTE! - Verifique com antecedncia, na Pgina do Participante, a validao da inscrio e o local de realiza-
o das provas.
- Faa o trajeto at o local com antecedncia e evite atrasos no dia DA aplicao.
IMPORTANTE! Verifique com antecedncia, na pgina do participante, a validao da inscrio e o local de realiza-
o das provas.
Faa o trajeto at o local com antecedncia e evite atrasos no dia da aplicao.
Disponvel em Acesso em 12/09/2016
http://enem.inep.gov.br/participantehttp://enem.inep.gov.br/dicas.html
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COMPETNCIA DE REA 01 COMPREENDER OS ELEMENTOS CULTURAIS
QUE CONSTITUEM AS IDENTIDADES.
Jos Adriano de Oliveira Barbosa ([email protected])
Karl Marx Henrique de Oliveira ([email protected])
Lorrane Rangel Agra Lopes ([email protected])
Em nossa sociedade, em diversos perodos da histria o ser humano se fez esta per-
gunta: quem sou eu? No algo fcil de se responder. Para isso preciso refletirmos sobre
identidade, mas ento o que identidade? Temos trs definies de identidade pelo socilo-
go Stuart Hall (1992): a primeira o sujeito do iluminismo, que seria o individuo que se
identifica a partir do seu lugar de nascena e que no muda aquilo que no decorrer de sua
vida; a segunda o sujeito o sujeito sociolgico, que constri sua identidade a partir do con-
tato com a sociedade, mesmo tendo sua essncia, ela pode mudar no decorrer da vida; e a
terceira o sujeito ps-moderno que no possui identidade fixa e transita em diversas identi-
dades, no sendo mais um sujeito definido pelo prprio reconhecimento, mas pelas identifi-
caes, ou seja pela maneira como somos interpretados e representados nas culturas em nos-
sa volta.
Para compreender a sociedade em nossa volta preciso falar sobre cultura, ento
oque essa identidade cultural? Cultura a maneira como determinados grupos se identifi-
cam e compartilham elementos culturais limitados em um mesmo territrio e que os unem.
Esses elementos tem a capacidade de ter significados diversos, que promovem a comunho
de um grupo, a exemplo da bblia como um smbolo e os catlicos enquanto comunidade
cultural. As identidades so mutveis e se relacionam com a cultura, somando ainda mais
elementos diferentes atravs do tempo. A medida em que essa identidades individuais se
aproximam por semelhana, afastam outros pela diferena, gerando distines, e estabele-
cendo identidades de grupo. Fazendo com que cada indivduo seja socialmente cobrado a
assumir uma posio indentitria diante da sociedade, ou voc isso ou aquilo.
As identidades tambm so construdas com base naquilo que voc identifica em si
mesmo e o que te torna diferente do outro. A cultura exerce um papel de lente atravs da
qual os diferentes grupos enxergam o mundo, ou seja, fornece significado e sentido para o
mundo, o qual envolve muitas vezes valores morais.
PARA COMEAR A HISTRIA
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vezes no decorrer da histria, como o contato entre portugueses e ndios no Brasil, na relao
lingustica e cultural, alm da mudana comportamental como o hbito de se vestir e religiosi-
dade, a transformao cultural tambm aconteceu do lado oposto, sendo o portugus tambm
afetado pelo contato indgena.
O maior contato entre pessoas e informaes amplia o sentimento de pertencimento
a um grupo. A incorporao de novos elementos, como palavra ou comportamentos (Ketchup,
Chicletes, Almofada ou Boyzinho) por esses grupos nos tempos atuais acontece de maneira
mais dinmica, ressignificando elementos para essa cultura. A imagem 1 representa como gru-
pos indgenas que sofreram mudanas culturais
muito fortes, no deixaram de existir ou de ser
indgenas, mas se incorporaram sociedade mo-
derna.
A Indstria Cultural pode sugerir o compor-
tamento dos indivduos e, assim, influenciar a cul-
tura medida em que esta tambm pode ser vista
como uma forma de mediao poltica e prtica de
poder. O contato com as diferentes mdias sejam
internet, rdio, tv, cinema, livros e jornais tambm
podem se relacionados a esse processo da constru-
o das identidades. Mesmo assim os processos de
formao da identidade social no esto sujeitos apenas a influncias externas, mas tambm
formao do eu. Temos ento a mdia como aparelho ideolgico que pode influir na constru-
o das identidades com base em mecanismo de identificao.
Com tanta diversidade dessas identidades relacionadas globalizao, se fala em
perda cultural ou, como o socilogo Bauman (2005) defende, a aculturao. Nesse choque
constante entre culturas a fuso de elementos e um fator inevitvel. Assim, como pensar em
uma pureza cultural algo que no existe, essa perda ou ressignificao implicaria na alterao
de um conjunto de elementos que se caracterizam a cultura tal qual ela . No Brasil, festas co-
mo o carnaval so vividas de diferentes maneiras de Norte a Sul do pas: em Pernambuco com
o frevo e no Rio de Janeiro com o samba, e assim, mesmo compartilhando de um mesmo terri-
trio, lngua e histria, os grupos e identidades sociais se diferenciam. Mesmo com essa diver-
sidade, fatores como o preconceito ainda esto presentes na sociedade contempornea, seja ra-
cial, ou religiosos, ideolgico e sexual.
Imagem 1: Disponvel em
Acessado em 24 de
Maro de 2016.
http://1.bp.blogspot.com/-2I9FYDOVBLA/UXE-CfwsF0I/AAAAAAAAnfM/73rZqmQQgkg/s1600/indio+moderno.jpghttp://1.bp.blogspot.com/-2I9FYDOVBLA/UXE-CfwsF0I/AAAAAAAAnfM/73rZqmQQgkg/s1600/indio+moderno.jpghttp://1.bp.blogspot.com/-2I9FYDOVBLA/UXE-CfwsF0I/AAAAAAAAnfM/73rZqmQQgkg/s1600/indio+moderno.jpg
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TEXTO PARA REFLEXO
O Brasil um pas caracterizado por sua multiculturalidade. Desde a sua colonizao
com os portugueses, entre os sculos XVI e XIX, o projeto colonial incluiu nesta terra n-
dios, negros africanos e portugueses europeus. A escravido negra, no entanto, acentuou de-
sigualdades raciais e sociais - especialmente raciais- no Brasil. Mesmo aps a abolio da
escravido, assinada pela Princesa Isabel atravs da Lei urea (1888), os negros foram rele-
gados a um segundo plano no convvio em sociedade.
Livres, os negros povoaram os subrbios urbanos. Muitos, sem perspectiva de vida, prefe-
riam ficar sob o domnio de seu senhor do que tentar uma "nova vida" em condies desfa-
vorveis. Sob esse aspecto, especialmente no Rio de Janeiro, em 1908, incio do sculo XX,
o governo tomava medidas para modernizar a ento capital do pas. Para isso, criou-se uma
poltica de reurbanizao desalojando os negros e mulatos de suas habitaes em prol de
uma nova cidade: moderna e bela. No a toa que o grande pano de fundo para esta poltica
a Belle poque na Frana durante o sc. XIX.
Os sinais da Belle poque brasileira no visaram apenas o aspecto urbano da cidade do
Rio de Janeiro. As manifestaes culturais das massas populares tambm foram alvos destas
mudanas. O carnaval em especial foi uma delas: Alguns festejos de origem negra como o
entrudo- comemorao pblica na qual os negros participavam como coadjuvantes, nas fes-
tas de momo ou em brincadeiras com gua de cheiro- foram colocados na ilegalidade, a elite
da poca pretendia "desafricanizar" o carnaval. Desta maneira, o corso europeu e a serpenti-
na foram adaptados ao carnaval brasileiro. Carros alegricos desfilavam pelas principais ruas
das cidade, como smbolos de condio social. Enquanto isso, restava aos pobres acompa-
nhar de longe estas festividades.
Imagem 2: Cortios eram ambientes favorveis pro-
liferao de pestes. Com predominncia negra, estes
espaos foram visados na reurbanizao da cidade.
Entrada de habitaes coletivas 1906. Foto: MALTA,
Augusto. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.
Belle poque: perodo na histria da Frana que co-
meou no fim do sc XIX e durou at a primeira guer-
ra mundial. Caracterizava-se por ser uma poca de
relativa paz entre a Frana e a Europa e pelo floresci-
mento da arte e da arquitetura.
CADERNOS DIDTICOS PET HISTRIA UFCG - Ano III - Volume I N 1 jul./dez. 2016 - ISSN 2358-4971
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Entretanto, lentamente, tal realidade iria mudar. Em 1920, foi fundado o Grmio Recreativo
Escola de Samba Estao Primeira de Mangueira, liderado por pessoas de origem humilde. As-
sim, o corso europeu das elites cariocas perdiam espao para os desfiles populares de escolas de
samba originrios de favelas e periferias.
importante ressaltar as particularidades que os festejos de carnaval adquirem em determina-
das regies do pas. Como o carnaval de Parintins-AM, com a disputa entre o Boi Garantindo e o
Boi Caprichoso; O caboclo de lana, em Pernambuco- PE, resultado da mistura de cultura afro-
amerndia, e outras manifestaes populares como a Folia de Reis e o Bumba meu boi, tambm
existentes em Recife. As desigualdades apontadas em festejos populares so apenas reflexos do
quanto era forte a discriminao racial naquela poca, como ainda o hoje em dia.
Mesmo aps um sculo do fim da escravido no Brasil, a populao negra ainda sofre com
este passado cruel. O recente episdio na Faculdade de
Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em
So Paulo, foi pichado com uma frase racista: "Lugar de
negro no no Mackenzie no presdio", de igual modo
como as declaraes do jornalista da TV Globo, Alexan-
dre Garcia, declarou que o "Brasil no era racista at
criarem as cotas."
(Disponvel em Acesso em 10/09/2016)
Declaraes como estas indicam o nvel alarman-
te, ainda existente, de desigualdade racial em nosso pas.
Entretanto, movimentos como o dia da conscincia negra (20/10) consistem em ato de resistncia
da cultura, crenas e sobretudo visibilidade do povo negro na sociedade. Desta maneira, as aes
coletivas tendem a criar uma identidade, um nvel de pertencimento, a uma causa, no caso, a ne-
gra.
O Brasil ainda no atingiu um nivelamento social no que diz respeito a questes raciais. A
presena do racismo extremamente contundente em nossa sociedade e devem ser reorientada
atravs da educao. Leis como a 10.639/2003, que torna obrigatria a incluso do ensino da
Histria e cultura Afro-Brasileira na grade curricular, tanto em rede de ensino privados ou
pblicos, nos nveis fundamental e mdio; tornam-se um grande passo para apagar este estig-
ma de nossa sociedade, que o racismo.
Imagem 3: (Corso carnavalesco
realizado em 1928, em frente a
grande fbrica de refrescos, de ta-
lo Ferarri, em Ourinhos, So Paulo.
Fonte: Autoclassic)
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/10/pichacao-racista-e-encontrada-em-banheiro-do-mackenzie-em-sp.htmlhttp://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/10/pichacao-racista-e-encontrada-em-banheiro-do-mackenzie-em-sp.htmlhttp://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/10/pichacao-racista-e-encontrada-em-banheiro-do-mackenzie-em-sp.html
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TEXTO DE APOIO
A partir do advento da globalizao,
assim como a popularizao da internet
atravs de vdeos e sites, estes espaos
no ficaram inertes, no foram apenas
ocupados, mas sim ressignificados co-
mo espaos de agenciamento de uma minoria em busca dos seus direitos e da problematiza-
o de seus ideais, ocorrendo o mesmo movimento com os blogs. Blogueiras crespas e ca-
cheadas em busca da valorizao das suas descendncias, comeam a realizar resistncias,
passam ou passaram por um processo chamado transio, consistindo na deciso de pr fim
a um padro: a ditadura do liso e voltando naturalidade capilar e incentivam suas leito-
ras a passarem pelo mesmo processo de aceitao.
Ferro
Primeiro o ferro marca
A violncia nas costas
Depois o ferro alisa os cabelos
Na verdade o que se precisa
jogar o ferro fora
quebrar todos os elos
Dessa corrente
De desespero
(Cuti in Batuque de Tocaia, 1982)
Imagem 4: Disponvel em
Acesso: 30 de maro
de 2016.
Imagem 5: Disponvel em < http://
lendoferozmen-
te.blogspot.com.br/2015/12/resenha-
mulheres-carol-rossetti.html > Acesso:
29 de maro de 2016.
https://www.facebook.com/1704752256425040/photos/a.1704761656424100.1073741828.1704752256425040/1742697422630523/?type=3&theaterhttps://www.facebook.com/1704752256425040/photos/a.1704761656424100.1073741828.1704752256425040/1742697422630523/?type=3&theaterhttps://www.facebook.com/1704752256425040/photos/a.1704761656424100.1073741828.1704752256425040/1742697422630523/?type=3&theater
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A afirmao da identidade negra vem como um ato poltico, como uma construo cul-
tural e social a partir das suas diversas dimenses. Destaca-se que por muito tempo, a identi-
dade negra foi subjugada em relao ao padro europeu, porm, ao compreender a identida-
de como um processo de construo social, percebemos a importncia da sua afirmao nos
dias atuais.
Neste contexto, de (re)afirmao e (re)construo da identidade, percebemos a impor-
tncia dos blogs e suas campanhas de emponderamento da mulher negra, atravs do crescen-
te movimento de escrespamento das mesmas. O padro de beleza estabelecido pela mdia
caracteriza-se por um branqueamento, ou seja, h uma relao de inferioridade quando no
se encontra este padro. O negro, assim, retratado como submisso ou marginalizado. Nesta
busca por representao se enquadram estas jovens blogueiras, na fuga de um padro pr-
estabelecido com o crescente nmero de adeptas transio capilar ou ao big chop (grande
corte). Como percebemos no depoimento a seguir:
Imagem 6: Disponvel em < https://www.facebook.com/kindumbadaana/photos/
a.396303223781254.94668.396040817140828/504620226282886/?type=3&theater> Acesso: 30 de maro de
2016.
Quando comecei com essa coisa de deixar meu cabelo cachear novamente (sim, na poca
era apenas uma coisa), eu no fazia ideia dos rumos que essa deciso iriam tomar. A
princpio, eu s queria ter meus cachos de volta, mas aos poucos fui percebendo a impor-
tncia da aceitao, no s do meu cabelo, mas tambm das minhas razes. (Nascimento,
2014) Disponvel em < http://cacheia.com/2014/06/cabelo-cacheado-crespo-identidade-ou-
modinha/ > Acesso: 30 de Maro 2016 01:30
http://cacheia.com/2014/06/cabelo-cacheado-crespo-identidade-ou-modinha/http://cacheia.com/2014/06/cabelo-cacheado-crespo-identidade-ou-modinha/
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APRENDA FAZENDO
Questo 29 ENEM 2011
Que aspecto histrico da escravido no Brasil do sc. XIX pode ser identificado a par-
tir da anlise do vesturio do casal retratado acima?
(A) O uso de trajes simples indica a rpida incorporao dos ex-escravos ao mundo do tra-
balho urbano.
(B) A presena de acessrios como chapu e sombrinha aponta para a manuteno de ele-
mentos culturais de origem africana.
(C) O uso de sapatos um importante elemento de diferenciao social entre negros liber-
tos ou em melhores condies na ordem escravocrata.
(D) A utilizao do palet e do vestido demonstra a tentativa de assimilao de um estilo
europeu como forma de distino em relao aos brasileiros.
(E) A adoo de roupas prprias para o trabalho domstico tinha como finalidade demarcar
Foto de Milito, So Paulo, 1879.
ALENCASTRO, L. F. (org). Histria
da vida privada no Brasil. Imprio: a
corte e a modernidade nacional. So
Paulo: Cia. das Letras, 1997.
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Questo 12- ENEM 2013
No final do sculo XIX, as Grandes Sociedades carnavalescas alcanaram ampla popu-
laridade entre os folies cariocas. Tais sociedades cultivavam um pretensioso objetivo em
relao comemorao carnavalesca em si mesma: com seus desfiles de carros enfeitados
pelas principais ruas da cidade, pretendiam abolir o entrudo (brincadeira que consistia em
jogar gua nos folies) e outras prticas difundidas entre a populao desde os tempos colo-
niais, substituindo-os por formas de diverso que consideravam mais civilizadas, inspiradas
nos carnavais de Veneza. Contudo, ningum parecia disposto a abrir mo de suas diverses
para assistir ao carnaval das sociedades. O entrudo, na viso dos seus animados praticantes,
poderia coexistir perfeitamente com os desfiles.
Manifestaes culturais como o carnaval tambm tm sua prpria histria, sendo constante-
mente reinventadas ao longo do tempo. A atuao das Grandes Sociedades, descrita no texto,
mostra que o carnaval representava um momento em que as
(A) distines sociais eram deixadas de lado em nome da celebrao.
(B) aspiraes cosmopolitas da elite impediam a realizao da festa fora dos clubes.
(C) liberdades individuais eram extintas pelas regras das autoridades pblicas.
(D) tradies populares se transformavam em matria de disputas sociais.
(E) perseguies policiais tinham carter xenfobo por repudiarem tradies estrangeiras.
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SAIBA MAIS
ANTIGOS CARNAVAIS
O endereo eletrnico traz uma breve aborda-
gem da histria do carnaval, desde os seus
primrdios, na Grcia, at aos desfiles de es-
cola de samba. Tambm possvel ter acesso
a antigas marchinhas que embalavam os foli-
es em tempo de carnaval.
Disponvel em Acesso:30 de maro de 2016
PRECONCEITUOSO O canal de humor do Youtube chamado Parafer-
nlia, produziu um vdeo veiculado na mesma
mdia social no qual se refere as agresses sofri-
das por aqueles que tem sua identidade ferida de
algum modo. Esse vdeo mostra que em nosso
cotidiano est enraizado o preconceito com ne-
gros, gays, mulheres... e vai ser uma batalha dif-
cil, mas no impossvel de acabar. Disponvel
em Acesso:30 de maro de 2016
Menina Bonita do Lao de Fita
Conta a histria de um coelhinho que se apai-
xona por uma menina negra e quer saber o
segredo de sua beleza. A menina inventa mil
histrias, at que sua me esclarece ao coelhi-
nho que a cor da pele da menina uma heran-
a de seus antepassados, que tambm eram
negros. Disponvel em Acesso:30 de
maro de 2016
http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.velhosamigos.com.br%2FDatasEspeciais%2Fdiadecarnaval7.html&h=nAQEhn3Zrhttp://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.velhosamigos.com.br%2FDatasEspeciais%2Fdiadecarnaval7.html&h=nAQEhn3Zrhttp://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.velhosamigos.com.br%2FDatasEspeciais%2Fdiadecarnaval7.html&h=nAQEhn3Zr
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RESPOSTAS COMENTADAS
Questo 29: ENEM (2011)
Na sociedade escravista colonial brasileira a indumentria era utilizada frequentemente co-
mo marca de distino social. Assim que alforriados, os negros libertos procuravam comprar
sapatos para se diferenciar dos escravos que eram proibidos de us-los.
ALTERNATIVA CORRETA: Letra C
Globo Educao. Disponvel em: Acesso: 30 de maro de 2016
Questo 12 ENEM (2013)
O entrudo consistia em uma manifestao cultural carnavalesca de origem medieval, que
chegou ao Brasil no perodo colonial e que tinha grande adeso principalmente entre as clas-
ses populares. Como apresentado no texto, as elites se opunham a essa prtica considerada
ofensiva, pois era no entrudo que as classes populares liberavam seus sentimentos ao ocupa-
rem as ruas da cidade para realizar uma srie de brincadeiras. A partir de 1840, a elite brasi-
leira passou a criar campanhas pelo fim do entrudo, pois pretendia festejar o carnaval sem ter
contato com as classes populares.
ALTERNATIVA CORRETA: Letra C
Globo Educao. Disponvel em: Acesso: 30 de maro de 2016 D
http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Feducacao.globo.com%2Fprovas%2Fenem-2013%2Fquestoes%2F12.html&h=nAQEhn3Zrhttp://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Feducacao.globo.com%2Fprovas%2Fenem-2013%2Fquestoes%2F12.html&h=nAQEhn3Zr
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REFERNCIAS
Disponvel em Acessado em 30 de maro de 2016 01:50
Disponvel em Acesso: 30 de maro de 2016 15:31
Disponvel em Acessado em 30 de maro de 2016 01:52
Disponvel em Acessado em
31 de Maro de 2016, s 11:28.
Disponvel em Acessado em 31 de Maro de 2016, s
11:40.
Disponvel em Acessado em 31 de Maro
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SANTOS. Marcio Andr. Negritudes posicionadas: as muitas formas da identidade negra no Brasil.
Disponvel em: Acessado em 30 de maro de
2016.
Imagens:
Imagem 1:
Disponvel em Acessado em 24 de Maro de
2016.
Imagem 2: Disponvel em Acesso em 31 de Maro de 2016.
Imagem 3: Disponvel em Acesso em 31 de Maro de 2016.
Imagens 4: Disponvel em Acesso: 30 de maro de 2016.
Imagem 5: Disponvel em Acesso: 30 de maro de 2016.
Imagem 6: Disponvel em Aces-
so: 30 de maro de 2016.
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COMPETNCIA DE REA 02 COMPREENDER AS TRANSFORMAES DOS
ESPAOS GEOGRFICOS COMO PRODUTO DAS RELAES SOCIOECO-
NMICAS E CULTURAIS DE PODER
Desde que apareceu na arena da histria, o povo judeu
tem se caracterizado pela sua conturbada estadia nos terri-
trios onde se disps a viver, inclusive na prpria terra de
Israel.
O primeiro grande acontecimento que levou os judeus a viverem em um territrio que
no era o seu de origem foi a partir da invaso dos assrios ao reino de Israel, comandados
PARA COMEAR A HISTRIA
RELEMBRE
-Migrao o movimento de
entrada ou sada de indivduos
em pases diferentes ou dentro
de um mesmo pas (de um esta-
do para o outro, de uma cidade
para a outra).
-Imigrao a entrada de es-
trangeiros em um pas; estabe-
lecimento de indivduos em ci-
dade, estado ou regio do seu
prprio pas, que no de sua
origem.
-Emigrao a sada espont-
nea de um pas; movimentao
de uma para outra regio dentro
de um mesmo pas; sair de um
pas ou lugar onde se vive para
viver em outro, provisria ou
definitivamente.
IMAGEM 1 - Fluxo migratrio judaico ao longo do tempo .
Disponvel em:< http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras
-historia/diaspora-descubra-como-judeus-se-espalharam-pelo-
Aldrey Ribeiro de Brito ([email protected])
Lucas Tadeu Borges Viana (lucastadeuborgesviana@gmail,com)
Viviane Carneiro de Oliveira ([email protected])
llmailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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por Sargo II (R. 721705 a.C.), fazendo com que
grande parte das tribos fossem levadas cativas, o que
levou, mais tarde, ao desaparecimento destas. Se-
gundo Paul Johnson, as tribos remanescentes, que
seriam Jud, Benjamin e parte da tribo de Levi (que
formavam o reino de Jud) foram invadidas e leva-
das cativas pelos babilnicos, sob o reinado de Na-
bucodonosor II (604 a.C. 562 a.C.), dando incio
primeira dispora do povo judeu.
Porm, a segunda dispora foi a que mais con-
tribuiu para a sua disperso em todo mundo, pois foi
a partir da que os judeus passaram a viver fora de
sua terra natal at os dias de hoje. Com a ocupao
dos romanos na Judia, houve a segunda destruio do templo sagrado e da cidade de Jeru-
salm culminando com a expulso deste povo do seu territrio em torno do ano 70 d.C. Foi
com a segunda dispora que os judeus se espalharam pelos pases africanos, rabes e princi-
palmente pelo leste europeu, que viria a se chamar Ashkenazim, e pela Pennsula Ibrica,
que se chamaria sefaradim, estas formam as duas maiores vertentes judaicas.
Sua fixao nos pases hospedeiros foi marcada muitas vezes por perseguio siste-
mtica e constante de modo que os judeus foram isolados em guetos, para que fossem man-
tidos longe da populao nativa, evitando, com isso, a miscigenao e assimilao com este
povo. Essas perseguies fizeram com que estes migrassem de um local para outro tentando
encontrar paz nos novos lares que se estabeleciam. Com a inquisio ibrica, por exemplo,
vrios judeus migraram para o norte da frica e tambm para a Holanda, para que l pudes-
sem exercer livremente sua religio, longe dos tribunais do santo ofcio.
Porm foi durante a segunda guerra mundial que houve a maior imigrao judaica em
massa. Nesta poca, vrias pessoas, percebendo a tenso e crescente hostilidade na Europa
no que diz respeito ao antisemitismo, acharam melhor deixar este continente e sair em desti-
no s Amricas e para a terra da Palestina. A partir de agora nos deteremos mais especifica-
mente neste assunto.
IMAGEM 2 - Dispora Judaica rumo ao
Novo Mundo .Disponvel em: . Acesso em 26 de Maro em
CADERNOS DIDTICOS PET HISTRIA UFCG - Ano III - Volume I N 1 jul./dez. 2016 - ISSN 2358-4971
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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E MI-
GRAO JUDAICA
A segunda Guerra Mundial trouxe consequn-
cias srias para toda a populao do planeta, mas
nenhum povo sofreu tanto quanto os judeus. Com
base nas informaes encontradas no site Enci-
clopdia do Holocausto, de 1939 1945, o povo
semita foi duramente perseguido, culminando no
horror que foi o Holocausto, caracterizado como
ao de extermnio dos judeus realizada pelos
alemes sob o domnio de Adolf Hitler. Os ale-
mes acreditavam na superioridade de raa, onde
a nica raa pura seria ariana e estes, como membros dela, deveriam comandar o mundo.
Nesse sentido, os judeus eram considerados inferiores, devendo serem exterminados. Assim,
a Europa no era mais um lugar seguro para o povo judaico e, para fugir dos nazistas, gran-
des levas migracionais ocorreram durante a II Guerra Mundial. Em meio a tantas dificulda-
des para encontrar refgios, tornou-se opo migrar para os destinos menos explorados, a
exemplo do Brasil, China, Colmbia, entre outros pases (geralmente os pases subdesenvol-
vidos ou em desenvolvimento). Outro tipo de soluo encontrada foram as imigraes ile-
gais, a Aliyah Bet. Tal medida era um grito de desespero, num mundo onde tornava-se cada
vez mais difcil assumir a identidade judaica, se at mesmo os pases contrrios ideologia
nazista negavam-se a receber o grande contingente populacional de judeus. Os movi-
mentos migratrios trazem em si grandes cargas de dificuldades e ao invs de haver uma
solidariedade para com os refugiados, percebido que muitas vezes ocorre o inverso: a ne-
gao dos povos que buscam fugir dos horrores da guerra em pases que no esto sofrendo
to diretamente quanto as reas de confronto. Tal fato verificado at mesmo na atualidade.
Passados setenta e um anos da II Guerra Mundial, observamos o horror da Guerra Civil na
Sria, considerada pela Organizao das Naes Unidas (ONU) como a maior crise huma-
nitria, com uma imensa leva de refugiados tentando deslocar-se para outras reas.
IMAGEM 3CHARGE. Disponvel
em: Acesso em 26 de
Maro em 2016
gg
CADERNOS DIDTICOS PET HISTRIA UFCG - Ano III - Volume I N 1 jul./dez. 2016 - ISSN 2358-4971
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TEXTO PARA REFLEXO
ENTRE O PASSADO E O PRESENTE: FLUXO POPULACIONAIS AO LONGO DA HIS-
TORIA E ATUAL CASO SRIO
Filippo Grandi, promovido a Alto Comiss-
rio da Agncia da Organizao das Naes Uni-
das para Refugiados (ACNUR), aps sua nomea-
o em janeiro do ano vigente, sinalizou: A
combinao de mltiplos conflitos e o desloca-
mento em massa resultante, desafios recentes ao
asilo, o abismo de financiamento entre necessida-
des humanitrias e recursos e a crescente xenofo-
bia muito perigosa. Especialista em relaes
internacionais, assume o cargo em um perodo
conturbado, onde o mundo revive problemas liga-
dos a migraes populacionais.
Segundo estimativas da ACNUR, realizadas durante o ano passado, indivduos que se sen-
tiram forados a abandonar seus locais de residncia chegaram a mais de 59,5 milhes. O nme-
ro o maior desde a imigrao preponderantemente judaica no contexto da Segunda Guerra
Mundial. Entre 1933 e 1940, milhes de refugiados da Alemanha, da Polnia e de pases blticos
tentavam fugir do nazismo e tambm se depararam com fronteiras fechadas. Neste sentido, as
provocaes propostas por Guy Sorman, jornalista, escritor e cientista poltico francs mostram-
se pertinentes: No o Holocausto, ou pelo menos ainda no. Como ser chamada, daqui a al-
guns anos, essa mar humana que est arrebentando na Europa? Como tal fenmeno aparecer
em nossos livros de Histria?
Desta vez, o maior grupo de imigrantes de srios, que fogem da violenta guerra civil em
curso no pas, pondo sua integridade fsica e psicolgica em risco nas travessias sobre botes aci-
ma da capacidade prevista das embarcaes e em condies extremamente insalubres, almejan-
do atravessar o mar mediterrneo atrs da sobrevivncia. de suma importncia entender, no
que tange aos imigrantes, que preciso ir alm dos discursos que os caracterizam como invaso-
res, logo nada ou muito pouco tem a acrescentar aos pases hospedeiros e chegam somente para
ser vistos como concorrentes no tocante busca por empregos.
IMAGEM 4- Filippo Grandi tomando pos-
se em cargo na ONU. Disponvel em:
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J hora de desenvolver um pla-
no que vise solues permanentes para
crise humanitria na qual vivemos e
tambm necessrio no ignorarmos
mais o debate que urge em ser realizado.
COMO A ORGANIZAO DAS NACES UNIDAS (ONU) EST SE POSICIO-
NANDO FRENTE A QUESTO
Com vistas melhor resoluo do problema que assola todo globo terrestre , na ltima
quarta (dia 30 de maro de 2016) aconteceu, na cidade de Genebra, uma reunio extraordi-
nria de alto nvel promovida pela Agncia da Organizao das Naes Unidas para Refugi-
ados (ACNUR), que teve como ponto de partida e principal deliberao propor solues
para necessidades de srios que fogem da guerra. Na reunio se fizeram presentes represen-
taes de cerca de 80 pases, dez organizaes internacionais e 24 organizaes no gover-
namentais.
Entre as figuras de destaque podemos citar o secretrio-geral da ONU, Ban Ki-moon,
e o novo alto comissrio da ACNUR, Filippo Grandi, alm de representantes de governos
que acolhem os refugiados. O principal objetivo foi apresentar perspectivas inovadoras
acerca da questo, estudos de caso de sucesso, e este se mostrou ser o adequado espao para
que os governos em todo o mundo pudessem fazer parte da busca de solues aos refugia-
dos srios. Entre as medidas discutidas estavam o aumento das opes para os refugiados
srios chegarem a outros pases por meio de programas de admisso humanitria ou outros
procedimentos legais, entre eles: vistos humanitrios, patrocnio privado, bolsas de estudos
ou estgios, esquemas de trabalho e transferncia por razes mdicas.
No que concerne o Brasil, desde 2013, foi criado um Comit Nacional para Refugia-
dos (CONARE), e esse trabalha no intuito de facilitar a emisso de vistos de entrada de ci-
dados srios no nosso pas, bem como melhor remanejamento dos mesmos.
IMAGEM 5- Srios arriscam suas vidas
atravessando o mar mediterrneo. Dispon-
vel em . Acesso em 29 de
Abril de 2016
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TEXTO DE APOIO:
MAUS, A HISTRIA DE UM SOBREVIVENTE ART SPIEGELMAN
Arthur (Art) Spiegelman nasceu em Estocolmo, Sucia,
em 1949. Filho de um sobrevivente do Holocausto, Vladek
Spiegelman, Art conta a dura histria de vida do seu pai duran-
te a II Guerra Mundial, perante a perseguio de Hitler contra
os judeus, relatando claramente e em primeira mo, o cotidiano
de um homem que conseguiu sobreviver ao horror do Holo-
causto.
No um tema fcil de se falar com naturalidade, afinal,
nunca o mundo viveu com tanta intensidade a maldade huma-
na como ocorreu nessa poca. O desenvolvimento tecnolgico
proporcionou a existncia de uma das guerras mais duras da
histria da humanidade. esse contexto que Vladek Spiegel-
man viveu em Maus. A partir da narrativa de seu filho, Art
Spiegelman, acompanhamos o cotidiano dos momentos mais importantes e decisivos na vida de
Vladek durante a guerra.
O quadrinho, que retrata os nazistas como gatos, os judeus como ratos, os poloneses como
porcos e os americanos como ces, tenta distanciar o leitor da crueldade e horrores desumanos e
gui-lo, por meio dessas representaes dos homens como animais, apenas pelo caminho da f-
bula. Inclusive, Maus significa rato em Alemo. Embora a tentativa de suavizar o terror, difcil
no se espantar com a crueldade dos mtodos nazistas ao lembrar que no so ratinhos, nem ga-
tos, mas de fato humanos. A histria se alterna entre passado e presente, mas tambm foca na
vida interior dos personagens, refletindo a confuso que o holocausto deixou em cada um.
No decorrer do livro, percebe-se como as diversas situaes enfrentadas pelo protagonista
na luta pela sobrevivncia vo mudando o carter da personagem. Vladek ao mesmo tempo que
era destemido, tornou-se, aps o fim do Holocausto, um velho racista e mesquinho. Apesar disso,
a histria no perde seu brilho. A narrativa alterna entre uma conversa de pai e filho, com flash-
backs quando o pai comea a contar o que aconteceu no seu passado, indo desde como conheceu
a me de Art at ao final da guerra. No "presente" a histria abrange tambm o relacionamento
pai-filho e as suas complicaes. Todavia, sua luta pela sobrevivncia, sua habilidade e intelign-
cia proporcionaram situaes de vida melhores que a imensa maioria dos judeus viviam.
IMAGEM 6 - Disponvel em:
.
Acesso em 29 de Maro em 2016
http://www.oepitafio.com/2013/02/resenha-maus-historia-de-um.htmlhttp://www.oepitafio.com/2013/02/resenha-maus-historia-de-um.htmlhttp://www.oepitafio.com/2013/02/resenha-maus-historia-de-um.html
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APRENDA FAZENDO
QUESTO 45 ENEM 2011
As migraes tradicionais, intensificadas e generalizadas nas ltimas dcadas do sculo XX,
expressam aspectos particularmente importantes da problemtica racial, visto como dilema
tambm mundial. Deslocam-se indivduos, famlias e coletividades para lugares prximos e
distantes, envolvendo mudanas mais ou menos drsticas nas condies de vida e trabalho,
em padres e valores socioculturais. Deslocam-se para sociedades semelhantes ou radical-
mente distintas, algumas vezes compreendendo culturas ou mesmo civilizaes totalmente
diversas. IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1996.
A mobilidade populacional da segunda metade do sculo XX teve um papel importante na
formao social e econmica de diversos estados nacionais. Uma razo para os movimentos
migratrios nas ltimas dcadas e uma poltica migratria atual dos pases desenvolvidos
so
A- a busca de oportunidades de trabalho e o aumento de barreiras contra a imigrao.
B- a necessidade de qualificao profissional e a abertura das fronteiras para os imigrantes.
C- o desenvolvimento de projetos de pesquisa e o acautelamento dos bens dos imigrantes.
D- a expanso da fronteira agrcola e a expulso dos imigrantes qualificados.
E- a fuga decorrente de conflitos polticos e o fortalecimento de polticas sociais.
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QUESTO 21 ENEM 2006
O relatrio anual (2002) da Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmi-
co (OCDE) revela transformaes na origem dos fluxos migratrios. Observa- se aumento
das migraes de chineses, filipinos, russos e ucranianos com destino aos pases-membros
da OCDE. Tambm foi registrado aumento de fluxos migratrios provenientes da Amrica
Latina.
Disponvel em: Trends in international migration 2002
internet: www.ocde.org> (com adaptaes)
No mapa seguinte, esto destacados, com a cor preta, os pases que mais receberam esses
fluxos migratrios em 2002.
As migraes citadas esto relacionadas, principalmente,
a) ameaa de terrorismo em pases pertencentes OCDE.
b) poltica dos pases mais ricos de incentivo imigrao.
c) perseguio religiosa em pases muulmanos.
d) represso poltica em pases do Leste Europeu.
e) busca de oportunidades de emprego.
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28
SAIBA MAIS
SITE
A plataforma digital da ANCUR (Agncia da
Organizao das Naes Unidas para Refugia-
dos) pretende servir de ferramenta para o desen-
volvimento e promoo do direito dos refugia-
dos e refugiadas. Confira mais informaes em:
. Acesso
em 30 de Maro de 2016.
DOCUMENTRIO O documentrio O eterno Judeu, foi feito em
1940 na Alemanha nazista, como um meio bas-
tante eficiente de propaganda antissemita. Mos-
tra a populao judaica, sempre os acusando
injustamente de coisas negativas, como povo
no civilizado, e trazendo a falsa ideia de uma
conspirao semita para dominar o mundo,
um documentrio racista, mas tudo isso tinha
uma razo, colocar a populao alem da poca
contra os judeus, pois como disse o prprio mi-
nistro da propaganda do Reich na Alemanha
nazista uma mentira repetida mil vezes torna-
se verdade. Disponvel em: .
Acesso em 30 de Maro de 2016.
LIVRO
O dirio de Anne Frank foi escrito por uma cri-
ana judia nascida na Alemanha, mas sua fam-
lia forada a abandonar este pas imigrou para a
Holanda. O dirio de Anne Frank um docu-
mento escrito por algum que sofreu na prpria
pele o antissemitismo e suas consequncias ne-
fastas. Disponvel em: .Acesso em 30 de Maro de
2016.
http://www.acnur.org/t3/portugues/llhttp://youtruth.weebly.com/uploads/1/3/1/8/1318459/o_diario_de_anne_frank_-portuguese.pdfhttp://youtruth.weebly.com/uploads/1/3/1/8/1318459/o_diario_de_anne_frank_-portuguese.pdfhttp://youtruth.weebly.com/uploads/1/3/1/8/1318459/o_diario_de_anne_frank_-portuguese.pdfhttp://youtruth.weebly.com/uploads/1/3/1/8/1318459/o_diario_de_anne_frank_-portuguese.pdf
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QUESTO 45- ENEM 2011
As migraes so intensificadas nos momentos de crises econmicas, em que grandes mas-
sas populacionais buscam melhores condies de vida, emprego, etc. Contudo, esses movi-
mentos tambm aumentam a xenofobia no pas receptor, obrigando os governantes a cria-
rem barreiras para dificultar a entrada de imigrantes.
Disponvel em: .Acesso
em 29 de maro de 2016.
ALTERNATIVA CORRETA: Letra A
QUESTO 21- ENEM 2006
Os maiores fluxos migratrios tm ocorrido de pases pobres em direo aos pases mais
desenvolvidos, como EUA, Canad, Austrlia e pases da Europa Ocidental, principalmente
em busca de oportunidade de emprego.
Disponvel em: < http://www1.curso-objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/
enem/2006/enem2006.pdf> Acesso em 30 de abril de 2015
ALTERNATIVA CORRETA: Letra E
RESPOSTAS COMENTADAS
fhttp://www1.curso-objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/enem/2006/enem2006.pdfhttp://www1.curso-objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/enem/2006/enem2006.pdf
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30
REFERNCIAS
Disponvel em : Acesso em 27 de maro de 2016.
Disponvel em: .Acesso em 24 de maro de 2016
Disponvel em : . Acesso em 27 de maro de 2016.
Disponvel em : . Acesso em 24
de maro de 2016
Disponvel em : . Acesso em 27
de maro de 2016.
Disponvel em : Acesso em 27 de maro de 2016.
Disponvel em : .
Acesso em 27 de maro de 2016.
Disponvel em: http://aspalavrasfugiram.blogspot.com.br/2014/01/resenha-maus-art-
spiegelman.html . Acesso em 30 de abril de 2016.
LISTA DE IMAGENS
IMAGEM 1 - Fluxo migratrio judaico ao longo do tempo . Disponvel em:< http://
guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/diaspora-descubra-como-judeus-se-espalharam-
pelo-mundo-743351.shtml> Acesso em 29 de Abril em 2016.
IMAGEM 2 - Dispora Judaica rumo ao Novo Mundo .Disponvel em: . Acesso em 26 de Maro em 2016
IMAGEM 3- CHARGE. Disponvel em:. Acesso em 26 de Maro em 2016
IMAGEM 4 - - Filippo Grandi tomando posse em cargo na ONU. Disponvel em:
Acesso em 26 de Maro em 2016
IMAGEM 5 - Srios arriscam suas vidas atravessando o mar mediterrneo. Disponvel em
file:///C:/Users/lucas/Downloads/lfile:///C:/Users/lucas/Downloads/lfile:///C:/Users/lucas/Documents/BBC.pdffile:///C:/Users/lucas/Documents/BBC.pdffile:///C:/Users/lucas/Downloads/gfile:///C:/Users/lucas/Downloads/gfile:///C:/Users/lucas/Downloads/sfile:///C:/Users/lucas/Downloads/sfile:///C:/Users/lucas/Downloads/ffile:///C:/Users/lucas/Downloads/ffile:///C:/Users/lucas/Downloads/ahttp://aspalavrasfugiram.blogspot.com.br/2014/01/resenha-maus-art-spiegelman.htmlhttp://aspalavrasfugiram.blogspot.com.br/2014/01/resenha-maus-art-spiegelman.htmllllC:/Users/PET Hitria/Documents/Trabalhos CorelC:/Users/PET Hitria/Documents/Trabalhos CorelC:/Users/PET Hitria/Documents/My PalettesC:/Users/PET Hitria/Documents/My PalettesC:/Users/PET Hitria/Documents/Quinta-s-Quinze-CelsoC:/Users/PET Hitria/Documents/Quinta-s-Quinze-Celso
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Ana Carolina Monteiro Paiva ([email protected])
Paulo Montini de Assis Souza Jnior ([email protected])
PARA COMEAR A HISTRIA
COMPETNCIA DE REA 3 COMPREENDER A PRODUO E O PAPEL HISTRI-
CO DAS INSTITUIES SOCIAIS, POLTICAS E ECONMICAS, ASSOCIANDO-AS
AOS DIFERENTES GRUPOS, CONFLITOS E MOVIMENTOS SOCIAIS.
Imagem 01. Disponvel em: Acesso
em: 31 de mar. 2016.
Imagem 02. . Disponvel em:
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MELHOR MORRER NA LUTA DO QUE MORRER DE FOME:
MARGARIDAS EM MARCHA
Igualdade em termos polticos, liberdade
de ao e luta pelos direitos dos trabalhadores
e trabalhadoras rurais no Brasil: foram estas
algumas das pautas defendidas pela lder sindi-
cal paraibana Margarida Maria Alves, em ple-
na vigncia do regime militar brasileiro. Presi-
denta do Sindicato de Trabalhadores Rurais da
cidade de Alagoa Grande desde 1973, Margari-
da j havia encaminhado justia cerca de 73
aes trabalhistas, em grande parte cobrando
das autoridades direitos trabalhistas para as tra-
balhadoras rurais, quando foi assassinada por um matador de aluguel enviado por usineiros do
brejo paraibano.
A data de sua morte, 12 de agosto de 1983, tornou
-se um smbolo poltico de tal forma que desde o ano
2000 as Margaridas, como denominam-se trabalhado-
ras rurais de todo o Brasil, vo s ruas reivindicar s au-
toridades direitos e justias, encaminhando pautas aos
representantes dos poderes pblicos, alertando para as
condies de trabalho no campo. Apesar da Constitui-
o Federal de 1988 dar maiores garantias de direitos
s mulheres (ver quadro), as trabalhadoras do campo
ainda lutam pelo seu reconhecimento enquanto categoria social, defendendo o acesso terra e
sade, a agricultura familiar, o fim da violncia sexista e o direito ao trabalho. A mobilizao
da Marcha das Margaridas, tambm um projeto feminista, busca acima de tudo a valorizao
da vida, a superao das desigualdades e o aprofundamento da democracia.
Imagem 05. Disponvel em: Acesso em: 31 de
Imagem 06. Disponvel em:
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TEXTO PARA REFLEXO
MOVIMENTOS DE LIBERTAO
Assim definiam-se as novas organiza-
es civis que emergiam na segunda metade
do sculo XX. Feministas, grupos do movi-
mento negro e militantes dos direitos dos ho-
mossexuais engajavam-se nas lutas de
libertao, ancorados pela intensa transfor-
mao cultural do perodo e pelo pensamento
inovador de intelectuais como Simone de
Beauvoir e Martin Luther King. A juventude,
inspirada pela influncia de tais pensadores e em meio efervescncia dos anos 1960, com seus
festivais de msica e de cinema e os grandes encontros estudantis, expandiam os novos ideais da
dcada.
Para a juventude latino-americana que aspirava maiores liberdades na vida pessoal, a che-
gada das ditaduras foi uma tragdia. Em pases como Brasil e Argentina, uma estudante que por-
tasse em sua bolsa plulas anticoncepcionais era qualificada como subversiva, representando
uma ameaa aos bons costumes pregados pelo Estado. No raro, mulheres brasileiras entra-
vam na militncia poltica: para derrubar o regime ditatorial muitas acabavam pegando em ar-
mas; outras, ao exilarem-se, entravam em contato com as teses feministas, formando numerosos
grupos no exterior e comprometendo-se na luta pelas liberdades democrticas.
Na Argentina, mes de desaparecidos po-
lticos reuniram-se pela primeira vez em 1977
na Praa de Maio, centro de Buenos Aires, para
cobrar do ento ditador Jorge Videla informa-
es sobre o paradeiro de seus filhos, prtica
que se estende at hoje e abarca, em suas mani-
festaes, questes referentes no apenas aos
desaparecidos polticos do regime militar argen-
tino, mas tambm lutas polticas e sociais do
presente, iniciando relaes de amizade e apro-
ximaes com inmeras ONGs, movimentos
sociais e personalidades de todo o mundo.
Imagem 07. Disponvel em: Acesso em: 31 de
Imagem 08. Disponvel em:
Acesso em: 31 de mar. 2016.
http://www.quien.net/abuelas-de-plaza-de-mayo.phphttp://www.quien.net/abuelas-de-plaza-de-mayo.phphttp://3001periododitatorialbrasileiro.blogspot.com.br/http://3001periododitatorialbrasileiro.blogspot.com.br/
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TEXTO DE APOIO
Todas as mulheres sofrem opresso, at as
mulheres brancas, particularmente mulheres
brancas pobres, e especialmente indgenas,
mexicanas, porto-riquenhas e negras ameri-
canas, cuja opresso triplicada comparada
a qualquer uma das mencionadas acima.
A frase, retirada de um dos primeiros textos
do feminismo negro publicado no fim da d-
cada de 1960 nos EUA, explicita uma lacuna
dos movimentos feministas: h espao, real-
mente, para todas as mulheres nesses grupos?
A questo racial nas dcadas de 1950-60 foram uma temtica de discusso especial
nos EUA: a busca por direitos civis, tais como direito ao voto e acesso ao ensino superior
para a populao negra ganhava corpo no pas, no qual ativistas como Martin Luther King e
Malcom X ganhavam voz na mdia e expandiam, em nvel internacional, seus discursos. A
mulher negra, porm, continuava vtima de sexismo por parte da sociedade, encontrando-se
a par desta e muitas vezes no encontrando representatividade nos prprios movimentos de
direitos civis. Tal situao levou formao dos primeiros movimentos feministas negro,
que buscavam demandas diferentes das causas feministas tradicionais.
No Brasil, seu incio se deu no final
da dcada de 1970, a partir da demanda
das mulheres negras feministas: o movi-
mento negro tinha sua face sexista e impe-
dia que as ativistas negras ocupassem po-
sies de igualdade junto aos homens ne-
gros; por outro lado, o movimento femi-
nista tinha sua face racista, preterindo as
discusses de recorte racial e privilegiando
as pautas que contemplavam somente as
mulheres brancas.
Imagem 09. Disponvel em: Acesso em:
31 de mar. 2016.
Imagem 10. Disponvel em: Acesso em: 31 de mar. 2016.
http://blogueirasnegras.org/tag/mulheres/http://blogueirasnegras.org/tag/mulheres/https://www.hrw.org/topic/womens-rightshttps://www.hrw.org/topic/womens-rights
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APRENDA FAZENDO
QUESTO 13 (prova Azul; 2013)
Na imagem da dcada de 1930, h uma crtica
conquista de um direito pelas mulheres, re-
lacionado com a
A) Rediviso do trabalho domstico.
B) Liberdade de orientao sexual.
C) Garantia da equiparao salarial.
D) Aprovao do direito ao divrcio.
E) Obteno da participao eleitoral.
QUESTO 42 (prova Azul; 2015)
Ningum nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biolgico, psquico, econmico
define a forma que a fmea humana assume no seio da sociedade; o conjunto da civiliza-
o que elabora esse produto intermedirio entre o macho e o castrado que qualificam o fe-
minino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1980.
Na dcada de 1960, a proposio de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um mo-
vimento social que teve como marca o(a)
A) Ao do Poder Judicirio para criminalizar a violncia sexual.
B) Presso do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
C) Organizao de protestos pblicos para garantir a igualdade de gnero.
D) Oposio de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
E) Estabelecimento de polticas governamentais para promover aes afirmativas.
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SAIBA MAIS...
Perspolis (2000)
Histria em quadrinhos autobiogrfica da iraniana Marja-
ne Satrapi, retrata o perodo da infncia/pr-adolescncia
de sua autora no Ir durante a Revoluo Islmica que
abalou o pas em meados da dcada de 1970. Em meio
transformao poltica, novos hbitos e costumes tentam
ser impostos pelo novo governo. Valores familiares e so-
ciais so explorados na histria feita por Satrapi, que no
hesita em expor suas opinies sobre todas as transforma-
es e imposies do novo regime.
As Sufragistas (Suffragette).
O filme As Sufragistas (2015) retrata a luta de um grupo
de mulheres pelo direito ao voto na Inglaterra do incio
do sculo XX, a partir das diferentes posturas da militn-
cia feminista, enfatizando a mobilizao coletiva das in-
tegrantes por uma luta maior.
Trailer disponvel em: Acesso em: 30 de abr. 2016.
Mulheres: Memrias da ditadura.
O portal, desenvolvido pelo Instituto Vladimir Herzog,
busca difundir em larga escala contedos sobre o perodo
do regime ditatorial, voltando-se principalmente s novas
geraes. possvel aprofundar-se em temas como femi-
nismo e resistncia feminina durante o perodo da ditadu-
ra militar.
Disponvel em:
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RESPOSTAS COMENTADAS
QUESTO 13.
A charge ironiza o ganho do direito ao voto feminino no Brasil. Institudo em 1932, a
partir do Cdigo Eleitoral provisrio, promulgado no primeiro governo de Getlio Vargas, o
voto feminino s veio instituir-se no pas aps presso das mulheres por seus direitos.
A busca feminina por direitos como trabalho e voto inserem-se no cenrio da chamada
primeira onda feminista, iniciada em pases como Estados Unidos e Inglaterra na virada
do sculo XIX pro XX.
Nesse perodo, surge a luta das suffragettes, mulheres que defendiam o direito ao
voto e uma maior participao feminina na tomada de decises polticas.
ALTERNATIVA CORRETA: Letra E
QUESTO 42.
A questo faz referncia escritora e ativista feminista Simone de Beauvoir, que pro-
curava desconstruir o conceito de feminino , apontando este como uma construo social
num cenrio de dominao masculina.
O livro O Segundo Sexo tornou-se uma das principais fontes de inspirao para a orga-
nizao de diversos movimentos feministas ao redor do mundo, alm de ser um dos respon-
sveis pela popularizao do movimento na dcada de 1960, durante a chamada segunda
onda feminista.
ALTERNATIVA CORRETA: Letra C.
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REFERNCIAS
BIROLI, Flvia. O feminismo como um projeto transformador: as vozes das Margari-
das. Disponvel em: Acesso em: 31 de mar. 2016.
JARID, Arraes. Feminismo negro: sobre minorias dentro da minoria. Disponvel em:
Acesso em: 31 de mar. 2016.
MORAES, Maria Lygia Quartim de. O feminismo poltico do sculo XX. Disponvel em:
Acesso
em: 31 de mar. 2016.
Imagem 01 Disponvel em: : Acesso em:
31 de mar. 2016.
Imagem 02. . Disponvel em: Acesso em: 31 de mar. 2016.
Imagem 03. Disponvel em: Acesso em: 31 de mar. 2016.
Imagem 04. Disponvel em: Acesso em: 31
de mar. 2016.
Imagem 05. Disponvel em: Acesso
em: 31 de mar. 2016
Imagem 06. Disponvel em: Acesso
em: 31 de mar. 2016.
Imagem 07. Disponvel em: Aces-
so em: 31 de mar. 2016.
Imagem 08. Disponvel em:
Acesso em: 31 de mar. 2016.
Imagem 09. Disponvel em: Acesso em: 31 de
mar. 2016.
Imagem 10. Disponvel em: Acesso em: 31 de
mar. 2016.
http://blogdaboitempo.com.br/2015/08/28/o-feminismo-como-projeto-transformador-as-vozes-das-margaridas/http://blogdaboitempo.com.br/2015/08/28/o-feminismo-como-projeto-transformador-as-vozes-das-margaridas/http://revistaforum.com.br/digital/135/feminismo-negro-sobre-minorias-dentro-da-minoria/http://revistaforum.com.br/digital/135/feminismo-negro-sobre-minorias-dentro-da-minoria/http://blogdaboitempo.com.br/2015/03/09/o-feminismo-politico-do-seculo-xx/http://blog.planalto.gov.br/assunto/mulheres/http://www.marchamundialdasmulheres.org.br/marcha-das-margaridas-70-mil-mulheres-nas-ruas-por-democracia-justica-com-autonomia-igualdade-e-liberdade/http://www.marchamundialdasmulheres.org.br/marcha-das-margaridas-70-mil-mulheres-nas-ruas-por-democracia-justica-com-autonomia-igualdade-e-liberdade/http://www.marchamundialdasmulheres.org.br/marcha-das-margaridas-70-mil-mulheres-nas-ruas-por-democracia-justica-com-autonomia-igualdade-e-liberdade/http://news.yahoo.com/argentina-rights-activist-finds-stolen-grandson-35-years-195604950.htmlhttp://news.yahoo.com/argentina-rights-activist-finds-stolen-grandson-35-years-195604950.htmlhttp://memoriasdaditadura.org.br/mulheres/http://fatoafato.com/viewnoticias.php?cod=10402https://andradetalis.wordpress.com/2014/12/page/7/http://www.quien.net/abuelas-de-plaza-de-mayo.phphttp://3001periododitatorialbrasileiro.blogspot.com.br/http://blogueirasnegras.org/tag/mulheres/https://www.hrw.org/topic/womens-rights
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COMPETNCIA DE REA 4 ENTENDER AS TRANSFORMAES TCNICAS E
TECNOLGICAS E SEU IMPACTO NOS PROCESSOS DE PRODUO, NO DESEN-
VOLVIMENTO DO CONHECIMENTO E NA VIDA SOCIAL.
Ayrton Adilson Barbosa Ferreira da Silva Alves ([email protected])
Jhon Lennon de Jesus Ferreira ([email protected])
Wendna Mayse Amorim Chaves ([email protected])
Imagem 1. A agricultura tradicional foi o
tipo original de agricultura, e tem sido pra-
ticada h milhares de anos. Imagem 01. Dis-ponvel em: Acesso em: 30 de mar. 2016.
Imagem 2. Campo de batata monoculti-
vado. Disponvel em: Acesso
em: 30 de mar. 2016.
Imagem 03. Disponvel em: Acesso em:
O incio da agricultura ocorreu no per-
odo neoltico cerca de 4.000 anos antes
de Cristo. Esse momento ficou conheci-
do como revoluo neoltica ou revolu-
o agrcola. A partir desse ponto co-
meou a transio do nomadismo para o
sedentarismo, ou seja, o homem come-
ou a se fixar em um lugar, construir
melhores habitaes, se dedicar agri-
cultura e fabricao de instrumentos
de bronze e prata. Devido essa mudan-
a ter ocorrido antes da inveno da es-
crita
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]://en.wikipedia.org/wiki/Agronomyhttps://en.wikipedia.org/wiki/Agronomyhttps://en.wikipedia.org/wiki/Monoculturehttps://en.wikipedia.org/wiki/Monoculturehttp://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=6334http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=6334http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=6334
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no possvel saber exatamente o momento em que isso ocorreu, contudo, as datas so
calculadas a partir dos instrumentos agrcolas encontrados. A diversidade de tcnicas im-
plantadas ao longo de 6.000 anos a agricultura permitiram o desenvolvimento desta nas
mais diversas partes do mundo, contribuindo para a criao de represas e canais que pos-
sibilitaram o aumento das zonas de produo, alm dos novos sistemas de produo co-
mo o sistema de rotao de culturas na Idade Mdia, que permitiu uma reutilizao mais
eficiente da terra.
O incio da Revoluo Industrial (1760) foi essencial para modernizao dos pro-
cesso alimentcios. Produtos enlatados, utilizao de mquinas na colheita e a monocultu-
ra tomaram a ordem do dia, a produo tornou-se cada vez mais rpida e quantitativa.
Vender era o foco principal e isso consumiu ainda mais da fora dos camponeses como
tambm da terra.
CRESCENTE FRTIL o nome dado a uma regio
do Oriente Mdio, historicamente habitada por diver-
sos povos e civilizaes desde os mais primitivos est-
gios de evoluo do homem moderno. Seu nome deri-
va precisamente do fato dessa regio, em forma de lua
crescente, ser extremamente propcia agricultura,
literalmente "rasgando" reas desrticas completamen-
te inspitas, imprprias para povoamento constante e
estvel. (Imagem 4).Adaptado de:
ROTAO TRIENAL DE CULTURAS
A rotao trienal de culturas foi
uma tcnica
de agricultura praticada na Idade
Mdia. Consistia em dividir um
campo de cultivo em trs partes,
utilizando-as para diferentes cultu-
ras de forma rotativa para melhor
aproveitamento do solo. (Imagem
5).
Adaptado de:
Acesso em: 30 mar. 2016
http://www.infoescola.com/geografia/crescente-fertil/http://www.infoescola.com/geografia/crescente-fertil/https://pt.wikipedia.org/wiki/Rota%C3%A7%C3%A3o_trienal_de_culturas
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Com a Revoluo Verde houve uma exploso na produo de alimentos, as plantaes
tinham a adio de fertilizantes industriais, mecanizao, utilizao de pesticidas e herbicida
em larga escala. Essas medidas levaram a uma exploso na produo de alimentos. O princi-
pal idealizador do projeto, Norman Borlaug ganhou o premio Nobel da paz pelos seus esfor-
os na luta contra a fome, entretanto, nem tudo saiu como planejado, pois, alguns problemas
comearam a surgir com mais frequncia. O uso de pesticidas matou grande parte das pragas
mas, com o passar do tempo, elas se tornaram mais resistentes. Alm disso, importante
considerar a grande quantidade de veneno que ingerimos diretamente ao consumir alimentos
tratados com produtos qumicos.
nesse contexto que os movimentos ambientalistas vo se impor contra os agrotxi-
cos e os alimentos transgnicos, exigindo uma alimentao com menos quantidade de agro-
txicos, incentivando a agricultura orgnica e boicotando os alimentos transgnicos, alm de
protestar contra a expanso da monocultura.
Imagem 6. Uso de pesticidas em planta-
o. Disponvel em: Aces-
O que a agricultura orgnica?
So sistemas sustentveis de agricultura que
no permitem o uso de produtos qumicos
sintticos prejudiciais para a sade humana
e para o meio ambiente, tais como cer-
tos fertilizantes e agrotxicos sintticos,
nem de organismos geneticamente modifica-
dos. (Imagem 7). Adaptado de: Acesso em 30 mar. 2016
http://plumaslibres.com.mx/2015/03/21/oms-califica-a-cinco-pesticidas-como-cancerigenos-son-muy-utilizados/http://plumaslibres.com.mx/2015/03/21/oms-califica-a-cinco-pesticidas-como-cancerigenos-son-muy-utilizados/http://plumaslibres.com.mx/2015/03/21/oms-califica-a-cinco-pesticidas-como-cancerigenos-son-muy-utilizados/http://plumaslibres.com.mx/2015/03/21/oms-califica-a-cinco-pesticidas-como-cancerigenos-son-muy-utilizados/https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura_org%C3%A2nicahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura_org%C3%A2nicahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura_org%C3%A2nica
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TEXTO PARA REFLEXO
UM POUCO DE LITERATURA...
O romance Usina de Jos Lins do
Rego retrata uma sociedade onde as rela-
es de poder eram baseadas em relaes
pessoais, tais quais: a endogamia, a especia-
lizao regional das condies de vida, de
habitao e de dieta; alm das restries so-
ciais s relaes sexuais. Sociedade regida
pelos rgidos cdigos da consanguinidade e
ameaada no inicio do sculo XX (dcadas
de 20 e 40) pela dissoluo das hierarquias
tradicionais de classe, de raa e de sexo.
Nesse perodo, a democratizao da socie-
dade, assim como da poltica brasileira, de-
sestabilizaram as relaes de poder da anti-
ga aristocracia local, proporcionando o sur-
gimento de novos grupos sociais (comerciantes, industriais, operrios, a classe mdia) que,
ao emergirem do processo de modernizao da sociedade, proporcionaram a alterao de
suas relaes sociais, culturais, econmicas, de trabalho e de gnero, colaborando, assim,
com o surgimento de uma sociedade de indivduos que passavam a possuir direitos e deve-
res, desligados das relaes definidas como hierarquicamente superior.
Neste nterim o romance nos mostra a utopia de se restituir um mundo que ficou
para trs. E por no poder reviv-lo, vemos a narrativa como uma forma de vingana con-
tra aqueles que levaram a dissoluo das relaes sociais tradicionais. Por isso Jos Lins
espalha em suas pginas dor, doena, melancolia, aleijes, tristezas, loucuras
(ALBUQUERQUE JR, 1999: 131).
(Texto adaptado: DALAVALLE, I; MATOSO, R. O. A importncia da preser-
vao da memria por meio dos museus. Akrpolis, Umuarama, v. 18, n. 3, p. 237-242,
jul./set. 2010. Disponvel em:
Acesso em: 30/03/16).
Usina o antepenltimo livro do "Ciclo da cana-
de-acar" do escritor brasileiro Jos Lins do
Rego, seguido por Fogo Morto. (Imagem 8). Dis-
ponvel em:
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O romance Usina, pode ser tomado como a narrativa de um processo de destrui-
o, e ao mesmo tempo, um esforo de reconstruo de seu espao interior e exterior a par-
tir de fragmentos de vida que no mais existem. (Adaptado de: http://www.seer.ufu.br/
index.php/neguem/article/view/13599/15331 Caderno Espao Feminino - Uberlndia-MG -
v. 27, n. 1 - Jan/Jun. 2014 ISSN online 1981-3082).
TEXTO DE APOIO
O HOMEM AQUILO QUE COME: ALIMENTAO MODERNA E PRODUTOS
TRANSGNICOS
Voc j se perguntou o que significa a letra T dentro de um tringulo presente nas embala-
gens de produtos industrializados? Por acaso, voc tem o hbito de ler as embalagens para saber de
quais ingredientes determinado alimento constitudo? No supermercado, voc capaz de identifi-
car quais produtos foram feitos a partir de OGMs (Organismos Geneticamente Modificados)? O
consumidor pode no saber, mas a letra T ilustrada na figura 1 utilizada para indicar os produ-
tos geneticamente modificados, ou seja, os alimentos transgnicos.
Apesar de todas as informaes contidas em rtulos de alimentos, o consumidor final sente-
se inseguro em relao ao produto, mesmo contando com vrias regulamentaes que controlam e
determinam que tipo de produto est sendo vendido. Isso acontece porque alguns consumidores
no se sentem esclarecidos sobre as informaes contidas em rtulos que, em sua maioria, so fa-
bricados em outro idioma ou, at mesmo pelo fato de se tratar de ingredientes desconhecidos por
quem consome.
A rotulao exigida nas embalagens de alimentos transgnicos necessria para que quem o
consome tenha conscincia do tipo de alimento que est ingerindo. Alguns cientistas, ambientalistas
e at mesmo crticos desse processo defendem a divulgao do rtulo contendo o smbolo do trans-
gnico para que o consumidor tenha a liberdade de escolher que tipo de produto pretende comprar.
Aps o crescimento gigantesco da produo agrcola no Brasil, principalmente a partir da dcada de
1970/80, quando a tecnologia desenvolvida deu as bases para o crescimento industrial, muitos dos
alimentos consumidos passaram a ser oriundos desse setor.
Imagem 9. Disponvel em: >>http://
www.oquevocefezpeloplanetahoje.com.
br/tag/alimentos-transgenicos/
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Para incentivar o aceleramento da produo e diversificar cada vez mais a quantidade
de produtos, as industrias contaram no apenas com o desenvolvimento de tcnicas para a
agricultura, como tambm com a rea da cincia gentica que possibilitou o uso de semen-
tes resistentes a pragas, sem necessariamente ter que ser utilizados agrotxicos ou pestici-
das.
Se de um lado h quem discorde do uso de sementes geneticamente modificadas por
acreditar que os transgnicos no so seguros para o uso humano e animal, levam ao aumen-
to da utilizao de pesticidas e causam danos ao meio ambiente, por outro, h quem defen-
da o poder potencializador desses gros e argumentam, ainda, que a agricultura feita a partir
desse processo pode produzir alimentos suficientes para erradicar a fome do mundo.
O Brasil ocupa o segundo lugar entre os pases que mais cultivam variedades geneti-
camente modificadas de gros e fibras do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Contudo, tambm o pas que mais utiliza agrotxicos na produo alimentar. Dentre esses
gros, destacam-se soja, milho, feijo, mamo papaia, laranja-pra e algodo. Tambm
ocorreram modificaes em alimentos como o tomate agora com maior durabilidade -
e na batata, mais resistente a pragas.
Segundo Anderson Galvo, representante do ISAA (International Service for the Ac-
quisition of Agri-biotech Applications) no Brasil, os transgnicos permitiram a intensifica-
o da produo global e, principalmente, brasileira, contribuindo para evitar que a agricul-
tura disputasse rea com reservas de biodiversidade nos 27 pases em que so cultivados".
(Adaptado de Acesso em: 31/03/16.)
VOC SABIA?
Smbolo que identifica alimentos transgnicos pode ser
extinto. Projeto de lei aprovado na Cmara dos Deputa-
dos e espera de votao no Senado altera a apresenta-
o de produtos alimentcios, retirando a letra que indica
a presena de transgnicos. Imagem 10.
Disponvel em: >>http://www.correiobraziliense.com.br/app/
noticia/cidades/2015/06/08/interna_cidadesdf,485816/simbolo-que-
identifica-alimentos-transgenicos-pode-ser-extinto.shtml
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A alimentao moderna tem contado com o aperfeioamento de gros e de outros
alimentos para beneficiar a populao sempre diante de gigantescas vitrines que os seduzem
para o consumo acelerado de produtos industrializados, que acarretam problemas sade
devido quantidade de qumica que fazem parte de sua composio. A globalizao, junta-
mente com a modernizao do setor agrcola, possibilitou o aumento e aparecimento de res-
taurantes e indstrias que oferecem uma variedade de pratos suculentos e deliciosos, muitos
deles prejudiciais ao organismo humano, como tambm at mesmo ao meio ambiente. So
alimentos enlatados, plastificados, sempre envoltos de alguma embalagem que, alm de ex-
trair da natureza matria-prima para sua fabricao, muitos deles passam pelo processo de
produo que faz uso massivo de produtos qumicos.
No tocante agricultura familiar, de subsistncia, o pequeno agricultor para manter
sua produo necessita de pequenos emprstimos ou de alguma assistncia do governo atra-
vs de programas sociais. Neste caso, os programas de assistncia social, principalmente os
de distribuio de gros, utilizam sementes geneticamente modificadas, o que obriga o ho-
mem do campo a fazer uso desse produto, transformando, assim, sua alimentao.
O que so alimentos transgnicos? So frutos de modificaes embrionrias realizadas
em laboratrio, pela insero de pelo menos um gene de uma outra espcie. Alguns dos
motivos de modificao desses alimentos so para que as plantas possam resistir s pragas
(insetos, fungos, vrus e bactrias), agrotxicos e herbicidas.
Disponvel em: Acesso em: 29/03/16.
http://pt.slideshare.net/DavidMoreiraPerry/alimentos-transgnicos-enfermagem-david-moreirahttp://pt.slideshare.net/DavidMoreiraPerry/alimentos-transgnicos-enfermagem-david-moreira
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APRENDA FAZENDO
QUESTO 04 ENEM 2015 CADERNO AZUL
Na charge h uma crtica ao processo produtivo agrcola brasileiro relacionada ao
A) elevado preo das mercadorias no comrcio.
B) aumento da demanda por produtos naturais.
C) crescimento da produo de alimentos.
D) hbito de adquirir derivados industriais.
E) uso de agrotxicos nas plantaes.
QUESTO 37 ENEM 2011 CADERNO AZUL
No Estado de So Paulo, a mecanizao da colheita de cana-de-acar tem sido induzi-
da tambm pela legislao ambiental que probe a realizao de queimadas em reas
prximas aos centros urbanos. Na regio de Ribeiro Preto, principal polo sucroalcoo-
leiro do pas, a mecanizao da colheita j realizada em 516 mil dos 1,3 milho de
hectares cultivados com cana-de-acar.
BALSADI, O. et al. Transformaes Tecnolgicas e a fora de trabalho na agricultura
brasileira no perodo de 1990-2000. Revista de Economia Agrcola. V. 49 (1), 2002.
O texto aborda duas questes, uma ambiental e outra socioeconmica que integram o
processo de modernizao da produo canavieira. Em torno da associao entre elas,
uma mudana decorrente desse processo a
A) perda de nutrientes do solo devido utilizao constate de mquinas.
B) eficincia e racionalidade no plantio com maior produtividade na colheita.
C) ampliao da oferta de empregos nesse tipo de ambiente produtivo.
D) menor compactao do solo pelo uso de maquinrio agrcola de porte.
E) poluio do ar pelo consumo de combustveis fsseis pelas mquinas.
Imagem 11. Disponvel em: Acesso
em 30/03/16.
http://www.arionaurocartuns.com.br/charge_alimentos.shtml
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SAIBA MAIS
Neste vdeo, o JC Debate discute uma mudana
aprovada na Cmara dos Deputados que acaba
com a obrigatoriedade dos fabricantes de ali-
mentos transgnicos a colocarem um selo com
um "T" nas embalagens. Tempo de durao: 30
minutos e 46 segundos.
Disponvel em: Acesso em: 30/03/16.
O TRAMAS (Trabalho, Meio Ambiente e Sa-
de) vem desde 1996 construindo o Ncleo en-
quanto um espao de encontro, formao e pr-
xis de pessoas que comungam o desejo de dedi-
car-se a processos histricos de emancipao
humana e social a partir da Universidade. Tem
como foco as inter-relaes entre Produo,
Trabalho, Ambiente e Sade, abordadas numa
perspectiva crtica no contexto da civilizao do
capital.
Disponvel em:
CADERNOS DID