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168 CAPÍTULO VI PROTEÇÃO DOS PROCESSOS Nota: Este capítulo faz parte do livro Gerenciamento de Riscos Industriais, registrado. Qualquer utilização deste texto sem a correta citação da origem sujeita o infrator às oenas legais. Gerenciamento de Riscos Industriais Fundação Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura - Escritório de Direitos Autorais - Certificado de Registro ou Averbação nº 123.087, Livro 190, Folha 202 (Análises de Property Loss Control, Análises de Risco, Segurança Industrial, Controle Patrimonial), Inspeções de Riscos Industriais, Inspeções de Segurança. Eng. Antonio Fernando Navarro Rio de Janeiro, outubro de 1996

Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

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Apresentam-se neste capítulo alguns dos conceitos sobre Segurança Industrial, desta vez aplicados às instalações industriais, com vistas à redução ou mitigação das perdas ou danos.

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CAPÍTULO VI

PROTEÇÃO DOS PROCESSOS Nota: Este capítulo faz parte do livro Gerenciamento de Riscos Industriais, registrado. Qualquer utilização deste texto sem a correta citação da origem sujeita o infrator às oenas legais. Gerenciamento de Riscos Industriais Fundação Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura - Escritório de Direitos Autorais - Certificado de Registro ou Averbação nº 123.087, Livro 190, Folha 202 (Análises de Property Loss Control, Análises de Risco, Segurança Industrial, Controle Patrimonial), Inspeções de Riscos Industriais, Inspeções de Segurança. Eng. Antonio Fernando Navarro Rio de Janeiro, outubro de 1996

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VI. Proteção dos Processos:

Este capítulo faz parte do conjunto do Livro Gerenciamento de Riscos Industriais e trata

especificamente da proteção dos processos, não especificamente a dos equipamentos e instalações

existentes, mas sim do ambiente onde esses sejam desenvolvidos, com o objetivo de preservar a

saúde e a vida humana, objeto das atividades dos Gerentes de Riscos. Esses profissionais, bastante

citados neste texto, são profissionais com formação multidisciplinar, com elevada percepção e

capazes de identificar os riscos antes que esses vêm a causar perdas ou danos. Contudo, o papel dos

Gerentes de Riscos não se restringe a uma atuação dita, "no chão de fábrica", mas também nas

demais áreas onde se desenvolvem as atividades ou são projetadas, como as de design, de construção

e montagem, logística, planejamento das atividades, recrutamento e seleção, capacitação de pessoal,

acompanhamento das atividades, movimentação de materiais, aquisição de equipamentos e

instalações, enfim, em cada uma das etapas do processo deve haver a intercambialidade de saberes,

para a sedimentação de uma Cultura de Segurança. Um aspecto importante é que deve se ter a

atenção direcionada para a questão do "acidente zero". Ainda não se conseguiu estabelecer condições

para que uma atividade não cause acidentes. Uma das razões é a do fato de contribuírem para a

ocorrência de um acidente dezenas de fatores, poucos controlados, alguns parcialmente sob

supervisão, e muitos que não se tem qualquer tipo de controle, ditos fatores aleatórios. Mesmo a

aleatoriedade não impede que sejam exercidas ações pró-ativas de prevenção,

Um processo é um conjunto de ações, encadeadas ou vinculadas, estabelecidas para se

obter um resultado palpável, que pode ser um produto ou bem. Assim, para que esse conjunto se

movimente podem ser requeridas ações que envolvam o Homem ou o emprego de equipamentos e

máquinas automáticas ou manuais. Proteger um processo de fabricação é empregar mecanismos e

instalações que o tornem mais seguro. Em praticamente todos os processos industriais há riscos.

Muitas vezes esses riscos se manifestam de forma descontrolada. De outra feita a ocorrência se dá

com uma manifestação prematura. Quase sempre a proteção de um processo pode ser feita de maneira

simples.

Serão abordadas e apresentadas algumas medidas de segurança que podem ser

adotadas, na preservação e na proteção do patrimônio das indústrias, notadamente no que se refere à

prevenção de perdas geradas por riscos emergenciais ou latentes. Nessa proposta poderá se verificar

que há medidas simples e imediatas e outras que poderão requer maior nível de atenção. Contudo,

não se deve esquecer das recomendações fornecidas pelos fabricantes dos equipamentos e pelos

projetistas das instalações industriais. Sabe-se hoje que a maior parte dos danos pode ser evitada se

não houver modificações no projeto ou nas instalações, cerca de 20% dos sinistros ocorridos são

devidos a mudanças não planejadas. O capítulo apresenta de forma consolidada, recomendações para

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implementação por quando da execução de programas de gerenciamento de riscos nas atividades

industriais. Procurou-se relacionar algumas das atividades ou processos envolvendo a maior parte das

indústrias, não significando dizer que o assunto encontra-se esgotado.

Com a participação dos responsáveis pelas atividades de segurança do trabalho e

industrial, cada um poderá enriquecer este capítulo, com a criação de seus próprios fichários de

análise de riscos. Em nosso outro livro "Ferramentas Empregadas no Gerenciamento de Riscos"

apresentamos, além de Check List básico, aplicável a uma série de empreendimentos industriais, uma

série de modelos de formulários, voltados a vários tipos de situações.

A proteção dos processos, ou das áreas de processamentos de uma indústria, é tratada

dentro da Segurança Industrial. A Segurança Industrial é um dos módulos da Gerência de Riscos,

voltado à análise da segurança da atividade da empresa, de seu processo de produção e fabricação.

Como o nome bem pode definir trata da parte referente à segurança como um todo, não

especificamente um componente da segurança, voltada à indústria. Define-se Segurança Industrial

como o conjunto de medidas tomadas em um estabelecimento industrial, visando a redução do grau

de periculosidade dos riscos ou atividades, quer sejam emergentes ou potenciais, capazes de gerar

perdas materiais ou pessoais.

Apesar do nome não indicar, para que a Segurança Industrial seja completa deverá

estar voltada também para o Homem. Um operário bem treinado e municiado de todos os

equipamentos de proteção individual, necessários à sua atividade, está sujeito a sofrer menos

acidentes. Comparativamente aos operários mal treinados, os bem capacitados sofrem cerca de 10%

dos acidentes e os mal treinados 90% dos acidentes. Para que uma instalação fabril seja protegida

contra todo tipo de perdas materiais e pessoais, torna-se necessário, antes de qualquer coisa,

resguardar-se as pessoas que nela trabalham. Ficou comprovado, através de extensos trabalhos

estatísticos, que a grande maioria dos acidentes ocorridos no interior de instalações industriais deve-

se à imperícia dos empregados, cerca de 23% dos acidentes onde haja a participação humana.

A Segurança Industrial é a junção de vários procedimentos e normas de segurança,

cujo objetivo maior é o de resguardar as instalações contra os riscos que as possam atingir. Para que o

objetivo de prevenção e de segurança venha a ser atingido, devem atuar na empresa equipes que

denominamos de “Equipes de Prevenção”.

O Gerente de Riscos é, modernamente, o chefe de um comitê permanente da empresa,

envolvendo todas as áreas produtivas da mesma. Desta forma, deve estar familiarizado com o

trabalho das Equipes de Prevenção existentes.

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VI.1 Equipes de Prevenção de Riscos

Qualquer instalação industrial ou sistema de proteção contra incêndios, por mais caro

e sofisticado que seja, perde a sua finalidade se não existir uma equipe de funcionários treinados que

os possa operar. Desta forma, a não existência de pessoal qualificado e preparado para lidar com

situações de risco, onde seja necessário o manuseio desses sistemas, pode por em risco a segurança

de todo o conjunto industrial, com tudo aquilo nele contido, inclusive pessoas. Definem-se Equipes

de Prevenção como os grupos de funcionários da empresa voltados para atuar em áreas bem

específicas, que tem como função exclusiva a atenção para com os funcionários, a operação dos

equipamentos de proteção dos riscos ou a manutenção, de ordem preventiva, em todos os setores

industriais. São consideradas equipes de prevenção de riscos:

� CIPAS, SESMTs, voltadas à prevenção dos riscos envolvendo pessoas;

� Brigadas de Incêndio, voltadas ao manuseio dos equipamentos de combate aos riscos de incêndio, principalmente;

� Manutenção das Instalações;

� Manutenção das Edificações.

VI.1.a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

A CIPA é uma equipe de prevenção de acidentes, constituída por funcionários da

própria empresa, que tem como escopo a diminuição do número de acidentes causados, com ou sem a

participação do empregado, a orientação para situações de riscos, o treinamento de pessoas, e todo

um trabalho prevencionista, voltado ao operário da empresa. A CIPA é de grande valia para o

trabalho do Gerente de Riscos, devido às particularidades de suas atribuições.

VI.1.a.1. Recomendações ao trabalho das CIPAS:

Usualmente, as CIPAS têm um plano de trabalho bastante amplo, voltado à segurança

dos trabalhadores, pois que tem em sua estrutura representantes dos empregados e do empregador. Há

uma igual distribuição de seus membros. Todavia, essa importante "ferramenta" de divulgação de

informações e de apoio na fiscalização perde muito de sua importância quando os empregadores não

relevam as atividades do grupo. Algumas de suas atribuições são:

• elaboração de semanas prevencionistas;

• distribuição de diplomas àqueles que se destacaram em seus trabalhos prevencionistas;

• inspeções contínuas às instalações da empresa;

• Análise dos acidentes ocorridos;

• divulgação de técnicas de prevenção de acidentes, por intermédio da exposição de filmes e de palestras, e

• atividades quase todas programadas e previstas em regulamentos da empresa.

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A título de colaboração, apresentamos a seguir uma série de tópicos que devem ser

incluídos nos programas de inspeção das CIPAS, durante as visitas de seus membros às instalações da

empresa. É lógico que um plano de inspeções não se esgota com meia dúzia de itens a serem

observados. É preciso muito mais do que isto. Alguns dos pontos de interesse são:

� Os materiais, ao serem empilhados, não deverão obstruir os corredores e as passagens, de forma a

não dificultar o trânsito de pessoas, equipamentos e o fluxo de transporte de mercadorias e de

produtos acabados pelo interior da fábrica. Os problemas de empilhamento e estiva de materiais é

responsável por quase 6% dos acidentes pessoais, principalmente devido ao contato abrupto com

os trabalhadores, como a queda de materiais;

� Os materiais, mercadorias e ferramentas, mesmo quando acondicionados em estantes ou

prateleiras, devem estar armazenados de modo a evitar o risco de deslizamento desses atingindo

algum operário. As suas pontas devem ser envolvidas em protetores, não se devendo permitir que

seja ultrapassada a largura das prateleiras ou das estantes. 5% dos acidentes de cortes e

escoriações são devidos ao contato acidental de partes dos corpos dos trabalhadores em

extremidades agudas de materiais estocados. Na área de construção civil esse percentual chega a

15%;

� Deve-se sempre colocar o lixo e os materiais inservíveis em lugares apropriados, e

preferencialmente, afastados de mercadorias ou produtos acabados. Aqueles lixos que possam

gerar combustão expontânea deverão ser acondicionados em tambores metálicos providos de

tampa. Um dos aspectos que não pode ser desconsiderado é o da salubridade do ambiente e da

proliferação de vetores;

� Não se deve obstruir o acesso ou a visão dos equipamentos de combate a incêndios, através do

armazenamento de mercadorias, ou da colocação de máquinas ou equipamentos na sua frente. A

mesma preocupação se deve ter com toda a sinalização de equipamentos extintores, que

normalmente é posicionada nos banzos inferiores das treliças do telhado. Em análises envolvendo

a ação das equipes no atendimento a princípios de incêndio verificou-se que em 18% das

ocorrências os trabalhadores não utilizavam os equipamentos mais próximos dos princípios de

incêndio por não estarem esses corretamente sinalizados e visíveis;

� Não se deve permitir o transporte, ou manuseio de substâncias corrosivas, em recipientes abertos.

Mesmo quando os depósitos forem fechados, esses deverão estar rotulados, para facilidade de

identificação. Cerca de 6% das queimaduras e lesões oculares foram provenientes de respingos de

materiais transportados de maneira inadequada;

� As polias das máquinas e equipamentos devem ser convenientemente equipadas com protetores

metálicos, totais ou parciais, como forma de se evitar o contato dos operários com as correias, que

tantos acidentes causam. 29% dos acidentes com prensagem de partes dos corpos dos

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trabalhadores foram devidos à falta de proteção das polias e correias ou correntes. Desse

percentual 32% terminou gerando mutilações irreversíveis;

� Nunca se deve substituir os protetores dos circuitos elétricos por outros de maior capacidade de

carga, ou por sistemas improvisados, tais como: arames, moedas, chapas metálicas, ou outros,

objetivando ter menor trabalho de manutenção, com religamentos constantes. Dos acidentes

elétricos, 38% é devida a improvisações das instalações elétricas e ou à falta de dispositivos

adequados de proteção dos circuitos elétricos;

� Não se deve permitir que os operários estejam trabalhando sem os equipamentos de proteção

individual, e sem uma adequada orientação e supervisão. A falta ou inadequação dos EPIs é

responsável por 41% dos acidentes com contaminação dos trabalhadores. Desse total, 37% refere-

se a acidentes envolvendo os olhos, pela inadequação dos óculos de proteção;

� Deve-se sempre estudar continuamente, formas de redução dos riscos existentes na empresa, de

maneira que o emprego de Equipamentos de Proteção Individuais não seja necessário, ou pelo

menos venha a ser substituído por condições seguras, oferecidas pela empresa. Essa é uma das

principais áreas de atuação da CIPA e do SESMT. As avaliações devem ser baseadas nos

programas de prevenção de riscos ambientais e nos laudos técnicos de condições ambientais do

trabalho;

� Cada acidente ocorrido deve ser cuidadosamente analisado, com vistas a se obter as informações

necessárias para evitar a recorrência dos mesmos. Com as informações obtidas pode se estruturar

um banco de dados de acidentes, a ser empregado na análise de situações futuras assemelhadas,

bem como apresenta-lo como instrumento de divulgação durante as palestras.

A CIPA não é um órgão executor de medidas, mas sim de estudos, análises e

encaminhamento e cobranças de solução dos problemas. A função da CIPA na da empresa deve

ser continuamente realçada, de forma que até os próprios operários sintam a sua importância e

possam contribuir espontaneamente, encaminhando problemas existentes e apontando soluções

prováveis.

VI.1.a.2. Consequências dos Acidentes de Trabalho:

Um acidente de trabalho, além dos aspectos sociais que gera, causa sérios danos à

imagem da empresa. Normalmente está associado a uma série de consequências como:

� Redução da produtividade;

� Substituição de operários, algumas vezes a um custo bem maior;

� Redução do estoque devido à redução da produção;

� Perda de imagem junto ao público consumidor e o público que coabita as vizinhanças da empresa;

� Aumento de encargos sociais com as substituições, bem como com os pagamentos de operários inativos;

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� Aumento da folha salarial;

� Perda de mercado, com a não possibilidade de cumprimento de contratos de fornecimento;

� Possibilidade de ações trabalhistas e na área cível;

� Falta de produção.

VI.1.a.3. Causas de um Acidente de Trabalho:

Para que o objetivo da prevenção de acidentes, envolvendo os trabalhadores, seja

atingido, torna-se necessário conhecer a mecânica da ocorrência de um acidente de trabalho. Até hoje

não se conseguiu precisar as causas de um acidente de trabalho. Da mesma forma como ele pode ser

devido a um único fator, pode vir a ser fruto da concorrência de múltiplos fatores, o que termina

dificultando a análise e a implantação de propostas para a redução das ocorrências. Existem estudos

que analisam os acidentes por grupamentos de causas e outros por blocos de consequências. Até

agora nenhum dos modelos demonstrou ser sólido o suficiente para contemplar todas as eventuais

causas das ocorrências. Isso quer dizer que o "acidente é previsível", mas as causas dos mesmos

podem ser "imprevisíveis". A princípio, as principais e prováveis causas da ocorrência de um

acidente de trabalho podem ser devidas, entre outras, a:

1) falha de projeto; 2) falha de execução; 3) falta de uma Cultura de Segurança; 4) falha de planejamento das atividades; 5) falta de supervisão; 6) supervisores sem o conhecimento e habilidades requeridas; 7) falta de gerenciamento das atividades; 8) gerentes sem o conhecimento e habilidades requeridas; 9) fatores ambientais adversos; 10) falta de motivação de pessoal; 11) condições de trabalho adversas; 12) falhas construtivas; 13) falhas de materiais; 14) sobrecargas de peso; 15) operações inadequadas; 16) falta de treinamento; 17) falta de experiência dos trabalhadores; 18) condições ambientais adversas; 19) matérias primas defeituosas; 20) desgaste de material; 21) projeto inadequado; 22) instalação inadequada; 23) falha de manutenção; 24) falta de manutenção; 25) falha humana.

VI.1.a.4. Participação humana nos Acidente de Trabalho:

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Infelizmente, a participação do Homem na ocorrência de um acidente é bem grande.

Estima-se que sua concorrência chegue a valores próximos de 80%. Sua participação pode-se dar

devido a um ou a mais fatores, como listados a seguir:

� Cansaço � Visual, devido a:

1. condições ambientes;

2. extensa jornada de trabalho;

3. tipo de atividade desenvolvida;

4. condições orgânicas;

5. má alimentação;

6. doenças;

7. fatores emocionais, etc.

� físico, em função de: 8. condições orgânicas;

9. alimentação inadequada;

10. doenças;

11. fatores emocionais, etc.

� Stress 12. problemas psicológicos;

13. doenças;

14. falta de ambientação com colegas;

15. dificuldades de entendimento com chefias imediatas;

16. ambientes de trabalho com rodízios freqüentes;

17. problemas econômicos;

18. problemas familiares, etc.

� Desatenção 19. problemas familiares;

20. fome ou sede;

21. falta de dinheiro;

22. doença;

23. instabilidade no emprego, etc.

� Inadaptidão física ao trabalho 24. rodízios de postos de trabalho sem adequada verificação;

25. falhas dos procedimentos de recrutamento e seleção, etc.

� Brincadeiras com colegas ou com pessoas de fora 26. problemas de supervisão;

27. problemas de relacionamento com os colegas;

28. ausência de programas de ambientação do trabalhador;

29. problemas de recrutamento de pessoal;

30. problemas de maturidade de pessoal, etc.

� Premeditação 31. dificuldades de caráter;

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32. falta de dinheiro;

33. problemas de inadaptação com chefias e colegas;

34. dificuldades de aprendizado;

35. possibilidade de demissão imediata. etc.

� Crime, com o objetivo de causar prejuízos econômicos ao patrão ou favorecer terceiros 36. falta de dinheiro; problemas familiares;

37. problemas pessoais;

38. problemas psicológicos;

39. ausência ou deficiência de supervisão e controle;

40. proximidade de implantação de programas de demissões, etc.

� Falta de treinamento 41. elevado turn over;

42. ausência de supervisão adequada;

43. implantação de procedimentos produtivos novos;

44. falta de programa de treinamento na empresa, etc.

� Inadaptidão ao equipamento 45. ausência de supervisão adequada;

46. implantação de procedimentos produtivos novos;

47. falta de programa de treinamento na empresa;

48. falta de critério de seleção de pessoal;

49. ausência de pessoal qualificado, etc.

� Pressa 50. falha de um planejamento de trabalho;

51. ausência de meios de transporte adequados;

52. falta de apoio social, principalmente de creche para os filhos das funcionárias;

53. ausência de funcionários capacitados;

54. falta de planejamento de escala de férias, etc.

� Falta de Motivação 55. baixos salários;

56. perspectivas de ser mandado embora do trabalho;

57. proximidade da aposentadoria;

58. excessiva cobrança dos supervisores no trabalho;

59. chefias desqualificadas ou com menor conhecimento do que os funcionários;

60. não possibilidade de ascensão funcional;

61. jornadas de trabalho excessivas, etc.

� Condições ambientais adversas 62. pouca ou excessiva iluminação;

63. ruído contínuo ou intermitente;

64. temperaturas extremas (frio ou calor);

65. vibração;

66. acabamentos construtivos;

67. revestimentos, inclusive pintura, etc.

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Todo o funcionário que executa funções que, pela sua natureza, exponha a vida de

terceiros, ou de bens da própria empresa, deve ser periodicamente avaliado, física e mentalmente,

como forma de se prevenir acidentes. Como exemplo dessas funções tem-se: operador de ponte

rolante, motoristas, controlador de caldeira, controlador de centros de controle operacional, etc. O

Gerente de Riscos como componente da CIPA, na qualidade de representante do empregador, deverá

acompanhar de perto a solução de todos os problemas encaminhados. Terá que ter poderes para

cobrar as soluções e mesmo interditar processamentos ou atividades consideradas críticas. Sob o

ponto de vista de ser o representante do empregador, deverá, preferencialmente, analisar

economicamente os projetos encaminhados. Obviamente, em se tratando de vidas humanas qualquer

análise econômica deixa de ter sentido.

VI.1. b Brigada de Incêndio

A Brigada de Incêndio é uma equipe que tem como objetivo principal executar a

prevenção e dar combate aos incêndios, por meio do manejo dos equipamentos de combate a

incêndios, como também supervisionando as instalações e atividades, de modo a que não venham a

surgir situações de riscos. Estão afetos aos trabalhos da brigada as seguintes atividades:

• manutenção periódica dos equipamentos, verificando o posicionamento, livre acesso e estado de

conservação dos mesmos;

• controle de recarga, quando necessária, das baterias de CO2 , halon, pó químico seco e espuma,

dos sistemas fixos e dos extintores portáteis e carretas. A recarga deverá ser sempre controlada

através de um fichário próprio, que indique o tipo de equipamento, capacidade de carga, tipo de

agente extintor, localização, numeração específica, etc.;

• controle da sinalização do sistema de prevenção e combate a incêndio. São requisitos para um

eficiente sistema de sinalização a fácil leitura, a objetividade na informação dos agentes extintores

e a rapidez na localização;

• inspeção periódica das instalações da indústria, com o objetivo de detectar situações de riscos

emergentes.

O trabalho da Brigada de Incêndio, além de ser basicamente o de combate a

incêndios, deve assumir também a postura prevencionista. O importante não é somente o controle e

extinção dos incêndios, mas sim, e principalmente, o de evitar o surgimento desses. A título de

ilustração, certos produtos costumam dar origem a combustão expontânea com possibilidade de

severas perdas, pelo fato dessas ocorrências poderem vir a se manifestar sem a presença dos

operários. Sobre eles, a Brigada de Incêndio deverá exercer o mais rigoroso controle. Dentre os

produtos perigosos destaca-se:

• cal não queimada, principalmente quando hidratada;

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• cloreto de sódio, principalmente quando molhado;

• fósforo branco, quando em contato com o ar;

• terebintina, quando em contato com o cloro;

• hidrogênio, quando em contato com o cloro e com a luz;

• matérias orgânicas finamente pulverizadas ou materiais fibrosos quando em contato com óleos ou agentes oxidantes;

• trapos e resíduos saturados, com óleo de linhaça, tintas ou graxas.

Na área industrial. é muito comum, no manuseio de produtos perigosos, que seja

distribuída uma ficha de informações técnicas acerca dos riscos que os produtos apresentam. Tanto a

CIPA quanto a Brigada de Incêndio devem possuir essas fichas de Informações Técnicas, não só a

fim de melhor conhecer os produtos, e de prevenir-se quanto à exposição dos riscos por eles

causados, como também conhecer os procedimentos a serem seguidos em uma situação de

emergência. Como exemplo de uma dessas Informações Técnicas apresenta-se:

Ficha de Informações Técnicas Cianeto de Sódio

Aplicações Na química orgânica, para sínteses cianídricas e nitrílicas, em galvanoplastia, em tratamentos térmicos de metais e superfícies metálicas, na extração de ouro, na mineralogia (flotação), na área de defensivos agrícolas, e outras menos importantes.

Estocagem e manuseio

Todos os Cianetos devem ser estocados em tambores bem fechados e em ambientes secos e ventilados. Cianetos não devem, em hipótese alguma, entrar em contato com ácidos ou sais ácidos, devido a liberação de Ácido Cianídrico gasoso, o qual é extremamente venenoso. Recomenda-se a manutenção do produto sob total controle e guarda.

Embalagem padrão

Tambores de aço lacrados com peso líquido da ordem de 50 kg, e um volume da ordem de 80 litros.

Transporte Venenoso, não devendo ser estocado juntamente com alimentos.

Marcação De acordo com os regulamentos de serviço de tráfego, e normas específicas editadas pelo DNER.

Recomendações para o uso de Cianetos

O trabalho com cianetos ou ácido cianídrico requer a maior precaução possível, e a mais completa obediência aos regulamentos de segurança existentes. As recomendações mais comuns são as seguintes:

• Ao manusear cianetos não coma, beba ou fume;

• O consumo de bebidas alcóolicas pode vir a aumentar a sensibilidade ao ácido cianídrico ou a cianetos;

• Não armazene alimentos, bebidas ou materiais de fumo em locais onde o cianeto esteja sendo estocado ou manuseado;

• Após manusear cianetos, e antes de consumir alimentos, deve-se lavar bem as mãos, com sabonete e escova;

• Evitar qualquer contato com a pele e os olhos, especialmente se apresentarem algum ferimento;

• Lavar rapidamente qualquer parte do corpo que venha a estar em contato com os cianetos, mesmo por período de tempo curto, com grande quantidade de água;

• Nunca tocar em cianetos com as mãos desprotegidas; Usar sempre avental e luvas, na manipulação dos cianetos;

• No trabalho com soluções concentradas de cianeto ou de sais fundidos, usar óculos de segurança e proteção na face e cabeça;

• Toda a roupa de proteção deve ser cuidadosamente lavada após o uso, tendo-se o

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cuidado de tratar posteriormente a água empregada para tal fim;

• Manter pessoal apto a prestar primeiros socorros, independentemente de se ter um auxílio médico sempre disponível;

• Devido a alta toxidez dos cianetos, qualquer resíduo não pode ser despejado na rede pluvial ou no sistema de esgotamento público sanitário, sem que seja previamente tratado, de acordo com as normas em vigor.

Primeiros Socorros

1) A vítima deve ser removida para o local não contaminado mais próximo: 2) O socorrista deve precaver-se para não vir a ser contaminado; 3) Deitar a vítima de preferência no solo, visando possíveis manobras de ressuscitação; 4) As vestes do acidentado devem ser retiradas para deixar o tórax a descoberto; 5) Acalmar o acidentado, fornecendo ar fresco e puro ou oxigênio; 6) Se houver parada respiratória, fazer as manobras de respiração artificial (12 por

minuto); 7) Se houver parada cardíaca, associada à respiratória, combine 5 massagens cardíacas

para 1 manobra de respiração artificial; 8) Faça administração de Nitrito de Amilo, espocando uma ampola e embebendo-a em

gaze ou algodão, levando-o ao nariz do acidentado, a uma distância de 3 centímetros, durante 15 segundos a cada 5 minutos.

(Exemplo retirado de ficha de informações técnicas fornecida de Cia Química Metacril)

Os fabricantes dos produtos perigosos, quanto a combustibilidade, explosividade,

toxidez, inflamabilidade, corrosibilidade, etc., devem fornecer fichas técnicas dos produtos, a fim de

que essas sejam divulgadas a todos que manipulem ou tenham contato com essas substâncias, mesmo

que acidentalmente. Não se deve esquecer que o contato pode se dar fisicamente, por contato com

pessoas ou com vestes de pessoas contaminadas, na ingestão de líquidos ou alimentos contaminados,

na respiração de ar contaminado. Empregados de escritórios podem vir a ser contaminados, se

respirarem ar contaminado, carregado por correntes de vento.

VI.1.c Equipes de Manutenção

Além da CIPA, com objetivos maiores voltados para a segurança do trabalhador, da

Brigada de Incêndio, com trabalhos na prevenção dos riscos e no manejo dos equipamentos de

combate a incêndio existem também as Equipes de Manutenção. Essas são definidas como grupos de

funcionários da indústria, encarregados da manutenção e da conservação das edificações, instalações,

maquinismos e equipamentos. As equipes de manutenção devem ser consideradas como indutoras de

políticas prevencionistas, e consideradas como peças-chave dos programas de aumento da

produtividade. Como dito anteriormente, uma das formas de se aumentar a produtividade é reduzindo

os custos. Se não há problemas com as instalações, maquinismos e processos, com certeza as chances

de parada serão menores.

Devido ao fato da manutenção ter um caráter preventivo, seu trabalho deve ser

enaltecido, e mesmo valorizado, como forma a minimizar-se todos os possíveis sinistros, bem como

tornar eficiente os serviços prestados pela equipe, Equipe de manutenção eficiente é um indutor de

redução de perdas, e, por conseguinte, de aumento da produtividade.

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Cabe aos responsáveis pelas equipes montar um cronograma de atendimento aos

vários setores do conjunto industrial, de forma periódica, e sempre que possível, ao final de cada

jornada de serviço, devendo ser observar itens como:

1. as aberturas entre os locais de riscos e as comunicações com o exterior encontram-se fechadas?

2. há regras específicas para a manutenção dessas comunicações entre os ambientes fechadas?

3. a rede elétrica, onde é possível, encontra-se desenergizada?

4. o circuito elétrico encontra-se corretamente sinalizado e protegido?

5. as fontes de calor estão sob controle ou desligadas?

6. há sinalização específica de prevenção de riscos das fontes de calor?

7. existem medidas de prevenção e controle dos riscos de contato acidental com as fontes de calor?

8. há vazamentos, tais como de óleo, água, vapor, gases, etc.? Já foi providenciado o reparo?

9. as ferramentas foram acondicionadas nos seus respectivos locais?

10. as ferramentas são mantidas de modo adequado e conservadas antes de serem entregues aos trabalhadores?

11. os corredores e passagens encontram-se desobstruídos?

12. existem regras claras para a manutenção dessas passagens livres?

13. as máquinas encontram-se lubrificadas?

14. há controles de manutenção das máquinas e equipamentos?

15. os painéis elétricos estão em condições normais de funcionamento?

16. os painéis são vistoriados por engenheiros eletricistas/

17. os painéis de controle possuem os circuitos identificados corretamente, para evitar desligamentos acidentais/

18. há uma chave de desligamento geral mantida sob controle?

19. todas as áreas de trabalho possuem circuitos elétricos específicos?

20. as partes móveis dos equipamentos e máquinas estão devidamente sinalizados e protegidos?

21. existem informações específicas para a operação e controle dos equipamentos nas proximidades?

22. existe um plano de controle de energias perigosas?

23. as válvulas de controle dos equipamentos estão em condições normais de uso?

24. existe a possibilidade de se viabilizar à distância se as válvulas encontram-se abertas ou fechadas?

25. as válvulas estão posicionadas em locais de fácil acesso?

26. há indicação das válvulas e dos circuitos correspondentes?

Deve-se salientar que, por manutenção, entende-se o trabalho referente à preservação

dos bens da empresa. A manutenção pode ser:

����preventiva: quando antecipa o surgimento de um acidente, através de substituições de componentes ou de reparos;

����corretiva : compreende a correção devido ao surgimento de um acidente, e

����preditiva : a que é realizada obrigatoriamente, em intervalos de tempo definidos pelos fabricantes dos equipamentos, em função da vida útil de seus componentes e sistemas.

O responsável pela manutenção, se experiente, consegue detectar ao se aproximar de

um equipamento se esse apresenta algum problema. Por exemplo, há "sintomas" imediatos, como:

Page 14: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

181

1. Aumento da temperatura de operação;

2. Vibração anormal;

3. Ruído anormal;

4. Alteração da rotação das partes móveis;

5. Desalinhamento de eixos, entre outros.

O Gerente de Riscos, imbuído do espírito prevencionista, deve sempre realçar ou enfatizar a manutenção preventiva ou preditiva.

VI.1.c. Recomendações gerais para as Equipes de Prevenção de Perdas e Manutenção

Como recomendações gerais para todas as equipes, tanto a CIPA, quanto a Brigada

de Incêndio, e mesmo as Equipes de Manutenção, sugerimos que sejam verificados diariamente, ou

em intervalos de tempo que não ultrapassem um turno de operações da indústria, se:

1. As aberturas externas estão suficientemente protegidas, contra a entrada de pessoas estranhas;

2. As aberturas existentes entre os riscos (locais a serem protegidos ou áreas de atividades) estão protegidas e garantem o perfeito isolamento dos locais, contra a propagação das chamas de um incêndio. Sempre após o expediente, examinar-se o fechamento das portas e o perfeito funcionamento dos dispositivos corta-fogo;

3. Os equipamentos de proteção contra incêndio encontram-se conservados e desobstruídos?

4. A sinalização dos dispositivos de proteção contra incêndio está correta e adequada ao local?

5. Há possibilidade do fogo bloquear o acesso aos dispositivos de proteção e combate a incêndios?

6. O posicionamento dos equipamentos de combate a incêndios está de acordo com o projeto de prevenção contra incêndio aprovado pelo Corpo de Bombeiros e pela Seguradora?

7. Os refugos das operações dos equipamentos são retirados de junto das máquinas e dos estoques de matérias-primas ou dos produtos acabados, periodicamente?

8. Há acúmulo de refugos fora dos locais apropriados?

9. Os depósitos empregados para acondicionamento dos resíduos provenientes das atividades de produção são de material incombustível e com tampa de vedação?

10. as vias de acesso aos vários locais e saídas encontram-se desobstruídas e perfeitamente sinalizadas? Há obediência à demarcação das faixas de circulação feitas no chão? As larguras dessas vias permitem a passagem, com segurança, de um equipamento móvel e de uma pessoa?

11. As válvulas e as tubulações encontram-se em bom estado de conservação e em pleno funcionamento?

12. Há vazamentos nas tubulações e registros, mesmo que de pequena monta?

13. Os volantes dos registros estão situados em posição de difícil acesso ou manuseio?

14. Os volantes das válvulas encontram-se emperrados?

15. Há uma sinalização que possibilite uma rápida identificação da linha de produto e do circuito de distribuição?

16. Existem dispositivos apropriados para o recolhimento do óleo gotejado pelas máquinas?

17. Há possibilidade do óleo de lubrificação infiltrar-se pelo piso?

18. O excesso de óleo gotejado pelas máquinas e equipamentos é retirado de junto das máquinas e convenientemente acondicionados?

19. O óleo é reaproveitado na lubrificação dos componentes móveis dos equipamentos?

Page 15: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

182

20. As emendas dos circuitos elétricos estão convenientemente protegidas e executadas de acordo com as normas?

21. O isolamento das emendas dos circuitos elétricos assegura o perfeito isolamento elétrico do condutor?

22. As emendas dos circuitos elétricos são apropriadas para resistir a esforços mecânicos normais?

23. As emendas dos condutores elétricos são executadas com conectores ou com soldas?

24. As emendas dos circuitos elétricos estão acondicionadas no interior das caixas de derivação?

25. Há aterramento elétrico de todas as máquinas e motores?

26. O cabo de aterramento elétrico possui ou está com alguma anormalidade, do tipo: pintado, com graxa, corroído, faltando pernas, etc.?

27. O conector de ligação entre condutores do sistema de aterramento elétrico está com o parafuso frouxo?

28. Os depósitos de inflamáveis apresentam-se em condições normais de utilização?

29. Os cabos de aterramento dos depósitos de inflamáveis estão corretamente instalados?

30. Há bacias de contenção ou diques ao redor dos depósitos de inflamáveis?

31. Há possibilidade do líquido inflamável estocado vazar e infiltrar-se no solo ou atingir alguma galeria subterrânea de esgotos?

32. Há identificação do conteúdo de cada depósito de material estocado, com indicação sobre procedimentos em caso de combate a incêndios e sobre toxidez (fichas de informação)?

33. Os para-raios estão instalados corretamente?

34. Os cabos de descida dos para raios encontram-se acondicionadas seguramente e em bom estado de conservação?

35. As áreas de proteção do sistema de para-raios oferece cobertura para todas as edificações da indústria?

36. Há interferências entre o sistema de para-raios e antenas de comunicação ou hastes de sinalização aeronáutica?

VI.2. Medidas de proteção específicas

Além dos trabalhos exercidos pelas equipes a que já nos referimos, existem inúmeras

outras atividades que podem vir a ser implementadas pelas indústrias, a fim de reduzir ou mesmo de

eliminar a exposição aos riscos. Tratam-se das medidas de proteção voltadas especificamente para

uma determinada área ou segmento da empresa. Essas medidas compreendem:

VI.2.1. Medidas de proteção para motores elétricos

Um dos setores que mais gera acidentes na empresa é o setor elétrico. Existem várias

razões para que isso seja uma verdade. As principais são as seguintes:

• todo o operário tem medo de manusear circuitos elétricos;

• os circuitos elétricos são manuseados quando se está fazendo alguma alteração substancial ou quando já ocorreu algum tipo de acidente;

• os circuitos elétricos são sempre invisíveis aos olhos de um leigo, porque ficam acondicionados em bandejas ou dutos e com painéis de controle normalmente fechados.

Page 16: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

183

Por essas e outras razões os operários costumam se afastar da parte elétrica da

empresa, relegando essa a uma segurança de segundo nível, e daí, propiciando a ocorrência de um

grande número de acidentes. Algumas das observações que fazemos estão voltadas para itens como:

VI.2.1.1. Aterramento da carcaça do Motor

Recomenda-se o aterramento do invólucro do protetor do motor, para evitar-se uma

elevada tensão de contato entre a carcaça e a terra, e com isso evitar que, mesmo acidentalmente, um

operário venha a ser atingido por algum arco elétrico ou por uma fuga de corrente, por quando do

acionamento do motor ou de sua manutenção.

Para se obter um aterramento adequado deve-se fazer um curto-circuito da tensão de

contato, ligando-se um fio condutor de baixa resistência à carcaça do motor, e essa a “terra”.

Para esse tipo de aterramento, quando se desejam conectar vários motores ou

equipamentos muitos sensíveis e caros, deve-se verificar o tipo de solo e suas propriedades físico-

químicas, avaliando-se se trata de um solo com características ácidas ou básicas, a fim de que o

escoamento da corrente seja mais eficiente.

Nunca é demais saber que de todos os acidentes elétricos investigados, o defeito de

aterramento elétrico é responsável por cerca de 30% dos mesmos, defeito esse que pode ser devido a

uma simples falta de conexão dos condutores, a uma inadvertida pintura dos cabos, esquecimento da

religação, após procedimentos de manutenção, e outras mais.

VI.2.1.2. Aterramento neutro

É um tipo de aterramento elétrico, no qual o retorno da corrente de fuga se faz pela

“terra”. A finalidade do aterramento do neutro é para evitar que, partes não integrantes do circuito de

corrente, apresentem elevada tensão de contato por ocasião em que surjam defeitos no isolamento

elétrico. O aterramento pode ser elaborado por meio de um condutor ligado ao Ponto de Estrela do

transformador (condutor neutro). Um sistema que se utiliza desse princípio é conhecido como de

neutro aterrado, ou Gaiola de Faraday.

VI.2.2. Manuseio de líquidos inflamáveis

Um dos cuidados que se deve ter no manuseio de líquidos inflamáveis é quanto a

possibilidade de haver geração de eletricidade estática, acidentalmente ou não, com produção de

fagulhas, ou arcos elétricos. A eletricidade estática é causada pelo atrito de partes móveis dos

equipamentos ou do flúido transportado com o ar ou tubulações, mesmo plásticas, estando esse com

pequena umidade relativa, pelo atrito de um fluído no interior do conduto metálico que o transporta,

Page 17: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

184

ou outras causas mais. Dependendo da diferença de potencial existente, poderá produzir fagulhas

capazes de conduzir a incêndios ou explosões.

Líquidos inflamáveis são considerados como todos aqueles que possuam ponto de

fulgor inferior a 93,30C ou 2000F, e líquidos que, mesmo possuindo ponto de fulgor superior a esse

limite, apresentem características de líquidos de ponto de fulgor inferior, o que não deve ocorrer

quando os mesmos estiverem aquecidos. Ponto de fulgor de um líquido é definido como sendo a

menor temperatura na qual o mesmo libera uma quantidade de vapor suficiente para formar uma

mistura inflamável no ar, perto da superfície do líquido ou dentro do recipiente empregado.

VI.2.2.1. - Bibliografia sugerida

As normas que abordam os assuntos contidos neste capítulo poderão ser lidas nos seguintes regulamentos:

� Standard for the Installation of Oil Burning Equipament, nº 31, da National Fire Protection Association;

� Standard on Tank Vehicles for Flammable Liquids, nº 385, da National Fire Protection Association;

� Code of Federal Regulations, da Interstate Commerce Commission of USA;

� P-NB-98, Armazenamento e Manuseio de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis, da Associação Brasileira de Normas Técnicas;

� Standard nº 56, na National Fire Protection Association.

VI.2.2.2. - Recomendações de caráter geral na manipulação de líquidos inflamáveis

Como informações gerais que podem servir como subsídios, nos trabalhos de

inspeção preventiva coordenados pelo Gerente de Riscos, citam-se as que se seguem, lembrando que

somente esses questionamentos não tornam um risco mais seguro. Essas medidas servem como

subsídio para um maior grau de segurança.

� Prover o local de uma ventilação adequada, a fim de evitar o acúmulo de vapores ignescentes,

onde líquidos inflamáveis possam estar depositados, em processamento, ou manuseados;

� Afastar do local onde existem substâncias inflamáveis, toda e qualquer superfície aquecida,

chamas abertas ou não, e fontes de ignição, como forma de se evitar princípios de incêndio ou a

formação de atmosferas com vapores inflamáveis ou explosivos;

� Providenciar para que sejam utilizados somente equipamentos elétricos blindados, e com

eficientes dispositivos de proteção contra sobrecargas elétricas, de sorte a proteger os operários

contra choques elétricos eventuais;

� Providenciar ligações elétricas corretas para os equipamentos, assim como um adequado sistema

de aterramento elétrico para as máquinas e motores, a fim de evitar o acúmulo de eletricidade

estática.

Page 18: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

185

� O condutor de ligação à terra recomendado é o cabo “nu” (desprovido de capa), porque facilmente

pode ser verificada a presença de defeitos, ou problemas que prejudiquem a sua eficiência;

� Limitar as quantidades de líquidos inflamáveis, conservados nas áreas de produção, ao suficiente

para apenas um turno de operação, e sempre que houver necessidade de manuseio, recomenda-se o

emprego de recipientes metálicos providos de tampa, com respiradouros, e tela de proteção na

abertura. Com esses procedimentos limita-se a quantidade de substâncias combustíveis ou

inflamáveis que podem aumentar os incêndios, alastrando-os para outros locais;

� Deve-se prever o uso de ferramentas adequadas, principalmente em locais onde se trabalha com

substâncias de baixo ponto de ignição. Pode-se proteger as ferramentas com capas de couro,

plástico ou madeira, de sorte a se evitar a produção de fagulhas, as quais, em ambientes perigosos

podem iniciar um processo de detonação de uma atmosfera explosiva ou de inflamação de uma

atmosfera contendo vapores de substâncias combustíveis ou inflamáveis;

� Evitar-se a presença de veículos, devido ao fato de que os canos de descarga, inclusive

silenciosos, podem ficar superaquecidos ou emitir centelhas, provocando oxidação dos vapores de

combustíveis, dissolvidos na atmosfera ambiente;

� As faíscas que um carregador de baterias de veículos podem ser responsáveis pela oxidação de

vapores inflamáveis. Portanto, todos os interruptores deverão permanecer desligados, quando se

fizerem as conexões para os bornes das baterias. Esses carregadores deverão ser instalados em

locais suficientemente arejados, devido ao desprendimento de vapores tóxicos;

� Reduzir a velocidade do fluxo de fluido inflamável para os recipientes, durante as operações de

transbordo, evitando assim, a geração de eletricidade estática.

VI.2.3. Soldagens e cortes a quente

Todos os trabalhos que envolvem o emprego de maçaricos para soldagem ou corte de

metais, trazem consigo uma série de riscos, todos inerentes a esse tipo de operação, tais como:

⇒ Explosões;

⇒ Incêndios;

⇒ Choques elétricos.

O princípio de funcionamento de uma soldadura - operação de soldagem -

compreende o aquecimento das partes a serem soldadas, a, através da fusão ou plasticidade dessas

partes, sua união, quer seja ou não por pressão ou tensão superficial.

VI.2.3.1 - Processos empregados

Dentre os processos atualmente empregados em soldas tem-se os seguintes:

� Processo utilizando fusão:

• solda a gás;

Page 19: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

186

• solda a arco elétrico;

• solda exotérmica.

� Processo com o emprego de pressão:

� Processo utilizando explosão entre as partes a serem soldadas.

De todos os processos em uso, o mais amplamente empregado é o da solda

oxiacetilênica, na qual, a fusão necessária para a adesão das superfícies metálicas que irão ser unidas,

é obtida por meio da queima do acetileno, em presença de oxigênio. A temperatura máxima atingida

pela reação química exotérmica atinge valores da ordem de 3.000ºC.

VI.2.3.2 - Recomendações de caráter geral para soldagens e cortes à quente

Várias são as recomendações de devem ser observadas por quando de uma inspeção

neste tipo de atividade. Para cada um dos grupamentos de observações está associado um tipo de

material empregado nos processos de soldas. São elas:

� Soldas com emprego de carbureto de cálcio

• O depósito ou estocagem desse material deve ser ventilado, e preferencialmente construído de

material incombustível;

• Deve-se evitar o contato com a água para não se ter reações químicas explosivas;

• Todos os equipamentos e instalações elétricas devem ser do tipo blindado e à prova de

explosões;

• Deve-se evitar a presença de fontes de calor ou de geração de fagulhas.

� Soldas com emprego de acetileno

• Controlar-se a concentração dessa substância a valores inferiores a 30%. Qualquer que seja a

concentração acima desse valor, a mistura passará a ser explosiva;

• O ambiente onde está depositada essa substância, deverá ser ventilado, de forma a diluir as

concentrações tóxicas na atmosfera do local;

• O tipo de armazenamento mais adequado é em cilindros metálicos, contendo acetona,

empregada na estabilização química da mistura;

• Os cilindros de oxigênio e de acetileno devem ser estocados em locais distintos, sempre na

posição vertical, amarrados entre si com fitas metálicas ou correntes, com as válvulas

protegidas por tampas, e identificados, se vazios ou cheios.

� Solda a arco elétrico

• Aterrar-se eletricamente o envoltório e os componentes das unidades portáteis de solda;

• Manter-se os cabos sempre secos e limpos, isentos de óleos ou de graxas, para prevenir-se o

desgaste prematuro dos mesmos, bem como facilitar a inspeção preventiva;

• Não se deve trocar os eletrodos sem a proteção de luvas, ou sobre chão molhado.

Page 20: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

187

Finalmente, podemos concluir que todo e qualquer trabalho de corte ou de solda não

deve ser permitido em locais que contenham vapores inflamáveis, pós ou líquidos inflamáveis. Deve-

se prever uma contínua exaustão de ar, mecânica ou física, a fim de que a concentração de

inflamáveis dissolvidos na atmosfera ambiente venha a se tornar explosiva.

VI.2.4. Manuseio de Gases

O derrame acidental no ar, mesmo que de pequena monta, de um gás inflamável,

pode resultar em explosões ou incêndios. O incêndio, por sua vez, também pode vir a ser causado

pela manipulação descuidada dos gases ou por uma falha dos dispositivos de controle dos

equipamentos.

Os gases inflamáveis apresentam como características desfavoráveis, a propagação

dos incêndios, em função de sua grande mobilidade, já que podem alastrar-se por grandes distâncias a

vir a se depositar em áreas inferiores, por serem mais pesados do que o ar.

Os cilindros de gases, incluindo-se aqui os que contém gases não inflamáveis,

são capazes de explodir quando aquecidos pelas chamas de um incêndio. Essa explosão se dá

pelo aumento da pressão no interior do cilindro, decorrente da dilatação sofrida pelo gás, em função

do aumento da temperatura ambiente.

Existem diversos vídeos de treinamento na área de segurança, onde cilindros

contendo gases sob pressão, são arremessados a grandes distâncias, quando o gás vaza, em

decorrência de um incêndio.

Um dos gases de maior utilização nas indústrias é o GLP, gás liqüefeito de petróleo, de múltiplos usos, empregado, inclusive, para acendimento de maçaricos de caldeiras, para aquecimento de peças a serem soldadas, nas chamuscadeiras em indústrias de tecelagem, etc..

O GLP é obtido comercialmente do gás natural ou dos gases produzidos nas

operações de refino de petróleo. Tem como componentes o butano, o propano, isoladamente ou em

mistura. Ao escapar para a atmosfera, o gás passa da forma líquida de estocagem para a de vapor, em

função da redução de pressão anteriormente exercida sobre ele, tendo o seu volume aumentado em

270 vezes. Como qualquer combustível, o GLP necessita de oxigênio para oxidar-se. Para que a

queima seja concluída é necessário que haja uma mistura com o ar na proporção de 2% a 10% de gás

dissolvido.

VI.2.3.1 - Recomendações de caráter geral para o manuseio de gases

Algumas recomendações se fazem necessárias para que se possa efetuar um bom

trabalho de prevenção contra os riscos de incêndio e de explosão. São elas:

Page 21: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

188

• providenciar acomodação apropriada para a guarda dos cilindros de gás, que deverão estar

isolados das demais instalações através de paredes de alvenaria, ou qualquer tipo de material que

garanta o isolamento contra as chamas. É muito comum nas grandes cozinhas industriais, onde

existem cilindros de gás carbônico, para combate a incêndios nas coifas, por sobre os fogões, a

presença de cilindros junto a esses. Caso um desses depósitos venha a explodir, os prejuízos

materiais serão bem elevados;

• providenciar para que os depósitos de cilindros contendo gás sob pressão estejam situados em

locais ventilados e cobertos, resguardados do aquecimento pelo sol, evitando assim um aumento

da pressão interna do gás, que poderá vir a vazar para a atmosfera;

• qualquer depósito contendo GLP não deve ser enclausurado, a não ser em condições especiais, de

sorte a se evitar o acúmulo do produto, com sérios riscos de explosões;

• os botijões vazios deverão estar depositados em local separado dos cheios, e visivelmente

assinalados, por meio de tinta ou de giz;

• as operações de corte e de solda, empregando oxiacetileno, deverão estar bem afastadas do

depósito de gás, devendo-se proceder a uma manutenção periódica tanto do equipamento quanto

de seus acessórios, dando-se especial atenção aos registros, difusores, conexões e tubulações;

• todos os cilindros portáteis deverão ser devolvidos ao local de depósito, ao fim de cada jornada de

trabalho, reduzindo o risco causado por explosões devidas a vazamentos de produtos;

• os depósitos metálicos deverão possuir aterramento elétrico, para dar escoamento à eletricidade estática acumulada, evitando com isso o risco de explosão;

• a instalação elétrica do depósito de vasilhames de gás deverá possuir dispositivo à prova de

explosão, nas lâmpadas e nas chaves elétricas, com as fiações acondicionadas dentro de

eletrodutos;

• a Norma Brasileira que regulamenta este assunto, a NB 107, da ABNT, determina que os botijões

de GLP devam ser armazenados a uma distância mínima de 1,20 metros de qualquer ponto de luz,

ou de equipamentos elétricos energizados, para prevenir-se explosões provocadas pelo

centelhamento ou pela fuga de corrente, em um ambiente com gás dissolvido na atmosfera.

• poderão ocorrer explosões com centelhamentos, provocados por interruptores, em locais com

grande concentração de gases inflamáveis, decorrentes, principalmente, de mau contato elétrico,

ou de fiação exposta ou desprotegida;

• deve ser criada uma faixa mínima de segurança ao redor dos bujões, de 1,20 metros de largura,

afastada de ralos, caixas de gordura, canalizações abertas, caixas de drenagem de água ou outros

locais, ao nível do piso, que possam servir para armazenamento do gás, que, sendo mais pesado do

que o ar, poderá concentrar-se nesses pontos, e vir a explodir facilmente.

Além das recomendações anteriores, um ponto importante a ser considerado é o

referente a intoxicações provocadas por determinados gases. Por exemplo, quando se trata de

Page 22: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

189

monóxido de carbono, é importante saber que uma concentração de apenas 1%, ao final de 60

segundos, já se torna fatal. A morte se produz por asfixia e anoxia tissular. Há morte quando a

carboxikemoglobina está acima de 80% da hemoglobina total. Esse gás, apesar de ser subproduto da

atividade industrial, é responsável por 80% das lesões do sistema nervoso central e 90% dos

distúrbios cardíacos.

O dióxido de carbono, a uma concentração entre 2 a 3% gera angústias respiratórias,

mal estar e falta de ar. De 3 a 6%, provoca dores de cabeça, tonteiras e náuseas. A 9% produz

inconsciência. Os portadores de doenças pulmonares obstrutivas crônicas sofrem frequentemente de

perda de massa muscular, o que os torna mais frágeis e amplia o cansaço físico provocado pelas

dificuldades respiratórias. A deterioração muscular pode ser resultado direto dos percentuais do

dióxido de carbono presentes na corrente sanguínea da maioria destes pacientes.

A amônia (NH3) é um gás incolor, de odor acre (normalmente detectada pelo homem

em concentração ao redor de 20ppm), tóxico e mais leve que o ar. Trata-se de poluente resultante da

decomposição microbiana de compostos nitrogenados excretados. A uréia é uma das fontes, sendo

liberada na sua forma volátil para o ar. Possui alta solubilidade em água.

O gás sulfídrico (H2S) Gás incolor de odor forte, tóxico, mais denso que o ar e tem

como principal fonte a decomposição anaeróbia dos excrementos. Pode causar sérios danos à saúde

humana e dos animais, estando relacionado á redução de desenvolvimento dos animais. Sua

concentração nas edificações para animais é inferior ao NH3 e está mais presente nas edificações que

fazem armazenamento do dejeto sob o piso. Seu odor característico já é detectado a partir 0,01 ppm.

O sulfeto de hidrogênio (H2S) produz: efeito irritante das mucosas oculares, particularmente através

de conjuntivites químicas; afeta o sistema nervoso central.

O benzeno líquido, inflamável, incolor e tem aroma doce e agradável. É tóxico e os

vapores, se inalados, causam tontura, dores de cabeça e até mesmo inconsciência. Se inalados em

pequenas quantidades por longos períodos causam sérios problemas sanguíneos, como leucopenia (a

leucopenia é a redução no número de leucócitos no sangue. Os leucócitos são responsáveis pelas

defesas do organismo, são os glóbulos brancos. Os glóbulos do sangue são formados na medula dos

ossos e qualquer agente químico, fisico ou biológico que afete a medula pode causar aumento e,

geralmente, a diminuição destes glóbulos, ou seja, a leucopenia. Também é conhecido por ser

carcinogênico. É uma substância usada como solvente (de iodo, enxofre, graxas, ceras, etc.) e

matéria-prima básica na produção de muitos compostos orgânicos importantes como fenol, anilina,

trinitrotolueno, plásticos, gasolina, borracha sintética e tintas. A benzina é uma mistura de

hidrocarbonetos obtida principalmente da destilação do petróleo que possui faixa de ebulição

próxima ao benzeno. Dissolvido na atmosfera na proporção de 20.000 partes por milhão, produz a

Page 23: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

190

morte em 5 minutos. A inalação poderá gerar ação anestesiante, excitação, sudorese intensa,

vertigem, cianose, náuseas, tremores, perda de consciência, paralisia motora e sensorial, parada

respiratória. O benzeno tem estado associado com a leucemia, em pessoas suscetíveis, lesando os

cromossomas.

O monóxido de carbono é um gás asfixiante, que desloca o oxigênio e causa

sintomas incluindo a morte por asfixia, ou falta de oxigênio para a corrente sanguínea e, portanto,

para o cérebro. Quando inalado o gás impede que o sangue pessoa que transporta oxigênio seja o

suficiente para a manutenção da vida para o corpo e o cérebro. Por isso é letal em níveis elevados.

Mesmo em níveis inferiores, o monóxido de carbono é perigoso, especialmente para pessoas com

condições médicas preexistentes, tais como: doença cardíaca, asma e bronquite, entre outras. O limite

máximo admissível de exposição é de 50 ppm (partes por milhão) de ar regular, e recomenda-se que o

nível de ambiente nunca exceder 35 ppm para não se expor as pessoas. Apenas 0,0005% do ar que

respiramos e que pode conter monóxido de carbono têm potencial de causar: morte súbita, quando em

grande concentração e em exposição demorada; cefaléia; perda parcial da capacidade de visão a

cores; enjôos, náuseas e vômitos.

A amônia, cloro e seus derivados ácidos, dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio

provocam: irritação das mucosas respiratórias e oculares; infecções crônicas das vias respiratórias, do

tipo: bronquites, pneumonias, tuberculoses e supurações pulmonares.

O sulfeto de Carbono (CS2) provoca alterações no sistema nervoso central; ataca os

rins; afeta as arteríolas oculares.

As neblinas de ácido sulfúrico observadas no carregamento de baterias atacam

seriamente as construções

O benzol, fósforo e sulfeto de carbono provocam em contato direto com o corpo

humano: lesões na pele; anemias; hemorragias; leucopenia; plaquetopenia.

Algumas outras substâncias causam danos ao organismo humano e podem ter seus

efeitos irreversíveis, como por exemplo:

• em trabalhos de galvanoplastia, a neblina expelida de cianeto de cromo provoca o câncer

respiratório;

• os fumos (diâmetros da ordem de 0,1 µ) formados pelo aquecimento de um metal acima do

ponto de ebulição dele devem ser observados com cuidado, principalmente o de cloreto de

amônia (NH4Cl), altamente tóxico;

• o zinco, o alumínio e o antimônio, em doses normais são atóxicos;

Page 24: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

191

• a sílica (SiO2) provoca uma grave doença pulmonar denominada de silicose. 1 cm3 de sílica

polui 2.000 cm3 de ar;

• as partículas de PVC (poeiras) provocam câncer de bexiga;

• toda matéria orgânica, finamente pulverizada e em suspensão no ar oxida-se violentamente,

quase sempre explosivamente;

• Chumbo - atua sobre os ossos; atua sobre o estômago; atua sobre o sistema nervoso central;

atua sobre o sistema neuro-muscular;

• Mercúrio - atua sobre o aparelho digestivo; provoca a queda de dentes; provoca lesões

cutâneas; gera distúrbios neuro-psiquicos; provoca enterocolites hemorrágicas;

• Manganês - Causa mal de Parkinson;

• Benzopireno, dietilsulfato, metilcolantreno, dimetilsulfato, metilbenzilidrazina - Podem

apresentar efeitos carcinogênicos pré-natal;

• Agentes de limpeza à base de hipoclorito - provocam irritação ou corrosão da pele, quando

em contato; dores na boca, esôfago e estômago; sialorréia; vômitos; edema de glote, quando

ingerido;

• Agentes de limpeza à base de amônia quando em contato direto provocam:- queimaduras;

dermatites intensas, etc. Quando ingerido, provocam: dores na boca, esôfago e estômago;

sialorréia; vômitos intensos; hematênese; distúrbios circulatórios; pneumonias químicas;

• Agentes de limpeza à base de óleo de pinho podem provocar: provoca irritações e dores no

estômago; gera gastrite hemorrágica; induz a depressão do sistema nervoso central; provoca

hipotermia; provoca distúrbios respiratórios;

• Produtos de limpeza à base de ácido clorídrico ou fosfórico, oxalatos, carbonatos,

silicatos, compostos fenólicos Geram graves lesões cáusticas e distúrbios gastrointestinais;

• Acetona quando em contato direto com a substância gera: dermatites; cefaléias; náuseas;

hematênese; narcose; coma;

• Bórax pode causar: eritema; lesões renais; lesões hepáticas; distúrbios neurológicos;

hipotensão;

• A cânfora, quando em contato com o corpo humano pode provocar: cefaléia; tonturas;

distúrbios psíquicos; espasmos musculares;

• Os efeitos que se manifestam na presença do fenol são: cefaléia; anorexia; tremores;

convulsões; sudorese;

• O contato com o formaldeído pode produzir: dores intensas na boca e faringe; diarréia;

vertigens; convulsões; torpor; coma;

• O hexano quando aspirado ou em contato direto produz: depressão no sistema nervoso

central; asfixia;

Page 25: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

192

• Tolueno acima dos limites de tolerância, pode ser causador de: bronquite; pneumonia;

náuseas; vômitos; lesões renais;

• São considerados agentes cancerígenos: carvão (ataca a pele); alcatrão (provoca sarcomas);

dibenzoantraceno e benzopireno (provoca câncer nas mãos, lábios, face e escroto);

hidrocarbonetos obtidos entre 270ºC e 360ºC - parafinas; óleos pesados; graxas;

lubrificantes; óleos isolantes; éter.

VI.2.5. Processamentos envolvendo a produção de pós

As matérias combustíveis, finamente pulverizadas, são em geral, muito perigosas. Os

depósitos de pós combustíveis sobre edifícios, máquinas ou outras superfícies, mesmo que em

camadas de pequena espessura, são suscetíveis de incendiar-se com rapidez. Ao entrar em ignição, os

pós combustíveis em suspensão no ar, podem produzir fortes explosões. Os pós agem como agentes

oxidantes, e ao se acumularem sobre as superfícies combustíveis, tornam o processo de oxidação

acelerado.

A violência da explosão será mais intensa se houver mistura de um agente oxidante

finamente pulverizado com outros pós combustíveis.

As nuvens de pós podem se tornar ignescentes por fontes relativamente fracas ou de

pequena intensidade, tais como: centelhas de fricção e eletricidade estática. O simples atrito do prego

da sola de um sapato, de encontro com um piso de maior dureza, poderá gerar uma ignição dessas

nuvens de pós. O perigo da ocorrência de centelhas estáticas torna-se mais grave quando as poeiras se

acumulam sobre a superfície de líquidos inflamáveis em repouso. As camadas de pó ou poeira podem

ficar ignescentes à temperaturas relativamente baixas, como também podem levar rapidamente à

explosão e à propagação de incêndios.

Algumas sementes oleaginosas produzem pós, que devido à grande quantidade de

óleo adsorvido tornam-se explosivos. Para evitar esses riscos, deve-se exercer um rígido controle

sobre o teor de umidade e da quantidade de pó desprendida durante o processamento industrial.

VI.2.5.1 - Recomendações de caráter geral para processamentos envolvendo a produção de pós

Visando à proteção contra o risco de incêndio devem ser tomadas algumas medidas,

dentre as quais citamos:

⇒ providenciar eficientes sistemas de ventilação e de aspiração de pós, a fim de reduzir o teor desses

materiais dispersos na atmosfera ambiente;

Page 26: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

193

⇒ instalar dispositivos de proteção que diminuam os efeitos das explosões provocadas pelo acumulo

de pós na atmosfera dos locais;

⇒ providenciar o aterramento elétrico de todas as estruturas metálicas e de todos os motores elétricos

de acionamento dos equipamentos, como forma de promover o escoamento do excesso de

eletricidade estática, e, por conseguinte, reduzir o risco de explosão;

⇒ fazer com que as áreas de trabalho sejam conservadas livres de depósitos de pós, por limpeza a

vácuo, ou por máquinas de simples aspiração;

⇒ instalar nos locais onde há o risco de explosão, sistemas elétricos blindados;

⇒ toda a matéria orgânica finamente pulverizada, e em suspensão no ar, explode, por oxidação

violenta de suas partículas. Como exemplo de produtos que produzem pós explosivos tem-se:

♦ algodão;

♦ soja;

♦ milho;

♦ madeira;

♦ tecidos;

♦ resinas;

♦ juta;

♦ sisal, etc.

VI.2.6. Depósitos de armazenamento

Os incêndios ocorridos em depósitos de mercadorias são normalmente difíceis de

serem controlados, caso consigam ponto de sustentação de fogo, ou seja, haja possibilidade de

alastramento do fogo a outros locais. Mesmo os pequenos incêndios podem causar danos

consideráveis, devido aos altos custos das mercadorias em estoque, como também pela

suscetibilidade dessas aos danos causados pela fumaça e pela água de combate a incêndios.

Um dos fatores que deve ser levado em consideração, é o tempo dispendido para a

reposição das mercadorias e das matérias primas perdidas com o incêndio, acarretando uma

conseqüente paralisação da produção, até que o estoque seja completamente abastecido, como

anteriormente ao surgimento do fogo.

Segundo levantamentos estatísticos, os equipamentos de iluminação e de

aquecimento, fumaças sub-reptícias e pessoas mal intencionadas, são as causas mais comuns de

sinistros acarretados pelo fogo.

Em algumas indústrias, os riscos de incêndio são agravados pela falta de isolamento

dos depósitos com as áreas de produção, quando então há possibilidade do fogo vir a alastrar-se,

descontroladamente.

Page 27: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

194

VI.2.6.1 - Recomendações de caráter geral para depósitos de armazenamento

Algumas recomendações se fazem importantes, para se conseguir uma melhoria nas

condições de prevenção contra os riscos derivados da exposição das mercadorias e matérias primas.

São elas:

1. Isolar os depósitos das áreas de fabricação, por paredes e portas corta-fogo como forma de se

confinar o fogo, impedindo o seu alastramento;

2. Manter sob controle todas as prováveis fontes de ignição;

3. O empilhamento e a arrumação em prateleiras deve ser feito de forma ordenada, a fim de facilitar

a detecção e o combate ao fogo, bem como facilitar a proteção contra os danos causados pela

água utilizada na extinção;

4. As pilhas individuais ou grupos de prateleiras devem ser limitadas, tanto em altura quando em

área, e com acesso garantido por todos os lados, através de corredores de circulação. É

recomendável que a circulação existente entre as pilhas, e entre essas e as paredes laterais, possua

uma largura mínima de 1,20 metros. A prática recomenda que a altura máxima de empilhamento

não deva exceder a 6 metros, para estocagem de produtos comuns, de 4 metros, para produtos que

contenham líquidos ou gases combustíveis, e de 2 metros, para inflamáveis;

5. Deve se delimitar as áreas de estocagem através da marcação de faixas amarelas pintadas no

chão, contínuas, com 10 centímetros de largura;

6. Conservar as passagens e os corredores sempre limpos e desobstruídos;

7. Evitar que as mercadorias repousem no chão, apoiando-as sobre calços de metal, ao invés de

madeira, de forma que a água ou qualquer outro fluido não as venham danificar;

8. Caso o armazenamento venha a ser feito em caixas empilhadas, deve-se atentar para o fato de que

a altura de empilhamento estará sempre condicionada à capacidade de carga da caixa inferior.

Portanto, se a caixa que estiver em baixo não suportar peso superior a de duas outras mais, ao se

colocar 4, por exemplo, a caixa de baixo irá se danificar, expondo a mercadoria;

9. Deve-se evitar armazenar produtos de características distintas em um mesmo local, visto que um

agente extintor adequado para dar combate a incêndios em certas substâncias poderá não ser

adequado para outras;

10. Os funcionários da equipe de combate a incêndios devem estar preparados para combater o

incêndio na mercadoria que apresente maior risco e que tenha maior grau de dificuldade no

combate;

11. Deverá existir uma iluminação nos corredores e principais circulações, que permita um melhor

controle sobre a área;

12. Os veículos de armazenamento de mercadorias, como as empilhadeiras deverão ser acionados a

gás, ao invés de gasolina ou Diesel;

Page 28: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

195

13. Não se deve manter estocagem de bujões de GLP junto a outras classes de produtos, pelo fato do

gás ser mais pesado do que o ar e se acumular em ralos, encanamentos e orifícios na estrutura.

14. Manter as portas corta-fogo sempre em condições de utilização imediata, não permitindo que seja

obstruído o seu acionamento ou fechamento. A porta corta-fogo é a garantia de que o incêndio

não irá se alastrar para outros locais. Assim, uma porta que não possa ser acionada com

facilidade é a mesma coisa de uma porta que não seja corta-fogo;

15. Manter os equipamentos de proteção contra incêndio em condições de uso imediato, dando-se

especial atenção a não obstrução desses, e a adequada sinalização;

16. Todos os corredores deverão possuir uma iluminação artificial, para trabalhos noturnos. Sempre

que possível deve-se prever a colocação de telhas translúcidas, intercaladas, na cobertura dos

galpões de armazenamento. A proporção de instalação não deverá exceder a uma telha

translúcida para cada 3 telhas de material incombustível, de sorte a não agravar a classe de

construção, tarifária, da edificação;

17. As mercadorias não deverão ficar coladas às paredes externas, para que a equipe de bombeiros

possa penetrar no local, rompendo a parede, se não for possível a entrada pelas portas durante a

ocorrência de um incêndio,.

VI.2.7. Situações perigosas no armazenamento de produtos

A atuação do Gerente de Riscos deve sempre ser a mais abrangente possível,

enfocando todos os pontos vulneráveis da empresa. Um desses pontos é a área de armazenamento de

produtos, sempre bastante crítica quanto a sua segurança, isso porque, qualquer acidente ali ocorrido

provocará paralisações, prejudiciais ao bom andamento dos serviços.

Um acidente envolvendo os depósitos de matérias primas trás consigo reflexos a

curto em médio prazo na produção. Se o acidente atingir os depósitos de produtos acabados, os

reflexos se darão a médio ou longo prazo. Os problemas podem ser maiores se ocorrerem em

períodos de entressafra, períodos de pique de produção, produção com venda antecipada, e outros.

Com a tendência das empresas de terem áreas de estocagem cada vez menores, e um suprimento

externo de produtos mais rápido, o grau de segurança a ser exigido das inspeções periódicas passa a

ser maior.

VI.2.7.1 - Situações que requerem um estudo especial

Os focos do trabalho do Gerente de Riscos, necessariamente deverão passar pelas

situações ou áreas de estudo listadas a seguir:

⇒ proteção contra incêndios;

⇒ proteção contra danos por águas de chuvas, inundações ou alagamentos;

Page 29: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

196

⇒ obstruções de circulações internas;

⇒ ventilação natural e forçada;

⇒ altura das pilhas de armazenamento;

⇒ mistura de produtos estocados;

⇒ formas de manipulação das mercadorias e produtos;

⇒ atmosfera ambiente, onde se armazenam os produtos;

⇒ formas de acondicionamento dos produtos e substâncias;

⇒ substâncias armazenadas (tempo de permanência, estabilidade física e química, possibilidade de

deterioração, possibilidade de vazamentos e infiltrações, possibilidade de contaminação, etc).

As formas de armazenamento variam de acordo com os produtos a serem

armazenados, da forma de manipulação, dos volumes existentes, etc. Se, por exemplo, queremos

executar uma pequena obra em nossa residência, e necessitemos de cimento, é natural que

compremos uma pequena quantidade, acondicionada em sacos de papel. Se a obra for grande, e não

for em nossa residência, pode ser que precisemos de um volume inúmeras vezes maior,

provavelmente acondicionado em sacos de 1.000 kg, ou em carretas. As formas de acondicionamento

usuais são:

⇒ Sacarias;

⇒ Tambores metálicos ou plásticos;

⇒ Containers;

⇒ Caixotarias;

⇒ Fardos;

⇒ Granel sólido em pilhas, etc.

A seguir, são apresentados alguns exemplos que devem ser observados por quando da

realização de inspeções preventivas. É uma lista de verificações para algumas formas de estocagem:

VI.2.7.1.a) Armazenamento de mercadorias em sacos

A armazenagem de mercadorias em sacos representa um risco adicional, na medida

em que, os bens ensacados podem estar sujeitos ao ataque de roedores, da umidade, de fungos, e

outras causas, aliado ao fato de que os materiais constituintes das sacarias podem vir a ser

combustíveis, alastrando o risco de incêndio. Por essas razões, o Gerente de Riscos deverá estar

atento para os seguintes pontos:

1. tempo máximo de armazenagem do produto, normalmente determinado pelo fabricante;

2. possibilidade do produto vir a ser atacado por fungos, umidade, roedores, calor, etc.;

3. rotatividade esperada e a rotatividade real do estoque, não só com vistas à análise do fluxo

financeiro, ou da rentabilidade financeira esperada, como também pelo tempo de armazenagem

Page 30: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

197

das mercadorias, que pode vir a ser um fator de aumento das perdas ou da baixa otimização das

áreas de estocagem;

4. estabilidade das pilhas de sacos contra tombamentos ou desequilíbrios. Em embalagens especiais,

como as de eletro-eletrônicos, os fabricantes dos produtos, apoiados por parecer dos fabricantes

dos materiais de embalagem, fazem um alerta quanto ao empilhamento máximo admitido, que é

função da capacidade de resistência da embalagem;

5. ventilação interna das pilhas de mercadorias, de sorte que não haja o surgimento de bolor, fungos

ou umidade;

6. resistência do material constituinte das sacarias, submetido a cargas adicionais, representadas por

outros sacos sobre ele empilhados;

7. possibilidade de correta identificação dos materiais ensacados;

8. proteção contra incêndio compatível com o material armazenado, para que não haja

contaminação de produtos;

9. proteção dos sacos contra os riscos de intempéries, se o depósito for ao ar livre;

10. existência de suportes que evitem o contato direto dos sacos com o chão, o que poderá provocar o

resfriamento dos produtos e a sua deterioração;

11. resistência do material de embalagem quanto à forma de manipulação empregada, quer seja no

próprio galpão de armazenamento, quer seja no transporte entre os edifícios da indústria.

VI.2.7.1.b) Armazenamento de mercadorias em prateleiras

No tocante a armazenagem em prateleiras, os cuidados passa a envolver também não

só as mercadorias como também as próprias prateleiras ou estantes. As atenções deverão estar

voltadas para os seguintes itens, dentre outros:

1. altura máxima das prateleiras, e compatibilidade entre essas e o pé direito do galpão de

armazenamento (o ideal é que haja um distanciamento mínimo de 1 metro, entre a linha das

treliças do telhado e as mercadorias estocadas ou prateleiras);

2. distanciamento entre prateleiras e divisões internas, o qual deverá ser compatível com as

dimensões dos veículos empregados no armazenamento das mercadorias, ou na forma de

colocação das mercadorias nas prateleiras, caso essa seja manual. Especial atenção se deve dar

para o emprego de escadas que se apoiem nas prateleiras;

3. estabilidade estrutural das prateleiras, que devem resistir a pequenos choques dos veículos

empregados no armazenamento das mercadorias, e na possibilidade de cargas adicionais, por

quando do emprego de escadas;

4. existência de mercadorias acima das prateleiras superiores, que não deverão estar a menos de 1

metro da parte mais baixa do telhado;

Page 31: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

198

5. existência de mercadorias cujas dimensões excedam às das prateleiras, fazendo com que parte das

mercadorias estocadas ocupem espaço de circulação de pessoas e equipamentos;

6. resistência estrutural das prateleiras, que devem ser projetadas para cargas concentradas,

inclusive, no meio do vão, e cargas de impacto, geradas no momento da colocação das

mercadorias nas prateleiras;

7. forma de posicionamento das mercadorias nas prateleiras, de sorte que possam estar depositadas

somente nas próprias prateleiras, não ultrapassando às suas dimensões;

8. prevenção contra o risco de incêndio, tendo-se o cuidado de se verificar com antecedência a

compatibilidade dos produtos estocados com os tipos de agentes extintores empregados;

9. prevenção contra o risco de vazamento de produtos de prateleiras superiores, especialmente tintas

e vernizes, em latas e tambores, os quais, sob a ação do calor, podem explodir, vazando o

conteúdo e impregnando as prateleiras;

10. correta identificação das mercadorias estocadas;

11. possibilidade de rodízio de mercadorias estocadas para que essas não venham a se deteriorar.

VI.2.7.1.c) Armazenamento de granel sólido em pilhas, em área coberta ou não

Os cuidados com o armazenamento de granel sólido diferem um pouco das outras

formas de armazenamento, comentadas anteriormente, já que existe um risco adicional da

manipulação desse mesmo granel e da possibilidade de dispersão dos produtos no ambiente. Os

cuidados e verificações envolvem os seguintes aspectos;

1. possibilidade de dispersão de material particulado pela ação dos ventos;

2. altura máxima de empilhamento e compatibilidade entre essa e os equipamentos empregados no

empilhamento;

3. estabilidade das pilhas de granel, as quais devem atender a critérios de estabilidade natural, ou de

contenção lateral, se tratar-se de armazenamento em baias;

4. prevenção contra o risco de explosão, ou de combustão expontânea, quando então deverão ser

tomados cuidados adicionais como a aeração interna nas pilhas e o controle das fontes de calor;

5. controle de umidade, aeração e calor;

6. drenagem do piso compatível com o tipo de mercadoria estocada, visando, sobretudo, recuperar-

se totalmente ou não, o material que tenha escorrido da pilha para o piso;

7. condições ambientais agressivas à estabilidade físico-química dos produtos estocados;

8. possibilidade de deterioração das mercadorias estocadas, seja devido ao prolongado tempo de

armazenagem, seja devido ao contato, mesmo que acidental com outras mercadorias, seja devido

à umidade ou ao calor ambiente. Um exemplo claro é o do armazenamento de cal ou de cimento,

à granel;

9. ventilação ambiente se o empilhamento for em área coberta;

Page 32: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

199

10. possibilidade de ataque às mercadorias por fungos, animais roedores, umidade e calor.

VI.2.7.1.d) Armazenamento de fardos prensados

No armazenamento de fardos prensados o risco dominante passa a ser o cuidado

contra incêndios, e a possibilidade dos fardos virem a ser danificados durante o transporte entre os

locais de manipulação dos produtos. As atenções do Gerente de Riscos deverão estar voltadas, dentre

outros, para os seguintes aspectos:

1. altura máxima de empilhamento dos fardos, a fim de se evitar o tombamento dos mesmos;

2. estabilidade das pilhas, para garantir a integridade dos operários e dos equipamentos empregados

na área;

3. resistência dos pallets, empregados no transporte dos fardos, de sorte que esses não venham a se

romper durante a movimentação das cargas;

4. proteção contra o risco de umidade que venha a afetar as mercadorias;

5. proteção dos fardos para o armazenamento ao ar livre, visando resguardar-se as mercadorias de

danos por água de chuva, calor ou umidade atmosférica;

6. drenagem do piso, a fim de evitar o empoçamento de água de chuva ou de água de combate a

incêndios junto às mercadorias estocadas;

7. proteção contra o risco de fogo compatível com o volume de fardos estocados e com o tipo de

mercadoria enfardada.

VI.2.7.1.e) Armazenamento de mercadorias em caixas

O problema do armazenamento de mercadorias em caixas está voltado mais para a

resistência à estocagem das caixas e do controle de risco de fogo. Entretanto, as atenções também

deverão se dar para os seguintes aspectos:

1. resistência estrutural das caixas, que tanto poderão ser plásticas, quanto de madeira ou papelão, e

tanto poderão estar armazenando televisores, geladeiras, sapatos, alimentos, etc;

2. altura máxima de empilhamento das caixas;

3. estabilidade das pilhas de caixas;

4. possibilidade de danos por calor ou por umidade;

5. drenagem do piso efetuada de modo correto, a fim de evitar danos gerados por água empoçada;

6. identificação correta do conteúdo das caixas, devendo ser observado que deve-se evitar o

acondicionamento de mercadorias distintas em uma mesma caixa, excetuando-se o

armazenamento em containers, que também são caixas, que, neste caso, devem seguir as

orientações dominantes expedidas pelos exportadores ou transportadores;

7. correta proteção contra o risco de incêndio.

Page 33: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

200

VI.2.7.1.f) Armazenamento de cilindros de gases

O armazenamento em cilindros sempre apresenta certa complexidade, já que

dificilmente armazena-os deitados ou em outras posições que não seja em pé. Afora isso, há o risco

adicional do manuseio e do transporte, pelo fato de ser mais trabalhoso esse mesmo manuseio. As

sugestões que fazemos quanto a itens a serem observados por quando do gerenciamento do risco ou

de inspeções rotineiras é o que se segue:

1. identificação da compatibilidade dos produtos armazenados, entre si, e envolvendo as substâncias

extintoras comuns;

2. cuidados especiais e adequadas proteções para as válvulas das garrafas;

3. formas de acondicionamento, se em containers próprios para garrafas metálicas, se isoladamente;

4. correta identificação dos produtos e dos seus riscos, não só quanto à toxidez, mas também,

quanto à possibilidade de manterem focos de fogo;

5. adequada prevenção e combate aos riscos de incêndio e explosão;

6. identificação consistente do que são recipientes cheios e recipientes vazios;

7. adequada resistência dos cilindros, que sejam capazes de resistir e eventuais impactos mecânicos,

provocados pelo manuseio desleixado;

8. prevenção contra o risco de impacto e de tombamento;

9. estado geral dos recipientes, principalmente se de metais ferrosos;

10. possibilidade de rápida corrosão dos recipientes, em função da atmosfera ambiente.

VI.2.7.1.g) Armazenamento de produtos em tambores metálicos

À semelhança do armazenamento de produtos em cilindros, o armazenamento em

tambores metálicos também requer uma maior atenção, agravada pelo fato dos tambores usualmente

possuírem uma espessura de parede menor do que os cilindros para gases. Dentre os itens a serem

observados durante uma inspeção chamamos a atenção para os que se seguem:

1. resistência estrutural dos suportes dos tambores ou dos pallets;

2. altura máxima de empilhamento dos tambores. Não se deve esquecer que existem normas

específicas que tratam do empilhamento de produtos perigosos, onde é admitido no máximo 1

tambor de altura (normas do Fire Office’s Committee, por exemplo, aplicada a cálculos de redes

de sprinklers);

3. aterramento elétrico para o caso de armazenamento de inflamáveis, com manipulação;

4. prevenção contra o risco de impacto e de tombamento;

5. correta identificação dos produtos armazenados;

6. existência de uma drenagem de piso, a qual possibilite, inclusive, o recolhimento do líquido

vazado;

Page 34: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

201

7. incompatibilidade entre os produtos e entre esses e a substância extintora comum;

8. identificação dos tambores cheios e dos tambores vazios;

9. se os tambores forem estocados na horizontal, deve ser verificado se os suportes laterais são

adequados.

VI.2.8. Proteção para máquinas e equipamentos

As máquinas e equipamentos são vitais para qualquer indústria, já que fazem parte da

transformação das matérias primas em produtos acabados. Uma fábrica de garrafas plásticas do tipo

PET não pode prescindir de sopradores, da mesma forma de uma siderúrgica não pode prescindir de

um alto forno. Por essa razão, todo o cuidado deve ser tomado com as máquinas e equipamentos,

especialmente no que tange a prevenção de riscos ou de perdas. Quando se avaliam as origens dos

focos de incêndio uma das causas é a de motores elétricos mais solicitados, e, portanto, mais sujeitos

a serem danificados.

Os motores elétricos defeituosos tendem a aquecer-se e a ignizar-se se estiverem

operando em regime de sobrecarga, ou trabalhando em situações adversas. Outro componente de

risco será associado à transmissão de energia para as máquinas e equipamentos. Efeitos danosos

podem ser considerados nas fiações, cujas proteções começam a derreter-se, ou então, através da

produção de fagulhas, em uma atmosfera perigosa ou contaminada de produtos perigosos.

VI.2.8.1 - Recomendações de caráter geral voltadas à proteção para máquinas e equipamentos

Os cuidados que devem ser tomados para a prevenção de riscos passam,

necessariamente, pelos seguintes pontos:

1. os pisos encharcados de óleo podem ser agentes de propagação ou manutenção de incêndios ou

focos de incêndio, bem como podem vir a causar sérios acidentes envolvendo os operários. Desta

forma, toda a máquina ou equipamento que tenha a possibilidade de gotejar óleo, ou tenha uma

lubrificação freqüente, deverá ter uma bandeja, entre o piso e a própria máquina, que possibilite o

recolhimento do óleo gotejado;

2. a presença de materiais de elevada dureza, junto a outros a serem misturados, peneirados, moídos

ou transportados, poderá ser causadora de incêndios, devido à produção de fagulhas geradas com

o atrito durante a movimentação das máquinas. Esse cuidado deverá ser maior quando as

máquinas forem empregadas no beneficiamento de substâncias inflamáveis ou combustíveis;

3. deve-se adotar um plano de manutenção preventiva, visando, através da detecção prematura,

corrigir-se os equipamentos defeituosos, ou os componentes defeituosos das máquinas;

4. devem ser providenciados filtros e separadores magnéticos, a fim de eliminar os objetos

metálicos que sejam capazes de produzir fagulhas no interior dos equipamentos;

Page 35: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

202

5. os solventes empregados na limpeza das máquinas devem ser dispostos em recipientes que

apresentem segurança quanto ao manuseio e também contra vazamentos;

6. deve-se manter ao redor dos equipamentos as matérias primas necessárias apenas a uma jornada

de trabalho. Os produtos já manipulados deverão ser prontamente removidos de junto desses

equipamentos para a garantia da integridade dos mesmos;

7. deve-se prever, em projetos de instalação, espaços ao redor dos equipamentos, que sejam

suficientes não só para a operação dos mesmos, como também para a realização de eventuais

serviços de manutenção, onde a possibilidade de remoção do próprio equipamento seja levada em

consideração;

8. as máquinas devem ser mantidas limpas e lubrificadas, para evitar que as engrenagens trabalhem

forçadas, sobrecarregando o motor, e, conseqüentemente, com probabilidade de produzir

fagulhas;

9. partes móveis das máquinas e equipamentos devem ser pintadas com cores distintas da pintura

das próprias máquinas e equipamentos, como forma de alertar os operários para os riscos da

operação. Recomenda-se a pintura com cores amarelo ou laranja;

10. verificar se as peças móveis estão corretamente alinhadas e não estão sobrecarregadas ou soltas;

11. os mancais devem estar alinhados e não sujeitos a esforços mecânicos maiores dos que os

adotados ou previstos em projeto;

12. máquinas e equipamentos deverão estar dispostos de forma a facilitar a manutenção e a

vigilância, sendo que os dispositivos de controle devem estar em pontos acessíveis;

13. próximo a cada máquina de grande porte deve existir um prontuário de operação e manutenção,

permanentemente atualizado. Para os demais equipamentos a ficha de controle deve ser

individualizada;

14. as estopas e panos empregados na limpeza dos equipamentos devem ser postos em recipientes

metálicos providos de tampas também metálicas;

15. máquinas e equipamentos geradoras de calor devem possuir ventilação própria e compatível com

a carga térmica liberada pelo equipamento, de sorte que outras máquinas vizinhas não sejam

prejudicadas com essa carga térmica adicional.

VI.2.9. Processos que envolvam calor

Um incêndio pode ter início devido ao superaquecimento ocorrido no processamento,

envolvendo a geração de calor, ou vir a ser decorrente da existência de materiais combustíveis,

quando em contato com fontes de calor não controladas. A exaustão inadequada de vapores

desprendidos nos processos à seco, poderá conduzir à explosões e, por conseguinte, a incêndios.

Torna-se fundamental a analise do projeto de exaustão e ventilação, de modo a que as concentrações

de gases dissolvidos na atmosfera ambiente não esteja acima dos limites máximos permitidos em

normas. Outra causa de origem dos incêndios é a promovida pelas falhas dos mecanismos de controle

Page 36: Conceitos de Segurança Industrial aplicados à Proteção das Instalações

203

dos equipamentos que operam com chamas, pela queima de óleo ou de gás. Os mecanismos

defeituosos não possibilitam a interrupção da seqüência de formação das chamas, impedindo dessa

forma o alastramento do fogo a outros locais, ou seja, as falhas possibilitam que o incêndio se

propague para outras áreas. Se os dispositivos de detecção e combate aos incêndios for eficaz, como

por exemplo, a associação de detectores iônicos a sprinklers (chuveiros automáticos contra incêndios)

a possibilidade de alastramento é reduzida. Com apenas o acionamento de dois bicos de sprinklers

consegue-se conter cerca de 70% dos princípios de incêndio. Com o acionamento de 4 bicos

consegue-se conter cerca de 90% dos princípios de incêndio. Com mais de 4 bicos pode se chegar a

95% de eficácia, com os 100% de eficácia atingidos com a conjugação da densidade de água

adequada, o posicionamento correto dos bicos aspersores, e a total desobstrução dos bicos, por

mercadorias, paredes improvisadas ou equipamentos ou instalações.

VI.2.9.1. - Recomendações de caráter geral para processos que envolvam calor

Dentre as precauções recomendadas para que não ocorram ignições em ambientes

onde as temperaturas usualmente são maiores, citamos:

• projetar os dispositivos de segurança, para a interrupção do aquecimento, de sorte a acusar falha

no sistema de exaustão ou ventilação ou indicar a baixa de pressão nos dutos de alimentação,

devido a ruptura das canalizações de vapor;

• prever a existência de aberturas para reduzir os efeitos de explosões em fogões e secadores à

chama de gás, e onde possa haver concentração explosiva de vapores ou de pós.

As aberturas nas paredes conduzem a um aumento da ventilação natural, devendo ser

empregadas, principalmente, em locais aonde os sistemas de exaustão venham a ser

desaconselháveis. Todavia, em estruturas elevadas as aberturas podem provocar o efeito de chaminé,

principalmente em caso de incêndios, alastrando as chamas para andares superiores.

• dotar os locais onde haja desprendimento de pós ou de vapores inflamáveis, de sistemas de

ventilação compatíveis. Em alguns edifícios totalmente ocupados por uma única atividade, pode-

se projetar somente um sistema de exaustão, caso essa mesma atividade não seja a de manuseio de

explosivos. Por exemplo, se o edifício for construído em estrutura metálica, os pavimentos, ao

invés de laje de piso poderão vir a ter grades, de sorte a permitir a movimentação de ar ambiente.

Caso a concentração de vapores inflamáveis seja elevada, é preferível que o prédio tenha o menor número possível de paredes laterais, como forma de evitar ou amenizar o risco de explosão;

VI.2.10. Proteção dos sistemas elétricos

Sistemas elétricos são todos aqueles destinados a transmitir luz e força aos vários

locais de uma edificação. São sistemas constituídos de eletrodutos rígidos ou flexíveis, fios e cabos,

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tomadas, disjuntores, etc., todos fazendo parte de um mesmo circuito. Circuito é definido como um

conjunto de pontos ativos no mesmo par de condutores, ligados a dispositivos de proteção, tais como:

chaves, disjuntores, relés, interruptores, etc.. O isolamento dos fios condutores depende da utilização

a que se destinam, devendo o isolamento mínimo atender a uma tensão de serviço de 1.000 volts.

Ainda hoje se empregam os seguintes materiais, como isolantes dos condutores e cabos elétricos:

• borracha sintética;

• borracha butílica;

• papel impregnado;

• sintanax, etc.

Para a proteção dos condutores contra impactos mecânicos lança-se mão de

eletrodutos rígidos. Caso a instalação venha a ser embutida pode-se empregar eletrodutos flexíveis.

Na conexão de motores ou equipamentos, que apresentem vibração durante o seu funcionamento,

pode-se utilizar eletrodutos metálicos flexíveis, ou de material à base de borracha clorada. O mais

importante é que os fios condutores não venham a ficar expostos, e nem estejam sujeitos a danos, que

não teriam se estivessem no interior de dutos, flexíveis ou não.

VI.2.10.1. Cuidados especiais ao se examinar um sistema elétrico:

⇒ assegurar que as emendas dos condutores foram feitas com fios de mesmo diâmetro, de sorte que

essas tenham uma resistência mecânica adequada e um contato elétrico perfeito. Nas emendas de

condutores pode se lançar mão de conectores apropriados, o mais recomendado, ou se recorrer à

solda de estanho, essa aplicável exclusivamente a fios de cobre recozido e não sujeitos a tensões

mecânicas;

⇒ o isolamento elétrico das emendas e derivações deverá ter características físico-químicas

equivalentes às dos isolamentos condutores empregados no restante da instalação. Isso quer dizer

que deverá se garantir um isolamento elétrico perfeito, além de uma proteção contra danos

mecânicos, equivalente à proporcionada pelas próprias capas dos condutores;

⇒ o diâmetro interno do eletroduto deverá estar de acordo com o somatório dos diâmetros dos

condutores elétricos nele contido, a fim de evitar o superaquecimento dos fios. A soma dos

diâmetros dos condutores deverá ser a metade do diâmetro interno do eletroduto, de sorte a

aumentar a circulação interna de ar, reduzindo o aquecimento dos fios;

⇒ As fitas deverão envolver não somente a emenda, como também as partes dos condutores

adjacentes à ela. As normas específicas recomendam que a proteção elétrica garantida pela fita

deverá ser, pelo menos idêntica à proteção elétrica garantida pela capa do condutor;

⇒ ao se acondicionar um determinado número de fios condutores emendados em uma caixa de

derivações, deve-se procurar fazer com que as emendas entre eles sejam feitas alternadamente, de

sorte a evitar o contato, mesmo que acidental, entre emendas mal executadas, bem como

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aumentar-se a segurança contra possíveis vazamentos de corrente elétrica. Ou seja, não se deve

emendar dois pares de fios condutores em uma mesma altura ou posição. Recomenda-se que entre

essas emendas exista um distanciamento mínimo de 10 centímetros;

⇒ nos condutores de entrada de corrente, logo após o medidor de consumo, deverá ser instalado um

interruptor geral, com capacidade suficiente para a carga total da instalação, ou do circuito

elétrico, e nunca da capacidade total dos equipamentos por esse alimentado, provido de

disjuntores adequados aos circuitos elétricos. Não se deve empregar nesses casos chaves do tipo

faca. Os disjuntores devem proteger os circuitos e não os equipamentos, já que esses dispositivos

possuem seus próprios dispositivos de proteção;

⇒ qualquer capa de isolamento de fios condutores, com mais de 500 horas de uso, em regime de

sobrecarga, deteriora-se. Portanto, quando a instalação puder estar em sobrecarga, é conveniente

que seja feita uma inspeção periódica, com alicates medidores de tensão, a fim de se saber se está

ocorrendo qualquer tipo de vazamento de corrente elétrica;

⇒ a capacidade de proteção do disjuntor deve ser idêntica à capacidade de transmissão de energia

elétrica do fio condutor. Isso quer dizer que é a instalação elétrica que é protegida, e não os

equipamentos a ela conectados. Se a instalação estiver sobrecarregada, por qualquer razão, o

disjuntor deverá desarmar de imediato, protegendo não só os cabos condutores de energia elétrica,

como também os equipamentos a eles conectados;

⇒ a segurança das instalações requer um bom projeto, que contemple, inclusive, a possibilidade de

expansão futura, a facilidade de acesso aos vários compartimentos, confiabilidade nos sistemas de

proteção, e facilidade de leitura e entendimento, pelo pessoal responsável pela manutenção. Além

disso, o projeto deverá prever que todos os circuitos deverão ser adequadamente sinalizados.

Sempre que possível deverá ser empregado condutores com capas de proteção de cores distintas,

para indicar as fases e os retornos, ou as várias fases.

⇒ É comum se observar, durante inspeções, que os painéis elétricos ficam aquecidos em

determinado circuito. Isso ocorre porque não foi prevista uma possibilidade de ampliação de

carga. Um circuito que atendia a uma ou duas salas, de repente passa a atender a um salão. Isso

ocorre com mais freqüência com os circuitos de iluminação;

⇒ ao desligar-se um circuito elétrico, deve-se começar sempre pelos pontos de menor carga, e nunca

pelo de maior, com o objetivo de evitar o risco de formação de arcos elétricos, junto às chaves

gerais;

⇒ as instalações elétricas que transportam maior carga devem estar sinalizadas e protegidas. O

mesmo deve ocorrer com as tomadas de luz e de força, as quais deverão ter adesivos que indique a

capacidade de carga das mesmas;

⇒ se as instalações elétricas tiverem que ficar expostas, por qualquer razão técnica, os fios

condutores deverão estar posicionados em bandejas ou calhas apropriadas. Admite-se, entretanto,

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que parte dos circuitos elétricos fique aparente, fixados em castanhas de isolamento, junto às

paredes. Nesses casos, esses circuitos deverão estar a uma altura tal que fiquem livres de contatos

acidentais com pessoas ou equipamentos.

Toda e qualquer análise de dispositivos elétricos deve sempre ser realizada por

engenheiros eletricistas ou com o acompanhamento ou supervisão desses profissionais.