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Conhecimento escolar e diversidade cultural A escola como espaço sócio-educativo Professor é uma profissão que se começa cedo, pois ao chegarmos à universidade, já temos modelos, exemplos e referências anteriores destes profissionais. Por quê? Porque o professor tem importante papel na escola na consolidação desta como espaço sócio – educativo. Apesar da afirmação de alguns autores - Bourdieu, Rodrigues Brandão, por exemplo – de que a escola reforça e legitima a desigualdade, ao mesmo tempo, esta ainda pode ser considerada como uma das instituições mais fortes para a socialização do indivíduo. Afinal, para muitos alunos, geralmente, é por meio da escola que estes têm acesso a diferentes tipos de realidades que ás vezes não o têm no eixo familiar. Neste espaço, os estudantes podem ter contato com pessoas de outras etnias, famílias diferentes do tradicional pai-mãe-filho/a, colegas portadores de necessidades especiais e padrões culturais diferenciados. O que faz necessário que o professor esteja atento ás mudanças e peculiaridades escolares, pois da Educação Infantil à Academia, muitas mudanças, de costumes e legislação, podem ocorrer. Da Lei de Diretrizes e Bases da Educação até a Lei 11274/06, tem-se notado um grande esforço – mesmo que lento – para aumentar a inclusão das crianças de setores populares no sistema educacional brasileiro, haja vista que as crianças de classes sociais mais favorecidas, já se encontram incorporadas

Conhecimento escolar e diversidade cultural

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Texto Acadêmico baseado na Resolução das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, em especial o artigo 9º e a Revista Salto para o Futuro.

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Page 1: Conhecimento  escolar e diversidade cultural

Conhecimento escolar e diversidade cultural

A escola como espaço sócio-educativo

Professor é uma profissão que se começa cedo, pois ao chegarmos à universidade,

já temos modelos, exemplos e referências anteriores destes profissionais. Por quê? Porque o

professor tem importante papel na escola na consolidação desta como espaço sócio –

educativo. Apesar da afirmação de alguns autores - Bourdieu, Rodrigues Brandão, por

exemplo – de que a escola reforça e legitima a desigualdade, ao mesmo tempo, esta ainda

pode ser considerada como uma das instituições mais fortes para a socialização do indivíduo.

Afinal, para muitos alunos, geralmente, é por meio da escola que estes têm acesso a diferentes

tipos de realidades que ás vezes não o têm no eixo familiar. Neste espaço, os estudantes

podem ter contato com pessoas de outras etnias, famílias diferentes do tradicional pai-mãe-

filho/a, colegas portadores de necessidades especiais e padrões culturais diferenciados. O que

faz necessário que o professor esteja atento ás mudanças e peculiaridades escolares, pois da

Educação Infantil à Academia, muitas mudanças, de costumes e legislação, podem ocorrer.

Da Lei de Diretrizes e Bases da Educação até a Lei 11274/06, tem-se notado um

grande esforço – mesmo que lento – para aumentar a inclusão das crianças de setores

populares no sistema educacional brasileiro, haja vista que as crianças de classes sociais mais

favorecidas, já se encontram incorporadas ao sistema de ensino desde a tenra idade; a escola

depara-se com este desafio: articular os conhecimentos escolares com as diversidades

culturais e sociais tão características do Brasil.

Este texto tratará desta articulação dos conhecimentos escolares aliados à

diversidade cultural presente na escola, centrando no Ensino Fundamental e, tomando por

base, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, as diferentes

abordagens das áreas de conhecimento e a produção de saberes a partir de saberes que os

alunos já trazem à escola. Assim como objetiva mostrar como é possível vincular as DCNEF

com o currículo, aproveitando a carga de saberes do aluno com uma das fontes que o

professor dispõe para o aprendizado: o conhecimento escolar.

Nosso país contem uma grande dimensão territorial e uma população numerosa e

miscigenada e, portanto, apresenta uma vasta diversidade - tanto étnica, quanto cultural - do

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povo. Este tema deve ser abordado em sala de aula para que os alunos tenham conhecimento

da pluralidade de saberes, que, muitas vezes, originam-se nas vivências.

A Resolução 7, de dezembro de 2010, que fixa as DCNEF, em seu 9º artigo, faz

essa consideração ao sugerir a inserção das experiências escolares e relações sociais dos

estudantes no currículo escolar:

“Art. 9º O currículo do Ensino Fundamental é entendido, nesta Resolução,

como constituído pelas experiências escolares que se desdobram em torno do

conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando articular

vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente

acumulados e contribuindo para construir a identidade dos estudantes” (p. 3)

Podemos entender então, tais experiências como parte do currículo. Porém,

estas,ao se aliarem ao conhecimento, precisariam de:

1. Ações educativas;

2. Vivências proporcionadas na escola;

3. Relacionar a vivência ao conhecimento escolar a fim de serem repassados para

a formação do aluno.

Um exemplo de como a experiência proporcionada na escola aliou-se ao

conhecimento escolar está no fragmento: “Metamorfose: o segredo da vida”, de Patrícia

Corsino, onde as crianças, por meio de algumas lagartas trazidas à sala por um dos alunos,

não só acompanham o processo, como constroem o conceito de metamorfose. Poderíamos

definir: conhecimento escolar através de vivência escolar.

As DCNEF, em seu 15º artigo, organizam os componentes curriculares em áreas

de conhecimento, pois estas permitem um trânsito maior entre disciplinas. E, ao abordar as

diferentes áreas de conhecimento, esta organização “é uma maneira (entre outras) de tentar

organizar os saberes em conhecimento escolar” (CORSINO, 2009, p. 43). Cada área de

conhecimento tem seus objetivos específicos, pois o conhecimento escolar tem a ver com a

discussão da didática e o professor deve entender seu nível de intervenção ao organizar os

conteúdos para tentar alcançar esses objetivos da melhor forma possível.

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A escola tem tudo a ver com essa perspectiva no alcance dos objetivos das áreas

do conhecimento a serem trabalhadas encadeadas às diversidades culturais, pois, segundo

Angêla Méyer Borba:

“A escola tem a função social de proporcionar situações para que as

crianças possam ampliar e aprofundar conhecimentos que lhes permitam

compreender a realidade de várias formas, ampliando o sentido de ser e estar

no mundo, de pertencer a determinados grupos sociais, de viver em dado

tempo e lugar, de partilhar práticas e conhecimentos” (BORBA, 2006, p.22).

Sustentando o que diz Angêla Méyer, a escola pode cumprir sua função como

espaço sócio-cultural favorecendo a expressão e a comunicação dos saberes e produções das

crianças e uma das formas é a escrita, considerada pela autora como “ferramenta fundamental

para o acesso das várias áreas do saber” (Id. p. 23).

A gama de variedade e possibilidade de trabalhar com os alunos o conhecimento

escolar coordenado ao pluralismo cultural é ampla. O pedagogo atuante no Ensino

Fundamental precisa ter o domínio de atividades, sequências didáticas e projetos, favorecendo

desta forma a interelação entre os conhecimentos considerados necessários aos alunos e

outros saberes. Dependerá muito de o corpo profissional escolar estar disposto, preparado e

bem formado para desenvolver a aprendizagem a partir desta perspectiva – abordar as áreas

de conhecimento correlacionando à diversidade cultural - haja vista que está intrínseco nesta

visão, que se requer além de planejamento teórico, um trabalho real, pois, desta maneira,

pode-se construir o processo ensino-aprendizagem.

Deve-se tratar de não eliminar a carga de conhecimento que o aluno traz, validar,

considerar e aproveitar seus saberes no conhecimento sistematizado, porque assim, o aluno

aprende sobre ele mesmo e sobre o mundo ao seu redor. A escola contribuiria para formar e

reforçar a identidade do alunado.

Pensar estratégias que possam inovar, permitindo maior interação dos alunos.

Seria importante que a escola mantivesse um registro sobre os processos de aprendizagem

para melhorá-lo a cada oportunidade, culminando não apenas na aprendizagem por parte do

aluno, mas mostrando ser possível atingir o artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

onde “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na

convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos

sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (LBD, 1996, p.1).

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Referências:

MEC.CNE.CEB. Resolução 7, de dezembro de2010: Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília, 2010. Disponível em: portal.mec.gov.br%2Findex.php%3Foption%3Dcom_docman%26task%3Ddoc_download%26gid%3D7246%26Itemid&ei=MsxtUpuEMPc4APooIDQAg&usg=AFQjCNEEWCoeaIu13BIMCQCb0RVcg94rBw&sig2=ioMyxFDFHIRojqJsAr5k_g&bvm=bv.55123115,d.dmg. 15 p. Acesso em: 15 de outubro de 2013.

CORSINO, Patrícia. A abordagem das diferentes áreas do conhecimento. IN: Anos Iniciais do Ensino Fundamental. TV Escola. Ano XIX, Nº 12, Set, 2009. p. 36-48. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012182.pdf. Acesso em: 15 de outubro de 2013

BORBA, Ângela Meyer.; ALMEIDA, Célia Mª de Castro. Saberes que produzem saberes. IN: Letra Viva: práticas de leitura e escrita. TV Escola. Boletim 09, Jun, 2006. p. 20-29. Disponível em: http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/165418Letraviva.pdf. Acesso em: 15 de outubro de 2013.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996. Art. 1º. p. 1. Acervo pessoal.