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Filosofia – 10º Ano A religião, a razão e a fé: argumentos a favor da existência de Deus Professora Joana Inês Pontes Críticas ao argumento ontológico de S. Anselmo Gaunilo: ilha perfeita I. Kant: “existência” não é um predicado Gaunilo defendeu que o argumento não pode ser bom, uma vez que tem consequências absurdas. Gaunilo substitui o conceito de Deus no argumento de S. Anselmo pelo de ilha perfeita, para daí retirar a conclusão – obviamente absurda – de que a ilha perfeita existe. Para Gaunilo o facto de podermos definir um ser como o maior que se pode pensar (mais perfeito) não significa que esse ser exista. Se isso fosse verdade, o argumento provaria não apenas que a ilha perfeita existe, mas que tudo o que quiséssemos provar que existe, bastando para isso que definíssemos essa coisa como perfeita. Para Kant, a existência não é um predicado (qualidade), tal como “alto”, “azul”, “grande”., porque quando dizemos que uma coisa existe não estamos a atribuir nenhuma propriedade ou qualidade particular a essa coisa. Se não estamos a atribuir nenhuma propriedade ou qualidade particular a essa coisa, então, não existe a qualidade da “existência”. Assim, a existência não pode ser algo que deus tenha de possuir para ser Deus. Conclusão final: não podemos concluir, tendo como base a definição de Deus “alguma coisa maior do que a qual nada se pode pensar”, que Deus tem de existir.

Crítica ao argumento ontológico

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Page 1: Crítica ao argumento ontológico

Filosofia  –  10º  Ano                                                                                                                              A  religião,  a  razão  e  a  fé:  argumentos  a  favor  da  existência  de  Deus      

 

       

 

                               

   

Professora  Joana  Inês  Pontes  

Críticas ao argumento ontológico de S. Anselmo

Gaunilo: ilha perfeita I. Kant: “existência” não é um predicado

§ Gaunilo defendeu que o argumento não pode ser bom, uma vez que tem consequências absurdas.

§ Gaunilo substitui o conceito de Deus no argumento de S. Anselmo pelo de ilha perfeita, para daí retirar a conclusão – obviamente absurda – de que a ilha perfeita existe.

§ Para Gaunilo o facto de podermos definir um ser como o maior que se pode pensar (mais perfeito) não significa que esse ser exista.

§ Se isso fosse verdade, o argumento provaria não apenas que a ilha perfeita existe, mas que tudo o que quiséssemos provar que existe, bastando para isso que definíssemos essa coisa como perfeita.

§ Para Kant, a existência não é um predicado (qualidade), tal como “alto”, “azul”, “grande”., porque quando dizemos que uma coisa existe não estamos a atribuir nenhuma propriedade ou qualidade particular a essa coisa.

§ Se não estamos a atribuir nenhuma propriedade ou qualidade particular a essa coisa, então, não existe a qualidade da “existência”.

§ Assim, a existência não pode ser algo que deus tenha de possuir para ser Deus.

Conclusão final: não podemos concluir, tendo como base a definição de Deus “alguma coisa maior do que a qual nada se pode pensar”, que Deus tem de existir.