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Cultura: Direitos e Cidadania Manoel Marcondes Machado Neto Professor associado e pesquisador - FAF/UERJ

Cultura - Direitos - Cidadania

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Page 1: Cultura - Direitos - Cidadania

Cultura: Direitos e

Cidadania

Manoel Marcondes Machado Neto

Professor associado e pesquisador - FAF/UERJ

Page 2: Cultura - Direitos - Cidadania

Cultura: Direitos e

Cidadania

De que forma as Políticas Públicas

de Cultura podem contribuir para

ampliar e consolidar os direitos do

cidadão?

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DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III)

da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948

(fonte: website do Ministério da Justiça)

ARTIGOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONCERNENTES AO TEMA

Promulgada pelo Congresso Nacional em 05 de outubro de 1988

(fonte: website do Ministério da Cultura)

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Preâmbulo

Entre outros artigos do preâmbulo, resumindo:

Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo

Estado de Direito

Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações

amistosas entre as nações

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta,

sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da

pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres,

e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de

vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a

desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito

universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a

observância desses direitos e liberdades,

A Assembléia Geral da ONU proclama

Page 5: Cultura - Direitos - Cidadania

Artigo 1

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas

às outras com espírito de fraternidade.

Artigo 2

Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades

estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie,

seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra

natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou

qualquer outra condição.

Artigo 3

Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Page 6: Cultura - Direitos - Cidadania

Artigo 8

Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais remédio

efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe

sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 15

1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

Artigo 18

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e

religião.

Artigo 19

Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão;

liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e

transmitir informações e idéias por quaisquer meios e

independentemente de fronteiras.

Page 7: Cultura - Direitos - Cidadania

Artigo 24

Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação

razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.

Artigo 26

1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita,

pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução

elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será

acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no

mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento

da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos

direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução

promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as

nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades

das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

Page 8: Cultura - Direitos - Cidadania

Artigo 27

1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida

cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do

processo científico e de seus benefícios.

2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais

e materiais decorrentes de qualquer produção científica,

literária ou artística da qual seja autor.

Page 9: Cultura - Direitos - Cidadania

Constituição da República Federativa do Brasil - Promulgada em

05/10/1988

Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção II - da

Cultura:

“Artigo 215 - O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos

direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará

e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

Parágrafo 1o - O Estado protegerá as manifestações das culturas

populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos

participantes do processo civilizatório nacional.

Parágrafo 2o - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas

de alta significação para os diferentes segmentos étnicos

nacionais.

Page 10: Cultura - Direitos - Cidadania

Parágrafo 3o (recentemente aprovado, detalha alguns direitos):

"A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração

plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do país e à

integração das ações do Poder Público que conduzem à:

I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;

II – produção, promoção e difusão de bens culturais;

III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em

suas múltiplas dimensões;

IV – democratização do acesso aos bens de cultura;

V – valorização da diversidade étnica regional."

Page 11: Cultura - Direitos - Cidadania

Artigo 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens

de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou

em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à

memória dos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira, nos quais se incluem:

I – as formas de expressão;

II – os modos de criar, fazer e viver;

III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais

espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,

paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico

e científico.

Page 12: Cultura - Direitos - Cidadania

Parágrafo 1O - O poder público, com a colaboração da

comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural

brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,

tombamento e desapropriação, e de outras formas de

acautelamento e preservação.

Parágrafo 2O - Cabem à administração pública, na forma da lei, a

gestão da documentação governamental e as providências para

franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

Parágrafo 3O - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o

conhecimento de bens e valores culturais.

Parágrafo 4O - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão

punidos na forma da lei.

Parágrafo 5O - Ficam tombados todos os documentos e os sítios

detentores de reminiscências históricas de antigos quilombos”.

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Constituição da República Federativa do Brasil - Promulgada em

05/10/1988

Capítulo V - DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a

informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão

qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

. Código Brasileiro de Telecomunicações: Lei 4.117, de 27/08/1962

. Lei 5.250 (de Imprensa): de 09/02/1967

. Organização dos Serviços de Telecomunicações: Lei 9.472, de

16/07/1997

§ 1o Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à

plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de

comunicação social, observado o disposto no art. 5o, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2o É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica

e artística.

Page 14: Cultura - Direitos - Cidadania

§ 3o Compete à lei federal:

I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder

Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não

se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se

mostre inadequada;

II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família

a possibilidade de se defenderem de programas ou programações

de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem

como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam

ser nocivos à saúde a ao meio ambiente.

§ 4o A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas,

agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições

legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá,

sempre que necessário, advertência sobre os malefícios

decorrentes de seu uso.

Page 15: Cultura - Direitos - Cidadania

. A Lei n. 9.294, de 15/07/1996, regulamentada pelo Decreto No

2.018, de 01/10/1996, dispõe sobre as restrições ao uso e à

propaganda de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas,

medicamentos terapias e defensivos agrícolas aqui referidos.

§ 5o Os meios de comunicação social não podem, direta ou

indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.

§ 6o A publicação de veículo impresso de comunicação

independe de licença de autoridade.

Page 16: Cultura - Direitos - Cidadania

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e

televisão atenderão aos seguintes princípios:

I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e

informativas;

II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção

independente que objetive sua divulgação;

III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística,

conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

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Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e da radiodifusão

sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou

naturalizados há mais de dez anos, aos quais caberá a

responsabilidade por sua administração e orientação intelectual.

§ 1o É vedada a participação de pessoa jurídica no capital social de

empresa jornalística ou de radiodifusão, exceto a de partido político e

de sociedades cujo capital pertença exclusiva e nominalmente a

brasileiros.

§ 2o A participação referida no parágrafo anterior só se efetuará

através de capital sem direito a voto e não poderá exceder a trinta

por cento do capital social.

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão,

permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de

sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos

sistemas privado, público e estatal.

Page 18: Cultura - Direitos - Cidadania

. A Lei n. 9.612, de 19/02/1998, institui o Serviço de Radiodifusão

Comunitária, e o Decreto No. 2.615, de 03/06/1998, aprova seu

regulamento.

§ 1o O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, §§ 2o

e 4o, a contar do recebimento da mensagem.

§ 2o A não-renovação da concessão ou permissão dependerá de

aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em

votação nominal.

§ 3o O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais

após deliberação do Congresso Nacional na forma dos parágrafos

anteriores.

§ 4o O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o

prazo, depende de decisão judicial.

§ 5o O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as

emissoras de rádio e quinze para as de televisão.

Page 19: Cultura - Direitos - Cidadania

Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o

Congresso Nacional instituirá, como órgão auxiliar, o

Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.

. A Lei n. 8.389, de 30/12/1991, institui o

Conselho aqui referido.

O CCS foi empossado somente no final de 2002,

funcionou por um período, foi desativado, e em 2011

reinstalado sob a presidência de D. Orani Tempesta.

Page 20: Cultura - Direitos - Cidadania

RESPOSTA: Tendo uma Política Cultural de Estado

Baseada na compreensão do papel estratégico da cultura

como um dos pilares da participação do país no cenário

econômico globalizado, valorizada por aporte financeiro ade-

quado pelo Tesouro, democrática e sob controle social.

O Ministério da Cultura propõe, através de Projetos de

Emenda Constitucional:

. a criação de uma Política Nacional de Cultura;

. a vinculação de receitas da União, estados e municípios

para a cultura. Fazendo cumprir a constituição.

Page 21: Cultura - Direitos - Cidadania

Cultura: Direitos e

Cidadania

No presente momento, quais são

os direitos culturais mínimos a

que todo cidadão deve ter

acesso?

Page 22: Cultura - Direitos - Cidadania

RESPOSTAS: CUMPRINDO AS METAS DO MILÊNIO

As metas do milênio foram traçadas pela Organização das Nações Unidas

(ONU) em 2000, durante a Cúpula do Milênio. Na ocasião, os países

integrantes da ONU assumiram o compromisso de dar prioridade à

eliminação da pobreza e de contribuir para o desenvolvimento

sustentável. Foram aprovados os seguintes objetivos para 2015:

- eliminação da fome e da miséria,

- educação de qualidade para todos,

- igualdade entre sexos e valorização da mulher,

- redução da mortalidade infantil,

- melhoria da saúde materna,

- combate à aids, à malária e a outras doenças,

- qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e

- união de esforços pelo desenvolvimento.

PROMOVENDO AÇÃO CULTURAL

Page 23: Cultura - Direitos - Cidadania

Produção cultural (bem cultural e produto cultural) e difusão cultural

Promover a cultura não é, apenas, financiar o artista, o produtor

individual, como (mal) vem fazendo o Estado no Brasil, há

décadas: é, antes, criar as condições para que o maior número

possível de pessoas tenha acesso ao sistema de produção

cultural, senão como produtores pelo menos como consumido-

res efetivos.

E cultura não é a simples soma, o estoque de produtos culturais

acabados, prontos, mas um modo de vida entre esses produtos:

- no primeiro caso o que se tem é a cultura-inerte;

- apenas no segundo é que surge a cultura-ação.

Mal ou bem, mais mal do que bem, o Brasil já tem seu estoque de

cultura-inerte;

Trata-se agora de fazê-lo circular, de torná-lo ação. T. Coelho (1986)

Page 24: Cultura - Direitos - Cidadania

FORMAÇÃO DE PLATÉIA

“Muito mais importante que fazer estatísticas de público do

tipo ‘a empresa X levou 80 mil crianças à exposição tal, no

ano tal’, talvez fosse realmente educativo levar 10 mil

crianças oito vezes a diferentes exposições no mesmo ano,

ou, ainda, levar às exposições os professores das redes

estadual e municipal de educação fundamental, pois eles são

os verdadeiros multiplicadores da cultura”. Paulo Sergio

Duarte, ex-diretor do Centro de Artes Hélio Oiticica, RJ

Page 25: Cultura - Direitos - Cidadania

RESPOSTA: É necessário ampliar o acesso do cidadão à

política pública e aos benefícios da lei e também dos

incentivos como produtor e não só como fruidor

- O uso do incentivo fiscal pela pessoa física ainda é tabu

- Crowdfunding deve poder utilizar-se de incentivos fiscais

- O incentivo deve ser aplicado na ponta do “consumo” da

produção artístico-cultural. Exemplos:

. No bolsa-cultura incluir 12 “ingressos” virtuais

. Parte do incentivo do patrocinador dado mediante prova

de ter proporcionado acesso a novas audiências

- Projetos incentivados obrigados sempre a oferecer

récitas públicas gratuitas

Page 26: Cultura - Direitos - Cidadania

Cultura e Economia Criativa

Vale-Cultura

Sancionado pela presidente Dilma Rousseff em dezembro passado,

o benefício será concedido prioritariamente aos trabalhadores

com carteira assinada que ganham até cinco salários mínimos.

Dos R$ 50, apenas 10% poderá ser descontado do trabalhador. Os

outros 90% ficarão a cargo das empresas, que poderão deduzir

até 1% do imposto de renda devido.

O benefício será acumulativo, ou seja, o trabalhador poderá usar a

sobra nos meses seguintes.

O Ministério da Cultura calcula que R$ 300 milhões serão injetados

na cadeia produtiva do setor no segundo semestre.

Serão beneficiados inicialmente cerca de um milhão de

trabalhadores no primeiro ano de implantação do Vale-Cultura.

A ação vai beneficiar sobretudo as classes C, D e E.

Page 27: Cultura - Direitos - Cidadania

Cultura: Direitos e

Cidadania

Como a cultura deve contribuir na

articulação sobre soberania

nacional e globalização?

Page 28: Cultura - Direitos - Cidadania

Néstor García Canclini inaugurou um profícuo "debate" entre a visão de

mundo que as organizações (públicas, privadas e do terceiro setor)

propagam: consumidores VERSUS cidadãos. Muito já foi construído a

partir dessa dicotomia e tais denominações aparecem confundidas na

mídia e talvez se pudesse dizer que a grande maioria não distingue os

dois conceitos, entendendo-os, até, como sinônimos - o que, em nossa

opinião, é mais grave.

O ponto-de-vista cultural ganha importância crucial nessa questão: a

cultura, como substrato fundamental da própria concepção do Homem

perante si mesmo, os demais e as instituições da sociedade, é esfera

responsável pela percepção e exercício da cidadania e conseqüen-

temente de tudo aquilo que dela advém, tanto em termos de direitos

como de deveres.

Page 29: Cultura - Direitos - Cidadania

Cita Renato Ortiz e sua expressão "cultura internacional-popular" para

bem designar o centro da sua hipótese inicial "algo chave das relações

entre modernidade, capitalismo e cultura pode captar-se ao explorar o

desbaratamento do artesanato (a arte popular de confecção de objetos) em

face da indústria audiovisual e das festas tradicionais locais em face dos

espetáculos midiáticos e seu circuito transnacional". As TVs por

assinatura são o mais profícuo exemplo deste fenômeno. O autor

pergunta: poder-se-ía, então, permanecer falando em culturas populares?

E lembra-nos uma definição:

Cultura: a produção de fenômenos que contribuem, mediante a

representação ou reelaboração simbólica de estruturas materiais para

compreender, reproduzir ou transformar o sistema social – todas as

práticas e instituições dedicadas à administração, renovação e

reestruturação do sentido.

Page 30: Cultura - Direitos - Cidadania

Ainda em Canclini, sempre mencionando a dificuldade que se tem em

relação a dados (de 1999), as diferenças regionais latino-americanas:

(base: Peru)

US$ 217 milhões com artesanato

US$ 34 milhões com mídia Rádio

US$ 815 milhões com mídia TV

(base: Colômbia)

US$ 30 milhões com artesanato

US$ 102 indústria editorial

(base: Equador)

US$ 122 milhões c/ artesanato representam mais que livros, rádio e TV juntos

Page 31: Cultura - Direitos - Cidadania

"Nos últimos 20 anos, as sociedades atuais, sujeitas ao desenvolvimento

tecnológico e à globalização, mudaram as relações entre capital, trabalho

e processos simbólicos.

A produção cultural se tornou mais importante do que nunca para a

reprodução e expansão do capitalismo.

No entanto, artesãos e a tradicional herança popular não são beneficiários

desse movimento, mas o são, sim, outras formas de cultura popular, mais

suscetíveis ao processo de industrialização em formas audiovisuais –

sobretudo a produção musical – que ganham um protagonismo

econômico".

Aí se pode introduzir o tema ‘Economia da Cultura’.

Page 32: Cultura - Direitos - Cidadania

A Economia da Cultura foi dissecada pela primeira vez em

trabalho de pesquisa realizado pela Fundação João Pinheiro

para o MinC (1998) e nela o PIB da Cultura aparece com uma

participação de 0,8%.

No estado do Rio de Janeiro, dados da Subsecretaria de

Cultura apontam uma participação que vai de 4 a 6% do PIB,

mas isto varia muito de acordo com os parâmetros

utilizados.

Faltam critérios amplamente aceitos para medição. É uma

lição ainda a ser aprendida.

Page 33: Cultura - Direitos - Cidadania

Economia da Cultura

Entre 1985 e 1995 o gasto total em cultura

(União+estados+municípios) per capita foi de

R$ 5,00/ano.

Em 2003 chegou a R$ 6,20 per capita.

Desse total: 51% vieram dos municípios, 36%

dos estados e 13% da União.

Para cada real oriundo de fonte pública foi

aplicado mais um real por meio das leis de

renúncia fiscal, em todas as esferas.

(Fonte: Audiência Pública sobre a PNC na Comissão de Educação e Cultura da

Câmara dos Deputados em 26/08/2004)

Page 34: Cultura - Direitos - Cidadania

Economia da Cultura Portal da Transparência

Orçamento da União Executado (2012): R$ 1.415.229.000,00

Dívida Pública: 748, 2 Previdência Social: 322,3

Defesa: 59,8 Trabalho e Emprego: 57,7 Educação: 51,3

Fazenda: 45,0 Saúde: 26,0 Desenvolvimento Social: 21,2

Transportes: 17,7 Agricultura: 10,1 Justiça: 8,7

Ciência e Tecnologia: 7,7 Presidência: 6,1 Planejamento: 3,8

Desenvolvimento Agrário: 2,7 Relações exteriores: 1,6

Cidades: 12,0 Integração nacional: 4,8 Meio ambiente: 1,9

Comunicações: 1,7 Minas e energia: 1,8

Cultura: 1,1 (0,08%)

Desenvolvimento, Indústria e Comércio: 1,1

Turismo: 0,452 Esporte: 0,351 Pesca: 0,126.

Page 35: Cultura - Direitos - Cidadania

Economia da Cultura

O projeto de lei original de criação da Ancinav previa a

criação de contribuições (condecines) para a promoção

do desenvolvimento do mercado audiovisual no Brasil:

- 10% do ingresso de cinema

- 9% da locação de VHS e DVD

- 4% da publicidade veiculada em TV aberta

- Aumento de 3% para 6% na taxa paga por remessa de

lucros da TV por assinatura

- Taxa progressiva de acordo com o número de cópias

em lançamentos cinematográficos

A taxação do consumo parece a forma mais viável – e justa – na formação de

capital.

Page 36: Cultura - Direitos - Cidadania

Economia da Cultura

Há que considerar-se cinco tendências atuais:

1. “Etnomarketing”

2. Multiculturalismo

3. Cadeias e arranjos produtivos

4. Fim dos incentivos fiscais

5. Cultura como produção comercial categorizada no âmbito do comércio internacional (OMC)

6. O conceito mais abrangente de indústria criativa

7. Derrubada de barreiras geográficas e legais pela web

Page 37: Cultura - Direitos - Cidadania

O mesmo Canclini, em obra posterior (Culturas populares en el capitalismo.

México, Grijalbo. 2002. 237 p.) reforça a discussão da problemática cultura

popular VERSUS capitalismo.

Nosso enfoque considera o marketing cultural; entendido marketing

como o processo que se dá no âmbito do mercado - o qual pode ser

regido por parâmetros mais ou menos capitalistas. Uma visão mais

mercantil que fiduciária. Privilegiando mais a produção e a ação

culturais e menos a especulação sobre seu resultado. Mais o aspecto

humano que o aspecto financeiro. Mais o viés econômico e menos

foco no lucro financeiro (em seu lugar o lucro social).

RESPOSTA 1: Cumprindo a Constituição, subsidiando a exportação

e aperfeiçoando a legislação interna de apoio à produção nacional.

Page 38: Cultura - Direitos - Cidadania

RESPOSTA 2: Cabe aos políticos a penúria em que sempre tem sido

deixada a área cultural.

Os políticos gostam de dizer que “o segmento precisa organizar-se para

reivindicar”, mas não soa razoável pensar que a previdência social contou

com 44,60% das verbas orçamentárias executadas em 2004 ou que a

saúde tenha contado com 12,50% das mesmas – enquanto a cultura

recebeu apenas 0,16% – porque aposentados e pensionistas, ou mesmo os

adoentados brasileiros, tenham-se organizado para reivindicar.

A previdência e a saúde, assim como a educação – e como deveria ser

também para com a cultura –, simplesmente são obrigações do Estado e

sua manutenção e incremento devem ser objeto de luta em Brasília.

O SNC é uma resposta à questão.

Page 39: Cultura - Direitos - Cidadania

Cultura: Direitos e

Cidadania

Como articular as Políticas

Públicas de Cultura com as

demais políticas públicas?

Page 40: Cultura - Direitos - Cidadania

Sobre políticas culturais:

Alguns países têm na esfera pública a

liderança da política cultural. É, por exemplo, o caso

da França.

Outros têm ou incentivam uma atuação

mais forte da iniciativa privada no setor da produção

cultural. É o caso dos Estados Unidos.

Page 41: Cultura - Direitos - Cidadania

No caso de um sistema híbrido – como o brasileiro –

pode-se afirmar que, embora a iniciativa privada realize uma

grande quantidade de projetos culturais, esses projetos não

podem ser considerados fruto de uma política cultural, mas,

antes, políticas culturais de cada agente, fundação ou

empresa interessada em patrocínio.

Daí decorrem as críticas à política cultural do Brasil,

ancorada, principalmente, em leis de incentivo fiscal.

Page 42: Cultura - Direitos - Cidadania

RESPOSTA: Vincular ações da cultura com:

- a política de educação – um caminho direto;

- a política para infância e adolescência;

- as políticas inclusivas (Secretarias Especiais da

Mulher e da População Negra);

- a política de desenvolvimento econômico (via

BNDES, por exemplo);

- a política de desenvolvimento urbano;

- a política de direitos humanos.

Page 43: Cultura - Direitos - Cidadania

Neste ponto é oportuno citar Marco Túlio de Barros e Castro, advogado

especializado em direito autoral e propriedade intelectual, que vê no

direito à liberdade de expressão o fulcro de quaisquer ‘direitos culturais’

(a que alude o Art. 215 da C. F. e soma-se a isto o mandamento

constitucional do ‘acesso’ (Art. cit).

Isabel Azevedo, da subreitoria de extensão da UFRJ e especialista em

gestão de projetos e programas culturais acrescenta:

- a cultura é “instituinte da sociedade e da cidadania”

- é preciso evitar as “bilheterias invisíveis” e - garantir a contrapartida social.

Art. 2o / § único (Lei 8131/1991): “Os incentivos criados pela presente Lei

somente serão concedidos a projetos culturais que visem a exibição,

utilização e circulação públicas dos bens culturais (material/imaterial)

deles resultantes, vedada a concessão de incentivo a obras, produtos,

eventos ou outros decorrentes, destinados ou circunscritos a circuitos

privados ou a coleções particulares.

Page 44: Cultura - Direitos - Cidadania

Cultura: Direitos e

Cidadania

Qual o papel da cultura na

definição do perfil do

desenvolvimento sustentável dos municípios, estados e União?

Page 45: Cultura - Direitos - Cidadania

Política Cultural de Estado

- A vinculação de verbas (PEC no Senado) visa atingir

um patamar de destinação de 2% do orçamento federal,

1,5% dos orçamentos estaduais e 1% dos orçamentos

municipais para a cultura.

- Hoje, a média de investimento municipal já atinge este

patamar, porém sem vinculação garantida por lei.

OBTER TAIS NÍVEIS DE VINCULAÇÃO É A META PRINCIPAL.

Page 46: Cultura - Direitos - Cidadania

Política Cultural de Estado

- A garantia de que uma política de cultura seja reconhecida

pela cidadania no plano nacional (a exemplo do que já

ocorre com a Saúde e a Educação) está baseada na

existência de pelo menos uma diretoria específica destinada

a cultura em cada município e pela implantação dos Pontos

de Cultura, também em todos os 5.570 municípios brasileiros

– este, o principal instrumento de democratização da PNC.

Page 47: Cultura - Direitos - Cidadania

Resposta: política cultural se faz com recursos humanos e

financeiros. As dotações para a cultura têm que atingir patamares

mínimos recomendáveis sob pena de total inação (1% dos

orçamentos nacionais é o patamar mínimo recomendado pela

Unesco). Ora, se a cultura representa 0,8% do PIB brasileiro (con-

forme mostrou a pesquisa ‘Economia da Cultura’, do MinC,

publicada em 1998); em 2012, para um PIB de R$ 3,5 trilhões, isso

deveria significar a inversão de R$ 28 bilhões na cultura – o que

encontra-se a anos-luz da realidade (em 2013 estima-se o aporte de

R$ 990 milhões via leis de incentivo mais R$ 1,950 milhões

orçamentários – não descontado o eventual contingenciamento do

orçamento do MinC, que nos últimos anos tem sido de 50%.

Page 48: Cultura - Direitos - Cidadania

- Somente uma ação política articulada, de órgãos executivos de

estados e municípios, de ONGs e da cidadania e que desague no

Poder Legislativo (municipal, estadual e federal) pode mudar o

atual estado de coisas.

- A via do mercado é uma via mas não é a mais importante em

termos de resultado global (nem podemos chamá-la de política

cultural pois cada ação persegue as metas de cada player),

embora utilize recursos públicos oriundos da renúncia fiscal.

Não deve ser, todavia, estancada.

- A aprovação de leis orgânicas e de emendas parlamentares

pontuais (hoje condenadas) é que podem levar efetivamente ao

aumento das inversões de recursos públicos e privados.

Page 49: Cultura - Direitos - Cidadania

Pesquisas realizadas em Londrina, segunda maior cidade do estado do

Paraná, mostraram que numa amostra sócio-econômica

representativa da população local:

- Classe AB: 36% e Classe C: 64%, sendo, em termos de nível de

escolaridade: 36% fundamental; 36% intermediário e 28% superior:

- 50% sabiam da existência de uma legislação de renúncia parcial de ISS e

IPTU para o apoio à cultura e os outros 50% declararam não saber;

- 73,4% não sabiam da existência de uma legislação federal a respeito;

26,5% sabiam (sendo que nestes, 1,3% teriam já feito algum tipo de

apoio), o que, aliás corrobora com o que se verifica a nível nacional:

cerca de 1% da renúncia fiscal para projetos culturais vem da pessoa

física;

- Apesar disso 95,7% dos entrevistados responderam SIM quando

perguntados se achavam fundamental o apoio de empresas à

realização dos festivais (de teatro e de música da cidade).

Page 50: Cultura - Direitos - Cidadania

Conclusões da pesquisa realizada entre 1996 e 2000 como parte da

investigação para a tese:

Marketing Cultural: uma definição

Atividade deliberada de viabilização físico-financeira de

produtos e serviços que, comercializados ou franqueados,

venham atender às demandas de fruição e enriquecimento

cultural da sociedade.

O marketing cultural é uma atividade adotada pelas empresas como

parte de sua comunicação institucional, essa adoção é mais eficaz

como política e, dependendo do locus / fato gerador da iniciativa,

pode adotar características diferenciadas próprias, o que o categoriza

em diferentes modalidades, a saber:

Page 51: Cultura - Direitos - Cidadania

- marketing cultural de fim,

- marketing cultural de meio,

- marketing cultural de agente e

- marketing cultural misto.

Page 52: Cultura - Direitos - Cidadania

Marketing Cultural de Fim

Realizado por organizações cuja missão é a

produção/difusão cultural.

Page 53: Cultura - Direitos - Cidadania

Marketing Cultural de Meio

Realizado como um meio de promoção institucional por

organizações cuja missão não é a produção/difusão

cultural.

Page 54: Cultura - Direitos - Cidadania

Marketing Cultural de Agente

Realizado por empreendedores artístico-culturais,

com risco (se fora do show business), utilizando ou não,

incentivos fiscais.

Page 55: Cultura - Direitos - Cidadania

Marketing Cultural Misto

Fusão de modalidades. Instituições culturais e

patrocinadores/apoiadores. Co-patrocínio.

Page 56: Cultura - Direitos - Cidadania

“A confusão é tamanha que até o programa Gente que Faz, do

falecido Bamerindus, conseguiu os benefícios da Lei Rouanet,

embora fosse uma estratégia óbvia de publicidade. ‘O

patrocinador quer retorno do investimento tanto em propaganda

como em repercussão na mídia. E a arte popular normalmente

não proporciona isso’, lamenta Ariano Suassuna, secretário da

Cultura de Pernambuco”.

In Veja, p. 71.

Marketing Cultural

Atividade deliberada de viabilização físico-financeira de produtos e serviços que, comercializados ou franqueados, vem atender às demandas de fruição e enriquecimento cultural da sociedade.

De fim

Instituições cuja missão é a produção/difusão cultural.

De agente

Empreendedores artístico-culturais, com risco.

De meio

Instituições cuja missão não é a produção/difusão cultural.

Misto

Fusão de modalidades. Inst. culturais e patrocinadores/ apoiadores. Co-patrocínio.

Page 57: Cultura - Direitos - Cidadania

“A confusão é tamanha que até o programa Gente que Faz, do

falecido Bamerindus, conseguiu os benefícios da Lei Rouanet,

embora fosse uma estratégia óbvia de publicidade. ‘O

patrocinador quer retorno do investimento tanto em propaganda

como em repercussão na mídia. E a arte popular normalmente

não proporciona isso’, lamenta Ariano Suassuna, secretário da

Cultura de Pernambuco”.

In Veja, p. 71.

Page 58: Cultura - Direitos - Cidadania

Contexto em que surge a idéia de incentivo fiscal

(1a e 2a gerações)

1a. geração: lei 7.505 de 02/07/1986 - Lei Sarney

- característica principal: produtor cultural (pessoa

jurídica de natureza cultural) é o centro da renúncia

2a. geração: lei 8.313 de 23/12/1991 - Lei Rouanet

- característica principal: projeto cultural aprovado é o

centro da renúncia

O que advirá das propostas de mudança atuais?

Page 59: Cultura - Direitos - Cidadania

Estaríamos entrando no que se pode chamar de uma

3a geração do marketing cultural:

1a O centro da iniciativa estava na entidade

2a O centro da iniciativa estava no projeto

3a O centro da iniciativa onde estará?

No agente? Na política pública de cultura?

No investimento privado? Nas parcerias

público-privadas? Na pessoa física?

Page 60: Cultura - Direitos - Cidadania

Que propostas advêm dessa lógica?

M. C. de Fim: 100% de renúncia

M. C. de Meio: nenhuma renúncia

M. C. de Agente: 100% de renúncia

M. C. Misto: 50% de renúncia

Page 61: Cultura - Direitos - Cidadania

Quanto à distribuição geográfica:

Se a renúncia é do Imposto de Renda,

o projeto teria que ter âmbito nacional.

Se do ICMS o projeto teria que ter

abrangência estadual. Se ISS ou IPTU,

o alcance seria municipal. Hoje isto

não acontece, embora já seja exigido.

Page 62: Cultura - Direitos - Cidadania

Pequena bula para o uso de recursos de empresas estatais:

1. O controlador é quem deve decidir sobre suas políticas.

Nesse caso, Furnas não deveria ter modificado seus

critérios de “contrapartida social” após a “crise” de

maio de 2003. Na verdade, ao Estado cabe escolher.

2. Não deveriam poder utilizar-se de renúncia fiscal, pois

seu marketing cultural, sendo “de meio”, deveria contar

com verbas de comunicação. É um modo “torto” do

Estado implementar política cultural. Seu I. R. deveria

reverter ao Tesouro Nacional para outras finalidades.

Page 63: Cultura - Direitos - Cidadania

Alternativa:

O governo federal dota o MinC com uma verba à altura da importância da

cultura para o país, sem contingenciamento.

O Congresso Nacional ratifica ou retifica tal dotação por ocasião da

análise da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), sem

contingenciamento.

Importante:

A execução de qualquer orçamento (federal, estadual ou municipal) deve

ser acompanhada pelos interessados e pela própria sociedade.

Não se pode contentar só com o anúncio de cifras. Verbas não executadas

ratificam orçamentos prometidos como apenas isso: promessas.

Sem a pressão da comunidade diretamente interessada (vide o lobby do

cinema, que se não é bom exemplo, é pelo menos exemplo) não virá.

Page 64: Cultura - Direitos - Cidadania

Outro exemplo de custeio VERSUS atividade-fim (do clipping):

“Mais de 73% do orçamento da Funarte em 1998 não foi usado para a

atividade fim da instituição: promover e incentivar as artes e a cultura.

A maior parte desse dinheiro foi destinada ao pagamento de encargos

previdenciários da União (R$ 4.201.745,00) e à manutenção do órgão (R$

11.298.632,00). Dos R$ 23.306.538,00 empenhados, só R$ 6.264.780,00

constam do item que previa verbas para o patrocínio de atividades

culturais, segundo o SIAFI (Sistema Integrado de Administração

Financeira do Tesouro Nacional. O documento do SIAFI aponta que a

fundação usou dinheiro desse tópico na aquisição de uma mesa estilo

‘Le Corbisier’, para atender ao gabinete da Presidência, em dois

empenhos de R$ 51.256,16, totalizando R$ 102.512,32”.

Page 65: Cultura - Direitos - Cidadania

Alterações previstas para a legislação federal de incentivo à cultura

1. Democratizar o acesso aos recursos incentivados através da criação de um

teto por região e da distribuição de recursos focada nas prioridades e

carências de cada segmento;

2. Dinamizar a economia da cultura e gerar mais empregos e renda: cada

projeto deverá apresentar o número de profissionais contratados e os

projetos não incentivados poderão obter benefício na oferta dos bens

gerados (por exemplo: ingressos adquiridos por empresas locais poderão ter

renúncia fiscal);

3. Ampliar a participação financeira das empresas patrocinadoras, ajustando os

percentuais de desconto do imposto devido de 30% a 90%, ficando eliminada

a renúncia de 100% (busca do dinheiro “bom”);

4. As empresas que tiverem institutos e fundações próprios terão que

compensar os recursos de renúncia investindo um percentual (provável de

25%) em projetos independentes, financiando itens que já estejam em um

banco de projetos, repassando o percentual de renúncia fiscal para o Fundo

Nacional de Cultura ou participando de editais em conjunto com o MinC;

5. Elevar a qualidade dos projetos, criando modalidades de seleção por editais

(a exemplo do que fez a Petrobras) e criando nova sistemática de avaliação

dos projetos independentes;

Page 66: Cultura - Direitos - Cidadania

6. Focar recursos nas prioridades do país, elaborando editais para projetos

voltados a emergências e carências e formando consórcios de

patrocinadores selecionados em conjunto com o MinC, via editais

7. Desburocratizar e modernizar os instrumentos de gestão e facilitar o

atendimento e a orientação dos usuários, criando um cadastro e um

sistema únicos de inscrição de projetos via internet e criando um

sistema digital de informações online integrando MinC, Secom e

estatais, evitando a dispersão dos recursos hoje investidos pelo

governo em cultura;

8. Garantir controle total dos recursos captados: as contas dos projetos

passam a ser centralizadas no Banco do Brasil e na Caixa Econômica

Federal, onde os recursos poderão ser geridos online e ajustados em

tempo real;

9. Democratizar o acesso a bens e produtos culturais gerados, ampliando

o seu público através da circulação da produção e estendendo o seu

acesso a públicos excluídos (idéia de “contrapartida social”);

10. Elevar o teto de renúncia fiscal (em lei): de 990 milhões para 2 bilhões.

Page 67: Cultura - Direitos - Cidadania

Marketing Cultural SEM Incentivos Fiscais

Para comprovar se de fato as empresas adotaram o

marketing cultural como uma prática definitiva, será

preciso verificar a manutenção das mesmas em

tempo de não-incentivos fiscais.

Page 68: Cultura - Direitos - Cidadania

5 questões para reflexão

- Como transpor a era e a cultura de incentivos fiscais? Elevando os orçamentos nas diversas esferas e fazendo valer os mandamentos constitucionais relativos à cultura e à comunicação.

- Como garantir a livre circulação de bens culturais a salvo da pirataria e do conseqüente desrespeito a direitos autorais? Protegendo a cultura nacional da invasão da indústria cultural estrangeira hegemônica economicamente.

- Como mudar o conceito arraigado de “uma política cultural diferente a cada quatro anos”? A PNC, o SNC e Pontos de Cultura bastam?

- Como diferenciar o show business da produção artístico-cultural necessitada de incentivos? Velha questão: quem avalia? Diferentes graus percentuais de abatimento resolvem?

- Como ampliar o conhecimento dos executivos que decidem sobre o apoio à cultura, tanto nos governos, como nos anunciantes e agências? Estimulando mais a pesquisa e a formação profissional nesse (ainda) novo campo do fazer e do saber e elevando o nível de profissionalização do setor de produção artístico-cultural?

Page 69: Cultura - Direitos - Cidadania

Referências

- Economia da Cultura: contribuições para a construção do campo e histórico das organizações culturais no Brasil, livro de Lusia Angelete Ferreira e Manoel Marcondes Machado Neto (Ciência Moderna, 2011).

- Marketing Cultural: das práticas à teoria”, livro de Manoel Marcondes Machado Neto (Ciência Moderna, 2a. Edição, 2005).

- Marketing Cultural: características, modalidades e seu uso como política de comunicação institucional. Tese de Doutorado, ECA/USP, 2000.

- Marketing & Cultura: comunhão de bens (Portal na Internet, 1999)

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