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Declaração Universal dos Direitos Humanos Estados Nacionais como Fundamento da Pós-História Prof. Rodrigo Belinaso Guimarães

Declaração Universal dos Direitos Humanos

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Declaração Universal dos Direitos Humanos

Estados Nacionais como Fundamento da Pós-História

Prof. Rodrigo Belinaso Guimarães

Declaração Universal dos Direitos Humanos“(…) o ideal comum a ser atingido por todos os povos e nações.”

A Declaração dos Direitos Humanos da ONU (1948) idealiza a adoção internacional de um sistema de Estados-Nação concentradores de poder, os quais seriam os garantidores dos direitos individuais e sociais para suas populações. Estes Estados seriam chamados de democráticos na medida em que realizassem a alternância eleitoral de poder entre os partidários do liberalismo/segurança e da justiça social.

Declaração Universal dos Direitos Humanos“(…) o ideal comum a ser atingido por todos os povos e nações.”

O documento carrega contradições do século XX. Assim, mesmo após a experiência totalitária nazista e na vigência da soviética, a Declaração fortalece a presença do estado sobre os indivíduos. Ela faz concessões ao liberalismo, mas promove de fato políticas de bem-estar social estatizantes. É preciso ter em vista que os direitos nela garantidos precisam ser considerados bons por si mesmos e, como tal, realizados pela atuação da burocracia estatal, isso acarretaria, por consequência, que o Estado também passasse a ser valorizado positivamente.

Declaração Universal dos Direitos Humanos“(…) o ideal comum a ser atingido por todos os povos e nações.”

Pode-se conceber a Declaração como a possibilidade abstrata de uma comunidade internacional formada por Estados-Nação, pacífica e, assim, pós-histórica. Nesse sentido, durante o século XX, se amplia a formação de estados nacionais, cuja alternância interna de governos não permitiria que se transformassem em agentes históricos internacionais genuínos. Porém, a concentração de poder estatal para controlar suas próprias populações se realiza junto à consolidação do poder de forças eminentemente históricas e transnacionais, afastadas dos efeitos da opinião pública.

1939 – 1945II Guerra Mundial

Década de 1930Independência de países do Oriente

Médio

Guerras Mundiais entre Impérios Geopolíticos

1948Declaração

Universal dos Direitos Humanos

1947Independência da índia do Império

Britânico

Décadas de 1960-1970Independências na África e na Ásia

1948Formação do

estado de Israel

Anos 1990Dissolução da Iugoslávia

Ampliação dos Estados Nacionais

Anos 1990Dissolução da

URSS

Declaração Universal dos Direitos Humanos“(…) o ideal comum a ser atingido por todos os povos e nações.”

Fundamentos Conceituais da Declaração“(…) a mais alta aspiração do homem;”

Dignidade: Conforme a Declaração, não poderia haver vida que não pudesse ser vivida, não importando a condição étnica, física e mental dessa vida. A dignidade da vida se contrapõe ao conceito nazista de vida indigna de ser vivida, no qual o Estado decide quais grupos seriam mantidos em campos de concentração ou mortos. Com o fim do nazismo, regimes comunistas continuaram produzindo vidas indignas. Pode-se concluir do conceito de dignidade que a Declaração seria contrária a qualquer pena capital ou exemplar. Sem estar expressa na Declaração, a eutanásia constitui um limite para seus princípios, já que pressupõe uma decisão pessoal ou familiar sobre a dignidade de uma vida enferma, potencializada pela concentração de tecnologia na vida social que tem por um de seus efeitos produzir novos limites entre a vida e a morte.

Fundamentos Conceituais da Declaração“(…) a mais alta aspiração do homem;”

Dignidade: a declaração, a princípio, não condena o aborto, já que a dignidade da vida é conferida a partir do nascimento. Assim, o direito à vida é restrito aos nascidos vivos e não aos que foram gerados pura e simplesmente. A dignidade da vida do nascido é uma forma de se conceber a vida humana que se diferencia da potência de toda e qualquer vida concebida. Nesta última, qualquer embrião ou feto carregaria em si a potencialidade de se tornar uma vida humana plena.

Fundamentos Conceituais da Declaração

“(…) a mais alta aspiração do homem;”

Igualdade de Direitos: O Estado seria o garantidor de todos os direitos elencados na Declaração. Em outras palavras, os deveres correspondentes aos direitos caberiam muito mais ao Estado do que à própria população, cujos deveres principais seriam respeitar a lei e escolher em eleições entre liberalismo/segurança ou justiça social. Dessa forma, se faz necessária sempre uma estrutura burocrática para a efetivação dos direitos. “Todo homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente declaração possam ser plenamente realizados.” A ordem internacional, neste caso, compreenderia a comunidade de nações, sem impérios geopolíticos, porém camuflando estruturas transnacionais como a própria ONU, o globalismo, o islamismo, o movimento comunista, etc.

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Fundamentos Conceituais da Declaração

“(…) a mais alta aspiração do homem;”

Liberdade e Justiça: a Declaração projeta um mesmo e equivalente sistema de disputas político-ideológico, porém incentiva concepções multiculturalistas e relativistas para os valores culturais e religiosos em cada Estado-nação. Em geral, os sistemas políticos seriam formatados para apresentarem nas eleições um espectro que abrangeria o liberalismo econômico e os princípios de justiça social. Em outras palavras, a Declaração projeta como fundamento da democracia em cada nação, a existência de um equilíbrio entre medidas liberalizantes e socializantes. Dessa forma, as liberdades individuais precisariam conviver com sistemas de segurança e com mecanismos de equidade social centralizadores. Portanto, a declaração não concebe o jogo político como a disputa entre grupos pelo poder do Estado, mas através do equilíbrio abstrato entre esquerda e direita. “(…) promover o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla.”

Fundamentos Conceituais da Declaração

“(…) a mais alta aspiração do homem;”

Relações amistosas entre nações: a Declaração projeta o término dos impérios geopolíticos como a base para a paz internacional. Um dos problemas é que os refugiados, imigrantes ilegais e apátridas, muitas vezes, não usufruem do mesmo sistema de direitos dos nacionais. Essa contradição se potencializa na medida em que o Estado precisaria aumentar sua arrecadação fiscal para abranger em sua rede de direitos um número maior de pessoas nascidas em outros países.

Sinais dos Tempos“(…) o ideal comum a ser atingido por todos os povos (…) por medidas progressivas de

ordem nacional e internacional (…).”

Direitos Individuais: vida; liberdade; segurança; Dignidade; justiça; opinião; mudar de opinião; expressão; não sofrer discriminação; não ser escravo; não ser torturado; não ser arbitrariamente preso; igualdade perante a lei; ter um julgamento justo; ser presumido inocente; ampla defesa; ter vida privada; inviolabilidade da correspondência; poder ir e vir; pedir asilo político; ter uma nacionalidade; mudar de nacionalidade; contrair matrimônio livremente; divórcio; ter propriedade; praticar uma religião; liberdade de opinião e expressão; liberdade de receber e transmitir informações; patente; construir e desenvolver a própria personalidade.

Sinais dos Tempos“(…) o ideal comum a ser atingido por todos os povos (…) por medidas progressivas de ordem

nacional e internacional (…).”

Direitos Coletivos: seguridade social; trabalhar; escolher o trabalho; condições justas de emprego; proteção ao desemprego; remuneração justa e satisfatória; ter tempo de repouso e lazer; férias remuneradas; ter cuidados médicos; alimentação; vestuário; moradia; previdência social; proteção à maternidade e à infância; educação básica obrigatória; educação técnica acessível; educação superior por mérito; participar da produção cultural.

Direitos Políticos: liberdade de associação pacífica; liberdade de reunião; organizar sindicatos; tomar parte no governo; escolher representantes; ser funcionário público; participar de eleições periódicas; voto secreto e livre.

Conclusão

A Declaração Universal dos Direitos Humanos estabeleceu o ideal de um mundo pós-histórico capitaneado por uma entidade transnacional como a ONU, tal ideal seria alcançado através de medidas progressivas de ampliação de direitos em cada país. Trata-se, de alguma forma, de uma engenharia social internacional baseada na criação e fortalecimento de Estados Nacionais que concentrariam poder econômico, político e social internamente para distribuir à população uma gama de direitos individuais, sociais e políticos assentados numa ampla rede burocrática. Ao meu ver, isto seria a plena realização de uma sociedade estatizada, ou seja, que mantém a liberdade de mercado na medida em que esta esteja absolutamente controlada pelo Estado, vinculando ao seu domínio cada indivíduo inserido em suas fronteiras, mesmo que se garanta liberdades individuais formais. Os limites conceituais da declaração transparecem ao não abrangerem ou camuflarem a utilização de massas de refugiados como armas de guerra; a imigração ilegal; as dificuldades fiscais decorrentes dos direitos e da ampla burocracia estatal e a presença de forças transnacionais que são os verdadeiros agentes históricos mundiais.