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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO RELIGIOSO WERKSON DA SILVA AZEREDO 1 WERKSON DA SILVA AZEREDO 2 Curso Pós-Graduação Especialização em Ciências da Religião FANAN Faculdade de Nanuque RESUMO Este trabalho tem o objetivo de analisar a didática e a metodologia do Ensino Religioso uma vez que o desempenho do aluno em contato com um professor munido de todo um aparato didático-pedagógico pode ser potencializado, ressaltamos também, como a didática tem um papel importante no desenvolvimento de uma educação crítico- reflexiva. Em seguida, trataremos da Metodologia do Ensino Religioso com seu desenvolvimento ao longo da História brasileira desde da ação jesuítica até sua nova roupagem com o advento da LDBEN/97 - Lei 9475/97, nova redação do art. 33 da Lei 9394/96 e como o Ensino Religioso através de alguns princípios metodológicos pode alcançar seus objetivos, fugindo de uma matriz histórica de doutrinação e partindo para uma ação de conscientização tratando de temas diversos (diversidade, cidadania, dialogo, tolerância, ética, respeito etc.). 1. INTRODUÇÃO A didática, como veremos, é uma ferramenta indispensável para o professor pode ser diferencial para o aprendizado do discente mais que possuir conteúdo teórico o educador necessita de recursos que o aproxime da realidade dos alunos, se pudéssemos representar a didática com uma imagem a representaríamos como uma ponte entre o conteúdo e a aquisição-transmissão do conhecimento. A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa ” (Libâneo, 2001). A Didática passou de (...) apêndice de orientações mecânicas e tecnológicas para um atual (...) modo crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora de um projeto histórico, que não se fará tão somente pelo educador, mas pelo educador, conjuntamente, com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade(Santos, 2003. P. 139, apud, OLIVEIRA).

Didática e metodologia do ensino religioso

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO

RELIGIOSO

WERKSON DA SILVA AZEREDO 1

WERKSON DA SILVA AZEREDO2

Curso Pós-Graduação

Especialização em Ciências da Religião

FANAN – Faculdade de Nanuque

RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de analisar a didática e a metodologia do Ensino Religioso

uma vez que o desempenho do aluno em contato com um professor munido de todo um

aparato didático-pedagógico pode ser potencializado, ressaltamos também, como a

didática tem um papel importante no desenvolvimento de uma educação crítico-

reflexiva. Em seguida, trataremos da Metodologia do Ensino Religioso com seu

desenvolvimento ao longo da História brasileira desde da ação jesuítica até sua nova

roupagem com o advento da LDBEN/97 - Lei 9475/97, nova redação do art. 33 da Lei

9394/96 e como o Ensino Religioso através de alguns princípios metodológicos pode

alcançar seus objetivos, fugindo de uma matriz histórica de doutrinação e partindo para

uma ação de conscientização tratando de temas diversos (diversidade, cidadania,

dialogo, tolerância, ética, respeito etc.).

1. INTRODUÇÃO

A didática, como veremos, é uma ferramenta indispensável para o professor

pode ser diferencial para o aprendizado do discente mais que possuir conteúdo

teórico o educador necessita de recursos que o aproxime da realidade dos

alunos, se pudéssemos representar a didática com uma imagem a

representaríamos como uma ponte entre o conteúdo e a aquisição-transmissão

do conhecimento. “A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino

no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas

organizativas da aula se relacionam entre si de modo a criar as condições e os

modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa” (Libâneo, 2001).

“A Didática passou de (...) apêndice de orientações mecânicas e tecnológicas

para um atual (...) modo crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora

de um projeto histórico, que não se fará tão somente pelo educador, mas pelo

educador, conjuntamente, com o educando e outros membros dos diversos

setores da sociedade” (Santos, 2003. P. 139, apud, OLIVEIRA).

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Quando pensamos no contexto religioso brasileiro atual com sua dinamicidade

e pluralidade já podemos supor como é desafiante a prática do Ensino Religioso

nas escolas públicas e privadas, logo a abordagem deve ser diferenciada. O ER

por muito tempo foi sinônimo de catecismo mesmo no ambiente escolar, contudo

vem passando por uma renovação ganhou nova legislação (LDBEN/97 - Lei

9475/97, nova redação do art. 33 da Lei 9394/96) prevendo sua laicidade e o

não proselitismo, esse tem que ser inovador respeitando e a diversidade-

pluralidade levando os alunos a saberem lidar com o diferente através de um

olhar que contemple não apenas a si como o outro.

______________________ 1 Aluno do Curso de Pós Graduação- Especialização em Ciências da Religião - Lato – Sensu- Faculdade

Vale do Cricaré. 2 Graduado em Teologia.

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2.DIDÁTICA

2.1 Um pouco de História.

O pai da didática como ficou conhecido Jan Amos Komensky (1592-1670 -

Educador e pedagogo do século XVII) ou Comenius nasceu em Nivnice, Morávia,

hoje República Tcheca. “Superou o pessimismo antropológico que marcou a

Idade Média e Propôs um sistema articulado de ensino, reconhecendo o igual

direito dos homens ao saber. Destacou-se pela ousadia de suas propostas e foi

considerado como um revolucionário da educação” (Tavares, 2011, p.18).

Percebe-se o quão contemporâneo pode ser o posicionamento de Comenius

para a realidade da educação no Brasil, marcada pela desigualdade.

Comenius ficou conhecido por definir o processo de ensino em três fases

distintas que seria respectivamente: A escola Materna (responsável pelos

sentindo e iniciaria todo processo, sendo responsável por ensinar a criança a

falar); Escola Elementar (nesta a criança toma contato com a língua materna e

outros saberes como estudos sociais etc.); Escola Latina (nesta Comenius diz

ser o momento de contato com as ciências). Uma de suas obras mais conhecidas

é a “Didática Magna” na qual três desejos de Comenius ficam bem claros: 1.Que todos os homens (jovens e velhos, ricos e pobres) fossem

educados plenamente.

2. Que todos os homens fossem educados integralmente, para falar

sabiamente sobre tudo, com qualquer um, quando necessário.

3. Que todos os homens fossem educados em todos os aspectos: para a

verdade, a racionalidade, a sapiciência, a moralidade, a honradez e para a fé.

2.2.Conceituando.

O que seria a didática? O que é ter didática? Essas são perguntas relevantes

para iniciar nossa abordagem sobre didática e sua aplicabilidade no processo de

ensino-aprendizagem, basicamente didática seria a capacidade do educador de

proporcionar o melhor ensino possível aos seus alunos, independente dos

desafios que educação no contexto brasileiro apresente para os professores,

(desvalorização profissional e salarial - que em muitos casos os coloca em

rotinas desgastantes de mais de dez horas de trabalhos diário -, por

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consequência terão pouco tempo para preparar suas aula, falta de material

teórico, etc.).

Estes sabem que sua atuação deve proporcionar um aprendizado eficiente para

seus alunos, a razão de ser um professor é a transmissão de conhecimento que

conduza a emancipação, reflexão e autonomia.

Porém, o que leva alguns alunos a se identificarem mais com um professor em

detrimento de outrem? Ou, desenvolverem suas potencialidades de forma mais

eficiente em contato com determinado educador, como nos diz Libâneo: “Os

alunos mais velhos comentam entre si: “Gosto dessa professora porque ela tem

didática”. Os mais novos costumam dizer que com aquela professora eles

gostam de aprender. ” Possuir didática é fator de diferenciação para o

profissional educador e para o discente em contato com este, como revela o

gráfico1 abaixo:

GRÁFICO 1 - A importância de uma boa aula: pesquisa nos EUA indica que a qualidade do professor tem influência direta no desempenho dos estudantes.

“A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto,

no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se

relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de garantir aos

alunos uma aprendizagem significativa” (Libâneo, 2001). A Didática como

disciplina analisará dentro de um contexto e qual a melhor perspectiva,

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abordagem a ser utiliza para que os objetivos pré-estabelecidos possam ser

alcançados.

Marques, em seu dicionário pedagógico nos fornece outra definição do termo

didática:

Termo que designa o procedimento cujo objeto é instruir pelo ensino.

É considerada uma disciplina que reúne os instrumentos necessários

aos professores para estruturar e realizar o processo de ensino. Há

uma didática geral e didáticas específicas. As últimas estão

diretamente relacionadas com as especificidades do ensino de

determinadas disciplinas ou áreas curriculares [...].

O professor que naturalmente não possua os atributos necessários pode valer -

se da Didática e seus instrumentos a fim de munir-se de todo um aparato que

lhe capacitará a exercer sua função de forma excelente. Avaliando o contexto no

qual está inserido, a disciplina e a melhor abordagem tornando o conhecimento

cada vez mais próximo à realidade do aprendiz, assim o que outrora era teórico

e abstrato, torna-se tangível, como esclarece Libâneo sobre a atuação do

professor:

“O professor, na sala de aula, utiliza-se dos conteúdos da matéria para

ajudar os alunos a desenvolverem competências e habilidades de

observar a realidade, perceber as propriedades e características do

objeto de estudo, estabelecer relações entre um conhecimento e outro,

adquirir métodos de raciocínio, capacidade de pensar por si próprios ,

fazer comparações entre fatos e acontecimentos, formar conceitos

para lidar com eles no dia-a-dia de modo que sejam instrumentos

mentais para aplicá-los em situações da vida prática.”

Voltemos a analisar o termo didática e a segunda pergunta com a qual iniciamos

o presente estudo, “o que é ter didática? ”, sabemos que ter didática não é

sinônimo de possuir conhecimento, uma vez que não nos é estranho ouvir de

algum aluno: “aquele professor possui muito conhecimento, mas não tem

didática, não consigo aprender” O vocábulo “Didática” surgiu do grego Τεχνή

διδακτική (techné didaktiké), que se traduz por “arte” ou “técnica de ensinar”,

logo, ter didática refere-se a conhecer os atalhos para aquisição de

conhecimento, como proporcionar o ensino, como define Gil, sobre o que seria

a Didática: (...) a sistematização e racionalização do ensino, constituída de

métodos e técnicas de ensino de que se vale o professor para efetivar a sua

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intervenção no comportamento do estudante (Gil 1997, pag. 109, Apud,

OLIVEIRA).

Maria Rita Oliveira (1988) amplia nossa concepção sobre o tema, a partir da

realidade brasileira e o ambiente escolar:

“A autora conceitua Didática, considerando o Brasil, como uma

concepção de ensino e prática social articulada a outras práticas

sociais na formação social brasileira. A autora apresenta uma

conceituação da didática como crítica. Nela, há um compromisso com

o ensino, ensino esse voltado para os interesses das classes

populares, com a transformação das relações de opressão e

dominação e com a democratização da escola pública; com o

entendimento da sala de aula como espaço de progressão próprio do

saber didático-prático. A didática é definida como teoria pedagógica de

caráter prático, ou seja, teoria que busca prover respostas a demandas

apresentadas pela sociedade à área pedagógica, sobre o

desenvolvimento da prática no dia a dia da sala de aula, por meio de

princípios construídos sobre a realidade concreta dessa prática,

envolvendo um saber tecnológico que implique técnicas e regras sobre

como ensinar. A didática – teoria pedagógica – estuda e ensina como

transformar o saber escolar, ou seja, o processo de pedagogização do

saber científico” (Tavares, 2011, p. 15)

2.3. Didática: mais do que técnicas.

Até o presente momento utilizou-se conceitos de teóricos com a intenção de

desvendar e conceituar a Didática, todavia mais que definir é preciso conhecer

sua amplitude e a finalidade, uma das definições que nos foi apresenta (Gil,

1997) e desta como “Técnicas de Ensino” ampliaremos nossa compreensão,

pois didática é bem mais do que técnicas. Santos (apud, 2003. P. 139) nos auxilia

com sua colocação sobre a função da Didática: “A Didática passou de (...)

apêndice de orientações mecânicas e tecnológicas para um atual (...) modo

crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora de um projeto histórico,

que não se fará tão somente pelo educador, mas pelo educador, conjuntamente,

com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade”. Além

disso, quando ampliamos nossos olhares para questões sociopolíticas

perceberemos que há toda uma dinâmica que envolve o papel do educador, os

vários grupos sociais têm perspectivas distintas no tocante a Educação e mais,

suas demandas são opostas “Os grupos que detêm o poder político e econômico

querem uma educação que forme pessoas submissas [...] Os grupos que se

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identificam com as necessidades e aspirações do povo querem uma educação

que contribua para formar crianças e jovens capazes de compreender

criticamente as realidades sociais [...](Libâneo 2001, p. 2)”

Assim, a Didática toma um norte todo especial pois consciente da sua

responsabilidade para contribuir com uma educação libertadora que torna o

indivíduo reflexivo-critico ante uma realidade social o Educar utilizará a Didática

da melhor forma possível para alcançar sua finalidade: que seria preparar os

alunos para a vida e sociedade. “A Didática é o principal ramo de estudo da

Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, as condições e os modos de

realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sociopolíticos

e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em

função desses objetivos. ” (Libâneo 1992, p. 25)

3.METOLOGIA DO ENSINO RELIGIOSO

3.1 Analise histórica do Ensino Religioso no Brasil

O Ensino religioso sempre esteve presente na educação do Brasil inicia-se com

a ação jesuítica que ocorria dentro do pacto existente entre coroa Portuguesa e

o Igreja Católica, tal pacto e conhecido como padroado, Zabatiero:

Por padroado se entende o acordo entre a Cúria Romana e a Corte

Portuguesa mediante o qual a primeira delega ao monarca português

o direito de gerir a Igreja Católica nas terras brasileiras. Se, por um

lado, o Vaticano cedia à corte parcela significativa do seu poder, por

outro, garantia que o Estado português assegurasse o sustento

financeiro e a perpetuação da Igreja Católica como a religião oficial dos

povos dirigidos pelo monarca português. Esse sincretismo Igreja -

Estado é denominado, na teologia, de Cristandade.

A proposta do padroado trazia benefícios para ambas as partes envolvidas

porém no que se refere a educação trouxe um caráter catequético romanista: “O

que prevalecia no ensino religioso era a evangelização da religião oficial, ou seja,

da Igreja Católica e não dos protestantes, judeus, espíritas, entre outros. ” (Web

artigos) posteriormente (Primeira República) o ensino religioso começa a perder

espaço: “de uma maneira geral, na sociedade, que começa a estabelecer um

grau facultativo para o referido ensinamento, tornando-se posteriormente quase

que figurativo nos atuais estados laicos, seja nas escolas públicas ou privadas.

” (Leonor, 2006) Após a Proclamação da República em 1889, Igreja e Estado se

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separam e a liberdade de culto juntamente com o reconhecimento da diversidade

religiosa é estabelecida. “Porém, o ensino religioso em nosso país continua

sendo, na prática, o ensino da fé cristã, muitas vezes relegando totalmente

outros ensinamentos religiosos. ”

Com a constituição de 1934 ocorre uma nova aproximação entre estado e igreja

temos mais uma vez a formação de um estado autoritário. Vemos a seguir as

fases seguintes pelas quais trilhou o Ensino Religioso:

De 1930 a 1937 o ensino religioso é de caráter facultativo, pois as aulas

são ministradas conforme os princípios da confissão religiosa do aluno,

manifestadas pelos pais e responsáveis.

No Estado Novo (1937-19450) o ensino religioso deixou de ser obrigatório

para os alunos.

No terceiro período republicano (1946-1964) o ensino religioso foi

contemplado como dever do Estado para com a liberdade religiosa do

cidadão que frequenta a escola.

Durante o quarto período republicano (1964-1984) o ensino religioso

passou a ser obrigatório para a escola, pois o aluno poderia decidir em

fazer ou não, no ato da matrícula, o ensino religioso.

De 1986 a 1996, o ensino religioso buscou a sua redefinição como

disciplina regular do conjunto curricular. O Ensino Religioso passou a ser

facultativo, sendo uma disciplina dos horários normais das escolas

públicas do ensino Fundamental.

Atualmente, o ensino religioso passou por uma reformulação na qual está

orientado com temas como: diversidade, cidadania, dialogo, tolerância, ética,

respeito etc. não cabendo a esse o papel de doutrinador, qualquer pratica

proselitista é vedada de acordo com a LDBEN/97 - Lei 9475/97, nova redação

do art. 33 da Lei 9394/96, a laicidade dever uma ação permanente na sua prática

pedagógica:

Art. 1º - O art. 33 da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996,

passa a vigorar com a seguinte redação:

Art. 33- O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte

integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos

horários normais das escolas públicas de ensino fundamental,

assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas

quaisquer formas de proselitismo.

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3.2 O Ensino Religioso pode ser definido como:

Um processo de observação, reflexão e informação sobre as diversas

manifestações do sagrado, a partir do contexto social e cultural do

educando.

Uma abertura ao diálogo inter-religioso, na perspectiva dos valores

universais, comuns a todas as tradições religiosas, espirituais e místicas,

tendo por base a alteridade e o direito à liberdade de consciência,

expressão do pensamento e opção religiosa. (Borres Guilouski e Emerli Schlögl,

Equipe Pedagógica da ASSINTEC/SME de Curitiba)

Que tem os seguintes objetivos:

Proporcionar o conhecimento e a compreensão das diferentes

manifestações do sagrado, a partir da realidade sociocultural dos

educandos.

Contribuir com a construção da cidadania mediante o conhecimento do

fenômeno religioso, do exercício do diálogo inter-religioso, do respeito às

diferenças, da superação de preconceitos e estabelecimento de relações

democráticas e humanizadoras.

Refletir sobre o sentido da vida e sobre os questionamentos existenciais.

Analisar o papel das tradições religiosas, espirituais e místicas na

estruturação e manutenção das diferentes culturas.

Educar para a cultura da paz, da fraternidade e da solidariedade para com

todos os seres, incluindo a natureza e a humanidade. (Borres Guilouski e Emerli

Schlögl, Equipe Pedagógica da ASSINTEC/SME de Curitiba)

3.3 Princípios metodológicos

A partir destes apontamentos cabe algumas colocações sobre o ensino religioso

e sua função no meio escolar, antes de mais nada a constituição brasileira prevê

que o ensino religioso deve ser laico e não proselitista, assim deve tratar das

diversas expressões religiosas não só no contexto brasileiro (catolicismo,

protestantismo, espiritas, umbandistas etc.) como religiões e expressões do

sagrado no mundo (ex.: budismo) respeitando o pluralismo.

Para uma metodologia adequada que cumpra os objetivos tanto pedagógicos

quanto legais (LDBEN/97 - Lei 9475/97, nova redação do art. 33 da Lei 9394/96)

do ensino religioso é preciso ir além da apresentação de temas vinculados ao

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sagrado ou a um estrutura religiosa cabe ao educar pôr os educados em contado

com “fundamentos de vida não religiosos, que também levam à compreensão da

realidade.” (SEED, 2008).

Dentro dessa perspectiva o professor toma a função de orientador conduzindo o

educando aos múltiplos olhares, deixando de olhar apenas para si de forma

ortodoxa, mas considerando e respeitando a diversidade:

O professor de Ensino Religioso, no exercício de sua prática

pedagógica, precisa ser o mediador que envolva e leve o aluno

interagir com o conhecimento religioso de maneira transparente, assim

aceitando as desigualdades. Percebe-se que o aluno é o sujeito desta

práxis educacional e está em interação com o outro e a mesma

contribui para a construção de seu arcabouço cultural1.

Segundo o FONAPER (FONAPER–Fórum Nacional Permanente do Ensino

Religioso) o profissional professor do ER deve ainda ter o seguinte perfil:

A atual proposta de Ensino Religioso requer um profissional de

Educação com: formação adequada ao desempenho de sua ação

educativa; abertura ao conhecimento e aprofundamento permanente

de outras experiências religiosas além da sua; consciência e espírito

sensível voltados à complexidade e pluralidade da questão religiosa;

disposição ao diálogo, com capacidade de articulá-lo a luz das

questões suscitadas no processo de aprendizagem dos estudantes;

uma vivência de reverência à alteridade; capacidade de ser o

interlocutor entre escola e comunidade, reconhecendo que a escola

propicia a sociabilização do conhecimento religioso sistematizado, ao

passo que a família e a comunidade religiosa são os espaços

privilegiados para a vivência religiosa e para a opção de fé.

A metodologia do ensino religioso buscará o que o aluno saiba reconhecer e

perceber toda uma diversidade que o rodeia, conduzindo ao diálogo religioso,

mostrando ao aluno uma nova forma de pensar e viver dentro da pluralidade

religiosa existente nas escolas, nas ruas, nas próprias famílias, ou seja, no seu

habitat. A educação que em sua abordagem não promove este contato de

ampliação e formação do indivíduo peca por si só:

Esta disciplina também ensina viver e conviver, estimulando o aluno a

sair de si mesmo para encontrar o outro. Principalmente se este outro

for pessoas que necessita de uma educação especial. Então o ensino

religioso, na sua dinâmica interpessoal incluirá o diferente, como

cidadão com direitos iguais aos demais (...) Aliás, as dimensões

religiosa e cultural fazem parte do crescimento integral do cidadão, que

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não pode deixar de lado este tão importante complemento.

Imperdoável privar o educando do acesso aos conhecimentos desta

natureza, sejam quais forem suas dificuldades em superar os limites

como pessoa. (Neves, 2006).

3.4 Como desenvolver de forma eficiente a metodologia do ensino

religioso?

Dentro do contexto no qual será trabalhada a disciplina e lembrando da

responsabilidade do ER com a diversidade uma forma de abordar de maneira

interessante para os educandos seria os debates nos quais professores e alunos

em reflexão conjunta construíssem uma visão ampla da pluralidade no campo

religioso mundial e do diferente (aqueles que possuem necessidades sejam

físicas ou sociais), para que tais alunos construam ou possam ter as bases para

construção de um viver mais ético:

A metodologia do Ensino Religioso deve ser dinâmica e inovadora,

permitindo a interação e o diálogo no processo de construção e

socialização do conhecimento, de maneira que professor e alunos

juntos possam (re) significar o conhecimento. Não se trata de oferecer

uma receita pronta e definitiva, mas uma sugestão a partir da qual o

professor possa desenvolver os conteúdos desta disciplina, usando de

sua criatividade. (Borres Guilouski e Emerli Schlögl, Equipe Pedagógica da

ASSINTEC/SME de Curitiba)

Assim, definiremos três momentos distintos para a metodologia do ER:

Sensibilização: configura-se com atividades de sensibilização,

permitindo integrar os diferentes aspectos do educando: biofísico, afetivo,

cognitivo, cultural, social, religioso, ético e estético. Essas atividades de

integração (holopráxis) são orientadas com a intencionalidade de propiciar ao

aluno uma abertura ao outro e à humanização, bem como o estabelecimento de

relações que favoreçam o aprendizado por meio do diálogo.

Observação-reflexão-informação: No momento seguinte, sugere-se a

realização de atividades de observação-reflexão informação, de forma

simultânea, numa dinâmica circular, em que, ao mesmo tempo, observa se,

reflete-se e se informa. Busca-se, desse modo, decodificar e analisar os

elementos básicos que compõem o fenômeno religioso, enfocando os conteúdos

em uma rede de relações.

Page 12: Didática e metodologia do ensino religioso

Síntese e proposição ética: O terceiro e último momento constitui uma

síntese e proposição ética. Nesse momento, busca-se coletivamente estabelecer

com os alunos um referencial de comportamento ético, deforma articulada com

o conteúdo trabalhado.

Page 13: Didática e metodologia do ensino religioso

REFERÊNCIAS

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LIBÂNEO, José Carlos. DIDÁTICA Velhos e novos temas - Edição do Autor

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Didática: um discurso da neutralidade científica. Belo Horizonte: Editora

UFMG, 1988. p. 33-47.

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Neves, Leonor Maria Bernardes. Metodologia para o ensino religioso escolar

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novembro de 2006.

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Acesso em 27 de Maio de 2014.