Discriminação e controle de estímulos 2

Embed Size (px)

Citation preview

/

/

Fundamentos Tericos em Psicologia II Comportamentalismo

Aula 6Discriminao e controle de estmulos 2

Prof. Dr. Caio Maximino

Objetivos da aula

Aprofundar os conceitos de discriminao e generalizao e conceitos correlatos

Exemplificar e aprender a interpretar resultados experimentais sobre controle de estmulos

Analisar o conceito de encadeamento de respostas e sua relao com a contingncia de trs termos

O conceito de discriminao

O estudo do controle de estmulos promete produzir resultados importantes na compreenso de comportamentos humanos complexos, como o caso dos comportamentos envolvidos no conhecimento do mundo e de si prprio (SRIO et al., 2010, p. 8) COGNIO

De fato, boa parte da obra de divulgao de Skinner (Cincia e Comportamento Humano, Sobre o Behaviorismo) busca a reduo inter-terica

O controle de estmulos j estava presente em The Behavior of Organisms (Skinner, 1938)

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Pombos podem ler?

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Controle de estmulos em 1938

Uma conexo entre um operante e um estmulo reforador pode ser estabelecida independentemente de qualquer estimulao especfica que esteja agindo antes da resposta. (...) com ateno constante, possvel reforar uma resposta () sob muitos conjuntos diferentes de foras estimuladoras e independentemente de qualquer conjunto especfico. Na natureza, entretanto, a contingncia de reforamento para uma dada resposta no mgica; o operante deve operar sobre a natureza para produzir seu reforamento. Embora a resposta seja livre para ocorrer em um nmero muito grande de situaes estimuladoras, ela ser efetiva na produo de reforamento somente em uma pequena parte delas. Usualmente, a situao favorvel marcada de alguma maneira e o organismo faz uma discriminao (...). Ele passa a responder sempre que estiver presente o estmulo que estava presente na ocasio do reforamento anterior e a no responder em outras situaes. O estmulo anterior (...) meramente estabelece a ocasio na qual a resposta ser reforada.

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Controle de estmulos em 1938

Ao afirmar que Embora a resposta seja livre para ocorrer em um nmero muito grande de situaes estimuladoras, ela ser efetiva na produo de reforamento somente em uma pequena parte delas, Skinner est delineando a proposta que o operante discriminado definido por sua relao com o antecendente e com o consequente

Dizer que essa dupla relao caracterstica do comportamento operante supor que a sensibilidade aos estmulos que antecedem a resposta produto evolucionrio. (SRIO et al., 2010, p. 11)

Como vimos na aula passada, isso no significa que o operante discriminado seja eliciado; na verdade, o contexto (antecedentes) s pode estabelecer controle sobre a resposta dentro de uma histria de reforamento diferencial.

Discriminao o controle de estmulos estabelecido dessa forma.

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

SD e S

Estmulos discriminativos (SD ou S+) Aumentam a probabilidade da resposta ocorrer porque foram associados consequnciao estmulo na presena do qual a resposta foi reforada

Estmulos delta (S ou S-) Diminuem a probabilidade da resposta ocorrer porque foram associados ausncia de consequnciaos estmulos na presena dos quais a resposta no foi seguida de reforo

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Discriminao e generalizao descrevem relaes de controle

Na psicologia do senso comum, os termos so entendidos como atividades do organismo ou como propriedades do estmulo

[...] generalizao no uma atividade do organismo; simplesmente um termo que descreve o fato de que o controle adquirido por um estmulo compartilhado por outros estmulos com propriedades comuns ou, colocado de outro modo, que o controle compartilhado por todas as propriedades do estmulo consideradas separadamente. (...) a discriminao (...) tambm no uma forma de ao por parte do organismo (CCH, p. 147)

verdade que estmulos podem ter propriedades fsicas comuns e, em um sentido fsico, so, portanto, 'semelhantes'. Mas, quando as pessoas dizem que as coisas so semelhantes, elas querem dizer que tendem a reagir a elas da mesma maneira (Keller e Schoenfeld, 1950, p. 124)

Discriminao e generalizao descrevem relaes de controle. So termos que descrevem o fato de que uma determinada classe de respostas est sob controle de uma classe de estmulos. (SRIO et al., 2010, p. 28).

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Aquisio dos operantes discriminados

O processo de estabelecimento de uma discriminao envolve experincia com, pelo menos, uma classe de respostas e dois conjuntos de estmulos: aqueles que devero assumir uma funo de SD para essa classe de respostas e aqueles que devero assumir uma funo de S com relao a essa classe (SRIO et al., p. 13)

Discriminao sucessiva: SD e S apresentados em sucesso; intervalo inter-estmulos crucial

Discriminao simultnea: SD e S apresentados em ao mesmo tempo; posio dos estmulos crucial

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Estmulos contnuos

Chamamos de estmulo qualquer evento do mundo que afeta o comportamento. Um estmulo tem mltiplas dimenses (caractersticas, atributos, propriedades) (SRIO et al., p. 16)

Se uma resposta reforada em durante um SD, e alguma propriedade do SD variada, o responder pode depender de quanto o estmulo mudou; nesse caso, os efeitos do reforo podem se estender para outros estmulos semelhantes (generalizao)

A extenso do efeito a outros estmulos denomina-se generalizao (...). O processo sugere que a noo de um estmulo discreto to arbitrria quanto a de um operante discreto. (CCH, p. 132)

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Generalizao

Para avaliar um gradiente de generalizao, treinamos um operante discriminado e ento, em extino, apresentamos estmulos que variam na mesma dimenso do SD e avaliamos o responder

Assim, com base em um procedimento de discriminao, podemos identificar duas classes de estmulos que aumentam a probabilidade de ocorrncia de uma resposta: a classe de estmulos na presena da qual ocorreu o reforamento e a classe de estmulos que, a partir dessa experincia, efetivamente passa a controlar o responder. (SRIO et al., p. 18)

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Gradientes de generalizao

Um grupo de pombos foi treinado em VI na presena constante do tom

Nem a frequncia do tom nem sua presena ou ausncia

Outro grupo de pombos, o tom estava presente em correlao com a resposta

A frequncia original produziu a maior frequncia de Rs; quanto mais prxima a frequncia de teste da frequncia original, maior a taxa de R a essa nova frequncia

Jenkins e Harrison, 1960

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Gradientes de ps-discriminao

Aqui, um grupo de pombos teve seu responder observado aps o treino de discriminao com somente SD

Em outro grupo, as bicadas ao disco foram reforadas sob SD e extintas sob outro comprimento de onda (S)

O pico do gradiente foi deslocado em direo oposta ao S

Spence (1937): O reforo na presena de SD cria um gradiente de resposta excitatrio centrado no SD, enquanto a extino na presena de S produz um gradiente inibitrio

Pode refletir propriedades fisiolgicas

Hanson, 1959

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Gradientes de inibio

Um grupo de pombos foi treinado a bicar um disco com uma linha vertical com SD, para outro grupo a linha vertical era um S

No primeiro grupo, o responder em teste de generalizao diminuiu com os maiores desvios na vertical; no segundo grupo, o responder aumentou com os maiores desvios da vertical

Honig et al., 1963

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Guttman (1974): Controle de frequncia e distribuio da resposta

7 pombos (Columba livia)

12 sesses de treino de discriminao:Sob uma luz de 550 nm, o comportamento de bicar o disco era reforado em um esquema VI1min

Sob uma luz de 570 nm, o comportamento era reforado em um esquema VI5min

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Resultados do treino

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Guttman (1974) Teste de generalizao

1 teste de generalizao: 10 estmulos (510-590 nm, em incrementos de 10 nm) apresentados aleatoriamente.

Hanson (1959): Treino com SD em 550 nm e S em 570 nm

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Guttman (1974) e Hanson (1959) Teste de generalizao

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFadingA generalizao parece estar sob controle das diferentes probabilidades de reforo relacionadas com os diferentes estmulos

Gradientes e ateno

Gradientes so medidas do responder durante diferentes estmulos como uma funo de sua localizao ao longo de um contnuo

Qualquer que seja o gradiente, podemos sempre formular questes sobre as dimenses de estmulo a que de fato um organismo presta ateno. (Catania, 1999)

O controle exercido por um estmulo discriminativo tratado tradicionalmente no tpico ateno. Este conceito inverte a direo da ao ao sugerir que no o estmulo que controla o comportamento do observador, mas o observador que atenta para o estmulo e assim o controla. No obstante, s vezes reconhecemos que o objeto 'chama ou mantm a ateno' do observador. (CCH, p. 135)

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Exemplos cotidianos

Uma orientao dos olhos no o nico resultado possvel. O comportamento de procurar enxergar no escuro ou em um espesso nevoeiro um exemplo de olhar com orientao para o campo visual inteiro. O comportamento de examinar o campo - ou responder a cada parte do campo de acordo com algum padro exploratrio - o comportamento que mais frequentemente reforado pela descoberta de objetos importantes; por consequncia, torna-se mais provvel. (CCH, p. 136)

O controle de estmulos pode explicar vigilncia (atentar para) e ateno seletiva

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Reynolds, 1961: Discriminao de orientao espacial

4 pombos

Resposta de bicar o disco reforada com acesso ao alimento em esquema VI90s

Estmulos: orientao do pice de um tringulo

Vrias fases experimentaisTreino 1

Treino discriminativo 1 (42 sesses): Rs reforadas somente quando emitidas diante de duas posies do tringulo

Treino discriminativo 2 (14 sesses): Durante partes do percurso do tringulo, o disco era escurecido

Treino discriminativo 3 (43 sesses): Reverso da discriminao

Treino 2: Todas as respostas de bicar reforadas

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Lubinski e Thompson (1987): Discriminao de estado interno

5 pombos

5 operanda (discos) associados a um reforador (gua ou alimento) ou a S condicionados (letras N, D, ou S)

Sujeitos submetidos a um esquema de privao alternado: 28 h de privao de alimento / 4 h de privao de gua, OU 4 h de privao de alimento / 28 h de privao de gua

Treino inicial: Bicar o disco associado gua ou a alimento na presena de uma luz azul piscante reforado com acesso aos reforadores

Treino discriminativo: Injeo de pentobarbital (D), cocana (S), ou salina (N); o responder no disco correspondente na presena da luz produz gua ou alimento

Teste de generalizao: Clordiazepxido, anfetamina, ou salina

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Encadeamento

Um estmulo discriminativo tambm torna-se um estmulo reforador condicionado; se apresentado como conseqncia de uma determinada resposta, aumentar a probabilidade de essa resposta voltar a ser emitida (SRIO et al., 2010, p. 47)

Lubinski e Thompson (1987): A luz azul piscante estabelecida como SD para a R e ento utilizada como reforador condicionado para a R de bicar um dos 3 discos com letras ENCADEAMENTO

A EMISSO DE UMA RESPOSTA ALTERA O AMBIENTE, PRODUZINDO AS CONDIES QUE EVOCAM OUTRAS RESPOSTAS.

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Encadeamento

Cadeias de respostas podem ser mais ou menos organizadasQuando samos para um passeio, andando sem rumo pelo campo ou passeando ao acaso em um museu ou uma loja, um episdio em nosso comportamento gera as condies responsveis por um outro. (CCH, p. 244)

Cadeias de respostas podem apresentar-se como uma unidade altamente organizada, de forma que os elos (comportamentos) ocorrem mais ou menos na mesma ordem e toda a cadeia controlada por uma nica consequncia

A aquisio de Rs encadeadas depende de:Modelagem de cada R

Estabelecimento de controle discriminativo adequado para cada R

Utilizao da consequncia de uma R como SD para a R seguinte da cadeia

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading

Fading

Transformao gradual de um S em outro, ou mudana gradual de uma dimenso do estmulo

Terrace (1963a): Intensidade de luz do SD mantida constante; S introduzido gradualmente, manipulando intensidade do S e durao de sua apresentaoAnimais expostos a esse procedimento no emitem respostas ao S mesmo no tendo passado por EXT

Terrace (1963b): Animais que j discriminavam verde e vermelho aprendem nova discriminao, com S vermelho com linha vertical branca e S verde com linha horizontal branca; esvanecimento da cor do S coloca os animais sob controle da posio das linhas

Controlede estmulosGradientesExemplosexperimentaisRespostasencadeadasFading