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EBD

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Ofensa, arrependimento

e redenção

O livro de Isaías é enorme! A� nal, são mensagens pregadas por várias décadas. O que di� culta um pouco a compreensão de tais mensagens é que nem todas informam o contexto que as motivou. Também, não estão na ordem de surgimento. É comum saltar de uma época a outra e voltar a ela novamente durante os capítulos de Isaías. O texto tem um ritmo quase incansável, o que torna sua leitura um grande desa� o.

Como todo grande profeta daquele época, Isaías teve discípulos em torno de si. Essa tradição profética deve ter continuado a pregar suas mensagens mesmo após a morte de Isaías, o que provocou, possivel-mente, o alcance de suas mensagens para muito tempo após sua pró-pria época. Isso estenderia ainda mais o ambiente histórico das mensa-gens deste grande livro para o exílio ou depois dele.

No meio de tantas palavras proféticas, uma insistente nota toca no fundo: as pessoas ofenderam Deus com suas injustiças, que as chama ao arrependimento e promete redenção aos arrependidos. Se nos confun-dirmos no meio da multidão de palavras, lembremos de ofensa, arrepen-dimento e redenção – elas resumem a mensagem de Isaías.

Papo aberto

4O TRIMESTRE – 2013 1

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ATITUDE ALUNO2

Literatura BatistaAno CVII – NO 428 – Out.Nov.Dez. de 2013

Nossa missão: “Viabilizar a co ope-

ração entre as igrejas batistas no

cumprimento de sua missão como

comunidade local”

ISSN 1984-8633

Nota da Redação: Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores,

Autor das lições:

Atitude Aluno

Publicação trimestral do

Departamento de Educação Religiosa da

Endereços

Direção Geral

Coordenação Editorial

Redação

Produção Editorial

Studio Anunciar

Distribuição

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4O TRIMESTRE – 2013 3

4

Sumário

9Lição 1 –

Lição 2 –

Lição 3 – A soberania do reino de Deus

Lição 4 –

Lição 6 – O estabelecimento do reino do Messias

Lição 8 –

Lição 9 –

Lição 10 –

Lição 11 –

Lição 12 –

Lição 13 –

Para ler e pensar

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ATITUDE ALUNO4

LEITURA BÍBLICACUCA FRESCA

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4O TRIMESTRE – 2013 5

Perguntas sobre as várias facetas da vida do ser humano são encontrados nas diversi� cadas literaturas do mun-do antigo – Egito, Babilônia, Síria – e perpassam praticamente toda história humana, indiferente do local, da cultura ou do grau de instrução: o ser humano, ao deparar com a realidade existencial, lhe faz perguntas e propõe respostas.

Para o homem e a mulher que encon-tram em Deus a satisfação última, que dê condições de responder as complexida-des que envolvem a realidade humana, o medo e a incerteza não estão totalmente excluídos. O processo dinâmico da vida expõe o ser humano, dia a dia, à experiên-cias que fogem totalmente do seu contro-le e revelam-lhe outra dimensão vulnerá-vel de sua realidade existencial.

Aquele que depositou em Deus a razão última de sua vida se encontra, portanto, num dilema: de um lado, a realidade humana que revela a sua contingência diante de desa� os apa-

Tema do trimestreCUCA FRESCA

A relevância de Isaías para hoje

rentemente intransponíveis; e, de ou-tro lado, o convite de Deus, a fé que produz tranquilidade e con� ança.

É nesse sentido que entender o texto de Isaías dentro do seu contex-to histórico-social revela a sua men-sagem teológica, como ele foi relido e aplicado pelo Novo Testamento no seu contexto e, portanto, a sua rele-vância para o mundo contemporâneo, no qual os grandes desa� os da huma-nidade revelam as diversas dimensões da realidade existencial humana.

O evento histórico ocorrido que está por trás de grande parte dos pri-meiros capítulos do livro de Isaías pos-sui características próprias e se torna a chave de leitura para sua interpretação.

O fundo histórico do texto é o da guerra siro-efraemita, um momento de sumo perigo, que leva Acaz e toda Jerusalém ao pânico. Em vários tre-chos estão em cena Acaz, o rei de Judá, e o profeta Isaías, enviado por Deus.

Delambre Ramos

Rio de Janeiro, RJ

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ATITUDE ALUNO6

Todo complexo de oráculos e narra-ções contidos em Isaías 6.1-9.6 deve ser relacionado com a situação criada para Jerusalém pela chamada guerra siro- efraimita (Is 7.1) – uma situação quase literal de 2Rs 16.5 – coloca o leitor den-tro da situação histórica da guerra. Em Jerusalém reinava o descendente daví-dico Acaz (734/3-728/7 a.C.). Rezin, rei de Dasmasco, e Pecah, usurpador do trono de Samaria, marcham contra Jerusalém. O “background” político dessa campanha militar foi, provavel-mente, o “não” de Acaz à aliança contra a Assíria.

Com a morte de Adadnirari III seguiu-se um período de fraqueza para a Assíria, que deu uma folga

para os reinos siro-palestinos (753-746). Esse período representa para Israel e Judá um tempo de relativo apogeu político e econômico. No en-tanto, em 745 a.C., com a ascensão ao trono assírio de Tiglatpileser III, reconstrói-se, aos poucos, o império assírio. Ele subjuga outros reinos e no ano 740 ele avança em território siro-palestino. Os reis Manahem, de Israel (743-737 a.C.) e Rezim, de Damasco, se submetem e pagam tri-buto.

Com o peso da dominação assíria cada vez mais forte, os estados siro--palestinos tentam, em 733 a.C., re-avivar a antiga liga anti-Assíria. Os principais cabeças desta nova aliança parece ter sido Rezin de Damasco e o novo rei de Israel, Pecah. No intuito de ainda mais fortalecer os exércitos aliados, eles tentam convencer o rei Acaz de Jerusalém a participar da liga. Este, porém, teme provocar o rei assí-rio e nega sua participação. Os aliados tentam forçá-lo e para isso cercam Jerusalém. O rei prepara, então, a re-sistência e, ao mesmo tempo, planeja apelar para o auxílio militar de Tigla-tpileser. Neste momento crítico para Jerusalém, o profeta Isaías se apresen-ta ao rei com a mensagem do Emanuel (Is 7.3-17).

No sentido teológico, nota-se que o profeta Isaías aconselha o rei a ter calma, a não se deixar impressionar pelo poderio bélico dos aliados, que não passam de dois “restos de tições

Emanuel libertará o povo.

Ele é um sinal, uma garantia

em favor de seu povo.

ainda julgará sua nação.

No período anterior ao

era o Messias: o ungido

do Senhor"

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4O TRIMESTRE – 2013 7

do Emanuel signi� cava a libertação de Jerusalém. Israel deve con� ar exclu-sivamente na intervenção salví� ca de seu Deus e não em suas próprias forças.

Dentro de uma visão teológica de solidariedade, Isaías vê na falta de fé do rei a causa de um castigo futuro contra a dinastia e contra o povo (Is 7.17). Embora a mensagem do Ema-nuel anuncie libertação próxima, a última palavra de Deus é uma palavra de julgamento.

Isaías não a� rma que o Emanuel liber-tará o povo. Ele é um sinal, uma garantia da ação salví� ca de Deus em favor de seu povo. Após essa libertação, Deus ainda

fumegantes”. O medo não deve impul-sioná-lo a pedir ajuda a Tiglatpileser, porém, não é para cruzar os braços. A calma deve estar baseada na absoluta con� ança em Javé, o único Deus de Jerusalém, o guerreiro de Israel.

Possivelmente, a mulher grávida a que se refere Isaías (Is 7.14) era a esposa de Acaz. Ou seja, ele próprio poderia presenciar o sinal, o nascimento da criança, como cumprimento da promes-sa de que o Emanuel estaria com eles.

A profecia iria se cumprir apesar da falta de fé de Acaz. Porém, a deso-bediência e incredulidade de Acaz terá consequências graves para Judá. O sinal

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ATITUDE ALUNO8

julgará sua nação. No período anterior ao exílio babilônico, Israel não tinha es-perança messiânica concreta. Enquanto reinava o descendente davídico, ele era o Messias: o ungido do Senhor.

Esta consideração histórico-teológi-ca sobre o Emanuel é importante, uma vez que Mateus relaciona o nascimento do Messias Jesus utilizando o texto de Isaías 7.14: eis que a virgem conceberá e dará a luz um � lho e ele será chamado pelo nome de Emanuel (Mt 1.23).

Compondo sua obra para uma maioria provavelmente de origem judai-ca, sua preocupação é mostrar que em Je-sus se realizaram as profecias do Antigo Testamento: Jesus é o Messias davídico esperado pelos profetas de Israel. É assim que o Evangelho aplica ao nascimento de Jesus à profecia do Emanuel que, em seu momento histórico, era um sinal de libertação próxima para os judeus anteriores ao exílio. Mateus estabelece uma relação direta entre a tradição cristã e uma profecia do Antigo Testamento, apresentando o nascimento de Jesus com todas as suas circunstâncias como realização de uma profecia.

Por trás da profecia do Emanuel se percebe um conflito entre a realidade humana diante das di# culdades da vida, e a proposta de Deus para con# ar. Essa dua-lidade está sempre na experiência concreta de vida de qualquer pessoa, e por que não, em qualquer cultura e tempo?

Ao fazermos uma transposição de épocas descobriremos que no contexto de Acaz, o que revela a sua contingên-

cia e a de seu povo, era enfrentar dois reis que superavam a sua capacidade de resistência. Por outro lado, nos dias atuais, outros reis, analogicamente di-zendo, revelam a nossa contingência e amedrontam o povo.

Por outro lado, se a realidade revela a nossa contingência e a do povo, a proposta de Deus é fé – con# ança total no auxílio de Deus. Abertura para a fé é o caminho da esperança. Alegorica-mente dizendo, é por meio da fé e da esperança que nos tornamos grávidos de sonhos e propostas reais de vida e de mudanças que, assumidas num contex-to situado, podem interferir no todo.

É pela total con# ança em Deus que acreditamos que homem e mulher são sujeitos de sua história. É a fé em Deus que alimenta a nossa esperança, mes-mo vivenciando realidades diferentes das desejadas para a valorização do ser humano e do cosmo. É pela fé no Ema-nuel, Deus conosco, que concordamos com Mateus que, ao reler os textos do Antigo Testamento, viu Jesus como o Messias. É pela fé que acreditamos que a esperança trazida pelo Messias Jesus ao povo de sua época transcende a história. Ela nos atinge e nos possibilita lutar por um mundo de paz, com oportunidades e satisfações, com cultura e arte, com diferenças e unidades nas diversidades, com espiritualidades libertadoras, com amor e encanto, com beleza e ternura e, principalmente, com respeito à vida e a tudo que for diferente do ser humano no universo.

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4O TRIMESTRE – 2013 9

EBD

Nosso momento na história do Brasil indica crescimento

econômico. Obras para a copa do mundo, proximidade de jogos

olímpicos. Temos vagas para atletas, pedreiros, engenheiros, intérpretes, guias turísticos, programadores de sistemas, secretárias arquitextos e taxistas. Enquanto nos dedicamos

fervorosamente aos cursos e cursinhos para nos posicionar

dedicarmos também a uma preparação espiritual para anunciar

as boas-novas de salvação?

Lição 1

Isaías e sua vocação profética

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ATITUDE ALUNO10

O livro de Isaías tem início com a apresentação de suas credenciais como � lho de Amoz. Foi um profeta contemporâneo dos reis Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. O mais importante em sua apresentação, porém, é o fato de ter recebido por visão, diretamente de Deus, a mensagem que anunciaria a seguir.

O profeta acusou o seu povo de rebeldia (Is 1.2,3), pois tratava-se de um povo incapaz de reconhecer o seu Deus, incapaz de reconhecer a pro-vidência divina que alimentava o seu povo e o sustinha de forma imprová-vel, em uma época de guerras, na qual se erguiam grandes conquistadores, exércitos violentos e batalhas sangren-tas para conquistar terras, fazer escra-vos e dominar o mundo conhecido.

A única oportunidade política que Israel teve de ser uma grande na-ção aconteceu durante os reinados de Davi e Salomão, quando a fama do povo de Deus foi espalhada por todas as nações e a riqueza dessa pequena nação ganhou tanta fama que até hoje é citada. Esse povo esqueceu-se de suas origens e precisava ser reprendi-do, precisava saber do castigo que es-tava à porta. É o que Isaías apresenta nos versículos 4 a 31. É importante notar que o profeta não chama aten-ção apenas para os erros estratégicos,

para a ignorância política. O profeta evidencia o pecado, a maldade e a per-versão (v. 4). Principalmente, o aban-dono de Deus.

O povo estava com medo, o exército da Assíria estava à porta, mesmo assim permanecia esquecendo-se de Deus (v. 5). Jerusalém estava sitiada; toda Judá estava tomada e destruída (v. 8).

Diante desse quadro, o profeta dirige-se aos governantes e os desa� a a mudar a forma de culto: “Autoridades de Jerusalém, escutem o que o Senhor está dizendo (...) O Senhor diz: eu não quero esses sacrifícios que vocês me ofe-recem (...) pois os pecados de vocês estra-gam tudo isso” (v. 11-13).

A palavra é de um Deus indignado com a hipocrisia dos homens. Esses governantes e o povo estavam sendo conduzidos a uma adoração falsa por sacerdotes e profetas que se preocupa-vam mais em reuni-los diante de falas agradáveis do que levá-los ao arrepen-dimento e à verdadeira adoração.

Alguns gestos e atos de culto são destacados pelo profeta nos versículos 11-15: sacrifícios, correrias no pátio do templo, ofertas, incensos, festas de lua nova, dias santos, mãos erguidas nas orações. Fica claro que não são os gestos que nos fazem ser ouvidos por Deus, mas o coração puro e lavado diante do Senhor (v. 16).

Comentando o texto bíblico

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4O TRIMESTRE – 2013 11

A puri� cação do coração, a bondade e a defesa dos mais fracos de nossa so-ciedade, são destaques do versículo 16, mas também são apontadas nos textos de Mateus 10.8, Isaías 58, Tiago 1.27, e muitos outros. Ainda assim temos di-� culdade de seguir esse ensino até hoje.

Deus é paciente. Ainda que este-ja indignado com o seu povo, ofere-ce puri� cação (v. 18,19). Ele oferece castigo ao rebelde e puri� cação ao arrependido. É um Deus maravilho-so, não existe no contexto de outras religiões um Senhor como o nosso, que vê as nossas falhas e ainda ofere-ce remissão. A bondade e o amor de Deus são a causa de não sermos con-sumidos. Ela se apresenta a nós com o nome de misericórdia (Lm 3.22).

O capítulo 2 inicia com nova apre-sentação do profeta e é direcionado a Judá e Jerusalém. Ele fala de uma glória futura, um momento na história onde as nações verão a necessidade de adorar a Deus em Jerusalém (v. 2-5). Mas na continuação do texto, Isaías volta a apre-sentar o abandono desse Deus (v. 6-22).

No � nal do segundo capítulo algo inusitado é dito ao povo de Jerusalém: “quando o Senhor aparecer, os moradores da terra � carão apavorados. Eles fugirão para as cavernas e se meterão nas fendas das rochas a � m de escapar da ira de Deus, da glória majestosa do Senhor” (v. 21).

É uma declaração de que o povo deixou de adorar a Deus, mas sabe que está errado. Nossa consciência nos acusa quando saímos dos caminhos do Senhor, por isso, fugimos e tentamos nos escon-der.

Então, o profeta nos ensina algo importante: “não con� em mais nos se-res humanos, pois são mortais! Será que eles valem alguma coisa?” (v. 22). É uma fala semelhante à de Jeremias 17.5.

O desterro de Jerusalém é anuncia-do no capítulo 3. Ela será lançada em uma condição miserável e qualquer coisa que se destaque será capaz de deixar alguém em posição superior ao outro (3.6).

No meio da miséria, Deus ressalta a atitude honesta (3.10). A pobreza não pode desculpar a desonestidade. A di� culdade de um povo não pode justi� car a opressão. Deus nos olha pelo que fazemos, não pelas circuns-tâncias que nos levaram a pecar.

"Apesar desse inimaginável poder criador, este Ser Supremo realiza o movimento ainda mais inimaginável de relacionar-se diretamente com a pessoa humana, intervindo para salvá-la, corrigir seus rumos e abençoá-la

pela multiforme operação de sua graça"

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ATITUDE ALUNO12

O capítulo 4 nos oferece uma luz: “naquele dia o Ramo Novo que o Se-nhor Deus plantar crescerá forte e boni-to, e os moradores de Israel que continu-arem vivos � carão alegres e orgulhosos (...)” (4.2).

Os que continuarem vivos serão cha-mados “povo santo” (Is 4.3; 1Pe 2.9,10).

O capítulo 5 retorna às advertên-cias, às promessas de castigos e à indi-cação de que o povo será salvo se sim-plesmente obedecer a Deus.

Nessa confusão de linguagem e atitude de nosso tempo, esquecemos o signi& cado da palavra “culto”. Acha-mos que culto é uma programação artística que se desenvolve nos dias de domingo, ou em momentos especiais. Culto é o mesmo que cultivo.

Cultuar é plantar, regar, acompanhar o crescimento, afastar as pragas, cobrir nos-sas plantações nos dias de geada e chuva forte, regar nossas plantas em dias de seca.

Cultuar a Deus é manter um relacio-namento constante, cuidando para que ele cresça e nós diminuamos (Jo 3.30).

O culto não é um momento, mas uma atitude diária de cuidado da nossa vida com o Senhor, dando espaço para que o Espírito tome conta de nossos atos, das nossas palavras e dos nossos pensamentos.

Jesus nos ensina muito sobre cul-to, oração, jejum, prática de vida cris-tã, ministério e salvação. Basta ler os Evangelhos com atenção.

Quando deixamos de conhecer o signi& cado da palavra culto, passamos a nos preocupar em ser criativos nos mo-mentos de reunião. Mas nos reunimos para o culto coletivo com o propósito de estimular uns aos outros, de nos aju-dar nesse cultivo sadio da presença do Senhor em nossos corações. Deveria ser assim. É assim que faz o profeta.

Deus precisa de profetas. Deus precisa que você seja um profeta.

Mas antes que você saia por aí apontando o dedo nas feridas alheias, expondo pecados e acusando o pró-ximo de falta de amor, pense em sua atitude de culto diante do Senhor.

Faça uma re7 exão. Considere sua vida espiritual como uma plantação,

"O Deus de Israel é único porque, além dele, não há outros deuses com existência real. Ainda, porém, que existissem, ele continuaria sendo único, pelo fato de ser santo como nenhum outro e por causa das maravilhas que somente ele opera, a começar pela criação do próprio universo"

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4O TRIMESTRE – 2013 13

A lição em foco

Pra tomar uma atitude

do mesmo jeito que se lê na parábola do semeador (Mt 13.3-9).

Um dia, alguém semeou uma se-mente em seu coração. O que tinha nele? Pedras, espinhos ou terra fértil?

Se tinha pedras, então é necessá-rio retirá-las para que a semente possa germinar. Se tinha espinhos e mato ao redor, será necessário removê-los, para que as raízes de sua nova semente não sejam sufocadas. Se tinha terra fértil será necessário, ainda assim, regar, cui-dar para que a semente se desenvolva.

Independentemente do que tinha em seu coração no momento em que a semente foi plantada, é necessário que você cuide, regue, proteja essa semen-te e a faça crescer, para que dê bons frutos. Assim faz um bom agricultor.

No momento certo essa semente � orescerá e dará o seu fruto na estação (Sl 1). Não se preocupe com isso.

Nosso cuidado deve estar em culti-var o que o Senhor nos manda, dando espaço para que Deus dê o crescimen-to de que necessitamos.

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ATITUDE ALUNO14

EBDLição 2

Os fragmentos de texto em que Isaías apresenta o Messias são

os melhores. Não sei se acontece com vocês, mas quando leio Isaías

que ele deixa sobre o Salvador e termino me esquecendo do contexto e de outras partes importantes do texto. Mas

hoje, de propósito, vamos fazer um pouco isso. Vamos olhar

as primeiras apresentações de Jesus Cristo feitas por Isaías nos capítulos 7 a 12. Sim, porque precisamos levar em conta que essas descrições aconteceram cerca de 600 anos antes do

nascimento de Jesus.

Plenitude de vida no reino do Messias

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4O TRIMESTRE – 2013 15

Comentando o texto bíblico

Depois de ser chamado por Deus (cap. 6), Isaías foi logo orientado a anunciar a ira de Deus ao povo de Judá. Prova-velmente, esse anúncio ainda aconte-ceu durante o reinado de Jotão.

No capítulo 7, Isaías começa a adver-tir Acaz, o sucessor de Jotão no reino. Ele explica ao rei que a Síria e Israel (o Reino do Norte) se uniram para con-quistar Judá. Essa batalha é descrita em 2Reis 16.2-5 e em 2Crônicas 28.1-5.

No texto de 2Reis, Acaz é apre-sentado e sua maldade é descrita. Não apenas a sua adoração aos deuses de outros povos, mas a forma como o fez, chegando a sacri� car o próprio � lho em holocausto (forma de sacrifício que queima a oferta até que seja total-mente consumida pelo fogo).

No texto de Crônicas, a mesma apresentação é feita, mas dessa vez o es-criba fala de � lhos, no plural, não apenas de um � lho sendo sacri� cado no altar de deuses pagãos. Não bastasse fazer uma vez, parece que o rei repetiu seu pecado.

O rei durou apenas 16 anos no poder. Considerando que assumiu o trono com 20 anos de idade, morreu aos 36 anos. Muito novo até para os padrões da época.

Deus mandou Isaías anunciar ao rei que ele escaparia do cerco, mas que Judá só resistiria por 65 anos, depois disso seria levado cativo (6.3-9).

Depois desse prazo, “Israel será des-truído e deixará de existir como nação” (v. 9). Restaria apenas Judá como povo de Deus. Esse povo tinha a responsabilidade de ter uma fé � rme para prevalecer (v. 9).

– Depois des-se anúncio, e a Bíblia não especi� ca quanto tempo depois, Isaías foi levar outra mensagem a Acaz. Ele insistiu para que Acaz pedisse um sinal ao Se-nhor, mas o rei se recusou (v. 10-12). Ao contrário do que pensamos, pedir sinal para Deus era uma demonstra-ção de falta de fé. Por isso, citando a lei de Moisés (Ex 17.2,7; Dt 6.16), Acaz se recusou a pedir um sinal.

Acontece que Deus sabia que Acaz não tinha fé nenhuma, não havia mo-tivo para o rei � ngir-se de crente. Por isso, oferece o sinal mesmo assim: “Pois o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a jo-vem que está grávida dará à luz um � lho e porá nele o nome de Emanuel. Quan-do ele chegar à idade de escolher o bem e rejeitar o mal, o povo estará comendo coalhada e mel. Mas, mesmo antes desse tempo, ó rei Acaz, as terras daqueles que lhe causaram tanto medo � carão com-pletamente abandonadas” (Is 7.14-16).

A mesma profecia que hoje temos para Jesus, à época pode ter signi� ca-do o nascimento de Ezequias, o suces-sor de Acaz, que foi amado por Deus.

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ATITUDE ALUNO16

– Nos capítulos se-guintes, Deus anuncia o sofrimento pelo qual o povo in� el passaria. Ele manda que Isaías ponha o nome de seu � lho de Furto-Rápido-Roubo-Veloz, numa alu-são ao assalto que Judá sofreria de seus inimigos, sendo lançada no cativeiro.

Para que haja esperança entre os cativos, no entanto, Deus anuncia que haverá uma luz: “O povo que andava na escuridão viu uma forte luz; a luz brilhou sobre os que viviam nas trevas” (Is 9.2).

Com isso, as pessoas saberiam que, mesmo atribuladas, deveriam manter a sua fé, pois o Senhor não as abandona-ria. Deus anuncia a libertação do cativei-ro antes mesmo do povo ter sido levado.

Se para Israel o destino era a destrui-ção, o desaparecimento da nação, para Judá havia uma promessa de retorno.

Esse anúncio de liberdade, que para quem ainda estava livre não tinha tanto signi� cado, durante os anos de cativeiro serviria de grande consolo e de motivo para permanecer � rme.

Então, o profeta anuncia a vinda de um grande general: “As botas ba-rulhentas dos soldados e todas as suas roupas sujas de sangue serão completa-mente destruídas pelo fogo. Pois já nas-ceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o nosso rei” (Is 9.5,6).

Essa visão do Messias como guer-reiro era a que os judeus tinham. Hoje, lemos esse texto a partir do ver-sículo 6, anunciando o nascimento de Cristo. Mas naquela época se entendia tratar do � lho do rei.

Nesse contexto temos:

Maravilhoso Conselheiro: um general que sabe de� nir estratégias;

um general que co-manda o seu exército como um deus;

Pai Eterno: um general inspira-do por Deus que será lembrado por toda a história, como Davi;

um general que garantirá vitória, liberdade, fartura e paz ao seu povo.

– Precisa-mos entender a importância de Isaías para a sua época e para a nossa época.

Nos tempos atribulados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, quando o rei-no estava dividido, quando as outras tribos de Israel tornaram-se inimigas, os povos vizinhos se uniam para es-cravizar Judá e exterminar o Reino do Norte, o anúncio do pecado, do sofrimento decorrente, da liberdade e da presença de Deus tinham um signi-� cado muito forte para aquele povo.

Depois dessa época, quando o pequeno Israel teve que sobreviver à invasão grega e romana, a leitura do livro de Isaías fortalecia o povo e o reunia como nação.

Até mesmo depois do nascimen-to, morte e ressurreição de Jesus, para cristãos e judeus, o livro de Isaías con-tinua demonstrando a preocupação que o Senhor tem com o seu povo. Não apenas com Israel, mas com to-dos aqueles que o adoram.

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4O TRIMESTRE – 2013 17

Nos dois anúncios sobre Emanuel desse fragmento de texto, porém, te-mos uma visão que se aplica ao nosso relacionamento com Jesus Cristo.

Primeiro, ele anuncia que o � lho de uma virgem virá. Seria alguém que se des-tacaria dos demais desde o seu nascimento. Vemos isso no nascimento de Jesus: anjos cantam, os pastores visitam o menino, o rei persegue as crianças, sábios do Oriente o presenteiam com ouro, incenso e mirra. Não era um nascimento qualquer. Essa criança chegará a um tempo de fartura.

Basta ler em Jeremias sobre o desespero e a fome do povo cativo para entender que o Messias nasceria depois do cativeiro. Isso porque o texto fala que ele come-rá “coalhada e mel” (Is 7.15). Mas para quem estava envolvido nos fatos, isso po-deria parecer qualquer outra coisa.

Da mesma forma, o anúncio feito em 9.6,7 signi� ca para nós o carinho dado por Deus a todos que o amam, por isso, o texto diz: “No seu grande amor, o Senhor Todo-Poderoso fará com que tudo isso aconteça” (Is 9.7).

Pra tomar uma atitude

A lição em foco

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ATITUDE ALUNO18

Lição 3EBD

Lição 3

A relação do povo de Deus com os seus vizinhos sempre foi tumul-tuada, isso porque, de um lado, o

relacionamento com Deus denuncia o pecado daqueles que estão longe do Criador; por outro lado, os po-vos sem Deus sempre foram usados para castigar o pecado de um povo que tinha tudo para andar com o

seu Senhor, mas o rejeitava. Os ca-pítulos 13 a 18 de Isaías falam des-sa relação entre Deus e os povos da época, mas, também, nos trazem

lições importantes sobre nossos atos e consequências, sobre nossas cren-ças e a maneira como moldamos

nossas atitudes.

A soberania do reino de Deus

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4O TRIMESTRE – 2013 19

Comentando o texto bíblico

Babilônia (14.12-23) – Profetizar contra a Babilônia na época de Isaías poderia parecer um desperdício, por-que a nação não era tão poderosa quan-to a Assíria e não representava uma ameaça direta a Israel. Entretanto, este texto tem uma importante lição.

Os capítulos 13 e 14 falam sobre a Babilônia e a maneira como Deus “está chamando os seus soldados � éis (...) para castigarem aqueles com quem está irado” (13.3).

É interessante notar que os sol-dados que Deus usa não são do povo de Israel, mas da Pérsia (13.5). E esses reunirão “soldados de muitas nações” para a guerra (13.4).

Quando fala sobre o rei da Babi-lônia, Isaías o trata como a “brilhante estrela da manhã” que “caiu do céu” (Is 14.12). Este texto é comumente usado para falar sobre Satanás, princi-palmente por causa da fala de Jesus em Lucas 10.18. Seja isso que o texto diz ou não, o fato é que a Babilônia � cou marcada em toda a Bíblia como a per-soni� cação do reino das trevas, e essa � gura se estende até o livro de Apo-calipse, que tem várias citações contra essa nação.

A morte do rei da Babilônia, em 14.15-17, também encontra paralelo com a condenação de Satanás em Apo-calipse.

Assíria (14.24-27) – Contra a Assí-ria Deus prometeu apenas a destruição. Ele anunciou que a nação seria esmaga-da e que o povo cativo seria libertado.

A profecia se cumpriu durante o reino de Ezequias. Mas é importante para nós hoje entendermos que Deus corrige aos que ama, mas a sua mão não pesará para sempre. Mesmo que pas-semos por algumas tribulações, o Se-nhor nos libertará para prosseguirmos em seus caminhos, logo que estejamos prontos para andar com ele de novo.

Filístia (14.28-32) – Deus adverte que os assírios destruirão os � listeus. A importância desta profecia estava em anunciar ao povo de Deus que não se associasse aos � listeus, pois seriam des-truídos junto com eles.

Há também uma advertência para que os próprios � listeus não consideras-sem a Assíria como um povo fraco, por-que apesar de derrotados, no seu exérci-to “não tem nenhum covarde” (Is 14.31).

Podemos achar que dominamos tudo, mas o mal é perigoso, mesmo uma peque-na gota pode contaminar muitas águas.

Moabe (15.15,16) – Deus profe-tizou contra Moabe, mas demonstrou misericórdia e sofrimento com a sua derrota (15.5). Mais uma vez houve demonstração de amor pelo incrédulo.

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Moabe foi a terra escolhida por Ló para habitar e também era a terra de origem de Rute.

Deus prometeu a Moabe que um descendente de Davi reinaria sobre aquele povo, quando acabasse a perse-guição (16.4-5).

Existe um acolhimento a ser dado a esse povo sofredor, que foi punido por causa da arrogância de seus governantes.

Esse carinho demonstrado por Deus nos prova que a vida não con-siste em um sistema de regras rígidas e cartesianas. Deus se compadece do sofrimento humano e deseja profun-damente que evitemos os males causa-dos pelo pecado em nossa vida.

A Moabe Deus revelou o tempo exa-to de três anos, dando oportunidade de fuga aos que prestassem atenção à pro-fecia.

– Deus voltou a falar contra a aliança entre Israel e a Síria. Ele anunciou que pou-cos sobreviveriam à sua ira e que seus campos seriam arrasados.

Haveria fome e miséria. O castigo seria forte contra essas duas nações, porque se esqueceram de Deus e da adoração verdadeira.

– A Etiópia da época compreendia a região que vai da bacia do Congo até o Egito, um território bem maior que o atual. Re-feria-se, portanto, a toda a África.

Os exércitos e o poderio daquela nação eram imensos, mas o tempo os tornou miseráveis e até hoje são nações pobres. A destruição da África seria seguida de uma restauração: “naquele dia, ofertas serão apresentadas ao Se-nhor Todo-Poderoso por um povo cora-joso e forte, uma gente alta e de pele lus-trosa” (18.7).

– Vemos nesses 11 capítulos de Isaías que o problema é um só: pecado. Mas que a forma e a intensidade com que esse pecado se manifesta provocam rea-ções diferentes no coração de Deus.

O Senhor não castiga pelo prazer da vingança, mas para que haja restauração, mesmo das nações mais idólatras.

Vemos nas profecias de Isaías o amor de Deus por essas nações. Vemos que o Senhor se relaciona com toda a humanidade, não apenas com os que são seus. Ele conduz o coração dos reis, a valentia dos exércitos, a conduta na batalha, o destino das nações. Mas tem uma coisa que Deus não conduz: o arrependimento humano e a capaci-dade de amar o seu Criador.

Por mais que o Soberano seja Se-nhor da história, ele se abstém de man-dar no nosso amor. Por mais que cas-tigue e nos apresente as consequências do pecado, nosso Deus pede para ser amado de coração e não por obrigação.

Assim como teve misericórdia de Moabe, o Senhor terá misericórdia de

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Pra tomar uma atitude

A lição em foco

todo aquele que clamar pelo seu nome. Precisamos acreditar nisso e encarar nossos defeitos e nosso pecado de uma maneira que nos conduza à vitória.

O mendigo poderia trabalhar, mas alguma coisa o impede. O viciado é es-cravo de seu vício. O prisioneiro arca com as consequências de seus atos. O ladrão não conhece o caminho da ho-nestidade. O mentiroso procura uma solução rápida para seus problemas. O lascivo é também um dependente

de seu pecado. Em cada pecador, no entanto, reside uma alma que precisa de resgate e salvação. Quando esquece-mos disso, ocupamos o lugar de Deus e começamos a julgar o próximo. Mas não somos santos o su� ciente para isso.

Precisamos ter consciência de nos-sa natureza e limites para aprender o caminho do amor e da misericórdia.

Deus castiga o pecado, mas se com-padece da alma arrependida. Nunca podemos esquecer disso.

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