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Canal do Linguado: aterramento dos dois canais ligou, desde a década de 30, São Francisco do Sul ao continente Meio ambiente: é possível preservá-lo? 14 Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do IELUSC - Ano 2 - Nº 14 - Junho 2001 pauta pauta pauta pauta pauta primeira Katherine Funke Joinvilenses produzem 170 mil toneladas de lixo por mês Grupo Usinor recebe incentivos para instalar fábrica em SC Desmatamento é o crime ambiental mais comum no município Proprietários do Recanto das Garças prometem respeitar a natureza pag.3 ´ pag.4 ´ pag.8 ´ pag.11 ´

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Canal do Linguado: aterramento dos dois canais ligou, desde a década de 30, São Francisco do Sul ao continente

Meio ambiente: é possível preservá-lo?

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Jo rna l L abo r a t ó r i o do Cu r s o d e Comun i c a ç ão So c i a l do I E LUSC - Ano 2 - N º 14 - Junho 2001

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mais comum no

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Proprietários do

Recanto das Garças

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a natureza pag.3´ pag.4´ pag.8´ pag.11´

Jornal Laboratóriodo Curso de Comunicação Socialdo Instituto Superior Luterano deSanta Catarina (IELUSC)

Diretor Geral: Tito Lívio Lermen

Diretor do Curso: Edelberto Behs

Professores responsáveis:Gastão Cassel e Márcio Fernandes

Produção: acadêmicos do 5º semestre -habilitação em Jornalismo:Adriana Cardoso,Alessandra da Costa,Alexsandro Medeiros,Altair Nasario,Antonio Roberto Szabunia,Araceli Hardt,Charlene Serpa,Cláudio Lúcio Augusto,Cleusa da Silva Oliveira,Elisa Riedtmann da Silva,Esther Maria Reschiliani,Gisélle Francine de Araújo,Giselli Silva,Isabela Carolina Vargas,Jean Helfenberger,João Luiz Kula,Josi Tromm,Katherine Funke,Lindiara Tunsset Wentz,Lisandra Barbosa de Oliveira,Luciano Zinelli da Rosa,Luís Gustavo Pereira Fusinato,Manoela de Borba,Márcia Bento,Marília Crispi de Moraes,Martín Vieira Fernandez,Patrícia Pozzo,Renata Freitas de Camargo,Rosa Lopes de Oliveira,Sandra Lúcia Lopes Moser,Sérgio Leal Nunes,Sílvia Agostini Pereira,Suzana Gladys Ferreira,Thaísa Pimentel eVanessa C. de Oliveira

E tambémFabiano Antunes de Aguiar (inmemoriam),

Projeto gráfico: Katherine Funke eLuciano Zinelli da Rosa

Escreva para nós:A/C Curso de Comunicação Social -IELUSCRua Alexandre Döhler, 5689201-260 Joinville-SC(47) 433-0155 ramal 211

Correio eletrônico:[email protected]@ielusc.br

O meio ambiente é o mais valiosobem dos seres humanos. É dele quese tira qualquer tipo de sustento. Oar é um exemplo. Essencial para avida na Terra, ele sofre a agressãoda poluição.

A água, outro item fundamentalque parece existir em abundânciapor todo o planeta. Mas os sereshumanos parecem não compreendero meio ambiente. Em Joinville um caso fácil deperceber é o Rio Cachoeira, que há150 anos foi a porta de entrada dosfundadores da cidade, em 1851.

Editorial

OPINIÃO/Rio Cachoeira

A draga parou. Ficou dias ali àbeira do rio, estacionada. De repen-te, sumiu. O caso foi o seguinte: o lodopodre do rio era despejado num ter-reno próximo de residências. Mas osmoradores começaram a reclamar docheiro que eram obrigados a supor-tar.

Foi feita, então, a denúncia aoFUNDAMAS, que apóia o projeto deFlotação e Remoção de Fluentes.Como Joinville não tem o sistema detratamento do lodo, para pelo menostirar o mau cheiro e ser utilizado comoaterro, a atitude mais cômoda foidesativar a draga. Simples.

Esse processo de dragagem,além de retirar o lodo do fundo dorio, tira a terra das margens e os ve-getais que ali estão para evitar des-moronamento. Então, em maré alta

De tanta poluição industrial edoméstica, chegou um ponto que anatureza não suporta mais.

Após a realização do Seminário deRecursos Hídricos, organizado pelaCâmara de Vereadores de Joinvillle, aalternativa mais ecológica parece sero processo de flotação e dragagem.

Pode até dar certo em São Paulo,mas o que adianta gastar com váriasestações de tratamento, se a maiorcidade de Santa Catarina não temum sistema de tratamento de esgotoresidencial adequado, muito menos

um sistema industrial e até agoranão desenvolveu nada para a coletaseletiva do lixo ou instalação de umlocal para o tratamento ou aterrosanitário?

Outra questão é a abertura doCanal do Linguado, tantas vezespedida pela população ribeirinha. Osmoradores de terras de marinhatentam sobreviver. Sem contar osincentivos fiscais à Usinor, quepressiona o governo para conseguirinstalar a fábrica em São Franciscodo Sul.

ALESSANDRA DA COSTA

A neurose causada pelo possível“apagão” não é apenas da população,mas também do governo federal. Con-forme reportagem publicada no jor-nal Valor Econômico (15.maio.2001),as regras para obtenção de licençaambiental para início das obras dasusinas geradoras serão modificadaspor medida provisória. Os prazos se-rão encurtados para que os estudosdetalhados de impacto sejam feitose analisados com mais rapidez.

Pasmem.O presidente da Câmara de Ges-

tão da Crise de Energia, Pedro Paren-te, considera as questões ambientaiscomo fator de atraso das obras deconstrução de usinas termo e hidre-létricas. O presidente da República,Fernando Henrique Cardoso, concor-da: “Naturalmente, nós temos sempreque tomar em conta as questõesambientais; mas, também, dado o ca-ráter emergencial, é possível ser maisrápido nas decisões”, disse.

A reportagem de Valor desco-briu: 70% dos projetos dependem delicença ambiental de órgãos estadu-ais. Alguns estão emperrados porações judiciais movidas pelo Ministé-rio Público ou por grupos ecologis-tas. Outros projetos foram mal feitospelas próprias empresas, dificultan-do a análise pelos órgãos públicos.

Mor ado r e s

páram a dragagem

ou nas enchentes, essas margens des-protegidas sofrem erosão, o que podeprejudicar as estradas asfaltadas quebeiram o Cachoeira.

Não é possível limpar o Cachoei-ra da noite para o dia, depois de maisde 30 anos de despejos poluentes. Adragagem do rio levará tempo. “Von-tade política tem em Joinville. Masquem vai pagar a conta? São 100 mi-lhões de reais e muito tempo. Ninguémquer assumir a dívida”, argumentou ovice-prefeito, Marcos Tebaldi, no últi-mo dia do Seminário de RecursosHídricos e Saneamento básico, realiza-do em Joinville entre os dias 9 e 11 demaio deste ano.

E como todo bom político, Tebaldifinalizou: “O caso da poluição precisaser mais discutido e uma ação como oSeminário é um passo para melhorara qualidade de vida do povo.” Aplau-sos? Eu não aplaudi.

OPINIÃO/Energia

Apagão da

consciênciaKATHERINE FUNKE

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Funke

primeira

pauta

O aterro sanitário de Joinville, lo-calizado na estrada Cometa, no Distri-to de Pirabeiraba, tem somente mais al-guns meses de vida útil. Segundo o ge-rente geral da Engepasa, Luiz AntônioWeinand, mensalmente cerca de 8 miltoneladas de lixo domiciliar, 17 tonela-das de lixo hospitalar e 146 toneladasde lixo doméstico da coleta rural sãoali depositados.

Mas um novo aterro está sendopreparado. Apesar das críticas em rela-ção ao atual o depósito está de acordocom as especificações técnicas de saú-de e de meio ambiente, afirma o enge-nheiro. Na cidade há dez anos aEngepasa tem 114 pessoas ligadas di-retamente à coleta, que é feita por 23caminhões, cobrindo 32 setores diáriosde lixo domiciliar.

A fiscalização do serviçode limpeza na cidade é feitapela prefeitura, que coloca fiscais noaterro sanitário e também nas ruas dacidade. O engenheiro sanitarista PedroIvo, da Chefia do Serviço de Limpeza Ur-bana, informa que o contrato daEngepasa com a prefeitura está no fim.

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a Rosa

Joinvilenses produzem 170 mil

toneladas de lixo por mês

Está prevista a coleta seletiva no planode governo. “É uma das metas do pre-feito”, comenta.

Há a intenção de implantar nesseano a coleta seletiva em Joinville, masainda não há nada decidido. “Talvezessa seja uma das exigências do novocontrato”, afirma o engenheiro referin-do-se à licitação que vai escolher a em-presa responsável pela coleta do lixoem Joinville.

LUCIANO ZINELLI DA ROSA

Joinville adotou a Flotação e Remoçãode Fluentes para tentar limpar o RioCachoeira em sete pontos da cidade:córrego Morro Alto, Alto Cachoeira, córregoMirandinha, córrego Mathias, Jaguarão,Itaum e Bucarein. Para a população enten-der como a estação funciona, a prefeituramontou uma amostra na Praça Dario Salles.

A água captada pela mini-estação vemdo rio Mathias e passa pelo processo deflotação, tendo um resultado de 97% de pu-rificação. Segundo o operador da estaçãode tratamento, Harineu Dorval Jaschke, oresultado final é uma água classe 2, ou seja,imprópria para a ingestão humana. Para esta

Sistema de flotação pretende despoluir o Cachoeira

CARRINHEIROSOs conhecidos carrinheiros de

Joinville realizam um trabalho que, ape-sar do pouco reconhecimento, é de ex-trema importância. Esses trabalhadoressão responsáveis por cerca de 20 tone-ladas de lixo selecionado por dia na ci-dade. O material por eles coletado évendido para empresas ou para“atravessadores”, que, segundo relatam,exploram esse trabalho, conferindo lu-cro superior a 100% na venda para em-presas recicladoras.Os coletores ambu-

lantes trabalham em média 14 horas di-árias, arrecadam aproximadamente 70quilos a cada “carrinho” cheio. “Não éfácil encher dois carrinhos”, contam.Eles vendem o material por cinco cen-tavos o quilo, em média. Com a ativida-de, ganham menos que um salário míni-mo, sem registro profissional.

RECICLAGEMAproveitar o lixo reduziria o pro-

blema, opina o ambientalista PauloTajes Lindner. Os resíduos não orgâni-cos, como vidro, plástico, alumínio en-tre outros, são recicláveis.

Já para os resíduos orgânicos,Lindner comenta que apesar de muitoscontestarem, com a compostagem pode-se aproveitar quase tudo. Isso reduzi-ria em muito a área que hoje os sereshumanos utilizam para o depósito dolixo.

Lindner diz que são necessáriascampanhas para a população começar acoleta seletiva do lixo o quanto antes.O ambientalista fala da poluição do len-çol freático e da proliferação de mos-quitos hospedeiros de doenças como afebre amarela, contestando a regulari-dade do aterro.

água tornar-se potável, ela precisaria rece-ber uma dose de cloro e ser filtrada. Masisso não será feito porque alguns estudosdizem que o cloro prejudica a fauna mari-nha.

Depois do tratamento, a água do RioMathias é colocada nos lagos artificiais daPraça e dali volta para o Rio Cachoeira. Osresíduos vão para a estação de tratamentode esgoto sanitário localizada perto dapraça. Esse é um processo que devolve aágua com 4.9% de oxigênio. O normal é apresença de 6% de oxigênio. O Rio Cachoei-ra apresenta uma pontuação de menos um(- 1%), indica o operador. Rio Cachoeira tem nível de oxigênio negativo

Junho 2001 - Primeira Pauta 3

Coleta seletiva é urgente para acabar com os aterros, dizem ambientalistas

A instalação da siderúrgica Vegado Sul, em São Francisco do Sul, estáconfirmada e as obras de terraplenagemjá iniciaram. No dia 9 de maio a Vegaassinou contrato com a empresa Cesbepara realização da terraplenagem. Se-

rão usados caminhões, tratores eescavadeiras, totalizando o uso de qua-se 150 máquinas.

O projeto é do grupo Usinor, pro-dutor mundial de aço. As bobinas deaço serão produzidas a partir de 2003e os produtos vão ser comercializadosprincipalmente para a indústria de au-tomóveis e de eletrodomésticos.

A Vega do Sul é uma siderúrgicaintegrada porque vai trabalhar apenascom o tratamento do aço e será a pri-meira a produzir aço galvanizado noBrasil. A escolha por São Franciscodeu-se devido à localização geográfica,a infra-estrutura da cidade, com portoe ferrovia, e a proximidade das princi-pais montadoras de automóveis do suldo Brasil e Mercosul.

Os investidores destacam a gera-ção de empregos, estimados em 300diretos e até 250 indiretos. A Vega e oSine de São Francisco estabeleceramuma parceria e vão identificar os pro-fissionais para as vagas oferecidas noempreendimento. Há a expectativa deinstalação na cidade de outras empre-

Um acordo entre o Estado de Santa Catarina,Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Empresarialde Santa Catarina (Fadesc), Conselho Deliberativodo Prodec, município de São Francisco do Sul,Federação Catarinense das Associações dos Muni-cípios (FECAM) com a Vega do Sul estabeleceu oprotocolo para a construção da siderúrgica.

O documento detalha a implantação do pro-jeto. Em vários itens são relatados os incentivosfinanceiros, como será o fornecimento de ener-gia elétrica, água, licença ambiental, infra-es-trutura portuária, recursos humanos e as res-ponsabilidades do município de São Francisco doSul.

O fornecimento de energia elétrica será fei-to pela Celesc. O subitem 2.3.1.1 diz: “a energia

Siderúrgica inicia a terraplenagem

sob protesto de ambientalistas

pela emergência da instalação da empresa quealgumas regras básicas foram se atropelando”,denuncia. E complementa: “A Samae não temcondições de abastecer o balneário. (...) Isto éuma ilegalidade jurídica porque o Código deÁguas, uma lei federal, estabelece a água emprimeiro lugar para a população.”

O protocolo do acordo trata, no capítuloIII, das responsabilidades de São Francisco. Oitem 3.1 enumera os incentivos de naturezatributária concedidos à empresa. A Vega seráisenta por 15 anos de alguns tributos munici-pais como IPTU relativo aos imóveis de proprie-dade da Vega, e ITBI, Imposto sobre Transmis-são de Bens Imóveis, relativo à aquisição deimóveis pela empresa.

elétrica que a Celesc se compromete a fornecernos termos deste item deverá estar disponível noslimites do terreno da planta industrial da Vega atéo mês de maio do ano de 2002”.

Quanto ao fornecimento de água a concessãoé da Casan. Os detalhes estão especificados em vá-rios subitens. “Os volumes de água industrial epotável que a Casan se compromete a fornecer nostermos deste item deverão estar disponíveis noslimites do terreno da planta industrial da Vega atéo mês de maio de 2002”, de acordo com o subitem2.5.1.2 do protocolo.

Com o início da terraplenagem a Samae fez asligações para a obra. Segundo a ambientalista, AnaPaula Cortez, isso é uma irregularidade naterraplenagem.”O atropelo da obra foi tão grande

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Funke

Vega recebe incentivos estaduais

GISELLI SILVA

O vigilante Alcides Alves:“É maisemprego para essa cidade pequena”

sas de pequeno e médio portes. Muitaspessoas concordam com a vinda daUsinor por este motivo. De acordo comEuclides Lobo, vendedor autônomo,“São Francisco do Sul só vai ganharcom a Usinor porque as pessoas saemda cidade para se empregar emJoinville”.

Um Conselho Consultivo foi cria-do em 14 de fevereiro de 2001. É for-mado por representantes de entidadesde São Francisco e região. Constituemo Conselho 20 entidades, e entre elasestão: Administração do Porto de SãoFrancisco do Sul, Associação Comerciale Industrial de São Francisco, Associa-ção de Maricultores de Paulas, Amunesc,Associação Vida Verde, Câmara Munici-pal de Vereadores, Prefeituras deAraquari e São Francisco, SOS Cubatãoe Vega do Sul. O principal objetivo des-te conselho é o de estabelecer contatoentre a sociedade e o empreendedor.Já foram realizadas reuniões sobre aempresa.

O Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES) foi

Euclides Lobo, ex-secretá-rio de Turismo de SãoCh i c o

quem aprovou o financiamento de R$23 milhões para a compra de terreno,terraplenagem e obras de infra-estru-tura da Vega. A partir de 2003, o esta-do começará a amortizar o emprésti-mo, e irá ajudar a pagar encargos atéchegar ao montante de R$ 23 milhões.

No cronograma previsto pelogrupo Usinor, o início das obras deconstrução da fábrica seria em agos-to de 2001, depois do licenciamentoambiental. Mas os impactos ambientaispreocupam muitas ONGs.

Uma audiência pública, realiza-da no dia 19 de abril, no Museu doMar, em São Francisco do Sul, apre-sentou o Relatório de ImpactoAmbiental (Rima). Na ocasião foramdiscutidos assuntos relacionados aotratamento dos efluentes, o local deemissários, o tratamento de resíduossólidos e o consumo de água. Após aaudiência, a Ameca (Associação Mo-vimento Ecológico Carijós), Colôniade Pesca, ONG Itaguasurf, e a CasaFamiliar do Mar enviaram um questi-onário à Fatma com 43 perguntas cujoesclarecimento não foi completo.

A ambientalista Ana Paula Cortezdestaca o fato de algumas entidadesterem proposto a elaboração de umnovo Rima porque o primeiro nãoatende as exigências da lei. “Aterraplenagem em si tem alguns pro-blemas que não foram muito esclare-cidos, como por exemplo, as áreas decompensação ambiental pela agressãoque vai haver”, explica Ana.

CONSEQÜÊNCIASSão várias as manifestações em

São Francisco do Sul de entidadesnão-governamentais preocupadas comas conseqüências do empreendimen-to.

A Acea (Associação ComunitáriaEnseada do Acaraí) encaminhou àJustiça um pedido de esclarecimentoe providência para garantir o abaste-cimento de água nos balneários dailha.

O Relatório de Impacto Ambiental(Rima) destaca a Samae, companhiamunicipal de abastecimento de águae saneamento, para abastecer o can-

Impactos ambientais da

nova indústria são questionadosteiro de obras. De acordo com o Có-digo de Águas, o bem é previsto emprimeiro lugar para a população, emsegundo para os animais e em tercei-ro para indústrias. A Samae atendehoje, aproximadamente, 8 mil liga-ções e precisa fazer mais 8 mil paraatender às demandas municipais.

As entidades Ameca, Colônia dePesca Z2, Instituto de Direitos Hu-manos, Associação de Moradores doRocio Grande, Itaguasurf, Associaçãode Moradores da Enseada, Associaçãode Moradores do Acarai e AssociaçãoPreservacionista Francisquense envi-aram uma moção ao governadorEsperidião Amin, reclamando da fal-ta de uma devida conclusão dos es-tudos de viabilidade e legalidade.

O grupo Usinor destaca a pre-servação ambiental como uma preo-cupação constante. As informaçõessão de que a Vega receberá equipa-mentos modernos para tratamento deresíduos, emissões e efluentes.

Os ambientalistas questionamcomo será o expurgo desses resíduose qual a estrutura para a deposição.no relatório da reunião ordinária de30 de março deste ano do ConselhoConsultivo Vega do Sul, há a infor-mação de duas alternativas avaliadaspara o descarte de efluentes: a praiaGrande e a Baía da Babitonga.

Quanto à Baía, o relatório doConselho menciona a realização de es-tudos dos ecossistemas aquáticos naárea de influência do local previstopara o ponto final do emissário. Deacordo com o relatório da reunião,os afluentes a serem lançados estãoabaixo do padrão da legislação esta-dual e federal. Um novo estudo demodelagem e pré-monitoramento daBaía para garantir o máximo de efici-ência do sistema foi iniciado.

Mesmo com muita gente da co-munidade a favor do empreendimen-

A comunidadepede escla-rec imentosquanto ao

tratamento

dos fluen-

tes e dos

r e s í d u o s

sólidos e a

questão da

água.

Junho 2001 - Primeira Pauta 5

R e p r o d u ç ã o

to, nem todos estão convencidos.Fidélis Back, da Colônia de Pesca deAraquari, concorda com a Usinor, des-de que a empresa venha com estudospara o equilíbrio ecológico e não agri-da a natureza. Diferente da opiniãodo vice-presidente da Amabe (Asso-ciação de Maricultores da Baía daBabitonga), Helias Barros Correia. Elediz ser contra a Usinor porque elavai prejudicar a Baía.

Ana Paula reforça que os pesca-dores e maricultares serão os maisprejudicadosdiretamente com aUsinor. “Cálculos feitos por químicossão que no volume de água a ser tra-

tada quimicamente pela empresa edespejada na Baía, mesmo dentro dospadrões, vai haver uma sobrecargade zinco de 3 a 4 toneladas por ano,fora outros produtos”, diz.

Ana também destaca a pressãomuito grande por empregos na re-gião. “Não podemos ser contra a em-presa porque pessoas estão desempre-gadas e jovens precisam deste em-prego. O que nós estamos tentandofazer hoje é equacionar a situaçãocom a instalação da empresa, parahaver os menores danos possíveis”,explica.

Imagine se o te-lhado da sua casa co-meçasse a ficar cadadia mais baixo. O es-paço entre o chão e oteto ficaria cada diamenor. Expulso, sozi-nho, você vê que nãohá para onde ir.

A teoria é trági-ca, mas para seu Elias,morador de São Fran-cisco do Sul, deve seraplicada para explicara vida dos peixes eoutros habitantes daBaía da Babitonga. Opescador Fidélis Back,da Colônia de Pesca deAraquari, concordacom a idéia. Para ele,a Baía está assoreada

A reabertura dos aterros sobre Canal do Linguado pode ser estudada mais uma vez

GISELLI SILVA EKATHERINE FUNKE

A abertura dos aterros sobre oCanal do Linguado seria a solução paratornar essa casa novamente habitávele produtiva? “Com a abertura vaidesassorear o canal”, acredita seuElias, vice-presidente da Associação deMaricultores da Baía da Babitonga.

Não foram poucas as vezes emque a sociedade civil pediu aos órgãose homens públicos a realização de pla-nos de reabertura do Canal do Lingua-do, desde o término do aterro total,em 1935.

Mas um fato novo aconteceu esteano. Em abril, o Ministério Público Fe-deral entrou com uma ação civil pú-blica sobre a reabertura do Canal doLinguado. O documento é um pedidode novos estudos quanto ao impactoque a reabertura provocaria ao meioambiente. Quem pagaria estas pesqui-sas seriam, em conjunto, a União, oDepartamento Nacional de Estradas deRodagem (DNER) e a América Latina

Logística S/A (ALL), empresa particu-lar administradora da ferrovia desde osanos 90, quando a rede ferroviária fe-deral foi incluída no Programa Nacio-nal de Desestatização.

A procuradoria da República cri-tica a inatividade do poder público so-bre o assunto: esta inércia “compactuacom a degradação, pois a única armaque a sociedade possui em sua defesa,neste caso, é a fiscalização, poder-de-ver-função da Administração que nãoestá sendo exercido, apesar dereiteradamente cobrado pelo clamorpúblico”.

Vozes populares de São Francis-co, de Araquari e de Joinville organi-zam-se sobre o assunto desde a déca-da de 30. Muitos abaixo-assinados emanifestos foram feitos para requisi-tar estudos de reabertura do canal. Umdos mais fortes pedidos aconteceu em1982, quando a Associação de Preser-vação e Equilíbrio do Meio Ambiente

de Santa Catarina (Aprema-SC) en-tregou ao ministro do Interior daépoca, Mario Andreazza, um docu-mento com cerca de 15 mil assina-turas que reivindicavam a abertu-ra.

Este abaixo-assinado pareceusensibilizar o governador do Esta-do, que enviou, em 1984 , corres-pondência ao ministro dos Trans-portes da época.

Na carta, Esperidião Amin tra-çava o histórico dos aterros e con-cluía: “Decorridos 49 anos, são evi-dentes as marcas da violência cau-sada pela ânsia e a necessidade deresolver o problema viário: o lentoe inexorável assoreamento da Baíada Babitonga, a evolução do man-gue, a morte da fauna marinha, apoluição da baía, a degradação pro-gressiva da qualidade de vida des-frutada pelos moradores da região,de seus hábitos alimentares e dasua estrutura econômica, antesalicerçados na exuberante faunamarinha que as condições originaispermitiam existir”.

Em 1987, o governo estadualabriu licitação. A Serviços Técnicosde Mineração e Engenharia Ltda(Setemge) venceu. Segundo os jor-nais da época, a execução do pro-jeto custaria U$ 65 milhões e acon-teceria em etapas: instalação de es-goto sanitário em Joinville, cons-trução de molhes em Barra do Sul,dragagem da Baía da Babitonga eda Lagoa do Saguaçu, moni-toramento ambiental e, por último,a reabertura de parte dos aterrossobre o canal.

Mas um Relatório de ImpactoAmbiental (RIMA) das hipótesespropostas pela empresa detectou ainviabilidade da execução. Respon-sável pelo RIMA, a Aprema entre-gou conclusão indicando a fixaçãoe dragagem da Barra do Sul como amelhor saída. Ou seja, descartou aabertura do canal. Seriam abertos,conforme o relatório, apenas 100

Reprodução: Arquivo Aprema

Ação civil pública retoma a

questão da abertura do canal

porque algo impede a circulação deágua: a obstrução do Canal do Lin-guado.

O fechamento do Canal do Lin-guado, na verdade dois canais queladeavam a ilha de João Dias, alte-rou o sistema natural de circulaçãode água da Baía da Babitonga. Hoje,o equilíbrio ecológico está abalado.

Os problemas com o canal sur-giram com a necessidade de comu-nicação entre a ilha de São Francis-co e o continente. A construção daferrovia, no inicío do século passa-do, foi o ponto de partida para osaterramentos. Durante duas déca-das, a ferrovia passava por cima deuma ponte metálica giratória, maistarde destruída para dar mais segu-rança ao meio de transporte. Istoporque a ponte começou a sofrer aação do tempo e, a baía, a ação daponte.

6 Junho 2001 - Primeira Pauta

Desde o início do século passado, o sistema de circulação de águas está alterado

metros de um dos aterros, e asconseqüências possíveis dessa pe-quena abertura vão desde a for-mação de um riacho, a sedimen-tação da boca da Barra do Sul, acontaminação geral da água compoluentes industriais, agrícolas edomésticos até o assoreamentogradativo da Baía da Babitonga.

Uma velha história

As manchetes de jornais das

últimas quatro décadas demons-

tram: a história se repete, ape-

nas mudam as datas e os nomes

7 Junho 2001 - Primeira Pauta

Cautela

O engenheiro agrônomoGert Roland Fischer, coordenadorgeral do relatório na época, hojecontinua a optar pelo estudo cui-dadoso da situação e não pelasimples abertura.

Fischer tem alguns temoresa respeito do assunto. “Ninguémmanda no mar, ou seja, é impos-sível prever com precisão quaisos impactos que poderiam sercausados pela nova circulação daságuas”, explica o engenheiro,fundador da Aprema.

O atual presidente da asso-ciação, Sérgio Dall´Acqua, con-corda: é preciso tomar muito cui-dado para a abertura não causardanos ambientais ainda maiores.

A mesma preocupação reú-ne diversos setores da socieda-de civil, como associações demoradores, de maricultores, co-lônias de pesca, universidades,organizações não-governamen-tais e políticos.

O deputado federal CarlitoMerss (PT) apresentou este anoum dossiê completo da situaçãoao ministro do Meio Ambiente,José Sarney Filho. Conforme odeputado, o Plano Plurianual(PPA) do governo federal já pre-vê a liberação de R$ 500 mil paraa realização de estudos técnicosda abertura. O dinheiro poderáser liberado no ano que vem.

Transporte terrestre: o problema da ilha

1907Aterro parcial, para construçãodo ramal ferroviário da RFFSAentre Joinville e São Franciso doSul, com a instalação de umaponte móvel, que era elevadaem determinados horários paraa passagem de barcos e daságuas

1929Por causa da erosão provocadapela força das águas, a situa-ção da estrutura da ponte foiconsiderada crítica, tornandoinsegura a passagem dos trens.A ponte ameaçava ruir, mas suareconstrução custaria cerca deum mil contos de réis para oscofres públicos.

1932A companhia ferroviária pedeautorização ao ministro da Via-ção, em cartas que descrevem ovolume de barcos que passavamna baía, o estado da ponte e osuposto pouco impactoambiental da obra

1933O ministro da Viação autorizoua RFFSA a fazer o aterro no lo-cal. O prefeito de Joinville, JoãoAcácio Gomes de Oliveira, enviacarta ao ministro João Américocom o objetivo de pedir estudodas conseqüências do aterro to-tal do canal. “Se em 1912 o Exmo.Sr. Ministro da Marinha já achavaque a construção da ponte fixasobre o segundo braço prejudi-caria a defesa móvel do portode São Francisco, que dizer dofechamento definitivo do canalcom um aterro?”, questionavao prefeito.

1934/1935Início do aterro total e demoli-ção da antiga ponte metálica

1948Começam a circular for-tes indícios de descon-t e n t a m e n t o ,especialmente dos mora-dores da região da Barrado Sul

1960Durante sua passagempor Joinville, Jânio Qua-dros, então candidato apresidência da República,expõe opinião favorável àreabertura. Fez uma com-paração com outros países, dizen-do que enquanto lá fora abrem-secanais, aqui eles são fechados

1975Moradores e políticos de Barra doSul fazem pedido ao governo doEstado para que se fizesse um es-tudo para reabrir o canal. Segun-do jornais da época, não houveresultados

1976Desta vez são os moradores de SãoFrancisco do Sul que encaminhamos mesmos pedidos, sem sucesso.

1982A Associação de Preservação eEquilíbrio do Meio Ambiente deSanta Catarina (Aprema), deJoinville, entrega ao governo fe-deral um documento exigindo es-tudos para a abertura, com cercade 15 mil assinaturas.

1984Em dezembro, o governo do Esta-do anuncia que será feito um pro-jeto de reabertura. O estudo seriafeito em 75 dias pelo Instituto Na-cional de Pesquisas Hidrográficas(INPH), com 155 milhões de cru-zeiros e apoio técnico da Fundação

de Amparo à Tecnologia e MeioAmbiente (Fatma) e da Aprema

1986Em setembro, mais de um ano emeio após o anúncio feito em1984, o então governadorEsperidião Amin anuncia a con-clusão do projeto feito elaSetemge, cuja execução custa-ria U$ 65 milhões e cerca de 5anos.

1987Analisado pela AssembléiaLegislativa e por órgãosambientais, com RIMA coorde-nado pela Aprema, o projeto daSetemge foi consideradoinviável

2001A procuradoria do MinistérioPúblico Federal protocola açãocivil pública pedindo providên-cias ao governo federal, ao De-partamento Nacional de Estradasde Rodagem (DNER) e à AméricaLatina Logística S/A.

Um complexo turístico formadopor hotéis, casas de repouso e restau-rantes formaria o “Recanto das Garças”,nome pelo qual o projeto de criação doNúcleo Urbano das Garças é conhecido.O terreno, de 2,8 milhões de metrosquadrados, pertence ao engenheiroAvelar Pascoal Swarowsky e ao ex-ban-cário Célio Gomes. Grupos nacionais einternacionais já manifestaram interes-se em investir nos empreendimentos.

Os planos dos proprietários depen-dem da aprovação do projeto de leicomplementar 22/2000 pela Câmara deVereadores de Joinville. O projeto foiprotocolado em novembro do ano pas-sado, com as assinaturas do prefeitoLuís Henrique da Silveira e do diretor-presidente do Instituto de Pesquisa ePlanejamento Urbano de Joinville(IPPUJ), Norberto Sganzerla.

Entre os objetivos da lei está a al-teração do perímetro urbano do muni-cípio, estendendo-o até a propriedadede Swarowsky e Gomes. A lei comple-mentar também pede a criação de um“setor especial de áreas verdes”, cujodestino seria o turismo, a recreação eo uso residencial. A Área de Preserva-

ção Permanente de Mangues cobre cer-ca de 550 mil metros quadrados (20%da área total), segundo os proprietári-os.

A área do Recanto está localizadano extremo nordeste da cidade. O rioCubatão ladeia o terreno, do oeste aonorte. Ao leste fica a Baía da Babitonga.Nas proximidades, estão a vila doVigorelli e o bairro Cubatão.

Cerca de 50 cabeças de gado sãoatualmente criadas na área. Uma peque-na parte das terras foi vendida para ou-tras pessoas, que construíram um cam-po de futebol e uma marina. Somada àmarina de Avelar e Célio, a capacidadetotal de abrigo a barcos cresceu paraquase cem. Já a Marina Tropical, ao les-te do terreno, ainda passa porlicenciamento ambiental junto à Fatma.

Hoje, o acesso terrestre à propri-edade é restrito a convidados. Por to-dos os lados, a área é cercada por ara-me farpado e placas de propriedade par-ticular. Mas quem vier pelo rio Cubatãopode se instalar nas beiradas, desde quenão deixe lixo. “Cuidado aí viu, nãopode entrar muito no terreno, porquese a polícia pegar não posso fazernada”, avisou Avelar ao homem quetrouxera a família para passear.

8 Primeira Pauta - Junho 2001

O proprietário já indicava pelo ca-minho edificações invisíveis. “Ali pode-ria ser uma casa de repouso... aqui oestacionamento... mais adiante, umapracinha pro pessoal descansar”, apon-tava Avelar.

A Associação de Moradores doCubatão conseguiu reunir mil assinatu-ras a favor da aprovação do projeto delei. Os proprietários garantem a oferta

em lei, não há motivos para ser contrao projeto.

O Núcleo Urbano recebe duras crí-ticas das entidades de defesa ambientalda região, devido a presença dosecossistemas de mangues no local. “Umprojeto destes na Câmara de Vereado-res, no atual quadrante do conhecimen-to e de preocupação da sociedade, comos seus últimos fragmentos demanguezais na região, é desrespeitartotalmente a inteligência do ser huma-no”, concluíam os ambientalistas emuma mensagem eletrônica difundidadurante o início de junho.

A presença de sambaquis na áreatambém preocupa ambientalistas. Emconvênio com o IPHAN, foi realizado o“salvamento” de um dos quatro sítiosexistentes no terreno. A arqueólogaDione da Rocha Bandeira, do Museu Ar-queológico de Sambaquis de Joinville,ressalta a importância do acompanha-mento profissional realizado na área.Conforme Dione, a preservação depen-de do tipo de utilização do local. Sehouver alguma irregularidade, os pro-prietários serão punidos. “Agora, sehouver conscientização das pessoas, épossível abrir o local para visitas e, aomesmo tempo, preservar”, registra a ar-queóloga.

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Dos 2,8 milhões de m2 , apenas 20% seriam mangues, segundo os proprietários do terreno

Arame farpado: acesso livre apenas pelo rio Cubatão

KATHERINE FUNKE

Recanto investe no ecoturismo

de cerca de 1 mil empre-gos em serviços de copa,jardinagem, atendimen-to, guia turístico. “Empoucos anos, Joinvilledeixará de ser uma cida-de industrial e vai preci-sar de outros setores detrabalho”, prevê o diretor-presidente do IPPUJ,Norberto Sganzerla.

“Emprego é palavramágica para conseguireleitores”, rebate SérgioDall´Acqua, presidente daAssociação de Preservaçãoe Equilíbrio do Meio Am-biente de Santa Catarina(Aprema-SC). Mas elepondera: desde que sejamtomados todos os cuida-dos ambientais previstos

Junho 2001 - Primeira Pauta 9

O manguezal é um ecossistemaque cobre mais de 15 milhões de hec-tares no chamdo Terceiro Mundo, con-forme o livro “Mangues: conseguire-mos conservá-los?”, escrito pelo en-genheiro agrônomo e auditorambiental Gert Roland Fischer em1983. O autor joinvilense descreve demaneira simples e completa a situa-ção dos mangues na região de Joinvillee São Francisco do Sul, especialmentena Baía da Babitonga.

A reprodução dos caranguejosfica comprometida com odesmatamento e destruição dosmanguezais. Os caranguejos, assimcomo outros bichos do ecossistema,alimentam-se do produto orgânicodas folhas das árvores característicasda área.

A presença de metais pesados pro-venientes das indústrias da regiãotambém é um fator de risco para osmangues. Os esgotos domésticos e acaça intensa de caranguejos no verão,entre dezembro e fevereiro.

“Nesses meses, o ecossistema ésistematicamente pisoteado, desorga-nizando-se totalmente em sua estru-tura social biológica, com a destrui-ção de todas as tocas e galerias feitaspelos caranguejos, que passaram o anointeiro arrumando a casa para, no mo-mento do acasalamento, oferecer se-gurança e condições de procriação à

companheira eleita”, escreve Fischer.A invasão dos mangues para a

construção de loteamentos urbanosprejudica o ecossistema – e a quali-dade de vida dos seres humanos. Gertexplica as diferentes classes de inva-sores: pessoas pobres, criadores delotes, loteadores individuais eusurpadores.

“Existem também empresasespecializadas em aterrar lotes e man-gues, que operam mediante enco-menda com caminhões-caçamba, des-truindo duplamente o meio-ambien-te: arruinando as bases dos morrosque depois deslizarão e soterrando opróprio mangue”, registra o autor.

Alguns ambientalistas citam da-dos de mangues já invadidos na ci-dade. Os números variam: 500 a 700hectares já não existem mais, deramlugar a casas, ruas, barracos. O dire-tor do IPPUJ admite o problema.“Não se levou em consideração nacidade que este tipo de solo deveriater um tratamento especial”, afirmaNorberto Sganzerla.

Norberto acredita que o Recan-to das Garças trará benefícios à cida-de, tanto pelo turismo quanto pelapreservação do meio ambiente. “Nãoadianta deixar o local como está. Aovocê ignorar uma coisa, vai se tornarterra de ninguém, sem uso adequa-do”, filosofa.

Mangue x planejamento urbano

A evolução do território urbanode Joinville começou pela atual áreado centro, com expansão para as áre-as periféricas apenas a partir da déca-da de 50. Em 1960, o bairro Boa Vistae arredores já apresentavam formaçõesurbanas mais densas.

Enquanto o Norte da cidade rece-beu os primeiros imigrantes, a regiãoSul teve ocupação aleatória a partir dametade do século, o que barateava oslotes de algumas áreas. O primeiro pla-no diretor do município foi elaboradoem 1965. A evolução seguiria, e se-guiu, o eixo norte-sul.

O Distrito Industrial de Joinvillejá foi planejado naquela época. Con-forme Norberto, a região Norte foi es-colhida por apresentar condiçõesclimatológicas e logísticas favoráveis.

Atualmente, existem rumores deestudos para implantação de umazona industrial também ao Sul (bairroItaum). Algumas organizações não-go-vernamentais já manifestaram descon-tentamento. Segundo elas, os ventosdo quadrante sul soprarão em direçãoao centro da cidade, especialmente no

inverno, o que pode poluir com maisintensidade o ar. A preservação dosmorros do Boa Vista e Iririú e a ma-nutenção de uma área verde ao les-te foram estratégias de contençãoda expansão urbana, pensadas nofinal dos anos 60.

Com o mesmo objetivo, um ca-nal artificial entre os manguezais foiaberto ao leste da cidade. Um dosprojetos do IPPUJ é o Eixo Ecológi-co Leste, a popular “Avenida BeiraMangue”. O projeto é condenada pormuitos ambientalistas, que temema invasão dos manguezais.

Conforme explicação deSganzerla, a avenida seria ladeadapor áreas verdes para lazer e recrea-ção. Ao longo do eixo, seriamconstruídos ou adequados nove pon-tos ecoturísticos e outros três de-senvolvidos fora dele – o Morro doAmaral, a Porta do Mar (Espinheiros)e o Recanto do Vigorelli.

O projeto está tramitando jun-to ao Banco Nacional de Desenvol-vimento Social (BNDES), para anga-riar recursos. Só depois, passará porestudos de impacto ambiental.(KATHERINE FUNKE)

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Moradores do mangue enfrentam doenças e fome em JoinvilleOcupação dos mangues compromete a reprodução dos caranguejos

Instituto planeja

expansão urbana

Parte de Joinville está localizada emterrenos de marinha pertencentes àUnião, dos quais muitos já foram aterra-dos e ocupados, com a aprovação da Pre-feitura. Daí surgem problemas, pois emtroca de votos a cargo na Prefeitura, au-toridades autorizavam às imobiliárias oaterro de mangues e a venda aosmigrantes do interior do Paraná e de San-ta Catarina que vinham à procura de em-prego nas fábricas.

Em 15 de maio de 1998 foi aprova-da a lei número 9636 no Congresso Naci-onal. A lei antecipa que a não regulariza-ção dos documentos das terras situadasa menos de 33 metros da média das ma-rés – consideradas terras de Marinha -pode acarretar no despejo dos ocupan-tes dessas terras.

Dos 13 bairros de Joinville pelo me-nos seis estão localizados em terras demangue e/ou Marinha: Boa Vista, Espi-nheiros, Iririú, Jardim Iririú, Fátima e Mor-ro do Amaral um dos mais antigos da ci-dade e colonizado por açorianos. Nessasregiões concentra-se uma grande parce-la de pessoas humildes, ignorantes da leie que em boa-fé ocupam esses terrenos.

A lei diz que os imóveis de domínioda União, situados em zonas de terras deMarinha poderão ser vendidos em leilãoou mediante concorrência pública. Naconcessão da venda terão preferênciasaqueles que, até 15 de fevereiro de 1997,ocupavam o imóvel há mais de um ano eestejam até a data da formalização docontrato de alienação regularmente ins-crito e em dia com suas obrigações juntoà SPU (Secretaria dos Patrimônios daUnião).

Os que não estiverem com a regula-mentação em dia terão que pagar nova-mente o imóvel à União, mesmo que já otenham pago a uma imobiliária.

Um trabalhador sobrevivente de umsalário mínimo ao mês não terá condi-ções de comprar essas terras em leilão(para não perde-la), ou pagá-las nova-

mente à União. Em Santa Catarina há emmédia 60 mil habitantes nesses imóveis,e apenas 40% deles têm condições finan-ceiras para isso.

Segundo os críticos da lei, poderãoser construídos vários resorts para a eli-te, ocorrer a instalação de indústriasmultinacionais que destruirão o restanteda Mata Atlântica local, como tambémacabar com o livre acesso de um simplesmorador àqueles terrenos.

Para o advogado Roberto Pugliese,de São Francisco do Sul, a lei se tornainconstitucional: sequer foi comentadanos veículos de comunicação antes de seraprovada e transforma a realidade políti-ca da República brasileira em Reino (ondesão vendidas terras públicas a estrangei-ros e particulares como capitanias). A leiautoriza a emissão de posse irregulardada pela União, violando outros princí-pios jurídicos pré-estabelecidos no direi-to civil, judicial e processual.

Em Santa Catarina há alguns depu-tados federais e estaduais como CarlitoMerss (PT), Edison Andrino e JoãoHenrique Blasi (PMDB), e advogadoscomo Pugliese, pedindo a revogação dalei. No entanto a força maior tem de virdo poder público, ou melhor, do quererpúblico e não através da ignorância polí-tica. Segundo o advogado, são necessá-rias 1,1 milhão de assinaturas para apro-vação de uma lei que revogue inteiramen-te essa. No último dia 11 foi votada mo-ção que pede a alteração da lei.

Através de Audiências Públicas, pa-lestras e demais formas de divulgaçãopode-se chegar a algum lugar para que odespejo de famílias humildes, a devasta-ção da Mata Atlântica e a venda de terraspúblicas não aumentem em conseqüên-cia da injustiça federal.

O papel das ONGS tem sido funda-mental para um maior comprometimen-to e apoio aos inquilinos que estão nasterras de Marinha. O Centro de DireitosHumanos (CDH), de Joinville, realiza umtrabalho de conscientização sobre os di-reitos garantidos constitucionalmentepela lei número 9.636 sobre a posse deterras.

Lei prejudica

60 mil catarinensesSILVIA AGOSTINI PEREIRA

10 Primeira Pauta - Junho 2001

A criação da Secretaria Municipal deAgricultura e Meio Ambiente pela admi-nistração de Durval Vasel e AlfredoGuenther resultou em programas quepermitiram o desenvolvimento e manu-tenção da agricultura regional e aconscientização ecológica da população.

Na gestão do prefeito Durval Vasel,surgiu o troca-troca de sementes de ar-roz, a distribuição de alevinos, areativação do Horto Florestal, a vendasubsidiada de calcário e a venda a preçode custo de mudas de árvores frutífe-ras.

A atuação da Patrulha Mecanizadaé uma constante. Os técnicos levam aosagricultores e pecuaristas os mais atu-ais conhecimentos do setor para melho-rar a qualidade dos seus produtos atéos dias de hoje.

Instituído pela administração mu-nicipal, o troca-troca consiste em for-necer sementes selecionadas de arrozaos produtores do município, na razãode duas sacas de arroz para cada saca desemente recebida.

O arroz recebido em pagamentopela prefeitura é enviado às creches eoutras instituições. Foram entreguesmais de 5 mil sacas de arroz aos produ-tores. A fiscalização ambiental desen-volve um trabalho preventivo e atendedenúncias sobre desmatamentos irregu-lares, além de desenvolver campanhas eprojetos de conscientização ambiental.

Na última reunião foram distribuí-dos 486.230 alevinos para 378 familias,cujo os açudes foram povoados ourepovoados, aumentando a renda e cri-ando uma nova opção de alimentaçãorica em nutrientes.

PATRÍCIA POZZO

Jaraguá do Sul tem

programas ambientais

Os recursos naturais estão se ex-tinguindo a cada dia. De acordo comdados da Polícia Ambiental de Joinville,o desmatamento ainda é o crime maiscometido, atingindo 80% das agressõesao meio ambiente. Desta forma, os so-los contaminados são empobrecidospelas queimadas e seu destino final é aerosão. Além disso, diversas espéciesde animais e vegetais correm risco deextinção. Para combater o usoindiscriminado dos recursos naturaisforam criadas leis de proteção ao meioambiente e órgãos de policiamento efiscalização.

No ano de 2000 foram registradas1,9 mil ocorrências de crimes contra omeio ambiente na Policia Ambiental deJoinville. A média de registro é de qua-tro ocorrências por dia. Devido à gran-de área abrangida pela proteção não épossível atender a todas. Denúncias demaior impacto ambiental tem preferên-cia. Delitos não atendidos ficam arqui-

Desmatamento é crime ambiental

mais comum na cidade

vados para dados estatísticos. Os prin-cipais crimes ambientais sãodesmatamentos, queimadas, corte demadeira, contrabando e criação de ani-mais silvestres ou em extinção, corte depalmito, poluição de nascentes, man-gues e encostas, caça, pesca com redesde malhas abaixo do permitido e emépocas de reprodução marinha. A caçaé proibida no Brasil, abrindo-se rarasexceções em locais e épocas propícias.

Segundo informações de RinaldoNascimento Vicenti, há 9 anos respon-sável pelo setor operacional da policiaambiental de Joinville, o principais cri-me na área litorânea é a pesca ilegal e,no interior, o desmatamento é o crimede maior impacto.

A extinção indiscriminada das ma-tas afeta todo o ecossistema. Pode cau-sar a extinção de espécies animais e ve-getais, o aterramento de nascentes, adiminuição do lençol freático.

TAÍSA PIMENTEL

Junho 2001 - Primeira Pauta 11

A Fundação do Meio Ambiente(Fatma) é um órgão do governo e foifundada, em 1975, pelo padre RaulinoReitz. Desde a sua criação, a fundaçãoprocura proteger os recursos hídricose conscientizar a população da impor-tância de preservar e zelar pelos re-cursos naturais, que são limitados.Apenas 3% de toda a água existenteno planeta é doce e 1% está ao nossoalcance.

Dos 13 municípios atendidos pelaFatma, Joinville apresenta um dos qua-dros mais preocupantes. Desde que oórgão foi implantado na cidade, porvolta de 1980, iniciaram os trabalhosde controle de poluição.

ISABELA CAROLINA VARGAS

Fundação defende o meio ambiente

A Polícia Militar de ProteçãoAmbiental, órgão do governo do es-tado criada em 1990 pela lei 8.035da Constituição de 1989, surgiu como nome de Policia Florestal. Mas de-vido a sua abrangência ambiental onome foi substituído pelo atual. Suafunção é fiscalizar as atividades deutilização dos recursos naturais.

A ação da Policia Ambientalabrange três estágios: educativo,preventivo e repressivo.

No âmbito educacional são reali-zadas palestras e exposições de ma-teriais apreendidos em locaisestratégicos e abertos à comunida-de. A prevenção é feita através deum patrulhamento – que é realiza-do por carro, embarcação ou mes-mo a pé– para verificar e alertarinfratores sobre possíveis agressõesao ecossistema.

A Polícia Ambiental de SantaCatarina conta com 12 pelotões. O

pelotão de Joinville existe desde1993. São 46 homens, 3 viaturas,4 motos e 4 embarcações queatendem 19 municípios. Quatropolicias no mesmo sistema de tra-balho fazem o policiamento emPirabeiraba ajudando a organiza-ção não-governamental SOS Nas-

centes.Outros órgãos também cuidam

do meio ambiente cedendo ounão autorizações para o uso dosrecursos naturais, como o Insti-tuto Brasileiro do Meio Ambientee dos Recursos NaturaisRenováveis (IBAMA), órgão fede-ral, e a Fundação do Meio Ambi-ente de Santa Catarina, órgãoestadual. Em Joinville, a respon-sável é a Fundação Municipal doMeio Ambiente (FUNDEMA). Am-bos são apenas licenciadores. É apolícia que fiscaliza e determinaa punição, de acordo com a lei.

Polícia ambiental pune infratores

Todo material químico despejadonos rios é analisado por técnicos, quí-micos e geólogos. Esse procedimento éreforçado, pois a cidade não possui ater-ro sanitário industrial adequado.

Segundo a técnica em controleambiental Jaidette Farias Klug, emJoinville o problema é ainda mais grave.“A poluição no Cachoeira é resultado demuitos anos de descaso, sem controlealgum”, diz.

Além de analisar os impactosambientais causados na região Norte doestado, a Fatma fiscaliza e pune as em-presas que não colaboram para evitar apoluição. As indústrias são obrigadas amanter uma estação de tratamento deefluentes para que todo lixo industrialseja tratado antes de ser despejado nosrios.

Outra atividade da fundação é oprojeto de balneabilidade. Através deleé possível estudar a qualidade da águanas praias. Durante o ano é realizadoum trabalho contínuo de análise, mêsa mês. No verão o trabalho se intensi-fica e todas as semanas a água das prai-as na região Norte são analisadas. O tra-balho envolve coleta de amostras deágua, análises físico-químicas e bacte-riológicas e finalmente a divulgaçãodestes resultados.

O EIA, Estudo de ImpactoAmbiental e RIMA, Relatório de Impac-to sobre o Meio Ambiente, são outrosimportantes recursos que a Fatma dis-põe para defender o meio ambiente dosimpactos causados pelas indústrias.

Atualmente, o EIA e RIMA estudamo impacto ambiental que a Usinor pode

causar. A empresa francesa, fabrican-te de aço, tem projetos para instalar-se em São Francisco do Sul. Os empre-sários aguardam a aprovação daFatma para que os projetos de cons-trução da Usina sejam colocados emação.

“O projeto da Usinor está sendoanalisado. Serão feitas melhorias, com-plementos, tudo para que a constru-ção seja o menos impactante possí-vel”, explica Jaidette. O mais impor-tante de tudo isso é que a participa-ção da comunidade é privilegiada. Emcasos como esse, uma audiência pú-blica é solicitada para que todos pos-sam ter acesso ao resultado dos estu-dos.

de de ação deixam as pessoas em har-monia. “No campo todos costumam sevestir de forma bem simples, bem àvontade, sem se sentir mal por estarusando uma roupa nova ou velha. Nin-guém liga pra isso e não existe pre-conceito quanto a vestimentas”, ava-lia.

Os turistas que visitam o campoentram no clima e mostram interessemuito grande e chegam a invejar osmoradores das áreas rurais. Tomamágua do poço, sentam-se para tomar

Num primeiro momento,morar no campo pode não pa-recer uma boa idéia. Mas a po-luição sonora, a má qualidadedo ar que se respira e dos ali-mentos que são ingeridos es-tão atormentando cada vezmais os habitantes das grandescidades. Com tantos problemas,as pessoas procuram melhorara qualidade de vida, que nas úl-timas décadas não tem sido dasmelhores.

Joinville, com cerca de 425mil habitantes, tem uma repre-sentativa área rural. É grande aquantidade de pessoas que tro-cam a cidade pelo campo embusca de melhores condições devida. Um exemplo é na Estradados Morros (em direção àCASAN), onde o mecânicoRoberto Piazeira, resolveu dei-xar a cidade e revela porque:“Resolvi morar aqui por ser umlugar tranqüilo, isento de po-luição de ar, ruídos, banditismoe stress. No campo pode-se terdescanso”.

Segundo Roberto existeminúmeras vantagens em morarno campo. Para ele, dificulda-des não há, porque o convíviocom o pessoal modesto da zonarural é bem melhor do que como pessoal agitado. “Na cidadeestamos entre desconhecidos,no sítio todos se conhecem, seajudam e confiam uns nos ou-tros”, comprova.

O convívio facilitado comas pessoas se completa com abeleza da natureza e aspaisagenss, com fundo musicaldos pássaros. Roberto explicaque a despoluição e a liberda-

Nem o desconforto afasta os

apaixonados pelo campo

ELISA RIEDTMANN DA SILVA

O campo oferece um ambiente de simplicidade

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Junho 2001 - Primeira Pauta 12

blema é que após um dia dechuva a estrada já ficaesburacada”. Exigir asfalto éexagero, pois o município nãotem condições. Fazer opatrolamento diário tambémnão é possível por serem mui-tos quilômetros, o que neces-sitaria de muitas máquinas.

Conforme a esposa dePiazeira, enquanto não houverintromissão de visitantes edesleixados tudo continuarálimpo. Os esgotos das casas daregião possuem sumidourosevitando a entrada de dejetosnos rios e lagos. Os currais têmtratamento com valas de cimen-tos em volta para os dejetosnão escoarem para os rios.

A energia elétrica sofre al-gumas quedas de tensão prin-cipalmente quando são ligadosmuitos aparelhos elétricos deuma só vez. Conforme a Celesc,já está sendo feito um planeja-mento para resolver a questão,ainda mais que há pouco tem-po a região foi transformada emlocal de turismo rural onde aenergia será mais utilizadapara atender melhor aos visi-tantes.

Uma outra dificuldade en-contrada é a precariedade de te-lefone, ônibus circular e trans-porte para os escolares obriga-dos a andarem quilômetros parachegar à escola. Piazeira preci-sou comprar com dinheiro pró-prio uma antena para ter sinal,pontuação telefônica, porque aconcessionária responsável pelatelefonia local não se preocu-pou em dar acesso aos mora-dores da Estrada.

chimarrão e não pedem para caçar.Piazeira diz que pretende, quando seaposentar, sair completamente da ci-dade, vê-la somente para visitar osamigos e parentes. Nos finais de se-mana a terapia é trabalhar na terra,no quintal, deitar na rede e tomar chi-marrão.

O acesso a esses recantos depen-de muito das chuvas. A Prefeitura e asecretaria da Vila Nova têm cuidadodas estradas, passando, sempre quenecessário, a moto-niveladora. “O pro-