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265 EMAR10EPI © Porto Editora Ficha Informativa n.º 6 A frase complexa – coordenação e subordinação As orações de uma frase complexa podem ligar-se por coordenação ou por subordi- nação. Em cada um destes processos de ligação interoracional podemos distinguir vários subtipos de orações. Orações coordenadas As orações coordenadas são consideradas autónomas, pois não dependem sintacti- camente umas das outras. As conjunções ou locuções coordenativas que unem estas orações estabelecem uma determinada relação semântica entre elas, de acordo com a qual se identificam vários subgrupos de orações coordenadas. Orações coordenadas copulativas O Ricardo pinta e a Marta faz teatro . O mecânico não veio, nem telefonou . Nem leu o livro nem fez o trabalho . As orações coordenadas copulativas introduzidas por uma conjunção ou locução coordenativa são sindéticas por oposição às assindéticas, que não são introduzidas por conjunção, mas apenas separadas por pausa, representada na escrita por uma vírgula. O velho abriu a porta e espreitou cautelosamente . (oração coordenada sindética) O velho abriu a porta, espreitou cautelosamente . (oração coordenada assindética) Orações coordenadas disjuntivas Vais ao cinema ou ficas em casa ? Vou sair, quer chova quer faça sol . Ora chora, ora ri . A Conjunções e locuções copulativas (marcam uma adição ou sequência temporal) e; nem; nem… nem; não só… mas também; não só… como/mas (também); tanto… como Conjunções e locuções disjuntivas (marcam uma alternativa) ou; ou… ou; ora… ora; quer… quer; seja… seja Nota: A classificação de uma oração coordenada como adversativa, copulativa, conclusiva, disjuntiva ou explicativa é reservada somente à oração que é iniciada pela conjunção; a outra oração designa-se apenas como oração coordenada.

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Ficha Informativa n.º 6

A frase complexa – coordenação e subordinação

As orações de uma frase complexa podem ligar-se por coordenação ou por subordi-

nação. Em cada um destes processos de ligação interoracional podemos distinguir

vários subtipos de orações.

Orações coordenadas

As orações coordenadas são consideradas autónomas, pois não dependem sintacti-

camente umas das outras.

As conjunções ou locuções coordenativas que unem estas orações estabelecem

uma determinada relação semântica entre elas, de acordo com a qual se identificam

vários subgrupos de orações coordenadas.

Orações coordenadas copulativas

O Ricardo pinta e a Marta faz teatro.

O mecânico não veio, nem telefonou.

Nem leu o livro nem fez o trabalho.

As orações coordenadas copulativas introduzidas por uma conjunção ou locução

coordenativa são sindéticas por oposição às assindéticas, que não são introduzidas por

conjunção, mas apenas separadas por pausa, representada na escrita por uma vírgula.

O velho abriu a porta e espreitou cautelosamente. (oração coordenada sindética)

O velho abriu a porta, espreitou cautelosamente. (oração coordenada assindética)

Orações coordenadas disjuntivas

Vais ao cinema ou ficas em casa?

Vou sair, quer chova quer faça sol.

Ora chora, ora ri.

A

Conjunções e locuções copulativas (marcam uma adição ou sequência temporal)

e; nem; nem… nem; não só… mas também; não só… como/mas (também); tanto… como

Conjunções e locuções disjuntivas (marcam uma alternativa)

ou; ou… ou; ora… ora; quer… quer; seja… seja

Nota:A classificação de uma oração coordenada como adversativa, copulativa, conclusiva,disjuntiva ou explicativa é reservada somente à oração que é iniciada pela conjunção; a outra oração designa-se apenas como oração coordenada.

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Orações coordenadas adversativas

Avisei-o várias vezes, mas não me ouviu.

Prometeu pontualidade, no entanto atrasou-se.

Orações coordenadas conclusivas

Aquele rapaz deita-se tardíssimo; logo anda sempre ensonado.

Tiraste fracas notas, portanto não vais à festa.

Orações coordenadas explicativas

Tiraste fracas notas, pois não estudaste.

Como algumas frases com orações coordenadas podem ter sentido idêntico ao de

outras com orações subordinadas, convém saber como as distinguir.

Um comportamento que caracteriza as orações coordenadas, permitindo distingui-las

das subordinadas adverbiais (temporais, causais, finais, condicionais e concessivas), é

a impossibilidade de movimentação da oração introduzida pela conjunção coordenativa

para o início da frase (mantendo o mesmo sentido) face à possibilidade desse movi-

mento com as orações subordinadas.

Saiu quando acabou o trabalho.

Quando acabou o trabalho, saiu.

Prometeu pontualidade, mas atrasou-se.

*Mas atrasou-se, prometeu pontualidade.

Atrasou-se, embora tenha prometido pontualidade.

Embora tenha prometido pontualidade, atrasou-se.

Acendeu a luz, pois estava a anoitecer.

*Pois estava a anoitecer, acendeu a luz.

Acendeu a luz, uma vez que estava a anoitecer.

Uma vez que estava a anoitecer, acendeu a luz.

Conjunção conclusiva (marca o resultado, o efeito ou a consequência/conclusão)

logo

Conjunção explicativa (marca uma justificação ou explicação)

pois

Conjunção adversativa (marca um contraste ou oposição)

mas

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Conjunções completivas

que; se; para

Orações subordinadas

As orações subordinadas desempenham uma função sintáctica na frase em que se

encontram.

Classificam-se tradicionalmente em substantivas, adjectivas e adverbiais, segundo a

função sintáctica que desempenham, por serem comparáveis a grupos nominais, a

grupos adjectivais e a grupos adverbiais.

Orações subordinadas substantivas

As orações subordinadas substantivas podem desempenhar na frase em que se

encaixam a função sintáctica de sujeito ou complemento de um verbo, de um nome ou

de um adjectivo.

◆ orações completivas

As orações subordinadas completivas podem ser seleccionadas por um verbo.

Admira-me que o Tó se tenha atrasado. [= Isso admira-me.](sujeito)

Ela pediu ao pai que a desculpasse. [= Ela pediu isso ao pai.](complemento directo)

Ela desistiu de que a compreendessem. [= Ela desistiu disso.](complemento oblíquo)

Ele perguntou se podia sair. [= Ele perguntou isso.](complemento directo)

A mãe disse-lhe para fazer a cama. [= A mãe disse-lhe isso.](complemento directo)

As orações completivas também podem ser seleccionadas por um nome ou por

um adjectivo.

O receio de que tivesse sido a culpada apavorava-a. (complemento do nome receio)

Ela estava desconfiada de que a tinham enganado.(complemento do adjectivo desconfiada)

◆ orações relativas (sem antecedente)

As orações relativas sem antecedente são introduzidas pelos vários tipos de pala-

vras relativas (pronomes: quem, o que; advérbio: onde; quantificador: quanto) sem

antecedente na frase em que se encaixam e podem exercer as funções sintácticas

de sujeito, complemento directo, complemento indirecto, complemento oblíquo ou

modificador do grupo verbal.

Quem desconfia é ladrão.(sujeito)

Ele evita o que o possa magoar. (complemento directo)

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Fizeram uma festa a quem venceu.(complemento indirecto)

Vou para onde me apetecer. (complemento oblíquo)

Paramos onde quiseres.(modificador do grupo verbal)

Orações subordinadas adjectivas – orações relativas (com antecedente)

As orações subordinadas adjectivas são as orações relativas com antecedente que

exercem a função sintáctica de modificadores do nome e são introduzidas pelos vários

tipos de palavras relativas com um antecedente no grupo nominal em que se encaixam.

Descobri a pulseira que tinha desaparecido.(antecedente)

Tal como os outros modificadores do nome, estas orações relativas podem ser res-

tritivas ou explicativas (apositivas), consoante restringem ou não a informação dada

sobre o antecedente.

◆ orações relativas restritivas

O rapaz que me apresentaste veio cá ontem.

Os alunos cujas notas foram más vão repetir o teste.

Gosto da cidade onde vivo.

Na escrita, não se separam por vírgulas.

◆ orações relativas explicativas

O meu padrinho, que vive em Paris, telefonou-me ontem.

O meu filho, cujas qualidades todos reconhecem, vai estudar para Londres.

Encontrei o Rui, o qual me pareceu adoentado.

Na escrita, separam-se por vírgulas.

Orações subordinadas adverbiais

As orações subordinadas adverbiais desempenham a função de modificador da

frase ou do grupo verbal e podem ser introduzidas por diferentes conjunções ou locu-

ções subordinativas, que exprimem uma determinada relação semântica com a oração

subordinante. De acordo com essa relação distinguem-se vários subtipos.

◆ temporais

Exprimem uma relação de tempo com a oração subordinante.

Ela compareceu logo que/quando foi chamada.

Conjunções e locuções temporais

quando; enquanto; apenas; mal; agora que; desde que; antes que; assim que; logo que;depois que; até que; sempre que; todas as vezes que; cada vez que; antes de; depois de

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◆ causais

Indicam um motivo ou uma causa em relação à oração subordinante (efeito ou

resultado).

Não comprámos o medicamento, porque a farmácia fechou.

Como tinha pressa, chamei um táxi.

◆ finais

Indicam uma finalidade ou intencionalidade em relação à oração subordinante.

Para que tudo esteja pronto a horas, prepara as coisas com antecedência.

Fizeram cortes a fim de que as despesas diminuíssem.

◆ condicionais

Apresentam uma condição para que se verifique o facto referido na oração subor-

dinante.

Se quiseres vir connosco, avisa.

Caso precises de ajuda, telefona-me.

◆ concessivas

Exprimem uma relação de contraste; o que se verifica na oração subordinante

surge como inesperado face ao que é dito na subordinada.

Embora eu não tenha sido convocado, irei à reunião.

Deixo-te ir à festa, se bem que tu não mereças.

Nota que as frases com orações concessivas têm um sentido equivalente ao das

frases com orações coordenadas adversativas.

Irei à reunião, mas não fui convocado.

Deixo-te ir à festa, porém tu não mereces.

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Conjunções e locuções causais

porque; como (= porque); que (= porque); visto; dado; pois que; uma vez que; visto que; já que; dado que

Conjunções e locuções concessivas

embora; conquanto; que; malgrado; se bem que; ainda que; mesmo que; mesmo se;posto que; nem que; por mais que; por menos que; não obstante

Conjunções e locuções finais

que; para que; a fim de que; de modo que; de maneira que

Conjunções e locuções condicionais

se; caso; salvo se; contanto que; a não ser que; a menos que; desde que

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◆ comparativas

Estabelecem uma comparação com a subordinante.

Ele é tão estudioso como o irmão é preguiçoso.

Ele é mais estudioso do que o irmão.

Ele gritou como se fosse louco.

Observa que, muitas vezes, na oração subordinada comparativa se suprimem (isto

é, há elisão de) alguns elementos.

O João toca tão bem piano como violino. (= como toca violino)

◆ consecutivas

Exprimem uma relação de consequência em relação ao grau da situação referida

na oração subordinante.

Ele esforçou-se tanto que acabou o trabalho a horas.

Nota que as frases com orações consecutivas têm um sentido próximo do das frases

com orações coordenadas conclusivas, podendo estar ausente nestas a quantificação.

Ele esforçou-se (muito), portanto acabou o trabalho a horas.

Orações finitas e não finitas

As orações podem ser finitas ou não finitas consoante o verbo esteja numa forma

finita ou numa forma não finita. São não finitas as formas nominais: infinitivo (pessoal

ou impessoal), gerúndio ou particípio passado. A maioria das orações não finitas

ocorre como subordinada.

Exemplos de orações não finitas com o verbo no infinitivo:

Não fui sair por estar cansada. (oração subordinada causal não finita)

É preciso ir à farmácia. (oração subordinada completiva não finita)

Ela abraçou-o ao entrar em casa. (oração subordinada temporal não finita)

Exemplos de orações não finitas com o verbo no gerúndio:

Saltando da varanda, escapou aos bandidos. (oração subordinada causal não finita)

Mesmo trabalhando toda a noite, não acabei o trabalho. (oração subordinada concessiva não finita)

Exemplos de orações não finitas com o verbo no particípio passado:

Interrompida a estrada, tivemos de pernoitar na aldeia. (oração subordinada causal não finita)

Terminado o Inverno, arrumo as roupas mais quentes. (oração subordinada temporal não finita) )

Conjunções e locuções consecutivas

que; (de tal modo) … que; (tão) … que; (de tal maneira) … que; (tanto) … que

Conjunções e locuções comparativas

como; do que; qual (depois de “tal”); quanto (depois de “tanto”); assim como; bem como; como se; que nem

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FRASES COMPLEXAS – COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO (QUADRO-SÍNTESE)

Orações coordenadas

copulativas

disjuntivas

adversativas

conclusivas

explicativas

Orações subordinadas

substantivas

completivas

relativas (sem antecedente)

adjectivas

relativas (com antecedente) restritivas

relativas (com antecedente) explicativas

adverbiais

temporais

causais

finais

condicionais

concessivas

comparativas

consecutivas

Observação:As orações podem ser finitas ou não finitas consoante o verbo esteja numa forma finitaou numa forma não finita (isto é, no infinitivo pessoal ou impessoal, no gerúndio ou no particípio passado).

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