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Estado-Nação e a Violência Anthony Giddens

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Estado-Nação e a Violência

Anthony Giddens

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Anthony Giddens

Nasceu em 1938, numa família de classe média em Londres.

Graduado em psicologia e sociologia na Universidade de Hull, em 1959.

Desenvolveu o conceito da terceira via

Elaborou a definição ideológica e programática do novo trabalhismo

É considerado um intellectual de centro-esquerda

Ganhou o epíteto de “marxista-weberiano”

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Estado-Nação e a Violência

Nós vivemos em um mundo dividido entreoportunidades extraordinárias e desastres, esomente o mais tolo dos otimistas poderiasupor que o primeiro, necessariamente,triunfará sobre o segundo. (p. 29)

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Cap. 1- Sociedade e História Moderna

Poder = capacidade transformadora ou capacidade de intervir emdeterminados cenários de eventos de forma a alterá-los. (p. 33)

O poder está relacionado aos recursos que os cidadãos empregam ao longode suas atividades para concluir o que se quer fazer. (p. 33)

Dois tipos de recursos: materiais e políticos

Poder como dominação

A dominação é expressa pelas instituições que representam as continuidadesmais arraigadas da vida social. Mas, no contexto de qualquer coletividade,associação ou organização, a dominação é expressa como controle, por ondealguns agentes procuram admitir o consentimento de outros. (p. 35)

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Uma das maiores características do Estado Moderno, em contrapartida, é a vastaexpansão da capacidade de administradores estatais em influenciar mesmo osmais íntimos aspectos da vida diária. (p. 36)

Dialética do controle: “todas as estratégias de controle empregadas porindivíduos ou por grupos superiores suscitam contra-estratégias por parte dossubordinados (p. 37).

Toda a reprodução social e, portanto, todos os sistemas de poder, são baseadosna “previsibilidade” das rotina diária (p. 37).

Organização é uma coletividade cujo conhecimento sobre as condições dereprodução do sistema é usado de modo reflexivo para influenciar, dar forma oumodificar o próprio sistema. (p. 38)

Nos Estados-Nação modernos, entretanto, o monitoramento reflexivo do sistemade reprodução do sistema é usado de modo de reflexivo para influenciar, darforma e modificar o próprio sistema. (p. 38)

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Recursos materiais e recursos políticos

O Poder é gerado pelo controle desses recursos

A geração de recursos materiais é, com certeza, influenciada diretamente porformas de tecnologia disponíveis em qualquer sociedade, mas o nível de suaconcentração depende incialmente de fatores que criam os recursos políticos (p.39).

Esses fatores são: as possibilidades de vigilância, as possibilidades deagrupamento, dentro de espaços definidos, de um grande número de indivíduos,que na maior parte de suas atividades diárias, não estão envolvidos com aprodução material direta (p. 41), as facilidades das sanções e intensidade, acima detodo o desenvolvimento do poder militar (p. 41), e a criação de certas condiçõesque influenciam na formação de ideologia (p. 42).

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Vigilância

Dois tipos de fenômeno fenômenos:

1- Acumulação de informação codificada – pode ser usada para administrar asatividades de indivíduos a ela associada. Refere-se ao armazenamento dainformação.

2- Supervisão direta das atividades de alguns indivíduos por outros em posição deautoridade. (p. 40)

Nas modernas organizações sociais “tanto os amplos setores da vida diária deatores sociais (como nas fábricas ou escritórios), quanto os períodos substanciaisde suas vidas em um cenário mais “abrangente” como em prisões ou hospícios)podem ser objetos de uma relativa vigilância contínuas.

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Hegemonia

O sistema de integração das sociedade de classes não dependesignificativamente da completa aceitação por parte da maioria dapopulação de uma ordem simbólica em especial. O que importa é ahegemonia adquirida por tal aceitação por membro de grupos ou classesdominantes. (p. 42)

O conflito de classe é relativamente raro em sociedade de classes (p. 91)

O eixo principal da dialética do controle nos Estados tradicionais nãoenvolve necessariamente, ou mesmo normalmente, uma fortehomogeneidade cultural entre governantes e governados. (p. 101)

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O Conceito de Estado

Aparato de Estado – órgãos administrativos do governo

Todos os Estados incluem o monitoramento reflexivo dos aspectos da reproduçãodos sistemas sociais subordinados ao seu domínio (p.43)

O aspecto “político” das organizações diz respeito à sua capacidade de organizaros recursos de autoridade ou o que eu chamei poder administrativo (p. 45)

Todas as organizações têm perfis políticos, mas apenas no caso de Estados é queenvolvem a consolidação de um poder militar em associação ao controle dosmeios de violência dentro de uma extensão territorial. (p. 45)

Um Estado pode ser definido como uma organização política cujo domínio éterritorialmente organizado e capaz de acionar os meios da violência parasustentar esse domínio. (p. 45)

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Sociedade civil

Com o surgimento dos Estado moderno, e o seuapogeu no Estado-nação, a “sociedade civil”, nessesentido, simplesmente desaparece. O que está “fora”do alcance administrativo do aparato do Estado nãopode ser entendido como instituições quepermanecem não absorvidas pelo Estado (p. 47).

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Estado Nação e capitalismo

Excedente como uma das condições para o surgimento docapitalismo, sendo precedido por outras como o EstadoNação (o poder administrativo) e a expansão da moeda.

Relação entre a expansão do capitalismo e o poder crescentedo Estado nação (p. 52)

Relação entre organização industrial, poder militar e EstadoNação.

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Tese Principal

“No capitalismo industrial há p desenvolvimento de um novo tipo desistema de classe, no qual a luta de classe é predominante, mas em quetambém a classe dominante - aqueles que detêm ou controlam grandevolume de capital – não tem ou não pedem acesso direto aos meios deviolência para manter o seu domínio. Ao contrário dos sistemas anterioresde dominação de classe, a produção envolve relações próximas econtínuas entre os principais agrupamentos de classe. Isso presume uma“duplicação” a vigilância, os modos de vigilância tornando-se um dosaspectos chave das organizações econômicas e dos próprio Estado (p.181)

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O Estado e a Propriedade

Propriedade implica “apropriação”; e apropriação presume a existência deum sistema legal pelo qual direitos de propriedade são definidos (p. 94)

O “capital” é propriedade, mas de um tipo bastante diferente dapropriedade territorial tradicional: sua proeminência dentro da nova“economia divergente implica todo um conjunto de transformaçõesinstitucionais, comparadas àquelas típicas das sociedades de classes. (p.95)

A alienabilidade do trabalho no capitalismos é a pré-condição para aexistência de um mercado de trabalho em massa. (p. 96)

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Estado, capitalismo e vigilância

Para compreender “o surgimento do Estado nação, é preciso ter em menteduas características: delimitado territorialmente e sua associação com opoder militar”.

A Soberania, a centralização dos meios de coerção das leis e aformalização de uma economia monetária viabilizaram a formação docapitalismo.

Característica do Estado: vigilância intensa e maximizada. Uso intensivo doaparato policial para vigilância dos grupos subordinados

Totalitarismo como tendência do Estado Moderno e fenômeno específicodo século XX.

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Vigilância- Espinha dorsal do Estado

A vigilância como mobilizadora do poder administrativo – pormeio do armazenamento e controle de informação – é o meiobásico de concentração dos recursos políticos envolvidos naformação dos Estados-nação. Mas ela é acompanhada deprocessos de transformação interna em larga escala,processo este que tem a sua origem no desenvolvimento docapitalismo industrial que podem ser representadosessencialmente como produzindo uma pacificação interna. (p.202)

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Críticas a Foucault

O “poder disciplinatório” como descrito por Foucault depende basicamente davigilância, no sentido da manutenção da informação, especialmente na forma deregistro pessoais de histórias de vida mantidas pelas autoridades administrativas.Mas ele também envolve a vigilância no sentido da supervisão direta. Nessesentido, prisões e asilos dividem algumas das características generalizadas dasorganizações modernas, incluindo o local de trabalho capitalista, além de umavariedade de outras organizações. (p. 205)

Foucault engana-se, na medida que considera esse poder disciplinatório“maximizado” como expressão da natureza geral do poder administrativo doEstado moderno. (p 206)

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Governabilidade e vigilância

A governabilidade de um Estado moderno refere-se ao sucesso das operações devigilância que ele é capaz de manter; estas, por sua vez, porém, tem algumarelevância somente na medida que tenham controle sobre os aspectos cotidianosda vida da população. O que é importante aqui não é tanto o nível de legitimidadeque um governo pode gerar em relação a maioria da população, mas sim até ondeos padrões estabelecidos de conduta social são maleáveis em relação às políticasde Estado. Em outras palavras, até onde um governo realmente “governa” talvezdependa menos de uma aceitação generalizada da justificativa de suas políticas doque de uma aceitação diária delas. Em ambos os casos, entretanto, o “governo”existe quando há uma relação “dupla” entre os programas das autoridadesdominantes e a “captação governamental” daqueles que são governados. (p. 333)

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Vigilância e poliarquia

Entendida como o monitoramento reflexivo da reprodução social, a vigilância temsido importante tanto para a consolidação do sistema mundial nos temposmodernos quanto para a ordem interna dos Estados. Não há uma relação diretaentre a expansão do poder administrativo dos Estado e a opressão política. Quantomais os Estados procuram efetivamente “governar”, mas há a possibilidade decontrabalançar na forma do envolvimento poliárquico (p. 349).

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Arenas de Vigilância

Direitos civis – vigilância como policiamento

Direitos políticos vigilância como monitoramento reflexivo do poder administrativo do Estado

vigilância como “gerenciamento” da produção (p. 224)

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Dialética do controle

O alcance administrativo das autoridades do Estado deixou amplamente intocadasa vida diária das comunidades locais nas quais grande parte da população vivia. Adialética do controle nas sociedades de classes, em relação ao poder do Estado,pode ser caracterizada como uma questão de “autonomia fragmentada”. Isso querdizer que, já que o nível de interdependência do centro político e da populaçãosubmetida era relativamente baixo, o “esforço de negociação” feito envolvia amanutenção de uma grande quantidade de autonomia da comunidade local,desde que certas obrigações com o Estado fossem satisfeitas; em troca, o Estadoforneceria uma variedade limitada dos sérvios recíprocos . O uso ou a ameaça douso do poder militar está, em geral, sempre presente quando sustenta o alcanceadministrativo do aparato de Estado, pois o nível de distanciamento no tempo e noespaço que era capaz de comandar era baixo se comparado ao Estado moderno (p.220).

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Dialética do Controle

Neste último, o aumento do poder administrativo (gerado principalmente pelaextensão da vigilância em vários sentidos observados acima) marginaliza adependência do Estado sobre o controle dos meios de violência como um meio dedomínio de sua população. Entretanto o poder administrativo que depende deuma mobilização das atividades sociais pela expansão da vigilâncianecessariamente aumenta as elações recíprocas entre aqueles que governam eaqueles que são governados. Quanto maior a reciprocidade envolvida, maiores aspossibilidades que a dialética do controle oferece aos grupos subordinados deinfluenciar os governantes. Tomo isso como o “cenário estrutural” no qual apoliarquia se desenvolve, primeiramente a sombra do Estado absolutista, e entãomais aberta e diretamente no curso da transição do Estado-nação. (p. 220)

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Estado-Nação e a Guerra

O Estado-Nação é o principal veículo da organização políticado mundo contemporâneo, reconhecido como mantendolegitimamente o monopólio dos meios da violência pela suaprópria população e por outros Estados-nação. Como opossuidor dos meios de empreendimentos de guerrasindustrializadas, em um contexto global de aplicação continuada ciência para o avanço da tecnologia militar, o Estadoparticipa e promove um processo generalizado demilitarização dentro do sistema mundial como um todo. (p.270)

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O poder industrial e militar

Ao contrário de promover o avanço econômicopacífico, o industrialismo esteve desde o começocomprometido com as artes da guerra. NenhumEstado que não possuísse forças militares capazes deusar as novas formas organizacionais e os novosarmamentos poderia esperar resistir a ataquesexternos daqueles que pudessem arregimentar taisforças (p.271)

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Domínio militar moderno

“o domínio militar moderno depende de umcontrole centralizado de armamento de uma guerraindustrializada, e de um exército efetivoburocratizado, operando normalmente emcircunstâncias nas quais um alto nível de pacificaçãointerna foi adquirida, nível este jamais possível nosEstados tradicionais” (2008, p. 290).

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Militarismo

O “militarismo” hoje, significa, antes de mais nada, umapropensão por parte dos altos escalões das forças armadas eem outros círculos diretivos de fora, para buscar, em primeirolugar, soluções militares para questões que poderiam serresolvidas por outros meios; e a facilidade de escalões maisbaixos em aceitar tais soluções sem questionamentos (p. 337)

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Aspectos institucionais do Estado-nação

Estado Nação Clássico Estado Absolutista

Economia industrializada + -

Produção capitalista + -

Integração Política + -

Domínio militar - +

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Bibliografia

GIDDENS, Anthony. O Estado Nação e a Violência: segundo volume de uma crítica contemporânea ao materialismo histórico. 1 ed. São Paulo: USP, 2008.