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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES PUBLICIDADE E PROPAGANDA ANÁLISE COMPARATIVA DE ESTÉTICA

Estética em Publicidade

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Trabalho para o Professor Vitor Aquino - ECA USP

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

PUBLICIDADE E PROPAGANDA

ANÁLISE COMPARATIVA DE ESTÉTICA

São Paulo,

2010

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Débora Smid Rozão

ANÁLISE COMPARATIVA DE ESTÉTICA

Análise Comparativa de Estética apresentada para

obtenção de nota referente ao primeiro semestre da

disciplina Estética em Publicidade, Escola de

Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo.

Prof. Dr. Victor Aquino Gomes Correa

São Paulo,

2010

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"Para uma ideia é de péssimo agouro estar na

moda, pois significa que em seguida tornar-se-á

antiquada para sempre." [George Santayana]

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RESUMO

ROZÃO, Débora S. Moda e modismos: diferencial ou homogeneidade?

Prof. Orientador: Victor Aquino Gomes Correa; São Paulo: USP, 2010, 4 fl., Análise.

O seguinte trabalho trata-se de uma reflexão acerca de características estéticas que,

observadas superficialmente, se mostram diferentes, porém, quando minuciosamente

analisadas, apresentam-se idênticas, embasadas em um mesmo instinto e princípio. Basear-se-

á em uma comparação entre os diferentes estilos de moda, que embora pareçam opostos ao

ter-se um olhar discreto e superficial, têm uma mesma fundamentação e objetivo. O trabalho

refletirá as semelhanças entre os estilos, e o que os fazem ser, ao mesmo tempo, aspectos

diferenciadores e homogeneizadores das pessoas no ambiente social.

Palavras-chave: moda . modismos . influências . homogeneidade social

ABSTRACT

ROZÃO, Débora S. Fashion and fads: difference or likeness?

Prof. Guide: Victor Aquino Gomes Correa; São Paulo: USP, 2010, 4 p., Analysis.

        The following work reflects about esthetic characteristics whose superficial observation

shows differences, but, when deeply analyzed, shows identical, based on the same instinct and

principle. It will base itself on a comparison between different fashion styles, which even

seeming like the opposite under a discreet and superficial look, have the same both foundation

and goal. The work will reflect the sameness between styles, while they are unlikeness and

homogenizer aspects of people in the social place.

Key words: fashion . fad . influence . social homogenizer

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MODA E MODISMOS: DIFERENCIAL OU HOMOGENEIDADE?

Diferencial ou homogeneidade?

Tanto a moda como os modismos surgiram a partir da vontade de criar um diferencial

entre as pessoas, que possibilitasse a estas que realizassem seu desejo de diferenciar-se das

demais através de um estilo adotado, que refletiria em suas vestimentas e acessórios, cortes de

cabelo e penteados, atitudes, vocabulário, preferência musical, entre outros tantos aspectos

que podem ser influenciados pelo ambiente inspirado por esse modo de vida.

Porém, como os próprios termos sugerem atualmente, essas ideias alastraram-se de

forma tal que abrangeram grandes contingentes de pessoas, tornando aquilo que inicialmente

seria seu diferencial, seu designador como estereótipo, aproximando-as ainda mais do

restante.

Para termos uma visão mais clara e objetiva, consideremos inicialmente que para que

qualquer coisa, corriqueira hoje perante os olhos da opinião, possa ter assim se tornado na

mentalidade das pessoas por todo o mundo - como o uso do brinco por mulheres, por exemplo

- algum dia foi necessário que alguém a tenha pensado, criado e usado pela primeira vez,

quando ainda era inédita, até que admirassem-na e adotassem-na, utilizando-se também dela e

dando início a uma nova moda, tão afixada ao convívio social que nem mais é considerada

como tal.

Tomando isso como ponto central gerador de discussão, após um breve histórico do

que ambos são em sua essencialidade, poderemos desenvolver uma análise comparando-os,

tanto em suas diferenças, como também em suas semelhanças.

Moda: pseudo-regulador de status social

Aquilo que conhecemos como moda – não em seu uso vulgarizado, mas em sua

significação objetiva – fora criada inicialmente não apenas como engrenagem da economia

capitalista por seu aspecto consumista, mas também como uma espécie de standard definidor

de níveis sociais, já que é constituinte de um sistema de classificação de pessoas como

pertencentes ou não às camadas mais elevadas da sociedade por seu poder aquisitivo, que lhes

torna possível a adesão a tal movimento.

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Desse modo, considerando sua finalidade, pode-se entender que uma das funções da

moda seria servir de ferramenta de auto-afirmação de dinheiro e status aos ricos e famosos, de

modo a destacá-los das demais pessoas, escondidas sob sua máscara de mediocridade imposta

por suas limitações financeiras.

Entretanto, não imunes à banalização desenrolada pelos meios de comunicação em

massa que, como lembrados por Trindade (2007) em um de seus trabalhos a respeito, são

“elementos reguladores das relações sociais e estão na própria base da constituição dessas

relações”, as marcas representantes da moda foram aos poucos tornando-se ícones ilustrativos

da elite social, formados através da associação descrita por Leontiev (2004), aludindo aos

signos, que diz que “... a simples percepção de um objeto não o reflete apenas como

possuindo uma forma, uma cor etc., mas também como tendo um significado objetivo e

estável determinado...”, como se as mesmas fossem atestados do ingresso a um novo mundo,

mais singular, limitado, de difícil acesso.

Por isso, qualquer indivíduo ascendente de uma classe inferior, ou mesmo aquele que

gasta todo seu dinheiro em um único objeto apenas pra aprazer-se da imagem a que este

remeterá, hoje adquire esses tradutores de status para que possa parecer mais importante,

destacando-se da camada popular. Daí a obsessão atual existente por marcas – em especial as

mundialmente conhecidas como, por exemplo, Louis Vuitton, Versace, Pierre Cardin, Ferrari,

Porsche, entre outras – donas dos mais altos preços do mercado, que vendem seus produtos

não apenas por sua qualidade e confecção, mas, principalmente, apenas pela etiqueta que estes

carregam, pelos mais diversos tipos de pessoas pelo mundo, o que faz com que já não sejam,

de fato, objetos restritos a poucos.

Assim, criou-se toda uma camada de pessoas adeptas as tendências da alta moda,

designadas por estilistas insignes por sua ousadia e criatividade ao direcionarem aquilo que

será objeto de desejo das pessoas no mercado através de desfiles em semanas de moda e

grande exposição destes em mídia, fazendo com que todas essas pessoas que buscam esse

status fornecido por ela se utilizem das mesmas coisas, como bolsas, acessórios, sapatos,

modelos de vestidos, penteados etc., constituindo a tribo dos que “andam na moda”, que

acabam sendo todos idênticos entre si.

Modismos: coerção estilística

Modismo pode ser uma ideia – ou seja, praticamente qualquer movimento, vestimenta,

entretenimento ou produto cultural humano – que repentinamente passa a ser largamente

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copiada e, por consequência, muitas vezes, criticada; e forma uma espécie de ramificação

daquilo que, vulgarmente, chamamos moda.

Seu efeito expansivo, já presente através dos meios de comunicação mais antigos,

como rádio, televisão e jornais, foi maximizado devido ao grande fluxo de ideias e opiniões

possibilitados pela ferramenta mais forte da comunicação dos dias atuais: a internet. Por isso,

tem-se-no hoje em quantidade maior, dado que toda pessoa que se localize em um espaço com

essa tecnologia influenciadora está não só exposta como contaminada pelos preceitos de

modismo por ela transmitidos.

Negar os modismos é o mesmo que dizer que é possível contrariá-los todos após

conhecê-los e julgá-los, endossando um movimento oposto. E aqui reside o que há de mais de

mais cruel acerca deste assunto: a inevitabilidade em ser por eles manipulado. Afinal, agir -

ou tentar agir - antagonicamente ao dito coletivo também é, por si só, algo coletivo, um

modismo; atitude bastante popular do momento.

Ultimamente, esse termo ganhou significância pejorativa, indicando tudo aquilo que é

reproduzido excessivamente pelo simples prazer do indivíduo em se tornar parecido - para

não generalizar e definir este sujeito como idêntico - ao molde determinado pelas pessoas,

instituições ou meios de divulgação publicitária que se tornaram os formadores de opinião

contemporâneos, de maneira passiva e pouco - ou nada- crítica.

Inegavelmente, o estrato mais atingido nesse sentido é o juvenil. Nesta camada, por

vezes, os modismos não são apenas ferramentas ou entretenimento, mas relacionam-se

equivalentemente às filosofias de vida, em que uma só idéia origina toda uma programação

comportamental e estética, como, por exemplo, um dos modismos mais atuais praticado pelos

jovens: o "movimento Emo".

Originada do termo inglês emocional, se referia inicialmente a um estilo musical,

considerado como faceta do famoso rock'n roll por seus simpatizantes, que para

diferenciarem-se dos fãs costumeiros do estilo musical, buscavam sua distinção através dos

cortes de cabelo, atitudes de pessoas revoltadas e roupas marcadas pela monocromia. Com

apoio da mídia, porém, essas músicas atingiram proporções dantescas, influenciando a vida de

diversos jovens pelo mundo afora, que buscavam sua identificação com um grupo e

desmistificação dos demais, atribuindo aos mesmos características não só facilmente notáveis

como também intencionalmente chocantes de diversas formas, massificando-os até que

passassem a ser integrantes não de um grupo restrito de admiradores desse estilo musical,

comportamental e estético, mas uma grande massa homogênea dentre os cenários sociais.

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Divisão de igualdades

Ditos derivados de uma ideia de diferenciação entre as pessoas, ambos não passam de

aspectos massificadores em relação a elas, que os usam quase que inconscientemente com o

fim de diferenciarem-se das demais, e que, no final, passam a ser apenas reflexos umas das

outras, retransmitindo conceitos e continuando a mover o mecanismo gerador destes.

Identifica-se sua similaridade a partir do momento que percebe-se que, se um

admirador de heavy metal utiliza-se de acessórios detalhados em ferro e couro para exprimir

sua força interna e revolta, mulheres delicadas trajam seda e plumas para transmitirem sua

delicadeza e leveza. O mesmo acontece ao compararmos cortes de cabelos, uso de scarpins ou

coturnos, brincos ou piercings, pulseiras ou munhequeiras, ou qualquer outro acessório, que

difere-se apenas pela imagem que deseja refletir de seu usuário, se este é de forte

personalidade ou é sensível, se é leviano ou crítico, etc.

Ambos os movimentos, moda e modismo, são movidos, de fato, por uma intenção

estética; seja a de definir níveis sociais através das aparências, como no primeiro caso, ou as

maneiras de ver a realidade e viver o mundo, como acontece no segundo caso. São assim

definidores de imagens do mundo, afinal, que estão perante nós diariamente mesmo que não

percebamos, dividindo a sociedade entre tribos distintas e, intrinsecamente, iguais; como

hippies, emos, punks, fashionistas; que têm seu modo de pensar peculiar, por vezes seus

próprios estilos musicais, sua própria maneira de trajar, e que, no fundo, são assim apenas

para que não se desencaixem totalmente da necessidade de pertencimento a um grupo, o que

faz-se necessário salientar, tendo-se que todo ser humano necessita de algum grau de

aceitação alheia para que se encaixe nos padrões de nossa espécie, que é, em sua essência,

social.

Assim, afinal, sendo a moda explícita ou renegada, tudo é apenas uma questão de

moda, que vai e volta, está presente entre os seres humanos desde sua gênese e é arrastada até

os dias atuais como fomento do sistema em que este vive, certa pelo fato de que sempre

existirá algum nível de semelhança de comportamentos, roupas ou formas de linguagem, entre

outras manifestações, sejam estas com padronização ampla e dirigida, ou apenas presentes em

pequenos grupos e de forma mais aberta, para que os seres humanos possam conviver.

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REFERÊNCIAS

LEONTIEV, A O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Centauro, 2004

TRINDADE, E. Estudos mediáticos da Publicidade. Revista Comunicação, cultura e cidadania. Campinas: Ed. Átomo/ CEPAC, METROCAMP. n1. v.2. 2007

WEB:

<http://www.citador.pt/citacoes.php?cit=1&op=8&theme=153&firstrec=0>