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GLOBALIZAÇÃO, COMUNICAÇÃO E IMAGINARIO ARTE TELEMÁTICA 2012 Leila Ali

Globalização, comunicação e imaginário 1 leila ali

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DISCIPLINA ARTE TELEMÁTICA – 2012. PGEHA-USP. SEMINARIO 16.

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GLOBALIZAÇÃO, COMUNICAÇÃO E IMAGINARIO

ARTE TELEMÁTICA 2012Leila Ali

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TECNOLOGIA, ARTE E IMAGINÁRIO

• Renascimento: Arte e Ciência não estão separadas. Leonardo Da Vinci designava como fantasia essata: Algo que é ao mesmo tempo um processo de imaginação e um modelo de conhecimento.

•Romantismo: Baseado em conceitos apaixonados sobre a genialidade individual e o papel do imaginário na arte. Neste período a Arte diz respeito á vida interior e á subjetividade, enquanto a técnica é mecânica e objetiva. A máquina desumaniza, por tanto a Arte se separa dela, proclamando a autonomia do espírito.

• Contemporâneo: Novo contrato entre a Arte e Tecnologia. A intervenção autônoma e espontânea do artista romântico revela-se fundamental. A produtividade tecnológica convive com a gratuidade anárquica da arte: uma adesão tensa, em que cada parte não se deixa mais dissolver na outra, nem se tornam ambas homogêneas ou idênticas.

Arlindo Machado

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

• Na produção tecnológica: A estratégia da competitividade industrial baseia-se numa reinvenção incessante e infinita da tecnologia e num alargamento de suas potencialidades. Essa estratégia tenta produzir a informatização integral da sociedade, de tornar o grande publico receptor das inovações técnicas. Trata-se, sobretudo, de fundar um imaginário social baseado na presença da mídia na paisagem urbana. Mas a industria não pode ela própria preencher de “conteúdos” essas tecnologias, pô-las a funcionar plenamente e enriquecer com elas o universo da cultura.

• Na produção artística: Quem poderia se incumbir dessa tarefa senão os artistas, operadores por excelência das linguagens, exploradores de fronteiras, reinventores de formas e, sobretudo, aqueles capazes de desencadear possibilidades novas insuspeitadas, até mesmo além dos limites e das finalidades do próprio meio?.

Arlindo Machado

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

•Gilbert Simondon (1969) veio a defender a ideia de que não devemos encarar as máquinas como um simples artefato mecânico, pertencente ao domínio das coisas brutas: ela é antes de tudo, a materialização de um processo mental, um pensamento que tomou corpo e ganhou existência autônoma.

• Não se trata mais de cumprir as finalidades inscritas no aparelho ou obter dele objetos significantes para os quais está programado. A questão principal é se o artista é capaz de situar as questões da liberdade e da criatividade no contexto de uma sociedade cada vez mais informatizada e imersa nas redes de telecomunicação.

Arlindo Machado

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

The Moon Arts Group tem com objetivo estabelecer ligações entre a Terra e a Lua a través de uma visão artística, procurando evidenciar a presença da cultura humana no espaço.O Diretor Lowry Burgess, é pioneiro na arte espacial com mais de 30 anos de experiência colaborativa com a NASA. Ele tem criado trabalhos artísticos visionários num contexto cósmico.Em 2013 , Burguess enviará um artefato artístico como parte da missão robótica da Carnegie Mellon, que será a primeira expedição comercial na Lua.http://www.michaelpisano.com/www.deepspeedmedia.com/DS_projects.html

Essa atividade artística é fundamentalmente contraditória: de um lado, trata-se de revolucionar o próprio conceito de Arte, absorvendo construtiva e positivamente os novos processos formativos abertos pelas máquinas; de outro, de tornar também sensíveis e explícitas as finalidades embutidas nos projetos tecnológicos, sejam elas de natureza bélica, policial ou ideológica.

Arlindo Machado

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

Molly Dilworth

Seu trabalho consiste em fazer murais no topo de prédios espalhados pela cidade de NewYork , que só podem ser vistos a través das lentes satelitais de Google Earth.

Ela se apoia na tecnologia para pôr a pintura numa escala de circulação planetária.

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

Molly Dilworth.has three rooftop murals scattered throughout New York City

Os murais da Molly Dilworth são feitos com pinturas de cores fortes.

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

Esta peça foi um dos 24 trabalhos de arte em grande escala organizados pela 350.org, com o objetivo de chamar a atenção sobre o câmbio climático antes de dezembro de 2012, seguindo as conclusões da reunião da United Nation realizada em Cancun, México.

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

Google Earth atualiza os mapas duas vezes por mês, porém cada atualização cobre só uma mínima parte do globo terrestre. No primeiro projeto a artista entrou em contato com a Google para procurar a imagem de satélite do lugar em que se encontrava o mural. Após ter feito a pintura no verão de 2009, Dillworth teve que esperar um ano para que as imagens aparecessem no programa. Ela descobriu seu trabalho da 561 Grand St. em novembro de 2010.

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

...O mural não tinha a aparência que a artistas esperava.

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TECNOLOGÍA, ARTE E IMAGINARIO

Dilworth tem uma inclinação a trabalhar com materiais tradicionais dentro do campo pictórico , de modo que seu trabalho segue uma serie de regras que se derivam de condições preexistentes.Os projetos artísticos que desenvolve saíram do espaço da oficina para uma escala maior pensada em função das possibilidades de Google Earth.Ela procura marcar uma presença psíquica no espaço digital. “Meu trabalho é consciente das novas condições da percepção humana. As pinturas para satélite habitam na membrana que existe entre o digital e o psíquico”.

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CULTURA TELEMÁTICA

“Os fenômenos das tecnologias de computação e telecomunicações estão exercendo enorme influência sobre a sociedade e sobre o comportamento individual; parecem questionar cada vez mais a verdadeira natureza do que é ser humano, ser criativo, pensar e perceber e, sem dúvida, nossa relação com o outro e com o planeta como um todo”

Jenny Odell usa a tecnologia do Google Maps para fazer sua arte. Os padrões de terra e a ampla gama de cores capturada pelo satélite permitem uma construção de blocos de imagens que refletem sobre a visão dos espaços naturais e urbanos.

Roy Ascott

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CULTURA TELEMÁTICA

“Telemática” é um termo usado para designar redes de comunicações mediadas por computador que envolvem conexões por telefone, cabo e satélite entre indivíduos e instituições dispersos geograficamente e que são interfaceados com sistemas de processamento de dados, dispositivos de sensoriamento remoto e espaçosos bancos de armazenamento de dados [Nora & Minc, 1989]

Roy Ascott

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A eficácia ubíqua do meio telemático não está em dúvida, mas a questão em termos humanos, do ponto de vista da cultura e da

criatividade, é: Qual é o conteúdo?

Para tentar dar resposta a essa questão é preciso pensar os câmbios nas condições de produzir arte na complexidade tecnológica:

Emergência de uma síntese nas artes em ambientes interativos. [imagem–som–texto].

O significado é produto da interação entre o observador e o sistema, cujo conteúdo está no fluxo de mudança e transformação infinitos.

Mudanças de paradigmas em nossa visão do mundo, uma redescrição da realidade e uma recontextualização de nós mesmos.

Capacidade de ver a difusão ubíqua das redes de comunicações por computador espalhadas pela face da

Terra [envelope psíquico para o planeta].

Roy Ascott

CULTURA TELEMÁTICA

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CULTURA TELEMÁTICA

Como, então, poderia haver um conteúdo -conjunto de significados- contido na arte telemática, quando todo aspecto de rede no espaço de dados encontra-se em estado de indeterminação e de vir a ser?:

A própria tecnologia de telecomunicações por computador estende o olhar, transcende o corpo, amplia a mente para configurações imprevisíveis de pensamento e criatividade.

Roy Ascott

Pode não ser exagero dizer que o ‘conteúdo’ da arte

telemática dependerá em grande escala da natureza da interface; isto é, o tipo de configurações e montagens de imagens, sons e textos, o tipo de reestruturação e articulação do ambiente que a interatividade emblemática poderá produzir será determinado pela liberdade e pela fluidez disponíveis na interface.

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CULTURA TELEMÁTICA

“Ao permitir a convergência entre ideias místicas e a tecnologia, os artistas e cientistas tem produzido uma nova maneira de estar no mundo"

Roy Ascott

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A PLISSURE DU TEXTE (1983)

Roy Ascott

San Francisco, T.Klinkowstein & G. McKenna na MammelleToronto, estudantes de Ontario Collage of Art na Music Gallery.

Obra apresentada em París no Musée de l'Art moderne da Ville de. Foi o primeiro projeto telemático de grade influência, um trabalho em línea de "autoria distribuída" em que participaram artistas do mundo inteiro para construir una narrativa no linear baseada num conto de fadas.http://alien.mur.at/rax/ARTEX/PLISSURE/plissure.html

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“GESAMTDATENWERK” ASPECTS OF GAIA: DIGITAL PATHWAYS ACROSS THE WHOLE EARTH (1989)

Roy Ascott

A instalação telemática está dividida em duas partes: O primeiro nível inclui uma serie de barracas (tendas) com computadores que permitiam a manipulação e interação gráfica entre os assistentes e os participantes ao redor do mundo. Cada tenda tinha um sistema de captura de imagens de cima chamado de "Bird's-Eye”, registrando diferentes níveis de interação. http://www.youtube.com/watch?v=Jav5vVGEu9c&feature=player_embedded

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Roy Ascott

O segundo nível é um túnel que representa as entranhas da terra. Os participantes, deitados sobre suas costas num pequeno vagão de trem, se movimentavam pelo túnel que incluia telas de LEDs com textos sobre pensamentos, comentários e ideias a cerca da Terra que enviam participantes ao redor do mundo. Essas mensagens mudam permanentemente .

“GESAMTDATENWERK” ASPECTS OF GAIA: DIGITAL PATHWAYS ACROSS THE WHOLE EARTH (1989)

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Roy Ascott

A obra explora as diversas facetas da Terra -Gaia-vista de uma multiplicidade de perspectivas espirituais, científicas, culturais e mitológicas. Os participantes,conectados telematicamente no mundo inteiro,colaboraram na criação e transformação dos textos,imagens e formas de vida artificial relacionadas com essa ideia. Ascottconcebeu o Gaia, como um comportamento interativo em constante estado de transformação,onde a distinção entre artista, espectador , tecnologia e obra de arte se confundem e se unem no desenvolvimento de uma criação única em harmonia mutua como consciência global.

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LPTD2 (2010)

Roy Ascott

LPDT2, obra apresentada em Seul, é a encarnação no Second Life da obra “A Plissure du Texte" de 1983, referida ao conceito "autoria distribuída", que no caso de LPDT2 se converte no tema principal de pesquisa.http://lpdt2.wordpress.com/about/

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LPDT2

Roy Ascott

Enquanto em 1983 o texto foi gerado por uma serie de grupos de narradores humanos dispersos pelo mundo, no LPDT2 os narradores são individuais . A estética da obra mostra atributos novos e inesperados: uma arquitetura emergente textual / geográfica, assim como um numero de avatares autônomos que habitam dentro dessa paisagem estranha, atuando como nós de comunicação entre os narradores.

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LPT2

Roy Ascott

Um gerador de textos emite mensagens poéticos, que podem se converter em sons dos quais a audiência extrai significados. A esse gerador de textos se soma outra camada que faz referência às fontes do texto e outra que chega através de SMS que os espectadores (narradores) enviam para LPDT2. Assim se forma uma conglomeração massiva em constante evolução literária.

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CULTURA TELEMÁTICA

A Cultura Telemática significa que não pensamos, vemos ou sentimos isoladamente. A criatividade é compartilhada e a autoria distribuída.

A Cultura Telemática amplia a capacidade do individuo para o pensamento e a ação criativa, para uma experiência mais vívida e intensa, para uma percepção mais informada, possibilitando-lhe participar da produção da visão global por meio da interelação em rede com outras mentes, outras sensibilidades, outros sistemas de percepção e de pensamento planeta afora –o pensamento circula no meio dos dados por uma multiplicidade de diferentes camadas culturais, geográficas, sociais e pessoais-.

A questão do conteúdo na arte planetária dessa cultura telemática emergente é, portanto, a questão dos valores, que se expressa mais como hipóteses transitórias do que como algo finalizado, testado dentro do imaterial, do virtual, das hiper-realidades do espaço de dados.

Roy Ascott

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A Net reforça o pensamento associativo, hipermediado, pensamento hiperlincado - o pensamento do artista. É a inteligência das redes neurais. Isto é o que eu chamo de Hipercórtex. A cultura sempre é, primeiramente, uma questão de consciência. As questões de consciência e a construção da realidade estão no centro de qualquer discussão de status, papel e potencial da arte na cibercultura emergente.

Roy Ascott

MUNDO-MENTE

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MUNDO-MENTE

A arte mediada por computador oferece uma porta de dados através da qual podemos passar para interagir ativamente na construção da realidade; muitas realidades, com muitos significados e várias trajetórias de experiência.

Estamos entrando no mundo-mente[world-mind] e nossos corpos estão desenvolvendo a faculdade da cibercepção[ciberception] – isto é, a amplificação tecnológica e o enriquecimento de nossos poderes de cognição e percepção.

Roy Ascott

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MUNDO-MENTE

Universo Telemático Pós-biologico:

Da mesma maneira que a revolução na eletrônica – que levou das telecomunicações ao computador – está acontecendo agora no cérebro humano e expandindo nossa concepção de mente, da mesma forma, na arte, estamos andando em direção a uma cultura da bioeletrônica, da ciberespiritualidade, da arquitetura inteligente e da complexidade de sistemas auto-organizáveis e autoconscientes.

Roy Ascott

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASCOTT, Roy. Existe amor no abraço telemático? (1989) In: DOMINGUES, Diana (Org.) Arte, Ciência e Tecnologia: Passado, presente e desafios. São Paulo: Editora UNESP, 2009, p. 305-318.

ASCOTT, Roy. Cultivando o hipercórtex . In: DOMINGUES, Diana (Org.). A arte no século XXI: a humanização das tecnologias. São Paulo: Editora UNESP, 1997, p. 336-344.

MACHADO, Arlindo. Máquina e imaginário (1993). In: DOMINGUES, Diana (Org.) Arte, Ciência e Tecnologia: Passado, presente e desafios. São Paulo: Editora UNESP, 2009, p. 179-199.

The Moon Arts Grouphttp://moonarts.org/projects.html

Molly Dilworthhttp://mollydilworth.com/

Jenny Odellhttp://jennyodell.com/

A Plissure du textehttp://alien.mur.at/rax/ARTEX/PLISSURE/plissure.html

Aspects of Gaiahttp://www.youtube.com/watch?v=Jav5vVGEu9c&feature=player_embedded

LPDT2http://lpdt2.wordpress.com/about/