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História da Música no História da Música no Brasil Brasil

História da Música no Brasil

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Page 1: História da Música no Brasil

História da Música no História da Música no BrasilBrasil

Page 2: História da Música no Brasil

O Período ColonialO Período Colonial

Música indígenaMúsica indígena

Relatos de portugueses e estrangeiros Relatos de portugueses e estrangeiros

Carta a El Rey Dom ManuelCarta a El Rey Dom Manuel

Jean de LeryJean de Lery

Padres JesuítasPadres Jesuítas

Page 3: História da Música no Brasil

Carta de Pero Vaz de Caminha Carta de Pero Vaz de Caminha

E olhando-nos, assentaram-se. E, E olhando-nos, assentaram-se. E, depois de acabada a missa, depois de acabada a missa, assentados nós à pregação, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina e tangeram corno ou buzina e

começaram a saltar e a dançar um começaram a saltar e a dançar um pedaço.pedaço.

Page 4: História da Música no Brasil

Jean de Lery Jean de Lery

Essas cerimônias duraram cerca de 2 horas e durante Essas cerimônias duraram cerca de 2 horas e durante esse tempo os quinhentos ou seiscentos selvagens não esse tempo os quinhentos ou seiscentos selvagens não

cessaram de dançar e cantar de um modo tão cessaram de dançar e cantar de um modo tão harmonioso que ninguém diria não conhecerem música. harmonioso que ninguém diria não conhecerem música. Se, como disse, no início dessa algazarra, me assustei, Se, como disse, no início dessa algazarra, me assustei,

já agora me mantinha absorto em coro ouvindo os já agora me mantinha absorto em coro ouvindo os acordes dessa imensa multidão e sobretudo a cadência acordes dessa imensa multidão e sobretudo a cadência e o estribilho repetido a cada copla: e o estribilho repetido a cada copla: He, he ayre, heyrá, He, he ayre, heyrá,

heyraire, heyra, heyre, uêhheyraire, heyra, heyre, uêh. E ainda hoje quando . E ainda hoje quando recordo essa cena sinto palpitar o coração e parece-me recordo essa cena sinto palpitar o coração e parece-me

a estar ouvindo.a estar ouvindo.

Page 5: História da Música no Brasil

Padre Manuel da Nóbrega Padre Manuel da Nóbrega

Ora um, ora outro lugar da cidade e à noite Ora um, ora outro lugar da cidade e à noite ainda faz cantar os meninos certas ainda faz cantar os meninos certas

orações que lhe ensinou em sua língua orações que lhe ensinou em sua língua deles, em lugar de certas canções deles, em lugar de certas canções

lascivas e diabólicas que antes usavam.lascivas e diabólicas que antes usavam.

Page 6: História da Música no Brasil

José Ramos TinhorãoJosé Ramos Tinhorão

A impressão definida como diabólica das canções A impressão definida como diabólica das canções indígenas derivava, naturalmente, da forma pela qual os indígenas derivava, naturalmente, da forma pela qual os

padres as ouviam, sempre ligadas as danças rituais, padres as ouviam, sempre ligadas as danças rituais, entre batidas de pés no chão, volteios de corpo e entre batidas de pés no chão, volteios de corpo e pequenos estribilhos em uníssono [...] os jesuítas, pequenos estribilhos em uníssono [...] os jesuítas,

assustados com o caráter selvagem do instrumental da assustados com o caráter selvagem do instrumental da música indígena – trombetas com crânio de gente na música indígena – trombetas com crânio de gente na extremidade, flautas de ossos, chocalhos de cabeças extremidade, flautas de ossos, chocalhos de cabeças

humanas, etc. – trataram de iniciar os catecúmenos nos humanas, etc. – trataram de iniciar os catecúmenos nos segredos do órgão, do cravo e do fagote, que melhor se segredos do órgão, do cravo e do fagote, que melhor se

adaptavam a música sacra [...] reduzindo-se o som adaptavam a música sacra [...] reduzindo-se o som original da música da terra a marcação de um ou outro original da música da terra a marcação de um ou outro

instrumento de percussão.instrumento de percussão.

Page 7: História da Música no Brasil

Introdução da música européiaIntrodução da música européia

Catequese dos JesuítasCatequese dos JesuítasDidáticaDidática

CantochãoCantochão Instrumentos musicaisInstrumentos musicais TeclasTeclas SoprosSopros CordasCordas Percussões indígenasPercussões indígenas

Page 8: História da Música no Brasil

DiscussãoDiscussão

Qual a importância da letra e da música?Qual a importância da letra e da música?

Quais seriam as consequências da música Quais seriam as consequências da música

indígena com a letra européia?indígena com a letra européia?

Ouve miscigenação?Ouve miscigenação?

Page 9: História da Música no Brasil

Curt LangeCurt Lange

Nem se deve atribuir, visando a apologética Nem se deve atribuir, visando a apologética da Ordem, uma atividade musical aos da Ordem, uma atividade musical aos

Jesuítas no Brasil que houvesse Jesuítas no Brasil que houvesse transcendido o princípio da catequese e transcendido o princípio da catequese e

do serviço normal, dentro da liturgia, para do serviço normal, dentro da liturgia, para se elevar a regiões artísticas superiores, se elevar a regiões artísticas superiores, como o seriam, neste caso, a polifonia a como o seriam, neste caso, a polifonia a capela ou a homofonia a vozes mistas e capela ou a homofonia a vozes mistas e

orquestra.orquestra.

Page 10: História da Música no Brasil

Luciano GalletLuciano Gallet

Ao fim de pouco tempo, a música primitiva Ao fim de pouco tempo, a música primitiva tinha desaparecido entre os índios recém tinha desaparecido entre os índios recém civilizados, substituída pela outra [...] os civilizados, substituída pela outra [...] os próprios missionários confessam que se próprios missionários confessam que se admiravam da facilidade prodigiosa com admiravam da facilidade prodigiosa com

que os indígenas aprenderam os cânticos que os indígenas aprenderam os cânticos da igreja que lhes ensinavam...da igreja que lhes ensinavam...

Page 11: História da Música no Brasil

Luciano GalletLuciano Gallet

Em todas estas 3 aldeias há escola de ler e Em todas estas 3 aldeias há escola de ler e escrever. Aonde os padres ensinam os meninos escrever. Aonde os padres ensinam os meninos índios; e alguns mais hábeis também ensinaram índios; e alguns mais hábeis também ensinaram a contar, a cantar e tanger, tudo tomam bem, e a contar, a cantar e tanger, tudo tomam bem, e há já muitos que tangem flautas, violas, cravo, e há já muitos que tangem flautas, violas, cravo, e oficiam missas em canto de órgão, coisas que oficiam missas em canto de órgão, coisas que

os padres estimam muito [...] por este tempo, já os padres estimam muito [...] por este tempo, já devia estar agonizando a primitiva música dos devia estar agonizando a primitiva música dos

índios recém civilizados.índios recém civilizados.

Page 12: História da Música no Brasil

Outras ordens religiosasOutras ordens religiosas

FranciscanosFranciscanos

BeneditinosBeneditinos

CarmelitasCarmelitas

OratorianosOratorianos

Mercedários etc. Mercedários etc.

Page 13: História da Música no Brasil

Carta de Padre JesuítaCarta de Padre Jesuíta

Parece-me, segundo êles são amigos da música Parece-me, segundo êles são amigos da música que nós, tocando e cantando entre eles os que nós, tocando e cantando entre eles os

ganharíamos. Pouca diferença há do que eles ganharíamos. Pouca diferença há do que eles fazem ao que nós fazemos e faríamos, se fazem ao que nós fazemos e faríamos, se

Vossa Realeza nos fizesse prover de alguns Vossa Realeza nos fizesse prover de alguns instrumentos para que aqui os toquemos instrumentos para que aqui os toquemos

(enviando alguns meninos que saibam tocar) (enviando alguns meninos que saibam tocar) como são frautas, gaitas e uns ferrinhos com como são frautas, gaitas e uns ferrinhos com

umas argolinhas dentro, as quais tocam dando umas argolinhas dentro, as quais tocam dando com um ferro no outro, e um par de pandeiros com um ferro no outro, e um par de pandeiros

com soalhas...com soalhas...

Page 14: História da Música no Brasil

... Se viesse cá um tamborileiro e gaiteiro, ... Se viesse cá um tamborileiro e gaiteiro, parece-me que não haveria principal que parece-me que não haveria principal que não desse os seus filhos para que lhos não desse os seus filhos para que lhos

ensinassem. E junto com isto [...] ir longe ensinassem. E junto com isto [...] ir longe pela terra adentro, iriam seguros com isto, pela terra adentro, iriam seguros com isto, porque os negros a seus contrários (aos porque os negros a seus contrários (aos

quais querem muito mal, tanto que se quais querem muito mal, tanto que se comem uns aos outros) os deixam entrar comem uns aos outros) os deixam entrar

em suas terras e casas se lhes levam em suas terras e casas se lhes levam música e canto. [música e canto. [sicsic]]

Page 15: História da Música no Brasil

AutosAutos

DefiniçãoDefinição

Prática/difusãoPrática/difusão

ConsequênciasConsequências

Page 16: História da Música no Brasil

Auto Pastoril (descrição de Fernão Auto Pastoril (descrição de Fernão de Cardim)de Cardim)

Outros saíram com uma dança de escudos à Outros saíram com uma dança de escudos à portuguesa, fazendo muitos trocados e portuguesa, fazendo muitos trocados e

dançando ao som da viola, pandeiro e tamboril e dançando ao som da viola, pandeiro e tamboril e frauta, e juntamente representavam um breve frauta, e juntamente representavam um breve

diálogo, cantando algumas cantigas pastoris [...] diálogo, cantando algumas cantigas pastoris [...] debaixo da ramada se representou pelos índios debaixo da ramada se representou pelos índios

um diálogo pastoril, em língua brasileira, um diálogo pastoril, em língua brasileira, portuguesa e castelhana [...] houve boa música portuguesa e castelhana [...] houve boa música de vozes, frautas, danças, e dali em procissão de vozes, frautas, danças, e dali em procissão

fomos até a igreja [fomos até a igreja [sicsic]]

Page 17: História da Música no Brasil

A vinda de Tomé de SouzaA vinda de Tomé de Souza

Fundação de instituições musicais Fundação de instituições musicais Os mestres de capelaOs mestres de capela Francisco de VaccasFrancisco de Vaccas

Outras regiõesOutras regiões PernambucoPernambuco São VicenteSão Vicente Espírito SantoEspírito Santo Rio de JaneiroRio de Janeiro São PauloSão Paulo

Page 18: História da Música no Brasil

Régis DupratRégis Duprat

Aos 4 de dezembro de 1551 foram criados Aos 4 de dezembro de 1551 foram criados na Sé de Salvador, por carta na Sé de Salvador, por carta d’El Rey, d’El Rey, os os

cargos de cargos de Chantre Chantre e 2 e 2 moços do coro; moços do coro; estes últimos são indicados e nomeados estes últimos são indicados e nomeados pelo Bispo de Salvador já em 1552, a 17 pelo Bispo de Salvador já em 1552, a 17

de agosto. O Chantrado é preenchido de agosto. O Chantrado é preenchido somente no ano seguinte, pelo Capelão somente no ano seguinte, pelo Capelão da Sé, da Sé, Clérigo de Ordens de Evangelho Clérigo de Ordens de Evangelho

Francisco de Vaccas.Francisco de Vaccas.

Page 19: História da Música no Brasil

Missas na Bahia (cartas)Missas na Bahia (cartas)

Houve nestas vésperas 3 coros diversos: Houve nestas vésperas 3 coros diversos: um de canto de órgão, outro de um cravo um de canto de órgão, outro de um cravo e outro de flautas de modo que, acabando e outro de flautas de modo que, acabando um começava o outro, e todos, certo, com um começava o outro, e todos, certo, com

muita ordem quando vinha a sua vez.muita ordem quando vinha a sua vez.************************************************************************

[a missa foi ] oficiada com boa capela dos [a missa foi ] oficiada com boa capela dos índios, com frautas, e de alguns cantores índios, com frautas, e de alguns cantores

da Sé, com órgão, cravo e descantesda Sé, com órgão, cravo e descantes

Page 20: História da Música no Brasil

Atividade: identificar as Atividade: identificar as características musicais indígenas características musicais indígenas

e as não indígenase as não indígenas

Wakti: faixa 1Wakti: faixa 1

Marlui Miranda: faixas 1, 4, 6, 8, 9, 15Marlui Miranda: faixas 1, 4, 6, 8, 9, 15

Page 21: História da Música no Brasil

Leitura Leitura

Bruno Kiefer. História da música brasileiraBruno Kiefer. História da música brasileira

Page 22: História da Música no Brasil

O negro escravo e a músicaO negro escravo e a música

Contribuição indiretaContribuição indireta Sustentáculo econômicoSustentáculo econômico

Funções musicais eruditas e semi-eruditasFunções musicais eruditas e semi-eruditas Caráter europeuCaráter europeu

Bahia e PernambucoBahia e Pernambuco Maiores produtores de açúcar Maiores produtores de açúcar 5.000 negros por ano5.000 negros por ano

Page 23: História da Música no Brasil

A produção musical erudita e semi-A produção musical erudita e semi-eruditaerudita

Executantes de música européiaExecutantes de música européia

Bandas de músicaBandas de música

Orquestras particularesOrquestras particulares

CharamelleyrosCharamelleyros

Conjuntos sacrosConjuntos sacros

Page 24: História da Música no Brasil

Descrição de Pyrard de LavalDescrição de Pyrard de Laval

Visitando a Bahia, em 1610, o francês Visitando a Bahia, em 1610, o francês Pyrard de Laval cita um potentado de Pyrard de Laval cita um potentado de

então, cujo nome não menciona, mas diz então, cujo nome não menciona, mas diz ter sido capitão-general de Angola, o qual ter sido capitão-general de Angola, o qual

“possuía uma banda de música de 30 “possuía uma banda de música de 30 figuras, todas negros escravos, cujo figuras, todas negros escravos, cujo

regente era um francês provençal. E como regente era um francês provençal. E como devesse ser melômano, queria que a todo devesse ser melômano, queria que a todo

instante tocasse a sua orquestra, a instante tocasse a sua orquestra, a acompanhar, ainda, uma massa coral”.acompanhar, ainda, uma massa coral”.

Page 25: História da Música no Brasil

Jaime DinizJaime Diniz

““Os conjuntos instrumentais dos Os conjuntos instrumentais dos charamelleyros charamelleyros é é que nunca devem ter faltado às festividades da que nunca devem ter faltado às festividades da

Senhora do Rosário, como também, muito Senhora do Rosário, como também, muito provavelmente, deviam abrilhantar o dia da provavelmente, deviam abrilhantar o dia da

coroação dos reis e rainhas, angolas ou coroação dos reis e rainhas, angolas ou crioulos. As charamelas constituíam crioulos. As charamelas constituíam

especialidade dos negros, escravos ou não. especialidade dos negros, escravos ou não. Trata-se seguramente de uma herança direta da Trata-se seguramente de uma herança direta da

cultura portuguesa, implantada no nordeste cultura portuguesa, implantada no nordeste brasileiro já desde remotas eras, inclusive no brasileiro já desde remotas eras, inclusive no

meio indígena...”meio indígena...”

Page 26: História da Música no Brasil

Bruno KieferBruno Kiefer

O termo “choromelleyro” (ou “charamelleyro”) O termo “choromelleyro” (ou “charamelleyro”) abrangia não só os tocadores da charamela abrangia não só os tocadores da charamela

(instrumento de palheta dupla, de som (instrumento de palheta dupla, de som estridente, do qual descendem o oboé e o estridente, do qual descendem o oboé e o

fagote), mas também de outros instrumentos de fagote), mas também de outros instrumentos de sopro. A notícia mais antiga relativa aos sopro. A notícia mais antiga relativa aos

“choromelleyros” no Recife é encontrada na “choromelleyros” no Recife é encontrada na documentação da Irmandade de N. Senhora do documentação da Irmandade de N. Senhora do Rosário dos Pretos e data de 1709 [...] Entre os Rosário dos Pretos e data de 1709 [...] Entre os

instrumentos tocados pelos negros figurava instrumentos tocados pelos negros figurava também a também a marimba.marimba.

Page 27: História da Música no Brasil

CharamelaCharamela

Antigo instrumento de sopro, precursor da Antigo instrumento de sopro, precursor da atual clarineta, de timbre estridente e atual clarineta, de timbre estridente e

áspero, da família da flauta, dotado de áspero, da família da flauta, dotado de palheta simples que o ar fazia vibrar palheta simples que o ar fazia vibrar

depois de percorrer um tubo cilíndrico, depois de percorrer um tubo cilíndrico, posto acima do corpo sonoro do posto acima do corpo sonoro do

instrumento.instrumento.

(Aurélio)(Aurélio)

Page 28: História da Música no Brasil

Curt LangeCurt Lange

Era coisa normal, coisa de bom tom e sinal Era coisa normal, coisa de bom tom e sinal de distinção, ter negros de distinção, ter negros choromelleyros choromelleyros no no

inventário de uma casa de gente inventário de uma casa de gente abastada. Os choromeleiros aparecem abastada. Os choromeleiros aparecem

abundantemente citados nas procissões e abundantemente citados nas procissões e atos públicos gerais de Villa Rica e atos públicos gerais de Villa Rica e

Mariana...Mariana...

Page 29: História da Música no Brasil

Algumas características da Algumas características da execução dos músicos negrosexecução dos músicos negros

Boas vestimentasBoas vestimentas

Repertório europeu ou de caráter europeuRepertório europeu ou de caráter europeu

Conhecimento de solfejo e teoriaConhecimento de solfejo e teoria

Responsabilidade pela produção musical Responsabilidade pela produção musical no ambiente popularno ambiente popular

Participação nos principais eventos Participação nos principais eventos sociais da populaçãosociais da população

Page 30: História da Música no Brasil

Vicente SallesVicente Salles

No governo João Pereira Caldas (1722-No governo João Pereira Caldas (1722-1780) é citada uma orquestra de 12 1780) é citada uma orquestra de 12

músicos, músicos, negros escravosnegros escravos, composta de , composta de timbales, 6 trompas, 2 rabecas, 2 flautas e timbales, 6 trompas, 2 rabecas, 2 flautas e

2 clarins, e os negros se apresentavam 2 clarins, e os negros se apresentavam “vestidos todos com vestidos azuis e “vestidos todos com vestidos azuis e

escarlates, agaloados de galões de seda, escarlates, agaloados de galões de seda, com seus barretes nas cabeças”.com seus barretes nas cabeças”.

Page 31: História da Música no Brasil

Fatores relacionais entre a música Fatores relacionais entre a música africana e européiaafricana e européia

Repressão da livre manifestação musical Repressão da livre manifestação musical africanaafricana

Permanência das manifestações (à revelia)Permanência das manifestações (à revelia)

Necessidade de sobrevivênciaNecessidade de sobrevivência

Renovação constante do contingenteRenovação constante do contingente

Reclusão das manifestações musicais mais Reclusão das manifestações musicais mais autênticas aos guetosautênticas aos guetos

Page 32: História da Música no Brasil

Participação dos negros nas Participação dos negros nas manifestações musicais européiasmanifestações musicais européias

Instrução musical dos negrosInstrução musical dos negros

Papel dos mulatosPapel dos mulatos

Ascenção social através da músicaAscenção social através da música

Livre manifestação dos mulatosLivre manifestação dos mulatos

Utilização de instrumentos europeus nas Utilização de instrumentos europeus nas bandas e orquestrasbandas e orquestras

Page 33: História da Música no Brasil

Lentidão na interação entre as 2 culturasLentidão na interação entre as 2 culturas Relação de dominaçãoRelação de dominação RepressãoRepressão DesprezoDesprezo

Caráter predominantemente europeu da Caráter predominantemente europeu da música erudita e semi-eruditamúsica erudita e semi-eruditaFenômeno derivado da formação das Fenômeno derivado da formação das cidadescidades

Page 34: História da Música no Brasil

Curt LangeCurt Lange

Nos tempos coloniais houve sempre um Nos tempos coloniais houve sempre um justificado medo na população branca de justificado medo na população branca de poder produzir-se um levantamento dos poder produzir-se um levantamento dos

pretos, particularmente em Minas Gerais, pretos, particularmente em Minas Gerais, onde a maioria dos escravos, em onde a maioria dos escravos, em proporção com a população, era proporção com a população, era

assustadoramente grande. As proibições assustadoramente grande. As proibições das “danças indecentes” repetiam-se com das “danças indecentes” repetiam-se com

frequência igual às de impedir que eles frequência igual às de impedir que eles levassem armas. levassem armas.

Page 35: História da Música no Brasil

As festas e folguedos dos pretos deram As festas e folguedos dos pretos deram motivo à maioria branca para expressões motivo à maioria branca para expressões de receio e desprezo, e a documentação de receio e desprezo, e a documentação

sobre este particular é abundante. O sobre este particular é abundante. O mulato que se movia perto ou ao lado do mulato que se movia perto ou ao lado do

branco, como artesão ou artista, branco, como artesão ou artista, fazendeiro, padre ou comerciante, reagia fazendeiro, padre ou comerciante, reagia

contra os pretos como se tivesse contra os pretos como se tivesse mentalidade de branco.mentalidade de branco.

Page 36: História da Música no Brasil

Procurava-se evitar rebeliões ou Procurava-se evitar rebeliões ou levantamentos, isolados ou em massa levantamentos, isolados ou em massa

compacta, por que nos folguedos, compacta, por que nos folguedos, incentivados pela dança e embriagados incentivados pela dança e embriagados

pelo álcool (estritamente proibido como foi pelo álcool (estritamente proibido como foi o uso das armas, mas que aparecia, como o uso das armas, mas que aparecia, como

estas, em tais oportunidades), eles estas, em tais oportunidades), eles podiam cair muito bem sobre os brancos podiam cair muito bem sobre os brancos

num súbito arranque de vingança e num súbito arranque de vingança e libertação.libertação.

Page 37: História da Música no Brasil

Queixa do Bispo de Pernambuco à Queixa do Bispo de Pernambuco à Rainha D. Maria IRainha D. Maria I

““... Não só as danças indignas dos pretos se ... Não só as danças indignas dos pretos se extinguão; mas as que fazem a São extinguão; mas as que fazem a São Gonçalo por serem estes, e aqueles Gonçalo por serem estes, e aqueles

festejos mais próprios dos bárbaros do festejos mais próprios dos bárbaros do que de catholicos...”que de catholicos...”

Page 38: História da Música no Brasil

Música militarMúsica militar

Escassez de relatos antigosEscassez de relatos antigosVariedade nas formações instrumentaisVariedade nas formações instrumentais

CharamelasCharamelas ClarinsClarins PercussãoPercussão

Bandas com negros escravosBandas com negros escravosBandas com mulatos livresBandas com mulatos livresBandas com brancosBandas com brancosExpansão com a vinda da Família Real Expansão com a vinda da Família Real

Page 39: História da Música no Brasil

Curt LangeCurt Lange

Quando mais tarde o Governador Gomes Freire Quando mais tarde o Governador Gomes Freire de Andrade deu maior importância à tropa de de Andrade deu maior importância à tropa de Minas, seguindo-lhe o exemplo D. Antônio de Minas, seguindo-lhe o exemplo D. Antônio de

Noronha e concluindo esta organização Luis da Noronha e concluindo esta organização Luis da Cunha Menezes, no regimento de Dragões, Cunha Menezes, no regimento de Dragões,

integrado só por brancos (que era em realidade integrado só por brancos (que era em realidade o “Regimento Regular de Cavalaria”), no o “Regimento Regular de Cavalaria”), no

Regimento de Linha (tropa paga) e nos Terços Regimento de Linha (tropa paga) e nos Terços auxiliares, a auxiliares, a MúsicaMúsica (banda ou capela militar), (banda ou capela militar), formou-se só com gente de cor, com mulatos formou-se só com gente de cor, com mulatos

livres. O tambor era geralmente preto escravo...”livres. O tambor era geralmente preto escravo...”

Page 40: História da Música no Brasil

A música nas cidadesA música nas cidades

BahiaBahia

PernambucoPernambuco

ParáPará

São Paulo São Paulo

São VicenteSão Vicente

Minas GeraisMinas Gerais

Page 41: História da Música no Brasil

Rio de Janeiro c.a. 1695Rio de Janeiro c.a. 1695

Page 42: História da Música no Brasil

Funções Musicais Funções Musicais

Mestres de capelaMestres de capelaCantoresCantoresInstrumentistasInstrumentistas

OrganistasOrganistas CravistasCravistas PianistasPianistas CharameleirosCharameleiros FlautistasFlautistas TrompistasTrompistas Etc.Etc.

CompositoresCompositoresTeóricosTeóricos

Page 43: História da Música no Brasil

BahiaBahia

AntiguidadeAntiguidade

ImportânciaImportância

Primeira CapitalPrimeira Capital

Primeiro BispadoPrimeiro Bispado

Page 44: História da Música no Brasil

Régis DupratRégis Duprat

Aos 4 de dezembro de 1551 foram criados Aos 4 de dezembro de 1551 foram criados na Sé de Salvador, por carta na Sé de Salvador, por carta d’El Rey, d’El Rey, os os

cargos de cargos de Chantre Chantre e 2 e 2 moços do coro; moços do coro; estes últimos são indicados e nomeados estes últimos são indicados e nomeados pelo Bispo de Salvador já em 1552, a 17 pelo Bispo de Salvador já em 1552, a 17

de agosto. O Chantrado é preenchido de agosto. O Chantrado é preenchido somente no ano seguinte, pelo Capelão somente no ano seguinte, pelo Capelão da Sé, da Sé, Clérigo de Ordens de Evangelho Clérigo de Ordens de Evangelho

Francisco de Vaccas.Francisco de Vaccas.

Page 45: História da Música no Brasil

Manifestações musicaisManifestações musicais

Repertório da séRepertório da sé Música renascentistaMúsica renascentista CantochãoCantochão

Formação até 1626Formação até 1626 1 mestre de capela1 mestre de capela 1 organista1 organista 4 moços do coro4 moços do coro

Música em festividades públicasMúsica em festividades públicasÓperaÓpera

Page 46: História da Música no Brasil

Comemoração do casamento de D. Comemoração do casamento de D. Pedro (1760)Pedro (1760)

Pelas ruas não se ouvião se não músicos Pelas ruas não se ouvião se não músicos instromentos com diversissimas danças que instromentos com diversissimas danças que

admirando pelo modo, suspendião pelas admirando pelo modo, suspendião pelas estupendas forças que idearão [...]estupendas forças que idearão [...]

Precedião a cavallo xarameleiros e trombetas com Precedião a cavallo xarameleiros e trombetas com atabales e trompas, que pregoeiros de tanta atabales e trompas, que pregoeiros de tanta

magnificência dando alento aos seus concavos magnificência dando alento aos seus concavos metais faziam que ressonasse o ar de alegres metais faziam que ressonasse o ar de alegres

estrondos, cujos ecos publicavam real grandezaestrondos, cujos ecos publicavam real grandeza

Page 47: História da Música no Brasil

Terceiro dia de festaTerceiro dia de festa

Ao som de armoniosos instrumentos dançarão se Ao som de armoniosos instrumentos dançarão se alguas danças commuas com toadas e modas alguas danças commuas com toadas e modas

da terra que bastantemente satisfizerão aos que da terra que bastantemente satisfizerão aos que contentes se achavão neste universal contentes se achavão neste universal

espetáculo de gozo e prazer [...] huma deliciosa espetáculo de gozo e prazer [...] huma deliciosa sonata, cantando imediatamente o coro. Ao sonata, cantando imediatamente o coro. Ao

depois, huma das figuras dançou depois, huma das figuras dançou belissimamente o oitavado ao som dos belissimamente o oitavado ao som dos

instrumentos e concluirão a tarde, e a sua instrumentos e concluirão a tarde, e a sua função com hum minuete a quatro. [função com hum minuete a quatro. [sicsic]]

Page 48: História da Música no Brasil

ÓperaÓpera

Os dias 22, 23 e 25 reservou para si o Os dias 22, 23 e 25 reservou para si o Senado da Camara para fazer representar Senado da Camara para fazer representar

à sua custa 3 óperas que se à sua custa 3 óperas que se representarão na praça pela forma representarão na praça pela forma

seguinte. Na primeira noite representou-se seguinte. Na primeira noite representou-se Alexandre na Índia, Alexandre na Índia, na segunda, na segunda,

Artaxerxes,Artaxerxes, na terceira, finalmente, na terceira, finalmente, Dido Dido Abandonada, Abandonada, cada uma destas óperas foi cada uma destas óperas foi tão bem executada que agradou a todos. tão bem executada que agradou a todos.

[[sicsic]]

Page 49: História da Música no Brasil

Recitativo e ÁriaRecitativo e Ária

Durante algum tempo a mais antigaDurante algum tempo a mais antiga2 de julho de 17592 de julho de 1759Obra profanaObra profanaLaudatória a Coelho de MelloLaudatória a Coelho de Mello

Pompa e grandiloquênciaPompa e grandiloquência Mitologia greco-romanaMitologia greco-romana

Texto em portuguêsTexto em portuguêsVoz, violino I e II, baixo contínuo Voz, violino I e II, baixo contínuo

Page 50: História da Música no Brasil

Música em PernambucoMúsica em Pernambuco

Início no séc. XVI (análogo à Bahia) Início no séc. XVI (análogo à Bahia)

Matriz de OlindaMatriz de Olinda

M. de Capela Gomes Correia (1564)M. de Capela Gomes Correia (1564)

Alguns compositoresAlguns compositores

Inácio Ribeiro NóiaInácio Ribeiro Nóia

Luís Álvares PintoLuís Álvares Pinto

Joaquim B. M. Ribeiro PintoJoaquim B. M. Ribeiro Pinto

Page 51: História da Música no Brasil

A música no ParáA música no Pará

Início no séc. XVIIInício no séc. XVIICompanhia de JesusCompanhia de JesusChegada do Bispo em 1724Chegada do Bispo em 1724

Criação do corpo artísticoCriação do corpo artístico 1 chantre 1 chantre 1 sub-chantre1 sub-chantre 9 capelães músicos9 capelães músicos 8 moços do coro8 moços do coro 1 organista1 organista

Casa de ópera ou Teatro Cômico (1763)Casa de ópera ou Teatro Cômico (1763)

Page 52: História da Música no Brasil

Outros estadosOutros estados

Mestres de capela e música religiosaMestres de capela e música religiosa

MaranhãoMaranhão

ParanáParaná

São PauloSão Paulo

Page 53: História da Música no Brasil

Minas GeraisMinas Gerais

Produção composicional volumosaProdução composicional volumosa

Execução volumosaExecução volumosa

Alto nível de elaboraçãoAlto nível de elaboração

MotivaçõesMotivações

Riqueza advinda da mineraçãoRiqueza advinda da mineração

Tradições portuguesasTradições portuguesas

Imigrações emboabasImigrações emboabas

Page 54: História da Música no Brasil

Curt LangeCurt Lange

Nota-se desde os primórdios da formação da Nota-se desde os primórdios da formação da Capitania [Minas Gerais] uma estranha devoção Capitania [Minas Gerais] uma estranha devoção

pela música no seu confuso conglomerado pela música no seu confuso conglomerado humano, produto, talvez, da nostalgia e do humano, produto, talvez, da nostalgia e do

isolamento, como também da tradição musical isolamento, como também da tradição musical portuguesa, enraizada desde tempos muito portuguesa, enraizada desde tempos muito

antigos no seu povo e nos que procuravam uma antigos no seu povo e nos que procuravam uma nova vida além-marnova vida além-mar

..

Page 55: História da Música no Brasil

Saint-HilaireSaint-Hilaire

...E celebrou-se na igreja paroquial da Vila do ...E celebrou-se na igreja paroquial da Vila do Príncipe, uma missa com música, à qual Príncipe, uma missa com música, à qual

assistiram, com grande assistiram, com grande toilettetoilette as pessoas as as pessoas as mais distintas da cidade. Os músicos, todos mais distintas da cidade. Os músicos, todos habitantes do país, estavam postos numa habitantes do país, estavam postos numa

tribuna e o povo não tomava parte nos cantos. A tribuna e o povo não tomava parte nos cantos. A música convinha a santidade do lugar como música convinha a santidade do lugar como

também à solenidade da festa e foi também à solenidade da festa e foi perfeitamente executada. Diversos cantores perfeitamente executada. Diversos cantores tinham uma voz calorosa, e duvido que, em tinham uma voz calorosa, e duvido que, em

alguma cidade do norte da França, de alguma cidade do norte da França, de semelhante população, se executasse uma semelhante população, se executasse uma

missa com música tão bem como essa...missa com música tão bem como essa...

Page 56: História da Música no Brasil

Formação social (Fritz Teixeira)Formação social (Fritz Teixeira)

Os mineradores e comerciantes Os mineradores e comerciantes portugueses, pernambucanos ou baianos, portugueses, pernambucanos ou baianos,

eram um grupo social novo, uma força eram um grupo social novo, uma força nascente que se opunha à força antiga nascente que se opunha à força antiga

dos bandeirantes. Minas nasceu, portanto, dos bandeirantes. Minas nasceu, portanto, de uma economia citadina e mercantilista de uma economia citadina e mercantilista e não rural ou agrária, como Pernambuco, e não rural ou agrária, como Pernambuco, por exemplo, cuja base eram os engenhos por exemplo, cuja base eram os engenhos

de açúcar e sua aristocracia rural.de açúcar e sua aristocracia rural.

Page 57: História da Música no Brasil

Atividade musicalAtividade musical

Rápido desenvolvimentoRápido desenvolvimento

Grande quantidade de músicosGrande quantidade de músicos

250, somente em Vila Rica250, somente em Vila Rica

Proveniência dos músicosProveniência dos músicos

PortugalPortugal

BahiaBahia

PernambucoPernambuco

Page 58: História da Música no Brasil

Atividade musicalAtividade musical

Participação dos mulatosParticipação dos mulatos

Ascensão social Ascensão social

Negros e brancosNegros e brancos

FunçõesFunções

Religiosa (missas, procissões etc.)Religiosa (missas, procissões etc.)

Profana (saraus, exéquias, festas, óperas etc.)Profana (saraus, exéquias, festas, óperas etc.)

Page 59: História da Música no Brasil

Os mulatos (João José Teixeira, 1780)Os mulatos (João José Teixeira, 1780)

...que aqueles mulatos que não se fazem ...que aqueles mulatos que não se fazem absolutamente ociosos, se empregam no absolutamente ociosos, se empregam no ofício de músicos, os quais são tantos na ofício de músicos, os quais são tantos na

capitania de Minas, que certamente capitania de Minas, que certamente excedem o número dos que há em todo o excedem o número dos que há em todo o

reino.reino.

Page 60: História da Música no Brasil

Os mulatos (Curt Lange)Os mulatos (Curt Lange)

...os mulatos de Pernambuco e da Bahia seriam ...os mulatos de Pernambuco e da Bahia seriam os primeiros povoadores e a base profissional os primeiros povoadores e a base profissional

séria sobre a qual teve o seu fantástico séria sobre a qual teve o seu fantástico desenvolvimento a atividade musical das Minas desenvolvimento a atividade musical das Minas Gerais...Esta emancipação não foi possível para Gerais...Esta emancipação não foi possível para o negro, porque, quando ele era treinado para o o negro, porque, quando ele era treinado para o exercício musical, com a finalidade de integrar a exercício musical, com a finalidade de integrar a

orquestra e o coro dos senhores de engenho orquestra e o coro dos senhores de engenho não saía da condição de escravo.não saía da condição de escravo.

Page 61: História da Música no Brasil

MúsicosMúsicosPadres (minoria)Padres (minoria)Leigos (maioria)Leigos (maioria)

SarausSaraus BodasBodas EnterrosEnterros Missas e procissõesMissas e procissões

InstruçãoInstrução Casa do mestre de músicaCasa do mestre de música Latim, teoria e prática musicalLatim, teoria e prática musical

IrmandadesIrmandadesCorporações profissionaisCorporações profissionais

Page 62: História da Música no Brasil

Estilo musicalEstilo musical

Rococó, ClássicoRococó, Clássico

Peças européias Peças européias

Imitação do estilo europeuImitação do estilo europeu

Peças brasileiras no estilo europeu Peças brasileiras no estilo europeu

Algumas motivações do eurocentrismoAlgumas motivações do eurocentrismo

Dominação européiaDominação européia

Ausência de correntes estéticas nacionalistasAusência de correntes estéticas nacionalistas

Page 63: História da Música no Brasil

Alguns dos principais compositoresAlguns dos principais compositores

José Joaquim Emerico Lobo de MesquitaJosé Joaquim Emerico Lobo de Mesquita

Francisco Gomes da RochaFrancisco Gomes da Rocha

Marcos Coelho NetoMarcos Coelho Neto

Ignácio Parreira NevesIgnácio Parreira Neves

Page 64: História da Música no Brasil

J. J. Emerico Lobo de Mesquita Tércio (1783, autógrafo).

Page 65: História da Música no Brasil

A modinha e o lunduA modinha e o lundu

Séculos XVIII e XIXSéculos XVIII e XIX

Page 66: História da Música no Brasil

A modinha e o lunduA modinha e o lundu

Raízes principais da música popularRaízes principais da música popular

Ponto mais comum entre musicólogosPonto mais comum entre musicólogos

Outros tipos de composição popularesOutros tipos de composição populares

A A FofaFofa

Primeiras referências no final do séc. XVIIIPrimeiras referências no final do séc. XVIII

Page 67: História da Música no Brasil
Page 68: História da Música no Brasil

A ModinhaA Modinha

Diminutivo de modaDiminutivo de moda

Moda: qualquer tipo de cançãoModa: qualquer tipo de canção

Questões a respeito do país de origemQuestões a respeito do país de origem

Portugal ou Brasil?Portugal ou Brasil?

Atribuições a Domingos Caldas BarbosaAtribuições a Domingos Caldas Barbosa

Deixa o Brasil em c.a. de 1770Deixa o Brasil em c.a. de 1770

Notícias em Lisboa em c.a. de 1775Notícias em Lisboa em c.a. de 1775

Page 69: História da Música no Brasil

Domingos Caldas BarbosaDomingos Caldas Barbosa

Poeta, compositor, cantor e tocador de violaPoeta, compositor, cantor e tocador de violaNasceu no Rio de JaneiroNasceu no Rio de JaneiroMulatoMulato

Pai branco e mãe negraPai branco e mãe negraFormação em colégio jesuítaFormação em colégio jesuíta

Já chamava a atenção dos demaisJá chamava a atenção dos demais PoesiasPoesias Veia satíricaVeia satírica

Page 70: História da Música no Brasil

Veia satírica acarreta uma puniçãoVeia satírica acarreta uma punição

Afastamento p/ Colônia de SacramentoAfastamento p/ Colônia de Sacramento

Permanece até 1762Permanece até 1762

C.a de 1770 vai para PortugalC.a de 1770 vai para Portugal

Goza de proteção da corteGoza de proteção da corte

Acesso às altas rodas sociaisAcesso às altas rodas sociais

Suas habilidades impressionavamSuas habilidades impressionavam

Recebe ordens sacrasRecebe ordens sacras

Page 71: História da Música no Brasil

Auto denominação árcade: Auto denominação árcade: Lereno SelinuntinoLereno Selinuntino

Viola de Lereno Viola de Lereno (1798)(1798)

Coletânea de poesias em 2 volumesColetânea de poesias em 2 volumes

Várias ediçõesVárias edições

Page 72: História da Música no Brasil
Page 73: História da Música no Brasil

Domingos Caldas BarbosaDomingos Caldas Barbosa

Page 74: História da Música no Brasil

Apresentações e influências de Apresentações e influências de Caldas BarbosaCaldas Barbosa

““Meu amigo. Tive finalmente de assistir à Meu amigo. Tive finalmente de assistir à assembléia de F...(D. Leonor de Almeida, assembléia de F...(D. Leonor de Almeida,

Marquesa de Alorna) para que tantas Marquesa de Alorna) para que tantas vezes tinha sido convidado; que desatino vezes tinha sido convidado; que desatino não vi? Mas não direi tudo quanto vi; direi não vi? Mas não direi tudo quanto vi; direi

somente que cantaram mancebos e somente que cantaram mancebos e donzelas cantigas de amor tão donzelas cantigas de amor tão

descompostas, que corei de pejo como se descompostas, que corei de pejo como se me achasse de repente em bordéis, ou me achasse de repente em bordéis, ou

com mulheres de má fazenda.com mulheres de má fazenda.

Page 75: História da Música no Brasil

Antigamente ouviam e cantavam os meninos Antigamente ouviam e cantavam os meninos cantilenas guerreiras, que inspiravam ânimo e cantilenas guerreiras, que inspiravam ânimo e valor; (...) Hoje, pelo contrário, só se ouvem valor; (...) Hoje, pelo contrário, só se ouvem

cantigas amorosas de suspiros, de requebros, cantigas amorosas de suspiros, de requebros, de namoros refinados, de garridices. Isto é com de namoros refinados, de garridices. Isto é com que embalam as crianças; o que ensinam aos que embalam as crianças; o que ensinam aos

meninos; o que cantam os moços, e o que meninos; o que cantam os moços, e o que trazem na boca donas e donzelas.trazem na boca donas e donzelas.

Page 76: História da Música no Brasil

Que grandes máximas de modéstia, de Que grandes máximas de modéstia, de temperança e de virtude se aprendem temperança e de virtude se aprendem

nestas canções! Esta praga é hoje geral nestas canções! Esta praga é hoje geral depois que o Caldas começou de pôr em depois que o Caldas começou de pôr em uso seus romances e de versejar para as uso seus romances e de versejar para as mulheres. Eu não conheço um poeta mais mulheres. Eu não conheço um poeta mais prejudicial à educação particular e pública prejudicial à educação particular e pública do que este trovador de Vênus e Cupido;do que este trovador de Vênus e Cupido;

Page 77: História da Música no Brasil

A tafularia do amor, a meiguice do Brasil, e em A tafularia do amor, a meiguice do Brasil, e em geral a moleza americana que em seus geral a moleza americana que em seus

cantares somente respiram as imprudências e cantares somente respiram as imprudências e liberdade do amor, e os ares voluptuosos de liberdade do amor, e os ares voluptuosos de

Pafos e de Cítara, e encantam com venenosos Pafos e de Cítara, e encantam com venenosos filtros a fantasia dos moços e o coração das filtros a fantasia dos moços e o coração das

Damas. Damas.

Page 78: História da Música no Brasil

Eu admiro a facilidade de sua veia. A Eu admiro a facilidade de sua veia. A riqueza de suas invenções, a variedade riqueza de suas invenções, a variedade

dos motivos que toma para seus cantos; e dos motivos que toma para seus cantos; e o pico e a graça dos seus estribilhos e o pico e a graça dos seus estribilhos e

ritornelos com que os remata; mas detesto ritornelos com que os remata; mas detesto os seus assuntos e, mais ainda, a maneira os seus assuntos e, mais ainda, a maneira

com que os trata e com que os canta.”com que os trata e com que os canta.”

(Ribeiro dos Santos)(Ribeiro dos Santos)

Page 79: História da Música no Brasil

Modinha de Caldas BarbosaModinha de Caldas BarbosaAh nhanhá venha escutarAh nhanhá venha escutarAmor puro e verdadeiro,Amor puro e verdadeiro,Com preguiçosa doçuraCom preguiçosa doçuraQue é amor de brasileiro.Que é amor de brasileiro.

Gentes, como istoGentes, como istoCá é temperado,Cá é temperado,Que sempre a favorQue sempre a favorMe sabe o salgado:Me sabe o salgado:Nós lá no BrasilNós lá no BrasilA nossa ternuraA nossa ternuraA açúcar nos sabe,A açúcar nos sabe,Tem muita doçura,Tem muita doçura,Oh! Se tem! TemOh! Se tem! TemTem um mel mui saborosoTem um mel mui saborosoÉ bem bom, é bem gostosoÉ bem bom, é bem gostoso

Page 80: História da Música no Brasil

Lundu de Laurindo Rabelo (tipo cantado em Lundu de Laurindo Rabelo (tipo cantado em voz baixa e geralmente não publicado)voz baixa e geralmente não publicado)

Eu tenho uma bengalaEu tenho uma bengala

Da maior estimação.Da maior estimação.

É feita da melhor canaÉ feita da melhor cana

E tem o melhor castão.E tem o melhor castão.

A minha caseiraA minha caseira

Toda inteira se repelaToda inteira se repela

Quando três vezes ao diaQuando três vezes ao dia

Não dou bengaladas nelaNão dou bengaladas nela

Page 81: História da Música no Brasil

Outras descrições da modinhaOutras descrições da modinhaO O stacato stacato monótono da viola acompanhado pelo monótono da viola acompanhado pelo

murmúrio tênue e suave de vozes femininas murmúrio tênue e suave de vozes femininas cantado modinhas, formava em conjunto, uma cantado modinhas, formava em conjunto, uma

combinação do sons estranha e não combinação do sons estranha e não desagradável. Isto constituiu incentivo para que desagradável. Isto constituiu incentivo para que galgássemos vários lances de escada, até os galgássemos vários lances de escada, até os seus aposentos, que estavam apinhados de seus aposentos, que estavam apinhados de sobrinhos, sobrinhas e primos, aglomerados sobrinhos, sobrinhas e primos, aglomerados em torno de duas jovens muito elegantes, as em torno de duas jovens muito elegantes, as

quais, acompanhadas pelo seu mestre de quais, acompanhadas pelo seu mestre de canto, um frade baixo e quadrado, de olhos canto, um frade baixo e quadrado, de olhos

verdes, cantavam modinhas brasileiras.verdes, cantavam modinhas brasileiras.

Page 82: História da Música no Brasil

Aqueles que nunca ouviram este original Aqueles que nunca ouviram este original gênero de música, ignoram e gênero de música, ignoram e

permanecerão ignorando as melodias permanecerão ignorando as melodias mais fascinantes que jamais existiram, mais fascinantes que jamais existiram, desde os tempos dos Sibaritas. Elas desde os tempos dos Sibaritas. Elas

consistem em lânguidos e interrompidos consistem em lânguidos e interrompidos compassos, como se, por excesso de compassos, como se, por excesso de

enlevo, faltasse o fôlego e a alma enlevo, faltasse o fôlego e a alma anelasse unir-se à alma afim, do objeto anelasse unir-se à alma afim, do objeto

amado.amado.

Page 83: História da Música no Brasil

Com uma inocente despreocupação, elas se Com uma inocente despreocupação, elas se insinuam no coração, antes de ele ter tempo de insinuam no coração, antes de ele ter tempo de se resguardar contra a sua sedutora influência; se resguardar contra a sua sedutora influência;

imaginais saborear leite, mas o veneno da imaginais saborear leite, mas o veneno da voluptuosidade é que vai penetrando nos voluptuosidade é que vai penetrando nos recessos mais íntimos do ser. Pelo menos recessos mais íntimos do ser. Pelo menos assim sucede àqueles que sentem a força assim sucede àqueles que sentem a força

desses sons harmoniosos; desses sons harmoniosos;

(Lord Beckford, 1787)(Lord Beckford, 1787)

Page 84: História da Música no Brasil

Características estilísticasCaracterísticas estilísticas

Linguagem tipicamente brasileiraLinguagem tipicamente brasileira

Nomes de origem africanaNomes de origem africana

DiminutivosDiminutivos

Uma ou duas vozes com acompanhamentoUma ou duas vozes com acompanhamento

Maioria das vezes é 2/4Maioria das vezes é 2/4

Viola de arame é o principal acompanhamentoViola de arame é o principal acompanhamento

Profusão de síncopesProfusão de síncopes

Page 85: História da Música no Brasil

Esquemas harmônicos simplesEsquemas harmônicos simples

Esquemas formais: AABB; AABB-refrãoEsquemas formais: AABB; AABB-refrão

Predomínio das linhas melódicas Predomínio das linhas melódicas descendentesdescendentes

Temas de amor; singelos; voluptuososTemas de amor; singelos; voluptuosos

Page 86: História da Música no Brasil

Edilson de LimaEdilson de Lima

Page 87: História da Música no Brasil
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Page 89: História da Música no Brasil
Page 90: História da Música no Brasil
Page 91: História da Música no Brasil
Page 92: História da Música no Brasil
Page 93: História da Música no Brasil

O LunduO Lundu

Outras denominações: lundu, londu, landu, landum, londum ou lundum,

Dança brasileira mais antiga com exemplos Dança brasileira mais antiga com exemplos musicaismusicais

Referências históricas a partir de 1770Referências históricas a partir de 1770

Dúvidas a respeito da origem:Dúvidas a respeito da origem:

O quanto é ibérico ou africano?O quanto é ibérico ou africano?

Provável origem brasileiraProvável origem brasileira

Diversas citações em fontes brasileirasDiversas citações em fontes brasileiras

Em Portugal a dança popular era a fofa Em Portugal a dança popular era a fofa

Page 94: História da Música no Brasil

A função (sátira)A função (sátira): mais antiga menção ao Lundu. De : mais antiga menção ao Lundu. De Nicolau Tolentino de Almeida, c.a. 1770

Em bandolim marchetado,Os ligeiros dedos prontos,Loiro Paralta adamado,Foi depois tocar por pontosO doce londum chorado:Se Márcia se bamboleiaNeste inocente exercício,Se os quadrís saracoteia,Quem sabe se traz cilício,E por virtude os meneia?

Page 95: História da Música no Brasil

Quadra de Domingos Caldas Barbosa. década de 1770

Eu vi correndo hoje o Tejo,vinha soberbo e vaidoso;só por ter nas suas margenso meigo lundum gostoso.Que lindas voltas que fez;estendido pela praia,queira beijar-lhe os pésSe o lundum bem conhecera,quem o havia cá dançar;de gosto mesmo morrera,sem poder nunca chegar.Ai, rum, rum,vence fandangos e gigasa chulice do lundum.

Page 96: História da Música no Brasil

Sobre a origem do Lundu Sobre a origem do Lundu Tudo indica que o lundu tenha mesmo surgido no

Brasil, mesmo sendo o resultado da mescla de elementos musicais e coreográficos de origens

diversas. A dança nacional portuguesa na segunda metade do XVIII era a fôfa, dançada

aos pares, ao som de violas e guitarras (portuguesas), dança que parece não ter sido

praticada no Brasil, já que não é citada em documentos brasileiros. No Brasil setecentista, ao contrário, foram predominantemente citadas

duas danças: o lundu e o batuque.(Paulo Castagna)

Page 97: História da Música no Brasil

O batuque O batuque O batuque, a julgar pelas descrições e ilustrações disponíveis (as principais foram publicadas por Carl

Friedrich von Martius e por Johann Moritz Rugendas), foi uma denominação portuguesa genérica para todo

tipo de dança de negros, praticada em fazendas durante o dia e ao ar livre, nos fins de semana ou dias de festa. O batuque era acompanhado pela percussão

de instrumentos idiófonos ou membranófonos ou, mais comumente, pela batida das próprias mãos,

empregando-se também a umbigada, recurso coreográfico que se difundiu por todo o país em

gêneros que ainda são observados entre populações de origem afro-brasileira.

(Paulo Castagna)

Page 98: História da Música no Brasil

Sobre a origem do LunduSobre a origem do LunduJá o lundu parece ter sido uma dança mais difundida socialmente, praticada entre negros, brancos e mulatos. Carl Friedrich von Martius,

que esteve em Belém em 1819, associou o lundu aos mulatos da cidade, com a seguinte

observação (SPIX e MARTIUS, 1981, v.3: 29): “Para o jogo, a música e a dança, está o mulato sempre disposto, e movimenta-se insaciável, nos prazeres, com a mesma

agilidade dos seus congêneres do sul, aos sons monótonos, sussurrantes do violão, no lascivo lundu ou no desenfreado batuque.”

(Paulo Castagna)

Page 99: História da Música no Brasil

Viagem pitoresca pelo Brasil (1835, Rugendas)

“A dança habitual do negro é o ‘batuque’. Apenas se reúnem alguns negros e logo se ouve a batida cadenciada das mãos; é o sinal de

chamada e de provocação à dança. O batuque é dirigido por um figurante; consiste em certos

movimentos do corpo que talvez pareçam demasiado expressivos; são principalmente as ancas que se agitam; enquanto o dançarino faz estalar a língua e os dedos, acompanhando um

canto monótono, os outros fazem círculo em volta dele e repetem o refrão.”

Page 100: História da Música no Brasil

“Outra dança negra muito conhecida é o ‘lundu’, também dançada pelos portugueses, ao som

do violão, por um ou mais pares. Talvez o ‘fandango’, ou o ‘bolero’ dos espanhóis, não

passem de uma imitação aperfeiçoada dessa dança.” “Acontece muitas vezes que os negros dançam sem parar noites inteiras, escolhendo,

por isso, de preferência, os sábados e as vésperas dos dias santos.”

Page 101: História da Música no Brasil

Viagem pitoresca pelo Brasil (1835, Rugendas)

“[...] o tambor grande e a rabeca atraem a atenção dos moradores da casa, que correm às varandas e janelas

para se regalarem com a vista do lascivo e até frenético landum, dançado por um negro e uma negra cujos próprios gestos e olhares serviriam apenas para

pessoas de maior delicadeza, para criar as mais extremas sensações de repulsa. Mas os portugueses

gostam tanto desta dança, desde que submetida a algumas modificações decentes, que nunca deixam de a contemplar com prazer, memo quando levada a

extremos pelos seus inventores originais”

Page 102: História da Música no Brasil

Anônimo registrado por C.P.F. Martius. Landum (instrumental)

Page 103: História da Música no Brasil
Page 104: História da Música no Brasil

Anônimo, registrado por Antônio Vieira dos Santos. Primeiro lundu da Bahia (instrumental)

Page 105: História da Música no Brasil
Page 106: História da Música no Brasil

Cartas Chilenas (1787), de Tomás Antônio Gonzaga

Fingindo a moça que levanta a saia e voando na ponta dos dedinhos, prega no machacaz, de

quem mais gosta, a lasciva embigada, abrindo os braços. Então o machacaz, mexendo a bunda, pondo uma mão na testa, outra na

ilharga, ou dando alguns estalos com os dedos, seguindo das violas o compasso, lhe diz - “eu pago, eu pago” - e, de repente, sobre a torpe

michela atira o salto.

Page 107: História da Música no Brasil

Ó dança venturosa! Tu entravas nas humildes choupanas, onde as negras,

aonde as vis mulatas, apertando por baixo do bandulho a larga cinta, te honravam

cos marotos e brejeiros, batendo sobre o chão o pé descalço. Agora já consegues ter entrada nas casas mais honestas e

palácios!

Page 108: História da Música no Brasil

O período de Dom João VIO período de Dom João VI

Page 109: História da Música no Brasil

Largo do Paço, 1808 (Richard Bates) Largo do Paço, 1808 (Richard Bates)

Page 110: História da Música no Brasil

PrecedentesPrecedentes

Rio de JaneiroRio de Janeiro

25.000 habitantes25.000 habitantes

CulturaCultura

Limitações impostas por PortugalLimitações impostas por Portugal

Proibição de ediçõesProibição de edições

Inexistência de bibliotecas e museusInexistência de bibliotecas e museus

públicospúblicos

Page 111: História da Música no Brasil

José A. CastelloJosé A. Castello

Vida social não existia, por que não havia Vida social não existia, por que não havia sociedade; questões públicas tampouco sociedade; questões públicas tampouco

interessavam e mesmo não se conheciam: interessavam e mesmo não se conheciam: quando muito, sabem se há paz ou guerra...é quando muito, sabem se há paz ou guerra...é

mesmo duvidoso se sentiam, não uma mesmo duvidoso se sentiam, não uma consciência nacional, mas ao menos consciência nacional, mas ao menos

capitaneal, embora usassem tratar-se de capitaneal, embora usassem tratar-se de patrício e paisano.patrício e paisano.

Page 112: História da Música no Brasil

Música antes de Dom João VI Música antes de Dom João VI

Encenações de óperaEncenações de ópera

Irmandades musicaisIrmandades musicais

ReligiãoReligião

Interesses de um grupo de músicosInteresses de um grupo de músicos

José Maurício Nunes GarciaJosé Maurício Nunes Garcia

Page 113: História da Música no Brasil

José Maurício Nunes Garcia José Maurício Nunes Garcia (Vasco Mariz)(Vasco Mariz)

Não era apenas mais um músico mulato, da Não era apenas mais um músico mulato, da série que tanto frutificou no período série que tanto frutificou no período

colonial...já se pode afirmar sem hesitação colonial...já se pode afirmar sem hesitação que o padre-mestre foi mesmo um homem que o padre-mestre foi mesmo um homem culto, com educação humanista desusada culto, com educação humanista desusada

para pessoa de sua modesta origem, para pessoa de sua modesta origem, orador apreciado, além de grande orador apreciado, além de grande

compositor e notável intérprete também.compositor e notável intérprete também.

Page 114: História da Música no Brasil

Estilo de José MaurícioEstilo de José Maurício

O estilo encontrado na música até agora conhecida do Rio de Janeiro colonial, assim

como na arquitetura, é tardio, mais complexo e cosmopolita que a encontrada no nordeste ou em Minas Gerias. Além disso, José Maurício Nunes Garcia, apesar de sua base estética

portuguesa e italiana, utiliza também modelos importados de outras nacionalidades, sendo a riqueza de meios a característica principal de sua produção e de outros autores do início do

séc. XIX.

Page 115: História da Música no Brasil

O primeiro aspecto notável na música de Nunes Garcia é a semelhança de seu estilo com o classicismo

internacional europeu do final do séc. XVIII, mas com a inclusão da contribuição austríaca, o que não é

normalmente observado na música mineira e nordestina, mesmo até as primeiras décadas do séc. XIX. Mais sóbria, densa e detalhista que o exemplo mineiro, a música de Nunes Garcia parece ter se

baseado em maiores novidades estilísticas que seus contemporâneos mineiros e paulistas, existindo

indícios de que pode ter conhecido e assimilado o estilo de Joseph Haydn (aliás, não foi coincidência o

fato de o primeiro livro sobre música impresso no Brasil ter versado sobre a vida de Haydn.

(Paulo Castagna)

Page 116: História da Música no Brasil

Nunes Garcia também foi o primeiro compositor brasileiro a diversificar os meios de expressão de sua

produção musical, embora ainda predominasse a música religiosa: escreveu obras para coro a cappella,

para um ou dois coros e contínuo, para coro e orquestra, para voz solista e orquestra, para orquestra

(Abertura Zemira, Abertura em Ré, Sinfonia Tempestade), para conjunto de sopros (Doze

divertimentos, perdidos) música dramática (Ulissea, O triunfo da América, Coro para o entremês e a ópera Le due gemmelle, perdida), lições e fantasias para

pianoforte, as modinhas Beijo a mão que me condena, No momento da partida e Marília, se não me

amas (perdida) e um tratado teórico.

(Paulo Castagna)

Page 117: História da Música no Brasil

Tota pulchra es Maria(séc. XVIII)

O manuscrito desta obra (1783), a mais antiga composição conhecida do padremestre, está arquivado na Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ. Seu texto é

destinado às vésperas e missa da Imaculada Conceição da Virgem Maria (8 de dezembro). A peça possui uma incomum introdução na qual se ouve um solo de flauta, seguido de um solo de soprano e, finalmente, da intervenção coral,

sempre acompanhados pelas cordas e pelo contínuo. (P. Castagna)

Page 118: História da Música no Brasil

Abertura em ré(séc. XVIII)

Composta no estilo das aberturas de ópera italianas do final do séc. XVIII, cujo representante típico foi Giovanni Paisiello

(1740-1816), desconhece-se o motivo pelo qual foi escrita, mas é certo que não foi destinada à ópera. Embora o termo

abertura fosse utilizado, como informa Ernesto Vieira, para designar “Symphonia, peça de musica orchestral que precede uma opera, uma oratoria, um drama com musica ou qualquer

outra composição de grande desenvolvimento”, a abertura também podia ter outra função: “Peça de musica para

orchestra, no estylo da abertura propriamente dita, mas destinada a ser executada em concertos ou a servir de introducção ou intermedio em qualquer espectaculo ou

solemnidade. São propriamente symphonias de pequenas dimensões, a que os auctores não quizeram dar este nome para não serem confundidas com as grandes symphonias

classicas” (P. Castagna)

Page 119: História da Música no Brasil

Irmandade de Santa Cecília Irmandade de Santa Cecília

Toda pessoa que quiser exercer a profissão Toda pessoa que quiser exercer a profissão de músico, ou seja, cantor ou de músico, ou seja, cantor ou

instrumentista, será obrigado a entrar instrumentista, será obrigado a entrar nesta confraria e para ser admitido por nesta confraria e para ser admitido por

confrade representará a Mesa, declarando confrade representará a Mesa, declarando a qualidade de seu estado e a sua a qualidade de seu estado e a sua

naturalidade para que a Mesa o possa naturalidade para que a Mesa o possa admitir ou excluir sendo notoriamente admitir ou excluir sendo notoriamente

inábil ou publicamente escandaloso pelo inábil ou publicamente escandaloso pelo mau procedimento.mau procedimento.

Page 120: História da Música no Brasil

Serão obrigados os Irmãos e Músicos a contribuírem para o cofre da Irmandade anualmente com um

vintém de cada pataca que ganharem de todas as funções que forem cantar ou tanger, ou seja

Eclesiástica ou de Oratórios públicos ou particulares, ao que ficarão responsáveis os Diretores das funções

para entregarem logo que forem pagos das ditas funções no prazo de vinte e quatro horas ao Irmão

Procurador para se recolher ao cofre; e o não fazendo com mora de tempo se lhes tirará da primeira função

a que forem convidados em dobro os ditos vinténs em pena de sua rebelia ou omissão.

Page 121: História da Música no Brasil

Chegada de Dom João VIChegada de Dom João VI

Transferência cultural da Bahia para o RioTransferência cultural da Bahia para o RioChegada da corteChegada da corteCriação de instituições importantesCriação de instituições importantes

JornaisJornais Biblioteca NacionalBiblioteca Nacional Museu NacionalMuseu Nacional Imprensa NacionalImprensa Nacional

Missão artística francesaMissão artística francesa

Page 122: História da Música no Brasil

Dom João VIDom João VI

Page 123: História da Música no Brasil

Panorama musical após a chegada Panorama musical após a chegada de D. João VIde D. João VI

No período em que D. João esteve no Rio (1808-1821), entretanto, ocorreu um

extraordinário aumento na demanda de música, em função do número de

portugueses que chegaram ao Brasil, interessados em manter o mesmo nível de

prática musical a que estavam acostumados em Lisboa, aumento esse que acarretou na preservação de maior quantidade de composições do período.

Page 124: História da Música no Brasil

Houve, portanto, uma ampliação das perspectivas profissionais, que atraiu para o Rio de Janeiro

músicos de várias regiões do Brasil, mas também de Portugal e de outros países da Europa. Dos

compositores e intérpretes passou-se a exigir a criação de obras religiosas mais virtuosísticas e o

trabalho com gêneros profanos ainda pouco praticados no Brasil, como a ópera e a música

instrumental. O Rio assistia à chegada de um estilo cortesão de consumo, com o qual ainda não estava habituado, mas que a ele teria rapidamente de se

adaptar. (P. Castagna)

Page 125: História da Música no Brasil

Aclamação de Dom João VIAclamação de Dom João VI

Page 126: História da Música no Brasil

Cena de Rua, Rio de Janeiro (Debret)Cena de Rua, Rio de Janeiro (Debret)

Page 127: História da Música no Brasil

Cena com a Família Real (Debret)Cena com a Família Real (Debret)

Page 128: História da Música no Brasil

Igreja de Santa Cruz dos Militares no início do século XIX. Igreja de Santa Cruz dos Militares no início do século XIX.

(Richard Bates)(Richard Bates)

Page 129: História da Música no Brasil

Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, 1817 (Thomas Ender)Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, 1817 (Thomas Ender)

Page 130: História da Música no Brasil

Missão FrancesaMissão Francesa

A vinda dessa missão foi indiscutivelmente A vinda dessa missão foi indiscutivelmente benéfica para o Brasil. Ao mesmo tempo, benéfica para o Brasil. Ao mesmo tempo,

porém, criou-se um condicionamento pelas porém, criou-se um condicionamento pelas atividades ligadas ao provimento de modelos atividades ligadas ao provimento de modelos europeus e ao recrutamento de discípulos, de europeus e ao recrutamento de discípulos, de que foram manifestação concreta a fundação que foram manifestação concreta a fundação

de escolas de artes e de museus e a de escolas de artes e de museus e a contratação de mestres estrangeiros. (Nélson contratação de mestres estrangeiros. (Nélson

Werneck Sodré)Werneck Sodré)

Page 131: História da Música no Brasil

Investimentos na músicaInvestimentos na música

Criação do Real Teatro São JoãoCriação do Real Teatro São João Maior das AméricasMaior das Américas Concertos e óperasConcertos e óperas

Capela RealCapela Real 150 cantores e instrumentistas150 cantores e instrumentistas 11° Mestre de Capela: José Maurício° Mestre de Capela: José Maurício Músicos nacionais e estrangeirosMúsicos nacionais e estrangeiros

Page 132: História da Música no Brasil

Capela RealCapela Real

Dizia-se geralmente que a Capela Real era Dizia-se geralmente que a Capela Real era organizada de modo a satisfazer plenamente os organizada de modo a satisfazer plenamente os

amadores de música. Era constituída como a amadores de música. Era constituída como a antiga Capela Real de Lisboa e não se havia antiga Capela Real de Lisboa e não se havia

olhado a despesas. Quatorze ou quinze olhado a despesas. Quatorze ou quinze sopranos misturavam suas vozes características sopranos misturavam suas vozes características à música de [Marcos] Portugal e dos melhores à música de [Marcos] Portugal e dos melhores

compositores religiosos, e formaram um compositores religiosos, e formaram um conjunto muito admirado, especialmente pelos conjunto muito admirado, especialmente pelos

estrangeiros.estrangeiros.(Alexandre Coldelaugh)(Alexandre Coldelaugh)

Page 133: História da Música no Brasil

Execução de óperas italianasExecução de óperas italianas

A ópera italiana, até aqui, não tem apresentado, nem A ópera italiana, até aqui, não tem apresentado, nem da parte dos cantores, nem da orquestra, nada da parte dos cantores, nem da orquestra, nada perfeito; uma banda particular de música vocal perfeito; uma banda particular de música vocal

instrumental, que o príncipe herdeiro formou com instrumental, que o príncipe herdeiro formou com mestiços locais e pretos, indica bastante o talento mestiços locais e pretos, indica bastante o talento

musical do brasileiro. D. Pedro [...], costuma reger às musical do brasileiro. D. Pedro [...], costuma reger às vezes, ele próprio, essa orquestra, que, assim vezes, ele próprio, essa orquestra, que, assim

estimulada, procura executar as peças com muita estimulada, procura executar as peças com muita perfeição. O discípulo preferido de J. Haydn, o perfeição. O discípulo preferido de J. Haydn, o

cavalheiro Neukomm, achava-se então como diretor cavalheiro Neukomm, achava-se então como diretor da Capela do Paço, no Rio. Para suas missas, porém, da Capela do Paço, no Rio. Para suas missas, porém, compostas inteiramente no estilo dos mais célebres compostas inteiramente no estilo dos mais célebres

mestres alemães, ainda não estava de todo madura a mestres alemães, ainda não estava de todo madura a cultura musical do povo.cultura musical do povo.(Philipp von Martius)(Philipp von Martius)

Page 134: História da Música no Brasil

Repertório europeuRepertório europeu

o Requiem de Mozart [...] foi executado em o Requiem de Mozart [...] foi executado em dezembro passado [1819] na Igreja do Parto, dezembro passado [1819] na Igreja do Parto, por uma numerosa orquestra. O mestre de por uma numerosa orquestra. O mestre de

capela da Capela Real, Padre José Maurício, capela da Capela Real, Padre José Maurício, dirigiu o conjunto. “A dedicação, com a qual dirigiu o conjunto. “A dedicação, com a qual Padre Garcia resolveu todas as dificuldades, Padre Garcia resolveu todas as dificuldades,

para finalmente executar aqui uma obra prima para finalmente executar aqui uma obra prima do nosso imortal Mozart, recebeu o mais do nosso imortal Mozart, recebeu o mais

caloroso agradecimento dos amantes da arte caloroso agradecimento dos amantes da arte locais. locais.

(S. Neukomm)(S. Neukomm)

Page 135: História da Música no Brasil

Principais músicos Principais músicos

Sigismund Neukomm (Salzburgo)Sigismund Neukomm (Salzburgo)

Marcos PortugalMarcos Portugal

José MaurícioJosé Maurício

Vida Vida

Obra Obra

CargosCargos

Relação com Dom João VIRelação com Dom João VI

Relação com demais músicosRelação com demais músicos

Page 136: História da Música no Brasil

Bruno KieferBruno Kiefer

O regente não poupava dinheiro com a música O regente não poupava dinheiro com a música da Capela Real. Mandava vir, inclusive, da Capela Real. Mandava vir, inclusive,

sopranistas (castrati) da Europa, os primeiros a sopranistas (castrati) da Europa, os primeiros a apontarem aqui. Se pensarmos na quantidade apontarem aqui. Se pensarmos na quantidade enorme de festas religiosas, comemorações enorme de festas religiosas, comemorações familiares e políticas com função religiosa, familiares e políticas com função religiosa, poderemos ter uma idéia da intensidade da poderemos ter uma idéia da intensidade da

vida musical na Capela Real. vida musical na Capela Real.

Page 137: História da Música no Brasil

Características geraisCaracterísticas gerais

Crescimento cultural vertiginosoCrescimento cultural vertiginoso

Forte estímulo musical durante curto Forte estímulo musical durante curto período (13 anos)período (13 anos)

Diminuição radical após retirada da corte Diminuição radical após retirada da corte para o Reinopara o Reino

Page 138: História da Música no Brasil

Período de Dom Pedro IPeríodo de Dom Pedro IDecadência brusca das atividades musicaisDecadência brusca das atividades musicais

Capela Imperial (antiga Real)Capela Imperial (antiga Real) Teatro São João (incendiado)Teatro São João (incendiado)

Atividades musicais de Dom Pedro IAtividades musicais de Dom Pedro I IntérpreteIntérprete Canto, fagote, trombone, clarinete, Canto, fagote, trombone, clarinete, violoncelo, flauta e rabeca.violoncelo, flauta e rabeca. CompositorCompositor Hino da IndependênciaHino da Independência Hino da CartaHino da Carta MestresMestres José Maurício Nunes GarciaJosé Maurício Nunes Garcia Sigismund NeukommSigismund Neukomm

Page 139: História da Música no Brasil

Carta da princesa LeopoldinaCarta da princesa Leopoldina

O meu marido é compositor também, faz-O meu marido é compositor também, faz-vos presente de uma sinfonia e de um vos presente de uma sinfonia e de um Te Te Deum Deum composto por ele. Na verdade são composto por ele. Na verdade são um pouco teatrais, o que é culpa do seu um pouco teatrais, o que é culpa do seu

professor, mas o que vos posso assegurar professor, mas o que vos posso assegurar é que ele próprio os compôs sem auxílio é que ele próprio os compôs sem auxílio

de ninguém.de ninguém.

Page 140: História da Música no Brasil

Relato de Jacobus van Boelen Relato de Jacobus van Boelen (1826)(1826)

A ópera imperial é esplendidamente A ópera imperial é esplendidamente construída e preparada, e é igual em construída e preparada, e é igual em tamanho ao Stads Schouwburg, de tamanho ao Stads Schouwburg, de

Amsterdã. As óperas e os bailados, para Amsterdã. As óperas e os bailados, para cuja suntuosidade e beleza nada poupam, cuja suntuosidade e beleza nada poupam,

são executados por artistas italianos e são executados por artistas italianos e merecem os maiores elogios.merecem os maiores elogios.

Page 141: História da Música no Brasil

Decadência após Dom Pedro IDecadência após Dom Pedro I

Durante o governo de D. Pedro ainda havia freqüentes bailados e Durante o governo de D. Pedro ainda havia freqüentes bailados e óperas italianas. [...] Com a abdicação do imperador, a arte óperas italianas. [...] Com a abdicação do imperador, a arte

mímica, já quase extenuada até a morte, recebeu o golpe de mímica, já quase extenuada até a morte, recebeu o golpe de misericórdia.[...] Em lugar deles apresentavam-se agora só misericórdia.[...] Em lugar deles apresentavam-se agora só atores nacionais, em geral mulatos, e infelizmente colhiam atores nacionais, em geral mulatos, e infelizmente colhiam

patriótico aplauso geral dos espectadores [...]Os mulatos já são patriótico aplauso geral dos espectadores [...]Os mulatos já são de nascença apenas obra de remendo da natureza, por isso de nascença apenas obra de remendo da natureza, por isso são peritos remendões. As mais antigas, como as mais novas são peritos remendões. As mais antigas, como as mais novas

produções dramáticas de França e Alemanha foram produzidas produções dramáticas de França e Alemanha foram produzidas em horrível transformação[...] Assim, recordo-me, por exemplo, em horrível transformação[...] Assim, recordo-me, por exemplo,

duma representação do ‘Guilherme Tell’, de Schiller: a obra-duma representação do ‘Guilherme Tell’, de Schiller: a obra-prima alemã tornou-se comédia portuguesa.[1]prima alemã tornou-se comédia portuguesa.[1]

[1][1] Correio Mercantil do Rio de Janeiro, 1854. Correio Mercantil do Rio de Janeiro, 1854.

Page 142: História da Música no Brasil

Missa de Santa Cecília (estilo)Missa de Santa Cecília (estilo)

Textura homofônicaTextura homofônicaTrechos polifônicos (aplicados como um recurso Trechos polifônicos (aplicados como um recurso deliberado e destacado)deliberado e destacado)Caracterização idiomática bem definida: madeiras, Caracterização idiomática bem definida: madeiras, cordas.cordas.Contraste entre a figuração idiomática do solista e do Contraste entre a figuração idiomática do solista e do restante da orquestrarestante da orquestraPeríodos bem definidos Períodos bem definidos Períodos simétricosPeríodos simétricosComeço e fim dos períodos coincidem com compassosComeço e fim dos períodos coincidem com compassosRitmo harmônico lentoRitmo harmônico lento

Page 143: História da Música no Brasil

Harmonia convencional no baixo, baseado nas Harmonia convencional no baixo, baseado nas principais funções harmônicas (I-IV-V-I) principais funções harmônicas (I-IV-V-I) Grandes nuances de volume de somGrandes nuances de volume de somGrandes nuances agógicasGrandes nuances agógicasUtilização das madeiras tanto para o Utilização das madeiras tanto para o preenchimento de harmonia quanto em conjunto preenchimento de harmonia quanto em conjunto solista e em solos separadossolista e em solos separadosBaixo de albertiBaixo de albertiAusência de baixo contínuoAusência de baixo contínuoMaior exploração do colorido orquestral, cada Maior exploração do colorido orquestral, cada instrumento age como um personagem instrumento age como um personagem dramático, ao invés da tendência barroca de dramático, ao invés da tendência barroca de contrastes de conjuntos, dinâmica ou timbre.contrastes de conjuntos, dinâmica ou timbre.Exploração das potencialidades técnicas de Exploração das potencialidades técnicas de cada instrumento individualmentecada instrumento individualmenteInfluencia do estilo alemão (principalmente Influencia do estilo alemão (principalmente Áustria)Áustria)

Page 144: História da Música no Brasil

Valorização do soprano e melhor constituição Valorização do soprano e melhor constituição das vozes intermediáriasdas vozes intermediáriasMaior exploração da expressividade do solistaMaior exploração da expressividade do solistaMenor volume de ornamentação que o Barroco.Menor volume de ornamentação que o Barroco.Exploração do silêncio como articulação Exploração do silêncio como articulação dramáticadramáticaPreparação para cadências e modulaçãoPreparação para cadências e modulaçãoForma bem definidaForma bem definidaContraste temáticoContraste temáticoAbandono de afetosAbandono de afetosSistema maior menorSistema maior menorSistema tonalSistema tonalExploração de potencial dramático das Exploração de potencial dramático das tonalidades menorestonalidades menores

Page 145: História da Música no Brasil

Abdicação de Dom Pedro I (1831)Abdicação de Dom Pedro I (1831)

Agravamento da criseAgravamento da crise

Dissolução da orquestra da CapelaDissolução da orquestra da Capela

ImperialImperial

Continuidade nas casas da aristocraciaContinuidade nas casas da aristocracia

Importação de artistas e professoresImportação de artistas e professores

Sociedades musicaisSociedades musicais

Page 146: História da Música no Brasil

Francisco Manuel da SilvaFrancisco Manuel da Silva

MestresMestres

Sigismund NeukommSigismund Neukomm

José Maurício Nunes GarciaJosé Maurício Nunes Garcia

Fundador da Sociedade Beneficente Fundador da Sociedade Beneficente Musical (1833)Musical (1833)

Participação na Sociedade Filarmônica Participação na Sociedade Filarmônica

Mestre compositor da Imperial Câmara Mestre compositor da Imperial Câmara (1841)(1841)

Page 147: História da Música no Brasil

Mestre de capela (1842)Mestre de capela (1842)

Cavaleiro da Ordem da Rosa (1857)Cavaleiro da Ordem da Rosa (1857)

Criação do Conservatório Brasileiro de Criação do Conservatório Brasileiro de Música (1855)Música (1855)

ComposiçõesComposições

Hino NacionalHino Nacional

ExecuçãoExecução

Violino, violoncelo, órgão e pianoViolino, violoncelo, órgão e piano

Page 148: História da Música no Brasil

Francisco Manuel (Vasco Mariz)Francisco Manuel (Vasco Mariz)

Francisco Manuel foi um compositor pouco Francisco Manuel foi um compositor pouco original...grande parte de sua obra foi para original...grande parte de sua obra foi para

ser interpretada na Capela Imperial...o ser interpretada na Capela Imperial...o grande feito de Francisco Manuel, como grande feito de Francisco Manuel, como

professor e organizador do ensino da professor e organizador do ensino da música no Brasil, foi a criação do música no Brasil, foi a criação do

Conservatório do Rio de Conservatório do Rio de Janeiro...continuava também muito ativo Janeiro...continuava também muito ativo

como regente no Teatro Lírico como regente no Teatro Lírico Fluminense.Fluminense.

Page 149: História da Música no Brasil

Tendências românticasTendências românticas

Segunda metade do séc. XIXSegunda metade do séc. XIX

Page 150: História da Música no Brasil

Tendências românticasTendências românticas

Tardio em relação à EuropaTardio em relação à EuropaInfluências francesasInfluências francesasCrescimento da burguesia na segunda metade Crescimento da burguesia na segunda metade do séc. XIXdo séc. XIX

Militares, funcionários públicosMilitares, funcionários públicos Profissionais liberais, jornalistasProfissionais liberais, jornalistas Pequenos comerciantes etc.Pequenos comerciantes etc.

Literatura inspirada em temas nacionaisLiteratura inspirada em temas nacionais José de AlencarJosé de Alencar

Page 151: História da Música no Brasil

Influências burguesasInfluências burguesas

Fundação de sociedades musicaisFundação de sociedades musicais

Clube Beethoven; Clube Mozart; Clube Beethoven; Clube Mozart;

Sociedade de Conc. Clássicos etc.Sociedade de Conc. Clássicos etc.

Estímulo à música virtuosísticaEstímulo à música virtuosística

Piano: Thalberg; Arthur NapoleãoPiano: Thalberg; Arthur Napoleão

GottschalkGottschalk

Flauta: ReichertFlauta: Reichert

Etc.Etc.

Promoção do ensino da músicaPromoção do ensino da música

Page 152: História da Música no Brasil

Desenvolvimento do comércio e Desenvolvimento do comércio e fabricação de instrumentosfabricação de instrumentos

I. Bevilacqua; M. Chesnay etc.I. Bevilacqua; M. Chesnay etc.

Sustento das apresentações musicais Sustento das apresentações musicais pagaspagas

Edições de partituras e periódicos Edições de partituras e periódicos musicaismusicais

Page 153: História da Música no Brasil

Criação do Conservatório de Música do Criação do Conservatório de Música do Rio de Janeiro (1847)Rio de Janeiro (1847)

Primeiro diretor: Francisco M. da SilvaPrimeiro diretor: Francisco M. da Silva

Atual Escola de Música da UFRJAtual Escola de Música da UFRJ

Page 154: História da Música no Brasil

Fundação do Conservatório de Fundação do Conservatório de Música do Rio de Janeiro Música do Rio de Janeiro

Nenhum mestre existe pago pela Nação, Nenhum mestre existe pago pela Nação, nenhuma cadeira de ensino gratuito para nenhuma cadeira de ensino gratuito para as massas, em cujo vasto seio se alberga as massas, em cujo vasto seio se alberga o gênio das artes, foi até agora instituído o gênio das artes, foi até agora instituído

pelo Governo. A música tem sido entregue pelo Governo. A música tem sido entregue a seus destinos; hoje só é lícito gozar de a seus destinos; hoje só é lícito gozar de seu ensino as pessoas abastadas que seu ensino as pessoas abastadas que

podem pagar mestres; ao povo nada se podem pagar mestres; ao povo nada se concede. concede.

Page 155: História da Música no Brasil

Por outro lado a conveniência da instituição de um Por outro lado a conveniência da instituição de um conservatório de música sob o ponto de vista conservatório de música sob o ponto de vista

econômico e político é incontestável: sob este ponto econômico e político é incontestável: sob este ponto de vista ele deve ser considerado como uma industria, de vista ele deve ser considerado como uma industria,

e assim produzindo todas as vantagens de outra e assim produzindo todas as vantagens de outra qualquer, prestando uma ocupação honesta, qualquer, prestando uma ocupação honesta,

civilizando por via do trabalho. A concepção pois, de civilizando por via do trabalho. A concepção pois, de uma instituição que tem por fim favorecer os uma instituição que tem por fim favorecer os

progressos da música, difundir os conhecimentos progressos da música, difundir os conhecimentos dessa arte pela população, deve merecer toda a dessa arte pela população, deve merecer toda a

atenção do Governo e das Câmaras. atenção do Governo e das Câmaras. (Jornal O Brasil, 1841)(Jornal O Brasil, 1841)

Page 156: História da Música no Brasil

O repertórioO repertório

Predominância do repertório europeuPredominância do repertório europeu

Música de salãoMúsica de salão

Polca, schottisch, mazurca, valsaPolca, schottisch, mazurca, valsa

Gradativa nacionalizaçãoGradativa nacionalização

Segunda metade do séc. XIXSegunda metade do séc. XIX

Gradativa diversificaçãoGradativa diversificação

Papel das sociedades musicaisPapel das sociedades musicais

Page 157: História da Música no Brasil

A música na BahiaA música na Bahia

Ligadas principalmente a igreja e às Ligadas principalmente a igreja e às corporações militarescorporações militaresDiminuição após a mudança de centro p/ o Diminuição após a mudança de centro p/ o RioRioPrecárias condições de ensinoPrecárias condições de ensinoCompositores e músicos proeminentesCompositores e músicos proeminentes

Domingos da Rocha MussurungaDomingos da Rocha Mussurunga Damião BarbosaDamião Barbosa Guilherme de MelloGuilherme de Mello

Page 158: História da Música no Brasil

Decadência da produção baianaDecadência da produção baiana

Com relação às festas de igreja, houve tempo em Com relação às festas de igreja, houve tempo em que, talvez por imitação de Dom João VI, cada que, talvez por imitação de Dom João VI, cada ricaço, cada senhor de engenho, não poupava ricaço, cada senhor de engenho, não poupava

sacrifícios para festejar com toda pompa e sacrifícios para festejar com toda pompa e solenidade o Santo de sua devoção [...] nesse solenidade o Santo de sua devoção [...] nesse tempo podia haver dez festas no mesmo dia, tempo podia haver dez festas no mesmo dia,

que se encontravam instrumentistas e cantores que se encontravam instrumentistas e cantores para todas elas. Hoje, porém, quando acontece para todas elas. Hoje, porém, quando acontece

haver duas festas solenes no mesmo dia, é haver duas festas solenes no mesmo dia, é preciso que uma comece mais cedo para os preciso que uma comece mais cedo para os

cantores desta servirem na outra.cantores desta servirem na outra.(Guilherme de Mello)(Guilherme de Mello)

Page 159: História da Música no Brasil

São PauloSão Paulo

Pouco desenvolvimentoPouco desenvolvimento

Crescimento gradual do comércio de Crescimento gradual do comércio de instrumentos e impressosinstrumentos e impressos

Predominância das sociedades musicaisPredominância das sociedades musicais

Clube HaydnClube Haydn

Sociedade Coral Clube MendelssohnSociedade Coral Clube Mendelssohn

Sociedade de Quarteto PaulistanoSociedade de Quarteto Paulistano

Page 160: História da Música no Brasil

Movimento da ópera nacionalMovimento da ópera nacional

Década de 1850Década de 1850

Valorização da língua nacionalValorização da língua nacional

Temas nacionaisTemas nacionais

Tendências indianistas e anti-escravistasTendências indianistas e anti-escravistas

Permanências das características Permanências das características estilísticas musicais européiasestilísticas musicais européias

Page 161: História da Música no Brasil

Prelúdio: As iniciativas de João Prelúdio: As iniciativas de João Antônio MirandaAntônio Miranda

““Quero fazer representar no dia 7 de setembro uma Quero fazer representar no dia 7 de setembro uma ópera em italiano , cujo assunto seja nacional”ópera em italiano , cujo assunto seja nacional”

Texto de Manuel de Araújo Porto AlegreTexto de Manuel de Araújo Porto Alegre

Música de G. GianniniMúsica de G. Giannini

Resultado diferente do esperadoResultado diferente do esperado

Apresentação de parte da óperaApresentação de parte da ópera

Texto em portuguêsTexto em português

“ “Véspera dos Guararapes”Véspera dos Guararapes”

Sucesso e entusiasmoSucesso e entusiasmo

Afirmação da língua nacionalAfirmação da língua nacional

Page 162: História da Música no Brasil

Espécie de concurso para estimular os Espécie de concurso para estimular os compositores nacionaiscompositores nacionais

Novas complicaçõesNovas complicações

ResultadosResultados

Primeira ópera brasileira em portuguêsPrimeira ópera brasileira em português

““Marília de Itamaracá”Marília de Itamaracá”

Música de Adolpho MaerschMúsica de Adolpho Maersch

Libreto de SimoniLibreto de Simoni

Page 163: História da Música no Brasil

Imperial Academia de Música e Imperial Academia de Música e Ópera NacionalÓpera Nacional

Iniciativa de D. José AmatIniciativa de D. José Amat

Ex-nobreEx-nobre

Fugitivo da EspanhaFugitivo da Espanha

Professor de música no RioProfessor de música no Rio

Empresário e gerente do projetoEmpresário e gerente do projeto

Apoio do governo ImperialApoio do governo Imperial

Espaço para as apresentaçõesEspaço para as apresentações

Garantias de monopólioGarantias de monopólio

Page 164: História da Música no Brasil

Plano da Imperial Academia de Plano da Imperial Academia de Música e Ópera NacionalMúsica e Ópera Nacional

Fazer com que o Conservatório de Música Fazer com que o Conservatório de Música coopere pelos meios ao seu alcance ao bem coopere pelos meios ao seu alcance ao bem da Academiada Academia

Proibir, durante 8 anos, que em teatro algum Proibir, durante 8 anos, que em teatro algum subvencionado pelo Governo Imperial se subvencionado pelo Governo Imperial se apresentem óperas líricas em língua nacionalapresentem óperas líricas em língua nacional

Uma vez a cada ano, pelo menos, a Academia Uma vez a cada ano, pelo menos, a Academia dará uma partitura nova de composição dará uma partitura nova de composição nacionalnacional

Page 165: História da Música no Brasil

A academia dará representações de canto A academia dará representações de canto em língua nacional, de cantatas e idílios, e em língua nacional, de cantatas e idílios, e também de alguns atos ou cenas de ópera também de alguns atos ou cenas de ópera já representadas aqui. E logo que se já representadas aqui. E logo que se achar habilitada representará, também em achar habilitada representará, também em língua nacional, algumas das melhores língua nacional, algumas das melhores óperas italianas, francesas e espanholas óperas italianas, francesas e espanholas ainda não conhecidas aquiainda não conhecidas aquiA academia dará 10% do produto líquido A academia dará 10% do produto líquido de cada récita aos autores de qualquer de cada récita aos autores de qualquer ópera lírica nacional que for por ela ópera lírica nacional que for por ela representadarepresentada

Page 166: História da Música no Brasil

Estímulo as zarzuelas em língua Estímulo as zarzuelas em língua nacionalnacional

ZarzuelaZarzuela Origem espanholaOrigem espanhola Geralmente um atoGeralmente um ato Caráter cômicoCaráter cômico Caráter popularCaráter popular Sem recitativoSem recitativo Diálogos alternados com cantoDiálogos alternados com canto Adaptação ao contexto brasileiroAdaptação ao contexto brasileiro

Page 167: História da Música no Brasil

Encenação de diversas zarzuelas e óperas em língua Encenação de diversas zarzuelas e óperas em língua nacionalnacional

““A estréia de um artista” A estréia de um artista” (1857)(1857)

““Pipelet” Pipelet” (1860)(1860)

Música de FerrariMúsica de Ferrari

Libreto de Machado de AssisLibreto de Machado de Assis

““A Noite de São João” A Noite de São João” (1860)(1860)

Libreto de José de AlencarLibreto de José de Alencar

Música de Elias Alvares LoboMúsica de Elias Alvares Lobo

Sucesso na estréiaSucesso na estréia

Partitura encontra-se perdidaPartitura encontra-se perdida

Primeira ópera nacional com 2 autores nacionaisPrimeira ópera nacional com 2 autores nacionais

Page 168: História da Música no Brasil

““Moema e Paraguaçu” Moema e Paraguaçu” (1861)(1861) Libreto de F. B. de AbreuLibreto de F. B. de Abreu Música de Sangiorgi (italiano)Música de Sangiorgi (italiano)

““A noite no castelo” A noite no castelo” (1861)(1861) Libreto de A. J. F. dos ReisLibreto de A. J. F. dos Reis Música de Carlos GomesMúsica de Carlos Gomes Estréia de Carlos GomesEstréia de Carlos Gomes Grande sucessoGrande sucesso

““O jovem compositor teve anteontem uma O jovem compositor teve anteontem uma demonstração que o deveria tocar demonstração que o deveria tocar profundamente” profundamente” (jornal da época)(jornal da época)

Page 169: História da Música no Brasil

Problemas da ópera nacionalProblemas da ópera nacional

Complicações envolvendo D. José AmatComplicações envolvendo D. José Amat

Predominância da ópera italianaPredominância da ópera italiana

EurocentrismoEurocentrismo

Intérpretes estrangeiros que tinham Intérpretes estrangeiros que tinham dificuldade com o portuguêsdificuldade com o português

Maiores rendimentos do repertório Maiores rendimentos do repertório estrangeiroestrangeiro

Page 170: História da Música no Brasil

Os obstáculos que se Os obstáculos que se entrepunham...pag.82, Kieferentrepunham...pag.82, Kiefer

Page 171: História da Música no Brasil

D. José Amat e a ópera nacionalD. José Amat e a ópera nacional

O importante nesta atuação de D. José Amat é que ele O importante nesta atuação de D. José Amat é que ele representa uma idéia que estava em gestação representa uma idéia que estava em gestação

naquela época [...] Amat foi possível por que a idéia naquela época [...] Amat foi possível por que a idéia da ópera nacional estava no ar. Ele sentiu o problema da ópera nacional estava no ar. Ele sentiu o problema

e foi em frente [...] [e] não foi o primeiro a levantar e foi em frente [...] [e] não foi o primeiro a levantar esta bandeira. Mais importante que a intenção de esta bandeira. Mais importante que a intenção de

representar óperas estrangeiras em língua nacional representar óperas estrangeiras em língua nacional foi a de encomendar anualmente pelo menos uma foi a de encomendar anualmente pelo menos uma

ópera a um autor brasileiro – e pagar direitos autorais, ópera a um autor brasileiro – e pagar direitos autorais, coisa que até então não se conhecia.coisa que até então não se conhecia.

(Bruno Kiefer)(Bruno Kiefer)

Page 172: História da Música no Brasil

Elias Álvares LoboElias Álvares Lobo

Nasceu em Itu (1834-1901)Nasceu em Itu (1834-1901)

A noite de São JoãoA noite de São João

Libreto de José de AlencarLibreto de José de Alencar

Sucesso nas primeiras apresentaçõesSucesso nas primeiras apresentações

Primeira ópera brasileira com música e Primeira ópera brasileira com música e libreto de brasileiros e assunto regionallibreto de brasileiros e assunto regional

Escreveu ainda música sacra, camerística Escreveu ainda música sacra, camerística e populare popular

Page 173: História da Música no Brasil

Henrique Alves de MesquitaHenrique Alves de Mesquita

Nasceu no Rio de Janeiro (1830-1906)Nasceu no Rio de Janeiro (1830-1906)Aluno do Conservatório de Música do Rio de Aluno do Conservatório de Música do Rio de JaneiroJaneiroAtuava como trompetista e regenteAtuava como trompetista e regenteEstuda no Conservatório de ParisEstuda no Conservatório de ParisProdução musical diversificada, erudita e Produção musical diversificada, erudita e popularpopularEstrofes do Padre Fabrício (da Mágica Trunfo às Estrofes do Padre Fabrício (da Mágica Trunfo às Avessas). Faixa 11Avessas). Faixa 11

Page 174: História da Música no Brasil

Manuel Joaquim de MacedoManuel Joaquim de MacedoNasceu no Rio de Janeiro (1847-1925)Nasceu no Rio de Janeiro (1847-1925)Estudou em BruxelasEstudou em Bruxelas

Violino e harmoniaViolino e harmoniaTiradentesTiradentes

Libreto: Augusto de Lima Libreto: Augusto de Lima Jamais foi representada em vidaJamais foi representada em vida

01. “Ora, ouvi-me...”01. “Ora, ouvi-me...”(Ária de Tiradentes, da ópera Tiradentes)(Ária de Tiradentes, da ópera Tiradentes)

02. “A comoção traiu o meu afeto...”02. “A comoção traiu o meu afeto...”(Ária de Marília, da ópera Tiradentes)(Ária de Marília, da ópera Tiradentes)

Page 175: História da Música no Brasil

Divisão sintética dos períodos Divisão sintética dos períodos musicais no Brasilmusicais no Brasil

Internacional (séc. XVI ao início do XIX)Internacional (séc. XVI ao início do XIX)

Nacional incipiente (seg. met. do séc. XIX)Nacional incipiente (seg. met. do séc. XIX)

Nacionalista (início do séc. XX)Nacionalista (início do séc. XX)

Nacional (década de 20 do séc. XX)Nacional (década de 20 do séc. XX)

Page 176: História da Música no Brasil

Alguns compositores brasileiros de música européia Alguns compositores brasileiros de música européia rumo ao nacionalismorumo ao nacionalismo

Advindos de diversas partes do BrasilAdvindos de diversas partes do BrasilA maioria teve formação européiaA maioria teve formação européiaInfluências wagnerianasInfluências wagnerianas

________________________________________________________________________________Leopoldo MiguézLeopoldo MiguézAlberto NepomucenoAlberto NepomucenoAlexandre LevyAlexandre LevyBrasílio Itiberê da CunhaBrasílio Itiberê da CunhaHenrique OswaldHenrique OswaldAntônio Francisco BragaAntônio Francisco BragaGlauco VelasquezGlauco Velasquez

Page 177: História da Música no Brasil

Leopoldo MiguézLeopoldo MiguézNascido em Niterói (1850-1902)Nascido em Niterói (1850-1902)Filho de pai espanhol e mãe brasileiraFilho de pai espanhol e mãe brasileiraMorou na Europa até os 21 anosMorou na Europa até os 21 anosEstudou música na Espanha e PortugalEstudou música na Espanha e PortugalEstudou o Conservatório de ParisEstudou o Conservatório de Paris

Influência wagnerianaInfluência wagnerianaVenceu o concurso de composição do Venceu o concurso de composição do Hino da República (1889)Hino da República (1889)Atividade como regenteAtividade como regenteDiretor do Instituto Nacional de MúsicaDiretor do Instituto Nacional de Música

Page 178: História da Música no Brasil

Características estilísticasCaracterísticas estilísticas

Eminentemente européiasEminentemente européias

Situa-se principalmente na música Situa-se principalmente na música orquestral e dramáticaorquestral e dramática

Page 179: História da Música no Brasil

Alberto NepomucenoAlberto Nepomuceno

Nasceu em Fortaleza (1864-1920)Nasceu em Fortaleza (1864-1920)

O pai era violinista e organista na Catedral O pai era violinista e organista na Catedral de Fortalezade Fortaleza

Estuda vários anos no RecifeEstuda vários anos no Recife

Atua como pianista e compositor no RioAtua como pianista e compositor no Rio

Estuda em Roma a partir de 1889Estuda em Roma a partir de 1889

Estuda em Berlim em 1892Estuda em Berlim em 1892

Estuda em Paris em 1894Estuda em Paris em 1894

Page 180: História da Música no Brasil

Também fica bem classificado no concurso do Também fica bem classificado no concurso do Hino da RepúblicaHino da RepúblicaRecebe bolsa de estudosRecebe bolsa de estudosContatos com GriegContatos com Grieg

Influência na busca por uma música Influência na busca por uma música nacionalnacional1894 é nomeado Professor do Instituto 1894 é nomeado Professor do Instituto Nacional de MúsicaNacional de Música1895 regressa ao Brasil1895 regressa ao BrasilForte defensor da música em vernáculoForte defensor da música em vernáculo1910 organiza apresentações de música 1910 organiza apresentações de música brasileira na Europabrasileira na Europa

Page 181: História da Música no Brasil

Características estilísticasCaracterísticas estilísticasProdução bastante variada em estilo e formaçãoProdução bastante variada em estilo e formaçãoInfluências brasileiras, principalmente nas cançõesInfluências brasileiras, principalmente nas cançõesMúsica sinfônicaMúsica sinfônica

Série Brasileira (Alvorada na Serra, Intermédio, Série Brasileira (Alvorada na Serra, Intermédio, Sesta na Rede, O batuque) etc.Sesta na Rede, O batuque) etc.Música sacraMúsica sacra

Coro ou canto e órgãoCoro ou canto e órgãoMúsica dramáticaMúsica dramática

Óperas e música incidentalÓperas e música incidentalMúsica solistaMúsica solista

Peças para piano e órgãoPeças para piano e órgãoMúsica camerística Música camerística

Trios, quartetos etc.Trios, quartetos etc.

Page 182: História da Música no Brasil

Alberto NepomucenoAlberto Nepomuceno

05. Andante expressivo05. Andante expressivo

06. Serenata para orquestra de cordas06. Serenata para orquestra de cordas

Page 183: História da Música no Brasil

Antônio Francisco BragaAntônio Francisco Braga

Nasceu no Rio de Janeiro (1868-1945)Nasceu no Rio de Janeiro (1868-1945)Estudou música no Asilo dos Meninos DesvalidosEstudou música no Asilo dos Meninos DesvalidosEstudou no Imperial Conservatório de MúsicaEstudou no Imperial Conservatório de MúsicaUm dos classificados no concurso do Hino da Um dos classificados no concurso do Hino da RepúblicaRepúblicaPremiado com estadia na Europa por 2 anosPremiado com estadia na Europa por 2 anosEstudou no Conservatório de Música de ParisEstudou no Conservatório de Música de Paris

MassenetMassenetApresentou suas obras em diversas salas européiasApresentou suas obras em diversas salas européiasFortes influências wagnerianasFortes influências wagnerianasProfessor da Escola Nacional de MúsicaProfessor da Escola Nacional de Música

Page 184: História da Música no Brasil

Características estilísticasCaracterísticas estilísticasConcentração nas obras sinfônicasConcentração nas obras sinfônicas

Música programática Música programática

Diversos poemas sinfônicosDiversos poemas sinfônicos

Música sacra, dramática, solista, camerística Música sacra, dramática, solista, camerística etc.etc.

Tendências nacionalistas musicais pouco Tendências nacionalistas musicais pouco pronunciadaspronunciadas

Estilo eminentemente europeuEstilo eminentemente europeu

Page 185: História da Música no Brasil

Francisco BragaFrancisco Braga

07. 07. CauchemarCauchemar (poema sinfônico) (poema sinfônico)

Page 186: História da Música no Brasil

Sílvio Deolindo FróesSílvio Deolindo Fróes

Nasceu na Bahia (1864)Nasceu na Bahia (1864)Filho de um brasileiro com uma alemãFilho de um brasileiro com uma alemã

Adelaide Von EnghenshwartzAdelaide Von Enghenshwartz Cantora líricaCantora lírica Aluna de Rossini, Meyerbeer, Bellini etc.Aluna de Rossini, Meyerbeer, Bellini etc.

Iniciou a carreira como pianistaIniciou a carreira como pianista1888 viaja para estudar na Europa (por 18 anos)1888 viaja para estudar na Europa (por 18 anos)

FrançaFrança AlemanhaAlemanha

Page 187: História da Música no Brasil

A música popular urbana de A música popular urbana de características nacionaiscaracterísticas nacionais

A fisionomia da música nacional, com as suas A fisionomia da música nacional, com as suas peculiaridades de ritmo, melodia e harmonia, começa peculiaridades de ritmo, melodia e harmonia, começa

a esboçar-se, em composições impressas, a esboçar-se, em composições impressas, despretenciosas, de índole popularesca, por volta do despretenciosas, de índole popularesca, por volta do ano de 1870. Não quer isto dizer que anteriormente, ano de 1870. Não quer isto dizer que anteriormente, quiçá mesmo na era colonial, alguns tipos de música quiçá mesmo na era colonial, alguns tipos de música

já bem reconhecivelmente brasileiros, como os lundus já bem reconhecivelmente brasileiros, como os lundus e certas modinhas, não estivessem em voga. O que e certas modinhas, não estivessem em voga. O que há da mencionada época em diante, é a consciência há da mencionada época em diante, é a consciência do forte sabor nacionalizante de algumas formas, que do forte sabor nacionalizante de algumas formas, que

antes apenas se insinuavam, e que passam a ser antes apenas se insinuavam, e que passam a ser diligentemente procuradas, observadas e empregadas diligentemente procuradas, observadas e empregadas

a granel nas peças dançantes dos compositores a granel nas peças dançantes dos compositores populares. populares.

Page 188: História da Música no Brasil

Observa-se então um curioso fenômeno de Observa-se então um curioso fenômeno de divergência entre a orientação dos compositores divergência entre a orientação dos compositores de escola, com obras cantadas ou executadas de escola, com obras cantadas ou executadas

nos salões da boa sociedade, e a desses nos salões da boa sociedade, e a desses compositores populares, autores dos sucessos compositores populares, autores dos sucessos da moda, cuja musa velada tinha a irresistível da moda, cuja musa velada tinha a irresistível

atração das coisas proibidas. São eles que atração das coisas proibidas. São eles que aprofundam o caráter brasileiro da música que aprofundam o caráter brasileiro da música que

produzem entregado-se, intuitivamente ou produzem entregado-se, intuitivamente ou conscientemente, à pesquisa de modalidades conscientemente, à pesquisa de modalidades

rítmico melódicas ainda não empregadas pelos rítmico melódicas ainda não empregadas pelos antecessores; modalidades que eram antecessores; modalidades que eram

simplesmente a transposição, para o domínio da simplesmente a transposição, para o domínio da música alfabetizada, que se escreve e se música alfabetizada, que se escreve e se imprime, das peculiaridades e jeitos de se imprime, das peculiaridades e jeitos de se

cantar, tocar ou bater o ritmo, usuais entre a cantar, tocar ou bater o ritmo, usuais entre a gente do povo, especialmente entre os negrosgente do povo, especialmente entre os negros

(Luis Heitor)(Luis Heitor)

Page 189: História da Música no Brasil

Divisão entre os músicos populares Divisão entre os músicos populares e os músicos “escolados”e os músicos “escolados”

Ao dar-se o divórcio entre a música de escola e a Ao dar-se o divórcio entre a música de escola e a música do povo os compositores que cultivavam música do povo os compositores que cultivavam a primeira passam a desdenhar ostensivamente a primeira passam a desdenhar ostensivamente os motivos nacionais. Nem mesmo os títulos em os motivos nacionais. Nem mesmo os títulos em

português eles se permitem conferir às suas português eles se permitem conferir às suas composições; e muito menos textos vernáculos composições; e muito menos textos vernáculos às canções ou óperas que produzem. Acentua-às canções ou óperas que produzem. Acentua-se a imitação do estrangeiro nas camadas altas se a imitação do estrangeiro nas camadas altas

da arte, em oposição à música dos da arte, em oposição à música dos compositores populares, que se torna [...] cada compositores populares, que se torna [...] cada

vez mais combativamente nacional. vez mais combativamente nacional.

Page 190: História da Música no Brasil

Os autores de um gênero não freqüentam o outro; Os autores de um gênero não freqüentam o outro; e é provavelmente esse isolamento dos e é provavelmente esse isolamento dos

antagonistas que revigoras as respectivas antagonistas que revigoras as respectivas características. Observem os seus títulos: características. Observem os seus títulos: Como Como isto desenferruja a gente; Nhonhô em sarrilho; isto desenferruja a gente; Nhonhô em sarrilho;

Quebra-quebra minha gente.Quebra-quebra minha gente. E considere o E considere o abismo que separava essas chulices saborosas abismo que separava essas chulices saborosas dos nomes em francês ou italiano que tinham as dos nomes em francês ou italiano que tinham as

peças musicais bem comportadas:peças musicais bem comportadas: Désir de Désir de plaire; Bluettes; I tuoi capelli d’orplaire; Bluettes; I tuoi capelli d’or..

(Luis Heitor)(Luis Heitor)

Page 191: História da Música no Brasil

Principais compositores popularesPrincipais compositores populares

Joaquim Antônio da Silva CalladoJoaquim Antônio da Silva Callado

FlautistaFlautista

Chiquinha GonzagaChiquinha Gonzaga

PianistaPianista

Ernesto NazarethErnesto Nazareth

PianistaPianista

Page 192: História da Música no Brasil

Primeiros sinais de brasilidadePrimeiros sinais de brasilidade