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O Homem das Barbas
Aquele homem nunca tinha cortado
as barbas. Elas cresceram até ao peito, até
à barriga, até aos pés, até arrastarem pelo
chão.
Quando se esquecia de pôr o cinto, atava-as
à cintura, para não lhe caírem as calças.
Quando queria varrer a casa não precisava
de outra vassoura - usava as barbas.
Quando precisava de secar a roupa,
estendia
as barbas entre duas estacas, no quintal,
e nelas pendurava as camisas, as
cuecas,
os lençóis.
Para tirar água do poço, atava um balde
às barbas... e era só puxar!
Se levava o cão a passeio, que trela
julgam
que usava? As barbas, está-se mesmo a
ver!
E de Inverno, o que fazia? Trabalhava
como
limpa-chaminés. Enfiava as barbas pelas
chaminés abaixo, vasculhava,
vasculhava...
Não havia chaminés mais bem limpas
em
toda a região.
O pior foi que certo dia, estando um
fogão
aceso, as barbas começaram a arder.
Correu
para o mar, para as pôr de molho.
Sabem
o que aconteceu? Vieram presos nas
barbas,
como numa rede, vinte caranguejos,
trinta
sardinhas mais um tubarão.
Na praia toda a gente o conhecia. Era o
mais famoso nadador-salvador. Se havia
alguém em perigo, atirava-lhe logo uma
bóia amarrada às barbas.
Quando a neta o vinha visitar, era
certo
e sabido, que pedia logo:
- Avôzinho, deixa-me saltar à corda
com
as suas barbas?
Quando parava a bicicleta na cidade,
deixava-a ficar sempre presa às
barbas,
para ninguém lha roubar.