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A História Social Inglesa (do Trabalho) Wendell Guedes eiprofessor.blogspot.com.br

História Social Inglesa (do trabalho)

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Page 1: História Social Inglesa (do trabalho)

A História Social Inglesa

(do Trabalho)

Wendell Guedes

eiprofessor.blogspot.com.br

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Como surgiu a História Social?

Inicialmente ressalta-se a dificuldade na definição do termo que

tem, no mínimo, três acepções:

1) História das classes pobres e inferiores, especificamente, seus

movimentos (revoltas);

2) Como referência a trabalhos sobre uma diversidade de atividades

humanas de difícil classificação, exceto em alguns termos como

“uso, costumes ,cultura”; e

3) Empregado em combinação com história econômica. Com a

“metade” econômica sendo preponderante.

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A História Social Inglesa surge na contribuição de

historiadores marxistas engajados na atividade política, mesmo

numa Inglaterra de forte tradição liberal;

Ligados ao Partido Comunista Inglês (PCI), tiveram forte

atuação ao levantar a bandeira do pensamento contrário ao

reacionarismo da historiografia tradicional, sem dúvida, o que

combatiam era uma história Positivista ou, pior do que esta,

uma história empirista;

Assim, depois da II Guerra Mundial, um grupo de intelectuais

ligados ao PCI exerceria papel fundamental no rompimento

com a história tradicional: Maurice Dobb, Christopher Hill,

Rodney Hilton, Eric Hobsbawm, Raphael Samuel, Dorothy e

Edward Thompson, George Rudé, Raymond Williams entre

muitos outros, a maioria deles ligados às Universidades.

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As denúncias dos crimes cometidos por Stálin em 1956, levariam muitos

destes pensadores a romperem com o PCI e isto fortaleceria a “corrente”,

sobretudo nos intensos debates ocorridos na revista New Reasoner que

depois de fundiria com outra revista de esquerda, a Universities and Left Review para se tornar uma das mais famosas revistas de esquerda em língua inglesa,

a New Left Review (NLR)”; Não podemos esquecer as intensas discussões ocorridas após a entrada de

um novo grupo de intelectuais na direção da Revista tendo Perry

Anderson como editor, com discussões acerca das obras de Sartre,

Gramsci, Mandel e Althusser;

Enfim, mesmo em meio a uma trajetória atribulada, esses grupos de

historiadores se voltaram a uma concepção comum de história: a

manutenção da tradição teórica neste campo nos marcos do materialismo e

com um leque de preocupações no campo do “comum”.

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Deve-se ainda às transformações técnicas e às lutas pelo

mundo no processo de descolonização o surgimento de

perguntas e conceitos essencialmente históricos que

cativaram disciplinas imunes e até mesmo hostis, até então, à

História como a Antropologia Social, por exemplo;

Relevante falar que a História Social não pode ser uma

especialização, pois os aspectos sociais da essência do

homem não podem ser separados de outros aspectos de seu

ser;

A História Social deve ser, acima de tudo, transdisciplinar;

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E a História do Trabalho?

Como uma das principais preocupações da História Social

mantém suas premissas básicas:

Dialoga com múltiplos campos do conhecimento tendo a

transdisciplinaridade como algo essencial para aprofundar as

diversas perspectivas de como o trabalho molda e influencia a

condição humana e a organização social;

Objetivo: explorar os estudos também comparativos buscando

perceber como a vida dos indivíduos é influenciada por

questões políticas, econômicas, culturais, sociais e de gênero;

Sobretudo, corroborar com a perspectiva de uma história

global.

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Algumas indicações teórico-metodológicas para o estudo dos

trabalhadores:

A história dos trabalhadores não se desenvolvem num vácuo histórico

desligado do processo de desenvolvimento socioeconômico e político,

mas dentro de um processo amplo de desenvolvimento capitalista;

Visa estudar a formação e a evolução das classes trabalhadoras bem

como a relação entre a situação em que tais classes se encontram na

sociedade, a “consciência” dos modos de vida e os movimentos que

elas geraram;

A história de qualquer classe não pode ser escrita se a isolarmos de

outras classes, dos Estados, instituições e ideias que fornecem sua

estrutura, de sua herança histórica e, obviamente, das transformações

da economia.

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Alguns problemas entre a História do movimento operário e sua

relação com a ideologia:

A maior parte dos historiadores da classe operária se originou

de dentro ou de áreas próximas do movimento, sendo, em

muitos casos, ao mesmo tempo, acadêmicos e de esquerda;

Assim, situam-se num ponto de encontro entre os estudos

acadêmicos e a política, entre compromissos de ordem prática

e compreensão teórica, entre interpretar o mundo e

transformá-lo;

É certamente um campo de estudos que cresceu bastante e

tem, cada vez mais, um caráter acadêmico acentuado,

ampliando suas perspectivas em uma importância que

ninguém mais parecia conceder a eles.

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Os estudos acadêmicos tem se preocupado com as bases tanto

quanto com os sindicalizados, os líderes, com o “trabalhador

conservador” tanto quanto com o radical ou revolucionário, mais

com a classe do que com o movimento ou com o partido;

Porém, é preciso sempre atentar que mergulhar no passado em

busca de exemplos inspiradores de luta é escrever a história

ecleticamente e às avessas;

É importante recuperar o que pudermos sobre o modo como os

trabalhadores viviam, agiam e pensavam e, na medida em que se

fortalece a história oral há uma importante ampliação de nossa

perspectiva;

Recuperar um passado esquecido, memorável ou inspirador é

perfeito para um historiador, mas há uma diferença entre história e

material inspirador ou de propaganda, embora a história de

qualidade possa ser ambos;

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Três importantes considerações acerca da histórica do movimento

operário:

1) A história operária é parte da história da sociedade e, portanto,

não pode ser abordada isoladamente;

2) A história operária é multifacetada, isto é, embora formem um

todo, não podemos abstrair os sentidos dados pelo passado,

como perceber que mudam ao longo do tempo de maneiras

específicas, nem aplicar excessivos reducionismos; e

3) Alguns aspectos são quantificáveis e outros não, pelo menos

em termos comparativos.

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A história operária se preocupa tanto em mudar o mundo

quanto em interpretá-lo:

1) A interpretação deve ser objetivamente válida, quer nos seja

conveniente ou não;

2) Devemos saber exatamente o que queremos dizer com

transformar o mundo, para não mudá-los (ou tentar) de forma

nociva, porque as teorias estavam erradas ou por defeitos das

teorias inadequadas;

3) Há uma relação direta entre teorias acadêmicas e intenções

políticas; e

4) Não podemos esquecer que nossos objetos de pesquisa são

pessoas, homens e mulheres trabalhadores reais.

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Conclusão:

A história das sociedades não podem ser escritas mediante

parcos modelos disponíveis de outras ciências, requer a

construção de modelos novos e adequados;

É óbvio que a História deve a outros campos do

conhecimento;

Os padrões estruturais nos mostram o que as sociedades tem

em comum, porém tem-se que ver como as mudanças

acontecem e porquê;

A história das sociedades exige, portanto, que apliquemos um

ordem aproximada de prioridades de pesquisa, levantar

hipóteses e sustentar tais prioridades, corrigindo-as à luz dos

problemas que surgirem.

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Bibliografia

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