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“A RENATURALIZAÇÃO COMO SOLUÇÃO ” Informativo Mensal - Volume 34 JÁ VIU CENÁRIO MAIS FEIO QUE A CANALIZAÇÃO DE UM CÓRREGO OU RIO? Pode-se atribuir vários argumentos dizendo que a canalização só trará benefícios, refutamos todos. Não existe nenhum benefício em se canalizar. A canalização nada mais é do que uma forma rápida e fácil de se livrar de um problema. Ilude-se a população com a falsa ideia de que o rio é o problema e a solução está em corrigir o seu curso e cimentar suas laterais. Em alguns casos tampa-se o “problema” e constrói-se uma praça em cima. Até quando veremos um violento crime desse contra a natureza e contra a qualidade de vida da população da cidade, que na maioria das vezes assiste ao fato passiva e enganada? Alguns países da Europa já perceberam o erro causado e estão renaturalizando seus rios, voltando para a forma original dos mesmos. Por que então devemos passar pelo mesmo processo? Primeiro canalização e depois se volta tudo atrás com a renaturalização? Já não seria hora de pegarmos as boas ideias de países muitos mais antigos e que já sentiram na pele a bobeira que cometeram. PRESERVAR, CONSERVAR, RENATURALIZAR Especialista alemão mostra que é possível recuperar rios e córregos impactados A ocupação das terras pelo homem sempre foi norteada pela presença dos rios e córregos. A VOZ DO TIETÊ Desde 2005 o Instituto Navega São Paulo tem o objetivo de atrair a atenção da população para o rio Tietê a partir do seu trecho mais degradado que é a região metropolitana de São Paulo. Conseguimos atingir nosso proposito por meio das navegações monitoradas na embarcação Almirante do Lago, entre as pontes dos Remédios e das Bandeiras. Agora nossa proposta com este informativo mensal é atrair sua atenção, levando até você informações sobre o nosso Tietê para que juntos identifiquemos o que fazer para revitalizar tão precioso patrimônio ambiental.

Informativo insp 34

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“A RENATURALIZAÇÃO COMO SOLUÇÃO ”

Informativo Mensal - Volume 34

JÁ VIU CENÁRIO MAIS FEIO QUE A CANALIZAÇÃO DE

UM CÓRREGO OU RIO?

Pode-se atribuir vários argumentos dizendo que a canalização só trará

benefícios, refutamos todos. Não existe nenhum benefício em se

canalizar. A canalização nada mais é do que uma forma rápida e fácil de

se livrar de um problema. Ilude-se a população com a falsa ideia de que

o rio é o problema e a solução está em corrigir o seu curso e cimentar

suas laterais. Em alguns casos tampa-se o “problema” e constrói-se uma

praça em cima. Até quando veremos um violento crime desse contra a

natureza e contra a qualidade de vida da população da cidade, que na

maioria das vezes assiste ao fato passiva e enganada?

Alguns países da Europa já perceberam o erro causado e estão

renaturalizando seus rios, voltando para a forma original dos mesmos.

Por que então devemos passar pelo mesmo processo? Primeiro

canalização e depois se volta tudo atrás com a renaturalização? Já não

seria hora de pegarmos as boas ideias de países muitos mais antigos e

que já sentiram na pele a bobeira que cometeram.

PRESERVAR, CONSERVAR, RENATURALIZAR

Especialista alemão mostra que é possível recuperar rios e córregos

impactados A ocupação das terras pelo homem sempre foi norteada

pela presença dos rios e córregos.

A VOZ DO TIETÊ

Desde 2005 o Instituto Navega

São Paulo tem o objetivo de

atrair a atenção da população

para o rio Tietê a partir do seu

trecho mais degradado que é a

região metropolitana de São

Paulo. Conseguimos atingir

nosso proposito por meio das

navegações monitoradas na

embarcação Almirante do Lago,

entre as pontes dos Remédios e

das Bandeiras. Agora nossa

proposta com este informativo

mensal é atrair sua atenção,

levando até você informações

sobre o nosso Tietê para que

juntos identifiquemos o que

fazer para revitalizar tão

precioso patrimônio ambiental.

DIA DO TIETÊ 22.09.2011 – PTE. DAS BANDEIRAS

A água que eles forneceram foi indispensável neste processo, já que

oferecia transporte, energia, abastecimento e irrigação para a

organização dos agrupamentos humanos. No entanto, o crescimento

“desordenado ” fez com que, mais tarde, os rios se tornassem

entraves à constante necessidade de avanço territorial. Durante

muito tempo, a estratégia adotada pelas engenharias hidráulica e

fluvial consistia em regularizar o curso de rios e córregos para que seu

trajeto se tornasse o mais curto possível. Estas modificações eram

feitas para ganhar novas terras e diminuir os efeitos locais das cheias.

A realização destas obras causou impactos ambientais não

considerados no planejamento.

Imagem do Rio Tamanduateí no início da urbanização de São Paulo

Rompeu-se a interação natural entre rio e baixada e isso ocasionou grande empobrecimento do ecossistema. A

variedade de vida animal e vegetal foi reduzida e as cheias hoje causam prejuízos cada vez maiores A velocidade da

corrente aumenta, causando erosão e assoreamento, o que exige obras complexas para manter o rio retificado.

Além disso, os rios retificados e canalizados têm

seu processo de renovação natural muito

prejudicado. Atualmente, existe uma consciência

muito maior do homem na sua relação com o meio-

ambiente. Diante dos impactos causados por

séculos de ocupação “desordenada” e do risco de

esgotamento de alguns recursos naturais, surgem

novas alternativas para um desenvolvimento que

considere as alterações ambientais. É nesse

contexto que aparecem estratégias dirigidas à

renaturalização de rios e córregos. O consultor

alemão Walter Binder, do Departamento Estadual de Recursos Hídricos da Baviera, apresenta essas possibilidades

em seu estudo.

O desafio é recuperar os cursos d’agua que sofreram modificações profundas sem colocar em risco as zonas urbanas

e vias de transporte, e sem causar desvantagem para a população. Para isso, os engenheiros envolvidos devem

elaborar um plano que leve em conta as particularidades de cada caso, e que se articule aos demais planos

territoriais e programas regionais. Na Alemanha, por exemplo, o plano de renaturalização de rios foi implantado

considerando os planejamentos de urbanização e paisagismo, os programas de proteção do ecossistema e o plano

diretor de agricultura existente. Também deve ocorrer, desde o início, a participação efetiva das pessoas envolvidas.

Associações de pescadores ou de agricultores das baixadas afetadas, por exemplo, precisam ser informadas e

consultadas antes que as modificações sejam realizadas. É indispensável obter a compreensão e a aceitação da

população ribeirinha. A elaboração de um plano como este exige profissionais que tenham conhecimento dos novos

conceitos de engenharia hidráulica e planejamento

territorial. Só assim é possível implantar

corretamente todas as etapas de renaturalização.

Em zonas urbanas, torna-se mais difícil a

recuperação dos rios. É nas cidades que eles

sofrem as alterações mais profundas, havendo

grande comprometimento das relações biológicas.

Nestes casos as possibilidades de uma

revalorização ecológica são limitadas, mas existem,

sim, formas de diminuir o impacto ambiental.

Muitas vezes, essas melhorias também favorecem

as condições de vida da população ribeirinha,

como no caso da criação de parques municipais

nas margens recuperadas. Outra vantagem da renaturalização é a economia. De acordo com Binder, os custos para

manter a evolução natural do rio são pequenos em comparação aos de obras hidráulicas tradicionais e de

manutenção.

Na Europa o interesse e a expectativa da população quanto à renaturalização de rios e córregos são imensos, mas a

descrença dos proprietários das terras afetadas ainda persiste. A conscientização de engenheiros hidráulicos foi um

processo bastante demorado, mas hoje a engenharia ambiental faz parte do currículo da formação de profissionais

ligados a recursos hídricos. Enquanto na Europa já começa a se estabelecer esta consciência quanto à remoção de

canais, os rios brasileiros passam por uma intensa canalização. No Brasil, ainda existe a crença de que rio canalizado

significa avanço, progresso. De acordo com pareceres de geólogos outro fator que caracteriza os rios europeus é que

eles chegaram a um ponto de poluição que programas como os de renaturalização tornaram-se urgentes.

“Infelizmente o Brasil tem o costume de copiar bons exemplos com 30 anos de atraso”, mas “acreditamos que estas

medidas de renaturalização podem ser adotadas, sim, em nosso país”.

Carta da Terra – Princípios

Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.

Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada a sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em

desenvolvimento.