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INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012) Página | 0 INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG ( 2007 a 2012 ) Araçaí/MG - 2014- PREFEITURA DE ARAÇAÍ . MG

Inventário dos Bens Culturais de Araçaí (2007 a 2012)

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INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

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INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG

( 2007 a 2012 )

A r a ç a í / M G

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PREFEITURA DE ARAÇAÍ . MG

INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

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Apresentação

“Patrimônio cultural é a soma dos bens culturais de um povo, que são portadores de valores que podem ser legados a gerações futuras. É o que lhe confere identidade e orientação, pressupostos básicos para que se reconheça como comunidade, inspirando valores ligados à pátria, à ética e à solidariedade e estimulando o exercício da cidadania, através de um profundo senso de lugar e de continuidade histórica.”

(Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais / IEPHA-MG)

Preservar o Patrimônio Cultural é garantir o exercício da memória e cidadania através da permanência das

referências vinculadas à nossa história e produção cultural. Tarefa que necessita de ações conjuntas dos

órgãos de preservação e da comunidade. Entre essas ações está o INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO

ACERVO CULTURAL - IPAC.

O IPAC é uma pesquisa que busca identificar e documentar os bens representativos de uma época, de um

grupo social e/ou de um lugar. Nele, estão contidas informações que atribuem sentido e valor a cada bem

cultural e sua importância para a coletividade. Entre várias finalidades, o Inventário é tratado como

instrumento de gestão, pois, a partir dele, é possível conhecer o universo cultural de cada comunidade e

auxiliar nas ações de proteção ao Patrimônio Cultural local.

Entre os anos de 2007 e 2012, foi realizado o Inventário de Proteção do Acervo Cultural de Araçaí. Durante

esse período, uma equipe de profissionais multidisciplinar se dedicou na identificação dos bens

representativos de nossa cidade levando em consideração atributos históricos, artísticos e culturais. Para

este sistemático estudo, foram feitas diversas pesquisas, entrevistas e levantamentos de campo em todo

território araçaíense, incluindo as zonas urbana e rural. Os exemplares selecionados foram agrupados em

categorias: (1) Estruturas Arquitetônicas e Urbanísticas; (2) Bens Móveis e Integrados; (3) Arquivos; (4)

Patrimônio Imaterial.

O material contido neste volume é uma síntese deste trabalho, onde estão apresentadas as principais

informações históricas, descritivas e iconográficas de cada bem cultural inventariado. O objetivo é dar

ampla divulgação ao IPAC de Araçaí e democratizar o seu acesso como instrumento de pesquisa e

conhecimento das produções e referências culturais deste município. Todas as fichas e informações dos

bens aqui publicados foram autorizadas pelos seus proprietários / responsáveis.

Esta é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Araçaí, com direção do Departamento Municipal de

Cultura e Preservação do Patrimônio Histórico, Turismo, Esporte e Lazer, setor que responsabiliza-se pela

produção e guarda de todo material produzido, e apoio do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de

Araçaí. Os trabalhos técnicos foram realizados por empresas especializadas contratadas: Memória

Arquitetura Ltda e Pólen Consultoria Patrimônio e Projetos Ltda.

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I N V E N T Á R I O D O S B E N S C U L T U R A I S D E A R A Ç A Í / M G ( 2 0 0 7 A 2 0 1 2 )

PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇAÍ/MG Prefeito: Alessandro Guimarães Sampaio Vice-prefeito: Oswaldo José de Paula Rua 1º de março, nº 142, Centro, Araçaí - MG Diretor do Departamento Municipal de Cultura, Preserv. do Patrimônio Hist. e Cult., Turismo, Esporte e Lazer: Eduardo Lopes Passos Coordenadora Municipal de Patrimônio Cultural: Vera-Lúcia da Rocha Lima Presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Araçaí: Eduardo Lopes Passos Rua Dr. Teófilo, nº 97, Centro, Araçaí - MG TRABALHOS TÉCNICOS: Memória Arquitetura LTDA Rua Grão Pará, 85/1301, Santa Efigênia, Belo Horizonte/MG (2006 a 2010) Pólen Consultoria Patrimônio e Projetos LTDA Rua Abner Silva, 365, Praia Angélica, Lagoa Santa/MG (2011 a 2014)

INVENTÁRIO dos Bens Culturais de Araçaí (2007 a 2012) / Organização Viviane Corrado de Andrade. Araçaí-MG: Prefeitura

Municipal de Araçaí.MG, 2014. 166p. ilust.

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Sumário

ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS .................................................................................... 5 ESTAÇÃO FERROVIÁRIA ............................................................................................................................... 6 FÁBRICA DE TECIDOS POLICENAS MASCARENHAS – ATUAL FITECA ........................................................... 9 SACARIA RENASCER INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA ................................................................................. 13 RESIDÊNCIA À RUA INÁCIO ROCHA, Nº 110/120/130 ............................................................................... 15 BAR DO EDMAR ......................................................................................................................................... 17 RESIDÊNCIA À RUA ULISSES BATISTA, Nº 56 .............................................................................................. 19 MOBILIADORA SHAOLIN ............................................................................................................................ 21 CASA DO AGENTE FERROVIÁRIO DA RFFSA ............................................................................................... 23 RESIDÊNCIA À PRAÇA SÃO SEBASTIÃO, Nº 97 ........................................................................................... 25 RESIDÊNCIA À RUA PADRE HORTA, Nº 37 ................................................................................................. 27 PRAÇA SÃO SEBASTIÃO.............................................................................................................................. 29 PRAÇA JOSÉ DE PAULA FILHO .................................................................................................................... 31 CEMITÉRIO MUNICIPAL MANUEL DURVAL ................................................................................................ 33 FAZENDA VEADINHOS ............................................................................................................................... 35 FAZENDA BOA ESPERANÇA ........................................................................................................................ 37 PONTILHÃO FERROVIÁRIO ......................................................................................................................... 39 FAZENDA TABOCAS ................................................................................................................................... 41 FAZENDA ESTIVA........................................................................................................................................ 43 FAZENDA CATARINA .................................................................................................................................. 45 RESIDÊNCIA À RUA TASSIANO FERNANDES DE OLIVEIRA, Nº 30 ............................................................... 47 RUÍNA DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CARVALHO DE ALMEIDA ............................................................... 49 ANTIGA RESIDÊNCIA DO AGENTE DA ESTRADA DE FERRO DA CENTRAL DO BRASIL ................................. 51 RESIDÊNCIA À RUA TEBÚRCIO PEREIRA DE MOURA, Nº 251 .................................................................... 54 CAIXA D’ÁGUA E CHAFARIZ À AVENIDA DONA CÂNDIDA .......................................................................... 56 PRAÇA VIRGILATO COELHO ....................................................................................................................... 60

BENS MÓVEIS E INTEGRADOS ................................................................................................................. 64 LETTRE D’AGREGATION – CARTA DE AGREGAÇÃO SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO......................... 65 ORATÓRIO COM IMAGEM DE SÃO VICENTE DE PAULO ............................................................................ 67 IMAGEM DE SÃO VICENTE DE PAULO ....................................................................................................... 69 SINO ........................................................................................................................................................... 71 QUADRO COM GRAVURA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO .............................................................. 73 MÁQUINA DE FAZER CORDÃO ................................................................................................................... 76 ANTIGA RODA DE SOLA PARA TRANSMISSÃO DE ENERGIA ...................................................................... 78 QUADRO BORDADO .................................................................................................................................. 80 TEAR HOWA DO BRASIL ............................................................................................................................. 82 COFRE ........................................................................................................................................................ 84 MÁQUINA DE ESCREVER ............................................................................................................................ 86 MÁQUINA DE LIMPEZA DE ROLOS ............................................................................................................. 88 DOIS FIADORES MANUAIS ......................................................................................................................... 90 MEDIDORES DE PAVIO E DE JARDAS ......................................................................................................... 92 MÁQUINA DE COSTURA ............................................................................................................................ 94 CHAFARIZ ................................................................................................................................................... 96 CARRO DE BOI ............................................................................................................................................ 98 ENGENHO DE MOENDA DE CANA ........................................................................................................... 100 ENGENHO DE MOENDA DE CANA ........................................................................................................... 102 PILÃO ....................................................................................................................................................... 104 FORNO ARTESANAL ................................................................................................................................. 106 ENGENHO DE MOENDA DE CANA ........................................................................................................... 108 MANTOS .................................................................................................................................................. 110 BANDEIRA ................................................................................................................................................ 112

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COROAS ................................................................................................................................................... 114 BASTÕES .................................................................................................................................................. 116 ESPADAS .................................................................................................................................................. 118 INSTRUMENTOS MUSICAIS ...................................................................................................................... 120 CAMA DE CASAL....................................................................................................................................... 123 ESCRIVANINHA......................................................................................................................................... 125 CONJUNTO DE PÁS .................................................................................................................................. 127 CONJUNTO DE FACAS .............................................................................................................................. 129 GAMELA MINIATURA ............................................................................................................................... 131 TACHO DE COBRE MINIATURA ................................................................................................................ 133

ARQUIVOS ............................................................................................................................................ 135 ARQUIVO PRIVADO: CARTÓRIO DO REGISTRO CIVIL E TABELIONATO DE NOTAS ................................... 136 ARQUIVO PÚBLICO: PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇAÍ ....................................................................... 138 ARQUIVO PRIVADO: REGINA COELI ANDRADE ........................................................................................ 140 ARQUIVO PRIVADO: FRANCISCO GUIMARÃES MOREIRA FILHO ............................................................. 142

PATRIMÔNIO IMATERIAL ...................................................................................................................... 144 FESTA DE SÃO SEBASTIÃO ....................................................................................................................... 145 FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO ................................................................................................ 148 FOLIA DE REIS .......................................................................................................................................... 152 MODO DE FAZER AS EMPADAS DA TIA JOANA ........................................................................................ 155 FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO ................................................................................................ 157 FESTA DE SÃO SEBASTIÃO ....................................................................................................................... 160 CAMINHO PERCORRIDO POR GUIMARÃES ROSA .................................................................................... 163

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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS

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ESTAÇÃO FERROVIÁRIA Ano do inventário: 2007

Estação Ferroviária de Araçaí FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico: A Estação Ferroviária de Araçá da Estrada de Ferro Central do Brasil (E.F.C.B.), que, posteriormente, veio se chamar Estação de Araçaí (1943) e deu nome ao município emancipado em 1963, foi construída no ano de 1903. A escolha do nome da estação se deu em decorrência de uma fruta muito comum na região, o araçá. O esforço de construção fez com que chegassem ao povoado, então chamado de Hospital, os trilhos em 1902 e, no ano seguinte, estavam prontos a estação, o 'curral de ferro', as instalações sanitárias, caixa d'água e a casa do agente da estação. Os projetistas da obra foram engenheiros da E.F.C.B., Dr. Croquet de Sá e Dr. Alberto, cujos nomes completos não foram possíveis encontrar. Manuel Durval, o encarregado de chefiar as obras, foi uma pessoa de grande importância para o povoado. Ele era um experimentado nos serviços relativos à construção civil. Espanhol de origem, nasceu em 06 de maio de 1864 e não se sabe a época em que chegou ao Brasil. Após a conclusão das obras que o trouxeram ao povoado de Hospital, ali resolveu se instalar e montou um pequeno comércio de secos e molhados em sociedade com o senhor Lindolfo F. dos Reis morador local. Dado seu conhecimento prático, foi responsável por trabalhos significativos na cidade tais como: a Capela de São Sebastião (1913), o Cemitério da Cidade (1917) e o Grupo Escolar (1917). Faleceu em 18 de janeiro de 1929 e foi sepultado em Araçaí.

Segundo consta, não existia edificações anteriores no lote onde a estação foi construída. Desde sua fundação,foi utilizada para fins concernentes ao transporte de passageiros e de cargas e armazenamento de bens até o ano de 1984, aproximadamente, quando então foi abandonada. O mesmo aconteceu com o 'curral de ferro'. Esta construção, atualmente inexistente, pode ser descrita da seguinte maneira: um grande curral feito de trilhos da ferrovia dotado de um embarcadouro que o ligava diretamente aos vagões de carga do trem. A função deste 'curral de ferro' era transportar o maior bem da região, os frutos da produção pecuária. Os entrevistados afirmam que majoritariamente se prestava ao embarque de gado e, raramente, era observado o desembarque destes. Era comum rebanhos virem de outras cidades para que ali fossem despachados para seu destino final uma vez que a estação de Araçaí era uma das poucas que contava com esse equipamento na região.

O bem até o início do ano corrente era de propriedade da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima R.F.F.S.A. e se encontra abandonado. Desde 2006, a Prefeitura Municipal vem reunindo esforços no sentido de conseguir a doação do imóvel ou a cessão do direito de uso à Prefeitura Municipal, entretanto ainda sem sucesso. Os responsáveis ao longo dos anos foram: Estrada de Ferro Central do Brasil (1903-1957); Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (1957-1999); Ferrovia Centro-Atlântica F.C.A. (1999); novamente Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (1999-2007); e, desde 22 de janeiro de 2007, de posse da União gerida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional por força da Medida Provisória nº 353. É imperioso fazer uma ressalva a respeito dos proprietários: todo o conjunto,

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Rua Pinheiro Alves s/n esquina com Rua Padre. Horta, s/nº, Centro.

Uso: Desocupada (sem uso).

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construído em 1903, sempre teve um único responsável até 1999, quando então foi desmembrado e a linha férrea continuou a ser de gerenciada pela F.C.A., que ainda opera nesta o transporte de cargas no interior do estado de Minas Gerais, enquanto que a estação, casa do agente e demais edificações foram passadas novamente aos cuidados do convênio que cuida do patrimônio da R.F.F.S.A.

Foi durante a gestão da R.F.F.S.A., em 1989, que a estação passou, provavelmente, por sua mais significativa intervenção. Exteriormente, essa mantém seus traços originais, alterando, porém, a composição de alguns vãos. Originalmente o bem possuía somente quatro cômodos dispostos da seguinte maneira: havia um grande galpão que ocupava cerca de 70% da parte interna, e três salas ocupando cerca 10% da área total cada uma. Em uma dessas funcionava a agência, a bilheteria e o telégrafo; em outra o controle de cargas e o guarda chaves; e em outra o depósito de ferramentas.

Com a intervenção, o cômodo que outrora funcionava como depósito de ferramentas foi adaptado para instalação de um banheiro. O grande cômodo de depósito de cargas recebeu três divisórias internas, dividindo-o em quatro cômodos: dois armazéns e dois vestiários. O controle de carga ganha também nova divisória, pois foi criado um novo banheiro. Quanto aos vãos, modificaram-se apenas aqueles da fachada nordeste.

Por fim, a estação sofre novas intervenções, agora somente em sua porção sudeste. Essas datam, provavelmente, da década de 1990, configurando sua planta atual. O vestiário tem seus dois vãos de janelas fechados, pois esse cômodo passa a funcionar como depósito. O entorno da estação foi o que sofreu maiores alterações ao longo dos anos, desde sua instalação, e pode ser dito que foi a ferrovia que trouxe o desenvolvimento ao futuro município. Na época da construção, o que se via ali era somente algumas fazendas e casas espaçadas. Com a chegada da estação e da linha férrea aumentou o fluxo de pessoas no lugar e o povoado se desenvolveu. Junto com a ferrovia, se estabeleceram ali alguns de seus moradores mais notáveis como o caso de Manuel Durval.

A estação Ferroviária está, portanto, estreitamente ligada com a origem da cidade de Araçaí, desde a escolha do nome e toda sua trajetória rumo à municipalidade. É um verdadeiro arcabouço de ricas recordações, e considerada por muitos a principal referência histórica do lugar.

Descrição: A estação, de sistema construtivo em alvenaria autoportante de tijolos cerâmicos maciços, é formada por um volume único, de partido retangular e largo. Está implantada entre dois trechos de trilhos da estrada de ferro. Situada em uma plataforma cimentada, a estação encontra-se cerca de um metro acima do solo, cujo desnível é vencido por rampas, voltadas paras as fachadas sudeste e noroeste, além de pequenos degraus.

A planta da estação possui forma retangular: em uma das extremidades está um vestiário, ladeado por um banheiro. No centro, estão dois armazéns não conectados internamente e, no outro extremo, está um pequeno cômodo que dá acesso a um depósito, a um banheiro e à antiga agência. Esse último possui ainda acesso independente pela fachada sudeste.

A cobertura desenvolve-se em duas águas, com cumeeira paralela aos trilhos. As telhas são do tipo francesas, apoiadas em um engradamento de madeira. Essas peças, quando visíveis no beiral, são pintadas de branco, diferente daquelas do interior da estação que apresentam sua cor natural. Os caibros do beiral assentam-se sobre mãos francesas de madeira pintadas de azul e o coroamento é formado por beirais simples presentes em todas as fachadas.

A estação, externamente, possui pano de vedação revestido em argamassa pintada em branco e um barrado inferior pintado na cor azul, que contorna toda a volumetria do edifício. Esse é guarnecido, em todas as fachadas, por embasamento e cunhais de tijolos cerâmicos, em alto relevo, revestidos por argamassa pintada na cor azul. Da mesma cor também são pintada as molduras dos vãos em argamassa.

A fachada sudeste possui forma simétrica, com um vão central em verga reta que guarnece uma porta formada por duas folhas de abrir de madeira pintadas na cor azul dotadas de almofadas pintadas na cor branca. Possui bandeira superior com caixilho em madeira e vedação em vidro. Acima do vão da porta está a inscrição “Araçaí” e nas laterais os dados de distância e altitude da estação. Essas fachadas tem coroamento em empena e é delimitada inferiormente por pequena cimalha. No centro, há um óculo

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circular com moldura em alto relevo de argamassa. A fachada noroeste possui a mesma composição da fachada sudeste, porém, não apresenta o vão central de acesso à edificação.

A fachada sudoeste é formada por oito vãos de vergas retas: quatro portas e quatro janelas. Essas últimas possuem duas folhas de madeira que se abrem internamente, dotadas, cada uma, de duas almofadas. Algumas janelas ainda conservam as duas folhas externas tipo guilhotina com caixilho em madeira pintado na cor branco e vedação em vidro. Quanto as portas, todas possuem duas folhas de madeira pintadas na cor azul com almofadas pintadas na cor branco. Três dessas possuem sistema de abrir, enquanto uma possui duas folhas que correm internamente. A fachada nordeste apresenta-se semelhante à fachada sudoeste, contudo os vãos de porta foram fechados com alvenaria.

Internamente, as paredes são rebocadas e pintadas na cor branca e algumas apresentam também um barrado pintado em azul. O único ambiente que recebe revestimento em suas paredes é o banheiro localizado próximo à fachada sudeste. Esse é revestido até a sua meia altura em cerâmica branca no formato quadrado. A maioria dos cômodos possui piso cimentado liso. Aqueles localizados próximo à fachada sudeste, no entanto, têm piso em ladrilho na cor creme. Com exceção daqueles ambientes próximos a fachada sudeste, os cômodos da estação são desprovidos de forro apresentando telha vã. Na agência, em seu cômodo lateral e no banheiro observam-se o forro em tabuado de madeira pintado em branco. O depósito possui laje pré-moldada.

Proteção Legal existente: nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Tombamento Municipal.

Estado de Conservação: Ruim.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Álvaro José Andrade; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; Maria Cecília Rocha; Raimundo Alves de Jesus Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 353, DE 22 DE JANEIRO DE 2007. Presidência da República Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Referências Eletrônicas: WIKIPEDIA, A enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>; Acessado em: <23/03/2007>.

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FÁBRICA DE TECIDOS POLICENAS MASCARENHAS – ATUAL FITECA Ano do inventário: 2007

Fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas

FOTO: Brana Carvalhaes, fev/2006

Histórico: A Estação Ferroviária de Araçá da Estrada de Ferro Central do Brasil (E.F.C.B.), que, posteriormente, veio se chamar Estação de Araçaí (1943) e deu nome ao município emancipado em 1963, foi construída no ano de 1903. A escolha do nome da estação se deu em decorrência de uma fruta muito comum na região, o araçá. O esforço de construção fez com que chegassem ao povoado, então chamado de Hospital, os trilhos em 1902 e, no ano seguinte, estavam prontos a estação, o 'curral de ferro', as instalações sanitárias, caixa d'água e a casa do agente da estação. Os projetistas da obra foram engenheiros da E.F.C.B., Dr. Croquet de Sá e Dr. Alberto, cujos nomes completos não foram possíveis encontrar. Manuel Durval, o encarregado de chefiar as obras, foi uma pessoa de grande importância para o povoado. Ele era um experimentado nos serviços relativos à construção civil. Dado seu conhecimento prático, foi responsável por trabalhos significativos na cidade tais como: a Capela de São Sebastião (1913), o Cemitério da Cidade (1917) e o Grupo Escolar (1917). Faleceu em 18 de janeiro de 1929 e foi sepultado em Araçaí.

Segundo consta, não existia edificações anteriores no lote onde a estação foi construída. Desde sua fundação, foi utilizada para fins concernentes ao transporte de passageiros e de cargas e armazenamento de bens até o ano de 1984, aproximadamente, quando então foi abandonada. O mesmo aconteceu com o 'curral de ferro'. Esta construção, atualmente inexistente, pode ser descrita da seguinte maneira: um grande curral feito de trilhos da ferrovia dotado de um embarcadouro que o ligava diretamente aos vagões de carga do trem. A função deste 'curral de ferro' era transportar o maior bem da região, os frutos da produção pecuária. Os entrevistados afirmam que majoritariamente se prestava ao embarque de gado e, raramente, era observado o desembarque destes. Era comum rebanhos virem de outras cidades para que ali fossem despachados para seu destino final uma vez que a estação de Araçaí era uma das poucas que contava com esse equipamento na região.

O bem até o início do ano corrente era de propriedade da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima R.F.F.S.A. e se encontra abandonado. Desde 2006, a Prefeitura Municipal vem reunindo esforços no sentido de conseguir a doação do imóvel ou a cessão do direito de uso à Prefeitura Municipal, entretanto ainda sem sucesso. Os responsáveis ao longo dos anos foram: Estrada de Ferro Central do Brasil (1903-1957); Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (1957-1999); Ferrovia Centro-Atlântica F.C.A. (1999); novamente Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (1999-2007); e, desde 22 de janeiro de 2007, de posse da União gerida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional por força da Medida Provisória nº 353. É imperioso fazer uma ressalva a respeito dos proprietários: todo o conjunto, construído em 1903, sempre teve um único responsável até 1999, quando então foi desmembrado e a linha férrea continuou a ser de gerenciada pela F.C.A., que ainda opera nesta o transporte de cargas no interior do estado de Minas Gerais, enquanto que a estação, casa do agente e demais edificações foram passadas novamente aos cuidados do convênio que cuida do patrimônio da R.F.F.S.A.

Foi durante a gestão da R.F.F.S.A., em 1989, que a estação passou, provavelmente, por sua mais significativa intervenção. Exteriormente, essa mantém seus traços originais, alterando, porém, a

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Rua Manuel Duval, nº 84, Centro.

Uso: Industrial.

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composição de alguns vãos. Originalmente o bem possuía somente quatro cômodos dispostos da seguinte maneira: havia um grande galpão que ocupava cerca de 70% da parte interna, e três salas ocupando cerca 10% da área total cada uma. Em uma dessas funcionava a agência, a bilheteria e o telégrafo; em outra o controle de cargas e o guarda chaves; e em outra o depósito de ferramentas.

Com a intervenção, o cômodo que outrora funcionava como depósito de ferramentas foi adaptado para instalação de um banheiro. O grande cômodo de depósito de cargas recebeu três divisórias internas, dividindo-o em quatro cômodos: dois armazéns e dois vestiários. O controle de carga ganha também nova divisória, pois foi criado um novo banheiro. Quanto aos vãos, modificaram-se apenas aqueles da fachada nordeste.

Por fim, a estação sofre novas intervenções, agora somente em sua porção sudeste. Essas datam, provavelmente, da década de 1990, configurando sua planta atual. O vestiário tem seus dois vãos de janelas fechados, pois esse cômodo passa a funcionar como depósito. O entorno da estação foi o que sofreu maiores alterações ao longo dos anos, desde sua instalação, e pode ser dito que foi a ferrovia que trouxe o desenvolvimento ao futuro município. Na época da construção, o que se via ali era somente algumas fazendas e casas espaçadas. Com a chegada da estação e da linha férrea aumentou o fluxo de pessoas no lugar e o povoado se desenvolveu. Junto com a ferrovia, se estabeleceram ali alguns de seus moradores mais notáveis como o caso de Manuel Durval.

A estação Ferroviária está, portanto, estreitamente ligada com a origem da cidade de Araçaí, desde a escolha do nome e toda sua trajetória rumo à municipalidade. É um verdadeiro arcabouço de ricas recordações, e considerada por muitos a principal referência histórica do lugar. O imóvel, onde atualmente, se encontra instalada a Fiação e Tecelagem Araçaí LTDA tem suas origens datadas ainda na primeira metade do século XX. A construção do bem se deu em 1942, por iniciativa dos senhores Caetano Barbosa Mascarenhas, José Luiz Mascarenhas Dalle e Luiz Antônio Gonzaga. Estes eram os primeiros proprietários da tecelagem que, na época era denominada Fundação Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas LTDA – conhecida como Industrial Policenas Mascarenhas, cuja sigla “IPM” pode ser vista ainda hoje em uma das antigas chaminés da fábrica. Foram estes os financiadores da obra e para sua execução contrataram mão de obra local. Os senhores José Luiz e Luiz Antônio eram engenheiros de formação e ficou a cargo deles a realização do projeto e fiscalização da obra.

A construção tinha como objetivo o mesmo ao qual se dedica atualmente: abrigar uma fábrica de tecidos. Por toda a trajetória histórica do imóvel, o que se viu na verdade foi somente uma expansão deste a fim de suportar a demanda cada vez maior de seu produto. Na construção, não albergou nenhum tipo de confecção ou processo de serigrafia.

Não existiam edificações anteriores no lote e a escolha deste terreno se deu devido a sua proximidade da linha férrea e da sua estação, que serviu para escoar parte da produção durante algum tempo. Este entorno era marcado apenas pela linha férrea e a estação da Rede Ferroviária Federal S.A., na época da construção da indústria. Para além da ferrovia – a partir da rua Inácio Rocha – é que se localizavam as demais edificações da cidade. Isso demonstra que, apesar de hoje localizar-se no perímetro urbano da sede de Araçaí, a IPM (FITECA), na ocasião de sua construção, foi implantada em um local desprovido de grandes ocupações. Ainda hoje, este cenário não sofreu súbita transformação, já que a ocupação urbana se desenvolveu do outro lado do ramal ferroviário, oposto ao lado da indústria, que preserva grande área desocupada. O lote da fábrica não foi desmembrado, não houve remembramento ou qualquer outro tipo de alteração da sua área inicialmente adquirida.

A Industrial Policenas Mascarenhas funcionou de 1942 a 1997 sob o mesmo nome e sendo propriedade dos familiares daqueles três que a idealizaram. Porém em 01 de maio daquele ano a fábrica fechou e permaneceu assim até que, em 1998, os trabalhos foram retomados sob novo nome e nova direção. Os senhores André Guimarães, Reginaldo Raimundo Pena, Expedito Rodrigues e William Márcio adquiriram o bem das mãos dos familiares dos primeiros proprietários e reabriram a fábrica que funciona até os dias atuais.

As intervenções sofridas pela fábrica foram as seguintes: 1º) anexo ao primeiro prédio construído para abrigar a fiação, à sua esquerda, ainda na década de 40, foi construído um edifício para abrigar uma tecelagem; 2º) com o aumento da demanda do produto dali, na década de 50, foi feita a primeira expansão do imóvel com o feitio do prédio à direita do imóvel original; 3º) ainda visando o aumento da produção no final da década de 60, início dos anos 70 foi feita a última expansão. A outra edificação que

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encontramos no lote sempre esteve ali desde 1942, contudo, teve seu uso variado servindo de casa para o diretor da fábrica (até a década de 60), casa do gerente (década de 60 a atual) e, por fim, escritório da fábrica (98 a atual).

A importância da construção para o local é, em primeiro lugar, econômica. Hoje a fábrica absorve cerca de 250 trabalhadores, moradores do município, mas esse número já chegou a 400 quando ainda se chamava Industrial Policenas Mascarenhas. O seu peso para a economia e desenvolvimento da cidade é indubitável e foi também um dos fatores que contribuíram para a elevação da urbe à condição de município. Além disso, ao longo dos anos da existência da Industrial Policenas Mascarenhas, esta sempre esteve empenhada em auxiliar no desenvolvimento da comunidade. Sua participação era marcada seja por contribuições financeiras, pela disponibilizando funcionários para auxiliar em obras de caráter coletivo, ou por outras variadas formas mesclando assim de maneira indelével sua história a do município.

Descrição: A edificação industrial “FITECA” trata-se de um dos marcos arquitetônicos mais significativos de Araçaí. É composta por um volume principal e mais antigo, que data de princípio da década de 1950 e várias construções posteriores, ao seu redor, onde funcionam vários setores da fábrica. O inventário trata-se, porém, apenas da construção principal.

O imóvel possui todos os afastamentos e está implantado em terreno plano e profundo. Tem partido arquitetônico que tende a forma de um “L”, com corpo principal em forma de retângulo alongado. A fachada frontal é assimétrica e apresenta o pano de vedação revestido de argamassa pintada de branco. Possui cerca de 38 vãos, dentre eles, portas, janelas e seteiras. As janelas, em sua maioria, são do tipo basculante, com caixilho metálico, dotadas de oito folhas móveis de vidro e folhas fixas, cujo número vária de acordo com cada esquadria. Três janelas encontram-se vedadas com tecido e possuem pequeno enquadramento de madeira para fixação do mesmo. O restante das janelas tem caixilhos metálicos e são compostas por quatro folhas fixas de vidro. As portas, em número de quatro, são metálicas de correr, sendo que uma delas corre para fora. As seteiras, encontrando-se próximas ao embasamento da edificação, possuem fechamento em grade de ferro.

O coroamento desenvolve-se em doze platibandas, que podem ser considerados também frontões. Há três variações: O primeiro tipo, formado em número de quatro e possui forma triangular escalonada; o segundo tipo, em número de seis, possui a forma do encontro de dois triângulos retângulos de diferentes alturas, formando um dente no vértice superior; a terceira variação, formado por apenas uma platibanda apresenta forma triangular com óculo central; por fim, o quarto tipo, formado também por uma platibanda – em uma das extremidades da fachada - possui a forma de um triangulo retângulo, com óculo central e cobertura em meia água. Todo o coroamento assenta-se sobre estreito friso em alto relevo pintado de azul.

A cobertura desenvolve-se em múltiplas águas, com cumeeiras, em número de doze, paralelas à Rua Manuel Durval e perpendiculares ao ramal ferroviário. As telhas, do tipo fibro-cimento, estão assentadas sobre engradamento de madeira. A edificação possui sistema construtivo de concreto com vedação em tijolos cerâmicos.

Internamente, a fábrica apresenta os seguintes cômodos: depósito de algodão, sala de batedor, sala das cargas, passador, filatório, espumadeira, bobinadeira, depósito de bobinas, sala de manutenção, supervisão, controle de qualidade, sanitários, sala de engomadeira e tecelagem. O piso é, na maioria dos ambientes, cimentado e os forros, situados abaixo das lajes de concreto, são preenchidos por isopor. Em alguns cômodos, como na sala das cargas e na tecelagem, verifica-se o piso de tábuas de madeira. Na sala de engomadeira, observa-se a telha vã. Observa-se o acervo móvel e integrado de maquinaria para indústria têxtil, algumas ainda em uso.

Nas construções posteriores, funcionam: a portaria, a sala do supervisor, o refeitório para os funcionários e vestiários, a sala dos compressores, a sala dos mecânicos, o depósito de materiais antigos, a sala de reparo do maquinário, o depósito de resíduos, o almoxarifado, a expedição, o posso artesiano, a caldeira, o centro de treinamento, o escritório administrativo e a casa da segurança de trabalho. Tratam-se de várias construções térreas voltadas para todas as fachadas da edificação principal. Entre essas há uma via

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de paralelepípedos com, em alguns trechos, calçadas cimentadas. Observam-se, ainda, alguns canteiros gramados com árvores de pequeno a grande porte.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Tombamento municipal.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; Hildee de Oliveira Machado; Maria Cecília Rocha; Raimundo Alves de Jesus; Willer Fernando de Jesus Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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SACARIA RENASCER INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA Ano do inventário: 2007

Sacaria Renascer Indústria e Comércio LTDA FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico: O imóvel localizado na Rua Primeiro de Março passou por mudanças de uso e também em seu formato original no decorrer de sua existência. Construído na década de 1920, quando então o povoado começava a se desenvolver, esse imóvel servia ao uso residencial. Segundo relatos, a residência era propriedade do senhor Odilon Costa e ele mesmo teria sido aquele quem financiara a obra e adquirido todo o material necessário para sua construção.

No entanto, no início da década de 1950, o Paraíso Futebol Clube – uma agremiação desportiva de Araçaí – adquiriu o bem e, desde então, se mantêm como proprietário deste. O imóvel foi adquirido para que funcionasse no local a sede social do Clube. Para tanto, as paredes internas do bem foram retiradas, mantendo-se somente as paredes externas. Na década de 1960, devido ao número cada vez maior de associados que acorriam às horas dançantes do Clube, o imóvel passou por uma expansão. E esta foi a última enquanto o imóvel era usado como sede social. Ainda durante essa expansão foram removidas as telhas francesas para a colocação de telhas de amianto.

Foi utilizado para este fim até o início dos anos 80, quando então serviu de depósito para a Industrial Policenas Mascarenhas por algum período e, ainda nesta mesma década, passou a ser utilizado como micro-indústria. Para adaptação a este novo uso, ainda na década de 1980, foram realizadas novas intervenções sendo elas: a construção de um escritório na lateral do edifício e colocação uma porta de correr na lateral do bem que dá saída para a Rua Primeiro de Março. A utilização para a micro-indústria se mantém até os dias atuais sendo que esse uso foi, por vezes, descontinuado. A firma que ali funciona não foi sempre a mesma, bem como os seus proprietários. Contudo, o imóvel ainda pertence ao Paraíso Futebol Clube que o aluga há cinco anos para a Sacaria Renascer Indústria e Comércio representada pelo senhor Reginaldo Raimundo Pena. Para abrigar a atual firma, foi necessário demolir uma parede interna construída em 1990, e alguns vãos de portas são fechados. O banheiro foi reduzido a um terço de seu tamanho original, para dar lugar, ao lado desse, a uma pequena copa.

A vizinhança pouco mudou, segundo é relatado. Permanece um local pacífico e com várias residências térreas circundantes. Ali já foram vistas as horas dançantes do Clube Paraíso, procissões que se dirigiam a Igreja de São Sebastião e outros festejos. É um importante bem cultural e sua história, ainda é presente na vida de vários araçaienses que desfrutaram de seu espaço nos embalados bailes da época. Atualmente, a importância deste prédio também é relacionada ao seu uso por gerar empregos e ajudar a movimentar a economia local.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Rua Primeiro de Março, 142, Centro.

Uso: Industrial.

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Descrição: A edificação térrea localiza-se na esquina das Ruas Primeiro de Março e Doutor Avelar, com a fachada principal voltada para essa última. Apresentando volumetria uniforme em relação às edificações vizinhas, está implantada no alinhamento do passeio, em terreno plano e acima do nível da rua. Possui apenas afastamento posterior e tem um partido retangular profundo.

A fachada frontal é simétrica, apresentando pano de vedação, enquadramento dos vãos em argamassa pintada na cor bege. Os vão comportam três janelas de vergas retas, compostas de duas folhas de abrir de madeira pintadas na cor azul claro com veneziana inferior e três vedações em vidro. Internamente, apresentam duas folhas cegas de madeira também de abrir. Sobre os vãos, observa-se um friso horizontal em alto relevo, acima do qual, desenvolve-se uma platibanda. Essa é simétrica, apresentando forma escalonada e coroamento em forma trapezoidal. Um anexo justaposto à fachada voltada para a Rua Primeiro de Março foi construído na porção posterior do terreno, onde observam-se dois vãos: uma janela de esquadrias metálicas e folhas de vidro e uma porta que dá acesso a este ambiente. Próximo à janela, está um friso horizontal em alto relevo de argamassa pintada na cor branco, mesma cor do pano de vedação e barrado desse anexo. A fachada lateral direita é formada por três vãos, sendo uma porta e duas janelas. Essas últimas são basculantes com caixilhos metálicos e folhas de vidro. A porta é formada por uma grande folha metálica de correr e bandeira superior em vidro.

A cobertura do corpo original desenvolve-se em duas águas com cumeeira perpendicular à Rua Doutor Avelar. As telhas são do tipo fibro-cimento e estão assentadas sobre um engradamento de madeira composto de tesouras. As telhas avançam sobre as paredes externas laterais formando pequenos beirais com cerca de 30 cm. O corpo secundário é cobertura pelo mesmo tipo de telha tendo, porém, caimento em meia-água.

O imóvel, de sistema construtivo autoportante de tijolos cerâmicos, tem seu acesso principal na lateral direita por onde se chega a um grande vão, conformando praticamente todo o corpo principal. Nesse ambiente, funciona a produção têxtil, onde se encontra todo o maquinário. O piso é de cimentado vermelho e é desprovido de forro. Situados na porção posterior, estão dois pequenos cômodos: uma copa e um banheiro. O corpo secundário da edificação é formado por três salas, onde funciona a recepção e a administração da fábrica e uma área de serviço. As duas primeiras salas possuem forro de isopor e piso de cimento vermelho. A terceira possui forro de PVC e piso cerâmico. As paredes são pintadas internamente de branco. A área de serviço possui piso cimentado e telha vã.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Herácio Hilário Costa; Reginaldo Raimundo Pena; Valdirene Luzia Moreira. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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RESIDÊNCIA À RUA INÁCIO ROCHA, Nº 110/120/130 Ano do inventário: 2007

Residência à Rua Inácio Rocha, nº 110, 120, 130 FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico: O imóvel situado na rua Inácio Rocha à altura do número 130, 120 e 110 é um dos mais antigos do município. Insere-se no primeiro movimento de urbanização de Araçaí que aconteceu ainda no primeiro quartel do século XX e se deu ao longo da margem da linha férrea, instalada em 1903. A proprietária atual do bem, a senhora Hildee de Oliveira Machado é filha do primeiro proprietário da casa, o senhor Álvaro José Machado.

De acordo com os dados concedidos na entrevista realizada com a senhora Hildee, o lote já pertencia ao seu pai antes da construção do imóvel. Neste, ele havia construído uma pequena casa de morada que abrigava sua família. Nos anos anteriores a 1920, o senhor Álvaro decidiu construir, no mesmo terreno, uma nova residência, maior, que melhor atendesse a demanda de espaço dos seus e, em 1920, a obra da nova residência foi concluída. Em 1922, a antiga e primeira moradia foi demolida e, em seu lugar, anexa à obra recém finalizada, erigiu-se um novo imóvel que era utilizado como sede do comércio varejista do qual o senhor Álvaro era proprietário. Não se sabe ao certo quando essa segunda obra foi concluída, contudo, é apontado como período provável o ano de 1925, pois, já na virada da década de 1920 para a de 1930 uma terceira edificação – residencial – foi erigida no lote.

A construção dos imóveis que são encontrados no terreno foi encomendada pelo senhor Álvaro e gerenciados pelo senhor Emílio Machado, irmão de Álvaro. Além de Álvaro e Hildee, Hercília de Oliveira Machado – esposa de Álvaro e mãe de Hildee – foi uma das proprietárias do bem, porém por curto período, pois após a morte de seu marido, em 1951, anos depois, no fim da década de 1950, também faleceu. Foi após a morte da mãe, que a Sra. Hildee passou a ser a proprietária do imóvel. O uso do bem sempre foi majoritariamente residencial a exceção do espaço dedicado ao comércio varejista que funcionou até 1951, ano que o Sr. Álvaro faleceu. Após o ocorrido, a família encerrou suas atividades comerciais e passou a alugar as duas partes mais novas do imóvel para uso residencial – prática que se mantêm aos dias atuais.

Em 1959, a edificação passou por sua maior reforma, quando foram trocados todos os pisos de tábua corrida e forros de esteira de taquara pelos atuais que se vêem presente no imóvel. Ambos, originais do imóvel, estavam presentes em todos os cômodos, com exceção da cozinha que já possuía cimentado vermelho. Neste mesmo ano, a casa ganhou um banheiro, pois até então havia somente uma fossa séptica no quintal. O banheiro toma o lugar do antigo quarto de empregada e o seu hall de acesso está onde antes havia um depósito. Para essa alteração foi realizado o fechamento da porta que ligava a cozinha ao quarto de empregada. A ala da esquerda, que nesta época funcionava como armazém, foi adaptada para o uso residencial, ganhando nova divisão de cômodos.

Por volta de 1967, a residência de Sra. Hildee de Oliveira sofreu novas modificação. Entre o corredor e a sala havia uma porta de ligação, que foi quebrada para ser feito um grande vão arqueado. A iluminação do corredor foi melhorada, devido a construção, neste ambiente, de uma janela tipo basculante com caixilhos

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Rua Inácio Rocha, nº 110, 120, 130, Centro.

Uso: Residencial.

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metálicos e folhas de vidro. Essa, no entanto, contribuiu na descaracterizar o imóvel, pois não segue a mesma linguagem dos outros vãos.

Não houve desmembramento ou remembramento do lote e o entorno do bem, segundo a proprietária, passou por modificações lentas ao longo dos anos, mas ainda guarda um pouco do clima pacato original. É essa ligação com o passado da região que valoriza o bem perante os olhos dos munícipes. São várias as pessoas que apontam o imóvel como sendo um verdadeiro símbolo, um marco da cidade e não é raro encontrar quem diga que esta é a residência mais importante da cidade.

Descrição: A edificação, de tipologia eclética, trata-se de uma das primeiras construções da cidade de Araçaí e uma das que mais se destaca na paisagem urbana araçaiense devido seu tratamento plástico. Devido a seu partido largo, apresenta volumetria imponente em relação às edificações vizinhas. Está Implantada no alinhamento do lote, em terreno plano e profundo, pois esse atravessa toda a extensão da quadra. Possui partido arquitetônico em “T”, tendo o corpo principal forma retangular de maior largura voltada para a Rua Inácio Rocha. O imóvel possui ainda pequenos afastamentos em ambas laterais.

A fachada frontal é assimétrica e apresenta o pano de vedação, enquadramento dos vãos e sobrevergas revestidos em argamassa pintada na cor branca. Os vãos, em número de sete, possuem vergas retas e são formados por quatro portas e duas janelas. Essas últimas são compostas por duas folhas cegas de abrir de madeira pintadas na cor azul e dotadas de bandeira superior com duas folhas fixas de vidro. As portas apresentam-se da mesma forma, porém, com apenas uma folha. As fachadas laterais estão em concordância com a frontal apresentando o mesmo acabamento dos vãos.

O coroamento em cimalha desenvolve-se pelas fachadas da edificação. Sobre esse, na fachada frontal, descansa uma platibanda, que se destaca por sua forma geométrica, guarnecida de dois arcos plenos e três pináculos.

A cobertura possui sete águas, sendo quatro do corpo principal, com cumeeira paralela à rua e três do secundário, e cumeeira perpendicular à via. As telhas são do tipo capa e bica e se apóiam sobre um engradamento de madeira.

O imóvel é dividido em duas residências, sendo a da direita acessada pela lateral e a da esquerda pela fachada frontal. A primeira possui três quartos, duas salas, um corredor, um depósito, uma cozinha, um banheiro e um cômodo que antecede esse. Os três últimos cômodos configuram o corpo secundário da edificação. Os pisos são de cerâmica em um dos quartos; ladrilho hidráulico em uma sala, no banheiro e em seu cômodo antecedente; cimento vermelho na cozinha e tabuado largo no depósito. No restante dos cômodos, há tacos de madeira. Os forros são, em todos os ambientes, de tábuas finas de madeira, tipo lambri, com exceção da cozinha e do depósito onde há telha vã. As paredes internas são pintadas de verde claro. Quanto a segunda residência, seu acesso não foi possível, pois seu responsável não estava presente. No entanto, sabe-se que possui três quartos e duas salas, tendo piso e forro de madeira, não originais do imóvel.

A edificação, de sistema construtivo autoportante de tijolos, possui ainda em sua porção posterior uma grande área externa que funciona como pomar, onde há árvores de pequeno a médio porte.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Tombamento municipal.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Herácio Hilário Costa; Hildee de Oliveira Machado. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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BAR DO EDMAR Ano do inventário: 2007

Bar do Edmar FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico: O senhor João Geraldo de Paula, atual proprietário do bem localizado a altura do número 57, na praça São Sebastião em Araçaí, detém os documentos deste há 26 anos quando então o adquiriu do senhor João de Paula Sobrinho. De acordo com relatos, a obra teria sido idealizada por Pedro Paulo Machado e por este financiada. A mão de obra utilizada foi contratada entre os habitantes da cidade e todo o esforço da construção foi finalizado, em 1927, conforme gravado na platibanda do edifício.

Desde os primórdios do imóvel, este serviu para o uso misto, ou seja, parte dele era dedicado ao uso residencial – a que se volta para a rua Doutor Avelar – e parte ao uso comercial – a que se volta para a praça São Sebastião. Logo na época de sua construção, funcionou sob a batuta de seu idealizador um pequeno mercado para atender a população local. Diversos outros comércios passaram por ali: padaria, fábrica de manteiga, depósito de algodão da Industrial Policenas Mascarenhas, casa de banha e outros que não deixaram registros na memória dos citadinos, portanto, o período exercido por cada estabelecimento não foi possível determinar. Até mesmo a prefeitura, quando Araçaí foi emancipada em 1963, funcionou no imóvel durante alguns anos até o final da década de 1960. Contudo, a parte comercial do bem abrigou, na maior parte do tempo, bares tal como pode ser observado no presente.

Algumas intervenções foram feitas no bem. Uma parede que dividia a sala principal deste foi retirada há cerca de 22 anos. O alpendre original foi demolido no período compreendido entre os anos de 1950 e 75 e foi reconstruído em 1993 pelo atual proprietário. Uma janela que se abria para a rua Doutor Avelar foi removida, quando a prefeitura ali se instalou e, em seu lugar, foi colocada uma porta. Essa porta foi removida logo que João Geraldo adquiriu o bem, em 1981, e, novamente, foi colocada uma janela no lugar – mas esta não segue os mesmos padrões da época da construção do bem. É interessante observar, porém que, mesmo após todas essas intervenções, a edificação ainda preserva seus traços originais, principalmente no que diz respeito a sua fachada.

A velha porta de enrolar sela a parte comercial, os pináculos da platibanda e o desenho bem trabalhado desta vem coroar história deste bem. Diversos moradores apontam esta como sendo uma das relíquias da cidade.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Praça São Sebastião, nº 57, Centro.

Uso: Comercial e residencial.

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Descrição: A edificação térrea, de tipologia eclética e de sistema construtivo autoportante de tijolos, apresenta volumetria predominante em relação aos imóveis vizinhos. Está Implantada em esquina com fachadas voltadas para a Praça São Sebastião e Rua Doutor Avelar. Essas são chanfradas formando uma terceira fachada frontal, voltada para a esquina. A edificação está implantada no alinhamento do lote, em terreno plano e pouco profundo. Seu partido arquitetônico tende a forma retangular, com maior largura voltada para à Rua Doutor Avelar. Apresenta afastamento lateral direito, onde há um alpendre que dá acesso a residência localizada na ala lateral direita do imóvel. Na ala esquerda existe um bar, cujo acesso é frontal.

A residência, internamente, é formada por uma sala central que tem ligação direta com três quartos, um depósito e uma cozinha. Essa última dá acesso ao banheiro e a área de serviço que está voltada para os fundos do lote. Em todos os quartos, na sala e na cozinha observa-se o piso cimentado vermelho e o forro em laje pré-moldada com enchimento de tijolo. No banheiro o piso é de ardósia, no alpendre é de cerâmica, na área de serviço é de cimentado e no depósito é de cimentado vermelho. Esses quatro cômodos possuem telha vã. A sala é rebocada e pintada de verde claro e os cômodos restantes são rebocados, porém não receberam pintura. Quanto ao bar localizado na outra ala no imóvel, seu acesso não foi possível, pois o responsável não se encontrava.

As fachadas da edificação são assimétricas, apresentando, em sua maior parte, pano de vedação, elementos decorativos em alto relevo e embasamento revestidos em argamassa pintada na cor amarelo. Parte da fachada voltada para a Rua Doutor Avelar possui esses elementos pintados de branco.

Os vãos, em número de oito, possuem vergas retas e são formados por três portas e cinco janelas. As portas são metálicas, com sistema de enrolar e dotadas, de bandeiras superiores com gradil metálico. Todas as janelas localizam-se na fachada voltada para a Rua Doutor Avelar. Quatros delas possuem quatro folhas metálicas de correr, sendo duas fixas e duas móveis e uma grade interna. A outra possui gradil metálico. As fachadas possuem também frisos em alto relevo que contorna a os vãos, mesmo naqueles que foram fechados posteriormente. No pano de vedação estão pintadas propagandas publicitárias do bar, nas cores brancas e vermelho, o que contribui na descaracterização do imóvel.

O coroamento em cimalha se desenvolve pelas fachadas da edificação. Sobre esse, descansa uma platibanda, que se destaca por sua forma geométrica, guarnecida de três balaustradas e seis pináculos. Sobre a balaustrada frontal, entalada entre os pináculos, está um pequeno frontão com a inscrição “1927” o que evidencia a data da edificação.

A cobertura do corpo principal da edificação desenvolve-se em meia água, com caimento voltado para o fundo do lote. O alpendre e a área de serviço possuem cobertura independente, também em meia água. As telhas são de amianto, com exceção do alpendre, que ainda conserva as telhas francesas, originais do imóvel. Todas se apoiam em um engradamento de madeira.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Maria Elisabeth de Paula; João Geraldo de Paula; Álvaro José Andrade; Regina Coeli Andrade. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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RESIDÊNCIA À RUA ULISSES BATISTA, Nº 56 Ano do inventário: 2007

Residência à Rua Ulisses Batista, nº 56 FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico:

Segundo entrevistas realizadas entre diversos munícipes, esta é sem dúvida uma das casas mais antigas da cidade e comumente é apontada como sendo anterior ao ano de 1930. Alguns dados nos auxiliam a precisar melhor o período de fundação deste bem: o desenvolvimento do povoado foi acelerado a partir de 1903 com a chegada da Estação Ferroviária da Estrada de Ferro Central do Brasil; e, em 1917, a Escola Jorge Mascarenhas – que então se chamava Escolas Reunidas de Araçá – foi inaugurada em terreno adjacente. Isso nos aponta para o fato de que já antes do fim da segunda década do século XX a urbanização já chegava a esta região do povoado e muito provavelmente a construção desta residência não dista muito deste período. Considerando seu traçado simples e de rápida execução do projeto é bem provável que antes de 1925 esta já estivesse erguida e servindo de abrigo para a família do primeiro proprietário.

Os moradores de Araçaí também nos relatam que a edificação sempre serviu ao uso residencial não funcionando no local nenhum tipo de comércio ou repartição pública. Dado seu período provável de fundação, é possível afirmar, com margem considerável de acerto, que não havia edificações anteriores no lote, sendo esta a primeira e única observada. O entorno do bem se modificou junto com o crescimento do município: novas casas foram aparecendo na região, mas o que mais se destaca são os diversos tipos de comércio que ali se fixaram dado o fato de que o imóvel está localizado em uma zona de grande afluxo de pessoas. Hoje observamos ali uma mobiliadora, uma mercearia e panificadora, diversos bares e a já citada Escola Jorge Mascarenhas.

Registros do bem nos são dados a partir do ano de 1960, quando então Antônio Maria de Souza comprou a casa a fim de lá residir com sua família. Ele morou nela até 1978, quando então passou a alugar esta propriedade. No período entre o fim do ano de 1989 e início de 1990, a casa passou a ser propriedade de Osvaldo José de Paula – genro de Antônio Maria – e este ainda detém a posse desta. Osvaldo, desta época aos dias atuais, sustenta a prática iniciada por seu sogro e através dos anos continuou locando o imóvel.

O atual inquilino, Fernando Ramos da Silva, reside no local, há cerca de dois anos, e apontou algumas das intervenções pelas quais a casa passou. Há cerca de seis anos, uma pintura a base de cal foi realizada em todo o bem e, há quatro anos, a madeira do engradamento do telhado foi trocada. Os principais problemas apontados pelo inquilino são: a umidade na cozinha e uma fossa existente no quintal que está começando a abrir.

É com a intenção de preservar esse bem que os moradores deste e das regiões vizinhas nos apontam a moradia como sendo de grande significado para a cidade. Sua história, ainda que cheia de lacunas e oculta por espessa névoa, pode nos contar um pouco dos hábitos familiares dos araçaienses anônimos.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Rua Ulisses Batista, nº 56, Centro.

Uso: Residencial.

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Descrição:

A edificação térrea, de partido arquitetônico quadrado, apresenta volumetria uniforme em relação às edificações vizinhas. Implantada acima do nível da rua, em terreno plano e profundo, apresenta-se recuada do alinhamento, tendo fechamento em muro de concreto com cerca de um metro e meio de altura. Além do afastamento frontal, possui afastamentos laterais e posterior.

A fachada frontal é composta por dois planos: O mais recuado é formado pelo alpendre, apresentando duas janelas de vergas retas compostas por enquadramentos de madeira e uma folha cega de madeira de abrir. Tanto o enquadramento quanto as folhas apresentam pintura na cor cinza. Lateralmente às janelas está a porta de acesso a residência. O alpendre possui ainda piso cimentado e telha vã. Sua cobertura é sustentada por pilares de tijolos autoportantes, que se apoiam em uma pequena mureta que contorna este ambiente. O plano avançado possui uma janela compostas por duas folhas de abrir de madeira, com veneziana inferior e quatro vedações em vidro. Internamente, apresentam quatro folhas cegas de madeira também de abrir. É dotada de um detalhe em argamassa pintada na cor azul claro, em alto relevo, que contorna seu enquadramento superior. Esse plano avançado é coroado por uma empena triangular, sobre a qual se observa o simples beiral. O pano de vedação da fachada e seu embasamento são caiados de branco.

A cobertura desenvolve-se em múltiplas águas, com cumeeira principal paralela à rua. As telhas são francesas e se apoiam em um engradamento de madeira. A edificação possui sistema construtivo misto, apresentando sistema autoportante de tijolos e algumas vedações em adobe.

Internamente, o imóvel é formado por uma sala e uma cozinha central, quatro quartos, um banheiro e uma área de serviço. Em todos os cômodos, observa-se telha vã e piso em cimentado vermelho. As paredes são caiadas de branco. A cozinha dá acesso à área externa do imóvel, local utilizado para lavagem e secagem de roupa, encontrando-se sem pavimentação. Nos fundos do lote, há uma pequena construção onde funciona um depósito.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Cíntia de Souza Cunha Soares; Fernando Ramos da Silva; Mário Lúcio Rocha Soares; Osvaldo José de Paula. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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MOBILIADORA SHAOLIN Ano do inventário: 2007

Residência à Rua Ulisses Batista, nº 70 FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico:

O imóvel que hoje abriga a ‘Mobiliadora Shaolin’ em Araçaí guarda em seu histórico marcas importantes ligadas à cultura municipal. Foi construído pela extinta Sociedade Teatral de Araçaí em 1944. O imóvel foi projetado para ser um espaço em que pudessem ser encenadas peças teatrais e também projetados filmes almejando o entretenimento dos habitantes. A Sociedade que idealizou a edificação era composta pelos senhores: Wilson Pena, Geraldo Baptista e Olímpio Machado. Contudo, esta ganhou novos acionistas e dentre eles cabe citar os senhores: Álvaro Machado, José de Paula Filho e Geraldo de Oliveira. Os entrevistados afirmaram que não havia edificações anteriores no lote e ressaltam o fato de que este foi o primeiro imóvel deste tipo em Araçaí.

Projetado para abrigar o teatro/cinema – nomeado Cine Vitória –, manteve esse uso até aproximadamente o ano de 1955, quando então não funcionou mais como centro de cultura e diversão local. Após o ano de 1955, este ficou abandonado até que, em 1966, um supermercado ali se instalou alterando, desde então, o uso para o comercial. O supermercado fechou suas portas em 1976 e, já em 1977, uma padaria as reabriu. Em 1982, a padaria finalizou suas atividades e, naquele mesmo ano, uma associação passou a ser a proprietária do local novamente: o Centro Social Desportivo de Araçaí. Deste ano em diante a associação passou a alugar o imóvel para que, com o dinheiro arrecadado, pudessem ser realizadas as obras de manutenção do lugar. Seu atual inquilino é a Mobiliadora Shaolin, que está no local desde dezembro de 2003.

O senhor Orlando Alves do Santos, atual presidente da associação, indica que o lote foi desmembrado em ano anterior ao de 1982. Segundo ele, esse desmembramento teria ocorrido quando, entre os anos de 1977 e 1982, uma porção à esquerda do terreno foi vendida ao senhor Antônio José Pereira de Moura.

A edificação sofreu algumas intervenções ao longo dos anos: As três janelas existentes na lateral esquerda, não são originais, e a porta de acesso principal possuía folha em madeira. Essa foi trocada pela a atual. Não se têm notícia a respeito da data dessas intervenções, no entanto, devem ter acontecido por volta de 1955, quando o imóvel deixou de funcionar como cinema. A edificação sofreu ainda alguns acréscimos, que conformaram os dois anexos posteriores, sendo o segundo deles construído em 2006.

O principal significado do bem para a comunidade é que ele mantém viva a memória de um passado quando a cidade contava com um grupo de teatro e efervesciam apresentações que animavam a todos. Mesmo após meio século de encerramento das atividades como cinema e teatro, a população ainda se refere ao imóvel como sendo o ‘antigo cinema’, ainda que muitos não tenham visto sequer uma apresentação artística neste local. Essa nostalgia fortalece a postura que o aponta como um signo relevante, digno de preservação, para todos os munícipes a fim de que as gerações futuras sejam conhecedoras de suas raízes.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Rua Ulisses Batista, nº 70, Centro.

Uso: Comercial.

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Descrição:

A edificação térrea, de estilo que remete ao Art Decó, apresenta volumetria uniforme em relação às edificações vizinhas. Está implantada no alinhamento, acima do nível da rua, em terreno plano e profundo. Possui afastamentos lateral esquerdo e posterior e apresenta um partido retangular. O imóvel é formado por um corpo principal, de pé direito elevado, que corresponde à porção original do imóvel, onde funcionava o antigo cinema. Conectados a esse, estão dois anexos posteriores, de pés-direitos mais baixos, que configuram as expansões a qual o imóvel foi submetido.

A fachada frontal é simétrica, apresentando pano de vedação em argamassa pintada na cor amarelo e um barrado de cerca de um metro de altura pintado na cor cinza. Os vãos comportam três grandes portas metálicas de enrolar pintadas na cor azul, que dão acesso ao estabelecimento comercial. Sobre os vãos está uma marquise com telhas de amianto que se apoiam em um engradamento metálico, composto por mãos francesas. O coroamento é formado por uma platibanda guarnecida de frisos de argamassa em alto relevo pintados na cor branco. Esses delimitam o contorno da platibanda, que possui forma geométrica escalonada, com coroamento superior em arco abatido. Entre a marquise e a platibanda está, fixado no pano de vedação, uma placa publicitária com o nome do estabelecimento, seu endereço e telefone. Ao lado desse, estão fixadas, de forma simétrica, duas luminárias públicas, que contribuem na descaracterização do imóvel. A fachada lateral esquerda possui cinco pilares que afloram no pano de vedação. Entalados entre eles, estão três vãos que comportam janelas de abrir de caixilhos metálicos. Essas são formadas por duas folhas fixas e duas móveis de vidro fantasia.

Internamento, o corpo principal do imóvel possui um amplo vão, dotado de duas pequenas pilastras próximas ao acesso principal que sustentam a antiga sala de projeção do antigo cinema. Uma estreita escala lateral dá acesso a este cômodo. O pé-direito desse saguão é de aproximadamente 9m e as paredes são revestidas em argamassa pintada na cor bege.

No primeiro anexo posterior, de pé-direito de cerva de 6m, existe um banheiro de piso cerâmico e meia parede revestida de azulejo e um depósito. Há ainda algumas divisórias de alvenaria de tijolos que configuram ambientes que funcionam também como depósito. No segundo anexo posterior, há somente um grande vão, sem divisórias. Em toda a edificação, com exceção do banheiro, observa-se o piso em cimentado e a telha vã.

O imóvel, de sistema construtivo autoportante de tijolos, possui cobertura em duas águas com cumeeira perpendicular à rua. As telhas do corpo original são francesas e estão assentadas sobre um engradamento de madeira composto de tesouras. Os anexos posteriores possuem telhas de fibrocimento. No primeiro anexo, essas estão apoiadas em um engradamento de madeira, enquanto no segundo estão sobre um engradamento metálico, formado por treliças.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Maria Cecília Rocha; Orlando Alves dos Santos; Raimundo Alves de Jesus. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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CASA DO AGENTE FERROVIÁRIO DA RFFSA Ano do inventário: 2007

Praça Virgilato Coelho, nº 234 FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico:

A casa situada na Praça Vigilato Coelho, número 234, é atualmente parte dos bens que compõem o patrimônio da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA). Construída nos mesmos esforços que trouxeram para o município de Araçaí a malha ferroviária da então denominada Estrada de Ferro Central do Brasil – EFCB – a residência foi inaugurada no mesmo ano da estação local, ou seja, 1903. A EFCB construíra a pequena casa de morada a fim de abrigar os agentes ferroviários que, uma vez instalados no município, eram os responsáveis pela gestão da agência de Araçaí.

Segundo relatos, o mesmo encarregado das obras de construção da estação foi quem cuidou também dessa empreitada. Seguindo os preceitos definidos pelos diversos engenheiros da EFCB que traçaram as linhas que guiaram o projeto, o senhor Manoel Durval, que era reconhecido por ser um exímio artífice, o levou a cabo e instalou, no alto da pequena elevação de terra vizinha à estação, a residência. Não é registrada a existência de nenhuma edificação anterior no local e o uso após a construção da moradia foi sempre o residencial.

A senhora Maria da Conceição de Freitas é a atual moradora do local e é ex-esposa do último agente da rede que ali trabalhou. Ela informou que, há 24 anos, aluga a casa, pagando uma quantia mensal para a RFFSA. Antes dela, outros agentes da rede e suas respectivas famílias ali se albergaram. Ainda nos informa que não houve desmembramento do lote e que a principal modificação sofrida no entorno foi a construção da Praça Vigilato Coelho no final da década de 1980.

O imóvel sofreu uma intervenção de acréscimo, quando foram construídos os cômodos posteriores: o banheiro, a área de serviço e a segunda cozinha. A proprietária, no entanto, não soube informar a respeito da data dessa construção. Sabe-se ainda que um dos quartos funcionava originalmente como banheiro. Um outro quarto, teve seu forro original de madeira, substituído pelo de tecido, pois aquele se encontrava deteriorado.

Quando se pergunta aos moradores do município, estes são unânimes em dizer que o significado da pequena moradia no alto da encosta próxima à estação ferroviária para Araçaí é associado a um passado próspero, de crescimento e bonança de quando a estação ainda funcionava e o fluxo de passageiros e do comércio era intenso. É a lembrança de um passado esplêndido que, atualmente, é representado pelas construções que compõem o acervo ferroviário, tais como a antiga residência do agente ferroviário.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Praça Virgilato Coelho, nº 234, Centro.

Uso: Residencial.

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Descrição:

A edificação térrea trata-se, provavelmente, de uma das primeiras construções da cidade de Araçaí. Implantada no alinhamento, no nível da rua e em terreno elevado, plano e profundo, apresenta volumetria uniforme em relação às edificações vizinhas. Possui afastamentos frontal e laterais e um partido que tende a forma retangular. Encontra-se com sua fachada posterior e com o acesso do lote voltados para a Praça Virgilato Coelho. O acesso ao imóvel, por sua vez, é feito por uma porta localizada em sua fachada lateral esquerda.

A edificação é formada por um corpo frontal, de pé-direito elevado e um corpo mais baixo, ambos parecem ser originais do imóvel. Além disso, observa-se um anexo posterior onde está a área de serviço e uma cozinha. O sistema construtivo do imóvel é misto, pois possui estrutura autônoma de madeira, com vedação em adobe e estrutura autoportante de tijolos.

A fachada frontal é simétrica e apresenta pano de vedação revestido em argamassa pintada na cor branca. Os cunhais e o embasamento de pedra, que afloram no pano de vedação, são pintados de azul claro. Os vãos, em número de dois, possuem vergas retas e guarnecem duas janelas de guilhotina externa. Essas possuem caixilho de madeira e vedação em vidro e, internamente, uma folha de abrir, cega de madeira, pintada na cor azul claro. O coroamento é formado por um frontal triangular que se assenta sobre estreita cimalha. É dotado, de detalhes em alto relevo de argamassa pintada de azul e guarnece, ao centro, um óculo decorativo. Sobre esse, observa-se o beiral simples de madeira. As fachadas laterais estão em concordância com a frontal, apresentando os mesmos tipos de vãos. Na fachada lateral direita, porém há uma janela tipo basculante com caixilhos metálicos e folhas de vidro.

A cobertura desenvolve-se em quatro águas, com cumeeiras paralelas as fachadas laterais do imóvel. As telhas são do tipo francesas e se apoiam em um engradamento de madeira. O anexo posterior possui cobertura independente, em múltiplas águas, com telhas francesas e de fibro-cimento.

Internamento a edificação apresenta uma sala, uma copa, cinco quartos, um corredor, duas cozinhas, um banheiro e uma área de serviço. A sala e três quartos possuem piso de taco e forro de tábua larga, a copa possui piso cerâmico e mesmo forro e um dos quartos possui piso em taco e forro em tábuas estreitas de madeira. No restante dos cômodos observam-se o piso cimentado e a telha vã, com exceção de um quarto que possui forro de tecido.

O imóvel apresenta ainda, grande área descoberta com pomar, utilizada também como área de lazer.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Herácio Hilário Costa; Maria Cecília Rocha; Maria da Conceição de Freitas. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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RESIDÊNCIA À PRAÇA SÃO SEBASTIÃO, Nº 97 Ano do inventário: 2007

Praça São Sebastião, nº 97 FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico:

A residência situada na Praça São Sebastião, nº97, foi construída no ano de 1951 antes, portanto, da emancipação do povoado. De acordo com a proprietária da casa, a senhora Regina Coeli Andrade, foi adquirido o terreno ao senhor “Didico”, ex-morador da cidade, um ano antes do bem ser erigido. A venda foi realizada, pois este senhor precisava, na ocasião, de recursos para financiar os estudos de seu filho que então cursava o ensino superior na cidade de Diamantina. Antes do Sr. “Didico” o proprietário era o Sr. Noé Pereira, tabelião de prestígio local.

A Sra. Regina informa que não havia nenhuma edificação anterior no lote e para erigir a habitação foi contratada mão de obra local e o projeto foi de um construtor local que infelizmente ela não guardou nenhum registro que pudesse indicar seu nome.

O uso ao qual o bem se destinou foi majoritariamente o residencial, entretanto, de meados da década de 1950 até 1976 a casa funcionou também como um posto telefônico. Como dispunha da única central telefônica da cidade, a Sra. Regina era responsável pelas ligações e, destas, ela retirava a maior parte de seus rendimentos.

Há 56 anos, a Sra. Regina Coeli Andrade é proprietária do bem e se mantêm como única proprietária até os dias presentes. O bem passou por algumas intervenções, espaçadas no tempo, sobretudo almejando a manutenção deste e estas não alteraram significativamente suas características originais. Foi construída, na década de 1960, a caixa d’água, que se encontra próxima da cozinha. Nesse ano, foi demolida a antiga estrutura da caixa d’água, que era formado por apenas um pilar central e um apoio em forma de “X”. Dez anos mais tarde, em 1970, é construída a garagem do imóvel e, em 1982, a mureta de fechamento frontal do lote foi retirada para a colocação do atual gradil metálico. Essa era formada por tubos de ferro galvanizados fixados em apoios de concreto. Nesse mesmo ano o banheiro é reformado: o piso original de cimento vermelho é substituído pelo atual de cerâmica e a parede, que era somente pintada, ganhou os atuais azulejos. Outra intervenção refere-se à retirada do fogão de lenha da cozinha. Por fim, foi construída, em 2003, a rampa de concreto que faz a ligação do imóvel com o pomar. O entorno do bem se desenvolveu junto com a cidade. É claro, como se encontra no centro pulsante da urbe, já eram vistas outras edificações na região como a de 1927 situada na altura do número 57 da praça. Contudo, desde sua fundação, a dona da moradia acompanhou a urbanização da Praça, a expansão da Igreja da Matriz de São Sebastião e diversas novas construções comerciais e residenciais. Ressalta-se o significado do bem como peça chave que informa sobre os hábitos dos núcleos familiares locais e que integra o grande quebra-cabeça que compõe o histórico do município.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Praça São Sebastião, nº 97, Centro.

Uso: Residencial.

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Descrição:

A edificação térrea, de partido arquitetônico retangular, apresenta volumetria uniforme em relação às edificações vizinhas. Implantada cerca de 50 cm abaixo do nível da rua, em terreno plano e profundo, apresenta-se recuada do alinhamento, com fechamento frontal em gradil de metalon e lateral em mureta. Além do afastamento frontal, possui afastamentos laterais e posterior.

A fachada frontal apresenta pano de vedação revestido em argamassa pintada de branco, guarnecida de detalhes em alto relevo distribuídos irregularmente. Essa fachada é composta por dois planos: o mais recuado é formado pelo alpendre onde está a porta de acesso a residência. O piso desse ambiente é de ladrilho hidráulico e o forro é em laje pré-moldada revestida por tijolos. Sua cobertura é sustentada por pilares de tijolos autoportantes, formando um arco pleno que se apoia em uma pequena mureta que contorna o alpendre. O plano avançado da fachada, por sua vez, apresenta uma janela de verga reta composta por enquadramentos de argamassa pintada de branco. Essa possui duas folhas de madeira com veneziana inferior e vedação em vidro. Internamente apresenta duas folhas cegas de madeira. Além do alpendre, a fachada frontal é composta por duas empenas: um pertencente ao plano avançado e outro maior, que compreende toda a largura da edificação. Sobre esses, desenvolvem-se pequenos beirais em cimalha, que contornam a forma triangular da empena.

As fachadas laterais estão em concordância com a frontal, apresentando os mesmos tipos de vãos. Na fachada posterior, no entanto, observa-se uma janela tipo basculante com folhas de vidro e caixilhos metálicos.

A edificação, de sistema construtivo autoportante de tijolos, possui cobertura que se desenvolve em múltiplas águas, com cumeeira principal paralela à Rua Padre Horta. As telhas são francesas e apoiam-se em um engradamento de madeira.

Internamente, o imóvel é formado por uma sala, uma copa, dois quartos, um depósito, um corredor, um banheiro e uma cozinha. Na sala e nos quartos observa-se o piso de taco de madeira. A copa, corredor e depósito possuem piso em ladrilho hidráulico, o banheiro possui piso cerâmico e a cozinha possui cimentado vermelho. Os cômodos possuem laje pré-moldada de concreto com fechamento em tijolos. Com exceção do banheiro que é azulejado, as paredes internas são revestidas de argamassa pintada de branco.

A área descoberta possui uma pequena rampa de concreto, feita recentemente, que faz a ligação entre o imóvel e o pomar, que se encontra em nível mais baixo. Nesse observam-se árvores de pequeno a médio porte. No afastamento lateral esquerdo há duas construções posteriores: a primeira, próxima à cozinha, trata-se de um apoio para a caixa d’água. A segunda está na divisa do lote e funciona como garagem. Possui cobertura independente em meia água e um portão metálico voltado para a rua.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Álvaro José Andrade; Herácio Hilário Costa; Hildee de Oliveira Machado; Regina Coeli Andrade. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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RESIDÊNCIA À RUA PADRE HORTA, Nº 37 Ano do inventário: 2007

Rua Padre Horta, nº 37 FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico:

O imóvel construído à altura do número 37, na Rua Padre Horta em Araçaí, foi construído no ano de 1905 aproximadamente. Este fator já o liga aos primórdios do desenvolvimento do local que entrou em franca expansão a partir da chegada da linha férrea em 1902 e a fixação de uma estação ferroviária da Estrada de Ferro Central do Brasil em 1903. Um construtor chegado com os trabalhos da ferrovia é quem foi o responsável pelo erguimento do bem, seu nome era Manuel Durval. Espanhol de nascimento, Manuel Durval, nasceu em maio de 1864 e chegou ao povoado, em 1902, com a linha férrea sendo o responsável por diversas edificações locais, entre as quais destacam: Capela de São Sebastião (1913) – hoje Matriz de São Sebastião –; Grupo Escolar e Cemitério Municipal (ambos de 1917) e também construtor da edificação, objeto desta ficha.

Manuel Durval para levar adiante seu projeto de construção do bem, contratou mão de obra local e retirou de suas finanças a verba necessária para completar de maneira satisfatória os procedimentos cabíveis. O uso intentado para o bem foi primordialmente o comercial. Conforme pôde ser verificado entre os moradores do município, logo que se fixou no povoado, o Sr. Manuel abriu um pequeno comércio de secos e molhados e esta foi a sede deste comércio.

Não havia, no terreno, nenhuma construção anterior e o lote não foi desmembrado nem passou por nenhum remembramento. Seu uso comercial se manteve até o fim da década de 1950 aproximadamente, quando então ficou algum tempo abandonado e passou a ser utilizado como residência. Contudo, esse segundo uso não perdurou e, de meados da década de 1980 aos dias atuais, o imóvel permanece vazio. Foram os proprietários deste imóvel: Manuel Durval (1905); Félix Schamon (1920 aproximadamente); João de Paula Sobrinho (1970 aproximadamente). O bem ainda pertence à família de João de Paula Sobrinho, mas, após o seu falecimento, são seus filhos que nominalmente o detêm.

O entorno desenvolveu-se muito, acompanhando a cidade. Datando dos primórdios do povoado, a pequena edificação passou por todas as fases do município e pode ser considerado um verdadeiro monumento que vivifica a lembrança de um passado importante que forma e informa as raízes de Araçaí.

Descrição:

A edificação térrea, de tipologia que remete ao estilo colonial, é, provavelmente, de uma das primeiras construções da cidade de Araçaí. Implantada no alinhamento, no nível da rua e em terreno plano e profundo, apresenta volumetria uniforme em relação às edificações vizinhas. Apresenta partido arquitetônico em “L” e afastamentos lateral direito e posterior. A edificação possui sistema construtivo misto, pois sua fachada conserva a estrutura autônoma de madeira, com vedação, provavelmente em adobe, enquanto no restante do imóvel observa-se estrutura autoportante de tijolos.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Rua Padre Horta, nº 37, Centro.

Uso: Desuso.

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A fachada frontal é assimétrica e apresenta o pano de vedação revestido em argamassa caiada na cor azul escuro. Apresenta uma janela frontal e vãos geminados de porta-janela de um esteio único que os dividem. Os vãos possuem enquadramentos de madeira, vergas retas e uma folha de madeira de abrir pintada na cor cinza escuro.

A fachada lateral esquerda possui pano de vedação revestido por argamassa pintada de branco, onde se afloram os pilares de estrutura autoportante de tijolos. Observam-se duas janelas com enquadramento de madeira pintado de vermelho e uma folha cega de madeira de abrir. A fachada lateral direita apresenta-se da mesma forma, porém não foi possível observar o número de vãos.

O beiral é do tipo simples formado pelo prolongamento das telhas do tipo capa e bica que se apoiam em um engradamento de madeira. A cobertura desenvolve-se em cinco águas, com tacaniça posterior e cumeeiras perpendiculares entre si, seguindo o partido da edificação.

Quanto ao interior do imóvel, seu acesso não foi possível, pois seu responsável não se encontrava presente.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Ruim.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Herácio Hilário Costa; Maria Cláudia Souza dos Santos. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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PRAÇA SÃO SEBASTIÃO Ano do inventário: 2007

Praça São Sebastião FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico:

A Praça São Sebastião é grande referência municipal e pode ser considerada o verdadeiro coração da urbe. Anteriormente, era ali um largo, com algumas árvores e um pequeno coreto que dava espaço a apresentações das bandas locais – corporações estas que hoje já estão extintas. Não era dado ao local nenhum nome específico antes da construção da praça.

Esta foi construída na gestão do terceiro prefeito de Araçaí, o senhor Antônio José Pereira de Moura – conhecido como “alemão” –, nos anos de 1971 e 1972. A obra consistia, inicialmente, em um calçamento de cascalho, a colocação de alguns bancos e delimitação dos canteiros da praça. Também ali – no local onde hoje se encontra o novo coreto – foi colocada uma espécie de marquise para abrigar uma televisão. A partir de então o local recebeu a denominação Praça São Sebastião. O nome veio da Capela erigida à sua frente dedicada a este Santo.

O local permaneceu inalterado até que, no ano de 1987, o prefeito Raimundo Alves de Jesus iniciou uma obra de revitalização desta praça. Ele foi responsável pela remoção da marquise que guardava a televisão e em seu lugar construiu um coreto. O piso da praça também foi alterado com a colocação de ardósia; o desenho original de seus canteiros, de forma ortogonal; foi alterado; modificações também ocorreram na disposição dos bancos, iluminação e foram plantadas novas árvores. Para finalizar a obra, foi colocada uma fonte luminosa no centro da praça. Na gestão do prefeito seguinte, o senhor Márcio Gonzaga Dias de Oliveira, conhecido como “kalú”, foi retirada a fonte da praça restando somente um espelho d’água. O ano apontado para essa intervenção é o de 1989.

A última intervenção pela qual passou o bem foi no ano de 2006, na gestão do atual prefeito o senhor Daniel Valadares Cunha. Nessa obra, foi trocado o piso da praça, removendo a ardósia então encontrada substituindo-a por lajotas de cimento. Os bancos da praça foram alterados, colocadas algumas lixeiras e removido o espelho d’água.

O terreno da praça originalmente pertencia à Igreja, por incluir-se entre os lotes doados a esta instituição por Francisco Pereira da Rocha, ainda no início do século XX, quando a primeira capela da cidade foi construída. Contudo, o continuado uso do local como espaço público de confraternização fez com que essa fosse incorporada ao domínio público, e mesmo antes da emancipação de Araçaí, ainda distrito de Paraopeba, a prefeitura já detinha a posse do terreno. Quanto ao terreno devotado ao largo e, posteriormente, à praça, este não sofreu nenhum tipo de desmembramento ou remembramento no transcorrer dos anos.

O entorno da construção desenvolveu-se junto com a cidade, sendo que os imóveis mais antigos existentes nas suas adjacências são as edificações que hoje abrigam o Bar do Evaristo (1950) e o Bar do Edmar (1927).

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Praça São Sebastião, Centro.

Uso: Praça /Lazer/ Feiras / Festas populares e religiosas.

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Desenho esquemático da Praça São Sebastião

FONTE: Clarissa Pontes, fev/2007

É esta praça o espaço de confraternização por excelência da cidade. Todas as festas cívicas e religiosas do município são, nela, realizadas, com exceção da festa do Rosário que acontece junto à Igreja de Nossa Senhora do Rosário em outro bairro da cidade. Além das comemorações, nos finais de semana, é nesta praça que as pessoas se reúnem e solidificam os laços de amizade que fortalecem e informam os valores da sociedade araçaiense.

Descrição:

A Praça São Sebastião encontra-se voltada para a fachada posterior da Igreja Matriz. Implantada em terreno plano, possui uma área principal, com forma que tende a retangular e uma área secundária, de forma aproximadamente triangular, formada pelo entroncamento de duas vias. A área principal apresenta-se com seus jardins dispostos de forma simétrica. Esses possuem fechamento revestido por argamassa pintada na cor rosa e são ornados com plantas de diversos tipos, tais como: Bela Emília, Camará, Mulata na sala, Rosas entre outras. Possui bordadura em pingo-de-ouro e árvores de pequeno a grande porte, como a Flamboyant. A área secundária possui apenas um acesso, voltado para seu largo, onde estão seus

mobiliários urbanos. Não possui calçada externa e é toda fechada por seus canteiros, que possuem bordadura em pingo-de-ouro e duas árvores de médio porte.

Exceto onde há os jardins, a Praça é toda revestida piso intertravado de concreto. Esses se apresentam em duas cores: cinza e rosa, formando uma paginação em forma de quadrados no eixo longitudinal da área principal e paginação de quadrados concêntricos, em seu largo, localizado praticamente ao meio da área principal da praça.

Quanto aos equipamentos urbanos, há bancos de madeira com descanso, lixeiras pintadas na cor verde e a iluminação é feita por postes metálicos com duas luminárias e rede subterrânea.

A praça possui ainda um coreto, localizado em uma de suas extremidades, encontrando-se ligeiramente deslocado em relação ao eixo longitudinal da área principal. Com forma hexagonal, é formado por uma laje em concreto revestida por piso cerâmico, que se apoia em um pilar central de concreto. O guarda corpo é em metalon, ornado com formas geométricas. Seis tubos metálicos, de pequeno diâmetro, situados nos vértices do hexágono, sustentam a cobertura do coreto, que se desenvolve em seis águas, com cumeeiras radiais. As telhas são quadradas do tipo capa e bica e assentam-se sobre engradamento de madeira. O coreto, abaixo do qual está pequeno jardim, é acessado por uma escadaria em concreto revestido por piso em cerâmica e granito cinza, com guarda corpo idêntico ao descrito. Toda a estrutura de concreto do coreto é revestida, lateralmente por argamassa pintada na cor rosa. Possui luminárias em seus vértices e, uma internamente, em seu centro.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Tombamento municipal.

Estado de Conservação: Excelente.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Álvaro José Andrade; Claudiney Meneses Santana; Maria Cecília Rocha; Raimundo Alves de Jesus; Regina Coeli Andrade. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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PRAÇA JOSÉ DE PAULA FILHO Ano do inventário: 2007

Praça José de Paula Filho FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico:

A Praça José de Paula Filho, situada em terreno defronte onde se encontram as instalações da Prefeitura Municipal de Araçaí, foi construída durante a gestão do prefeito Márcio Gonzaga Dias de Oliveira que durou do ano de 1989 a 1992. Contudo, a história da área onde se situa a pequena praça tem início nas primeiras décadas do século XX.

O primeiro proprietário do terreno era o Sr. José de Paula Sobrinho. Conta-se que, em 1920, aproximadamente foi construído, no local, uma pequena edificação que servia para abrigar um pequeno açougue que movimentava o local com o fluxo comercial inerente a este estabelecimento. Contudo, o açougue não funcionou por muito tempo e, no final da década de 1920, este já havia encerrado suas atividades.

A pequena edificação foi então abandonada e, durante muito tempo, nada de novo aconteceu a ela. Até que, nos meados da década de 1960, após a emancipação de Araçaí, a prefeitura desapropriou o terreno e o incorporou ao patrimônio municipal demolindo a antiga construção ali existente e deixando apenas o espaço vazio. Esta área tinha, como objetivo, melhorar o transito local, além de funcionar como um pequeno largo, ainda que não contasse com nenhum tipo de melhoria (ex. bancos, fonte, etc.) que almejasse atrair os habitantes.

Eis então que, em 1989, por iniciativa do poder executivo local, foi projetada a obra da atual Praça José de Paula Filho. Por ser um trabalho de pequeno porte, no mesmo ano de sua concepção a obra foi concluída e, antes do final deste ano, os citadinos já podiam contar com mais este espaço de convívio. A construção da praça nos é apontada como sendo parte integrante de um impulso de urbanização daquela região e melhoria do entorno das instalações da Prefeitura Municipal. Para além deste objetivo prático, o intuito era o de homenagear o intendente José de Paula Filho, designado pelo Sr. José Magalhães Pinto, governador do estado de Minas Gerais, logo que o município foi emancipado.

A praça passou por poucas intervenções ocorridas no ano de 2002, quando então foram cortadas algumas árvores e os canteiros foram gramados. O local conta com bancos para os visitantes e lixeiras para a manutenção da limpeza local. Embora seja uma construção de pequeno porte, a praça é bastante significativa para os habitantes do local, pois sempre os remete a principal conquista da urbe: sua emancipação.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Praça José de Paula Filho, Centro.

Uso: Praça /Lazer.

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Desenho Esquemático da Praça José de Paula Filho

FONTE: Clarissa Pontes, fev/2007

Descrição:

A Praça José de Paula Filho está implantada em terreno plano. Possui cinco jardins dispostos de forma simétrica, com fechamento revestido por argamassa pintada na cor verde claro. Esses possuem árvores de médio a grande porte, grama como forração e são ornamentados com plantas de diversos tipos, como: bromélias, Fícus, Strelítzia, Dracena, Periquito Verde, Areca Bambu entre outras.

A Praça possui, em seu contorno e em seu eixo longitudinal, espaço para circulação revestido em bloquetes sextavados. Esse se encontra cerca de 10 cm abaixo do nível dos jardins. O eixo longitudinal abre-se, ao centro, formando um círculo com cerca de quatro metros de diâmetro para

receber o busto de José de Paulo Filho, ex-prefeito de Araçaí. Em volta desse, nos jardins, há pequenos arbustos.

A praça possui alguns equipamentos urbanos como bancos para descanso, lixeiras e postes de iluminação. Além disso, apresenta um poste de madeira com uma placa indicando o nome da Praça.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; Maria Cecília Rocha; Raimundo Alves de Jesus. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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CEMITÉRIO MUNICIPAL MANUEL DURVAL Ano do inventário: 2007

Cemitério Municipal Manuel Durval FOTO: Clarissa Pontes, jan/2007

Histórico:

O Cemitério Municipal Manuel Durval é uma das diversas edificações atribuídas ao senhor Manuel Durval quando este se estabeleceu na região. Chegado com os esforços de construção da Estação Ferroviária da Estrada de Ferro Central do Brasil em 1902 e terminado os seus serviços para a companhia, no ano seguinte, em 1903, decidiu estabelecer-se no povoado. Exímio, artífice que era, logo conseguiu fama e reputação entre os habitantes dali sendo o responsável por várias obras locais. Cabe citar rapidamente algumas de suas obras mais significativas: a capela de São Sebastião (hoje Matriz de São Sebastião) e o Grupo Escolar, ambas datando de 1917.

O Cemitério Municipal foi também erguido neste mesmo impulso que objetivava dar à cidade a infraestrutura mínima necessária ao seu desenvolvimento. A sua construção foi iniciada no início do ano de 1917 e, ao fim deste ano, foi entregue aos treze dias de outubro como pode ser facilmente conferido através da inscrição existente no frontispício de sua entrada principal. A mão de obra utilizada para a execução do projeto foi contratada entre os moradores locais. Não havia no local nenhuma estrutura de grande porte, era o cemitério constituído apenas de um terreno cercado e uma área minimamente urbanizada em frente a ele.

João de Paula Moura foi o doador do terreno que abrigou o cemitério. Contudo, com o crescimento da urbe a estrutura montada não era mais capaz de suportar a demanda do lugar. E eis que em 1987, durante a gestão do prefeito Sr. Raimundo Alves de Jesus, é projetada uma expansão deste. Para tanto um sobrinho do doador original foi o responsável pela doação ao poder público do terreno contíguo ao do cemitério. O Sr. João de Paula Sobrinho entregou aos citadinos um lote situado à direita do original de área aproximadamente igual àquela que seu tio havia transmitido, praticamente dobrando o tamanho da propriedade.

Foi também em 1987, que foi edificada a Capela Velório e a pequena praça defronte ao cemitério. De 1987 aos dias atuais, o bem só passou por mais uma intervenção. Em 2006, durante a gestão do prefeito Sr. Daniel Valadares Cunha, foi removido um dos banheiros constantes na edificação da Capela Velório para o feitio de uma pequena despensa para o zelador do local. Os entrevistados ressaltam que, aos poucos, com o crescimento da cidade, o entorno do bem foi também se modificando e relatam que, a partir da década de 1940, algumas casas de morada foram erguidas na região.

O cemitério, embora bastante simples, é repleto de pequenas imagens religiosas e é apontado como verdadeiro arcabouço da memória dos antepassados araçaienses. Todos destacam a função pública desta edificação e declaram guardar com zelo este bem público imprescindível para o município.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Praça São Francisco de Assis, nº 26.

Uso: Necrópole.

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Desenho esquemático do Cemitério Manuel Durval

ELABORAÇÃO: Clarissa Pontes, jan/2007

Descrição:

O Cemitério Manuel Durval está implantado em terreno plano, encontra-se delimitado em todas suas faces por um muro de alvenaria revestido de argamassa pintada de branco. O acesso é feito através de dois portões metálicos pintados de cinza situados em frente à Praça São Francisco de Assis. O primeiro deles, é maior e localiza-se aproximadamente ao centro do cemitério, apresenta duas folhas de abrir. O segundo possui coroamento em forma curva guarnecido por pináculos em suas laterais e uma cruz em seu centro. É dotado de vão em arco pleno, que recebe sua única folha de abrir.

Internamente, o cemitério, de forma retangular, possui calçamento em bloco sextavado, em frente ao portão mais largo e próximo a alguns muros do fechamento, conformando uma área com forma praticamente quadrada. Os jazigos estão dispostos de forma aleatória, com a maioria voltada para o acesso frontal do cemitério. O fechamento dos túmulos é bastante diversificado, variando desde tijolos cerâmicos até granitos, mármores, concreto e ardósia. Alguns túmulos não apresentam jazigos sendo delimitados apenas por crucifixos e flores deixados no chão.

A iluminação é feita através de três postes metálicos com duas luminárias e rede subterrânea. O cemitério possui ainda várias árvores, de pequeno a médio porte, como a Quaresmeira Rosa entre outras.

Fora de seus limites de fechamento, em frente à Praça São Francisco de Assis, está a capela velório. Essa possui forma retangular e está implantada em terreno plano. Sua fachada frontal é simétrica e apresenta três vãos em arco abatido dotados por bandeiras superiores. As duas janelas possuem quatro folhas sendo duas fixas de vidro e duas móveis de correr, além de duas folhas superiores tipo basculante. Os caixilhos são metálicos pintados de azul. A porta possui duas folhas de abrir e caixilhos semelhantes as das janelas. Na fachada frontal há ainda pequeno óculo localizado próximo ao beiral, como fechamento em mosaico colorido. A cobertura desenvolve-se em duas águas, com telhas francesas sobre engradamento de madeira. Internamente, essa edificação possui piso em ardósia, telha vã e mobiliário em bancos de madeira dispostos simetricamente, próximo à circulação central. Possui pequeno altar, onde estão algumas imagens de santos, como a de São Francisco de Assis. Lateralmente, estão dois pequenos cômodos, que funcionam, atualmente como depósito. Ao lado da capela para velório, há uma construção independente para banheiro. Essa possui piso cimentado, telha vã e uma pequena porta de madeira de acesso. Sua cobertura desenvolve-se também em duas águas com telhas francesas.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Carlos Eduardo S. L. Gomes e Clarissa Pontes Melo em jan/2007: Herácio Hilário Costa; Maria Cecília Rocha; Raimundo Alves de Jesus. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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FAZENDA VEADINHOS Ano do inventário: 2009

Fazenda Veadinhos FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

Localizada próxima à área urbana de Araçaí, a Fazenda Veadinhos é uma das mais antigas da zona rural do município. Segundo informações da atual moradora, Maria da Conceição Ferreira Júlio, a Fazenda pertenceu a uma antiga propriedade chamada “Fazenda dos Algodões”, que ocupava grande parte da área rural de Araçaí em meados do século XIX, e cujo nome dos proprietários não foi transmitido aos atuais habitantes do município. A Fazenda dos Algodões tinha esse nome pois a plantação de algodões era o símbolo de sua produção agrícola, com referências ao uso de mão de obra escrava, como acontecia em outras fazendas da região nessa época. Segundo fontes orais, essa grande extensão de terras começou a ser dividida no início do século XX, pelos herdeiros dos antigos proprietários, sendo que o terreno onde se instalava a antiga sede, que atualmente já não existe mais, manteve o nome original. Todas as outras glebas resultantes dessa divisão receberam outros nomes. No caso da Fazenda Veadinhos, esse topônimo se deve à grande proximidade do córrego de mesmo nome, que circunda a propriedade e deságua no Ribeirão do Melo.

Distante quase 5km da antiga sede da Fazenda dos Algodões, a sede da Fazenda Veadinhos foi construída por Modesto Pereira Santana, na década de 1920. A propriedade foi adquirida por Altino Ferreira Júlio no início da década de 1940. Com a morte de Altino, no início da década de 1950, sua viúva, Silvana de Figueiredo Júlio, herdou a propriedade e, em seguida, resolveu fazer a divisão da terra entre seus filhos. A porção correspondente à sede foi passada para seu filho mais velho, Américo Ferreira Júlio, enquanto a outra parte, hoje chamada de Fazenda Veadinho do Meio, ficou para o filho mais novo, Antônio Ferreira Júlio.

Desde então, Américo reside na edificação, onde se casou, em 1947, com Leonor de Oliveira Júlio, falecida na década de 90. Atualmente, Américo, já bastante debilitado por um derrame sofrido em 1995, mora com sua filha, Maria da Conceição Ferreira Júlio, que é responsável por seu pai e pela fazenda.

Desde que a casa foi construída, algumas reformas de manutenção e adaptação foram realizadas. O alpendre frontal, por exemplo, não faz parte da edificação original, tendo sido construído em meados da década de 1940, por Silvana de Figueiredo Júlio, avó de D. Maria da Conceição. A cozinha não possuía as dimensões atuais quando foi concebida, ampliação que só aconteceu no fim da década de 1950, para a realização de uma festa de casamento. Foi feita ainda a troca do piso em tijolo maciço da cozinha por placas cerâmicas, há cerca de trinta e cinco anos. Nos quartos próximos à sala de estar ocorreu, em meados da década de 1980, a substituição parcial da cobertura (mal conservada na época), sendo hoje constituída por telhas em amianto. Nesse período foi realizada também a remoção da antiga janela de um banheiro, presente na parte de trás da construção, para colocação de uma esquadria metálica com vedação em vidro. Em 1995, duas portas em madeira – uma pertencente a um dos banheiros adjacentes à cozinha e a segunda que interliga este ambiente aos fundos da residência – foram trocadas por folhas metálicas. Outra intervenção ocorrida refere-se à construção, há dois anos, do banheiro pertencente à

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Estrada para Cordisburgo a 3km do distrito Sede.

Uso: Residencial.

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única suíte da residência, cujas telhas foram retiradas do chiqueiro. A reforma mais recente consistiu na criação de uma área com tanque (lavanderia), anexa à fachada posterior.

Descrição:

A Fazenda Veadinhos está implantada - tomando-se como referência a estrada que lhe dá acesso - em um terreno em declive, o qual é limitado na parte posterior pelo Córrego Veadinhos e sua respectiva “mata ciliar”, já bastante descaracterizada. Nas demais faces, a área é circundada por cerca em toras de madeira. Os espaços livres no entorno do imóvel são ocupados por um pátio aberto na porção frontal, por um curral, um paiol e uma casa de máquinas (para moer milho e cana-de-açúcar, por exemplo) na lateral direita, por uma garagem coberta e um espaço para secagem de roupa na lateral esquerda e por um vasto pomar e local para criação de aves (gansos, pavões e galinhas) na parte posterior.

A construção é composta por dois volumes contíguos, formando um partido em “L”, sendo um de dois pavimentos e o outro de volumetria térrea, interligados por uma escada interna. O volume de dois pavimentos é frontal, acessado pelo pavimento superior. Pela porção frontal do lote, não é possível visualizar o pavimento inferior, que existe em função do declive do terreno. O volume posterior, de um pavimento, está implantado em uma porção mais baixa da fazenda, e possui pé-direito mais alto. O acesso principal ao interior da residência é feito por um alpendre anexo à sua face frontal, o qual apresenta piso em ladrilho hidráulico e sem forração, com guarda-corpo formado por uma treliça em madeira.

Na fachada frontal estão presentes ainda quatro vãos, sendo uma janela no plano mais avançado, à esquerda, e duas janelas e uma porta que se abrem por trás do vão do alpendre, à direita. Todos possuem verga reta, são do tipo “abrir”, não apresentam bandeira e tanto o enquadramento quanto a vedação de uma folha são em madeira.

Internamente, a distribuição dos cômodos faz-se da seguinte maneira: o volume principal (adentrado através do alpendre) é constituído por um hall cercado por quatro dormitórios e uma ampla sala interligada a mais dois quartos, sendo um deles suíte; em nível inferior, tem-se um segundo espaço, também de grandes dimensões, utilizado como cozinha e depósito para utensílios domésticos, o qual é interligado a duas instalações sanitárias e a uma pequena área de serviço, vinculada à face posterior. Em relação aos materiais empregados no piso e no forro desses ambientes, há um predomínio do tabuado em madeira e da telha vã, respectivamente -. Em algumas situações, no entanto, tem-se piso cimentado (no depósito junto à cozinha, na área de serviço e nos dois banheiros da porção posterior) ou cerâmico (na cozinha e no banheiro da suíte), e forração em esteira de taquara (sobre o quarto que compõe a suíte) ou laje (em um dos banheiros junto à cozinha).

Quanto ao sistema construtivo adotado, foi possível identificar diferentes materiais na sede da fazenda: estrutura autônoma em madeira com vedação em tijolo cerâmico maciço ou adobe (nas paredes antigas) e situações em que se adotou tijolo cerâmico furado e bloco em concreto (nas paredes recentes), além de algumas paredes autoportantes em pau a pique.

No tocante à cobertura, tem-se um telhado de múltiplas águas, com engradamento em madeira, telhas cerâmicas do tipo “canal” (predominantemente) e telha em amianto (no caso de um quarto e de um dos banheiros com acesso pela cozinha). É bastante irregular, devido à quantidade de acréscimos. O manto do volume frontal é mais elevado que o da porção posterior, sendo esses dois perpendiculares entre si, e a cumeeira do manto frontal é paralela à fachada principal. Tanto na fachada frontal quanto nas laterais da residência, não há coroamento do telhado, apenas um beiral simples de pequeno avanço em relação às fachadas. O alpendre frontal se encontra integrado ao volume da edificação, sendo sua cobertura um prolongamento do telhado principal.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Herácio Hilário Costa; Maria da Conceição Ferreira Júlio.

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FAZENDA BOA ESPERANÇA Ano do inventário: 2009

Fazenda Boa Esperança FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

Localizada a aproximadamente 9km do núcleo urbano de Araçaí, a Fazenda Boa Esperança é tida como uma das mais antigas e produtivas da zona rural do município. De acordo com Herácio Hilário Costa, grande estudioso da história local, sua sede foi construída na década de 1860, por Leonel Pereira de Santana. Por volta do ano de 1900, Leonel vendeu a fazenda para Dr. Senra, como era conhecido na região, de quem não se sabe o nome completo. Quando adquiriu as terras, Dr. Senra contou com a ajuda de um administrador, José Cardoso Coelho, e foi ele quem comprou a estância cerca de 10 anos depois. José Cardoso vendeu o terreno no início da década de 1940 para José Costa, que negociou a propriedade com José Júlio Mascarenhas, na década de 1950. Este último vendeu a fazenda para Egberto Maldonado e Aníbal Mascarenhas no final da década de 1960. Há cerca de 30 anos, os dois sócios resolveram dividir o terreno, sendo que a Egberto coube a porção que abrange a sede.

Desde então, o imóvel é utilizado apenas para lazer pela família de Egberto Maldonado, que reside no Rio de Janeiro e frequenta a fazenda nos finais de semana. Quem gerencia a propriedade atualmente é seu genro, José Ricardo de Andrade, que também não mora no local. No terreno da fazenda existem diversas pequenas construções espalhadas, onde vivem os funcionários, que mantém as atividades de produção cotidiana da mesma.

A cultura principal da fazenda Boa Esperança sempre foi a criação de gado, sendo que em tempos passados, era também feito o cultivo de milho em larga escala e a criação de porcos. Atualmente, grande parte da fazenda virou pasto para a criação de gado nelore. Cabe ressaltar que, com em quase toda a região, existe na propriedade um número considerável de bambuzais.

A propriedade é circundada pelo Córrego do Melo e, segundo alguns funcionários, existe em suas adjacências um antigo cemitério de escravos, que é motivo de grande superstição na região.

A Fazenda Boa Esperança passou por algumas reformas desde a sua inauguração. O imóvel original era constituído apenas pelo volume da esquerda, o qual abrigava basicamente a sala, os dormitórios nas laterais e a cozinha ao fundo. O piso desses dormitórios era, anteriormente, em assoalho de madeira. Atualmente, o revestimento dos pisos nesses cômodos é em lajota, mas não se sabe a data dessa alteração. Em 2000, o piso do alpendre, originalmente em lajota, foi substituído tijolos cerâmicos maciços. Em 2003 ocorreu a reforma mais recente, em que foram incorporados quatro novos quartos à porção direita da edificação. Para 2009 estão previstas intervenções que visam à manutenção do imóvel.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Estrada para Cordisburgo no sentido Nordeste a 9km do distrito Sede.

Uso: Residencial.

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Descrição:

A Fazenda Boa Esperança está implantada - tomando-se como referência a estrada que lhe dá acesso - em um terreno em declive. O fechamento do terreno é feito por uma mureta em tijolos cerâmicos maciços (na parte frontal) e por cerca (nos demais lados). As áreas livres no entorno da construção são “ocupados” por um espaço gramado com alguns bancos para descanso - na porção frontal -, árvores de médio a grande porte – nas laterais –, além do Córrego do Melo, uma pequena plantação de bambu e um espaço de lazer com piscina, churrasqueira e sauna – na parte posterior.

A construção é composta por dois volumes, ambos de pavimento único, dispostos lado a lado e interligados por meio de um corredor. O acesso principal é feito pelo alpendre frontal do volume da esquerda, o qual apresenta piso em tijolinho cerâmico, guarda-corpo formado por mureta em argamassa e corrimão em madeira, e sem forração.

Na porção esquerda da fachada frontal, correspondente ao volume original, estão presentes, por trás do vão do alpendre, seis vãos, sendo quatro janelas e duas portas. Todos possuem verga reta e não apresentam bandeira, entretanto, diferenciam-se em relação à vedação e ao sistema de abertura: as portas apresentam vedação apenas em uma folha de madeira e são do tipo abrir; as janelas, por sua vez, são vedadas tanto em madeira (no caso das duas folhas internas de abrir) quanto em caixilhos de madeira e vidro (nas folhas externas do tipo guilhotina).

Internamente, a distribuição dos cômodos faz-se da seguinte maneira: o volume principal (adentrado através do alpendre) é constituído por uma ampla sala de estar, com lareira, cercada por três dormitórios - sendo um deles suíte - e dois banheiros. Essa sala dá acesso, à esquerda, à sala de jantar, cozinha, despensas, dependência de empregada (com banheiro), área de serviço e garagem coberta. Seguindo-se pela porta à direita da sala de estar, tem-se um espaço que desempenha a função de biblioteca - interligado a uma instalação sanitária -, um salão de jogos, seis quartos – quatro deles suíte –, cinco banheiros, um depósito para roupas e uma varanda voltada para os fundos do terreno. Em relação aos materiais empregados no piso e no forro desses ambientes, há um predomínio da lajota e da laje em concreto – respectivamente -. Em algumas situações, no entanto, tem-se piso em ardósia (salão de jogos) ou cerâmico (banheiros, por exemplo) e forração em telha vã (nas salas de estar e jantar) ou lambri (nos quartos do volume original, à esquerda).

Quanto ao sistema construtivo adotado, foi possível identificar a estrutura autônoma em madeira com vedação em tijolo cerâmico (nos cômodos mais recentes) ou adobe (nas paredes originais).

No tocante à cobertura, tem-se um telhado principal mais alto, correspondente ao volume original da residência, e um secundário mais baixo, que cobre os cômodos mais recentes. Ambos apresentam múltiplas águas, com engradamento em madeira, e vedação com telhas cerâmicas do tipo “canal” e cumeeiras principais paralelas à fachada principal. Tanto na fachada frontal quanto nas laterais da residência não há coroamento do telhado, apenas um beiral simples de pequeno avanço em relação às fachadas. O alpendre frontal se encontra integrado ao volume da edificação, sendo sua cobertura um prolongamento do telhado principal.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Evanilda Luiza Pereira Moreira; Herácio Hilário Costa.

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PONTILHÃO FERROVIÁRIO Ano do inventário: 2009

Pontilhão ferroviário FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

O Pontilhão compõe a estrada de ferro que corta a zona rural de Araçaí, em seu trecho de transposição do Córrego do Melo. Foi construído em substituição a uma ponte antiga de madeira, instalada em 1902, simultaneamente à implantação da linha férrea no município. Dez anos depois de sua inauguração, ocorreu um incêndio próximo ao local da ponte, ameaçando a construção. Por medo de novo incêndio, que poderia resultar em sua ruína, a ponte foi toda refeita, da forma como se encontra atualmente. Uma placa de concreto afixada no piso às margens do pontilhão, com as inscrições “Dr. Engenheiro Urbano Setembrino de Carvalho”, indica, possivelmente, o nome do responsável pela construção da nova ponte, informação que foi confirmada por Sr. Herácio Hilário Costa, morador de Araçaí e estudioso da história local. Desde então, a estrutura pênsil não passou por nenhuma intervenção.

Nos dias atuais, o pontilhão ainda é utilizado na travessia de trens de carga, que passam pelo município sem parar. O local também é usado como ponto de encontro de moradores nos finais de semana, para lazer e contato com a natureza.

Descrição: O pontilhão está implantado sobre o Córrego do Melo, às margens da estrada de terra que corta a área rural de Araçaí. É constituído por quatro robustos alicerces em pedra, sendo dois periféricos e dois centrais, que suportam duas vigas longitudinais em concreto. Dormentes de madeira são dispostos transversalmente sobre as vigas e, presos a eles, são instalados os trilhos de ferro, afixados por meio de grossos pregos de ferro. A estrutura recebe um reforço feito por um elemento metálico de cada lado, suportado através de mãos francesas. Em uma das laterais, essa estrutura apoia um duto metálico que envolve fiações (telefônica e fibra ótica, por exemplo), protegendo-as contra furtos. A estrutura pênsil se configura como uma via dimensionada para comportar um único trem.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Estrada para o povoado de Carvalho de Almeida, a 2km do distrito Sede.

Uso: Travessia ferroviária.

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Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Herácio Hilário Costa. Obras / Documentos consultados: MEMÓRIA ARQUITETURA. Plano de Inventário de Proteção do Acervo Cultural de Araçaí. Belo Horizonte, 2006.

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FAZENDA TABOCAS Ano do inventário: 2009

Fazenda Tabocas FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

A Fazenda Tabocas está localizada na porção sudeste da zona rural de Araçaí, próxima da divisa com o município de Jequitibá. A toponímia “Tabocas” é utilizada como sinônimo para bambus ou um bambuzal, e foi utilizada para batizar a fazenda por ser o mesmo nome do córrego que circunda a propriedade. Com efeito, a denominação do córrego é apropriada, dada a grande ocorrência de bambus em suas margens. Outra informação relevante sobre a localidade é a frequência de relatos sobre potes de barros e outros fragmentos de artefatos encontrados próximos ao Córrego Tabocas, indicando que o local pode ser alvo de uma futura prospecção arqueológica.

Para elaboração desse histórico, foi ouvida uma família de descendentes de escravos que trabalharam na fazenda desde antes do fim da escravidão no Brasil, até o início do século XX.

De acordo com esses relatos, a sede da Fazenda Tabocas foi construída em meados do século XIX por Joaquim Barboza da Silva, conhecido na região como Coronel Quincas. Com a morte do Coronel Quincas, no início do século XX, seu filho, Vicente de Paula Barboza da Silva, adquiriu a posse da propriedade, tendo herdado uma parte e comprado o restante de suas irmãs. Vicente viveu na fazenda até falecer, em 1980, quando ela foi herdada por seu único filho, Marcelo Barboza da Silva, que, como seu pai, vivia na fazenda desde a infância. Atualmente, Marcelo, já com quase 80 anos, reside em Belo Horizonte.

Segundo o funcionário José Roberto Lima da Cruz, que mora na fazenda desde que nasceu, quando seu pai trabalhava lá, a propriedade sempre foi próspera, com grandes plantações de milho e cana de açúcar, além da criação de gado de corte e de porcos caipira. Atualmente, apenas a criação de porcos não existe mais, sendo que as outras culturas permanecem ativas.

As intervenções mais antigas realizadas na fazenda consistiram na construção do paiol da fazenda em 1900, e de uma cocheira por volta de 1950, além de uma casa adjacente à sede, há cerca de 50 anos. Houve ainda a troca de alguns caibros da cobertura da sede, assim como o reposicionamento das telhas que se encontravam deslocadas, no início da década de 1980. Também é realizada manutenção frequente na residência, como troca de telhas, reforma de pisos, dentre outros, embora não se tenha dados sobre a época dessas reformas.

Descrição:

A Fazenda Tabocas está implantada - tomando-se como referência a estrada que lhe dá acesso - em um terreno com leve declive, o qual é limitado na parte posterior por uma pequena plantação de bambus. Nas demais faces, a área é circundada por cerca. Os espaços livres no entorno do bem constituem áreas permeáveis (cobertas por vegetação rasteira, predominantemente, e com algumas árvores de maior porte espaçadas entre si, com destaque para a casuarina centenária localizada próxima à porteira de entrada)

Município: Araçaí

Distrito: Carvalho de Almeida

Endereço: Estrada para Jequitibá a 16km do distrito Sede

Uso: Residencial

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ou são ocupados, nas laterais, pelo curral e por construções que abrigavam o “quarto de arreio” dos animais, o paiol e o “quarto de creme” - no qual ocorria o processo de retirada da nata presente no leite.

A edificação é composta por volume único, térreo e com partido tendendo ao formato de um “L”. O acesso principal à residência é feito por um alpendre anexo à sua face frontal, o qual apresenta piso cimentado, guarda-corpo em argamassa, e sem forração.

Na fachada frontal, revestida em reboco e caiação, estão presentes cinco vãos, sendo três janelas e duas portas. Todos têm verga reta e enquadramento em madeira. Enquanto as portas apresentam uma folha de abrir em madeira e não possuem bandeira, as janelas caracterizam-se por vedação dupla, sendo a vedação interna feita por duas folhas de abrir em caixilhos esquadria em madeira com vidro e a externa em duas folhas, também de abrir, porém em veneziana de madeira. Além disso, as janelas possuem bandeira fixa, também em madeira vedada com vidro.

Internamente, a distribuição dos cômodos faz-se da seguinte maneira: a partir do alpendre frontal adentra-se uma ampla sala circundada por quatro dormitórios e um espaço utilizado como escritório (o qual também possui ligação direta com o alpendre); seguindo o corredor central adjacente à sala chega-se à parte posterior do imóvel, onde se localizam a sala de jantar, a cozinha, a instalação sanitária e dois depósitos. Em relação aos materiais empregados no piso e no forro desses ambientes, há um predomínio do tabuado em madeira e da esteira em taquara, respectivamente. Nos cômodos posteriores da residência, no entanto, tem-se piso cimentado e inexistência de forração (com exceção da sala de jantar, com forro de esteira).

Quanto ao sistema construtivo adotado foi identificada apenas estrutura autônoma em madeira com vedação em adobe.

No tocante à cobertura, observa-se um telhado de múltiplas águas, em forma semelhante a um “L”, com engradamento em madeira e telhas cerâmicas do tipo “canal”. Tanto na parte frontal quanto nas laterais da residência não há coroamento do telhado, apenas um beiral simples. O alpendre frontal se encontra integrado ao volume da edificação, sendo sua cobertura um prolongamento do telhado principal.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Herácio Hilário Costa; José Roberto Lima da Cruz.

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FAZENDA ESTIVA Ano do inventário: 2009

Fazenda Estiva FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

A Fazenda Estiva se localiza na porção nordeste da área rural de Araçaí, próximo à divisa com o município de Cordisburgo.

De acordo com o atual proprietário da fazenda, Alcides Batista Ferreira, seu avô, Francisco Batista Conceição, comprou o terreno por volta de 1900. Alcides não soube precisar de quem seu avô adquiriu as terras, sabe-se apenas que ela já existia com o mesmo nome. Entretanto, durante muitos anos, Francisco não exerceu qualquer atividade no lote.

Apenas no final da década de 1940, com o falecimento de Francisco, seu filho e herdeiro, Raimundo Batista da Conceição, pai de Alcides, construiu a edificação sede e se mudou para lá, dando início às primeiras plantações de milho, feijão e arroz. Beneficiado pelo Córrego da Estiva, que passa atrás da propriedade, a irrigação da terra sempre foi boa, favorecendo a agricultura. Entre os anos de 1950 e 1960, Raimundo construiu currais para a criação de gado de corte, e chiqueiros para criar porcos caipiras. Segundo Alcides, a fazenda encontrou seu auge entre os anos de 1960 e 1980, quando produzia muito milho e feijão e tinha um pasto com bastante gado.

Em 1981, Alcides se casou e construiu um barracão nos fundos da casa do pai, onde passou a morar com a esposa. Com a morte de Raimundo, em 1991, Alcides, que era filho único, herdou a propriedade e foi morar na sede. Sem muitos recursos, não conseguiu manter o ritmo produtivo da época de seu pai, prejudicado também pela falta de novos equipamentos e mão de obra, além da grande concorrência com os grandes produtores. O sustento de sua família é garantido principalmente pela produção de leite, que é vendido para a Itambé através do sindicato de produtores rurais.

Dentre as reformas realizadas no imóvel, destacam-se a substituição do assoalho de madeira dos cômodos internos por ladrilho hidráulico e a troca do engradamento em madeira da cobertura, no final da década de 60, juntamente com a renovação da camada pictórica das paredes internas e externas. Em 1981, houve a construção de uma nova edificação na parte posterior da sede, onde Alcides passou a residir logo que se casou. Em período não determinado pelo proprietário, houve a troca de uma janela em madeira da cozinha por outra de esquadria hidráulica e vedação em vidro.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede .

Endereço: Estrada para Cordisburgo a 11km do distrito Sede.

Uso: Residencial.

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Descrição:

A Fazenda Estiva está implantada em um nível acima ao da estrada que lhe dá acesso, em terreno praticamente plano, limitado por cerca. Os espaços livres no entorno do imóvel conformam principalmente áreas permeáveis (com terra batida, vegetação rasteira e árvores de médio a grande porte, espaçadas entre si). Entretanto, outros elementos ocupam determinados trechos. Na parte posterior, existe uma edificação independente, construída pelo atual proprietário para servir de moradia pessoal, o paiol e os depósitos para máquinas; na porção frontal, por sua vez, está instalado o curral.

A construção é composta por volume único, térreo e com partido em “L”. Seu acesso principal é feito por um alpendre anexo à face frontal, o qual apresenta piso em ladrilho hidráulico, guarda-corpo em argamassa, e sem forração. Quanto ao sistema construtivo, adotou-se apenas estrutura autoportante em tijolo cerâmico maciço.

Na fachada frontal, revestida em reboco e caiação, estão presentes cinco vãos, sendo quatro janelas e uma porta. Todos possuem verga reta, enquadramento e vedação em uma folha de abrir em madeira, e não apresentam bandeira.

A partir do alpendre, adentra-se tanto a residência propriamente dita quanto um depósito independente do restante do conjunto. Internamente, a distribuição dos ambientes faz-se da seguinte maneira: a sala de estar surge como o primeiro ambiente da casa, juntamente com três dormitórios; a seguir tem-se uma sala de jantar circundada por dois quartos e um banheiro; na parte posterior está instalada a cozinha. Em relação aos materiais empregados no piso e no forro desses ambientes, há um predomínio do ladrilho hidráulico e lambri de madeira, respectivamente. Em algumas situações, no entanto, tem-se piso cerâmico (no banheiro) e inexistência de forração (depósito independente).

No tocante à cobertura, tem-se um telhado de seis águas com forma de “L”, com telhas francesas sobre engradamento em madeira, e coroamento em beiral simples. O alpendre frontal apresenta cobertura independente, com manto de três águas em telha francesa sobre engradamento em madeira.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Alcides Batista Ferreira.

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FAZENDA CATARINA Ano do inventário: 2009

Fazenda Catarina

FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

Segundo Herácio Hilário Costa, habitante de Araçaí e grande estudioso da história local, esta fazenda é uma das mais antigas da região, parte de uma grande sesmaria pertencente à família Pereira de Santana. A edificação sede foi construída no final do século XIX, por Antônio Pereira de Santana. Com seu falecimento, no início do século XX, a fazenda foi transferida para seus herdeiros, entre eles Guilhermina Pereira, casada com Domingos Maria de Souza, mais conhecido como “Nego” Maria. Guilhermina e Nego Maria compraram as partes dos demais herdeiros por volta de 1910. No início da década de 1940, Nego Maria faleceu, deixando a propriedade para seus filhos. O mais velho, João Maria de Souza, adquiriu a parte dos irmãos e passou a administrar a fazenda.

O auge da produção agrícola da fazenda ocorreu há cerca de 30 anos, com pasto para gado e pequenas plantações, como mandioca, feijão, arroz e milho. Desta época, restam ainda na Fazenda um moinho com maquinário completo e um engenho de cana-de-açúcar, sendo este último já desativado.

Há aproximadamente 6 anos, João Maria faleceu, e seus herdeiros venderam a Fazenda para o atual proprietário, Valmir dos Santos.

Atualmente, a fazenda apresenta cultivo de cana, bambu e milho, além de gado para produção de leite.

Como o proprietário não se encontrava presente durante o levantamento e o entrevistado que forneceu os dados nunca morou na fazenda, não foram obtidas informações acerca das modificações ocorridas na edificação.

Descrição:

A Fazenda Catarina está implantada - tomando-se como referência a estrada que lhe dá acesso - em um terreno em declive, limitado na parte posterior pelo Córrego do Melo. Nas demais faces, a área é circundada por cerca em toras de madeira. Os espaços livres no entorno do imóvel constituem principalmente de áreas permeáveis (chão em terra batida, com vegetação rasteira ou árvores de variados portes) com uma edificação mais recente utilizada como residência de funcionários e por um engenho, na lateral esquerda, além de um galinheiro e um moinho, na parte posterior.

A construção, de pavimento único e partido em “L”, apresenta um anexo junto à fachada posterior, correspondente ao espaço para lavagem de roupa. O acesso principal à residência é feito por um alpendre anexo à sua face frontal, o qual apresenta piso cimentado, guarda-corpo em argamassa, e sem forração.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede .

Endereço: Estrada para o povoado de Carvalho de Almeida a 4km do distrito Sede.

Uso: Residencial.

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Na fachada frontal, revestida em reboco e caiação, estão presentes quatro vãos, sendo uma porta no plano mais avançado (correspondente a um depósito) e duas janelas e uma porta no plano recuado, por trás do alpendre. A porta de acesso ao depósito anexo ao alpendre apresenta verga reta e duas folhas constituídas por madeira e tela metálica. As janelas e a porta em segundo plano possuem verga reta, enquadramento em madeira e vedação em uma folha de abrir em madeira.

Internamente, a distribuição espacial faz-se da seguinte maneira: após o alpendre, adentra-se um amplo cômodo vazio circundado por outro ambiente de grandes dimensões à esquerda, por dois pequenos depósitos à direita e por uma sala à frente; a partir da sala tem-se outro depósito à direita e uma segunda sala à esquerda; desta, acessa-se um quarto, um cômodo vazio e a cozinha. Adjacente à cozinha, por sua vez, está a despensa e o único banheiro da residência. Junto à fachada posterior encontra-se a área coberta para lavagem de roupa, sem acesso direto com o interior do imóvel. Em relação aos materiais empregados no piso e no forro desses ambientes, há um predomínio do cimento queimado e telha vã, respectivamente. Em algumas situações, no entanto, têm-se situações com piso em tijolo cerâmico maciço (em um depósito e uma das salas) e laje de forro (no banheiro).

Quanto ao sistema construtivo adotado foi possível identificar apenas estrutura autônoma em madeira com vedação em adobe.

No tocante à cobertura, tem-se um telhado de múltiplas águas, com manto em telhas cerâmicas do tipo “canal” sobre engradamento em madeira. Tanto na face frontal quanto nas laterais da residência não há coroamento do telhado, apenas um beiral simples. O alpendre frontal se encontra integrado ao volume da edificação, sendo sua cobertura um prolongamento do telhado principal, com uma água secundária na lateral esquerda se destacando das demais.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Alice Fernandes Alves; Herácio Hilário Costa.

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RESIDÊNCIA À RUA TASSIANO FERNANDES DE OLIVEIRA, Nº 30 Ano do inventário: 2009

Residência à Rua Tassiano Fernandes de Oliveira, nº 30

FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

O imóvel foi construído entre o final do século XIX e o início do século XX, pela Prefeitura Municipal de Paraopeba, para abrigar uma escola primária. Na época, Araçaí era apenas um povoado desse município, se elevando a distrito em 1911. Após a emancipação, em 1963, a escola passou a pertencer à Prefeitura do recém-inaugurado município.

A escola rural era composta por apenas duas turmas de crianças, e a edificação contava com apenas duas salas de aula e um avarandado com um fogão a lenha, onde eram feitas as refeições. Uma casinha no quintal abrigava uma fossa.

Assim funcionou a Escola até a década de 1960, quando foi desativada, após a construção da Escola Municipal Dr. Ildefonso Mascarenhas da Silva

1 no núcleo do distrito, próximo à antiga Estação Ferroviária

de Carvalho de Almeida. A edificação ficou, então, vazia, por aproximadamente 5 anos, quando foi cedida pela Prefeitura para Alcides de Paula Pereira e Maria do Carmo Pereira, que habitam o imóvel até os dias de hoje.

Para realização das reformas na edificação seus atuais moradores contaram com a ajuda financeira da Prefeitura Municipal de Araçaí. Uma das mais relevantes intervenções ocorreu há aproximadamente 25 anos, com a substituição da cobertura original (tanto o engradamento em madeira quanto as telhas), a demolição de uma das salas, que estava caindo, e a construção de um quarto, nos fundos da residência, e de um banheiro, adjacente à sala remanescente, que foi transformada em quarto. Dez anos depois, o telhado de parte da edificação teve suas peças novamente trocadas. Cerca de doze anos atrás, o antigo avarandado existente desde a época da escola teve suas laterais fechadas com paredes, e foi dividido ao meio, dando origem à sala e à cozinha.

Descrição:

A edificação está implantada em um terreno plano e em nível acima ao da estrada que lhe dá acesso, com afastamentos em todas as direções. O fechamento do terreno faz-se predominantemente por cerca com

1 Desativada desde meados da década de 1990.

Município: Araçaí.

Distrito: Carvalho de Almeida .

Endereço: Rua Tassiano Fernandes de Oliveira, nº 30.

Uso: Residencial.

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toras de madeira e arame farpado e, alguns trechos, por bambu. No entorno do imóvel há tanto áreas livres permeáveis, em terra batida ou cobertas por vegetação rasteira, quanto trechos ocupados por árvores frutíferas, varal para secagem de roupas e uma antiga instalação sanitária (atualmente utilizada como depósito), na lateral direita; e área coberta com tanque, galinheiro e pequena horta, na porção frontal.

A construção é composta por um volume único, térreo, com partido em “L”. O principal acesso ao seu interior é feito por uma das duas portas na face frontal, embora essa porta pareça secundária, devido a suas dimensões mais reduzidas. A outra porta constituía a entrada da antiga escola, e não é mais usada desde que a sala de aula foi transformada em quarto. Na fachada frontal há ainda mais duas janelas. Todos os vãos possuem verga reta e enquadramento em argamassa. Não apresentam bandeira e possuem vedação em duas folhas de abrir em madeira. A porta principal, na extremidade esquerda, apresenta ainda uma cancela, também em madeira.

Internamente, a distribuição dos cômodos faz-se da seguinte maneira: a partir da entrada principal, acessa-se um pequeno ambiente utilizado como sala de estar e jantar, adjacente a uma cozinha com fogão a lenha. A partir deste espaço chega-se a dois quartos, um de dimensões menores (na parte posterior da casa) e outro muito amplo (antiga sala de aula) e com acesso direto ao único banheiro da edificação. Esse quarta maior também possui acesso externo, porém ele não é utilizado. Em relação aos materiais empregados no piso e no forro desses cômodos, há um predomínio do cimentado (com exceção do quarto maior, que apresenta tabuado em madeira) e da telha vã, respectivamente.

Quanto ao sistema construtivo, foi adotada estrutura autônoma em madeira com vedação em tijolo cerâmico maciço. A cobertura apresenta manto principal em telhas cerâmicas do tipo “canal”, formado por duas águas, sendo uma delas prolongada em direção à esquerda e aos fundos, para cobrir a porção correspondente à sala, à cozinha e ao quarto menor. O banheiro recebe cobertura em meia água de mesmo material. Tanto na face frontal quanto nas laterais da residência não há coroamento do telhado, apenas um beiral simples com pequeno avanço em relação às fachadas.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Ruim.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Maria do Carmo Pereira.

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RUÍNA DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CARVALHO DE ALMEIDA Ano do inventário: 2009

Ruína da Estação Ferroviária de Carvalho de Almeida

FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

Localizado na porção sul da zona rural do município de Araçaí, o distrito de Carvalho de Almeida teve o início de seu povoamento no segundo quartel do século XIX, com a passagem de tropeiros, comerciantes, viajantes em geral, mercadorias e produtos, ligando a região de Sete Lagoas a Curvelo. Até essa época, o distrito era conhecido como Tabocas, em homenagem ao córrego que corta a região, e Paraopeba. A atividade predominante no local era uma pequena agricultura de subsistência e o comércio de gado de leite, além da plantação de algodões, forte motor econômico da região neste período. O distrito foi conquistando uma grande importância na região, ao ponto ser considerado naquela época, por alguns moradores locais, mais forte economicamente que Araçaí, de onde é distrito atualmente.

Dentro do processo de expansão da Estrada de Ferro Central do Brasil, foi construída no distrito, em 1903, uma Estação de cargas e passageiros, que servia de ponto de apoio para os comerciantes e agricultores da região comercializarem seus produtos

2. A estação foi inaugurada como estação Tabocas e, possivelmente,

permaneceu com este nome até 1928, quando passou ser chamada de Carvalho de Almeida, uma homenagem da Companhia ao engenheiro José Carvalho de Almeida, subdiretor da empresa que trabalhou efetivamente na região. Logo, o distrito também passou a ter o mesmo nome.

Ao lado da estação, foram construídas sete a oito edificações, onde residiam, com suas famílias, funcionários da companhia que prestavam serviços no local, na manutenção básica da estação e da linha, guarda-chaves, bilhetagem, controle de cargas e passageiros, além do chefe da seção, que residia na casa principal. A Estação Ferroviária teve papel importante na propulsão econômica da localidade. Haja vista que Carvalho de Almeida encontrou seu auge econômico e social em consonância com o auge da estrada de ferro na localidade.

Segundo fontes orais, havia um grande pátio próximo da estação, onde estacionavam os caminhões, destinados ao escoamento da produção de algodão, principalmente, para os grandes centros. Era nele também que eram descarregados os produtos básicos para a população local. A carga e descarga de caminhões de algodão provenientes da Fábrica Cedro Cachoeira, com destino a Belo Horizonte, era um dos principais movimentos da Estação Ferroviária.

Com o decorrer dos anos, o gradativo esvaziamento das atividades nas estradas de ferro no país acabou por atingir Carvalho de Almeida, que via, aos poucos, seu fluxo de pessoas e mercadorias diminuir. Simultaneamente, ocorria a diminuição do número de funcionários no distrito, até o total encerramento das atividades da estrada de ferro, no início dos anos de 1970. Outro aspecto relevante deste momento foi o caso da escola do distrito, que contava com 120 alunos em meados da década de 1970 e foi

2 Disponível em http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcb_mg_linhacentro/carvalho.htm. Acesso em março de

2009.

Município: Araçaí.

Distrito: Carvalho de Almeida .

Endereço: Às margens da linha férrea, no distrito de Carvalho de Almeida.

Uso: Vago.

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gradativamente diminuindo até seu encerramento total, em meados da década de 1990. Atualmente, o distrito possui pouco mais de cem habitantes e aproximadamente vinte casas, e as crianças da localidade estudam em escolas da sede. Mas mesmo com essas mazelas do tempo, o distrito mantém vivas tradições locais, principalmente no caso das duas festas religiosas do distrito, as Festas de São Sebastião e de Nossa Senhora do Rosário, período em que o distrito fica cheio de ex-moradores, parentes e visitantes em geral, em torno da pequena igreja de Nossa Senhora do Rosário, datada de 1910.

Não se tem notícias de reformas realizadas na Estação durante o período de seu funcionamento. Sabe-se que a edificação ficou abandonada entre a década de 1970 e o ano de 2001, quando foi demolida e seus materiais foram vendidos pela RFSA, principalmente o madeiramento que compunha sua estrutura e cobertura. Atualmente, existem apenas ruínas da antiga estação.

Descrição:

A Estação Ferroviária de Carvalho de Almeida conformava originalmente uma edificação térrea, de partido retangular, construída com estrutura em madeira e vedação em tijolo cerâmico maciço.

Sua cobertura, em duas águas, era constituída de engradamento em madeira e telha francesa, com coroamento em beiral simples. A cobertura das plataformas era um prolongamento do restante do conjunto, apresentando os mesmo elementos compositivos, com um diferencial: a sua sustentação era feita por mãos-francesas.

Na fachada frontal, revestida por reboco e caiação (assim como as demais faces externas), estavam presentes cinco vãos: três janelas e duas portas. Todos apresentavam verga reta, enquadramento em argamassa e vedação folhas de abrir em madeira, sem bandeira.

Anexa a essa fachada, encontrava-se a plataforma de embarque e desembarque em cimento e, paralela a esta, a linha férrea da Estrada Férrea Central do Brasil. Em cada extremidade da plataforma, por sua vez, havia uma rampa, também em cimento.

Atualmente, estão preservados apenas um pequeno trecho da alvenaria em tijolo maciço, o enquadramento em argamassa de uma das janelas presente na fachada frontal da edificação, além da plataforma e das rampas laterais.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Péssimo.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Herácio Hilário Costa.

Eletrônicas:

http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcb_mg_linhacentro/carvalho.htm. Acesso em março de 2009.

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ANTIGA RESIDÊNCIA DO AGENTE DA ESTRADA DE FERRO DA CENTRAL DO BRASIL Ano do inventário: 2009

Antiga residência do agente da Estrada de Ferro da Central do Brasil

FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

Localizado na porção sul da zona rural do município de Araçaí, o distrito de Carvalho de Almeida teve o início de seu povoamento no segundo quartel do século XIX, com a passagem de tropeiros, comerciantes, viajantes em geral, mercadorias e produtos, ligando a região de Sete Lagoas a Curvelo. Até essa época, o distrito era conhecido como Tabocas, em homenagem ao córrego que corta a região, e Paraopeba. A atividade predominante no local era uma pequena agricultura de subsistência e o comércio de gado de leite, além da plantação de algodões, forte motor econômico da região neste período. O distrito foi conquistando uma grande importância na região, ao ponto ser considerado naquela época, por alguns moradores locais, mais forte economicamente que Araçaí, de onde é distrito atualmente.

Dentro do processo de expansão da Estrada de Ferro Central do Brasil, foi construída no distrito, em 1903, uma Estação de cargas e passageiros, que servia de ponto de apoio para os comerciantes e agricultores da região comercializarem seus produtos

3. A estação foi inaugurada como estação Tabocas e, possivelmente,

permaneceu com este nome até 1928, quando passou ser chamada de Carvalho de Almeida, uma homenagem da Companhia ao engenheiro José Carvalho de Almeida, subdiretor da empresa que trabalhou efetivamente na região. Logo, o distrito também passou a ter o mesmo nome.

Ao lado da estação, foram construídas sete a oito edificações, onde residiam, com suas famílias, funcionários da companhia que prestavam serviços no local, na manutenção básica da estação e da linha, guarda-chaves, bilhetagem, controle de cargas e passageiros, além do chefe da seção, que residia na casa principal. A Estação Ferroviária teve papel importante na propulsão econômica da localidade. Haja vista que Carvalho de Almeida encontrou seu auge econômico e social em consonância com o auge da estrada de ferro na localidade.

Com o decorrer dos anos, o gradativo esvaziamento das atividades nas estradas de ferro no país acabou por atingir Carvalho de Almeida, que via, aos poucos, seu fluxo de pessoas e mercadorias diminuir. Simultaneamente, ocorria a diminuição do número de funcionários no distrito, até o total encerramento das atividades da estrada de ferro, no início dos anos de 1970. Outro aspecto relevante deste momento foi o caso da escola do distrito, que contava com 120 alunos em meados da década de 1970 e foi gradativamente diminuindo até seu encerramento total, em meados da década de 1990. Atualmente, o distrito possui pouco mais de cem habitantes e aproximadamente vinte casas, e as crianças da localidade estudam em escolas da sede. Mas mesmo com essas mazelas do tempo, o distrito mantém vivas tradições locais, principalmente no caso das duas festas religiosas do distrito, as Festas de São Sebastião e de Nossa

3 Disponível em http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcb_mg_linhacentro/carvalho.htm. Acesso em março de

2009.

Município: Araçaí.

Distrito: Carvalho de Almeida .

Endereço: Às margens da linha férrea, no distrito de Carvalho de Almeida.

Uso: Residencial.

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Senhora do Rosário, período em que o distrito fica cheio de ex-moradores, parentes e visitantes em geral, em torno da pequena igreja de Nossa Senhora do Rosário, datada de 1910.

Construída em meados de 1903, simultaneamente à construção da Estação de Carvalho de Almeida, a Casa dos Agentes da EFCB, como ficou conhecida pela população, abrigava a família do chefe da seção. A construção da estação e das casas para os funcionários da estação gerou grande comoção no pequeno povoado, principalmente pela novidade na região.

Segundo fontes orais, a rotatividade na casa do chefe de seção era alta. Portanto, pouco se sabe os moradores que passaram por lá. Segundo Herácio Hilário Costa, habitante de Araçaí e grande estudioso da história local, o funcionário que permaneceu por lá mais tempo foi Aristides Lobo Leite. Aristides foi um dos primeiros agentes a ocupar a residência, na década de 1920, ficando lá por aproximadamente 25 anos.

O último chefe de seção a habitar o local foi Antônio Ovídio que residiu na edificação em meados da década de 1970, período em que a estação foi desativada. Após a saída de Antônio Ovídio, a casa ficou desocupada por algum tempo, até que as casas dos demais funcionários começaram a cair. Um dos antigos trabalhadores da estação, conhecido como Vicente “Beira-chão”, habitava uma desses imóveis que ruíram e invadiu a casa do agente, onde residiu por muitos anos. Mesmo após sua morte, sua viúva, D. Maria de Fátima continuou morando lá, até 1990, quando a edificação foi leiloada pela RFSA, assim como boa parte dos bens da companhia.

Não foram obtidas informações sobre as reformas ocorridas no bem. Da construção original, resta atualmente apenas a fachada, que manteve as características primitivas. Todo o corpo da casa foi reconstruído pelo atual proprietário, que a adquiriu no leilão. Hoje em dia, o imóvel só é utilizado nos finais de semana.

Descrição:

A edificação está inserida em terreno plano, no mesmo nível da via que lhe dá acesso e limitado por cercas. A maior parte do entorno da edificação é ocupada por espaços verdes (com árvores frutíferas e vegetação rasteira), no entanto, na porção lateral esquerda, tem-se uma área de lazer com piscina e um volume coberto com churrasqueira.

A construção é composta por dois volumes contíguos, sendo um de dois pavimentos, correspondente à porção frontal, e o outro de volumetria térrea, referente aos cômodos posteriores. O acesso principal à residência é feito por um alpendre anexo à sua face lateral esquerda, o qual apresenta piso cimentado, sem guarda-corpo, e sem forração.

A fachada frontal, único item preservado da edificação original, é revestida por reboco e caiação, predominantemente, ornamentada por linhas horizontais com espaçamento igual entre si e que partem da base da cimalha até o peitoril das janelas, juntamente com relevos em argamassa nas extremidades da face e no enquadramento dos vãos, ambas nos tons branco e terra, imitando um revestimento por pedras. Outro elemento diferencial nessa vedação corresponde ao frontão com os dizeres “E.F.C.B” e com a possível data de inauguração do imóvel, “23(?) de novembro de 1903(?)”, também na tonalidade terra. Somam-se a isso duas janelas de verga reta, constituídas na parte inferior por uma veneziana metálica e na parte superior por basculante com esquadria metálica e vedação em vidro, configurando uma espécie de bandeira. Os peitoris são marcados por relevos em argamassa. Uma cimalha de mesmo material delimita a base do frontão.

Devido à inviabilidade, na ocasião do levantamento, de adentrar a residência, já que o proprietário não se encontrava no local, não foi possível determinar a distribuição dos cômodos, além dos materiais utilizados no piso e no forro.

Quanto ao sistema construtivo adotado tem-se estrutura autoportante, com alvenarias estruturais em tijolo cerâmico maciço.

No tocante à cobertura, têm-se dois telhados de duas águas, considerando que o volume frontal possui cumeeira em altura mais elevada em relação ao volume posterior. Nas duas situações foi empregado engradamento em madeira, telhas cerâmicas curvas com cumeeira perpendicular à fachada principal e

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coroamento em beiral simples. O alpendre, na lateral esquerda, apresenta cobertura independente em meia-água, com engradamento em madeira e telha cerâmica curva.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Herácio Hilário Costa.

Eletrônicas:

http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcb_mg_linhacentro/carvalho.htm. Acesso em março de 2009.

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RESIDÊNCIA À RUA TEBÚRCIO PEREIRA DE MOURA, Nº 251 Ano do inventário: 2009

Residência à Rua Tebúrcio Pereira de Moura, nº 251 FOTO: Sofia Cunha, mar/2009

Histórico:

Construída entre as décadas de 1890 e 1900, a casa possuía características básicas de uma moradia rural deste período, como telhas de barro, paredes de adobe, piso de assoalho e forro do teto feito de esteira de taquara.

Não foram obtidas informações sobre o responsável pela construção do imóvel, no final do século XIX. O primeiro proprietário de que se têm notícias foi Joaquim Pereira de Moura, que comprou o imóvel no final da década de 1940. Joaquim faleceu em 1953, quando sua esposa, Maria Fernandes Moura (mais conhecida como Pequetita), herdou a propriedade. Maria morou na casa até o final da década de 1960, quando se mudou para o município de Sete Lagoas. Nessa época, permaneceram na residência os dois filhos do casal, Isaías Pereira de Moura e Jorge Pereira de Moura. Jorge faleceu no final da década de 1980, e Isaías ficou morando sozinho até se casar, em meados da década seguinte, com Terezinha Moura da Silva, com quem mora desde então.

Segundo Isaías, algumas reformas foram feitas na edificação no início da década de 1980, como a troca do assoalho dos cômodos internos, mantendo o padrão de tábuas de madeira. A cozinha, anteriormente com piso em tijoleira, recebeu revestimento em ardósia. Na mesma época, os elementos da cobertura também passaram por reparos, como troca de telhas e de alguns caibros. O antigo forro em esteira de taquara que cobria a residência foi retirado, devido ao seu mal estado. Há aproximadamente 20 anos, foi construído um banheiro interno, em substituição à antiga instalação com fossa e cisterna. Ainda durante essa intervenção, uma das janelas da edificação, em madeira, foi substituída por uma com esquadria metálica.

Descrição:

A edificação à Rua Tebúrcio Pereira de Moura nº 0251 está implantada um pouco acima do nível da estrada que lhe dá acesso, em um terreno em declive. O fechamento do terreno é feito em parte por cerca com toras em madeira e arame farpado, e parte em estrutura de bambu. A edificação é inserida com afastamentos em todas as direções. Os espaços livres no entorno do imóvel constituem basicamente áreas permeáveis, com chão em terra batida e vegetação rasteira ou de médio a grande porte. O afastamento frontal encontra-se desocupado. Nas laterais, as áreas foram ocupadas por garagem e uma área coberta instalação de forno, além de uma antena parabólica. Na parte posterior encontra-se uma plantação de bananeiras.

A construção é composta por um volume térreo, de partido profundo, com pequenos volumes anexos que avançam e recuam em relação às fachadas. O acesso principal à residência é feito por um vão na face lateral direita, antecedido por uma rampa em cimento. A fachada principal, além de não apresentar inscrições e relevos na massa - sendo revestida apenas por reboco liso e caiação - não possui portas, apenas três janelas. Estas se caracterizam pela verga reta, vedação em uma folha de abrir em madeira e

Município: Araçaí.

Distrito: Carvalho de Almeida.

Endereço: Rua Tebúrcio Pereira de Moura, nº 251.

Uso: Residencial.

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enquadramento em mesmo material. Apesar de não apresentar ornamentos, a fachada é enquadrada pela estrutura autônoma de madeira aparente (cunhais, baldrame e frechal). A empena é finalizada em um triângulo acima do frechal.

Internamente, a distribuição espacial faz-se da seguinte maneira: a partir da entrada, chega-se a uma antessala, que se comunica com uma ampla sala de estar e um depósito, ambos com abertura para a fachada frontal. Seguindo-se o corredor em direção aos fundos, acessam-se quatro dormitórios, um banheiro, uma copa e uma cozinha com fogão a lenha. Em relação aos materiais empregados no piso e na forração desses ambientes, há um predomínio do tabuado em madeira e da telha vã, respectivamente. Foram constatadas, contudo, situações diferenciadas, como a cozinha, na qual foi adotado o piso em ardósia, e o banheiro, construído com piso cerâmico e cobertura em laje.

Quanto ao sistema construtivo adotado identificou-se na residência embasamento em adobe, estrutura autônoma em madeira e vedação parte em tijolo cerâmico maciço, parte em pau a pique.

No tocante à cobertura, o imóvel pode ser distribuído em três volumes: o primeiro, que engloba os dormitórios, salas e depósito; o segundo, correspondente aos demais cômodos; e o terceiro, constituído apenas pelo banheiro. O primeiro e o segundo volume apresentam duas águas, cumeeira perpendicular à face frontal, engradamento em madeira, vedação em telha cerâmica do tipo “canal” e coroamento em beiral simples arrematado com uma tabeira; no entanto, a linha de cumeada do volume principal encontra-se mais elevada. Já a instalação sanitária foi coberta por uma laje em concreto, sobre a qual se instalou a caixa d’água.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Thiago Costa e Sofia Cunha em mar/2009: Isaías Pereira de Moura.

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CAIXA D’ÁGUA E CHAFARIZ À AVENIDA DONA CÂNDIDA Ano do inventário: 2012

Caixa d’água e Chafariz FOTO: Sofia Cunha, jul/2012

Histórico: Araçaí foi criado como distrito de Paraopeba pela lei nº. 556 de 30 de agosto de 1911. Nesta época, a localidade não dispunha de sistema de água tratada nem encanada. O abastecimento de água se fazia, principalmente, pela iniciativa da população, buscando água em córregos e rios. E esta foi a realidade da população local até a década de 1950.

As fontes indicam que a Caixa d’água e o Chafariz foram erigidos por iniciativa do Frei Leonides Schoorl. Ele era natural de Lisse, Holanda, e nasceu em 26 de novembro de 1910. Foi ordenado em 1938, em seu país e, um ano depois, concluiu o curso missionário em Roma. Chegou ao Brasil em 1950 e tornou-se pároco da Paróquia de São Sebastião em Araçaí (INVENTÁRIO, 2006).

Outras fontes comentam que a edificação de ambos os bens partiu das iniciativas públicas, no caso, da administração de Paraopeba, que contou com o substancial apoio da então Fábrica de Tecidos Policenas Mascarenhas

4. A Caixa d’água e o Chafariz foram edificados por Vicente Alves Faria. Este foi funcionário da

Fábrica de Tecidos Policenas Mascarenhas, aposentado no final da década de 1950 (INVENTÁRIO, 2006). Ele era o “construtor” da fábrica, o pedreiro que executava todas as obras de alvenaria. Esta indústria de tecidos detinha oficina de carpintaria e marcenaria dentro de suas instalações, além de pedreiros, carpinteiros, entre outros, a seu serviço. Nestas oficinas, os funcionários responsáveis por esses setores realizavam obras de manutenção de imagens religiosas, pequenas reformas e construções, quando solicitados, como foi o caso do chafariz e caixa d’água (INVENTÁRIO, 2006).

A água vinha de um açude, que pertencia à Estrada de Ferro Central do Brasil, situado a 1(um) quilômetro da caixa d’água, que foi implantada no local mais alto da cidade, para favorecer a distribuição da água para dentro dos imóveis. O chafariz foi levantado no local mais próximo da caixa d’água e nas cercanias das edificações cujos proprietários não detinham condições de colocar encanamento dentro de suas casas. Desta forma, estas pessoas teriam que caminhar pouco para buscar água no chafariz com os baldes. Assim, a caixa d’água abastecia as casas dos araçaienses e enviava água para o chafariz

5.

Segundo informam as fontes, na época da edificação do bem cultural, década de 1950, o entorno dos equipamentos (caixa d’água e chafariz) já era tomado por edificações residenciais e alguns comércios. Os logradouros não eram pavimentados. Os postes de iluminação pública eram de madeira retorcida e a

4 Herácio Hilário Costa. Entrevista, jun./2012.

5 Herácio Hilário Costa. Entrevista, jun./2012.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Avenida Dona Cândida, s/nº, Centro.

Uso: Sem uso.

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energia, instalada em 1929, provinha da serra do cipó, sendo mantida pela Companhia Cedro e Cachoeira

6.

Em 1962 Araçaí foi emancipado, e, com isso, a caixa d’água e o chafariz passaram a ser de propriedade da cidade de Araçaí, assim o sendo até o presente

7. Em 1983, a COPASA foi instalada na cidade e o chafariz e

a caixa d’água foram desativados8 (INVENTÁRIO, 2006).

Nas proximidades do chafariz, foi inaugurado, em 1992, um bar denominado “Ponto do Chafariz” em homenagem ao bem. Este ocorrido demonstra o significado que o imóvel possui para a população (INVENTÁRIO, 2006).

Os araçaienses reconhecem que os dos equipamentos em análise fazem parte deste contexto de desenvolvimento local. Com a caixa d’água e o chafariz, obras de encanamento tiveram início em toda a cidade, inclusive no interior dos imóveis. Eles representaram um grande avanço citadino no que dizia respeito à infraestrutura urbana

9.

Com relação às intervenções, a oralidade indica que, ao longo dos anos de uso, houve mais aquelas ligadas à manutenção dos bens analisados como limpeza, reparos nos encanamentos, controle de nível de água

10.

No ano de 1983, foi retirada a torneira do chafariz para saída da água e, em 199,2 ele foi pintado com cal (INVENTÁRIO, 2006).

As fontes indicam que, desde a existência do chafariz, enormes filas de pessoas se formavam à sua frente para pegar água. Diversas crianças e adultos se dirigiam até ele com enormes baldes e latas para buscar o líquido (INVENTÁRIO, 2006). Muitos araçaienses se recordam da infância e de seus familiares e amigos concentrados no entorno imediato do chafariz, coletando a água, tão essencial para a vida de todos, usada essencialmente para abastecimento doméstico. Além disso, esse hábito provocava encontros das pessoas que, enquanto aguardavam a vez para encher seus recipientes de água, aproveitavam para “jogar conversa fora” e se interavam dos acontecimentos da cidade.

Na atualidade, a caixa d’água está em estado de abandono e como é um ponto referencial na cidade, é usada como local para instalação de faixas e cartazes de propagandas. O chafariz, situado à frente do bar, é utilizado como local de churrasqueira e de deposição de lixo. Ambos os usos degradam suas estruturas e comprometem a integridade.

Há um projeto em andamento de revitalização destes imóveis, reestruturação e pintura para a conservação e manutenção. No caso específico da caixa d’água, há um interesse em transforma o pequeno cômodo inferior em um espaço cultural, onde poderão ficar expostos alguns objetos que contam a história da Fábrica de tecidos da cidade, antiga Policenas Mascarenhas, uma das responsáveis pela existência do bem. Assim, a caixa d’água seria transformada em um pequeno Memorial da fábrica na cidade

11.

Descrição: O bem imóvel cultural é formado por dois elementos, distantes entre si de aproximadamente 90m: uma caixa d’água e um pequeno chafariz.

A caixa d’água está localizada na esquina entre a Avenida Dona Cândida e Avenida Ulisses Batista. Sua porção posterior se volta para um lote vago que ocupa a esquina, delimitado por uma cerca de arame farpado e esteios de madeira. A edificação está implantada em um terreno com leve declive, sendo sua porção mais alta voltada para a Avenida Ulisses Batista. Uma única abertura, voltada para esta avenida, garante o acesso ao cômodo que ocupa a parte inferior da construção. Consiste em um edifício cilíndrico vertical, formado por duas partes, sendo um cômodo inferior, que já foi utilizado para guardar ferramentas, mas hoje se encontra sem uso, e a porção superior, onde é armazenada a água. A construção

6 Herácio Hilário Costa. Entrevista, jun./2012.

7 Herácio Hilário Costa. Entrevista, jun./2012.

8 Herácio Hilário Costa. Entrevista, jun./2012.

9 Herácio Hilário Costa. Entrevista, jun./2012.

10 Herácio Hilário Costa. Entrevista, jun./2012.

11 LIMA, Vera Lúcia da Rocha. Entrevista, jun./2012.

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possui estrutura mista, sendo a porção inferior estruturada por paredes autoportantes de tijolo maciço, enquanto o cômodo superior, destinado ao armazenamento de água, é todo feito em concreto armado, de forma a suportar a pressão exercida pelo volume de água. Uma laje separa os dois compartimentos que compõem a estrutura, que é revestida com reboco e pintura na cor branca, e se ergue sobre base cilíndrica de mesmo material. A cobertura é em laje plana.

A porta que fecha o acesso ao bem tem verga reta e é feita de aço, em uma única folha de abrir. Um friso na parte superior da superfície externa do imóvel indica a posição da laje que separa os dois pavimentos, e constitui o único ornamento da caixa d’água, marcada por seus traços simples e ausência de elementos estéticos, que evidenciam sua característica estritamente funcional. Um cano metálico percorre verticalmente toda a extensão da caixa d’água, desde o chão até o topo, com um registro em determinada altura, e servia para o abastecimento de sua porção superior com água vinda de uma mina. Algumas peças feitas de vergalhões de ferro dobrados, inseridas na parte superior da estrutura, formam uma espécie de escada para acesso ao topo da caixa d’água.

Internamente, a falta de preocupação estética é ainda maior, já que o piso encontra-se em terreno natural e as paredes não apresentam revestimento.

O chafariz se situa na Avenida Dona Cândida, no quarteirão adjacente ao da caixa d’água, no trecho entre a Avenida Ulisses Batista e a Rua São Vicente. Está implantado em um terreno plano em frente ao lote de nº 99 da avenida, ocupado por um estabelecimento comercial de nome “Ponto do Chafariz”.

Assim como a caixa d’água, o chafariz é caracterizado pela simplicidade estética e pela falta de ornamentação, o que também reforça seu caráter utilitário. Trata-se de uma peça única, construída em alvenaria, que pode ser dividida em três partes: a base tem seção retangular e sustenta o bojo, também retangular, que se projeta para a frente; sobre o bojo, uma peça vertical arremata o conjunto, com a face superior em arco abatido, e que exibe, centralizado em sua porção superior, um cano de ferro, onde já foi encaixada uma torneira, por onde saía a água. Esse cano de ferro se prolonga pela parte de trás do chafariz, onde desce verticalmente até o solo e se comunica com a caixa d’água, que abastecia o chafariz.

Proteção Legal existente: Inventário.

Proteção Legal proposta: Tombamento municipal.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais:

Entrevistas concedidas a Sofia Cunha e Deyse Marinho em jul/2012:

Herácio Hilário Costa; Vera Lúcia da Rocha Lima.

Obras / Documentos consultados:

AGÊNCIA Nacional de Águas. A História do Uso da Água no Brasil: Do descobrimento ao século XX. São Paulo: Gráfica e Editora Athalaia, 2007.

CAMPOS, Adalgisa Arantes. Introdução ao Barroco Mineiro. Cultura barroca e manifestações do rococó em Minas Gerais. Belo Horizonte: Crisálida, 2006.

CAMPOS, Helena Guimarães; FARIA, Ricardo de Moura. Histórico de Minas Gerais. Belo Horizonte. Editora Lê, 2005.

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CAMPOS, Helena Guimarães. Economia e trabalho nas estradas reais e nas estradas de ferro de Minas Gerais. Cadernos de História, vol.IV, nº2, ano 2, p.180-207. Ouro Preto, set./2007b.

CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril. Cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo: Companhia das Letras: 1996.

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CHAVES, Cláudia Maria das Graças. Perfeitos negociantes: mercadores das Minas Setecentistas. Dissertação de mestrado. Belo Horizonte: Fafich, UFMG, 1995.

DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007.

FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; Mind – Iphan, 2005.

HISTÓRICO DE ARAÇAÍ. Prefeitura Municipal De Araçaí. Inventário de Proteção ao Acervo Cultural-IPAC, Araçaí /MG, 2008.

INFORMATIVO ARAÇAIENSE de 31 de maio de 1983. p. 2.

INVENTÁRIO de Proteção do Acervo Cultural de Araçaí. Caixa d’água. IPAC. Araçaí/MG, 2008.

INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006.

LEMOS, Carlos A. C. O que é Patrimônio Histórico. 2ª. reimp. da 5ª ed. de 1987. São Paulo: Brasiliense, 2004.

NEVES, Lúcia Maria Bastos P. MACHADO, Humberto Fernandes. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Convenção para a salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Paris, 2003.

RAMINELLI, Ronald. Paraíso. In: Dicionário do Brasil Colonial (1500-1800). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

ROCHA, Marilia Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

WHELING, Arno; WHELING, Maria José C.M. Formação do Brasil Colonial. 4. Ed. ver. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

ZANINI, Walter. Org. História Geral da Arte no Brasil. 2 vol. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, 1983.

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PORTAL Turismo Brasil. Disponível em: <www.portalturismobrasil.com.br/atracao/1366/Chafariz-Municipal>; Acessado em: <17/06/2012>.

TEIXEIRA, Milton de Mendonça. Andando pelo Rio – Aula em Santa Teresa - Aqueduto Carioca. Disponível em: <www.sindegtur.org.br/2006/ arquivos/b5.pdf>. Acessado em: <17/06/2012>.

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PRAÇA VIRGILATO COELHO Ano do inventário: 2012

Praça Virgilato Coelho FOTO: Sofia Cunha, jun/2012

Histórico:

A região onde está localizado este Praça Virgilato Coelho em Araçaí é considerada o ponto de entrada da cidade desde tempos remotos. Pelos idos do limiar do século XX, a área pertencia ao patrimônio da Igreja, que havia recebido de doação do fazendeiro Francisco Pereira da Rocha, conhecido como Inhô Chico e considerado o fundador da urbe. A partir de 1963, com a emancipação do distrito, toda a área passou ao domínio da administração pública de Araçaí, assim o sendo até o presente.

Já a partir de 1903, época de instalação da Estrada de Ferro Central do Brasil no lugarejo, a região se tornou local de efervescência, e de maior concentração de pessoas, principalmente dos trabalhadores da Central do Brasil e de viajantes que chegavam e deixavam o núcleo populacional pela Estação ferroviária. Naquela ambiência, as pessoas se dirigiam para fazer compras e papear, saber e divulgar notícias da localidade. O comércio já existente tinha sua economia em crescimento, favorecido pela entrada de uma diversificada mercadoria que chegava à Estação.

A oralidade comenta que um comércio, em específico, cresceu e se destacou naquela localidade, tornando-se um comércio atacadista. Era a venda de secos e molhados de Virgilato Coelho. Não há muitas informações a respeito desta figura, o que se sabe é que ele foi um grande comerciante local, vivido entre as décadas finais do século XIX até pelo menos os anos da década de 1920. Já na década de 1910, Virgilato detinha um açougue dentro de seu estabelecimento comercial e passou a vender também produtos de armarinho, tecidos e começou a envasar vinho.

Pode-se dizer que a instalação da ferrovia impulsionou o desenvolvimento comercial e infraestrutural a Araçaí e, em específico, a região onde hoje está implantada a Praça Virgilato Coelho. Na década de 1920, foi esta área a escolhida para receber a bomba de gasolina que abasteceria os raros automóveis que circulavam na região. Havia ainda a selaria, sapataria, padaria e confeitaria, além do armazém da fábrica de tecidos. Esta indústria têxtil local se desenvolveu a partir de 1942, com a instalação da Fábrica Policenas Mascarenhas, implantada em terreno adjacente à EFCB, mais especificamente à Rua Manuel Durval (HISTÓRICO, 2006).

Com este desenvolvimento local e a disposição das edificações, mais a abertura dos logradouros, surgiu um espaço aberto, de terra batida e cheia de pedras. A este sítio deu-se a denominação de Praça, e após a década de 1920, com o falecimento de Virgilato Coelho, o largo recebeu seu nome, em sua homenagem. Na época, a então praça não dispunha de infraestrutura, mas já nas décadas de 1950 e 1960, era palco para a procissão do encontro e as representações dos quadros vivos, durante a semana santa, manifestações estas que envolviam toda a comunidade católica da urbe.

A iluminação daquela localidade se deu juntamente com a de toda a cidade, em 2 de março de 1929. Este espaço passou por sua primeira intervenção na década de 1970. Foi feito um muro de arrimo e aterrou-se

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Praça Virgilato Coelho.

Uso: Espaço público de convívio.

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o local para nivelar o terreno ao logradouro, cimentou, plantou algumas árvores e implantou assentos de madeira e ferro fundido.

Sua segunda intervenção foi em 1987, na gestão de Raimundo Alves de Jesus. Foi colocado piso de bloquetes sextavados, feitos canteiros com gramíneas e rosáceas e cuidados nas árvores. Os antigos bancos de assentos foram substituídos pelos de alvenaria. Foram implantados postes de ferro fundido para iluminação pública. As outras intervenções dizem respeito àquelas para a manutenção, como reparos na iluminação, pintura nos bancos, cuidados nos jardins, assim sendo até o presente.

Com relação ao desenvolvimento do entorno da Praça, a primeira via a ser aberta naquela ambiência foi a Rua Inácio Rocha, na década de 1910, destituída de toda e qualquer infraestrutura. O logradouro era importante, pois permitia a entrada e o acesso ao interior do distrito.

Durante anos foi construída uma relação social, cultural, religiosa e, também, utilitarista da população com o logradouro. Hodiernamente, Praça Virgilato Coelho ainda se configura em palco para as práticas sociais e artístico-religiosas, como a encenação completa do quadro vivo da Semana Santa. Lazer, contemplação, ponto de encontro, conversa e brincadeiras entre os munícipes também se passam nesta praça. Ela é cotidianamente frequentada pelos munícipes pelas manhãs, noites e finais de semana. Eles assentam nos bancos para passar o tempo e conversar com os amigos. Este espaço ainda é um ponto de encontro. É comum ver grupos de pessoas sentadas batendo papo.

Além das diversas relações entre a população citadina e a Praça, tecidas e desenvolvidas ao longo de décadas e mencionadas anteriormente, há até hoje a relação afetiva. A presença do largo na localidade remete a lembranças guardadas por antigos araçaienses, que trazem à luz do século XXI as imagens da infância e momentos de regozijo da adolescência, ao ocuparem a ambiência durante as procissões e representações do quadro vivo da semana santa. Traz à baila o passado do local, de passagem, de ponto de encontro e pouso para tropeiros e da concentração do comércio local. Tal ambiência adquiriu na sociedade araçaiense importância pelos diversos motivos e contornos sociais, religiosos, culturais, populares, comerciais, históricos e afetivos de que foi sendo palco ao longo de tantos anos de sua existência.

Descrição:

A Praça Virgilato Coelho é implantada com ligeiro declive no sentido oeste, embora a inclinação das vias que a circundam seja mais acentuada, resultando em desníveis irregulares entre a praça e as ruas adjacentes. Foi definida entre quatro vias públicas paralelas duas a duas, formando um retângulo, e uma quinta via transversal, o que resulta em duas porções independentes, de formato triangular, com dimensões distintas. A porção mais alta do terreno é ocupada pela parcela maior, principal, enquanto a de menor dimensão está implantada na parte mais baixa.

A área maior da praça alterna, de maneira assimétrica, áreas de circulação e canteiros ajardinados em formas geométricas. Os trechos de circulação, pavimentados com bloquetes sextavados de concreto, cortam a praça em seu eixo longitudinal e na extremidade leste, onde o nível da praça se aproxima do nível da rua limítrofe. A extremidade oeste, mais alta em relação à via adjacente, é ocupada por jardins cortados por lances de escada que fazem a comunicação entre a praça e a rua. Alguns recortes feitos nos canteiros definem espaços para colocação de bancos de alvenaria e cimento. Em um dos vértices da praça foi delimitada uma área circular, uma espécie de ponto focal, demarcada por uma mureta baixa de alvenaria, que também serve de assento. Há ali apenas uma estrutura baixa em alvenaria pintada de branco onde, em uma placa metálica, se lêem os seguintes dizeres: “MARCO INDELÉVEL DA NOVA ARAÇAÍ / INAUGURAÇÃO DA NOVA PRAÇA VIRGILATO COELHO / MAIS LAZER PARA A COMUNIDADE / EM 28 DE MARÇO DE 1987 / DR. RAIMUNDO ALVES DE JESUS / PREFEITO MUNICIPAL”. Também se destacam em um dos canteiros as estruturas de uma caixa de registro de água da COPASA e um padrão de energia elétrica da CEMIG.

A parcela de menor dimensão também é formada por canteiros e trechos de circulação calçados com bloquetes sextavados de concreto. Contudo, os canteiros encontram-se sem cobertura vegetal de gramíneas. Nesta também há uma área circular em destaque, porém demarcada por uma espécie de meio-fio e recoberta com brita. Ao centro desse círculo foi instalada uma estrutura semicircular em tijolos com a representação de um timão, símbolo da organização Rotary International, e uma placa metálica

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com a inscrição “ROTARY CLUB ARAÇAÍ / FUNDADO EM 12-04-2010 / REUNIÕES – TODAS AS 2as

FEIRAS ÀS 19:30h”. Outra estrutura em alvenaria, pintada na cor branca, serve de base para uma placa metálica onde se lê: “RODOVIA: ACESSO / TRECHO: ARAÇAÍ – MG/231 / INAUGURADO EM FEVEREIRO DE 1991 / SENDO: / DOUTOR NEWTON CARDOSO / GOVERNADOR DO ESTADO / ENGº SANT CLAIR SCHMIETT TERRES / DIRETOR GERAL DO DER/MG / MINAS GERAIS / GOVERNO DO ESTADO”. Uma escada existente no alinhamento oeste da praça ajuda a vencer o desnível entre a praça e a rua.

Ao longo das duas parcelas da praça, foram dispostos aleatoriamente alguns postes de iluminação com fiação subterrânea.

Diversas espécies vegetais foram utilizadas no paisagismo da Praça Virgilato Coelho, embora não pareça ter havido uma grande preocupação com a escolha dos exemplares, ou com sua distribuição espacial.

Proteção Legal existente: Nenhuma

Proteção Legal proposta: Tombamento municipal

Estado de Conservação: Regular

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho e Sofia Cunha em jun./2012: Herácio Hilário Costa; Vera Lúcia da Rocha Lima. Obras / Documentos consultados:

100 20 30 m

21.2

51

.0

53.8

42.3

10.2

39.3

5.02.8

10. 0

1.8

5.5

2. 7

9.8

1.7

1.1

3.15.7

2.5

R3.8

15.9

2.1

9.6

3.0

6.6

R2.9

7.4

13.2

21.0

2.1

3.4

6.4

3.1

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CALDEIRA, Júnia Marques. Praça: território de sociabilidade. Uma leitura sobre o processo de restauração da Praça da Liberdade em Belo Horizonte. Dissertação de mestrado. Campinas: Unicamp, 1998.

CALDEIRA, Júnia Marques. A praça brasileira: trajetória de um espaço urbano - origem e modernidade. Tese de doutorado. Campinas: Unicamp, 2007.

CAMPOS, Helena Guimarães; FARIA, Ricardo de Moura. Histórico de Minas Gerais. Belo Horizonte. Editora Lê, 2005.

CAMPOS, Helena Guimarães. Estradas reais e estradas de ferro: cotidiano e imaginário nos caminhos de Minas. Revista de História Comparada. Vol. 1. N° 1, FIEMG. Belo Horizonte, jun./2007a.

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LEMOS, Carlos A. C. O que é Patrimônio Histórico. 2ª. reimp. da 5ª ed. de 1987. São Paulo: Brasiliense, 2004.

NETTO, Carmo Gallo. O papel da praça pública, da colônia ao Brasil moderno. Jornal da Unicamp. Universidade Estadual de Campinas. 28 de novembro a 2 de dezembro de 2007.

NEVES, Lúcia Maria Bastos P. MACHADO, Humberto Fernandes. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Convenção para a salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Paris, 2003.

ROCHA, Marilia Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

TEIXEIRA, Manuel C.; SILVA, Maria Manuela C. G. da. A construção da cidade brasileira. Colecção Estudos de arte. São Paulo: Livros Horizonte, 2004.

VIERO, Verônica Crestani; BARBOSA FILHO, Luiz Carlos. Praças públicas: origem, conceitos e funções. Jornada de Pesquisa e Extensão 2009. Santa Maria: ULBRA, 2009.

WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C.M. Formação do Brasil Colonial. 4ª Ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

Eletrônicas:

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www.pt.wikipedia.org/wiki/Festa_de_S%C3%A3o_Sebasti%C3%A3o. Acesso em 17/06/2012.

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www.cancaonova.com/portal/canais/liturgia/santo/index.php?dia=20&mes=1. Acesso em 17/06/2012.

www.minasgerais.com.br/destinos/aracai. Acesso em 17/06/2012.

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BENS MÓVEIS E INTEGRADOS

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LETTRE D’AGREGATION – CARTA DE AGREGAÇÃO SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO Ano do inventário: 2008

Lettre D’Agregation – Carta de Agregação

Sociedade São Vicente de Paulo FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Em Araçaí, a Sociedade São Vicente de Paulo foi fundada pelo Sr. Ulisses Batista, na década de 1920. No dia 01 de dezembro de 1924, conforme data constante da Carta de Agregação, a solicitação para filiar-se à Sociedade na França foi aceita e continua em atividade até os dias atuais. O objetivo inicial do Sr. Ulisses era tirar das ruas os pobres que perambulavam pelo pequeno lugarejo que se transformaria, anos mais tarde, na cidade de Araçaí. Em 1913, teria fundado a Conferência de São Vicente de Paulo, mas, somente em 1924 a Carta de Agregação oficializou a adesão do grupo de vicentinos de Araçaí.

A maior realização do SSVP em Araçaí foi a construção e manutenção do Asilo Cônego Xavier Rolim, para abrigar idosos e desamparados em geral. O Asilo teria sido construído em 1923, de acordo com o jornal Araçaí em Marcha, de 01 de janeiro de 1960. Os Estatutos foram aprovados em 29 de julho de 1928, com o nome de Cônego Xavier Rolim (Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo). A escritura de compra e venda do prédio e do terreno do Asilo foi efetivada em 25 de outubro de 1934, tendo como vendedor: Benedito Batista de Oliveira e sua mulher e como comprador a Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo.

Ao longo dos anos, aconteceram melhoramentos na edificação e no terreno: em 1955 foi construída uma Capela, ao lado da edificação do Asilo; foram edificados um muro e uma cozinha; além de benefícios aos asilados como assistência funerária e de saúde, inclusive para os pobres residentes fora dele.

No ano de 1996, moradores de Sete Lagoas e de Araçaí reuniram doações e construíram outro prédio para abrigar o Asilo, demolindo a edificação antiga que se apresentava bastante danificada. Na ocasião, foi reformada, ainda, a Capela de São Vicente de Paulo. A inauguração do novo asilo aconteceu em 1999.

De acordo com relatos orais, a Carta de Agregação representa verdadeira relíquia para os vicentinos, os asilados e a população mais antiga do município, pois simboliza o esforço bem sucedido do Sr. Ulisses Batista em efetivar a vinculação dos araçaienses à Sociedade São Vicente de Paulo e poder realizar no lugar significativas obras de cunho social.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Asilo Cônego Xavier Rolim. Rua Inácio Rocha, 326 A.

Espécie: Documento.

Época: 1924.

Autoria: Sociedade São Vicente de Paulo.

Origem: Paris, França.

Procedência: Paris, França.

Material e técnica: Papel / vidro / madeira: encaixes.

Marcas / Inscrições / Legendas: “Lettre D’Agregation a la Societé de Saint-Vincent de Paul. Paris, 4 de december de 1924”. [et. al.].

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Descrição: Trata-se de um documento, intitulado com letras em caixa alta e destacadas, na parte superior do papel, "Lettre D’Agregation” e, logo abaixo, "a la Societé de Saint-Vincent de Paul", o que significam “Carta de Agregação” e “da Sociedade de São Vicente de Paulo”, respectivamente. Todo o documento está em francês, já que se origina daquele país, e possui parte impressa e parte manuscrita. É ornado na borda com desenhos de motivos fitomorfos em forma de rocalhas, delimitando como se fosse uma moldura o corpo do texto. No canto superior esquerdo possui a marca da Sociedade São Vicente de Paulo, em forma oval, com a representação de Nossa Senhora da Conceição ao centro. A carta é assinada pelo presidente geral da sociedade. O documento está protegido por uma moldura simples de madeira com vedação em vidro.

Dimensões: Altura: 53 cm; Largura: 42 cm; Profundidade: 1,5 cm

Características técnicas: Carta de agregação da Sociedade São Vicente de Paulo, em parte datilografada e em parte manuscrita. Moldura simples de madeira com vedação em vidro.

Características estilísticas: Carta da primeira metade do século XX, própria das sociedades vicentinas.

Características iconográficas: A Sociedade de São Vicente de Paulo, conhecida pelas iniciais SSVP no Brasil, é uma organização e um movimento católico internacional de leigos, fundada em Paris, França, no ano de 1833, por Antônio Frederico Ozanam (na época com 20 anos de idade) e alguns companheiros. Colocada sob o patrocínio de São Vicente de Paulo, inspira-se no pensamento e na obra deste Santo, esforçando-se, sob o influxo da justiça e da caridade, para aliviar os sofrimentos do próximo, mediante o trabalho coordenado de seus membros. Fiel a seus fundadores, tem a preocupação de renovar-se constantemente e adaptar-se às condições mutáveis do mundo. De caráter católico, está aberta a quantos desejam viver sua fé no amor e no serviço a seus irmãos. Seus membros são conhecidos como “vicentinos”.

São Vicente de Paulo (Pouy, 24 de abril de 1581 — Paris, 27 de setembro de 1660) foi um sacerdote católico francês, declarado santo pelo Papa Clemente XII em 1737. Foi um dos grandes protagonistas da Reforma Católica na França do século XVII.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Ruim.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Alencar Moreira da Silva; Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Jucélia Pereira Maciel; Tereza Santana da Silva Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. JORNAL Araçaí em Marcha. 01 de janeiro de 1960. LANZA, Zila Guimarães. Prosa na varanda. Zila Guimarães Lanza: Belo Horizonte, s/d. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências Eletrônicas: SOCIEDADE de São Vicente de Paulo. Disponível em: <http://www.ssvponline.org/ssvp.asp>. Acessado em: <20/11/2007>.

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WIKIPEDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_de_Paulo>. Acessado em: <20/11/2007>.

ORATÓRIO COM IMAGEM DE SÃO VICENTE DE PAULO Ano do inventário: 2008

Oratório com imagem de São Vicente

de Paulo FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Em Araçaí, a Sociedade São Vicente de Paulo foi fundada pelo Sr. Ulisses Batista, na década de 1920. No dia conforme data constante da Carta de Agregação, a solicitação para filiar-se à Sociedade na França foi aceita e continua em atividade até os dias atuais. O objetivo inicial do Sr. Ulisses era tirar das ruas os pobres que perambulavam pelo pequeno lugarejo que se transformaria, anos mais tarde, na cidade de Araçaí. Em 1913, teria fundado a Conferência de São Vicente de Paulo, mas, somente em 1924 a Carta de Agregação oficializou a adesão do grupo de vicentinos de Araçaí.

A maior realização do SSVP em Araçaí foi a construção e manutenção do Asilo Cônego Xavier Rolim, para abrigar idosos e desamparados em geral. O Asilo teria sido construído em 1923, de acordo com o jornal Araçaí em Marcha, de 01 de janeiro de 1960. Os Estatutos foram aprovados em 29 de julho de 1928, com o nome de Cônego Xavier Rolim (Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo). A escritura de compra e venda do prédio e do terreno do Asilo foi efetivada em 25 de outubro de 1934, tendo como vendedor: Benedito Batista de Oliveira e sua mulher e como comprador a Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo.

Ao longo dos anos, aconteceram melhoramentos na edificação e no terreno: em 1955 foi construída uma Capela, ao lado da edificação do Asilo; foram edificados um muro e uma cozinha; além de benefícios aos asilados como assistência funerária e de saúde, inclusive para os pobres residentes fora dele.

No ano de 1996, moradores de Sete Lagoas e de Araçaí reuniram doações e construíram outro prédio para abrigar o Asilo, demolindo a edificação antiga que se apresentava bastante danificada. Na ocasião, foi reformada, ainda, a Capela de São Vicente de Paulo. A inauguração do novo asilo aconteceu em 1999.

O Oratório que abriga a imagem de São Vicente de Paulo foi confeccionado na década de 1960, na oficina da Fábrica de Tecidos Policenas Mascarenhas, conforme relato de Claudiney Meneses Santana. Ainda, segundo ele, não teria sofrido modificações ao longo dos anos. A Fábrica de Tecidos Policenas Mascarenhas possuía oficina de carpintaria e marcenaria dentro de suas instalações. Nestas oficinas, os

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Asilo Cônego Xavier Rolim. Rua Inácio Rocha, 326 A.

Espécie: Imaginária.

Época: Década de 1960.

Autoria: Fábrica de Tecidos Policenas Mascarenhas .

Origem: Fábrica de Tecidos Policenas Mascarenhas, Araçaí.

Procedência: Fábrica de Tecidos Policenas Mascarenhas, Araçaí.

Material e técnica: Madeira / recorte, entalhe, pátina; Papel / colagem.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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funcionários responsáveis por esses setores realizavam obras de manutenção de imagens religiosas, pequenas reformas na Igreja local e produziam artefatos, como o Oratório de São Vicente de Paulo, sem custos para os requisitantes, como forma de benevolência.

Descrição: Peça de base quadrada, composta por quatro colunas de seção circular finalizadas por pináculos em forma de gota. O oratório é coroado por um entablamento em arco abatido, encimado, na porção central, por um crucifixo. Possui vedação apenas no plano posterior, onde possui um papel colado com motivos florais em tons pastéis para ornar o fundo do mesmo. Possui pintura na cor mesclada de azul claro e dourado.

Dimensões: Altura: 76 cm + 13 cm da cruz; Largura: 39 cm; Profundidade: 39 cm

Características Técnicas: Confeccionado em madeira com 11 partes e fixação por pregos e cola. Possui acabamento em pátina nas cores azul claro e dourado. Para compor o fundo, foi colado um papel de motivos florais.

Características Estilísticas: Peça de composição simétrica, simples, típica da fatura popular, com pouca preocupação no aprimoramento dos ornamentos. É utilizado para colocação de imagens devocionais, normalmente utilizado na adoração doméstica.

Características Iconográficas: O Oratório é um tipo de armário, nicho ou pequeno altar onde são dispostas, para veneração, imagens de santos. Em destaque, no coroamento, há uma cruz, principal símbolo da Igreja Católica, representando o gênero religioso da peça. A parte interna é reservada para acondicionamento do santo de devoção.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Alencar Moreira da Silva; Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Jucélia Pereira Maciel; Tereza Santana da Silva Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. JORNAL Araçaí em Marcha. 01 de janeiro de 1960. LANZA, Zila Guimarães. Prosa na varanda. Zila Guimarães Lanza: Belo Horizonte, s/d. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências Eletrônicas: MUSEU do oratório. Disponível em: <http://www.museudooratorio.com.br/port/default.asp>. Acessado em: <20/11/2007>. SOCIEDADE de São Vicente de Paulo. Disponível em: <http://www.ssvponline.org/ssvp.asp>. Acessado em: <20/11/2007>. WIKIPEDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_de_Paulo>. Acessado em: <20/11/2007>.

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IMAGEM DE SÃO VICENTE DE PAULO Ano do inventário: 2008

Imagem de São Vicente de Paulo FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Em Araçaí, a Sociedade São Vicente de Paulo foi fundada pelo Sr. Ulisses Batista, na década de 1920. No dia conforme data constante da Carta de Agregação, a solicitação para filiar-se à Sociedade na França foi aceita e continua em atividade até os dias atuais. O objetivo inicial do Sr. Ulisses era tirar das ruas os pobres que perambulavam pelo pequeno lugarejo que se transformaria, anos mais tarde, na cidade de Araçaí. Em 1913, teria fundado a Conferência de São Vicente de Paulo, mas, somente em 1924 a Carta de Agregação oficializou a adesão do grupo de vicentinos de Araçaí.

A maior realização do SSVP em Araçaí foi a construção e manutenção do Asilo Cônego Xavier Rolim, para abrigar idosos e desamparados em geral. O Asilo teria sido construído em 1923, de acordo com o jornal Araçaí em Marcha, de 01 de janeiro de 1960. Os Estatutos foram aprovados em 29 de julho de 1928, com o nome de Cônego Xavier Rolim (Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo). A escritura de compra e venda do prédio e do terreno do Asilo foi efetivada em 25 de outubro de 1934, tendo como vendedor: Benedito Batista de Oliveira e sua mulher e como comprador a Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo.

Ao longo dos anos, aconteceram melhoramentos na edificação e no terreno: em 1955 foi construída uma Capela, ao lado da edificação do Asilo; foram edificados um muro e uma cozinha; além de benefícios aos asilados como assistência funerária e de saúde, inclusive para os pobres residentes fora dele.

No ano de 1996, moradores de Sete Lagoas e de Araçaí reuniram doações e construíram outro prédio para abrigar o Asilo, demolindo a edificação antiga que se apresentava bastante danificada. Na ocasião, foi reformada, ainda, a Capela de São Vicente de Paulo. A inauguração do novo asilo aconteceu em 1999.

O Sr. Herácio Hilário Costa, responsável pelo Asilo, disse acreditar que a imagem seja da década de 1920, época de inauguração do Asilo e que teria sido levada pelo seu benfeitor, o Sr. Ulisses Batista.

Descrição: Figura masculina adulta, com aparência mais velha, de pé em posição frontal; cabeça levemente inclinada para direita e olhar para baixo; cabelos grisalhos curtos, com um gorro dourado envolvendo-os, deixando as orelhas aparentes; rosto ovalado, carnação clara e lábios finos e rosados; os olhos amendoados de íris

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Asilo Cônego Xavier Rolim. Rua Inácio Rocha, 326 A.

Espécie: Imaginária.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: Sem referências .

Origem: Sem referências.

Procedência: Sem referências.

Material e técnica: Gesso / escultura, molde, policromia.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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escuras, demarcados nas pálpebras com os cílios e as sobrancelhas retas; nariz afilado, queixo em montículo levemente pronunciado, com cavanhaque grisalho. Veste túnica preta com gola, botões e cinta dourada e usa uma capa igualmente preta com vasta gola; apoia-se sobre uma peanha hexagonal com o plano superior preto e bordas douradas.

Conduz duas figuras infantis. Com o braço direito segura uma criança de colo, de olhos cerrados, cabelos castanho-avermelhados, rosto redondo e bochechas e lábios rosados. A criança veste uma túnica branca com arremates dourados; possui o corpo parcialmente coberto pela capa da figura adulta e tem a mãozinha direita apoiada sobre a mão direita do homem.

A outra criança, representando uma menina, está de pé, abraçada e apoiada no lado esquerdo da figura masculina. Esta possui olhos de vidro cor castanho-escuro; cabelos longos em trança; traja um vestido verde com detalhes marrons e dourados, de comprimento médio, abaixo da altura dos joelhos; usa um adereço no pescoço, o qual é ocultado pela mão esquerda que se apoia sobre o peito; possui pés calçados por sapatos fechados dourados, com a mão direita ela abraça a figura masculina.

Dimensões: Altura: 62 cm; Largura: 28 cm; Profundidade: 18 cm

Características Técnicas: Imagem moldada em gesso. A policromia foi realizada com tinta a óleo em cores de uma paleta pouco diversificada, contrastadas em claro-escuro, e ênfase na cor preta; olhos em lâminas de vidro fixadas nas saliências oculares.

Características Estilísticas: Peça da imaginária devocional brasileira, de fatura popular, consolidada por um nível mínimo de erudição, no tratamento escultórico do panejamento. Imagem com características da escultura em gesso da primeira metade do século XX.

Características Iconográficas: A Imagem representa São Vicente de Paulo (Pouy, 24 de abril de 1581 — Paris, 27 de setembro de 1660), um sacerdote católico francês, declarado santo pelo Papa Clemente XII em 1737. Foi um dos grandes protagonistas da Reforma Católica na França do século XVII.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Alencar Moreira da Silva; Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Jucélia Pereira Maciel; Tereza Santana da Silva Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. JORNAL Araçaí em Marcha. 01 de janeiro de 1960. LANZA, Zila Guimarães. Prosa na varanda. Zila Guimarães Lanza: Belo Horizonte, s/d. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências Eletrônicas: MUSEU do oratório. Disponível em: <http://www.museudooratorio.com.br/port/default.asp>. Acessado em: <20/11/2007>. SOCIEDADE de São Vicente de Paulo. Disponível em: <http://www.ssvponline.org/ssvp.asp>. Acessado em: <20/11/2007>. WIKIPEDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_de_Paulo>. Acessado em: <20/11/2007>.

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SINO Ano do inventário: 2008

Sino FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Em Araçaí, a Sociedade São Vicente de Paulo foi fundada pelo Sr. Ulisses Batista, na década de 1920. No dia conforme data constante da Carta de Agregação, a solicitação para filiar-se à Sociedade na França foi aceita e continua em atividade até os dias atuais. O objetivo inicial do Sr. Ulisses era tirar das ruas os pobres que perambulavam pelo pequeno lugarejo que se transformaria, anos mais tarde, na cidade de Araçaí. Em 1913, teria fundado a Conferência de São Vicente de Paulo, mas, somente em 1924 a Carta de Agregação oficializou a adesão do grupo de vicentinos de Araçaí.

A maior realização do SSVP em Araçaí foi a construção e manutenção do Asilo Cônego Xavier Rolim, para abrigar idosos e desamparados em geral. O Asilo teria sido construído em 1923, de acordo com o jornal Araçaí em Marcha, de 01 de janeiro de 1960. Os Estatutos foram aprovados em 29 de julho de 1928, com o nome de Cônego Xavier Rolim (Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo). A escritura de compra e venda do prédio e do terreno do Asilo foi efetivada em 25 de outubro de 1934, tendo como vendedor: Benedito Batista de Oliveira e sua mulher e como comprador a Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo.

Ao longo dos anos, aconteceram melhoramentos na edificação e no terreno: em 1955 foi construída uma Capela, ao lado da edificação do Asilo; foram edificados um muro e uma cozinha; além de benefícios aos asilados como assistência funerária e de saúde, inclusive para os pobres residentes fora dele.

No ano de 1996, moradores de Sete Lagoas e de Araçaí reuniram doações e construíram outro prédio para abrigar o Asilo, demolindo a edificação antiga que se apresentava bastante danificada. Na ocasião, foi reformada, ainda, a Capela de São Vicente de Paulo. A inauguração do novo asilo aconteceu em 1999.

O sino pendente da varanda de entrada do Asilo era utilizado para anunciar a hora dos cultos religiosos, levantamento de mastros e, também, para anunciar aos asilados o momento das refeições. Entre 1996 e 1999, o sino foi retirado da edificação antiga do Asilo e colocado na nova sede, já que a primeira foi demolida. Não há referência sobre sua procedência e data de chegada do sino à instituição, mas estima-se que seja da primeira metade do século XX, época da construção do Asilo e da Capela de São Vicente de Paulo.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Asilo Cônego Xavier Rolim. Rua Inácio Rocha, 326 A.

Espécie: Instrumento sonoro.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: Sem referências .

Origem: Sem referências.

Procedência: Sem referências.

Material e técnica: Liga metálica de ferro e bronze / fundição, molde.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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Descrição: Objeto metálico campanular, robusto, com a borda inferior aberta e encurvada, e a parte superior fechada em calota, arrematada superiormente por alça trapezoidal de arestas arredondadas. Está preso ao teto por uma corrente de ferro.

O bojo é liso, sem elementos decorativos. No interior deste, pende-se um badalo com o extremo arredondado, com uma corda atada inferiormente. A corda de sisal amarrada ao badalo serve para acionar o seu movimento e produzir o som.

Dimensões: Altura: 22 cm; Diâmetro: 16 cm

Características Técnicas: Peça obtida através da fundição de liga metálica de bronze e ferro, colocada em molde para resultar o formato campanular.

Características Estilísticas: Sino tradicional, em formato campanular.

Características Iconográficas: Normalmente, o sino tem caráter religioso e simboliza a hora da oração. O simbolismo do sino está ligado, sobretudo, à percepção do som. O sino evoca a posição de tudo o que está suspenso entre o céu e a terra e, por isso mesmo, estabelece uma comunicação entre os dois.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Alencar Moreira da Silva; Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Jucélia Pereira Maciel; Tereza Santana da Silva Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. JORNAL Araçaí em Marcha. 01 de janeiro de 1960. LANZA, Zila Guimarães. Prosa na varanda. Zila Guimarães Lanza: Belo Horizonte, s/d. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências Eletrônicas: SOCIEDADE de São Vicente de Paulo. Disponível em: <http://www.ssvponline.org/ssvp.asp>. Acessado em: <20/11/2007>. WIKIPEDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_de_Paulo>. Acessado em: <20/11/2007>.

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QUADRO COM GRAVURA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO Ano do inventário: 2008

Quadro com gravura de Nossa Senhora da Conceição

FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Em Araçaí, a Sociedade São Vicente de Paulo foi fundada pelo Sr. Ulisses Batista, na década de 1920. No dia conforme data constante da Carta de Agregação, a solicitação para filiar-se à Sociedade na França foi aceita e continua em atividade até os dias atuais. O objetivo inicial do Sr. Ulisses era tirar das ruas os pobres que perambulavam pelo pequeno lugarejo que se transformaria, anos mais tarde, na cidade de Araçaí. Em 1913, teria fundado a Conferência de São Vicente de Paulo, mas, somente em 1924 a Carta de Agregação oficializou a adesão do grupo de vicentinos de Araçaí.

A maior realização do SSVP em Araçaí foi a construção e manutenção do Asilo Cônego Xavier Rolim, para abrigar idosos e desamparados em geral. O Asilo teria sido construído em 1923, de acordo com o jornal Araçaí em Marcha, de 01 de janeiro de 1960. Os Estatutos foram aprovados em 29 de julho de 1928, com o nome de Cônego Xavier Rolim (Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo). A escritura de compra e venda do prédio e do terreno do Asilo foi efetivada em 25 de outubro de 1934, tendo como vendedor: Benedito Batista de Oliveira e sua mulher e como comprador a Conferência de São Sebastião, da Sociedade São Vicente de Paulo.

Ao longo dos anos, aconteceram melhoramentos na edificação e no terreno: em 1955 foi construída uma Capela, ao lado da edificação do Asilo; foram edificados um muro e uma cozinha; além de benefícios aos asilados como assistência funerária e de saúde, inclusive para os pobres residentes fora dele.

No ano de 1996, moradores de Sete Lagoas e de Araçaí reuniram doações e construíram outro prédio para abrigar o Asilo, demolindo a edificação antiga que se apresentava bastante danificada. Na ocasião, foi reformada, ainda, a Capela de São Vicente de Paulo. A inauguração do novo asilo aconteceu em 1999.

A gravura é parecida com imagem de Bartolomé Esteban Murillo, sevilhano que pintou várias representações de Nossa Senhora da Conceição, durante o século XVII. A que mais se aproxima desta gravura é uma pintura de 1665-70, intitulada Immaculate Conception medindo 206x144 cm, que está no Museu do Prado, em Madrid, Espanha. De acordo com informações do site Idlespeculations-terryprest

12,

um dos quadros do pintor espanhol foi levado para a França, em 1813, pelo Marechal Soult, em troca de poupar a vida de dois monges condenados à morte, retornando ao Museu do Prado em 1941.

12

Disponível em: http://idlespeculations-terryprest.blogspot.com/2007/04/murillo-and-immaculate-conception.html. Acesso em 10/01/2008.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Asilo Cônego Xavier Rolim. Rua Inácio Rocha, 326 A.

Espécie: Imaginária.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: Sem referências.

Origem: Sem referências.

Procedência: Sem referências.

Material e técnica: Papel / impressão, douramento.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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Infelizmente, não foram encontrados dados que confirme a probabilidade de a referida gravura ser uma reprodução do quadro de Bartolomé Murillo, embora seja possível, já que gravuras de imagens religiosas tiveram um trânsito significativo entre a Europa e o Brasil durante o século XX.

Descrição: Quadro com gravura de Nossa Senhora da Conceição, emoldurado com madeira e vidro.

A gravura apresenta a figura feminina, jovem adulta, de pé em posição frontal; as duas mãos se encontram na altura do peito, em posição de oração. Tem a cabeça sutilmente voltada para cima e pendendo suavemente à esquerda; cabelos castanho-escuros, bipartidos, longos e vastos, caindo em toda extensão das costas em volumosas mechas onduladas; semblante suavizado em traços finos e arredondados; carnação clara e levemente rosada na face; olhos amendoados, olhar direcionado para frente e levemente elevado; pequenos lábios cerrando a boca, queixo diminuto levemente pronunciado.

A mulher veste uma túnica branca longa decorada por fores dourados. Enrolado no braço esquerdo e parte solto e esvoaçante, o manto apresenta-se na cor azul claro com barras e ornamentos dourados com linhas formando ondas.

Pairando nas nuvens, aparece com fundo amarelo e nevoado. Nos dois cantos superiores, três cabeças de anjos em cada lado, guarnecidas por asas, direcionam o olhar para a figura feminina central. No canto esquerdo da gravura, outros três querubins aparecem entre flores e ramos. Um deles aparece com o braço esquerdo estendido e olhar direcionado para a forma da lua minguante, sob os pés da mulher.

A moldura do quadro foi pintada com em tons marrom-avermelhado, verde e dourado.

Dimensões: Altura: 53 cm; Largura: 43,5 cm; Profundidade (moldura): 4,5 cm

Características Técnicas: Gravura em papel feita através de impressão com acabamento laminado e douramentos realçados.

Características Estilísticas: Peça de uso devocional, com utilização de gravura religiosa, típica do século XX. Normalmente, utilizada na devoção doméstica.

Possivelmente, esta gravura foi baseada em pintura idêntica do pintor sevilhano Bartolomé Esteban Murillo. Que realizou várias representações de Imaculada Nossa Senhora da Conceição, na segunda metade do século XVII.

Características Iconográficas: A identificação iconográfica de Nossa Senhora Conceição justifica-se na imagem pela sua postura de pé sobre a lua, simbolizando sua pureza virginal, imperando sobre a Terra diretamente das alturas, protegida e anunciada pelos querubins que a rodeiam, pairando nas nuvens do céu, as mãos postas em frente ao peito – atributos dessa representação da Virgem Maria. Além disso, é a imagem central do símbolo da Sociedade São Vicente de Paulo.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Alencar Moreira da Silva; Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; Irmã Maria das Dores da Silva; José Guilherme Santana; Jucélia Pereira Maciel; Tereza Santana da Silva Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007.

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INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. JORNAL Araçaí em Marcha. 01 de janeiro de 1960. LANZA, Zila Guimarães. Prosa na varanda. Zila Guimarães Lanza: Belo Horizonte, s/d. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências Eletrônicas: MURILLO, Bartolomé Esteban. The "Soult" Immaculate Conception c. 1678 Disponível em: < http://idlespeculations-terryprest.blogspot.com/2007/04/murillo-and-immaculate-conception.html>. Acessado em: <10/01/2008>. MURILLO, Bartolomé Esteban. Our Lady of the Immaculate Conception. Disponível em: <http://blog.cybershark.net/ida/index.php/archives/134>. Acessado em: <10/01/2008>. SOCIEDADE de São Vicente de Paulo. Disponível em: <http://www.ssvponline.org/ssvp.asp>. Acessado em: <20/11/2007>. WIKIPEDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_de_Paulo>. Acessado em: <20/11/2007>.

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MÁQUINA DE FAZER CORDÃO Ano do inventário: 2008

Máquina de fazer cordão FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

De acordo com relato do senhor José Guilherme Santana, funcionário aposentado da Fábrica de Tecidos Industrial Policenas Mascarenhas, desde 1991, esta é uma das máquinas mais antigas da fábrica. Não há registros sobre sua aquisição, contudo, acredita-se que ela seja da década de 1940, período de instalação da fábrica. Para ele, “é a mais bonita de se ver trabalhar”, no seu movimento de enrolar os fios e fazer o cordão nos carretéis. Permanece, até os dias atuais, em atividade. Acredita-se que a máquina tenha sido produzida ou adaptada na oficina da própria fábrica de tecidos, pelos funcionários da oficina.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Equipamento de indústria têxtil.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: Desconhecida.

Origem: Desconhecida.

Procedência: Desconhecida.

Material e técnica: Ligas metálicas / fundição, encaixes, solda; Borracha / encaixe; Madeira / encaixe.

Marcas / Inscrições / Legendas: “IPM” / “Patrimônio” / “401 – 0452”.

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Descrição: Máquina industrial, dividida em três partes: motor, mesa e mecanismo operacional. Na parte inferior da máquina, encaixam-se os carretéis pequenos de linha mais fina sob um plano quadrado e bocais redondos (aproximadamente 36). Esta parte, conecta-se a outra mesa de formato circular com aproximadamente 20 bocais onde se encaixam carretéis de fios um pouco mais grossos, que gira através de mecanismo elétrico para unir as linhas através de um orifício central. O cordão formado a partir do entrelaço das linhas é recolhido em outros quatro carretéis maiores. O sistema é composto por roldanas, correias e manivelas.

Dimensões: Altura: 172 cm; Largura: 90 cm; Profundidade: 40 cm

Características Técnicas: Máquina rudimentar, de ligas metálicas, movida a motor elétrico, característica da primeira metade do século XX.

Características Estilísticas: Máquina utilizada na indústria têxtil para fazer cordão, com mecanismo elétrico de pequeno porte produzida na primeira metade do século XX.

Características Iconográficas: A máquina para fazer cordão com fios finos de algodão remete à industrialização têxtil.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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ANTIGA RODA DE SOLA PARA TRANSMISSÃO DE ENERGIA Ano do inventário: 2008

Antiga roda de sola para transmissão de

energia FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

De acordo com relato do senhor José Guilherme Santana, funcionário aposentado da Fábrica de Tecidos Industrial Policenas Mascarenhas, desde 1991, a roda teria sido uma das primeiras peças da fábrica de tecidos. Ela era usada como roda para sola de geração de energia que movimentava as correias dos teares. Os primeiros teares eram movidos pelo vapor produzido pela caldeira. O eixo para geração de energia era aéreo, ficava próximo ao teto da fábrica. Com a chegada dos motores, cada tear ganhou o seu motor individual e a roda ficou inutilizada. Possivelmente, isto aconteceu em 1965, quando os teares mecânicos foram substituídos por teares automáticos da marca Howa do Brasil, o que possibilitou a fabricação de tecidos mais sofisticados e da produção compatível ao mercado da época.

Ele recorda que a roda foi colocada na entrada da fábrica, aproximadamente na década de 1970, em homenagem ao engenheiro eletricista Dr. José Luiz Mascarenhas Dalle, um dos fundadores da Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas. O entrevistado, com auxílio de outros colegas, foi o responsável pela sua atual posição. Eles pegaram a roda que já não tinha mais função no processo industrial, limparam-na e a instalaram sobre um suporte de concreto próximo à portaria da entrada. Desde então, ela encontra-se no mesmo local.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Equipamento de indústria têxtil.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: Desconhecida.

Origem: Desconhecida.

Procedência: Companhia Fabril Mascarenhas – Alvinópolis.

Material e técnica: Ligas metálicas / fundição, encaixes, solda; Alvenaria / areia, cimento, pedra e cal

Marcas / Inscrições / Legendas: Nenhuma.

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Descrição: Objeto formado por uma grande roda vazada presa a finas barras cilíndricas em posição raionada em outra de menor diâmetro marcando o eixo central da primeira. Está disposta verticalmente acima do solo a apoiada três barras de ferro engastadas em uma base de concreto quadrada.

A estrutura encontra-se instalada no jardim de entrada da fábrica de tecidos, como objeto decorativo.

Dimensões: Diâmetro = largura: 121 cm; Altura: 190 cm; Profundidade: 31 cm

Características Técnicas: Estrutura constituída de módulos de ferro encaixados e soldados entre si, com um círculo fixado por 30 barras de ferro em posição raionada a um eixo central, utilizando as técnicas da siderurgia convencional.

Características Estilísticas: Peça utilizada nas fábricas de tecidos do final do século XIX e início do XX para geração da energia que movimentava os teares.

Características Iconográficas: A roda remete ao primeiro momento da industrialização têxtil no Brasil, antes da chegada dos teares automáticos. Além disso, a roda foi colocada na entrada da fábrica, aproximadamente na década de 1970, em homenagem ao engenheiro eletricista Dr. José Luiz Mascarenhas Dalle, um dos fundadores da Sociedade Industrial Policena Mascarenhas. Seu sentido é simbólico, representando a iniciativa dos industriais da Policena Mascarenhas na primeira metade do século XX.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Ruim.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: COMPANHIA Fabril Mascarenhas. Disponível em: <http://www.fabril.com.br/index.html>. Acessado em: <10/2007>.

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QUADRO BORDADO Ano do inventário: 2008

Quadro bordado

FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

De acordo com a informação disposta abaixo do quadro, trata-se do primeiro tecido feito na Industrial Policena Mascarenhas, bordado pela senhora Neide Pena Mascarenhas, esposa do Doutor Caetano Barbosa Mascarenhas, um dos 3 fundadores da IPM. Não há referência sobre a data em que o tecido foi bordado, mas acredita-se que tenha sido logo após a fundação da fábrica, em 1942.

Município: Araçaí

Distrito: Sede

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Artesanato

Época: 1942

Autoria: Sra. Neide Pena Mascarenhas

Origem: Família Mascarenhas

Procedência: Família Mascarenhas

Material e técnica: Tecido / bordado manual; vidro / encaixe; Moldura de madeira / encaixe, colagem

Marcas / Inscrições / Legendas: Possui os nomes ”J. Luiz, Iton, Caetano”, além das datas nas laterais “: 15-6-1942”e “ 8-11-1945. SIPM Lda”. No canto superior, a palavra “Araçaí”.

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Descrição: Quadro de formato retangular, composto por tecido branco, de algodão, bordado à mão com linhas coloridas, também de algodão. Desenhos bordados: três paraquedas; um moinho de vento; três figuras humanas com as pernas cruzadas, representadas duas vezes; uma edificação semelhante a uma fábrica; uma locomotiva; o número 13 bordado duas vezes; um barco com três tripulantes; outro barco menor, na parte inferior, mais simples, sem tripulante; um elefante; um avião monomotor; uma residência e duas árvores; uma ferradura; dois trevos de quatro folhas; um tear rudimentar; quatro escorpiões; três representações de pequenos animais que não foram possíveis identificarem (gatos?). Emoldurando as cenas, nas laterais, foram bordadas a data de inauguração da fábrica: 15-6-1942 e outra data: 8-11-1945. SIPM Lda. No canto superior, abaixo deste emoldurado, a palavra Araçaí.

Moldura de madeira em frisos retos, com vidro protegendo a tela.

Dimensões: Altura: 66 cm; Largura: 64 cm; Profundidade: 3,2 cm

Características Técnicas: Tecido branco produzido pela fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas, na década de 1940, bordado a mão, em ponto de cruz, com linhas de algodão em cores variadas e colocado em uma moldura simples de madeira e vidro.

Características Estilísticas: Quadro de tecido de algodão, bordado à mão, com representações que lembram a industrialização têxtil e a modernidade industrial.

Características Iconográficas: O sentido iconográfico deste quadro está no simbolismo de ter sido o primeiro tecido produzido pela fábrica de tecidos, além do delicado bordado em ponto de cruz com os nomes dos fundadores do empreendimento e das representações constantes ali. As três figuras humanas que aparecem em diversas cenas do quadro (próximas à fábrica, paraquedas; barco e locomotiva) representam os três fundadores da Policenas Mascarenhas: J. Luiz, de vermelho; Iton, de azul; Caetano, de verde. Ainda há alguns desenhos que simbolizam sorte, como a ferradura, o elefante, o trevo de quatro folhas e o número 13. Estes elementos de sorte, juntos com a representação do escorpião e, possivelmente, do gato, lembram talismãs dos signos do zodíaco. As datas bordadas: 15/06/1942 e 08/11/1945 representam, respectivamente, os signos gêmeos e escorpião.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Tombamento Municipal.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: FABRIL. Disponível em: < http://www.fabril.com.br/index.html>. Acessado em: <10/2007>.

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TEAR HOWA DO BRASIL Ano do inventário: 2008

Tear Howa do Brasil

FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

Em 1965 os teares mecânicos que existiam na fábrica foram substituídos por teares automáticos da marca Howa do Brasil, o que possibilitou a fabricação de tecidos mais sofisticados e da produção compatível ao mercado da época. Possivelmente, nesta década, os teares inventariados tenham sido introduzidos na fábrica de tecidos Policena Mascarenhas.

Os teares da década de 1960 ainda se encontram em plena atividade e existem 145 (cento e quarenta e cinco) em funcionamento na fábrica de tecidos. O funcionário Júlio César Moreira conta que os teares Howa estão sendo substituídos, aos poucos, por teares mais modernos, da empresa Teares Ribeiro, localizada em Guarulhos – SP. No entanto, este processo é lento e já vem ocorrendo ao longo de muitos anos, pois a compra de novos teares requer investimento alto. As substituições são necessárias para que a fábrica produza tecidos a preços e qualidade competitivas no mercado têxtil brasileiro. Atualmente, a fábrica possui 17 (dezessete) teares deste novo modelo.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Equipamento de indústria têxtil.

Época: Década de 1960.

Autoria: Howa do Brasil S.A.

Origem: São Paulo – Howa do Brasil S.A.

Procedência: São Paulo – Howa do Brasil S.A.

Material e técnica: Ligas metálicas / fundição, encaixes, solda, torneamento; Borracha / encaixe; Tinta metálica / aspersão

Marcas / Inscrições / Legendas: “Howa do Brasil”.

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Descrição: Tear horizontal, cujos fios da urdidura são emalhados nos liços e a abertura para a passagem da trama é dada pelo movimento ascendente e descendente daqueles que se acionam por motor elétrico. Possui pentes que batem e apertam a trama após cada passagem.

Equipamento industrial composto pelas seguintes partes: URDIDURA: é formado por um conjunto de fios tensos, paralelos e colocados previamente no sentido do comprimento do tear. TRAMA: é o segundo conjunto de fios, passados no sentido transversal com auxílio de uma agulha, também denominada navete. A trama é passada entre os fios da urdidura por uma abertura denominada cala. CALA: abertura entre os fios ímpares e pares da urdidura, por onde passa a trama. PENTE: peça básica no tear pente-liço, que permite levantar e abaixar alternadamente os fios da urdidura, para permitir a abertura da cala e posterior passagem da trama.

A urdidura é colocada através do pente e seus fios são mantidos com uma tensão constante. O movimento vertical do pente faz surgir a abertura denominada cala, por onde é passada a trama, sucessivamente de um lado para outro, entrelaçando-se desta maneira os dois conjuntos de fios.

Dimensões: Altura: 160 cm; Largura: 320 cm; Profundidade: 160 cm

Características Técnicas: Peça em metal, confeccionada em várias partes fixadas através de solda ou parafusamento, que se interligam e movimentam-se através sistema de rolagens e correias, com objetivo de entrelaçar os fios para a confecção do tecido. O tear é um equipamento que permite o entrelaçamento de uma maneira ordenada de dois conjuntos de fios, denominados trama e urdidura formando, como resultado, uma malha denominada tecido.

Mecanismo de funcionamento do tear: o operário adapta aos teares bobinas ou carretéis de fios, passando as extremidades destes pelas guias e depois pelas lançadeiras ou agulhas, a fim de aprontar os teares para o tecimento; após acionados, os teares fazem um movimento contínuo e rápido para produção dos tecidos. Os fios podem se partir, então, o operário fica atento para desligar o tear e emendar fios partidos, para garantir a boa qualidade do produto. As bobinas, carretéis ou novelos têm de ser reabastecidos de tempo em tempo pré-determinado.

Características Estilísticas: Peças industriais da década de 1960, ainda em funcionamento.

Características Iconográficas: O tear remete à industrialização têxtil da segunda metade do século XX, quando os teares mais rudimentares foram substituídos por motores mais velozes, potentes e modernos.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana. Obras / Documentos consultados:

RIBEIRO, Maria Alice Rosa. Condições de Trabalho na Indústria Têxtil Paulista (1870-1930). São Paulo: Hucitec, 1988. Série: Teses e Pesquisas. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: COMPANHIA Fabril Mascarenhas. Disponível em: <http://www.fabril.com.br/index.html>. Acessado em: <10/2007>.

TEAR. Disponível em: <http://www.ribeirinho.com.br/teares.htm>. Acessado em: <11/01/2008>.

TEARES: Disponível em: <http://radix.cultalg.pt/visualizar.html?contexto=809&id=6034>. Acessado em: <11/01/2008>.

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COFRE Ano do inventário: 2008

Cofre FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

O Cofre é utilizado pelo setor financeiro para guardar dinheiro, documentos do setor, entre outros objetos de valor. Conforme relato do Sr. José Guilherme Santana, o Cofre está na fábrica de tecidos desde a fundação, em 1942. Aproximadamente na década de 1960, ele foi retirado de lá e levado para o escritório da fábrica em Belo Horizonte, na Rua Caetés. No entanto, pelo seu peso e volume, não conseguiu atingir o andar do escritório, já que ficava em um prédio de vários andares, e retornou para a fábrica de Araçaí onde se encontra até os dias atuais. Possivelmente, este cofre é procedente da Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Utilitário.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: Sem referência.

Origem: Sem referência.

Procedência: Sem referência.

Material e técnica: Ligas metálicas / fundição, encaixes, solda.

Marcas / Inscrições / Legendas: No local do segredo do cofre, além das dezenas do mesmo, encontra-se no seu centro: “Patente 18695”, e logo abaixo: “5065”.

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Descrição: Cofre confeccionado em metal, de formato retangular, na cor chumbo, disposto no sentido vertical. Porta em reentrância com duas dobradiças externas do seu lado esquerdo. Na parte superior da porta, ao centro, encontra-se o segredo circular em metal cromado. Abaixo, à esquerda, a fechadura em metal cromado, e à direita, trinco semelhante a uma maçaneta.

Dimensões: Altura: 158 cm; Largura: 60 cm; Profundidade: 57 cm

Características Técnicas: Móvel de ferro, com revestimento que procura torná-lo inviolável e fechaduras de segredo contra roubo, destinado a guardar objetos de valor. É composto por diversas partes de metal, soldadas ou encaixadas com dobradiças. Porta com recortes circulares, onde se encaixam o segredo, o trinco e a fechadura.

Características Estilísticas: Mobiliário com estilo sui generis, próprios para produção em massa, com linhas retas, confeccionado para ser bem resistente e seguro. Extremamente funcional, a peça é desprovida de ornamentos e outras preocupações estéticas.

Características Iconográficas: Sem referências.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: FABRIL. Disponível em: < http://www.fabril.com.br/index.html>. Acessado em: <10/2007>.

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MÁQUINA DE ESCREVER Ano do inventário: 2008

Máquina de escrever

FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

De acordo com relato do senhor José Guilherme Santana, funcionário aposentado da Fábrica de Tecidos Industrial Policenas Mascarenhas desde 1991, a máquina de escrever era utilizada no escritório desde os primeiros tempos da Policenas Mascarenhas. Entretanto, atualmente, não está mais em uso, permanecendo no escritório como objeto decorativo. Possivelmente, esta máquina de escrever é procedente da Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Utilitário.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: Sem referência.

Origem: Sem referência.

Procedência: Sem referência.

Material e técnica: Liga metálica de ferro / fundição, estampado e usinado; Liga de metal branco / galvanoplastia de cromo ou níquel; Borracha / revestimento; Fita de tecido / recorte.

Marcas / Inscrições / Legendas: Na parte posterior, um emblema: “REMINGTON”.

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Descrição: Máquina de escrever confeccionada em metal, de formato trapezoidal com arestas suavizadas em linhas curvas, com a parte frontal em recorte semicircular, onde se prende o alinhador de tipos, dispostos em semicírculo, que ao acionados são apontados para o centro. A parte posterior apresenta um carro deslizante horizontal com um rolo cilíndrico, maçanetas circulares e alavancas, e com um aparo retangular posterior, inclinado, que direciona o papel, prendendo-o entre si e o rolo. Na parte superior, sob os extremos da frente semicircular, fixam-se dois carretéis para colocar a fita magnética bicolor (vermelho e preto). Na parte da frente, apresenta o teclado em plano inclinado, com as teclas em formato de moeda, com letras, números arábicos e sinais gráficos, ligadas por hastes inferiores até o mecanismo dos tipos, com sistema de rebote. Esse mecanismo ligado às hastes das teclas que serve de suporte para os tipos, permite este último ser lançado para o centro, quando a tecla é pressionada, batendo na fita embebida de tinta e imprimindo seu positivo no papel, caindo de volta no lugar de onde partiu. Acima do teclado, na parte frontal da máquina, um dispositivo em forma de leque permite trocar a cor da escrita desejada, com opções branco, preto e vermelho. A máquina é apoiada por quatro pés circulares.

O teclado adota o layout QWERTY, reconhecidamente popular e útil – QWERTY são as seis letras iniciais no topo do teclado. A ideia foi desenvolvida por Christopher Sholes, pois o layout original era no formato do alfabeto, mas as letras sempre misturavam durante a digitação. Para resolver o problema, ele pediu ao um matemático que descobrisse um arranjo que impedisse que as barras se colidissem. Mais tarde ele chamou esse arranjo cientifico de “QWERTY”.

Dimensões: Altura: 29 cm; Largura: 43 cm; Profundidade: 38 cm

Características Técnicas: Peça fabricada em metal fundido, conformado e usinado; peças com metal branco, por galvanoplastia de cromo ou níquel; rolo para apoio do papel com revestimento de borracha. Montada em diversas partes com parafusamento e soldas.

Características Estilísticas: Peça de linhas modernas, aludindo ao tema da velocidade. Datável do início do século XX, é a do tipo manual, antecessora da máquina de escrever moderna – elétrica e automática.

Características Iconográficas: Sem referências.

Proteção Legal existente: Nenhuma

Proteção Legal Proposta: Inventário

Estado de Conservação: Razoável

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: FABRIL. Disponível em: < http://www.fabril.com.br/index.html>. Acessado em: <10/2007>.

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MÁQUINA DE LIMPEZA DE ROLOS Ano do inventário: 2008

Máquina de limpeza de rolos FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

De acordo com relato do senhor José Guilherme Santana, funcionário aposentado da Fábrica de Tecidos Industrial Policenas Mascarenhas desde 1991, esta peça foi construída na Oficina interna da fábrica, possivelmente na década de 1950. Apesar de bastante rudimentar, ainda encontra-se em uso, servindo para limpeza dos fios de algodão que ficam presos nos rolinhos onde estes são enrolados. Os fios saem do Setor de Fiação e vão para a tecelagem, para a confecção dos tecidos. Esta peça é operada pelos funcionários do Setor de Fiação.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Equipamento de indústria têxtil.

Época: Meados do século XX.

Autoria: Funcionários da oficina interna da Policenas Mascarenhas.

Origem: Oficina interna da Policenas Mascarenhas.

Procedência: Oficina interna da Policenas Mascarenhas.

Material e técnica: Ligas metálicas / fundição, parafusamento, encaixes, solda.

Marcas / Inscrições / Legendas: Nenhuma.

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Descrição: Caixa retangular, de metal, na cor esverdeada, com abertura lateral por uma porta sem trinco. Na parte superior da outra lateral, há uma manivela que gira um rolo cilíndrico na parte interna da caixa de metal. Este cilindro é revestido por pontas finas, como agulhas, em toda sua extensão, para absorção dos fios de algodão presentes nos rolos colocados ali para limpeza, quando a máquina é acionada manualmente.

Dimensões: Altura: 89 cm; Largura: 53 cm; Profundidade: 40 cm

Características Técnicas: Peça confeccionada em metalon composto de várias partes afixadas por parafusamento, encaixe e solda.

Características Estilísticas: Peça de estilo rudimentar, característica da indústria têxtil, desprovida de apuros estéticos.

Características Iconográficas: Sem referências.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: FABRIL. Disponível em: < http://www.fabril.com.br/index.html>. Acessado em: <10/2007>.

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DOIS FIADORES MANUAIS Ano do inventário: 2008

Dois fiadores manuais FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

Segundo relatos de funcionários da FITECA, algumas peças e máquinas industriais eram produzidas na oficina interna da Policenas Mascarenhas. O senhor Felicíssimo Gomos Santiago, já falecido, era um dos funcionários da carpintaria / oficina da Policenas que produziu várias máquinas que são utilizadas até os dias atuais, tais como os fiadores manuais e a máquina para limpeza de rolos. Na fábrica de tecidos existem dois fiadores manuais, idênticos, em uso. Os Fiadores Manuais para emendar as linhas teriam sido fabricados, aproximadamente, na década de 1970 e permanecem em operação.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Equipamento de indústria têxtil.

Época: Década de 1970.

Autoria: Funcionários da oficina interna da Policenas Mascarenhas.

Origem: Oficina interna da Policenas Mascarenhas.

Procedência: Oficina interna da Policenas Mascarenhas.

Material e técnica: Ligas metálicas, bronze / fundição, parafusamento, encaixes, solda; Madeira / recortes, carpintaria.

Marcas / Inscrições / Legendas: “Nº 10”; “70 kg”.

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Descrição: Equipamento industrial manual, de ferro fundido e de madeira, em forma de cavalete, que serve como suporte para passar os fios e a pessoa, do outro lado, fazer a emenda. Os fios são passados no pente, composto por um conjunto de inúmeras lamelas. Um grande carretel enrola os fios que foram emendados. Possui um braço, semelhante a uma mão francesa, que sustenta o suporte composto de quatro barras retilíneas que recebe a trama de fios.

Na fábrica de tecidos, existem dois fiadores manuais, idênticos. Em cada um deles, trabalham sempre, concomitantemente, duas funcionárias.

Dimensões: Altura: 142 cm; Largura: 182 cm; Profundidade: 171 cm

Características Técnicas: Peça em metal e complementos em madeira, dividida em três partes: armação, cadeira e cavalete, que se conectam para entrada da linha e emenda do fio de algodão.

Características Estilísticas: Peça de estilo rudimentar manual, característica da indústria têxtil, desprovida de apuros estéticos.

Características Iconográficas: Sem referências.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: FABRIL. Disponível em: < http://www.fabril.com.br/index.html>. Acessado em: <10/2007>.

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Página | 92

MEDIDORES DE PAVIO E DE JARDAS Ano do inventário: 2008

Medidores de pavio e de jardas FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

Os medidores de jardas e de pavio são peças industriais manuais notadamente do início do século XX. Não há referências sobre a data de aquisição, mas acredita-se que tenha chegado para a Policena Mascarenhas em 1942, quando da abertura da fábrica. Possivelmente, estes equipamentos foram procedentes da Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Atualmente, ainda são utilizados para medir a resistência dos fios de algodão. Entretanto, desde a década de 1990 já existem outros, mais modernos, em uso na fábrica. Quando os mais novos estão ocupados, os antigos são utilizados, já que não perderam as suas funções. Foram fabricados pela empresa inglesa Goodbrand & Cia. Ltda Makers Stalybridge e compõe o patrimônio da fábrica, conforme referência da plaqueta de patrimônio: 404 – 0298.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Instrumento de medição.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: Goodbrand & Cia. Ltda – Makers Stalybridge

Origem: Inglaterra (?).

Procedência: Companhia Fabril Mascarenhas – Alvinópolis.

Material e técnica: Ligas metálicas / fundição, encaixes, solda; Madeira / encaixes, parafusamento; Alumínio / encaixes, parafusamento.

Marcas / Inscrições / Legendas: “I.P.M. Patrimônio 404 – 0298”; “Goodbrand & Cia. Ltda”; “Makers Stalybridge”.

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Descrição: Um medidor de pavio e um medidor de jardas. Ambos são utilizados para testar a resistência dos fios de algodão.

Medidor de pavio: equipamento industrial, manual, composto de uma manivela frontal que, acionada, faz girar o fio de algodão. A manivela está presa a uma roda vazada, com quatro barras curvas internas. Preso à parte inferior, uma barra de ferro reta se eleva acima da altura da roda, de onde pende uma parte de alumínio, onde o rolo com o pavio de algodão será conectado.

O medidor testa a resistência dos pavios de algodão, por amostragem. Quando os fios estão fora do padrão, voltavam para a fiação para serem refeitos nos padrões de qualidade apropriados.

Medidor de jardas: O medidor de jardas também testa a resistência dos pavios de algodão, verificando se o peso dos fios está dentro dos padrões de qualidade. Uma jarda significa 91 cm.

Equipamento industrial manual sustentado por uma mesa horizontal retangular, de ferro fundido, onde estão colocadas as suas três partes: a primeira possui uma base de madeira com quatro suportes para colocação dos rolos com os fios de algodão; esta parte se conecta à segunda, posicionada verticalmente, com quadro pequenos “ganchos” onde as linhas são presas para serem conectadas à terceira e mais complexa das partes. Esta última, possui no centro uma roda fechada, funcionando como eixo vertical, de onde saem seis pás móveis que giram em sentido horário, esticando o fio de algodão e testando a sua resistência. Preso ao eixo central, na parte de trás, está colocado um leitor do medidor, que se apresenta danificado com bastante ferrugem na parte inferior, onde aparecem os números: 10, 20, 30, (após este número a ferrugem não permite ver os que estão na parte inferior), 90, 100, 110 e 120.

Dimensões: Medidor de pavio: Altura: 67 cm; Largura: 54 cm; Profundidade: 28 cm. Medidor de jardas: Altura: 53 cm; Largura: 68 cm; Profundidade: 35,5 cm

Características Técnicas: Constituído com ligas metálicas, característico da primeira metade do século XX.

Características Estilísticas: Peça de origem inglesa utilizada nas fábricas de tecidos do final do século XIX e início do XX para medir a qualidade dos fios de algodão.

Características Iconográficas: Sem referência.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: FABRIL. Disponível em: < http://www.fabril.com.br/index.html>. Acessado em: <10/2007>.

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MÁQUINA DE COSTURA Ano do inventário: 2008

Máquina de costura FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Fundada em 1942, na cidade de Araçaí, a Sociedade Industrial Policenas Mascarenhas iniciou as atividades com maquinários que restaram de um incêndio ocorrido no ano de 1939 em outra fábrica da família Mascarenhas, a Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. Seus primeiros diretores foram: José Luiz Mascarenhas Dalle, Caetano Barbosa Mascarenhas e Luiz Antônio Gonzaga (Iton). O primeiro gerente foi Wilson Barbosa Pena. Em 1968, a fábrica de tecidos de algodão mudou sua razão social para Industrial Policenas Mascarenhas e aumentou o quadro de diretores de três para dez sócios. Em 1981, a Industrial Policenas Mascarenhas foi adquirida pela Cia. Fabril Mascarenhas, mas manteve a sua razão social. Em maio de 1997, as atividades da fábrica de tecidos Policenas Mascarenhas foram encerradas em Araçaí. Dois anos depois, em 1999, o maquinário e as instalações foram adquiridos pelos sócios Wandil Geraldo Silva, André Guimarães Vieira Marques e Luiz Vieira Marques, que reiniciaram as atividades fabris com o nome de FITECA – Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda.

Não há referências sobre a data de aquisição da máquina de costura, mas acredita-se que tenha sido instalada na fábrica nos primeiros anos de funcionamento da Policenas Mascarenhas, ainda na década de 1940. Possivelmente, esta máquina é procedente da Cia. Fabril Mascarenhas, de Alvinópolis. É a única máquina de costura em uso com a função de cortar o tecido defeituoso e uni-lo novamente. Existem outras mais modernas no mercado, mas a FITECA optou por mantê-la, já que atende e cumpre as funções necessárias.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: FITECA - Fiação e Tecelagem Araçaí Ltda. Rua Manoel Durval, nº 84, Centro.

Espécie: Equipamento de indústria têxtil.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: SINGER.

Origem: Desconhecida.

Procedência: Desconhecida.

Material e técnica: Ligas metálicas / fundição, encaixes, parafusamento, solda; Madeira / recorte, encaixe.

Marcas / Inscrições / Legendas: “SINGER”; The Singer Manfg. Co.”; “Trade Mark”.

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Descrição: Máquina de costura industrial utilizada para dar acabamento nos tecidos, depois de passados por controle de qualidade.

É composta por três partes: o motor, a máquina propriamente e a mesa de madeira. Possui um cabeçote de frente chapada e quinas arredondadas, onde é embutido o sistema que prende a agulha, que desenvolve um movimento no sentido vertical para fazer a costura. Esse cabeçote possui, em sua lateral, alavanca que permite levantar a agulha manualmente, se necessário. Abaixo, presa ao corpo da máquina, uma placa também de ferro fundido, por onde discorre o tecido. Esta mesa é suspensa e fixada por parafusos e sua base arredondada. A parte posterior da máquina, possui uma roda giratória presa a uma correia que faz conexão com o motor, o que permite o seu funcionamento elétrico. Dois pinos servem para receber dois carretéis de linhas de onde extrai os fios que se prendem ao cabeçote da máquina. A máquina está fixa a uma prancha de madeira que é suportada por uma estrutura de ferro fundido de formas curvilíneas, com a palavra SINGER, também em ferro, representada ao centro. Este suporte possui base retilínea retangular.

Dimensões: Altura: 132 cm; Largura: 62 cm; Profundidade: 66 cm

Características Técnicas: Equipamento de costura feito por ferro fundido e outras ligas metálicas presas a uma prancha de madeira suspensa por estrutura de ferro fundido trabalhado. Possui encaixes por solda e parafusamentos.

Características Estilísticas: Máquina de costura robusta, do início do século XX, com funcionamento elétrico através de motor e função automática de corte e limpador de linha, arremate, posicionador de barra de agulha e levantador do calçador. O suporte da prancha de madeira apresenta preocupações estéticas com desenhos curvilíneos e a representação da marca SINGER.

Características Iconográficas: Sem referência.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: FABRIL. Disponível em: < http://www.fabril.com.br/index.html>. Acessado em: <10/2007>.

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CHAFARIZ Ano do inventário: 2008

Chafariz FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Segundo depoimento do Sr. José Guilherme Santana, o Chafariz da Av. Dona Cândida foi construído, no final da década de 1950, por Vicente Alves Faria, funcionário aposentado da antiga Fábrica de Tecidos Policenas Mascarenhas. Este funcionário era o “construtor” da fábrica, espécie de pedreiro que executava todas as obras de alvenaria da fábrica.

Araçaí não possuía água encanada quando o Chafariz foi construído. Então, os moradores se serviam dele para abastecer-se de água em suas casas. Além deste chafariz, outro foi construído próximo à linha férrea, porém, já não existe mais. Não foi possível precisar a data que ele foi demolido.

Para a Sra. Zélia de Fátima, proprietária do estabelecimento comercial ao lado do chafariz, o bem tem um valor simbólico muito forte. Ela conta que nasceu naquela rua e que desde criança buscava água em baldes ali. Recorda-se, ainda, que se formavam filas para pegar água, pois não havia água encanada nas casas do município. A entrevistada nasceu em 1954 e diz que suas lembranças da infância misturam-se à imagem do chafariz e da caixa d’água.

Existia um cano que ligava a caixa d’água diretamente ao chafariz. Em 1983, quando a COPASA foi instalada em Araçaí, o chafariz e a caixa d’água foram desativados. A Sra. Zélia de Fátima rememora que, na mesma época, a torneira foi retirada do chafariz. Contudo, os moradores da rua não permitiram que o chafariz fosse demolido, como aconteceu com o outro que ficava próximo à linha férrea.

Alguns depoimentos orais afirmaram que o Chafariz e a Caixa D’Água foram construídos por iniciativa do Frei Leonides Schoorl, pároco do distrito à época, no final da década de 1950. Sua importância para a cidade se deve aos seus esforços para a instalação da rede de água na cidade. Para tanto, conseguiu financiamento junto às embaixadas holandesa e alemã, no início da década de 1960, para prosseguimento e conclusão das obras. A água vinha direto de uma mina que jorrava em terreno de propriedade do Sr. Alvacir de Paula e era canalizada até a caixa d’água e dali ia para os chafarizes. O povo araçaiense o descreve como líder tenaz, de espírito austero e sóbrio. Faleceu aos oito dias de janeiro do ano de 1997, deixando alguns bens para a paróquia que gerenciava, bem como o pedido expresso para que fosse sepultado na cidade de Araçaí.

As obras de instalação da COPASA, em Araçaí, foram executadas pela empreiteira VAGMA – Construtora e Empreendimentos Ltda., sob a supervisão do Sr. Ailton Rodrigues de Souza e do Engenheiro Fiscal da COPASA, sr. Wagner, conforme publicou o Informativo Araçaiense, de 31 de maio de 1983.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Prefeitura Municipal de Araçaí. Av. Dona Cândida, nº 99, Centro.

Espécie: Equipamento de abastecimento de água.

Época: Aproximadamente década de 1950.

Autoria: Vicente Alves Faria.

Origem: Araçaí.

Procedência: Araçaí.

Material e técnica: Cimento, areia, tijolos / alvenaria.

Marcas / Inscrições / Legendas: Nenhuma.

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Página | 97

Descrição: Peça simples de dimensões moderadas. Possui base de seção retangular e um bojo de mesmo formato que sobressai do seu apoio. Acima, uma superfície com arremate em arco abatido recebe o cano de metal que perfura a parte superior deste plano. O bem é desprovido de ornamentação e preocupações estéticas e/ou artísticas.

Dimensões: Altura: 137 cm; Largura: 52 cm; Profundidade: 57 cm

Características Técnicas: Peça simples de alvenaria construída com cimento, areia e tijolos. Um cano de metal era conectado à caixa d’água constante da mesma avenida. No cano passava a água que chegava ao chafariz, onde recebia uma torneira.

Características Estilísticas: Peça de grande simplicidade construtiva e desprovida de apuros estéticos e estilísticos.

Características Iconográficas: A iconografia do chafariz refere-se ao jorrar da água. Ele pode ser decorativo ou não. Neste caso específico tinha finalidade apenas de abastecimento público e não possuía qualquer ornamento. Nas cidades coloniais, os chafarizes eram verdadeiras obras escultóricas e tinham função de abastecimento, já que naquela época não havia água encanada. Principalmente em Minas Gerais, os chafarizes das cidades históricas são geralmente construídos em apurado trabalho de alvenaria e cantaria.

O chafariz de Araçaí possui uma simbologia para o povo desta localidade, pois é a referência de uma época que se buscava água no balde para o abastecimento das casas, pois esta fonte imprescindível à vida não era oferecida às residências e demais estabelecimentos, como acontece hoje.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Péssimo.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; José Guilherme Santana; Júlio César Moreira; Maria de Fátima Martins Santana; Zélia de Fátima Alves Ribeiro Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INFORMATIVO Araçaiense. de 31 de maio de 1983. Página 2. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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José Lara com 15 anos e seu Carro de boi, em 1955.

Santa Luzia-MG IMAGEM: Acervo Particular de

José Lara.

CARRO DE BOI Ano do inventário: 2010

Carro de boi FOTO: Deyse Marinho, mai/2009

Histórico: O carro de boi já era utilizado desde o Brasil colônia e mobilizava a maior parte do transporte de mercadorias nas precárias terras de chão durante os séculos XVI e XVII. Em um vai-e-vem, este meio de locomoção levava diversas cargas a variadas regiões. Ele movimentava o comércio açucareiro fazendo o transporte de produtos da roça para o engenho e do engenho aos centros comerciais.

O veículo de transporte em análise foi fabricado em Lagoa Santa no ano de 1949, por Francisco de Paula Lara, tio do proprietário, José Lara. O pai deste, Antônio Anselmo Lara, residente em Santa Luzia à época, mandou construí-lo para presentear ao filho, na infância, para brincar com bezerrinhos e cabritos. Justamente por isso, as dimensões deste utilitário correspondem ao tamanho de uma criança. Junto ao pai, José Lara saía para trabalhar no campo e transportava, em seu carro de boi, lenha, milho, feijão e sal. Hoje, José Lara conserva este bem em sua residência, exposto na varanda da sede de sua Fazenda como uma relíquia de sua infância e lembrança ímpar de seu pai e dos tempos que passou trabalhando e brincando com ele.

Este tipo de utilitário era um meio de locomoção muito típico nos interiores de Minas Gerais e comum aos fazendeiros na primeira metade do século XX, época em que não havia muitos carros motorizados e eram poucas as pessoas que possuíam recursos financeiros suficientes para empregá-los no serviço rural. No entanto, ao longo do tempo, devido ao desenvolvimento tecnológico e econômico, apareceram e se multiplicaram os veículos motorizados capazes de agilizar o trabalho na roça. Assim, estas máquinas acabaram por substituir o carro de boi. Mesmo assim, é comum aos fazendeiros preservá-los em suas fazendas como objetos de adorno e um meio de relembrar o passado, os causos e sua importância no serviço rural.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Fazenda Aroeiras. Estrada para Paraopeba a 3km do Centro.

Espécie: Utilitária – Veículo de transporte.

Época: 1949.

Autoria: Francisco de Paula Lara.

Origem: Minas Gerais, Lagoa Santa .

Procedência: Santa Luzia.

Material e técnica: Madeira / carpintaria; Ferro / fundição, encaixe.

Marcas / Inscrições / Legendas: Nenhuma.

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Descrição: Carro de boi composto de 26 partes, feito em madeira de diferentes tipos e ferro. Possui duas rodas grandes de jacarandá na parte traseira, perfuradas por dois círculos vazados, denominados óculos ou oca, e interligadas por um eixo que se conecta ao estrado ou mesa, de mesmo material. A roda possui agulhamento radial de botões metálicos pontiagudos, e é envolvida por um aro metálico. Oito botões também se fazem presentes em torno dos óculos.

A mesa consiste em uma prancha larga e plana de madeira sucupira, que se afunila até dar origem ao que se chama de cabeçalho, em madeira de ipê. Posicionados perpendicularmente ao estrado, encontram-se os fueiros, varas de madeira responsáveis por segurar a esteira, inexistente neste carro de boi desde a década de 1960.

O eixo que une as rodas é oitavado de madeira e conecta as rodas à mesa por meio dos cocões, que são elementos de madeira afixados através de peças de ferro em forma de “L”, uma em cada lado. A orelha, em jacarandá, é uma haste que atravessa o cabeçalho e tem a função de impedir o deslizamento da canga, responsável por manter a parelha de bois unida ao carro.

Dimensões: Largura: 330cm; Altura: 105cm; Profundidade: 97cm; Diâmetro da Roda: 70cm.

Características Técnicas: Meio de transporte fabricado em madeira e possuindo duas rodas envoltas por uma chapa de ferro formando um aro, e conectadas através de um eixo, que por sua vez sustenta a mesa, uma prancha plana. A mesa (em sucupira), as rodas e o eixo (em jacarandá) foram talhados manualmente. Este último, lavrado em formato oitavado. As rodas e eixos são ligados por meio de encaixe. Os fueiros, o cabeçalho e a orelha também são encaixados. As peças metálicas em “L” que prendem os cocões de madeira foram afixadas por grandes pinos de ferro fundido.

Características Estilísticas: Veículo de transporte de cargas, datado do final da primeira metade do século XX, com características estilísticas muito próximas aos dos carros de boi utilizados no período colonial e imperial.

Características Iconográficas: Para além de sua utilidade como veículo de transporte de cargas, o carro de boi possui todo um imaginário construído ao longo do tempo por aqueles que já fizeram uso dele. Ele representa o trabalho árduo do homem no campo e a sua ligação com a cidade por meio do transporte de mercadorias nas precárias estradas do meio rural.

Este meio de transporte remete ainda à relação afetiva que seu condutor estabelece com o carro. No vai e vem pelas estradas que ligavam o campo à cidade, os trabalhadores, juntamente com os carros de boi, cantavam e contavam “causos” do dia a dia. Justamente por seu valor cultural e simbólico, o carro de boi é homenageado em muitas cidades do interior mineiro, reunindo muitas pessoas nos “Encontros de Carros de Boi”.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho e Sofia Cunha em mai/2009: José Lara. Obras / Documentos consultados: MACHADO. Maria Tomaz Claro. A urdidura do cotidiano no mundo rural mineiro: relações de trabalho e práticas culturais em transformação (1970-1985). In: Varia História – Departamento de História da UFMG. Belo Horizonte, nº22, (jan. 2000), p. 158-169.

Referências eletrônicas:

WIKIPEDIA. Disponível em: < www.wikipedia.org/wiki/Carro_de_boi>. Acessado em: <11/05/2009>.

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ENGENHO DE MOENDA DE CANA Ano do inventário: 2010

Engenho de moenda de cana FOTO: Deyse Marinho, mai/2009

Histórico: O engenho de moenda de cana foi produzido na década de 1940, em Belo Horizonte, possivelmente por uma fundição denominada MAGNAVACCA (atribuição devido à inscrição no maquinário). João de Paula Sobrinho foi seu primeiro proprietário, que o adquiriu na capital mineira há cerca de 60 anos e o instalou em sua Fazenda Aroeira para fazer rapadura e açúcar mascavo. Inicialmente, seu funcionamento era movido a óleo diesel, mas, por volta de 1979, passou a ser movimentado por eletricidade. Em 1985, a Fazenda foi herdada por José Lara, filho de João de Paula Sobrinho, que deu continuidade ao processo de produção da rapadura e açúcar mascavo no mesmo maquinário. A produção sempre foi para consumo interno, voltada apenas para a família e os empregados. Com o tempo, a produção foi diminuindo, devido à redução de mão de obra na propriedade até que, em 1991, o bem foi desativado.

Descrição: Engenho composto de moenda, engrenagens, motor elétrico e suporte de alvenaria. A alvenaria fabricada de tijolos e cimento sustenta o maquinário de ferro, composto de moenda e engrenagens, ao qual se conecta por meio de encaixe e parafusos. A moenda e as engrenagens estão dispostas lado a lado, conectadas por meio de cilindros de ferro e parafusos. O motor que transforma energia elétrica em mecânica para o funcionamento da máquina é da marca General Electric e se posiciona na parte posterior do conjunto.

A engrenagem é um dispositivo mecânico que consiste em um conjunto de rodas dentadas interligadas por um eixo rotativo. A partir da energia gerada pelo motor, adquire um movimento rotacional que aciona a moenda. Esta, por sua vez, é composta por três grandes cilindros de ferro com ranhuras, dispostos de forma triangular (dois abaixo e um acima). A partir da rotação das engrenagens, os cilindros são girados em torno de seus eixos, com movimentos convergentes, possibilitando a moagem da cana de açúcar.

Foram confeccionadas caixas em madeira, que assumem a função de proteção no maquinário de ferro, sendo colocadas sobre o engenho, de modo a possibilitar sua retirada. O engenho fica implantado sob

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Fazenda Aroeiras. Estrada para Paraopeba a 3km do Centro.

Espécie: Utilitária – Maquinário.

Época: 2º quartel do século XX.

Autoria: Fundição Magnavacca.

Origem: Minas Gerais, Belo Horizonte.

Procedência: Belo Horizonte.

Material e técnica: Ferro / fundição, encaixe; Tijolo, cimento / alvenaria.

Marcas / Inscrições / Legendas: “MAGNAVACCA - B. HORIZONTE”.

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uma área coberta na parte posterior da Fazenda, com telhado em telhas francesas sobre estrutura de madeira, onde também são depositados outros equipamentos e maquinários.

Dimensões: Largura: 160cm; Altura: 111cm; Profundidade: 169cm.

Características Técnicas: O engenho, confeccionado industrialmente, é composto por quatro partes independentes, sendo a moenda, as engrenagens, o motor elétrico e a base de alvenaria. A moenda e as engrenagens foram produzidas a partir da fundição de ferro; o motor é fabricado a partir da montagem de pequenas peças, ímãs e fios, com uma parte giratória, o rotor, em um invólucro metálico. O suporte de alvenaria é fabricado de tijolos e cimento.

A moenda é ligada à base por meio de parafusos e as engrenagens são encaixadas em algumas aberturas feitas na base. O motor elétrico é parafusado a uma peça de madeira horizontal, que se prende por meio de cavilhas a uma haste de ferro fundido, que por sua vez está engastada na alvenaria.

As engrenagens se conectam por meio de cilindros de ferro que atravessam seus interiores e parafusos. Um cilindro também une as engrenagens à moenda, composta por três grossos cilindros de ferro fundido presos em suas extremidades a um suporte, também em ferro fundido, de forma a possibilitar seu movimento giratório.

Características Estilísticas: Maquinário produzido exclusivamente para assumir a função utilitária, não havendo a preocupação em dotá-lo de elementos ornamentais. Trata-se de um objeto com desenho industrial, havendo prevalência do aspecto funcional sobre elementos estéticos.

Características Iconográficas: O caráter funcional do engenho remete ao trabalho do homem no meio rural, ao plantio da cana de açúcar, sua colheita e a produção da rapadura e açúcar mascavo a partir do equipamento em questão.

Este maquinário, em específico, remete a um período da história, do desenvolvimento tecnológico e industrial, no qual, se antes os engenhos eram mais rústicos, produzidos artesanalmente e movidos pela tração animal ou da água, os posteriores, como o analisado, foram fabricados industrialmente e fazem uso de combustíveis ou energia elétrica para entrar em funcionamento.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho e Sofia Cunha em mai/2009: José Lara. Referências eletrônicas:

FUNDAJ. Disponível em: <www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation>. Acessado em: <12/05/2009>.

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ENGENHO DE MOENDA DE CANA Ano do inventário: 2010

Engenho de moenda de cana FOTO: Deyse Marinho, mai/2009

Histórico: O engenho analisado foi fabricado na primeira metade do século XX por uma fundição denominada Corradi, conforme mostra a inscrição em sua parte superior. O primeiro proprietário de que se tem notícias é o primeiro Prefeito de Araçaí, João Maria de Souza, que adquiriu a Fazenda Catarina na década de 1940, onde instalou o engenho. Originalmente, seu funcionamento se dava a partir de um motor movido a óleo diesel, mas por volta de 1999 passou a ser movimentado pela eletricidade. Há cerca de 8 anos, a Fazenda e, junto com ela, o maquinário em estudo, foi adquirida por Valmir Oliveira dos Santos, que deu continuidade ao processo de moer cana de açúcar, produzindo cachaça no mesmo engenho. A produção era apenas para consumo interno e, pela ausência de cana na propriedade, a produção cessou há cinco anos. Desde então o engenho permanece desativado.

Descrição: Engenho composto de moenda, engrenagens, motor elétrico e suporte de alvenaria. A alvenaria fabricada de tijolos e cimento sustenta o maquinário de ferro, composto de moenda e engrenagens, ao qual se conecta por meio de encaixe e parafusos. A moenda e as engrenagens estão dispostas lado a lado, conectadas por meio de cilindros de ferro e parafusos. O motor que transformava energia elétrica em mecânica para o funcionamento da máquina fica no chão, na parte posterior do conjunto, e encontra-se desativado. Um cano metálico se projeta para fora da alvenaria em sua parte frontal.

A engrenagem é um dispositivo mecânico que consiste em um conjunto de rodas dentadas interligadas por um eixo rotativo. A partir da energia gerada pelo motor, adquire um movimento rotacional que aciona a moenda. Esta, por sua vez, é composta por três grandes cilindros de ferro com ranhuras, dispostos de forma triangular (dois abaixo e um acima). A partir da rotação das engrenagens, os cilindros são girados em torno de seus eixos, com movimentos convergentes, possibilitando a moagem da cana-de-açúcar. A moenda e engrenagens são conectadas por meio de cilindros de diâmetros menores e parafusos que atravessam seus interiores. Os cilindros da moenda se prendem em suas extremidades a uma estrutura de ferro que tem, em sua parte superior a inscrição “CORRADI” – correspondente à marca do fabricante – de um lado e os números 7½ x 8½ do outro. Junto à moenda foi adaptada uma espécie de rampa feita de tábuas de madeira, usada para facilitar o posicionamento da cana-de-açúcar.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Fazenda Catarina. Estrada para o distrito Carvalho de Almeida, a 4km do distrito Sede.

Espécie: Utilitária – Maquinário.

Época: 1ª metade do século XX.

Autoria: Fundição Corradi.

Origem: Sem referências.

Procedência: Sem referências.

Material e técnica: Ferro, parafusos / fundição, encaixe; Tijolo, cimento / alvenaria; Madeira / carpintaria, recortes, encaixe.

Marcas / Inscrições / Legendas: “CORRADI”; “7½ x 8½”.

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Foram confeccionadas algumas caixas trapezoidais feitas em tábuas de madeira presas com pregos e arames, que assumem a função de proteção no maquinário de ferro, sendo colocadas sobre o engenho, de modo a possibilitar sua retirada.

O engenho fica implantado sob uma área coberta na parte lateral da Fazenda, com telhado em telhas cerâmicas tipo capa e bica sobre estrutura de madeira, onde também são depositados outros equipamentos e maquinários. Ripas de madeira, posicionadas na vertical e horizontal, se prendem ao piso de tijolo maciço e às vigas do depósito com o objetivo de auxiliar na sustentação e proteção do maquinário.

Dimensões: Altura: 146cm; Largura: 158cm; Profundidade: 105cm.

Características Técnicas: O engenho, confeccionado industrialmente, é composto por quatro partes independentes, sendo a moenda, as engrenagens, o motor elétrico e a base de alvenaria. A moenda e as engrenagens foram produzidas a partir da fundição de ferro; o motor é fabricado a partir da montagem de pequenas peças, ímãs e fios, com uma parte giratória, o rotor, em um invólucro metálico. O suporte de alvenaria é fabricado de tijolos e cimento.

A moenda e as engrenagens são ligadas ao suporte de alvenaria por meio de parafusos. O motor elétrico se conecta por meio de cabos que saem dele em direção ao engenho.

As engrenagens se conectam por meio de cilindros de ferro que atravessam seus interiores e parafusos. Um pequeno cilindro também une as engrenagens à moenda, composta por três grossos cilindros de ferro fundido presos em suas extremidades a um suporte, também em ferro fundido, de forma a possibilitar seu movimento giratório.

As tábuas e caixa recortadas em madeira, ligadas por meio de pregos de maneira rústica, assumem a função de proteção no maquinário de ferro e são encaixadas e apoiadas a este.

Características Estilísticas: Maquinário produzido exclusivamente para assumir a função utilitária, não havendo a preocupação em dotá-lo de elementos ornamentais. Trata-se de um objeto com desenho industrial, havendo prevalência do aspecto funcional sobre elementos estéticos.

Características Iconográficas: O caráter funcional do engenho remete ao trabalho do homem no meio rural, ao plantio da cana de açúcar, sua colheita e a produção da rapadura e açúcar mascavo a partir do equipamento em questão.

O maquinário em questão remete a um período da história, do desenvolvimento tecnológico e industrial, no qual, se antes os engenhos eram mais rústicos, produzidos artesanalmente e movidos pela tração animal ou pela água, os posteriores, como o analisado, foram fabricados industrialmente e fazem uso de combustíveis ou energia elétrica para entrar em funcionamento.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho e Sofia Cunha em mai/2009: José Osvaldo Severino. Obras / Documentos consultados: ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí Ontem/Hoje. Araçaí: Escola Estadual Jorge Mascarenhas, 1997.

Referências eletrônicas: FUNDAJ. Disponível em: <www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation>. Acessado em: <12/05/2009>. CIDADES NET. Disponível em:<www.cidadesnet.com/municipios/aracai.htm>. Acessado em: <15/05/2009>.

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PILÃO Ano do inventário: 2010

Pilão FOTO: Deyse Marinho, mai/2009

Histórico: Este pilão manual faz parte do acervo presente na Fazenda Estiva, de atual propriedade de Alcides Batista Ferreira. Conta este que seu avô, Francisco Batista da Conceição, foi um dos proprietários da peça, datada, provavelmente, de meados do século XIX. O utensílio doméstico teria sido produzido pelos escravos que habitaram a Fazenda antes de sua aquisição por Francisco Conceição, no limiar do século XX.

O pilão foi largamente utilizado por Francisco para socar arroz, milho, café, urucum e outros produtos originários de sua propriedade. Todo o produto socado era voltado para o consumo familiar. Na década de 1940, a Fazenda, assim como o pilão, foi herdada por Raimundo Batista da Conceição, devido ao falecimento do pai. Raimundo seguiu durante 40 anos a tradição familiar e rural, anteriormente exercida pelos escravos, a de moer os alimentos no pilão manualmente.

Desde meados da década de 1980, o pilão não é utilizado, sendo colocado como adorno da Fazenda e exposto na varanda da sede. Além de adorno, tal pilão serve de inspiração para o atual proprietário, Alcides Batista da Conceição, filho de Raimundo, que evoca as lembranças da vida com o pai e avô, trazendo à tona as histórias contadas e vividas pelos mesmos. Alcides considera o pilão secular uma relíquia remanescente ímpar, legado dos escravos e de seus patriarcas. O mesmo entende e reflete sobre a necessidade de preservação e conservação de tal bem, que servirá para o conhecimento das gerações futuras sobre as técnicas utilizadas no trabalho rural e doméstico.

Descrição: Pilão de mão de fatura artesanal, simplória e rústica. Feito em madeira aroeira por meio de recorte e entalhe. O almofariz é feito de uma tora recortada em forma de paralelepípedo e escavada com profundidade mediana em dois pontos de sua porção superior, ocasionando dois bojos cônicos. A mão do pilão, que foi recortada e entalhada, apresenta-se longa, delgada e com as extremidades arredondadas.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Fazenda Estiva. Estrada para Cordisburgo a 11km do distrito Sede.

Espécie: Objeto utilitário - Ferramenta .

Época: 2º quartel do século XIX.

Autoria: Sem referências .

Origem: Minas Gerais, Araçaí.

Procedência: Minas Gerais, Araçaí.

Material e técnica: Madeira / entalhe, recortes.

Marcas / Inscrições / Legendas: Não há.

INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

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Dimensões: Pilão: Altura: 32cm; Largura: 119cm; Profundidade: 45cm. Mão do pilão: Altura: 143cm; Diâmetro: 7cm.

Características Técnicas: Pilão e mão feitos em madeira aroeira por meio de recorte e entalhe. Uma tora da aroeira foi recortada de forma retangular e escavada formando duas cavidades cônicas em sua porção superior. A mão do pilão foi recortada e entalhada.

Características Estilísticas: Utilitário produzido artesanalmente, de maneira simplória e rústica, o pilão apresenta características dos antigos pilões utilizados nas casas e fazendas do interior de Minas Gerais e do Brasil. Fabricado exclusivamente para assumir a função de utilitário, não houve a preocupação em dotá-lo de elementos estéticos.

Características Iconográficas: O pilão é utilizado nas tarefas domésticas rurais desde os tempos do Brasil colônia. Era geralmente associado ao trabalho do negro escravo que socava cereais e condimentos para a preparação do alimento do senhor da Casa Grande. Mas também foi largamente utilizado pelos brancos pobres, já que se tratava de um utilitário indispensável para moer o alimento.

O caráter funcional do pilão manual remete ao trabalho do homem no campo ou da mulher no ambiente culinário das propriedades rurais. O utilitário doméstico remete ainda ao período colonial, quando eram utilizados dispositivos manuais e sem desenvolvimento tecnológico ou industrial para o auxílio nas atividades domésticas e rurais.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho e Sofia Cunha em mai/2009: Alcides Batista da Conceição. Obras / Documentos consultados: ARAÚJO, Alceu Maynard. Brasil, Histórias, Costumes e Lendas. São Paulo: Editora Três, 2000. Referências eletrônicas: TERRA Brasileira. Disponível em: <www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/4modos/sd-monjolo.html>. Acessado em: <15/05/2009>. WIKIPEDIA. Disponível em:<www.wikipedia.org>. Acessado em: <15/05/2009>.

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FORNO ARTESANAL Ano do inventário: 2010

Forno artesanal FOTO: Deyse Marinho, mai/2009

Histórico: Estima-se que o forno de barro remonte ainda à época de Cristo, quando o pão, um dos alimentos elaborados mais consumidos à época, era assado. Este forno, juntamente com os de pedra e argila, foi largamente utilizado pelo mundo durante o correr dos séculos até que o advento industrial e tecnológico propiciou o desenvolvimento de equipamentos mais práticos e de fácil manuseio para assar o alimento. No entanto, mesmo com todo este desenvolvimento tecnológico, há quem não dispense o uso deste utilitário para o preparo do alimento e há ainda outros que o conserva em suas propriedades com a finalidade de guardar resquício da história do trabalho e do desenvolvimento de equipamentos laborais e domésticos.

O forno de barro em questão faz parte do acervo de bens de valor ímpar da Fazenda Estiva, de atual propriedade de Alcides Batista Ferreira. Sua fatura se deu no final da década de 1920, pelo pai de Alcides, Raimundo Batista Conceição, que utilizou os tijolos maciços produzidos na olaria da Fazenda e o barro presente na propriedade. Tal ferramenta doméstica foi muito utilizada pela família para assar periodicamente biscoitos, broas, leitoas e pernis. Há cerca de 20 anos, a parte superior do mesmo se quebrou e desabou, sendo necessária a reconstrução da parte perdida. Cerca de cinco anos depois, o forno foi desativado, devido à praticidade e facilidade do uso do forno a gás. Contudo, o forno de barro permanece na Fazenda, exposto na varanda da sede, constituindo em bem valioso que remete às lembranças de Alcides com seu pai, falecido em 1991, trazendo à tona as histórias vividas pelos mesmos e a prática familiar de assar os quitutes no antigo forno. Alcides considera esta peça uma relíquia ímpar, legada pelo pai. O proprietário entende e reflete sobre a necessidade de preservação e conservação de tal bem, que servirá para o conhecimento das gerações futuras sobre as técnicas utilizadas no trabalho doméstico rural.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Fazenda Estiva. Estrada para Cordisburgo a 11km do distrito Sede.

Espécie: Objeto utilitário.

Época: 2º quartel do século XX.

Autoria: Raimundo Batista Conceição.

Origem: Minas Gerais, Araçaí - Fazenda Estiva.

Procedência: Fazenda Estiva / Araçaí.

Material e técnica: Barro / cozedura; Tijolo, cimento / alvenaria.

Marcas / Inscrições / Legendas: Não há.

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Descrição: Forno produzido artesanalmente com tijolos de barro maciços, usando barro como argamassa. Os tijolos foram sobrepostos e amalgamados por meio do barro, formando uma semiesfera. Há uma abertura na porção frontal com acabamento arqueado, para receber o alimento a ser assado. O forno de barro está posicionado sobre uma base de alvenaria quadrangular, fabricada de tijolos e cimento. Na lateral esquerda desse suporte há uma cavidade para a colocação de lenha.

Dimensões: Forno: Altura: 90 cm; Diâmetro: 190 cm. Alvenaria: Altura: 95 cm; Largura: 228 cm; Profundidade: 200 cm.

Características Técnicas: Forno produzido artesanalmente por meio de tijolo maciço e barro. Os tijolos foram sobrepostos e amalgamados por meio do barro. A base de alvenaria foi fabricada de tijolos e cimento.

Características Estilísticas: Ferramenta doméstica produzida artesanalmente, de maneira simplória e rústica, exclusivamente para assumir a função de utilitário, não havendo a preocupação em fornecer-lhe elementos estéticos. Apresenta-se muito semelhante aos fornos de barro de alvenaria do começo do século XX.

Características Iconográficas: Este utilitário doméstico remete a uma época em que o homem, destituído de meios tecnológicos, fazia uso de recursos mais rudimentares, a seu alcance, para auxiliar lhe nas tarefas culinárias. O forno de barro refere-se também ao que é considerado o “tempo da vovó”, no qual, em geral, os antigos homens e mulheres, residindo em suas propriedades rurais do interior do Brasil, desprovidos de equipamentos tecnológicos e energia elétrica, faziam uso dele para assar os doces e quitutes tanto almejados pelas crianças. Hoje, há ainda uma simbologia sobre o forno de barro, de que tudo que é assado nele possui sabor melhor e mais acentuado.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho e Sofia Cunha em mai/2009: Alcides Batista da Conceição. Obras / Documentos consultados: ARAÚJO, Alceu Maynard. Brasil, Histórias, Costumes e Lendas. São Paulo: Editora Três, 2000. Referências eletrônicas: FUNDIPAN. Disponível em: <www.fundipan.org.br/Downloads/DO_FORNO_DE_BARRO_AO_FORNO_ELETRICO.pdfl>. Acessado em: <15/05/2009>. WIKIPEDIA. Disponível em:<www.wikipedia.org/wiki/Forno>. Acessado em: <15/05/2009>.

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ENGENHO DE MOENDA DE CANA Ano do inventário: 2010

Engenho de moenda de cana FOTO: Deyse Marinho, mai/2009

Histórico: O engenho em questão faz parte do acervo de bens de valor ímpar da Fazenda Estiva, de atual propriedade de Alcides Batista Ferreira. Sua fatura se deu no final da década de 1920, pelo pai de Alcides, Raimundo Batista Conceição, que aproveitou a madeira disponível na Fazenda para confeccioná-lo. Este maquinário, produzido de forma simples, rústica e com material bruto, foi muito utilizado para moer a cana produzida no terreno e dela retirar a garapa, consumida pela família. Alcides e seu pai trabalhavam juntos e faziam uso da força braçal para colocar em movimento a moenda. Segundo Alcides, o atual proprietário, o engenho foi mais utilizado durante sua juventude, e era necessária muita força para colocá-lo em funcionamento. Desde o final da década de 1950, o aparelho se encontra desativado.

Contudo, a peça permanece na Fazenda, em uma área descoberta atrás da sede, constituindo um bem valioso que remete às lembranças de Alcides com seu pai, falecido em 1991, trazendo à tona as histórias vividas e a prática familiar de moer a cana e retirar seu suco. Alcides considera esta peça uma relíquia ímpar, legada pelo pai. Ele entende e reflete sobre a necessidade de preservação e conservação de tal bem, que servirá para o conhecimento das gerações futuras sobre as técnicas utilizadas no trabalho rural.

Descrição: Engenho para moenda de cana-de-açúcar elaborado a partir de diferentes tipos de madeira. Duas hastes de aroeira posicionadas verticalmente, chamadas de pau, têm seção quadrada servem de armação das moendas. São bipartidas na parte superior, e nesse local se encaixam as moendas, travadas por outra peça de madeira na parte superior, que assume a função de dar firmeza à moenda no momento em que é movimentada, e que por sua vez são amparadas por pregos de ferro. As moendas são peças cilíndricas na posição horizontal, feitas de madeira de pequi. São duas, sobrepostas, e possuem leves ranhuras que compõem os dentes entre os quais a cana é moída. Nas extremidades externas das moendas há dois orifícios que atravessam a peça, onde seriam encaixadas hastes de madeira para gerar o movimento rotativo da moenda a partir de torque realizado pela ação humana.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Fazenda Estiva. Estrada para Cordisburgo a 11km do distrito Sede.

Espécie: Objeto utilitário - Ferramenta.

Época: 2º quartel do século XX.

Autoria: Raimundo Batista Conceição.

Origem: Minas Gerais, Araçaí - Fazenda Estiva.

Procedência: Fazenda Estiva / Araçaí.

Material e técnica: Madeira / recorte, entalhe, encaixe

Marcas / Inscrições / Legendas: Não há.

INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

Página | 109

Dimensões: Altura: 170cm; Largura: 115cm; Profundidade: 40cm.

Características Técnicas: Utilitário produzido artesanalmente por meio do recorte e encaixe das peças de madeira. As moendas e as peças de travamento são encaixadas às hastes verticais, que estão presas ao solo.

Características Estilísticas: Ferramenta produzida artesanalmente, de maneira simplória e rústica, exclusivamente para assumir a função de utilitário, não havendo a preocupação em guarnecê-la de elementos estéticos e ornamentais.

Características Iconográficas: O caráter funcional do engenho remete ao trabalho do homem no meio rural, ao plantio da cana de açúcar, sua colheita e a obtenção da garapa para produção da cachaça, da rapadura e açúcar mascavo. O maquinário em questão remete a um período da história em que, o homem, destituído de meios tecnológicos modernos, fazia uso dos recursos mais rudimentares, disponíveis no momento e local, para auxiliar lhe nas tarefas do campo.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho e Sofia Cunha em mai/2009: Alcides Batista da Conceição. Referências eletrônicas: FUNDAJ. Disponível em: <www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation>. Acessado em: <16/05/2009>.

INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

Página | 110

MANTOS Ano do inventário: 2011

Mantos FOTO: Juliana Salles, 2009

Histórico: Desde a primeira apresentação do Congado no município de Araçaí, na década de 1920, os reis e rainhas trajavam seus mantos para marcar sua realeza e se diferenciar dos demais. Os próprios congadeiros a serem coroados confeccionavam seus mantos, repletos de ornamentos dourados e prateados. Com o passar dos anos, os mantos foram sofrendo com o desgaste natural dos tecidos e foram substituídos por novos, com ornamentos cada vez mais modernos e brilhantes, e bordados mais atrativos.

Atualmente, a Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário possui seis mantos, sendo dois dos Reis de França, dois dos Reis Congos e dois dos Reis Suplentes. Segundo informações orais de Walério Henriques Gonçalves, os mantos dos Reis de França foram doados pela Igreja em meados da década de 1990, e os demais foram por ele solicitados em 2006 à Capela de Nossa Senhora do Rosário. No entanto, Walério não soube informar quem foi responsável pela confecção das peças.

Quando os mantos sofrem danos, são reparados pelos proprietários ou são substituídas por novos. Não foram encontrados registros de intervenções nos atuais mantos.

Descrição: Os mantos dos reis do Congado são confeccionados em tecido, geralmente brilhante, de coloração variável entre o verde claro, o azul claro e o azul marinho. Os mantos apresentam ornamentação com rendas nas extremidades, bordados e com bolinhas prateadas pregadas.

Dimensões: Mantos do Rei Congo e do Rei Suplente: Altura: 175 cm; Largura: 200 cm. Mantos da Rainha Conga e da Rainha Suplente: Altura: 150 cm; Largura: 200 cm. Manto do Rei de França: Altura: 200 cm; Largura: 200 cm. Manto da Rainha de França: Altura: 195 cm; Largura: 200 cm.

Características Técnicas: Os mantos são confeccionados em tecido, geralmente cetim e são vestidos pelos reis do Congado durante os desfiles. A ornamentação é feita com bordados ou costura de bolinhas prateadas e rendas nas extremidades.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário / Residência de Tereza Santana Silva - Rua Sebastião Cecílio de Oliveira, nº 61, Nossa Senhora do Rosário; residência de Odair - Rua Inácio Rocha, 664, Centro.

Espécie: Atributo cerimonial.

Época: Meados da década de 1990 .

Autoria: Desconhecida.

Origem: Minas Gerais, Araçaí.

Procedência: Capela de Nossa Senhora do Rosário.

Material e técnica: Tecido / costura e bordados.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

Página | 111

Características Estilísticas: Os mantos possuem fatura caseira e apresentam características do artesanato popular, como o bordado caprichoso e a ornamentação com rendas brilhantes e bolinhas prateadas.

Características Iconográficas: O manto é um dos principais símbolos da realeza ou dos próprios deuses e santos. Dessa forma, o manto se caracteriza numa peça de fundamental importância para o Congado na identificação dos membros do Coroado. Muitas vezes os reis e rainhas não vestem roupas especiais para marcar seu papel nas apresentações, mas trajam seus mantos, coroas e cetros para tal.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Ótima.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Flávia Melo em Nov/2010: Mauro Pereira; Milton Rezende; Odair; Vera Lúcia da Rocha Lima; Tereza Santana Silva; Walério Henrique Gonçalves. Obras / Documentos consultados: CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: Mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 21 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007. MACHADO FILHO, Aires da Mata. Introdução ao Estudo do Congado. Belo Horizonte: Littera Maciel, 1974. MEMÓRIA ARQUITETURA. Dossiê de Patrimônio Imaterial: A Festa de Nossa Senhora do Rosário de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí, 2010.

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Página | 112

BANDEIRA Ano do inventário: 2011

Bandeira FOTO: Flavia Melo, nov /2010

Histórico: A primeira bandeira foi confeccionada por ocasião da inauguração da festa de Congado de Araçaí, datada do início da década de 1920. Os membros da própria comunidade local foram responsáveis por sua fatura, imprimindo sobre a bandeira toda a religiosidade e talento, a fim de homenagear a santa padroeira e de oferecer a proteção devida à Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário. Com o passar dos anos, a bandeira foi sofrendo com o desgaste natural e foi guardada pelo atual presidente da Guarda, Walério Henrique Gonçalves, que encomendou a confecção de uma nova, com ornamentos mais modernos e cores mais vibrantes, cativantes e atrativas. A nova bandeira foi confeccionada por Juarez de Moura, morador de Araçaí, em meados da década de 1990.

Não foram encontrados registros de intervenções realizadas na atual bandeira do terno.

Descrição: A Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário possui como um de seus principais atributos a bandeira em honra da santa padroeira, que segue à frente do grupo em suas apresentações e desfiles. Essa bandeira apresenta formato retangular, de fundo azul claro, e traz a imagem de Nossa Senhora do Rosário, representada, ao centro, por uma figura feminina, jovem, em posição frontal, com a cabeça voltada para baixo e para a esquerda, olhar voltado para baixo, rosto oval, olhos castanhos, boca pequena, cabelos castanhos, cobertos por véu amarelo ouro, braço direito flexionado, segurando o Menino Jesus, braço esquerdo unto ao corpo. Veste blusa vermelha de mangas compridas e gola com babados brancos, e saia longa azul celeste. Apresenta sobre a cabeça coroa de rainha e raionado colorido. O Menino Jesus se apresenta seminu, sentado, com braços abertos, pernas flexionadas e vestindo perizônio branco.

À sua direita, há a representação de uma figura masculina, ajoelhada, de perfil, com a cabeça voltada para a santa, com cabelos castanhos, com tonsura monacal, barba e bigode cheios e castanhos, braço direito flexionado para cima e vestido com túnica longa cinza e manto azul celeste.

À esquerda, há uma figura feminina, ajoelhada, a ¾ de perfil, com a cabeça inclinada à esquerda, braços flexionados e vestida com túnica longa branca e manto azul celeste, cobrindo os cabelos.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário / CRAS Centro de Referência da Assistência Social, Rua Inácio Rocha, nº 326, Centro.

Espécie: Objeto cerimonial.

Época: Meados da década de 1990 .

Autoria: Juarez de Moura.

Origem: Minas Gerais, Araçaí.

Procedência: Juarez de Moura.

Material e técnica: Tecido / costura, pintura e colagem.

Marcas / Inscrições / Legendas: Apresenta a inscrição “Ave Maria”.

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Página | 113

Ao redor das figuras, há a representação de flores vermelhas e ramos verdes. A bandeira é, ainda, ornamentada com laços de fita, lantejoulas e fitas metálicas.

Dimensões: Altura: 100 cm; Largura: 70 cm.

Características Técnicas: A bandeira foi confeccionada em tecido de algodão e afixada por costura a um suporte de madeira cilíndrico, que é portado durante os desfiles. A imagem de Nossa Senhora do Rosário foi pintada sobre o tecido e a ornamentação feita com a colagem de laços de fita coloridos, lantejoulas e fitas metálicas douradas, prateadas e azuis.

Características Estilísticas: A bandeira possui fatura caseira e apresenta características do artesanato popular, como a pintura caprichosa da santa e a ornamentação amplamente colorida e brilhante promovida pelos laços de fita, pelas fitas metálicas e pelas lantejoulas.

A produção artesanal feita pelos próprios congadeiros é um fator de suma importância para a comunidade local, pois, dessa forma, a bandeira é feita com muito carinho, que fica evidente em cada elemento de composição. Características Iconográficas: A bandeira se caracteriza num símbolo de proteção e, por esse motivo, é levada à frente do terno em desfiles, como uma insígnia da santa protetora. Simboliza, também, o elo entre o céu e a terra, os planos divino e o humano. Para o cristianismo, a bandeira simboliza a vitória de Cristo ressuscitado e glorioso e, dessa forma, toda procissão litúrgica entre o tempo pascal e a ascensão inclui o emprego de bandeiras.

A invocação de Nossa Senhora do Rosário surgiu na França no século XIII. Nesta época, o cônego Domingos Gusmão, em sua luta contra os albigenses, passava dias inteiros diante do altar pedindo auxílio divino. Certo dia, enquanto rezava, apareceu-lhe a Virgem Maria sobre uma nuvem luminosa e ensinou-lhe um método de oração eficiente, através do rosário. Desde então, surgiu a devoção ao Rosário, composto sob a orientação da Maria, trazendo de volta à Igreja inúmeros hereges.

No Brasil a devoção ao Santo Rosário foi trazida pelos missionários e logo se espalhou, principalmente entre os negros, que encontraram nele as orações mais simples: o Pai-Nosso e a Ave-Maria. Eles carregavam o rosário no pescoço e depois do trabalho realizado durante o dia reuniam-se no interior das senzalas e sussurravam as preces. O terço simbolizava a liturgia dos menos favorecidos, que não sabiam ler ou escrever, mas podiam ter acesso aos saberes religiosos.

Iconograficamente, Nossa Senhora do Rosário é geralmente representada de pé, com o Menino Jesus em seus braços, segurando um rosário com a mão direita. Muitas vezes também o Menino traz consigo um rosário. É comum sua vestimenta ser bem ornamentada e a imagem possuir uma coroa, evidenciando seu caráter de Rainha dos Céus.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Ótima.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Flávia Melo e Nov/2010: Mauro Pereira; Milton Rezende; Odair; Vera Lúcia da Rocha Lima; Tereza Santana Silva; Walério Henrique Gonçalves. Obras / Documentos consultados: CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: Mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 21 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007. MACHADO FILHO, Aires da Mata. Introdução ao Estudo do Congado. Belo Horizonte: Littera Maciel, 1974. MEGALE, Nilza Botelho. Cento e doze invocações da Virgem Maria no Brasil: História, iconografia, folclore. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1986. MEMÓRIA ARQUITETURA. Dossiê de Patrimônio Imaterial: A Festa de Nossa Senhora do Rosário de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí, 2010.

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COROAS Ano do inventário: 2011

Coroas FOTO: Flavia Melo, nov /2010

Histórico: Na década de 1920, quando da primeira apresentação de Congado em Araçaí, os reis e rainhas usavam suas coroas de metal para impor sua realeza. A confecção das coroas era feita pelos membros da comunidade local que possuíam o domínio sobre o ofício artesanal. Segundo informações orais de Walério Henriques Gonçalves, atual presidente da Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário, as coroas dos Reis Congos datam do início do século XX, sendo possível afirmar que elas foram utilizadas por volta do ano de 1940 pelos congadeiros de Araçaí.

Ao longo dos anos, as demais coroas foram sofrendo com os desgastes e foram substituídas por novas, a fim de suprir as necessidades dos membros do Congado. Ainda segundo Walério, as demais coroas, pertencentes aos Reis de França e Reis Suplentes, foram confeccionadas por volta do ano de 2005, na cidade de Sete Lagoas. No entanto, o presidente da guarda não soube informar quem foi o responsável por sua confecção.

Não foram encontrados registros de intervenções nas atuais coroas.

Descrição: As coroas dos reis do Congado são em metal dourado e algumas apresentam como ornamentação frisos, pedras e lantejoulas coloridas. As coroas possuem formato fechado, com a parte superior terminada em domo, com duas ou mais hastes semicirculares que se dobram em sentido perpendicular, encimadas por uma cruz. As coroas dos Reis de França apresentam detalhes vazados nas hastes de metal e o preenchimento em tecido brilhante azul turquesa.

Dimensões: Coroas dos Reis: Altura: 35 cm; Diâmetro: 57 cm. Coroas das Rainhas: Altura: 35 cm; Diâmetro: 56 cm.

Características Técnicas: As coroas são confeccionadas em metal dourado recortado e fundido, e são ornamentadas com pedras e lantejoulas coloridas coladas. As coroas dos Reis de França apresentam as hastes de metal vazadas e o preenchimento interno em cetim azul turquesa.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário / CRAS Centro de Referência da Assistência Social, Rua Inácio Rocha, nº 326, Centro.

Espécie: Atributo cerimonial.

Época: Início do século XX e 2005.

Autoria: Desconhecida.

Origem: Minas Gerais, Araçaí e Sete Lagoas.

Procedência: Hiago Henrique Silva; Maria da Conceição Fonseca Souza; Milton José Rezende; Gislene Aparecida Lacerda; Tereza Santana da Silva; Nerval Pereira.

Material e técnica: Metal / fundição e recorte.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

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Características Estilísticas: A fatura das coroas segue um padrão artesanal e simplificado, com formatos estilizados e poucos elementos decorativos em sua estrutura, como frisos e cruzes. Sua ornamentação segue o gosto popular, com pedras de diferentes formatos e cores e lantejoulas.

As coroas dos Reis de França apresentam um tratamento mais erudito e possuem em suas hastes uma decoração vazada em motivos fitomorfos e pedraria incrustada. Características Iconográficas: A coroa é o principal atributo da realeza, do poder, da dignidade, do acesso a um nível e a forças superiores, especialmente quando confeccionada em ouro. Seu formato circular indica a perfeição e a participação da natureza celeste, da qual o círculo é o símbolo. Seu formato também diz muito sobre sua simbologia: seu arremate em pontas remetem a raios de luz, exprimindo uma ideia de iluminação, de sabedoria; quando terminada em domo afirma uma soberania absoluta.

No Congado, os reis e rainhas levam suas coroas ao altar para serem consagradas durante a Missa Conga. Essa cerimônia confere aos objetos seu verdadeiro poder e, consequentemente, o direito aos reis de governarem simbolicamente.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Flávia Melo em Nov/2010: Mauro Pereira; Milton Rezende; Odair; Vera Lúcia da Rocha Lima; Tereza Santana Silva; Walério Henrique Gonçalves. Obras / Documentos consultados: CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: Mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 21 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007. MACHADO FILHO, Aires da Mata. Introdução ao Estudo do Congado. Belo Horizonte: Littera Maciel, 1974. MEMÓRIA ARQUITETURA. Dossiê de Patrimônio Imaterial: A Festa de Nossa Senhora do Rosário de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí, 2010.

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BASTÕES Ano do inventário: 2011

Bastão FOTO: Flavia Melo, nov /2010

Histórico: Desde as primeiras apresentações do Congado em Araçaí, os reis e capitães da Guarda do Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário utilizavam como um dos principais atributos os bastões, como símbolo de autoridade e liderança. A confecção dos bastões era feita pelos próprios congadeiros, que os enfeitavam amplamente para os desfiles. Ao longo dos anos, a medida que os bastões sofriam desgastes, os congadeiros os reparavam ou substituía por novos, a fim de suprir as necessidades cerimoniais do Congado.

Segundo informações orais concedidas por Walério Henriques Gonçalves, atual presidente da Guarda, os quatro bastões possuem fatura muito recente, tendo sido confeccionados em 2009 em Sete Lagoas a pedido do próprio presidente. No entanto, Walério não soube informar quem fora o responsável pela fabricação das peças.

Os bastões não sofreram qualquer intervenção.

Descrição: São quatro bastões, muito semelhantes entre si, com dimensões diferenciadas. São confeccionados em madeira e apresentam formato cilíndrico, compostos por entalhes de elementos geométricos arredondados que se dispõem na seguinte ordem: segmento abaulado; três frisos paralelos; segmento abaulado; anel delimitado por dois frisos paralelos; segmento abaulado; três frisos paralelos; segmento abaulado; arremate em bola, encimado por cruz de traves retas com Cristo de metal afixado. Em dias de apresentações do Congado, são enfeitados com fitas de cetim coloridas soltas.

Dimensões: bastão do capitão-mor: Altura: 50 cm; Diâmetro: 3 cm.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário / CRAS Centro de Referência da Assistência Social, Rua Inácio Rocha, nº 326, Centro.

Espécie: Objeto cerimonial.

Época: 2009.

Autoria: Desconhecida.

Origem: Minas Gerais, Sete Lagoas.

Procedência: Minas Gerais, Sete Lagoas.

Material e técnica: Madeira / entalhe.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

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Características Técnicas: Os bastões são confeccionados em madeira recortada em formato cilíndrico e entalhados com frisos, segmentos abaulados, anel, bola e cruz. As peças foram lixadas e envernizadas e acrescidas de pequenas imagens de Cristo em metal fundido. Nos dias de festa do Congado, os bastões são ornamentados com fitas de cetim coloridas.

Características Estilísticas: Os bastões possuem fatura caseira, com características do artesanato popular, que se baseia na simplicidade e na reduzida presença de ornamentos em sua estrutura. Sua decoração amplamente colorida e brilhante é feita somente às vésperas das apresentações de Congado, com elementos incorporados aos bastões, como as fitas de cetim.

Características Iconográficas: O bastão pode apresentar diversificadas simbologias, mas aparece, essencialmente, como arma mágica e como símbolo de soberania, de poder e de comando, afirmando uma posição privilegiada da pessoa que o porta na hierarquia social.

No Congado, é portado por alguns reis e rainhas, pelos Capitães do terno e pelo Capitão-Mor. Em todos os casos, evidencia a autoridade e o poder do portador, além de conferir um sentido de guia durante as apresentações.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Ótima.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Flávia Melo em Nov/2010: Mauro Pereira; Milton Rezende; Odair; Vera Lúcia da Rocha Lima; Tereza Santana Silva; Walério Henrique Gonçalves. Obras / Documentos consultados: CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: Mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 21 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007. MACHADO FILHO, Aires da Mata. Introdução ao Estudo do Congado. Belo Horizonte: Littera Maciel, 1974. MEMÓRIA ARQUITETURA. Dossiê de Patrimônio Imaterial: A Festa de Nossa Senhora do Rosário de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí, 2010.

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ESPADAS Ano do inventário: 2011

Espadas FOTO: Flavia Melo, nov /2010

Histórico: À semelhança dos bastões, as espadas integram o acervo dos atributos do Congado de Araçaí desde as primeiras apresentações, datadas da década de 1920. Símbolos do poderio militar dos marujos, elas foram incorporadas por seu significado, também ligado à autoridade e à liderança. As primeiras espadas foram adquiridas pelos congadeiros para os desfiles e, ainda hoje, duas delas fazem parte do acervo, ambas com as pontas arrematadas em losangos. As demais espadas foram substituídas por novas com o passar dos anos, a fim de suprir as necessidades cerimoniais do Congado.

Segundo informações orais concedidas pelo atual presidente da Guarda do Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário, Walério Henriques Gonçalves, uma das espadas, que integra o acervo e apresenta o formato de uma ave em seu cabo, foi doada em 2008 por um morador de Belo Horizonte, o senhor Adilson, sendo desconhecido seu sobrenome. Ainda segundo informações de Walério, a outra espada foi confeccionada em 2010, a seu pedido, sendo desconhecido o nome de seu fabricante.

Não foram encontrados registros de intervenções realizadas nas peças.

Descrição: As espadas são confeccionadas em metal e apresentam lâminas retas, sem fio, nas quais podem aparecer elementos losangulares e pontiagudos nas extremidades. Os cabos se assemelham aos de sabre, com frisos paralelos como ornamentos. Uma delas apresenta lâmina larga, recortada próxima à base, em formas reentrantes, e cabo decorado com elementos zoomorfos.

Dimensões: As espadas possuem dimensões diversificadas, mas apresentam cerca de 100 cm de altura.

Características Técnicas: As espadas são confeccionadas em metal fundido e recortado, com exceção do cabo de uma delas, para a qual foi utilizado um molde. Alguns cabos são envolvidos por uma pequena capa de borracha.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário / CRAS Centro de Referência da Assistência Social, Rua Inácio Rocha, nº 326, Centro.

Espécie: Atributo cerimonial.

Época: Início do século XX; 2008; 2010.

Autoria: Desconhecida.

Origem: Minas Gerais, Araçaí e Belo Horizonte.

Procedência: Desconhecida; Sr. Adilson.

Material e técnica: Metal / Fundição e recorte.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

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Características Estilísticas: As espadas possuem origem industrial e não apresentam características estilísticas peculiares. A ornamentação de uma das espadas é caracterizada por motivos zoomorfos estilizados.

Características Iconográficas: A espada simboliza o poderio militar, bem como a bravura e o espírito guerreiro. Ela é capaz de destruir mas também proteger e manter a paz e a justiça. No Congado, as espadas são portadas pelos Capitães do terno e evidenciam a autoridade e o poder do portador, tal qual os bastões, que, por sua vez, são símbolos de soberania, de poder e de comando. São também utilizadas no reverenciamento dos reis e rainhas do Congado.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Nenhuma.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Flávia Melo em Nov/2010: Mauro Pereira; Milton Rezende; Odair; Vera Lúcia da Rocha Lima; Tereza Santana Silva; Walério Henrique Gonçalves. Obras / Documentos consultados: CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: Mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 21 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007. MACHADO FILHO, Aires da Mata. Introdução ao Estudo do Congado. Belo Horizonte: Littera Maciel, 1974. MEMÓRIA ARQUITETURA. Dossiê de Patrimônio Imaterial: A Festa de Nossa Senhora do Rosário de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí, 2010.

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INSTRUMENTOS MUSICAIS Ano do inventário: 2011

Instrumentos musicais FOTO: Flavia Melo, nov /2010

Histórico: Os instrumentos musicais foram adquiridos por ocasião da primeira festa de Congado realizada em Araçaí, na década de 1920. Alguns foram confeccionados pelos próprios membros da comunidade, como chocalhos, as patangomas, as caixas e alguns tambores, e outros trazidos de Sete Lagoas. Atualmente, grande parte dos instrumentos musicais possui origem industrial e sua fatura data do final do século XX ou início do século XXI, não apresentando características estilísticas peculiares. Alguns instrumentos apresentam origem artesanal, e foram confeccionados em Sete Lagoas, com exceção de alguns chocalhos, que foram fabricados pela comunidade local. Segundo afirma Walério Henriques Gonçalves, atual presidente da Guarda, grande parte dos instrumentos foram adquiridos em Sete Lagoas, sendo desconhecidos os responsáveis por suas faturas. Ainda segundo Walério, anualmente é feita uma inspeção para identificação de danos ou desgastes dos instrumentos, e, em caso de avaria, as peças são levadas para reparo em Sete Lagoas.

Descrição: Os grupos de Congado utilizam em suas apresentações diversificados instrumentos musicais, desde os mais graves aos mais agudos, que oferecem um perfeito equilíbrio musical durante as apresentações de Congado. Os instrumentos geralmente pertencem aos membros do terno e, podem ser de origem industrial ou fabricados pelos próprios congadeiros ou por membros da comunidade local. Os instrumentos são utilizados por vários membros do grupo, de acordo com seu conhecimento musical. O aprendizado, por sua vez, acontece naturalmente, através da transmissão dos saberes de geração a geração e do contato com os próprios instrumentos musicais. Os instrumentos de corda utilizados pelos congadeiros são o violão e o cavaquinho, ambos muito semelhantes entre si por seu formato abaulado e braço com trastes. O cavaquinho, porém, apresenta menores proporções e, consequentemente, um menor número de cordas e trastes. A sonoridade desses instrumentos é adquirida através da movimentação das cordas por dedilhado ou acordes, que gera a vibração musical. Os demais instrumentos funcionam através da percussão em couro e/ou nylon. Os principais instrumentos utilizados são:

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Guarda de Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário / CRAS Centro de Referência da Assistência Social, Rua Inácio Rocha, nº 326, Centro.

Espécie: Instrumentos sonoros.

Época: Final do século XX, início do século XXI.

Autoria: Industrial / artesanal.

Origem: Minas Gerais, Araçaí e Sete Lagoas.

Procedência: Minas Gerais, Araçaí e Sete Lagoas.

Material e técnica: Metal / Fundição; Madeira / recorte e encaixe; Couro / recorte; Plástico / moldagem.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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• Tambor – instrumento composto por corpo cilíndrico de metal, com duas peles tencionadas em ambos os lados. Seu som é criado a partir da percussão da pele por uma baqueta. Existem vários tipos de tambores, sendo os seguintes mais utilizados pelos congadeiros:

• Caixa – É um dos principais instrumentos utilizados pelos congadeiros e está presente em todos os ternos. Se configura num tipo de tambor bimembranofone, composto por haste de madeira e corpo retangular de pequena seção, com duas peles fixadas e tensionadas através de estruturas de madeira. Seu som é adquirido através da percussão da pele superior da caixa, através de uma baqueta, produzindo um som repicado;

• Surdo – Tambor de grandes proporções cuja função é marcar o compasso binário da marcha e fixar o andamento do grupo. Pode ser classificado em surdo de primeira, de segunda e de terceira, de acordo com suas proporções e variações de intensidade, do mais grave ao mais agudo;

• Repinique – é também conhecido como repique ou surdo repicador. Apresenta porte médio e comprido e produz um som de afinação mais tensa. É responsável pelo alerta ou arranque sinalizador, chamando e dando a partida aos demais instrumentos;

• Pandeiro – originário do Oriente Médio, o instrumento é composto por aro redondo metálico, no qual se estica o couro ou o nylon, com guizos metálicos dispostos simetricamente ao redor do aro. Se configura numa peça bastante leve, da qual se obtém o som pela batida com a mão;

• Meia-lua – semelhante ao pandeiro, de formato semicircular, de interior vazado, com guizos metálicos ao redor do aro;

• Chocalhos – instrumentos constituídos por recipientes metálicos ocos, onde se colocam grãos, esferas ou pedras, cujo som é adquirido quando sacudido, proporcionando um suave contraponto aos instrumentos mais pesados. Os tipos de chocalhos utilizados pelos congadeiros são:

• Chique-chique – Pode ter o formato de seu recipiente variado, o que reflete diretamente na composição dos sons médios ou agudos;

• Patangoma – instrumento de origem africana, formado por recipiente metálico circular oco, com fundo levemente afunilado, que produz som semelhante ao da lavagem de pedras numa bateia. É um instrumento tipicamente utilizado pelo terno Moçambique, assim como a gunga.

Dimensões: Como são vários instrumentos utilizados e que se diferenciam pelo tipo, não foi possível estabelecer critério de medição para o conjunto. Características Técnicas: Os instrumentos musicais apresentam diferenciadas técnicas de fabricação, devido à natureza adversa dos bens. Os tambores são fabricados a partir de corpos cilíndricos de metal, nos quais são tensionados duas peles ou faixas de nylon em ambos os lados; os instrumentos de corda como o violão e o cavaquinho apresentam caixa de ressonância de madeira, de formato abaulado, com um furo circular central e um braço com cordas de metal ou plástico e trastes metálicos; o pandeiro é composto por um aro redondo metálico no qual se estica o couro ou o nylon, com guizos metálicos dispostos simetricamente ao redor do aro; a meia-lua, semelhante ao pandeiro, apresenta formato semicircular, com guizos metálicos ao seu redor e interior vazado; os chocalhos são compostos por recipientes rígidos (cabaças, bombas de plástico, peças de metal) ocos, onde são colocados grãos. Características Estilísticas: A maior parte dos instrumentos musicais utilizados pelo terno do Congo dos Marujinhos de Araçaí possuem origem industrial e não apresentam características estilísticas peculiares. No entanto, alguns tambores, caixas e chocalhos possuem fatura caseira e apresentam características do artesanato popular, como o uso de materiais rústicos, como o couro cru e as cabaças, ou materiais improvisados, como as miçangas ou bombas de plástico. Geralmente a composição apresenta poucos ornamentos, privilegiando seu aspecto funcional. Características Iconográficas: Os instrumentos musicais são fundamentais para o Congado, pois permitem a execução da música que é a essência da atividade cultural. São símbolos da emissão do som primordial, origem do ritmo do universo, elos entre o céu e a terra. São considerados sagrados por serem provedores da música, que, por sua vez é a arte de atingir a perfeição, de entrar em contato com o divino.

O tambor pode ser considerado o principal instrumento musical do Congado. Para os africanos, o instrumento que possui a força do trovão sempre esteve ligado aos acontecimentos da vida humana, se caracterizando no eco sonoro da existência. É um instrumento capaz de produzir o som primordial da criação e levar seus ouvintes ao êxtase; é, ao mesmo tempo, o alarme, a ofensiva e a proteção. Para os fiéis, o tambor permite o contato e a adoração a Deus e às entidades de devoção negra.

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Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Flávia Melo em Nov/2010: Mauro Pereira; Milton Rezende; Odair; Vera Lúcia da Rocha Lima; Tereza Santana Silva; Walério Henrique Gonçalves. Obras / Documentos consultados: CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: Mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 21 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007. MACHADO FILHO, Aires da Mata. Introdução ao Estudo do Congado. Belo Horizonte: Littera Maciel, 1974. MEMÓRIA ARQUITETURA. Dossiê de Patrimônio Imaterial: A Festa de Nossa Senhora do Rosário de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí, 2010. NOGUEIRA, Nilcemar (Coord.). Dossiê das matrizes do samba no Rio de Janeiro: partido-alto, samba de terreiro, samba-enredo. Rio de Janeiro: Centro cultural Cartola, s/d.

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CAMA DE CASAL Ano do inventário: 2012

Cama de casal FOTO: Deyse Marinho, dez /2011

Histórico: A cama de casal pertenceu ao lendário Francisco Guimarães Moreira, conhecido como “Chico Moreira”, que era primo de terceiro grau do escritor e diplomata João Guimarães Rosa, também chamado de Joãozito. Foi graças a um intento idealizado por Chico Moreira que Guimarães Rosa teve as fontes necessárias para escrever muitas de suas famosas obras.

A cama é originária da Ásia, mas chegou ao Brasil por influência dos portugueses no período colonial, já em moldes europeizados. A referida peça tem data de feitura atribuída ao ano de 1925, contudo, não se sabe quem foi que a fez e nem qual é o seu local de origem. A aquisição do mobiliário por Chico Moreira também não é conhecida, mas segundo seu filho Francisco Guimarães Moreira Filho, o pai já a tinha desde pelo menos a década de 1930. O bem era utilizado por Francisco Moreira e sua esposa Cenira para descanso, dormir diariamente e foi usada até o seu falecimento, em 1990. Há cerca de 15 anos, a cama passou a ser de propriedade de Francisco Guimarães Moreira Filho. Há aproximadamente 12 anos, a peça foi cortada, reduzindo assim o seu cumprimento. Esta intervenção foi realizada para que a cama coubesse no quarto onde foi instalada à época. Nesta mesma época ela passou a fazer parte do mobiliário da fazenda Santa Marta, pertencente atualmente a Francisco Filho. Este bem, futuramente, fará parte do acervo do Memorial “Chico Moreira” a ser instalado na antiga Estação Ferroviária de Araçaí.

Descrição: Móvel de descanso para casal constituído de cabeceira, peseira, armação e estrado. Feito de madeira peroba por meio de técnica de carpintaria e torneamento. De feitura mais elaborada com polimento e com recortes retos e detalhes em motivos geométricos. É constituído de armação e estrado ripado. A cabeceira é de elevação mais alta que a peseira, sendo ainda coroada por um frontão trabalhado em motivos curvilíneos, apresentando ao centro uma espécie de torre torneada. Entre a cabeceira e o frontão há um barramento de madeira. As laterais da cabeceira e da peseira foram esculpidas e trabalhadas no torno, apresentando ainda, na parte superior, abaixo das ponteiras, duas bolachas e, acima, uma figura geométrica esculpida na madeira com acabamento retangular. As ponteiras da cabeceira também foram

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Fazenda Santa Marta / Estrada para Paraopeba a 29 km do Centro de Sete Lagoas - 09 km pela estrada asfaltada e mais 20 km pela estrada de terra.

Espécie: Utilitário – móvel de descanso.

Época: 1925.

Autoria: Desconhecida.

Origem: Desconhecida.

Procedência: Minas Gerais, Sete Lagoas.

Material e técnica: Madeira / carpintaria, torneamento; Parafusos, cola / recorte, encaixe.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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torneadas, encimadas por um castiçal, um de cada lado, que serve para colocar velas. As ponteiras da peseira foram torneadas formando uma bolacha e acima desta uma haste arrematada por outras duas pequenas bolachas, uma acima da outra. Montado por meio de encaixe através de cavilhas, parafusos e cola.

Dimensões: Altura: 104 cm; Largura: 135 cm; Profundidade: 187 cm.

Características Técnicas: Móvel para dormir constituído de armação e estrado ripado, armados pelo sistema de encaixe, por meio de cavilhas, parafusos e cola. Feitos por técnica de carpintaria e torneamento.

Características Estilísticas: Peça de feitura mais elaborada, trabalhada em motivos geométricos, característico do estilo de carpinteiros do limiar do século XX.

Características Iconográficas: Mobiliário para descanso voltado às famílias de poder aquisitivo maior na primeira metade do século XX.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em dez/2011: Francisco Guimarães Moreira Filho. Obras / Documentos consultados: GUIMARÃES, Jussara Moura. Quem foi Chico Moreira? Sete Lagoas: [s.e], 2004.

Referências eletrônicas: MCB. Disponível em: <www.mcb.sp.gov.br/mcbColecao.asp?sMenu=P002&sOrdem=0&sAcervo=PES&sCole=PES03>. Acessado em: <09/12/2011>. REVISTA casa e jardim. Disponível em:<revistacasaejardim.globo.com/Casaejardim/0,25928,EJE926901-4243,00.html>. Acessado em: <09/12/2011>. TERRA paulista. Disponível em: <www.terrapaulista.org.br/costumes/moradias/saibamais.asp>. Acessado em: <09/12/2011>. WIKIPEDIA. Disponível em: <www.es.wikipedia.org/wiki/Cama>. Acessado em: <09/12/2011>.

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ESCRIVANINHA Ano do inventário: 2012

Escrivaninha FOTO: Deyse Marinho, dez /2011

Histórico: A escrivaninha pertenceu ao lendário Francisco Guimarães Moreira, conhecido como “Chico Moreira”, que era primo de terceiro grau do escritor e diplomata João Guimarães Rosa, também chamado de Joãozito. Foi graças a um intento idealizado por Chico Moreira que Guimarães Rosa teve as fontes necessárias para escrever muitas de suas famosas obras.

A peça tem data de feitura atribuída ao ano de 1928, contudo, não se sabe quem foi que o fez e nem qual é o seu local de origem. A aquisição do móvel por Chico Moreira também não é conhecida, mas, segundo seu filho Francisco Guimarães Moreira Filho, o pai já o tinha desde pelo menos a década de 1930. O bem era utilizado por Francisco Moreira em sua residência em Sete Lagoas para escrever em seus livros de anotações, de despesas gerais da família e de suas fazendas, além de escrever diversas cartas, inclusive às dirigidas ao primo Guimarães Rosa. Não há informações de que a escrivaninha tenha também sido usada pelo primo. Há cerca de 15 anos, a peça passou a ser de propriedade de Francisco Guimarães Moreira Filho, seu atual proprietário. A atual utilidade do móvel é de adornar a residência de Francisco Moreira Filho. Este bem, futuramente, fará parte do acervo do Memorial “Chico Moreira” a ser instalado na antiga Estação Ferroviária de Araçaí.

Descrição: Móvel de apoio e guarda feito em madeira peroba por meio de carpintaria, com recortes retos e peças encaixadas por cavilhas, pregos e cola. É constituída de uma mesa reta, de formato retangular. Nas laterais de suas peseiras, se encontram os nichos reservados às gavetas. Detém seis gavetas em recortes retos, formando um retângulo, que são encaixadas em seus nichos próprios. Como pegadores, cada gaveta detém, colada em sua face frontal, uma peça retangular feita de madeira. Ainda em cada gaveta, foi recortado o lugar reservado às chaves. Entre as gavetas se encontra o nicho reservado à pessoa que fará uso da mobília. Este espaço tem como destaque uma moldura colada à mesa, de formato semiarqueado com acabamento lateral de curvas. Por meio de diversas hastes de madeira, em formato

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Francisco Guimarães Moreira Filho / Rua Doutor Alonso Marques, 603, bairro Vapabuçu, Sete Lagoas/MG.

Espécie: Utilitário – móvel de apoio e guarda.

Época: 1928.

Autoria: Desconhecida.

Origem: Desconhecida .

Procedência: Minas Gerais, Sete Lagoas .

Material e técnica: Madeira / carpintaria; Pregos / recorte, encaixe; Tecido / colagem.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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retangular, presas por meio de cola em um tecido de feltro, foi formada uma esteira curva móvel, encaixada acima da mesa em uma armação que fecha o principal nicho da escrivaninha, onde também é o local de trabalho. Esta armação é constituída por uma tábua fixada verticalmente à extremidade posterior da escrivaninha, sendo apoiada nas laterais por duas tábuas em formato semicurvo. É arrematada por uma tábua retangular que serve para esconder o encaixe da esteira e da armação. Ao centro da esteira há a moldura em ferro e a fechadura, em suas laterais estão afixadas duas peças retangulares feitas de madeira para servirem de pegadores.

Dimensões: Altura: 124 cm; Largura: 129 cm; Profundidade: 61 cm.

Características Técnicas: Móvel feito em madeira por meio de carpintaria, recortes retos, preso por meio de pregos, cavilhas, encaixes, cola e tecido.

Características Estilísticas: Peça de feitura mais elaborada, com características estilísticas de móveis do gênero produzidos na década de 1920.

Características Iconográficas: Móvel utilitário, de apoio e de guarda, de uso típico de pessoas letradas do limiar do século XX.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Regular.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em dez/2011: Francisco Guimarães Moreira Filho. Obras / Documentos consultados: GUIMARÃES, Jussara Moura. Quem foi Chico Moreira? Sete Lagoas: [s.e], 2004.

Referências eletrônicas: MCB. Disponível em: <www.mcb.sp.gov.br/mcbColecao.asp?sMenu=P002&sOrdem=0&sAcervo=PES&sCole=PES03>. Acessado em: <09/12/2011>. REVISTA casa e jardim. Disponível em:<revistacasaejardim.globo.com/Casaejardim/0,25928,EJE926901-4243,00.html>. Acessado em: <09/12/2011>. TERRA paulista. Disponível em: <www.terrapaulista.org.br/costumes/moradias/saibamais.asp>. Acessado em: <09/12/2011>.

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CONJUNTO DE PÁS Ano do inventário: 2012

Conjunto de pás FOTO: Deyse Marinho, dez /2011

Histórico: Francisco Guimarães Moreira, conhecido como “Chico Moreira”, que era primo de terceiro grau do escritor e diplomata João Guimarães Rosa, também chamado de Joãozito. Foi graças a um intento idealizado por Chico Moreira que Guimarães Rosa teve as fontes necessárias para escrever muitas de suas famosas obras.

Chico Moreira fez o conjunto de pás para dar de presente à sua cunhada, Helena Ferreira Moreira, há mais de meio século. Esta senhora usou tais utilitários na sua cozinha de sua residência, em Belo Horizonte. Foram feitos para passar manteiga, margarina, geleia, patês, dentre outros. Em 2011, Francisco Moreira Filho solicitou à tia tais utilitários, a fim de que sejam inseridos no acervo de dedicado ao seu pai, que irá compor o Memorial “Chico Moreira”. O Memorial será instalado na antiga Estação Ferroviária de Araçaí.

Descrição: Conjunto de sete pás feitas em madeira por meio de recortes retos e polimento. Tem formato quadrático (as menores) e retangulares (as maiores) em uma de suas extremidades. As peças possuem cabo afilado de seção retangular apresentando um furo na extremidade oposta à pá.

Dimensões: Maior: Altura: 29 cm; Largura: 5 cm; Profundidade: 2 cm. Menor: Altura: 13 cm; Largura: 3 cm; Profundidade: 1 cm

Características Técnicas: Conjunto de sete pás feitas em madeira por meio de recortes e polimento.

Características Estilísticas: Peças de feitura simples para uso doméstico, destituídas de ornamentação.

Características Iconográficas: Bens produzidos para uso na cozinha.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Francisco Guimarães Moreira Filho / Rua Doutor Alonso Marques, 603, bairro Vapabuçu, Sete Lagoas/MG.

Espécie: Utilitário – utensílio doméstico.

Época: 3º quartel do século XX.

Autoria: Francisco Guimarães Moreira.

Origem: Minas Gerais, Sete Lagoas.

Procedência: Minas Gerais, Belo Horizonte.

Material e técnica: Madeira / marcenaria; Lixa / polimento.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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Referências: Orais:

Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em dez/2011: Francisco Guimarães Moreira Filho.

Obras / Documentos consultados:

GUIMARÃES, Jussara Moura. Quem foi Chico Moreira? Sete Lagoas: [s.e], 2004.

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CONJUNTO DE FACAS Ano do inventário: 2012

Conjunto de facas FOTO: Deyse Marinho, dez /2011

Histórico: Francisco Guimarães Moreira, conhecido como “Chico Moreira”, que era primo de terceiro grau do escritor e diplomata João Guimarães Rosa, também chamado de Joãozito. Foi graças a um intento idealizado por Chico Moreira que Guimarães Rosa teve as fontes necessárias para escrever muitas de suas famosas obras.

Chico Moreira fez o conjunto de facas para dar de presente à sua cunhada, Helena Ferreira Moreira, há mais de meio século. Esta senhora usou tais utilitários na sua cozinha de sua residência, em Belo Horizonte. Foram usadas para cortar pães, verduras, frutas, passar manteiga, margarina, geleia, patês, dentre outros. Em 2011, Francisco Moreira Filho solicitou à tia tais utilitários, a fim de que sejam inseridos no acervo dedicado ao seu pai, que irá compor o Memorial “Chico Moreira”. O Memorial será instalado na antiga Estação Ferroviária de Araçaí.

Descrição: Conjunto de facas composto por duas unidades. Cada faca é constituída de duas partes, sendo uma feita em madeira cortada e polida, e outra constituída de alumínio cortado e encaixado. Uma das facas detém madeiramento do cabo mais elaborado, com uma extremidade mais curva. O metal cortante foi preso a ela por meio e dois pregos. A outra faca detém cabo de madeira com corte reto e um furo em sua extremidade e seu metal cortante, com dentes, foi encaixado e preso por meio de um arame.

Dimensões: Maior: Altura: 18 cm; Largura: 2 cm; Profundidade: 1 cm. Menor: Altura: 16 cm; Largura: 2 cm; Profundidade: 1 cm.

Características Técnicas: Facas feitas com cabos em madeira recortada e parte cortante por metal encaixado por meio de pregos e arame.

Características Estilísticas: Peças de feitura mais simples e de traços retos e singelos, destituída de ornamentos.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Francisco Guimarães Moreira Filho / Rua Doutor Alonso Marques, 603, bairro Vapabuçu, Sete Lagoas/MG.

Espécie: Utilitário – utensílio doméstico.

Época: 3º quartel do século XX.

Autoria: Francisco Guimarães Moreira.

Origem: Minas Gerais, Sete Lagoas.

Procedência: Minas Gerais, Belo Horizonte.

Material e técnica: Madeira, alumínio / carpintaria, recorte; Pregos, arame / encaixe.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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Características Iconográficas: Conjunto de peças utilitárias para uso na cozinha.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em dez/2011: Francisco Guimarães Moreira Filho. Obras / Documentos consultados: GUIMARÃES, Jussara Moura. Quem foi Chico Moreira? Sete Lagoas: [s.e], 2004.

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GAMELA MINIATURA Ano do inventário: 2012

Gamela miniatura FOTO: Deyse Marinho, dez /2011

Histórico: Francisco Guimarães Moreira, conhecido como “Chico Moreira”, que era primo de terceiro grau do escritor e diplomata João Guimarães Rosa, também chamado de Joãozito. Foi graças a um intento idealizado por Chico Moreira que Guimarães Rosa teve as fontes necessárias para escrever muitas de suas famosas obras.

A gamela foi produzida por Chico Moreira para dar de presente à sua cunhada, Helena Ferreira Moreira, há mais de meio século. Esta senhora usou tal utilitário para adornar a sua residência em Belo Horizonte. Em 2011, Francisco Moreira Filho solicitou à tia tais utilitários, a fim de que sejam inseridos no acervo dedicado ao seu pai, que irá compor o Memorial “Chico Moreira”. O Memorial será instalado na antiga Estação Ferroviária de Araçaí.

Descrição: Peça feita em madeira por meio de recorte e esculpida. Tem formato oval com quatro pegadores em forma de semicírculo nas extremidades. Detém certa profundidade com fundo também arredondado, do mesmo formato que a parte superior, em tamanho reduzido. Na face posterior há a inscrição “F.M.”, marcada em tinta esferográfica azul. A inscrição quer dizer, Francisco Moreira, o nome do autor da peça.

Dimensões: Altura: 07 cm; Largura: 05 cm; Profundidade: 02 cm.

Características Técnicas: Adorno feito em madeira por meio de recorte e esculpido.

Características Estilísticas: Peça de feitura mais simples de traços retos, com acabamento arredondado.

Características Iconográficas: Objeto em miniatura que alude uma peça de uso na culinária brasileira desde o período colonial.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Francisco Guimarães Moreira Filho / Rua Doutor Alonso Marques, 603, bairro Vapabuçu, Sete Lagoas/MG.

Espécie: Utilitário – utensílio doméstico (adorno)

Época: 3º quartel do século XX.

Autoria: Francisco Guimarães Moreira.

Origem: Minas Gerais, Sete Lagoas.

Procedência: Minas Gerais, Belo Horizonte.

Material e técnica: Madeira / recorte, escultura.

Marcas / Inscrições / Legendas: “F.M.”.

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Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em dez/2011: Francisco Guimarães Moreira Filho. Obras / Documentos consultados: GUIMARÃES, Jussara Moura. Quem foi Chico Moreira? Sete Lagoas: [s.e], 2004.

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TACHO DE COBRE MINIATURA Ano do inventário: 2012

Tacho de cobre miniatura FOTO: Deyse Marinho, dez /2011

Histórico: Francisco Guimarães Moreira, conhecido como “Chico Moreira”, que era primo de terceiro grau do escritor e diplomata João Guimarães Rosa, também chamado de Joãozito. Foi graças a um intento idealizado por Chico Moreira que Guimarães Rosa teve as fontes necessárias para escrever muitas de suas famosas obras.

Chico Moreira fez o tacho de cobre para dar de presente à sua cunhada, Helena Ferreira Moreira, há mais de meio século. Esta senhora usou tal peça como adorno em sua residência, em Belo Horizonte. Em 2011, Francisco Moreira Filho solicitou à tia tal objeto a fim de que seja inserido no acervo dedicado ao seu pai, que irá compor o Memorial “Chico Moreira”. O Memorial será instalado na antiga Estação Ferroviária de Araçaí.

Descrição: Tacho em formato circular na coloração em cobre feito a partir da fundição e martelagem do deste metal. Detém, nas laterais, duas alças feitas do mesmo material, fixadas por pinos de cobre. Seu fundo possui menor diâmetro que as bordas do tacho e é levemente abaulado.

Dimensões: Diâmetro maior (borda): 9 cm; Diâmetro menor (fundo): 5 cm; Profundidade: 4 cm.

Características Técnicas: Tacho elaborado a partir da fundição e martelagem do cobre.

Características Estilísticas: Recipiente produzido exclusivamente para assumir a função de adorno. Possui estética simplória, o que é característico de outros modelos do gênero, não havendo a preocupação em dotá-lo de elementos ornamentais.

Características Iconográficas: Esta peça, feita em alusão a um tacho de dimensões normais, foi elaborado para servir como adorno. Contudo, o caráter funcional de um tacho remete ao trabalho do homem no meio rural, ao plantio da cana de açúcar, sua colheita, à produção da rapadura e do açúcar mascavo e ao trabalho artesanal de doceiras na produção de diversos doces elaborados em recipientes tais. Remete às práticas culturais empregadas nas atividades doceiras preservadas ao longo do tempo em meio ao desenvolvimento tecnológico.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Acervo / endereço: Francisco Guimarães Moreira Filho / Rua Doutor Alonso Marques, 603, bairro Vapabuçu, Sete Lagoas/MG.

Espécie: Utilitário – utensílio doméstico (adorno)

Época: 3º quartel do século XX.

Autoria: Francisco Guimarães Moreira.

Origem: Minas Gerais, Sete Lagoas.

Procedência: Minas Gerais, Belo Horizonte.

Material e técnica: Cobre / fundição, martelagem.

Marcas / Inscrições / Legendas: Inexistentes.

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Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em dez/2011: Francisco Guimarães Moreira Filho. Obras / Documentos consultados: GUIMARÃES, Jussara Moura. Quem foi Chico Moreira? Sete Lagoas: [s.e], 2004. MACHADO. Maria Tomaz Claro. A urdidura do cotidiano no mundo rural mineiro: relações de trabalho e práticas culturais em transformação (1970-1985). In: Varia História – Departamento de História da UFMG. Belo Horizonte, nº22, (jan. 2000), p. 158-169. WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C.M. Formação do Brasil colonial. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

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ARQUIVOS

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ARQUIVO PRIVADO: CARTÓRIO DO REGISTRO CIVIL E TABELIONATO DE NOTAS Ano do inventário: 2008

Arquivo Privado do Cartório do Registro Civil e Tabelionato de Notas

FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: O Cartório do Registro Civil e Tabelionato de Notas de Araçaí foi criado em 1913 pelo senhor Noé Pereira da Silva, quando Araçaí era apenas um distrito do município de Paraopeba. Além do Cartório, o senhor Noé era proprietário de uma barbearia na localidade. Em novembro de 1922, ele passou o Cartório para o senhor Antônio Nelson de Souza, que permaneceu ali apenas por um ano. Em agosto de 1923, este o transferiu para José Rodrigues Munção, que ficou até 1927, quando o transferiu para o senhor José Dias de Oliveira, que ficou responsável até janeiro de 1929. Neste ano, o senhor Noé reassumiu o estabelecimento e permaneceu como tabelião até junho de 1966, quando sua filha, a senhora Elza Rocha Silva, o assumiu. A senhora Elza foi responsável pelo Cartório entre junho de 1966 e junho de 1994, ano que Orlando Alves dos Santos passou ser o responsável, permanecendo ali até fevereiro de 2003. A partir deste ano, foi nomeada a tabelião, a senhora Zélia Maia de Souza Santana, que permanece nos dias atuais.

A senhora Zélia contou-nos que anteriormente trabalhava na Prefeitura de Araçaí, mas já estava aposentada quando assumiu o tabelionato.

O Cartório, à época do senhor Noé e da sua filha, a senhora Elza, funcionava à Rua Inácio Rocha. Quando o senhor Orlando assumiu, o Cartório transferiu-se para sua residência, situada na Av. Dona Cândida. Em 2003, a senhora Zélia e seu esposo, o senhor Luciano Beraldo Santana, construíram a edificação atual na mesma avenida Dona Cândida, número 203, transferindo pra lá o cartório. O pedreiro responsável pela obra foi José Wilson Soares.

Todos os livros de registros civis, desde 1913, encontram-se no local, bem conservados e disponíveis para consultas pela Sr. Zélia, que oferece o serviço de tabelionato à comunidade araçaiense.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Av. Dona Cândida, nº 203, Centro.

Subordinação administrativa: Governo do Estado de Minas Gerais.

Restrição de acesso: Não.

Horário de Atendimento: 09:00 às 12:00 e 14:00 às 18:00.

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Descrição: Conteúdo: Livros de nascimentos, casamentos, óbitos, escritura de compra e venda, interdição, averbação, notas, reconhecimento de filho, sessão de direito hereditário, procurações e editais.

Tipo de suporte documental: Textual (impresso e manscrito).

Mensuração / Quantificação: Nº de livros: 10 registros de nascimento, 07 de casamentos, 03 de óbitos, 23 de escritura de compra e venda, 22 reconhecimento de filho, 11 de procurações, 04 editais e 873 livros de pastas processos de casamentos (as pastas vão para Paraopeba). Nº de prateleiras: 06 Vão: altura 37 cm, largura 92 cm, somando 5,22m lineares de prateleiras.

Estágio de organização: organizado parcialmente ou em organização

Instrumento de pesquisa: Índices com nome e página no início de cada livro.

Tipo e cópia fornecida: A escrivã digita e imprime ou datilografa na máquina de escrever.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Claudiney Meneses Santana; Zélia Maria de Souza Santana. Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

INVENTÁRIO DOS BENS CULTURAIS DE ARAÇAÍ/MG (2007 A 2012)

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ARQUIVO PÚBLICO: PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇAÍ Ano do inventário: 2008

Arquivo Público da Prefeitura Municipal de Araçaí

FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: A sala que abriga o arquivo da Prefeitura Municipal de Araçaí foi edificada, aproximadamente, em meados da década de 1960, quando o município emancipou-se de Paraopeba e o prédio da Prefeitura foi adquirido para abrigar o poder público municipal. Desde então, foram colocados ali todos os arquivos referentes à Prefeitura municipal, sem qualquer preocupação com organização e melhor acondicionamento.

Não há nenhum funcionário responsável pelo arquivo. A chave da sala está sob a guarda do Setor de Patrimônio, com o funcionário Magno Sebastião Moura.

A criação do distrito de Araçaí aconteceu através da lei nº. 556 de 30 de agosto de 1911. Araçaí emancipou-se de Paraopeba em 1962. O primeiro intendente nomeado pelo então Governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto, foi o Sr. José de Paula Filho, com gestão entre 01/03/1963 e 31/07/1963. Em julho daquele mesmo ano, aconteceram as primeiras eleições em Araçaí, sendo eleito o Sr. João Maria de Souza, empossado em 01/08/1963.

Descrição: Conteúdo: Balancetes, Folhas de pagamento, Licitações e mais todos os documentos referentes à Contabilidade e Setor de Pessoal da Prefeitura Municipal de Araçaí.

Tipo de suporte documental: Textual (impresso e manscrito); cartográfico (plantas e mapas).

Mensuração / Quantificação: Não foi possível mensurar a quantidade de caixas / pastas / documentos, pois estão em total desordem e ocupam uma sala inteira de aproximadamente 25 m2, do chão ao teto.

Estágio de organização: não organizado.

Instrumento de pesquisa: Não há instrumentos de pesquisa. Em cada caixa existe uma etiqueta externa especificando seu conteúdo.

Tipo e cópia fornecida: Fotocópia.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Péssimo.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Rua 1º de Março, nº 142, Centro.

Subordinação administrativa: Prefeitura Municipal de Araçaí.

Restrição de acesso: Sim.

Horário de Atendimento: Somente com autorização da Prefeitura (8:00 às 16:00h).

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Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Claudiney Meneses Santana; Magno Sebastião Moura. Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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ARQUIVO PRIVADO: REGINA COELI ANDRADE Ano do inventário: 2008

Arquivo Privado de Regina Coeli Andrade FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Entre as décadas de 1950 e 1980, a Sra. Regina Coeli Andrade guardou com cuidado e carinho todos os jornais publicados em Araçaí. Atualmente, não são publicados jornais no município, apenas informativos da Prefeitura Municipal.

A Sra. Regina Coeli nasceu e passou toda a sua vida em Araçaí. Ali, casou-se muito jovem, com o Sr. Joaquim Antônio de Avelar Andrade, comerciante de atacado e varejo da localidade. Cinco anos após o casamento, em 1946, seu marido faleceu, deixando-a viúva e com três filhos pequenos. O mais velho, com apenas quatro anos de idade. Na ocasião, ela tinha 24 anos e o marido, ao falecer, tinha 62 anos.

Após o falecimento do marido, a Sra. Regina Coeli começou a trabalhar para sustentar os três filhos, Reinaldo Andrade (já falecido), Reginaldo Andrade, que atualmente mora em Belo Horizonte, aposentado administrador de empresas e Ronaldo José Andrade, mora em Contagem, aposentado. O trabalho ocupado foi o de telefonista do posto telefônico instalado no lugarejo. Araçaí, que ainda pertencia a Cordisburgo, possuía apenas duas linhas telefônicas: uma privada, da Estação Ferroviária de uso exclusivo da Companhia férrea e a outra, onde a Sra. Regina trabalhava, que funcionava em sua residência. Quem precisasse fazer qualquer ligação, ia à casa dela, solicitava o número e pagava o valor devido. Em 1962, com a emancipação de Araçaí, a Sra. Regina deixou de responder à Prefeitura de Cordisburgo passando a ser servidora da Prefeitura de Araçaí. Em 1976, a Prefeitura conseguiu a instalação da Telemig no lugar e, então, a Sra. Regina foi afastava, sem prejuízo de seus rendimentos, e era chamada sempre que havia necessidade de telefonista. De acordo com relato de seu neto, Álvaro José Andrade, a aposentadoria da Sra. Regina aconteceu anos atrás, já na década de 2000. Ela não se casou novamente após a morte do marido, apesar da pouca idade na ocasião. Atualmente, aos 86 anos, têm 10 netos e 8 bisnetos.

O seu acervo consiste de exemplares do Jornal Araçaí em Marcha (1959 a 1962) e do Informativo Araçaiense (abril a julho de 1983).

O neto, Álvaro de Andrade, relatou que a avó possuía o acervo completo destes dois jornais. No entanto, há alguns anos ela emprestou todo o acervo para alunos da escola local realizar uma Feira de Ciências. Ao receber de volta os jornais, percebeu que vários exemplares haviam desaparecido, fato que a deixou muito entristecida.

A Prefeitura de Araçaí, recentemente, fez cópias e reproduziu, em papel fotográfico, todos os jornais da Sra. Regina para garantir a sua preservação.

A importância deste acervo consiste em manter registrada a memória da cidade de Araçaí entre as décadas de 1950 e 1980, além de várias reportagens remeterem à memória passada e, ainda, registrar festas, eventos sociais e religiosos, nascimentos, casamentos, óbitos, entre outros.

Por motivos de saúde, na ocasião da nossa visita e da entrevista, a Sra. Regina estava recolhida para cuidados médicos. No entanto, fomos acolhidos pela receptividade de seu neto Álvaro José Andrade, funcionário da Prefeitura de Araçaí.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Praça São Sebastião, nº 97, Centro

Subordinação administrativa: particular.

Restrição de acesso: Sim.

Horário de Atendimento: Apenas com autorização.

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Descrição: Conteúdo: Jornais antigos de Araçaí: exemplares do Jornal Araçaí em Marcha (1959 a 1962) e do Informativo Araçaiense (abril a julho de 1983).

Tipo de suporte documental: Textual (impresso e manscrito).

Mensuração / Quantificação: 23 exemplares do Jornal Araçai em Marcha (1959 a 1962); 05 exemplares do Informativo Araçaiense (abril a julho de 1983).

Estágio de organização: organizado parcialmente ou em organização.

Instrumento de pesquisa: Não há.

Tipo e cópia fornecida: Fotografia / fotocópia.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Razoável.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Álvaro José Andrade. Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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ARQUIVO PRIVADO: FRANCISCO GUIMARÃES MOREIRA FILHO Ano do inventário: 2012

Arquivo Privado de Francisco Guimarães Moreira Filho

FOTO: Deyse Marinho, dez/2011

Histórico: Segundo Francisco Guimarães Moreira Filho, seu acervo particular começou a ser criado em 1952, após a revelação de fotos feitas, no mesmo ano, durante a Comitiva realizada por seu pai, Francisco Guimarães Moreira.

Francisco Guimarães Moreira, conhecido como “Chico Moreira”, que era primo de terceiro grau do escritor e diplomata João Guimarães Rosa, também chamado de Joãozito. Foi graças a um intento idealizado por Chico Moreira que Guimarães Rosa teve as fontes necessárias para escrever muitas de suas famosas obras.

Faz parte do acervo 5 álbuns de fotografias feitas pelo fotógrafo Roger Sassaki entre 17 a 26 de maio de 2007, além de páginas de jornais do mesmo ano que registram a viagem feita por homens remanescentes da tropa de 1952 e seus descendentes, revivendo o trajeto realizado por Chico Moreira e resgatando assim a história e a memória dos participantes e do cenário paisagístico da famosa expedição, registrado nas páginas das obras de Joãozito.

Faz ainda parte do acervo de Francisco Guimarães Moreira Filho quatro pastas com recortes e páginas de jornais e de revistas datados de 1996, 1997, 1999, 2001 e 2007 que relatam sobre a Boiada de 1952, 2007, seus personagens e seus frutos. Além de nove cadernos de anotações de Chico Moreira, nos quais ele escrevia suas “Ocurrências” anuais, referentes às despesas gerais que tinha com suas fazendas, sua casa e família. Estes “Livros de Ocurrências” datam de 1929 a 1981 e estão em poder de Criolo há cerca de 15 anos. Todo este acervo será futuramente restaurado e fará parte do Memorial Chico Moreira a ser instalado na antiga Estação Ferroviária de Araçaí.

Descrição: Conteúdo: Livros de Ocurrências com anotações de despesas diversas de 1929 a 1981; Álbuns de fotografias da “Comitiva das Gerais”, realizada em 17/maio à 26/maio 2007; Fotografias de Eugênio Silva; Cópias de cartas de Guimarães Rosa a Francisco Moreira; Páginas da Folha Estado de Minas registrando a Boiada de 1952 e 2007; Pastas com recortes e páginas de jornais e de revistas datados de 1996, 1997, 1999, 2001 e 2007.

Tipo de suporte documental: Textual (impresso e manscrito); iconográfico (fotografias, gravuras).

Mensuração / Quantificação: Nº de livros: 9 “Livros de Ocurrências”; Nº de álbuns: 5 álbuns “Comitiva das Gerais. Realizada em 17/maio à 26/maio 2007”; Nº de fotografias: 11 cópias de fotografias de Eugênio

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Endereço: Rua Doutor Alonso Marques, nº 603, Vapabuçu, município de Sete Lagoas-MG.

Propriedade/situação de propriedade: Francisco Guimarães Moreira Filho / privado.

Subordinação administrativa: particular.

Restrição de acesso: Sim.

Horário de Atendimento: Com agendamento.

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Silva, 2 fotografias de cartas enviadas por Guimarães Rosa a Francisco Moreira, 1952 e 1953; Nº de páginas de jornais: 6 páginas da Folha Estado de Minas; Nº de pastas: 4 pastas com recortes e páginas de jornais e de revistas datados de 1996, 1997, 1999, 2001 e 2007; Nº de caixas: 3 caixas.

Estágio de organização: organizado parcialmente ou em organização (uma caixa e duas malas)

Instrumento de pesquisa: Não há.

Tipo e cópia fornecida: Não há cópias fornecidas.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Estado de Conservação: Bom e razoável.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em dez/2011: Antônio José de Oliveira; Claudiney Meneses Santana; Francisco Guimarães Moreira Filho; Isolino Moreira. Obras / Documentos consultados: GUIMARÃES, Jussara Moura. Quem foi Chico Moreira? Sete Lagoas: [s.e], 2004. GUIMARÃES ROSA, João. Grande Sertão: Veredas. Vol. II. Biblioteca Luso-Brasileira. Série Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. GUIMARÃES ROSA, João. Carta de Guimarães Rosa a Edoardo Bizarri. Rio de Janeiro, 1963. in: J. Guimarães Rosa: Correspondência com o seu tradutor italiano Edoardo Bizarri. São Paulo: T.A. Queiroz/ Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, 1980. HEIDEMANN. Dieter (coord.). Guimarães Rosa: lugares. Em busca do “quem das coisas”. Guia de Excursão (Semana Santa 2005). A boiada de 1952. Oficina Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros IEB/USP. Morro da Garça: Casa de Cultura do Sertão, 2005. PLANO de Inventário de Proteção do Acervo Cultural. Araçaí/MG. 2006.

Referências eletrônicas: DESCUBRA Minas. Disponível em: <www.descubraminas.com.br/destinosturisticos/hpg_circuito.asp?id_circuito=111&id_municipio=90>. Acessado em: <09/12/2011>. MINAS Tour. Disponível em: <www.minastour.com.br/website/index.php?centro=vercircuito.php&circuito=28#atrativos>. Acessado em: <09/12/2011>. PORTAL Brasil. Disponível em: <www.portalbrasil.net/cerrado.htm>. Acessado em: <09/12/2011>. WIKIPEDIA. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Sert%C3%A3o:_Veredas>. Acessado em : <9/12/2011>. WIKIPEDIA. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org/wiki/Guimar%C3%A3es_Rosa>. Acessado em: <09/12/2011>.

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PATRIMÔNIO IMATERIAL

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FESTA DE SÃO SEBASTIÃO Ano do inventário: 2008

Festa de São Sebastião FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: De acordo com texto do historiador Davidson Rodrigues, Sebastião teria nascido no final do século III, na cidade de Narvonne, localizada na França. Ainda pequeno mudou com a família para cidade de Milão. Seguindo a vontade de sua mãe recebeu uma educação religiosa voltada para as crenças cristãs.

13 Depois

de adulto entrou para o exército imperial, e devido aos méritos de combatente alçou posto de comandante da guarda pessoal de Diocleciano. O imperador de Roma era um grande perseguidor dos cristãos, mas não percebeu as crenças de Sebastião. Este, com o passar do tempo foi ganhando confiança de imperante. Valendo-se de seu prestígio para com o Imperador, Sebastião visitava os cristãos presos, apaziguando suas aflições. Contudo, sua simpatia pelo cristianismo acabou descoberta e acabou esse sendo condenado à morte. Foi preso um tronco e recebeu flechadas, e seu corpo foi jogado nos esgotos. São Sebastião tornou-se padroeiro contra a fome, pestes e guerras. Sem dúvida três dos principais males que afligiam a Europa da Idade Média. No Brasil, São Sebastião é tido como protetor dos militares, sendo que no dia 20 de janeiro não é incomum que as casernas realizem celebrações. Segundo José Iglair Lopes (2002, p.59), várias cidades Mineiras tem o nome de São Sebastião

14, além de outras cidades de que ele é

padroeiro. Em Araçaí, a festa litúrgica acontece no final de semana mais próximo ao dia 20 de janeiro. São Sebastião é o Padroeiro da cidade e por este motivo é uma das comemorações religiosas mais prestigiadas do lugar. Marília Pereira Soares Rocha escreveu que é, também, a festa mais antiga de Araçaí, iniciada nos primeiros anos do século XX, logo após a construção da Capela de São Sebastião. Conta a história, que após a fundação da Estação de Araçá, em 1903, e o respectivo crescimento do povoado em seu entorno, os proprietários de terra da região decidiram construir uma capela para homenagear seu santo protetor, São Sebastião, que segundo a tradição zela pelos fazendeiros. Os senhores Francisco Pereira da Rocha – conhecido como Inhô Chico – e João de Paula Moura chefiaram algumas construções no intuito de urbanizar o povoado que então se aglomerava no entorno da estação, no início do século XX. Graças à doação de terras destes dois fazendeiros e os conhecimentos de engenharia de Manoel Duval (espanhol que chegou à região para auxiliar nos trabalhos da ferrovia e uma vez construída a estação aí se estabeleceu como comerciante de secos e molhados), logo foram realizadas três obras que nortearam a futura cidade: a Igreja de São Sebastião (1913), o grupo escolar e o cemitério da cidade (ambos datam de 1917). A capela tinha o intuito de abrigar a imagem deste santo que, até os dias atuais, encontra-se no referido templo, atualmente, protegida por tombamento municipal. Segundo consta, a construção durou cerca de seis anos e a capela foi entregue aos habitantes

13

As informações biográficas sobre São Sebastião foram retiradas de sites católicos, que ainda hoje reproduzem o discurso hagiográfico. Esse material é uma fonte para o historiador, que veria nessas páginas da internet permanências medievais. Veja: http://www.homemsonhador.com/SaoSebastiao.html

14 Como por exemplo São Sebastião da Bela Vista, São Sebastião da Vargem Alegre, São Sebastião do Rio Preto etc.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Categoria: Patrimônio Imaterial.

Subcategoria: Celebração.

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no ano de 1913. Os recursos para a obra foram doados em sua maior parte pelos fazendeiros, que contaram também com alguma colaboração dos habitantes do local. Além disso, foi disponibilizada mão de obra da região para que a conclusão da igreja pudesse ser levada a cabo. Não há registros sobre a comemoração da primeira festa de São Sebastião, mas pode-se considerar que ocorreu a partir da inauguração da Capela, em 1913. A imagem conduzida na procissão possui mais de cem anos e foi para abrigá-la que a capela de São Sebastião foi erigida. É um dos bens culturais mais importantes e representativos da história araçaiense. Ao longo dos anos, a festa sofreu poucas modificações, intercalando sempre a festa profana, juntamente com as comemorações do aniversário da cidade, tais como cavalgada, shows de bandas sertanejas, leilões, com as atividades religiosas: novena, procissão, missas, hasteamento de bandeira e danças de Congada. Para a comemoração do ano de 2008, o tema escolhido pelo pároco responsável pela festividade foi: Reviver a memória assumindo a história. De acordo com a Irmã Maria das Dores, a escolha do tema foi feita pelo Padre Nilton Pereira Alpes, pároco local desde maio de 2007. As comemorações aconteceram entre os dias 10 a 20 de janeiro, com a tradicional programação.

Descrição: A programação da Festa de São Sebastião segue o mesmo ritual desde sua criação, conforme escritos de Marília Pereira Soares Rocha. Os procedimentos da festa acontecem da seguinte forma: um grupo de festeiros organiza uma novena antes do final de semana da comemoração, que a cada dia versa a respeito de uma das atitudes de São Sebastião e arrecadam rebanhos entre os fazendeiros locais para serem doados à matriz da cidade.

Nos prosseguimentos da festa, no 10º dia – sábado após a novena, é levantado o mastro. Durante o período dos festejos, há barraquinhas que vendem quitutes e bebidas, armadas na praça de São Sebastião, servindo de ponto de encontro e confraternização para todos os moradores. Acontece, ainda, o tradicional Baile de São Sebastião, no Galpão da Prefeitura.

No domingo, a comunidade participa da tradicional cavalgada de São Sebastião que parte de uma das fazendas da região e é formada pelos fazendeiros locais, que buscam alcançar a graça de afastar seus animais de moléstias e outros prejuízos por todo o ano, seguindo em direção à igreja onde ocorre a benção dos animais. Em seguida, os participantes realizam um almoço em conjunto e depois um leilão dos animais doados para arrecadação de fundos para a Igreja de São Sebastião. Ao final das festividades, um novo grupo de festeiros é nomeado entre os habitantes locais ficando a seu cargo a organização do evento para o ano seguinte – a cada ano mudam-se os festeiros. À noite, acontece uma missa de ação de graças.

No dia 20 de janeiro, acontece sempre uma procissão com a imagem do Santo seguida de uma celebração de missa na Igreja, independente do dia da semana. Na procissão, os fiéis saem em cortejo da igreja conduzindo em andor enfeitado a Imagem.

A celebração tem âmbitos municipal e regional e atrai cerca de três mil pessoas, de acordo com dados da Polícia Militar.

Caracterização: A tradicional Festa de São Sebastião de Araçaí acontece, todos os anos, próximo ao dia 20 de janeiro – dia em que é celebrado o santo de referência. São onze dias de adoração direcionados ao Mártir padroeiro do município. Nos nove primeiros dias é realizada uma novena. No décimo dia, que sempre coincide com um sábado, é levantado o mastro e são colocadas barraquinhas que vendem quitutes e bebidas, armadas na praça de São Sebastião, servindo de ponto de encontro e confraternização para todos os moradores. Neste mesmo dia acontece, ainda, o tradicional Baile de São Sebastião, no Galpão da Prefeitura. No domingo, a comunidade participa da Cavalgada de São Sebastião que parte de uma das fazendas da região e é formada pelos fazendeiros locais, que buscam alcançar a graça de afastar seus animais de moléstias e outros prejuízos por todo o ano, seguindo em direção à igreja onde ocorre a benção dos animais. Outras atrações encerram as festividades, como o almoço comunitário, leilão dos animais doados para arrecadação de fundos para a Igreja de São Sebastião e a o culto de ação de graças. Cerca de três mil pessoas participam das festividades do sábado e do domingo. Relatos orais afirmam que a celebração acontece desde o início do século XX. Conta a memória local que uma imagem de São Sebastião foi doada a Inhô Chico – fazendeiro da região, ainda no final do século XIX. Ao receber a imagem

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ele teve a ideia de edificar um pequeno templo que a abrigasse. Contudo, tal construção demorou alguns anos para seu início, o que ocorreu somente nos primeiros anos do século XX. Os habitantes de Araçaí referem-se que, em 1907, uma capela em homenagem ao santo começou a ser erigida e, em 1913, foi inaugurada. Rapidamente, a crença em São Sebastião se difundiu e alcançou grande parte dos moradores dali. A imagem continua albergada na mesma edificação: a Capela de São Sebastião, hoje Igreja da Matriz de São Sebastião do Município de Araçaí. O terreno para a construção da Capela foi doado à Igreja pelo então responsável pela imagem e este, junto aos demais habitantes do pequeno povoado, foram os responsáveis pelos recursos para a conclusão dos trabalhos. O bem, logo que a Capela estava erguida, foi transferido ao altar central do templo. A devoção ao Santo de referência acontece desde então e a celebração que a acompanha é realizada em todo mês de janeiro.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Alencar Moreira da Silva; Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; Irmã Maria das Dores da Silva; José Guilherme Santana; Jucélia Pereira Maciel; Tereza Santana da Silva. Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. LANZA, Zila Guimarães. Prosa na varanda. Zila Guimarães Lanza: Belo Horizonte, s/d. LOPES, José Iglair; LOPES, Dimas Ferreira (colaborador). História de Alpinópolis: nos séculos XVIII, XIX e XX, até 1983. Belo Horizonte: O lutador, 2002. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO Ano do inventário: 2008

Festa de Nossa Senhora do Rosário FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: A festa do Rosário de Nossa Senhora no Brasil está ligada a grupos negros que realizam os autos populares conhecidos pelos nomes de Congada, Congado ou Congos. Comumente, a dança Conga é relacionada às celebrações em homenagem a Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito. No entanto, podem ser apreciadas apresentações nos dias de outros santos de cor, como Santa Efigênia e Nossa Senhora Aparecida.

De acordo com a pesquisadora Lilian Sagio Cezar, os desfiles ocorridos nas festas organizadas pelas irmandades de escravos por ocasião da coroação simbólica de Reis e Rainhas africanos ou afrodescendentes ficaram conhecidos no Brasil por Congadas, Cucumbis ou Reinados de Congos. As celebrações foram bastante comuns em toda a colônia, sendo ainda festejadas, no presente, em diversas localidades do Brasil. A primeira manifestação de Congada registrada por escrito no Brasil, de acordo com a pesquisadora, foi localizada no Recife e data de 1674.

A origem da Congada é relacionada por alguns autores à apropriação de autos populares ibéricos reinterpretados por irmandades ou grupos de negros bantos em diferentes lugares e épocas. Para outros, a encenação é constituída, essencialmente, de costume africano de manutenção de história oral via dramatização, no caso, de rememorações de lutas havidas na África contra os invasores europeus, transmitida de geração para geração, simbolizando um dos grandes legados de história oral afro-brasileira ainda existente.

A Festa de Congada pode também ser compreendida como um meio de expressão de conflitos sociais decorrentes das disparidades sociais entre o escravo e a elite constituída pelas oligarquias, Igreja, e o Estado durante todo o período colonial e regencial, ponderou, ainda, a pesquisadora. As consequências das desigualdades sociais, econômicas e políticas advindas da escravidão ainda não foram completamente superadas e permeiam as atuais articulações estabelecidas entre comunidades produtoras dessa cultura popular afro-brasileira e os demais grupos de interesse: Estado, Igreja, empresários e fazendeiros.

A Congada resiste ao tempo, graças à devoção passada de geração a geração, e mescla elementos religiosos e históricos.

Pela fundamentação mítica, as guardas se formaram ainda na África, quando uma imagem de Nossa Senhora do Rosário apareceu no mar. A lenda diz que o grupo do Congo se dirigiu para a areia e, tocando seus instrumentos, só conseguiu fazer com que a imagem se movesse uma vez: num movimento rápido, Nossa Senhora se encaminhou para frente e parou. Então vieram os negros moçambiqueiros, batendo seus tambores recobertos com folhas de inhame, cantando para a Santa e pedindo-lhe que viesse para protegê-los. A imagem veio se encaminhando, no movimento do vaivém das ondas, lentamente, até chegar à praia. Por este motivo, a devoção a Nossa Senhora do Rosário encontra-se ligada aos grupos de Congada.

Comumente as Congadas podem ser apreciadas em festas dedicadas a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, nos dias consagrados a eles. O dia 07 de outubro é dedicado a Nossa Senhora do Rosário. No

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Categoria: Patrimônio Imaterial.

Subcategoria: Celebração.

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entanto, em Araçaí, a festa acontece sempre no mês de agosto. De acordo com relato da Irmã Maria das Dores, a comemoração no mês de agosto é uma tradição na cidade de Araçaí, que já foi oficializada no calendário local. No mês de outubro não acontecem comemorações, novena ou missa especial em homenagem à Santa.

A devoção à Nossa Senhora do Rosário está relacionada ao próprio rosário católico. Nascido no período medieval, simbolizava uma coroa de rosas que teria sido oferecida à Virgem Maria como expressão do amor e piedade dos fiéis cristãos. Oração típica da devoção mariana, a recitação do Rosário remete à meditação dos mistérios da vida de Jesus de Nazaré e da tradição da Igreja, e permite aos fiéis a compreensão da rotina cotidiana iluminada pela vida do próprio Cristo.

Os dominicanos foram os grandes difusores da devoção ao Rosário. Contam os devotos que Nossa Senhora teria aparecido a São Domingos – fundador da Ordem dos Dominicanos – e, na ocasião, mencionado que a recitação do Rosário seria uma poderosa arma de conversão. O Papa V, de origem dominicana, incentivou oficialmente a oração do Rosário, indicando, sobretudo, que deveria ser feita em família.

O Grupo de Congada em Araçaí, denominado Guarda do Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário, foi fundado em 05 de agosto de 1917 pelos senhores Jacó “Jequiba” e João “Sinhá”, originários de Jequitibá e moradores de Carvalho de Almeida, hoje distrito de Araçaí. Acredita-se que, a partir de 1920, com o início das comemorações destinadas a Nossa Senhora do Rosário, este grupo de Congada tenha começado a se apresentar em Araçaí. A festa está inserida nos ritos tradicionais do Congado praticado em Minas Gerais. A procissão segue até a pequena capela de Nossa Senhora do Rosário acompanhada de danças e uma banda que dá ritmo e alegria à festividade.

Marília Pereira Soares Rocha escreveu que a festa dedicada a Nossa Senhora do Rosário iniciou-se, em Araçaí, no ano de 1920, tendo como primeiros festeiros o Sr. Fidelis Machado e a dona Raimunda Maria do Carmo, que teria feito, inclusive, o vestido da primeira rainha Conga. Atualmente, a festa segue ritual parecido com as primeiras seleções: tríduo, levantamento de bandeira, missa, fogos de artifício, juízes de mesa, alferes da bandeira, mordomos de mastro, Rei e Rainha França, os festeiros e o Rei e a Rainha Congo que são vitalícios. Nos dias de hoje, a Rainha Conga vitalícia é a senhora Izaura Cirilo Lacerda (nascida em 27/08/1938) e o Rei Congo é o senhor Milson José Rezende (nascido em 25/07/1933). Os primeiros rei e rainha Congo foram senhor Vitalício e dona Senhorinha. Os atuais rei e rainha ocupam o cargo, respectivamente, desde 06 de agosto de 1961 – Sr. Milton – e 03 de agosto de 1993 – D. Izaura.

Até 1991 a festa era realizada no largo da Igreja Matriz de São Sebastião. Em 1992, com a construção da ermida dedicada à santa festejada, as celebrações passaram a acontecer em seu interior e na praça de seu entorno, como ocorre nos dias atuais.

Descrição: As festividades de Nossa Senhora do Rosário iniciam-se no começo do mês de agosto, com uma novena preparatória. Após este ritual, dá-se início às celebrações de fato, com o tríduo

15, iniciado às 19 horas do

primeiro dia das festividades. Nestes três dias, acontecem celebrações na Capela e, em seguida, barraquinhas e leilões. No quarto dia, que sempre coincide com um sábado, é realizada a Santa Missa, com procissão em direção à Capela de Nossa Senhora do Rosário e o levantamento do mastro.

No quinto e último dia da festa, no domingo, ocorre a Alvorada Festiva com fogos, repiques de sino e execução da Banda de Música, às seis horas da manhã. Às dez horas inicia-se a celebração da Missa Solene na Capela de Nossa Senhora do Rosário, com cumprimento de promessas. Às dezoito horas deste mesmo dia, realiza-se uma Missa seguida de procissão de Nossa Senhora do Rosário e a coroação dos festeiros e novos reis do ano seguinte. Todos os festejos acontecem animados pelos grupos de Congada local e da região.

A Rainha Conga vitalícia é a senhora Izaura Cirilo Lacerda e o Rei Congo é o senhor Milson José Rezende. Ocupam este cargo desde 03 de agosto de 1993 e 06 de agosto de 1961, respectivamente. A senhora Tereza Santana da Silva é a suplente da Rainha Congo e é quem tem acompanhado o grupo de Congada de Araçaí nas suas inúmeras viagens a outras localidades, já que a senhora Izaura mudou-se para São Paulo e

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Tríduo, para a Igreja Católica, significa festa que dura três dias.

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tem retornado a Araçaí apenas para as comemorações de Nossa Senhora do Rosário, em agosto. O Capitão-Mor é o senhor João Pereira Sobrinho (nascido em 30/12/1944); e o 1º capitão o senhor Solimar Moreira de Oliveira (nascido em 16/08/1971). O atual presidente da associação é o senhor Tarcizo Pereira e o vice o senhor Alencar Moreira da Silva. Os araçaienses se orgulham muito dessa festividade e acompanham fervorosamente tal manifestação que, segundo o senhor Álvaro José de Andrade, “dá gosto de ver os festejos de agosto”.

A Guarda do Congo Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário realiza apresentações durante o mês de agosto em Araçaí, que é a sua principal festa, durante o feriado de Corpus Christi e em outras ocasiões quando são chamados a participar de celebrações em outras cidades.

Um dos pontos marcantes da comemoração é o levantamento do mastro feito no alto da Capela. A comunidade acompanha a bandeira que sai em procissão da igreja matriz de São Sebastião e vai até a Capela de Nossa Senhora do Rosário seguida por orações, banda de música e a Guarda do Congo, que tem sua história preservada ao longo dos anos. Os festeiros, cumprindo promessas, realizam a festa e servem no dia (domingo) almoço e jantar para toda comunidade gratuitamente. É uma celebração conhecida em toda a região e recebem visitantes e devotos de várias cidades do Estado.

Entre os participantes estão os Reis Congo, além dos integrantes da Guarda: o 1º, 2º e 3º Capitães da Guarda, com os soldados. É costume haver sempre um homem e uma mulher, designados festeiros, responsáveis pela festa, designados a cada ano.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário é toda enfeitada nos dias da Festa. Barraquinhas de comes e bebes, quitandas, brinquedos e jogos, começam a funcionar já na quinta-feira que precede o fim das novenas.

Esta é uma festa tradicional de Araçaí. Os organizadores do evento dividem-se em: os festeiros; os dirigentes do Congado de Araçaí, sob Presidência de Tarcísio Pereira e Capitão Juvercino Pereira; o fiscal de mesa; a secretária do presidente; os mordomos do mastro; os alferes da bandeira; e o Rei e a Rainha Congo.

O senhor Alencar Moreira da Silva, atual vice-presidente da Guarda do Congo e que já foi presidente por mais de quinze anos, contou que o grupo de Araçaí se apresenta em várias cidades, como Belo Horizonte e Sete Lagoas, sempre que são convidados. Os filhos do senhor Alencar, desde a infância, seguiram a tradição do pai e, hoje, fazem parte da Guarda do Congado de Araçaí, como ocorre com outros integrantes. Ele ainda contou que durante toda a vida suas únicas diversões foram participar da Folia de Reis e do Grupo de Congada de Araçaí. Paixão que praticou a vida toda. Para ele, a devoção a Nossa Senhora do Rosário e a participação na Guarda do Congo são os significados da sua vida.

Caracterização: A Festa de Nossa Senhora do Rosário é uma celebração que acontece, anualmente, na cidade de Araçaí desde 1920 e atrai as comunidades dos distritos e municípios vizinhos. Realiza-se em frente à Capela de Nossa Senhora do Rosário, na Praça de mesmo nome, e reúne, aproximadamente, um público entre duas e três mil pessoas.

A celebração se dá sempre no início de agosto, com duração de cinco dias, além dos nove dias antecedentes com a tradicional novena. Após este ritual, nos três dias subsequentes, faz-se celebrações na Capela e, em seguida, barraquinhas e leilões. No quarto dia, que sempre coincide com um sábado, é realizada a Santa Missa, com procissão em direção à Capela de Nossa Senhora do Rosário e o hasteamento do mastro. No quinto e último dia da festa, no domingo, ocorre a Alvorada Festiva com fogos e repiques de sino, celebração de missa, cumprimento de promessas e a coroação dos festeiros do ano seguinte, seguido de uma procissão. Todos os festejos são animados pelos grupos de Congada local e região.

A Guarda do Congado de Araçaí foi fundada em 05 de agosto de 1917, pelo senhor Jacó “Jequitibá” e João “Sinhá”, originários do município de Jequitibá e instalados em Carvalho de Almeida, hoje distrito de Araçaí. Atualmente, a festa segue ritual parecido com as primeiras seleções: tríduo, levantamento de bandeira, missa, fogos de artifício, juízes de mesa, alferes da bandeira, mordomos de mastro, Rei e Rainha França, os festeiros e o Rei e a Rainha Congo que são vitalícios.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Registro Municipal.

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Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Alencar Moreira da Silva; Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; Irmã Maria das Dores da Silva; José Guilherme Santana; Jucélia Pereira Maciel; Tereza Santana da Silva. Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. LANZA, Zila Guimarães. Prosa na varanda. Zila Guimarães Lanza: Belo Horizonte, s/d. LOPES, José Iglair; LOPES, Dimas Ferreira (colaborador). História de Alpinópolis: nos séculos XVIII, XIX e XX, até 1983. Belo Horizonte: O lutador, 2002. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas:

CEZAR, Lilian Sagio. CONGADA. Disponível em: <http://www.studium.iar.unicamp.br/17/04.html?studium=>. Acessado em: <20/11/2007>.

NOSSA Senhora do Rosário. Disponível em: <http://www.unicamp.br/folclore/folc6/festa_rosario.html>. Acessado em: <20/11/2007>.

FESTA de Nossa Senhora do Rosário. Disponível em: <http://amaivos.uol.com.br/templates/amaivos/amaivos07/noticia/noticia.asp?cod_noticia=7645&cod_canal=32>. Acessado em: <20/11/2007>.

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FOLIA DE REIS Ano do inventário: 2008

Folia de Reis FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: A Folia de Reis ou Reisado é um auto popular que procura rememorar a jornada dos reis Magos, a partir do momento em que eles recebem o aviso do nascimento do Messias, até a hora em que encontram o Deus-menino na lapinha. Fazendo parte, pois, do ciclo natalino, o cortejo de foliões desfila cantando no campo ou pelas ruas da cidade.

A presença dos mascarados tem sido um elemento constante nas Folias. Segundo explicação dos próprios foliões, os mascarados representam o mal, sendo a concretização dos soldados de Herodes ou do próprio demônio.

Segundo o mito, quando os três Reis Magos fugiram de Herodes, Gaspar e Melchior ou Belchior se envergonharam de andar em companhia do negro Baltazar e resolveram desfazer-se de sua presença. Acordando bem cedo, seguiram caminho, enquanto o companheiro permanecia na estalagem. Pela manhã, ao levantar, Baltazar soube que os companheiros já haviam partido. Longe de se magoar, orou a Deus pedindo orientação e seguiu seu destino. A estrela luminosa o conduziu prontamente à gruta de Belém, onde se maravilhou com a graça de se ajoelhar diante da criança divina. Diz o mito, que Jesus menino lhe acariciou a pele negra dizendo:

" - Porque foste bom e alegre, eu te conduzi a minha presença. és bendito entre todos os reis e terás para sempre o dom da alegria e da juventude."

Passou-se muito tempo antes da chegada dos outros Reis: sofrendo os rigores da temperatura e as asperezas do caminho, um chegou velho e alquebrado (Gaspar), enquanto o outro, trêmulo e de andar hesitante, parecia sentir todo o frio do mundo (Melchior ou Belchior).

A Folia de Reis ou Reisado é uma festa religiosa de origem portuguesa que chegou ao Brasil no século XVIII. Em Portugal, em meados do século XVII, tinha a principal finalidade de divertir o povo, enquanto aqui no Brasil passou a ter um caráter mais religioso do que de diversão. Herdada dos colonizadores portugueses e desenvolvida no Brasil com características próprias, a Folia de Reis é uma manifestação bela, que preserva os versos entoados de geração em geração por tradição oral.

No período de 24 de dezembro (véspera de Natal) a 06 de janeiro, Dia de Reis, um grupo de cantadores e instrumentistas percorrem toda a cidade entoando versos relativos à visita dos Reis Magos - Baltazar, Belchior e Gaspar - ao Menino Jesus.

O pesquisador Claudemiro Godoy escreveu que a Folia de Reis trata-se de “uma festa religiosa popular que não se encontra no calendário litúrgico oficial da Igreja. É uma festa do povo e com o povo. Portanto, sem nenhuma interferência da hierarquia da Igreja, pois se trata de uma expressão da religiosidade laical. Mas, não é apenas um folclore, um dado cultural do passado. A Folia contêm toda uma mística e uma espiritualidade que nasce e brota do povo. Os foliões podem ser vistos tocando suas sanfonas, reco-recos,

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Categoria: Patrimônio Imaterial.

Subcategoria: Celebração.

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caixas, pandeiros, chocalhos, violões e violas e outros tantos instrumentos os seguem pela noite e dia adentro, em longas caminhadas, levando a “bandeira” ou estandarte de madeira ornado com símbolos religiosos. Todos possuem o maior respeito à bandeira, pois se trata de um símbolo religioso. São liderados por mestre e contramestres, figuras de relevância dentro da Folia, pois são os entendidos nos versos e quase sempre são os puxadores do canto.”

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Em Araçaí, não há relato sobre a data exata do início das celebrações de Reis, mas estima-se que tenha se iniciado, pelo menos, por volta da década de 1940. O senhor Alencar Moreira da Silva é, nos dias atuais, o responsável pela manutenção da tradição. Ele contou-nos que, desde 1969, organiza a folia todos os anos. O seu pai, Sudário Moreira da Silva, já falecido, era folião e passou a incumbência para o filho ao morrer. Sua devoção tem motivos particulares, já que o senhor Alencar nasceu no dia 06 de janeiro, no Dia de Reis e é devoto de Nossa Senhora do Rosário. Para felicidade do folião, um de seus filhos, o Valdecir Moreira da Silva, também é nascido no mesmo dia. Ele contou-nos que durante toda a vida suas únicas diversões foram participar da Folia de Reis e do Grupo de Congada de Araçaí. Paixão que praticou a vida toda. Além de responsável pela organização da Folia de Reis, ele é vice-presidente da Guarda do Congado.

Descrição: Entre os dias 24 de dezembro a 06 de janeiro, os foliões se reúnem todos os dias da casa do Sr. Alencar Moreira da Silva para sair dançando, batucando e cantando pelas ruas de Araçaí, sempre durante as noites. No dia 24 de dezembro, saem de lá em direção à Igreja de São Sebastião. Nos outros dias, o grupo percorre de casa em casa recolhendo esmolas. Com o dinheiro arrecadado são confeccionadas as roupas dos foliões e, ainda, custeia a realização de um jantar no dia 06 de janeiro para os foliões e participantes. O que sobra, é doado para o Asilo São Vicente de Paulo e para a Igreja de São Sebastião.

Quando chegam às casas escolhidas, os visitantes chamam do lado de fora para então serem convidados a entrar e festejar.

As roupas dos três guarda-mor são confeccionadas pela Sra. Rosângela Maria Martins Matos, residente em Araçaí. Os foliões de reis são compostos por 13 integrantes, todos do sexo masculino. Durante a peregrinação, saem na frente os três guardas-mores mascarados, representando os reis magos: Gaspar, Belchior ou Melchior e Baltazar. As máscaras simbolizam as figuras de um velho barbudo, um negro e outro jovem, conforme relatado pela tradição católica da história dos três reis magos. Os três guardas-mores não são fixos, eles podem ser trocados com outras pessoas que vestem as suas máscaras durante as apresentações, quando os primeiros se cansam. Figuras centrais da Folia de Reis e únicos que possuem indumentária diferenciada do restante do grupo, os mascarados cantam, dançam e brincam com os visitantes.

O Grupo é composto, ainda, por músicos que tocam instrumentos em sua maioria de confecção caseira e artesanal, como tambores, reco-reco, violão e rabeca (espécie de violino rústico), além da tradicional viola caipira e da sanfona.

Caracterização: A Folia de Reis é tradicionalmente conhecida no município e é composta por membros da própria comunidade, adultos e jovens. O grupo de 13 foliões, todos do sexo masculino, saem peregrinando de casa em casa e através do seu canto e dança contam a história narrada na bíblia para pessoas que são católicas, acreditam, atuam ou praticam sua fé. Durante a peregrinação os foliões, arrecadam esmolas para a festa realizada no último dia. O puxador e responsável pela Folia de Reis, desde 1969, é o senhor Alencar Moreira da Silva, que tem 71 anos.

A festividade inicia-se no dia 24 de dezembro com encerramento no dia de 06 de janeiro (dia de Reis).

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

16GODOY, Claudemiro. A Religiosidade Popular da Folia de Reis. Disponível em:

http://claugnas.blogspot.com/2007/02/religiosidade-popular-da-folia-de-reis.html. Acesso em 20 de nov. de 2007.

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Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Alencar Moreira da Silva; Clara Meneses Santana; Claudiney Meneses Santana; Herácio Hilário Costa; Irmã Maria das Dores da Silva; José Guilherme Santana; Jucélia Pereira Maciel; Tereza Santana da Silva. Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. LANZA, Zila Guimarães. Prosa na varanda. Zila Guimarães Lanza: Belo Horizonte, s/d. LOPES, José Iglair; LOPES, Dimas Ferreira (colaborador). História de Alpinópolis: nos séculos XVIII, XIX e XX, até 1983. Belo Horizonte: O lutador, 2002. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997. Referências eletrônicas: DANNEMANN, Fernando Kitzinger. Folia de Reis. Disponível em: < http://recantodasletras.uol.com.br/resenhas/595509>. Acessado em: <20/11/2007>. FARJALLAT, Célia Siqueira. Folia de Reis. Disponível em: < http://www.centrodememoria.unicamp.br/sarao/revista39/cronica.htm>. Acessado em: <20/11/2007>. FOLIA de Reis. Disponível em: <http://www.unicamp.br/folclore/folc6/folia_de_reis.html>. Acessado em: <20/11/2007>. GODOY, Claudemiro. A Religiosidade Popular da Folia de Reis. Disponível em: <http://claugnas.blogspot.com/2007/02/religiosidade-popular-da-folia-de-reis.html>. Acessado em: <20/11/2007>.

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MODO DE FAZER AS EMPADAS DA TIA JOANA Ano do inventário: 2008

Empadas da Tia Joana FOTO: Cristiane Magalhães, set/2007

Histórico: Desde muito pequena, a Sra. Maria José Victor Gonçalves (57 anos) cresceu vendo sua tia, a Sra. Maria Joana, preparar empadas para comercialização em Araçaí. Ali mesmo, na cozinha da casa da tia, ela observou e aprendeu a fazer as iguarias.

Aos 17 anos, foi admitida na Fábrica de Tecidos Policenas Mascarenhas, como fiandeira. Anos depois casou, teve filhos, conciliando as atividades de mãe e de dona de casa com as da fábrica. No entanto, há aproximadamente 20 anos ela foi acometida por uma lesão nos tendões que a afastou do trabalho fabril. Em casa e com filhos para sustentar, a Sra. Maria José começou a fazer empadas para ajudar na renda doméstica. Nessa época, a Sra. Maria Joana, sua tia, ainda era viva e ensinava à sobrinha as prendas culinárias. Ela recorda que nos primeiros tempos era usado frango caipira. Atualmente, é mais difícil adquirir esta espécie de frango e ela faz uso do comum, o frango de granja. A tia desenvolveu a própria receita, a partir do que aprendeu com a culinária caseira.

A senhora Maria Joana faleceu em 1997, deixando o legado da tradição culinária para sua sobrinha, que continuou fazendo as empadas, não mais como acréscimo à renda doméstica, mas como fonte única de renda da família. E, em forma de homenagem à tia, ela deu às empadas o nome de Empadas Tia Joana.

Hoje, suas empadas atendem clientela de Araçaí e região, sempre por encomenda. Ela faz, ainda, pastéis, coxinhas, empadões, bolos, doces, bombons, entre outros. Sua filha, Mariléia Aparecida Gonçalves, que também tem duas filhas e mora com a mãe, a ajuda no preparo das empadas, demonstrando que a tradição familiar será mantida. A preparação já faz parte da rotina da família. As crianças, netas da Sra. Maria José, brincam e crescem vendo a mãe e a avó preparando empadas todos os dias, talvez elas, quando crescerem, irão dar continuar à tradição familiar.

Descrição: A receita que aprendeu com a Tia Maria Joana, a Sra. Maria José repete há 20 anos. Para o preparo das empadas são necessários:

Ingredientes: 1 frango inteiro; 2 cebolas; ½ quilo de batata; 1 quilo de farinha de trigo; 1 litro de leite; 6 ovos; 2 tabletes de caldo de galinha; ½ litro de óleo; tempero a gosto.

Para a massa: colocar a farinha de trigo em uma bacia. Fazer uma cova no meio e colocar 4 gemas de ovo, o óleo, sal e amolecer com leite até o ponde de abrir com o rolo. Deixar descansar por uma hora no mínimo.

Município: Araçaí.

Distrito: Sede.

Categoria: Patrimônio Imaterial.

Subcategoria: Saberes, modos de fazer.

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Já para o recheio: refogar o frango com tempero e acrescentar água para o cozimento. Depois de cozido, retirar da panela, deixar esfriar, reservando o caldo. Picar a batata, já cozida e reservar. Desossar o frango, retirando toda a pele, e desfiá-lo. Refogar a cebola com caldo de galinha, óleo, corante, batata picada e o frango desfiado. Colocar duas colheres de farinha de trigo dissolvidas no leite junto com o caldo.

Montagem: untar as forminhas com óleo e arrumar em uma mesa em fileiras. Abrir a massa que será colocada em cima das forminhas. Forrar as forminhas, colocar o recheio e cobrir as forminhas com outro tanto de massa fina. Cortar a massa que sobrar das forminhas. Colocar em assadeiras. Pincelar com gema de ovo e levar para assar em forno quente por 15 minutos. Repetir o processo até acabar o recheio.

Para assar, a Sra. Maria José utiliza o forno a lenha (fotografia abaixo) ou o forno a gás. Depende da quantidade dos pedidos. Se são muitos, ela acende e assa no fogão a lenha, quando a encomenda é para pouca quantidade, utiliza o forno industrial, alimentado por gás doméstico comum. Nos períodos de chuva, quando tem dificuldades para conseguir lenha, serve-se apenas do forno industrial.

A massa deve ser aberta com rolo de pau ou cilindro.

Tempo previsto para o preparo desta receita: 3 horas. Rende 150 empadas de tamanho médio.

No preparo das empadas, a Sra. Maria José conta com a ajuda da filha Mariléia Aparecida Gonçalves.

São produzidas apenas as empadas tradicionais de frango, não havendo outras variações de recheios ou acréscimos de ingredientes. As iguarias são comercializadas assadas, embaladas em caixas. Não são comercializadas empadas congeladas.

Caracterização: As Empadas Tia Joana são uma tradição de família. A Sra. Maria Joana, já falecida, fazia as empadas e a sobrinha, Sra. Maria José Victor Gonçalves aprendeu ali mesmo, na cozinha da casa da tia, as prendas culinárias. Com o falecimento da tia, há aproximadamente dez anos, ela continuou o saber e batizou as empadas com o nome da criadora da receita. A Sra. Maria José é responsável pela produção das empadas e, ainda, faz doces, bombons, bolos, pastéis, coxinhas, empadões e outras iguarias por encomenda. Atualmente, conta com a ajuda da sua filha, Mariléia Aparecida Gonçalves. Concentramos as pesquisas nas Empadas da Tia Joana, mas sabe-se que na cidade existem, também, as Empadas da Ana, produzidas por Ana Maria Fonseca das Chagas. Os equipamentos usados são os comuns à produção caseira. Por semana são produzidas, em média, 3.000 empadas, vendidas para a população local e enviadas, por encomendas, a outros lugares. Normalmente, elas são contatadas pelos próprios clientes. A produção das empadas ocorre no decorrer do ano, praticamente sem interrupções, já que os ingredientes podem ser facilmente adquiridos em qualquer época do ano. A atividade é o meio de subsistência da família da Sra. Maria Joana.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Cristiane Magalhães em set/2007: Maria José Victor Gonçalves; Mariléia Aparecida Gonçalves. Obras / Documentos consultados: BARROCO Mineiro. Glossário de Arquitetura e Ornamentação. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,1996. DOSSIÊ de Eventos Culturais de Araçaí. Prefeitura Municipal de Araçaí. 2007. INVENTÁRIO da oferta turística do município de Araçaí. Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, 2006. ROCHA, Marília Pereira Soares. Projeto Araçaí ontem/hoje. Araçaí: Material não publicado, 1997.

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FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO Ano do inventário: 2010

Festa de Nossa Senhora do Rosário FOTO: Acervo Sr. Alencar Moreira da Silva, s/d.

Histórico: A festa litúrgica de Nossa Senhora do Rosário surgiu quando houve, em 7 de outubro de 1571, a vitória dos cristãos sobre os muçulmanos na Batalha de Lepanto. Essa vitória, considerada quase impossível, ocorreu graças à assistência fornecida por Nossa Senhora do Rosário aos cristãos. Assim, a fim de perpetuar a grande graça alcançada pelos fiéis com a ajuda da Santa, a Igreja instituiu o dia 7 de outubro de cada ano como o reservado para festejar, adorar e agradecer a Nossa Senhora do Rosário. Inicialmente, o festejo acontecia apenas em algumas igrejas, mas com o tempo, acabou por ser celebrada por todo o mundo católico.

No Brasil, a tradição religiosa da festa parece ter chegado através dos próprios portugueses ainda na época colonial. Em Minas Gerais, é preparada desde o início de seu povoamento e, já no limiar do século XVIII, ela foi incorporada às tradições do folclore africano. Os viajantes Spix e Martius presenciaram, no início do século XIX, o festejo na região do Tejuco. Segundo eles, no cortejo, um senhor caminhava com um estandarte que possuía o emblema da irmandade de Nossa Senhora do Rosário no qual tinha como pintura a imagem da Santa. Junto ao cortejo, havia uma banda de músicos negros vestindo uma indumentária de gala, constituída de capa vermelha e roxa. Um homem fantasiado de preto caminhava à frente da “família real”, que aparecia com suas coroas e acompanhada pelos pajens que carregavam suas capas.

A festa do Rosário significava uma homenagem à Santa padroeira e constituía o momento de ápice da vida dos fiéis. Durante os dias dessa solenidade, ocorriam missas, novenas, procissões, cerimônia de posse do rei e rainha da irmandade, as apresentações das Congadas, danças, música, jogos, os banquetes e consumo de quitutes oferecidos pelos preparadores e participantes da festa. A segregação entre o sagrado e o profano era latente, visto que a apresentação dos espetáculos da Congada e das práticas de devoção e fé dos fiéis ocorria simultaneamente no mesmo evento.

É no contexto de uma tradição de longa data que se insere a Festa do Rosário no Distrito de Carvalho de Almeida. Esta celebração se iniciou após a edificação da Capela de Nossa Senhora do Rosário entre os anos de 1910 e 1920. A responsável pela instituição do evento religioso na região foi Maria Marques, moradora local. À época, esta senhora havia feito uma promessa à Padroeira e, como sua graça foi alcançada, deu início à tradição festeira na comunidade, rezando, louvando e agradecendo a Nossa Senhora do Rosário. Desde então, a folia é realizada sem interrupção, agregando a todos da comunidade e das regiões circunvizinhas, celebrando o poder celeste da Santa e espalhando a fé na mesma de geração a geração. Tal evento sempre mobilizou toda a comunidade desde os primeiros anos, pois era um momento de diversão, lazer, alegria, mas, sobretudo, fé, devoção e gratidão.

As manifestações culturais como a Congada, de origem africana, e a cavalgada – homens montados a cavalo que percorrem longos caminhos para chegar à festa –, que ocorrem simultaneamente a esta

Município: Araçaí.

Distrito: Carvalho de Almeida.

Categoria: Patrimônio Imaterial.

Subcategoria: Celebração.

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celebração, têm uma datação na região estimada no início do século XX. Essas manifestações foram mantidas ao longo do tempo e acompanham a festa do Rosário até o presente. O folclore das Congadas atraía a comunidade. O desfile da cavalgada emocionava o público. A música e a comida divertiam e alimentavam a alma dessa sociedade interiorana. As missas e rezas eram o sinal de fé e devoção a Nossa Senhora do Rosário.

Descrição: O início dos preparativos da celebração acontece no mês de agosto, com a arrecadação de doações pelo casal de festeiros designado a pagar a promessa. Em 2007, por exemplo, estes festeiros foram Igor Santos de Paula e Ana Carolina Cerqueira de Paula. Os festeiros angariam recursos financeiros, patrocínio para o transporte das doações de mercadorias, patrocínio para o som e confecção dos folhetos de programação do evento. Parte das doações, feita pelo casal, é voltada para a celebração religiosa e a outra, fornecida pelo Prefeito Daniel Cunha e festeiros, é destinada Às festividades, como a realização de shows de forró. A Capela é completamente adornada com flores e tapetes e ao seu lado são armadas as barraquinhas pelos festeiros, dentro de uma estrutura onde são distribuídas gratuitamente comida e bebida para alimentar as guardas do congado e os marujinhos.

A festa possui 16 etapas, distribuídas em dez dias. Inicia-se em uma sexta-feira, com a Novena de Nossa Senhora do Rosário, às 19 horas. As Irmãs Filhas do Amor Divino presidem a oração. E a animação do evento fica a cargo do Coral que, em 2007, foi o de Maria de Lourdes. No sábado, as Irmãs dão continuidade à oração no mesmo horário, que também é realizada de domingo a quinta-feira pela própria comunidade do Distrito Carvalho de Almeida. Na próxima sexta-feira, a novena é presidida novamente pelas Irmãs Filhas do Amor Divino. No sábado, ocorre a celebração eucarística às 18 horas e 30 minutos, realizada pelo Padre Nilton Pereira Alpes, acompanhada pelo grupo de animadores Jovens Shallom de Araçaí. Às 19 horas e 30 minutos, há o levantamento do Mastro pela Guarda do Congado de Araçaí, acompanhada pelos Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário. Concomitantemente, há fogos de artifícios para celebrar com alegria o levantamento do mastro com a bandeira da imagem Santa. Esta sempre se apresenta com uma imagem acolhedora, com um semblante terno de mãe protetora e uma das mãos estendida para oferecer o santo Rosário àqueles que necessitam. A iconografia é característica da imaginária popular e representa ainda o poder da mesma nas causas impossíveis. Por fim, às 20 horas, há shows de forró e sertanejo. No domingo, último dia da celebração, ocorre às 5 horas da manhã a alvorada festiva, na qual, durante o crepúsculo matutino, anunciam a festa e convocam toda a população, desde cedo, para participarem do evento. Às 10 horas e 30 minutos ocorre a celebração da eucaristia, presidida atualmente pelo Padre Nilton, animada também com o Grupo de Jovens Shallom de Araçaí. Ao meio-dia acontece a procissão em honra a Nossa Senhora do Rosário. Ao meio-dia e meia há o cumprimento de promessa pelo casal de festeiros e às 13 horas, a cavalgada de Sete Lagoas chega ao local e, em seguida, o casal de festeiros encerra o evento e a promessa, oferecendo um grande almoço a todos os participantes, totalizando em geral cerca de 300 pessoas. O almoço ocorre em uma edificação construída ao lado da Capela. Entre os participantes encontram-se os componentes realizadores da festa e as pessoas egressas de Araçaí, Sete Lagoas e do Rio de janeiro, compostas de homens e mulheres dentre jovens, adultos e crianças.

Os componentes das guardas de Congada, Marujinhos e a cavalgada chegam à festa devidamente caracterizados com seus personagens, compostos por integrantes de ambos os sexos e de diferentes faixas etárias. A indumentária dos marujinhos é vermelha com boné, enquanto a dos demais é blusa branca e calça escura. O Rei Congo e a Rainha Conga apresentam-se de forma esplendorosa, com vestimentas coloridas, joias e coroas, dignos de uma realeza. Os outros participantes apresentam-se com indumentárias comuns aos dias atuais.

A Festa do Rosário é considerada por seus participantes um elemento de identidade cultural que resgata, de um lado, as raízes culturais de parte dos habitantes da cidade, com o folclore representado pelas Congadas, Marujinhos e a cavalgada. E de outro, representa a religiosidade, a devoção e fé dos fiéis a Nossa Senhora do Rosário desde os séculos passados. A imaterialidade, ou seja, a preparação e manifestação desta celebração, transmitida ao longo dos muitos anos de geração a geração, vem sendo conservada e preservada no distrito Carvalho de Almeida.

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Caracterização: A Festa de Nossa Senhora do Rosário do distrito Carvalho de Almeida ocorre anualmente no mês de outubro, durante cerca de 10 dias. No ano de 2007, o evento ocorreu entre os dias 5 e 14 do mencionado mês. O responsável pela organização é toda a Comunidade do distrito, liderados pela Comissão permanente e pelos coordenadores. Os membros da Comissão são Marli Pires Miranda, Pedro Bernardino Ribeiro, Alice Fernandes, Francisco Pereira mais um casal de festeiro que é eleito a cada ano. Este casal, ao organizar a celebração, cumpre uma promessa devido a graças obtidas por intermédio da Santa. O Padre Nilton Pereira Alpes e Irmãs Filhas do Amor Divino participaram como coordenadores do evento em 2007. A celebração se passa na Praça do Rosário do referido distrito, concentrada no interior da Capela de Nossa Senhora do Rosário e em seus arredores. Durante os dias do evento ocorrem as missas, barraquinhas, apresentação das bandas de música com cantores sertanejos e de forró, apresentação da Congada, Guarda do Marujinhos de Nossa Senhora do Rosário e o desfile da cavalgada. Tudo o que é utilizado para a feitura do evento é doado pelos festeiros e pela comunidade do distrito e pela Prefeitura de Araçaí. O montante arrecadado na festa é voltado para a produção da celebração do próximo ano.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em mai/2009: Alice Fernandes. Obras / Documentos consultados: BORGES, Célia Maia. A Festa do Rosário: a alegoria barroca e a reconstrução das diferenças. In: III Congresso Internacional 159WW Barroco. Sevilha – Espanha: Ediciones Giralda, 2002. V.1. p.1441 – 1449. INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO AO ACERVO CULTURAL DE ARAÇAÍ. Araçaí/MG. 2008. PLANO DE INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL. Araçaí/MG. 2006. SPIX & MARTIUS. Viagem pelo Brasil, 1817-1820, vol. 2, Belo Horizonte. SP: Ed. Itatiaia, 1981. Referências eletrônicas: CONTAGEM. Disponível em: <www.contagem.mg.gov.br/comunicacao/bancoimagens/resized_071007eder_festa_n_s_rosario_arturos12.jpg>. Acessado em: <25/05/2009>. DESVENDAR. Disponível em: <www.desvendar.com/diversaoearte/festasculturais/rosario.asp>. Acessado em: <25/05/2009>. REVELAÇÃO Online. Disponível em: <www.revelacaoonline.uniube.br/a2002/cultura/devocao.html>. Acessado em: <25/05/2009>. REVISTA Museu. Disponível em: <www.revistamuseu.com.br/naestrada/naestrada.asp?id=6431>. Acessado em: <25/05/2009>. WIKIPEDIA. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org/wiki/Festa_do_Ros%C3%A1rio>. Acessado em: <28/05/2009>. WIKIPEDIA. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org/wiki/Congada>. Acessado em: <25/05/2009>.

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FESTA DE SÃO SEBASTIÃO Ano do inventário: 2010

Festa de São Sebastião FOTO: Acervo particular de Alice Fernandes, 2006.

Histórico: São Sebastião, originário de Narbonne e cidadão de Milão, foi considerado um mártir e santo católico. Era um soldado que teria se alistado no exército romano por volta de ano de 283 d. C., com o intuito de encorajar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Detinha uma posição próxima e amistosa junto aos imperadores Diocleciano e Maximiliano. Três anos depois de ingressar no exército, sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo como traidor e desta forma foi executado por meio de flechadas. Após ser flechado e dado como falecido, foi atirado ao rio e encontrado vivo a léguas de distância e socorrido. Encontrado novamente pelo exército, foi levado a Diocleciano, que o sentenciou à morte por espancamento. Mesmo assim, ele sobreviveu e acabou sendo morto transpassado por uma lança. Sua imagem flechada se tornou um símbolo de sua iconografia. Seu nome deriva da palavra grega sebastós que significa divino, venerável, que seguia uma vida benta e gloriosa. Tomando como este bento mártir que resistira a vários intentos frustados de ser assassinado, a cultura popular, desde épocas não precisas, deu início ao festejo que celebra a divindade de tal homem. A tradição popular atribui ao Santo, entre as bênçãos concedidas por ele, o poder de proteger fazendeiros e seu rebanho.

A festa de São Sebastião é realizada em Carvalho de Almeida desde o final de década de 1930, sendo iniciada pelo casal Maria e Josino Marques, residentes na localidade. Eles deram início à parte religiosa da comemoração ao divino Santo, pagando suas promessas pelas graças recebidas por meio da fé em São Sebastião. A festa detinha um caráter religioso e era composta de missas, orações e procissões. Logo no início começou a ocorrer a parte social e comercial do festejo, composta por shows de forró, barraquinhas com venda de comes e bebes e leilões de comida, leitões e outros. Grande parte do que era leiloado nas barraquinhas provinha de doações feitas pelos fazendeiros que, com a fé em São Sebastião, haviam logrado prosperidade em suas propriedades rurais. Neste distrito, a fé neste Santo se amplia com este sentido protetor do fruto do trabalho rural. Na parte social, o grupo de congada de Araçaí e a Folia de São Sebastião, repesentada por homens e meninos caracterizados como marujinhos, também se faziam presentes, dançando, cantando e levantando o mastro com a bandeira de São Sebastião. Ao longo dos anos, a tradição de festejar o Santo cuidador das criações de animais e do trabalho do homem do campo foi repassada de pai para filho, de geração a geração, perdurando até o presente com o mesmo sentido e objetivo.

Município: Araçaí.

Distrito: Carvalho de Almeida.

Categoria: Patrimônio Imaterial.

Subcategoria: Celebração.

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Descrição: O início dos preparativos da celebração acontece dias antes da festa propriamente dita, com a arrecadação de doações pelos festeiros designados a pagar a promessa. Em 2007, estes designados foram Eli Inácio de Oliveira e Maria de Fátima Ribeiro, Francisco de Assis Pereira e Jussara Rodrigues de Souza, Antônio Carlos do Carmo e Rosilandia Antunes de Souza, Márcio Moura e Karla Moura. Os festeiros angariam recursos financeiros, doações de animais para o leilão, comida e bebida, patrocínio para o combustível para abastecer os carros e caminhões dos festeiros responsáveis por buscar as doações, patrocínio para o som e confecção dos folhetos de programação do evento. Parte das doações é voltada para a parte religiosa e a outra, fornecida pelo Prefeito Daniel Cunha e festeiros, voltada para a parte social, com a realização de shows de forró. A Capela é completamente adornada com flores e tapetes e ao seu lado são armadas as barraquinhas dentro de uma edificação, onde são vendidas comida, bebida e lanches. Pessoas egressas de outras comunidades do município de Araçaí também armam suas barracas para vender produtos, cujo lucro é voltado para benefício próprio. O leilão de diversos animais doados pelos fazendeiros, como galinhas, leitões, cavalos e gado acontece no curral localizado atrás da Capela.

A festa é constituída de parte religiosa e parte social. A primeira tem início em uma sexta-feira, às 19 horas, com uma novena que ocorre durante nove dias até o penúltimo dia do evento, um sábado. As cerimônias religiosas são realizadas pelo Padre Nilton, pela Guarda da Congada e pela Folia de São Sebastião, ambas de Araçaí. A parte social ocorre somente nos dois últimos dias, geralmente sábado e domingo. No sábado, primeiro dia da comemoração da parte social, os fiéis rezam o terço às 20 horas e logo após ocorre o levantamento da bandeira com a imagem de São Sebastião pela Folia de São Sebastião e pela Congada, constituindo um grupo de aproximadamente 50 pessoas. Isto ocorre no pátio ao lado da Capela de Nossa Senhora do Rosário. A iconografia estampada na bandeira reflete a imagem do corpo do bento São Sebastião flechado. O congado, trajado com camisa branca e calça escura, e a Folia de São Sebastião, representada pelos marujindos caracterizados com uniformes vermelhos e bonés, dançam, cantam e louvam ao Santo protetor dos produtores rurais e de suas lavouras. O Rei Congo e a Rainha Conga apresentam-se de forma esplendorosa, com vestimentas coloridas, joias e coroas, dignos de uma realeza. Os outros participantes apresentam-se com indumentárias comuns.

A partir das 22 horas tem início a venda de comidas, lanches e bebidas aos participantes da festa nas barraquinhas. Durante o momento gastronômico, ocorre o show de música com cantores de forró.

No domingo, último dia da celebração, ocorre às 5 horas da manhã a alvorada na qual, durante o crepúsculo matutino, a festa é anunciada e toda a população é convocada, desde cedo, para participar do evento. Às 10 horas, ocorre a Santa Missa na Capela de Nossa Senhora do Rosário, presidida atualmente pelo Padre Nilton. Às 11 horas e 30 minutos acontece a procissão em honra a São Sebastião. Por volta de meio-dia e meia ocorre a chegada da cavalgada de Araçaí, Country Club Estiva e Fazendinhas Pai José na Praça do Rosário, onde ocorre a benção dos animais. Às 14 horas ocorre o leilão dos animais no curral.

Além dos moradores do distrito, participam da folia homens e mulheres de diferentes idades residentes em Araçaí, em povoados vizinhos como Fazendinhas do Pai José e romeiros de outras cidades. Os componentes das guardas de Congada, Marujinhos e a cavalgada, compostos por integrantes de ambos os sexos e de diferentes faixas etárias, chegam à festa devidamente caracterizados com seus personagens. Em geral, todos os participantes totalizam cerca de 300 pessoas.

A Festa de São Sebastião é considerada por seus participantes um elemento de identidade cultural que resgata, de um lado, as raízes culturais de parte dos habitantes da cidade, com o folclore representado pelas Congadas, a Folia de São Sebastião e a prática da cavalgada. E de outro, representa a religiosidade, a devoção e fé dos fiéis e romeiros de outras cidades a São Sebastião desde os séculos passados. A preparação e manifestação desta celebração promovida pela tradição do pagamento de promessas devido às bênçãos recebidas por intermédio do Santo, transmitida processualmente ao longo dos anos às gerações vindouras, vêm sendo conservadas e preservadas no distrito Carvalho de Almeida.

Caracterização: A Festa de São Sebastião do distrito Carvalho de Almeida ocorre anualmente no mês de

julho, durante cerca de 10 dias. No ano de 2007, o evento ocorreu entre os dias 6 e 15 do mencionado mês, compreendendo tanto a parte religiosa como a parte social. Quem se responsabiliza pela organização é toda a Comunidade do distrito, liderados pela Comissão permanente e pelos

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coordenadores. Os membros da Comissão são Marli Pires Miranda, Pedro Bernardino Ribeiro, Alice Fernandes, Francisco Pereira e mais quatro casais de festeiros, eleitos a cada ano. Estes casais, ao organizarem a celebração, cumprem uma promessa devido às graças obtidas por intermédio de São Sebastião, considerado, em Carvalho de Almeida, santo protetor das criações de animais e dos produtores rurais. A celebração se passa na Praça do Rosário do distrito, concentrada no interior da Capela de Nossa Senhora do Rosário e em seus arredores. Durante os dias do evento ocorrem missas, a novena, barraquinhas, apresentação das bandas de música com cantores de forró, levantamento da bandeira de São Sebastião pela Guarda da Congada de Araçaí e pela Folia de São Sebastião composta pelos Marujinhos e o desfile da cavalgada. Tudo o que é utilizado para a realização do evento é doado pelos festeiros e pela comunidade do distrito e pela Prefeitura de Araçaí. O montante arrecadado na festa é voltado para a manutenção da Capela de Nossa Senhora do Rosário e, caso seja necessário, para a realização da festa do próximo ano.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em mai/2009: Alice Fernandes. Obras / Documentos consultados: BAPTISTA, Anna Paola Pacheco. O Eterno ao Moderno: arte sacra no Brasil, anos 1940-1950. Tese de Doutorado apresentada ao programa de pós-graduação em História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002. BARTHOLO, Maria Elisa Carvalho. Seja feita a Tua vontade: um estudo sobre santidade e culto aos santos no catolicismo brasileiro. Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1991. PLANO DE INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL. Araçaí/MG. 2006. SPIX & MARTIUS. Viagem pelo Brasil, 1817-1820, vol. 2, Belo Horizonte. SP: Ed. Itatiaia, 1981. Referências eletrônicas: WIKIPEDIA. Disponível em: <www.wikipedia.org/wiki/Congada>. Acessado em: <25/05/2009>. WIKIPEDIA. Disponível em: <www.wikipedia.org/wiki/Festa_de_S%C3%A3o_Sebasti%C3%A3o>. Acessado em: <26/05/2009>. WIKIPEDIA. Disponível em: <www.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Sebasti%C3%A3o>. Acessado em: <25/05/2009>.

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CAMINHO PERCORRIDO POR GUIMARÃES ROSA Ano do inventário: 2010

Caminho percorrido por Guimarães Rosa FOTO: Sofia Cunha, mai/2009..

Histórico: Em meados do ano de 1952, o fazendeiro Francisco Guimarães Moreira, mais conhecido como Chico Moreira, organizou uma Comitiva que teria a tarefa de conduzir sua boiada partindo da Fazenda Sirga, localizada na cidade de Três Marias, próxima ao Rio São Francisco, até a Fazenda São Francisco, em Araçaí.

Em sua comitiva, Chico Moreira levou o filho Francisco Guimarães Moreira Filho, o encarregado da Fazenda Sirga de nome Manelão, que mais tarde seria chamado de Manuelzão por Guimarães Rosa, e mais seis outros vaqueiros. Integrava, ainda, o grupo, o ilustre escritor e diplomata à época, João Guimarães Rosa, também chamado de Joãozito, primo de Chico Moreira.

O objetivo de Guimarães Rosa ao participar da expedição era conhecer e descrever o enigmático cerrado mineiro, um cenário cheio de particularidades, de diferenças, de histórias e estórias da vida e cultura do sertanejo em seu habitat, digno de ganhar outras dimensões e contornos nas novelas roseanas. A participação do escritor neste intento frutificou em uma de suas maiores obras, “Corpo de Baile”, e em outros livros, correspondências e contos, que fizeram do sertão das gerais um local conhecido internacionalmente.

Levando em conta o grau de parentesco, a amizade entre eles e o objetivo do primo, Chico Moreira acolheu Joãozito em sua tropa, permitindo a este o acesso in loco ao cerrado de Minas. O trajeto feito por Guimarães Rosa e o restante da comitiva possui 200 quilômetros inseridos no sertão mineiro, partindo das proximidades do Rio São Francisco em direção a Araçaí. A viagem para conduzir o gado durou 10 dias, sendo o tempo distribuído entre as caminhadas no lombo de burros, as refeições, os pousos nas Fazendas encontradas durante o percurso, as prosas, estórias e histórias que surgiam no momento e as que ressurgiam às lembranças dos participantes. Joãozito aproveitava cada minuto para anotar sua visão sobre a paisagem, as expressões, os modos e gestos do sertanejo. Ao final da empreitada, a tropa deu entrada na Fazenda São Francisco, sendo esperada com expectativa, recebida com festa. Aquele momento histórico foi registrado pela revista O Cruzeiro por meio das fotografias de Eugênio Silva.

Descrição:

Município: Araçaí.

Distrito: Carvalho de Almeida.

Categoria: Patrimônio Imaterial.

Subcategoria: Lugares.

Chico Moreira.

06/10/1894 – 21/07/1990

IMAGEM: GUIMARÃES, 2004.

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O caminho percorrido por Guimarães Rosa no Município de Araçaí é constituído de uma paisagem típica de cerrado, árvores de pequeno porte com raízes profundas, galhos e caules grossos e retorcidos, vegetação rasteira, matas e plantas de aparência seca. O relevo é composto por serras, o solo é seco, ácido e improdutivo, o clima é tropical com uma estação chuvosa e outra acentuadamente seca. A fauna do sertão apresenta uma diversidade de espécies, constituída de mamíferos, répteis e aves, dentre os quais aparecem descritos na literatura roseana os lobos, onças, veados, garças, sabiás, sucuris, antas, dentre outros.

As obras e correspondências de Guimarães Rosa, frutos da análise descritiva que fez ao longo de todo o percurso da Fazenda da Sirga em Três Marias à Fazenda São Francisco em Araçaí, trazem a visão do célebre autor sobre o cenário por ele encontrado. Segundo ele,

[...] desde grande parte de Minas Gerais [...] aparece “os campos gerais”, ou “gerais” [...] O que caracteriza estes GERAIS são as chapadas (planaltos, amplas elevações de terreno, chatas, às vezes serras mais ou menos tabulares) e os chapadões (grandes imensas chapadas [...]). São de terra péssima, vários tipos sobrepostos de arenito, infértil. [...] E tão poroso, que quando bate chuva, não se forma lama nem se veem enxurradas, a água se infiltra, rápida, sem deixar vestígios [...] A vegetação é a do cerrado: arvorezinhas, tortas, baixas, enfesadas [...]. E o capim ali é áspero, de péssima qualidade, que, no reverdecer, no tempo-das-águas, cresce incrustado de areia, de partículas de sílica, como se fosse moído: e adoece por isso, o gado que o come. [...] Mas, por entre as chapadas, separando-as [...] há as veredas. São vales de chão argiloso ou turfo-argiloso, onde aflora a água absorvida. Nas veredas, há sempre o buriti. De longe, a gente avista os buritis, e já sabe: lá encontra água. A vereda é um oásis (GUIMARÃES ROSA, 1980, p.22).

[...] sertão [...] é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador [...]. (ROSA, 1994, p.3).

O caminho percorrido era cenário de natureza longínqua, deserta, quase que completamente destituída da presença humana, onde era possível encontrar apenas algumas poucas fazendas e propriedades muito dispersas umas das outras. Mas se tornou espaço de aprendizagem sobre o desconhecido sertão e de inspiração para a produção de obras da literatura brasileira consagradas internacionalmente que revelam o aspecto interiorano das Minas Gerais.

Pelas trilhas desta paisagem a Comitiva passou, em meados de 1952, com a responsabilidade de levar uma boiada da Cidade de Três Marias a Araçaí. Ao que foi indicado pela oralidade, os recursos obtidos para financiar tal empreitada provieram de Chico Moreira, o proprietário das Fazendas Sirga e São Francisco e da boiada (GUIMARÃES, 2004, p.14). A Comitiva era composta de dez pessoas, sendo Chico Moreira (Francisco Guimarães Moreira), considerado como lendário, Joãozito (João Guimarães Rosa) que sempre abria as porteiras, Criolo (Francisco Guimarães Moreira Filho, filho de Chico Moreira), Bindóia como berranteiro, Zito como guieiro e tocador de berrante, Manelão, o capataz da comitiva (mais conhecido pelas obras de Guimarães Rosa como Manuelzão), Gregório, Raimundo Santana, Sebastião Leite e Pedro Baiano como vaqueiros.

Os animais encarregados pelo transporte dos peões e das cargas eram os burros, dotados de maior resistência e que não caíam nas depressões encontradas no trajeto. Estes eram em torno de 26, sendo oito para serem montados e o restante para levar as bolsas de couro munidas de mantimentos e objetos. Joãozito montava a besta Balalaica e os outros peões faziam uso dos jumentos de nome Queimadão, Pedrês, Azulão e Pirilampo. Caso algum animal sofria acidente ou adoecia, havia sempre um de reserva e, neste caso, o burro Topázio estava disponível. Havia somente um cavalo, utilizado então por Chico Moreira. Contudo, em alguns momentos, Chico Moreira utilizou o jipe ano 51, incluindo o trecho final até a Fazenda São Francisco, deixando Manuelzão encarregado de cuidar de Guimarães Rosa e avisá-lo caso houvesse imprevistos.

A roupa e acessórios utilizados pelos mesmos era basicamente uma calça escura, camisa de manga curta clara, chapéus e botas de couro. Os instrumentos utilizados foram o berrante, para anunciar a partida, a vara de topá, utilizada para tocar o gado, o laço para laçar os animais, bolsas de couro para levar mantimento e objetos pessoais.

No primeiro dia da expedição foram reunidas 180 reses, os cavalos foram arreados, o berrante foi lustrado e a tropa inteira organizada. Bindóia tocou o berrante para anunciar a partida da comitiva e a boiada seguia o canto. Partiram todos às sendas da Fazenda São Francisco no município de Araçaí. Tal trajeto custou à tropa 10 dias, percorrendo aproximadamente 4 léguas. Paravam sempre ao escurecer, dependendo da localização das Fazendas onde fariam pouso. A alimentação ficava a cargo de um tropeiro

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que caminhava sempre à frente da comitiva para adiantar o almoço. A cada dia, o mesmo ritual era executado pela comitiva: acordar, alimentar, reunir o gado, arriar os cavalos, tocar o berrante, continuar o percurso e pousar ao anoitecer. E Joãozito, munido de seu caderno de anotações, observava o cenário que encontrava pelo caminho e anotava as frases, expressões, nomes de frutas, insetos e animais que adquiririam outras formas e vida em sua literatura.

No nono dia, estes homens chegaram à Fazenda Taboquinha, situada nos limites de Cordisburgo e Araçaí, onde se alimentaram e pousaram. Ao décimo, passaram nas proximidades do Córrego Goiabeira em direção à Fazenda Trindade, situada em uma região alta. Logo, percorreram nas proximidades do Córrego Trindade, do Córrego Aroeira e passaram pela Serra do Barreirão, chegando, assim, à Fazenda São Francisco. Nas palavras de Jussara Guimarães, os tropeiros aportaram à propriedade rural “Cansados, barbas crescidas, amarelados de pó e estropiados de tanta andança” (GUMARÃES, 2004, p.19). Foram recebidos com festejos por Chico Moreira e Criolo (que chegaram com antecedência de jipe) e por mais pessoas, entre elas o fotógrafo da revista O Cruzeiro, que registrou fotograficamente aquele momento considerado histórico por seus participantes e para o país.

Em 2005, ocorreu uma expedição pelas mesmas sendas, realizada pela Casa da Cultura do Sertão (Morro da Garça, Minas Gerais). Um grupo coordenado pelo alemão Dieter Heidemannn com apoio da Oficina Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros e pelo Ministério da Cultura e patrocinados pela Petrobrás, objetivou reviver a Comitiva de 1952. O cortejo repetiu o roteiro seguido por Guimarães Rosa e a tropa, passando pelos “riachos, córregos, morros alegres, campinas, fazendas e capelinhas” (HEIDEMANN, 2005, [s.p.]). Assim sendo, buscaram reconhecer a geografia do sertão a partir da literatura de Joãozito, além de contemplar, observar as paisagens e lugares e identificar as mudanças e permanências processuais ocorridas desde o início da década de 1950.

No ano de 2007, foi organizada outra expedição, percorrendo o mesmo trajeto. O objetivo da viagem era reunir os homens remanescentes da tropa de 1952 e/ou seus descendentes, revivendo o trajeto e resgatando assim a história e a memória dos participantes e do cenário paisagístico da famosa expedição, registrada nas páginas das obras de Joãozito. Um dos participantes foi Isolino Moreira, filho de Raimundo Santana, o Santana da Comitiva de 1952. Na ocasião, Isolino recebeu da Prefeitura de Araçaí uma placa em sua homenagem, referenciando a data histórica vivenciada pelo pai. A ideia desta empreitada surgiu de Criolo, filho de Chico Moreira e membro da comitiva junto com Guimarães Rosa. Desta vez, o patrocínio da viagem foi oferecido por algumas empresas e com o apoio da Prefeitura de Araçaí. O objetivo da expedição era homenagear os homens (e seus descendentes) que deram mais orgulho ao município a partir da histórica comitiva que transformou as sendas trilhadas no sertão da cidade em importância histórica, cultural e turística. Este é o sentido atribuído pela população ao caminho percorrido por Guimarães Rosa.

O trecho, ao ser incluído no Circuito Turístico Guimarães Rosa, tende a criar emprego a inúmeros araçaienses, desenvolvendo o setor hoteleiro, gastronômico e de transporte, além de gerar o aumento da arrecadação municipal. O turismo, com base na história da comitiva, na literatura roseana e na geografia local, tende a beneficiar todos os setores da economia citadina. Contudo, percebe-se que ainda é necessário investimento para melhorias em infraestrutura nas sendas percorridas por Guimarães Rosa, situadas em Araçaí. O caminho apresenta-se, atualmente, parcialmente esburacado e tomado por vegetação média, desfavorável para a passagem de automóveis. Isto dificulta o acesso de turistas interessados em conhecer o cerrado descrito por João Guimarães Rosa em 1952.

Caracterização: O caminho percorrido por Guimarães Rosa no ano de 1952, em território araçaiense, junto com uma Comitiva organizada para transporte de uma boiada, está compreendido entre a estrada de asfalto no limite com o município de Cordisburgo e a Fazenda São Francisco, totalizando seis quilômetros em estrada de terra, compreendendo o trecho final do percurso completo. A distância entre o centro de Araçaí e a Fazenda São Francisco é de cerca de oito quilômetros. Os trechos percorridos passam pelas Fazendas Taboquinha (na divisa de Cordisburgo e Araçaí), Trindade e São Francisco, ambas em Araçaí. Sendo assim, tais localidades ficam sob a responsabilidade dos proprietários destas fazendas e da Prefeitura Municipal. A Fazenda São Francisco, hoje propriedade de Antônio José de Oliveira, foi o ponto de chegada da boiada de 1952. Este trecho faz parte do Circuito Turístico Guimarães Rosa promovido e incentivado pelo Governo Federal, pelo Governo Estadual, em parceria com as agências turísticas. A senda percorrida se tornou um local mundialmente conhecido por meio das novelas escritas por Guimarães Rosa, além de ter se constituído em um ponto turístico para a sociedade em geral,

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homens, mulheres e crianças, interessados em conhecer as histórias, costumes e folclore locais e se aventurar pelas trilhas do Sertão das Gerais descrito por Guimarães Rosa em suas obras literárias.

Proteção Legal existente: Nenhuma.

Proteção Legal Proposta: Inventário.

Referências: Orais: Entrevistas concedidas a Deyse Marinho em mai/2009: Antônio José de Oliveira; Claudiney Meneses Santana; Isolino Moreira. Obras / Documentos consultados: GUIMARÃES, Jussara Moura. Quem foi Chico Moreira?. Jussara Moura Guimarães: Sete Lagoas, 2004. HEIDEMANN. Dieter (coord.). Guimarães Rosa: lugares. Em busca do “quem das coisas”. Guia de Excursão (Semana Santa 2005). A boiada de 1952. Oficina Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros IEB/USP. Morro da Garça: Casa de Cultura do Sertão, 2005. PLANO DE INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL. Araçaí/MG. 2006. ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. Vol. II. Biblioteca Luso-Brasileira. Série Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. ROSA, João Guimarães. Carta de Guimarães Rosa a Edoardo Bizarri. Rio de Janeiro, 1963. in: J. Guimarães Rosa: Correspondência com o seu tradutor italiano Edoardo Bizarri. São Paulo: T.A. Queiroz/ Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, 1980. Referências eletrônicas: DESCUBRA Minas. Disponível em: <www.descubraminas.com.br/destinosturisticos/hpg_circuito.asp?id_circuito=111&id_municipio=90>. Acessado em: <28/05/2009>. MINAS Tour. Disponível em: <www.minastour.com.br/website/index.php?centro=vercircuito.php&circuito=28#atrativos>. Acessado em: <28/05/2009>. O RECADO do Morro de Guimarães Rosa. Disponível em: <www.orecadodomorrodeguimaraesrosa.blogspot.com/>. Acessado em: <28/05/2009>. PORTAL Brasil. Disponível em: <www.portalbrasil.net/cerrado.htm>. Acessado em: <28/05/2009>. WIKIPEDIA. Disponível em: <www.wikipedia.org/wiki/Grande_Sert%C3%A3o:_Veredas>. Acessado em: <28/05/2009>. WIKIPEDIA. Disponível em: <www.wikipedia.org/wiki/Guimar%C3%A3es_Rosa>. Acessado em: <28/05/2009>.