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João Gonçalves da Costa fonte: www.robertolettiere.com.br Escritor Roberto Lettière 1 JOAO GONÇALVES DA COSTA O relato da vida, dos trabalhos, das conquistas, das escaramuças, das viagens e das peripécias decorridas ao longo da existência de João Gonçalves da Costa, sem qualquer surpresa é mais que suficiente para compor um volumoso livro biográfico. E, como este trabalho não comporta o detalhamento da vida desse valoroso homem, restringe-se, apenas, em traçar poucas linhas a seu respeito. João Gonçalves da Costa era mulato ou negro, nascido em Portugal, na cidade de Chaves, em Trás-os- Montes, por volta do ano de 1719. Veio para o Brasil com a idade de 16 anos, por volta de 1735, onde se fixou na região de Minas Novas [MG] que na época era submetida à Capitania da Bahia. Primeiras notícias oficiais de sua pessoa referem-se ao seu ingresso, em 1744, no terço de Henrique Dias, por meio de indicação do Superintendente das Minas Novas do Araçuaí, Pedro Leolino Mariz, o que vem demonstrar que o indicado reunia condições essenciais para o desempenho de tal posto. A nomeação ao posto de Capitão se deu em 5 de março de 1744, por ordem do governador da Bahia, André de Mello e Castro, Conde das Galveas. '[...] porquanto se faz preciso [...] em criar de novo o posto de capitão do terço de Henrique Dias [...] pela presente elejo e nomeio [...] capitão da gente preta que servirá na conquista e descobrimentos do mestre de campo João da Silva Guimarães que Vossa Majestade teve por bem criar de novo na pessoa de João Gonçalves da Costa: preto forro [...]' ] [negrito meu]. João Gonçalves da Costa recebeu a Carta Patente de Capitão-Mor em 31 de julho de 1781. Casou-se com Josefa Gonçalves da Costa, filha de Mathias João da Costa um dos mais ricos proprietários da região de Rio das Contas e, desse casamento nasceram oito filhos: Lourença Gonçalves da Costa, Antônio Dias de Miranda, João Dias de Miranda, Joana Gonçalves da Costa, José Gonçalves da Costa, Faustina Gonçalves da Costa, Manoel Gonçalves da Costa e Maria Gonçalves da Costa.

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JOA� O GONÇALVES DA COSTA

O relato da vida, dos trabalhos, das conquistas, das escaramuças, das viagens e das peripécias

decorridas ao longo da existência de João Gonçalves da Costa, sem qualquer surpresa é mais que suficiente

para compor um volumoso livro biográfico.

E, como este trabalho não comporta o detalhamento da vida desse valoroso homem, restringe-se,

apenas, em traçar poucas linhas a seu respeito.

João Gonçalves da Costa era mulato ou negro, nascido em Portugal, na cidade de Chaves, em Trás-os-

Montes, por volta do ano de 1719. Veio para o Brasil com a idade de 16 anos, por volta de 1735, onde se

fixou na região de Minas Novas [MG] que na época era submetida à Capitania da Bahia.

Primeiras notícias oficiais de sua pessoa referem-se ao seu ingresso, em 1744, no terço de Henrique

Dias, por meio de indicação do Superintendente das Minas Novas do Araçuaí, Pedro Leolino Mariz, o que

vem demonstrar que o indicado reunia condições essenciais para o desempenho de tal posto.

A nomeação ao posto de Capitão se deu em 5 de março de 1744, por ordem do governador da Bahia,

André de Mello e Castro, Conde das Galveas.

'[...] porquanto se faz preciso [...] em criar de novo o posto de capitão do terço de Henrique Dias

[...] pela presente elejo e nomeio [...] capitão da gente preta que servirá na conquista e

descobrimentos do mestre de campo João da Silva Guimarães que Vossa Majestade teve por

bem criar de novo na pessoa de João Gonçalves da Costa: preto forro [...]' ] [negrito meu].

João Gonçalves da Costa recebeu a Carta Patente de Capitão-Mor em 31 de julho de 1781. Casou-se

com Josefa Gonçalves da Costa, filha de Mathias João da Costa um dos mais ricos proprietários da região de

Rio das Contas e, desse casamento nasceram oito filhos: Lourença Gonçalves da Costa, Antônio Dias de

Miranda, João Dias de Miranda, Joana Gonçalves da Costa, José Gonçalves da Costa, Faustina Gonçalves da

Costa, Manoel Gonçalves da Costa e Maria Gonçalves da Costa.

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João Gonçalves da Costa teve um filho bastardo, com uma negra importada de Cabo Verde, na África,

de nome Carlota, recebendo ele o nome de Raimundo Gonçalves da Costa, o qual, mais tarde ocupou o

posto de Sargento-Mor e foi um homem de muitos e importantes feitos. Seu nome é mencionado, com

respeito, na história da Bahia, especialmente na do Sertão da Ressaca.

Josefa Gonçalves da Costa, mulher de João Gonçalves faleceu no ano de 1799 e seu inventário ocorreu

no mesmo ano, mas somente terminou no ano de 1836 devido a divergência de herdeiros.

Segundo Ruy Medeiros, o intrépido e rico Coronel João Gonçalves da Costa e seus descendentes

diretos, possuíam 21 grandes Fazendas assim distribuídas:

Município Fazendas Município Fazendas Barra do Choça 01 Encruzilhada 01 Belo Campo 01 Itambé 02 Boa Nova 03 Manoel Vitorino 01 Caatiba 01 Poções 03 Caetanos 01 Tremedal 01 Cândido Sales 01 Vitória da Conquista 05

João Costa foi um dos mais importantes, ou talvez, o mais importante personagem da sua época, não

somente pela sua riqueza, mas sim pelos empreendimentos, quer no combate aos indígenas, quer na

exploração dos sertões, quer nas aberturas de importantes estradas, quer na criação de gado e, personagem

igual a ele, não houve nenhuma outra.

João Gonçalves da Costa atuou em algumas partes dos atuais Municípios de Vitória da Conquista, Belo

Campo, Cândido Sales e Tremedal, mais especialmente no roteiro da estrada que ele construiu de Valo

Fundo até Casca e, com muito interesse, na grande Fazenda Vereda que ficava na região do Mato Cipó de

Belo Campo, onde residiram alguns de seus filhos e, em especial sua filha Faustina Gonçalves da Costa.

O casamento do rico capitão Antônio Ferreira Campos, proprietário da fazenda Barra da Vereda

[Inhobim e cercanias] com Joana Gonçalves da Costa, filha de João Gonçalves da Costa, antes de 1806,

sugere que, nessa época, a Família Gonçalves Costa estaria residindo na Fazenda Vereda [Belo Campo], uma

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vez que o arraial de Conquista estava se iniciando e, também, talvez pelo fato da Fazenda Vereda e da

Fazenda Barra da Vereda serem confinantes.

O que seria bem possível em vista de que:

'Os mais abastados seguramente residiam em fazendas, ao lado de filhos e escravos no

comando das atividades diárias sem, contudo, ostentar o nível de riqueza'.

Outro magnífico feito de João Gonçalves da Costa foi o de ter doado terras e, juntamente com outros,

fornecido dinheiro para a construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória [que teve inicio em 1803]

e de, também, formar um arraial em torno dessa Matriz que foi visitado pelo príncipe alemão Maximilian

Wied-Neuwied, em março 1817, e, por esse e outros feitos, é considerado o 'fundador' da atual cidade de

Vitória da Conquista.

No ano de 1808, João Gonçalves da Costa foi residir, na Fazenda Cachoeira, em terras do atual

Município de Manuel Vitorino e ali permaneceu até sua morte ocorrida em 1819.

O Príncipe Maximiliano que foi recepcionado pelo Coronel João Gonçalves da Costa e por seu filho

Capitão-Mor Miranda na Fazenda Cachoeira e, referindo-se a eles, anotou em seu trabalho 'Viagem ao

Brasil', pág. 449:

'A lembrança desses homens de bem vive mesmo em afastadas terras, onde ficará imperecível o

reconhecimento a que tem direito'.