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Artigo escrito após leitura do livro "Jornalismo Cultural" de Daniel Piza.
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Jornalismo Cultural – Democrático e Colaborativo
Jeniffer Santos
O jornalismo cultural surgiu nas páginas dos jornais brasileiros a partir de 1950
através de cadernos culturais durante as edições semanais e principalmente no final de
semana. O jornal que levou bastante a sério esse caderno foi o Jornal do Brasil que
lançou o Caderno B em 1956. O Caderno B fez sucesso por ter como colaboradores
grandes nomes da literatura, política e arte daquela época, como Clarice Lispector e
Ferreira Gullar.
O caderno do JB funda uma tendência dentro do cenário das publicações,
abrindo frente para outras experiências, como a do Suplemento Literário de O
Estado de S. Paulo, dirigido por Décio de Almeida Prado. E para o
aparecimento de nomes importantes da crítica cultural, como Paulo Francis,
que inicia sua carreira como crítico de teatro no Diário Carioca em 1957 e
Imagem do blog ComCuca
passa, posteriormente, por Última Hora, Pasquim, Rede Globo e GNT.
(ANCHIETA, 2007, p. 2)
As produções em jornalismo cultural consistem basicamente em críticas,
resenhas, de livros, peças de teatro, filmes, artes plásticas e tudo o que for denominado
cultura. A crítica e a opinião são marcas deste tipo de jornalismo por isso os textos são
além das resenhas, crônicas, artigos que sempre vão deixar claro o posicionamento do
jornalista sobre uma obra.
Os cadernos de jornais e revistas dedicados a esse tipo de produção possuem
mais liberdade na diagramação e na forma de escrever. Uma função do jornalismo
cultural é tornar acessível a todos o que está acontecendo na cidade, região, país
relacionado à cultura e não apenas ficar restrito aos grandes salões culturais, bibliotecas,
academias e galerias de arte. Assim como levar a arte da periferia, por exemplo, para
conhecimento das pessoas que só freqüentam os lugares chamados elitizados. Deve
existir uma produção democrática que apresente a todos os públicos todos os pontos
culturais elitizados ou não que existam em determinada região.
A leitura do jornal todos os dias é habito de várias pessoas seja ele impresso ou
digital. E é inevitável que alguém não procure o caderno especializado em cultura para
ver o filme que está em cartaz, a peça, os shows que vão acontecer. Então vemos
claramente que é também uma das funções do jornalismo cultural prestar um serviço de
divulgação. E também há quem procure a opinião especializada sobre determinado
lançamento de livro, cd e etc.
O jornalismo cultural também estar presente na internet, o que de certa forma
ajudou a expandir um pouco a produção já que não é mais preciso se preocupar com
espaço no jornal e nem números de páginas. Hoje existem sites especializados voltados
somente para produções culturais, a exemplo o Digestivo Cultural, onde encontramos
resenhas de livros, entrevistas com escritores, criticas a CDs e etc. O Digestivo é um
site de sucesso, alcançou 1 milhão e 500 páginas visualizadas no final de 2009 o que
nos leva a acreditar que existe um grande público interessado em produções culturais,
falta apenas que alguns jornais dêem mais espaço aos chamados cadernos 2.
Também a internet, na peneira, tem servido bastante como caminho
alternativo para o jornalismo cultural... Incontáveis sites se dedicam a livros,
artes e idéias, formando fóruns e prestando serviços de uma forma que a
imprensa escrita não pode, por falta de interatividade e espaço (PIZA, 2003,
p. 31).
Podemos observar um jornalismo cultural colaborativo na internet onde há sites,
inclusive de jornais impressos de grande circulação, que abrem espaço para que o
internauta mande sua opinião sobre alguma peça de teatro, exposição, filme que tenha
visto, além dos comentários onde o leitor pode expressar seu ponto de vista e ainda ler o
de outras pessoas, gerando uma interação entre o autor do texto e leitores. Na seção
especial de cultura do site A Tarde online (jornal impresso de grande circulação na
Bahia) os leitores podem enviar sugestões de eventos, além da opinião sobre algum que
tenha ido. Essas opiniões são feitas através dos comentários mesmo, não há uma coluna
especifica para esses textos, mas já é um ponto positivo entre o jornalismo cultural e a
colaboração dos leitores. O Digestivo citado anteriormente também abre espaço para
textos dos leitores.
WWW.atarde.com.br
O jornalista que se propuser a escrever sobre cultura deve estar disposto a
conhecer variadas formas de expressões de arte esteja ela onde estiver. “... cultura é
expandir horizontes, até mesmo para enxergar melhor o seu entorno. O jornalismo
cultural deve se nutrir disso” (PIZA, 2003, p. 62).
Fazer críticas a livros, filmes, peças de teatros não deve ser apenas um exercício
para catalogar o que pode ser bom ou ruim do ponto de vista de algum jornalista, mas
deve ser encarado como uma forma de colocar a conhecimento do público todo o tipo
de produção cultural seja ela atual ou antiga. Com a ajuda da internet o jornalismo
cultural tende a expandir não só na questão de ter mais espaço, como também de
divulgar produções culturais que não estão nas páginas dos jornais impressos porque
estes não o julgam como algo comercial.
Referências:
ANCHIETA, Isabelle. Jornalismo cultural: por uma formação que produza o encontro da clareza do
jornalismo com a densidade e a complexidade da cultura. Disponível em: http://migre.me/w0Gw
PIZA, Daniel. Jornalismo Cultural.1ª Ed.2003.