44
PALESTRA: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique Por: Ricardo Riso (Ricardo Silva Ramos de Souza)* Dia: 24/11/2009 – às 14h * Autor do blog http://ricardoriso.blogspot.com; integrante do conselho editorial e colunista da revista acadêmica África e Africanidades http://www.africaeafricanidades.com; colunista do jornal cabo-verdiano A Nação. E-mail: [email protected] “6º Festival de Teatro de Duque de Caxias" SESC/Duque de Caxias

Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Palestra ministrada por Ricardo Riso no 6º Festival de Teatro de Duque de Caxias

Citation preview

Page 1: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

PALESTRA: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Por: Ricardo Riso (Ricardo Silva Ramos de Souza)*

Dia: 24/11/2009 – às 14h

* Autor do blog http://ricardoriso.blogspot.com; integrante do conselho editorial e colunista da revista acadêmica África e Africanidades – http://www.africaeafricanidades.com; colunista do jornal cabo-verdiano A Nação. E-mail: [email protected]

“6º Festival de Teatro de

Duque de Caxias"SESC/Duque de Caxias

Page 2: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

ÁFRICA

Page 3: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

AngolaLocalização: costa ocidental africana.Área: 1.246.700 km2Ano de chegada dos portugueses: 1482Independência: 11/11/1975Capital: LuandaSubdivisão: 18 províncias – Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Cuando-Cubango, Kwanza-Norte, Kwanza-Sul, Cunene, Huambo, Huíla, Luanda, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Malange, Moxico, Namibe, Uíge e Zaire.População: 15.941.000 (2005)Grupos Étnicos: 90% Bantu (Ovimbundo, Ambundo, Bacongo, Quiocos); mestiços; Khoisan (bosquímanos) e 3% descendentes de europeus.Línguas nacionais: mais de 20, destacam-se Umbundo (centro-sul), Quimbundo (centro-sul), Quicongo (norte) e Tchokwe (leste)Clima: árido, úmido e floresta tropical.Recursos naturais: café, cana-de-açúcar, milho, sisal, óleo de coco, algodão, tabaco, borracha, petróleo, diamante, minério de ferro, cobre, feldspato, fosfato, ouro, bauxita e urânio.Indústria: cimento, madeira, refinamento de petróleo.Exportação: petróleo, diamante, café.

Page 4: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Trata-se da consolidação do sistema literário angolano, tendo o ano de 1948 como fundamental pois surge a Associação dos Naturais de Angola (ANANGOLA), com o lema Vamos descobrir Angola. Os poetas voltam-se para os problemas da população oprimida, cantam as belezas do país e das raízes africanas. Há um olhar sensível às desigualdades do continente africano, sendo comum a todos os países colonizados. Há um flerte com o pan-africanismo e a negritude.Autores que se destacaram: Agostinho Neto, Viriato da Cruz, António Cardoso e António Jacinto.

Espaços de África–Antonio Ole

Page 5: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Minha mãe(as mães negrascujo os filhos partiram)Tu me ensinaste a esperarComo esperaste nas horas difíceis

Mas a vida Matou em mim essa mística esperança

Eu já não esperoSou aquele por quem se espera

Sou eu minha MãeA esperança somos nósOs teus filhosPartidos para uma fé que alimenta

[a vida (...)

AmanhãEntoaremos hinos à liberdadeQuando comemorarmosA data da abolição desta escravatura

Nós vamos em busca de luzOs teus filhos mãe(todas as mães negrascujos filhos partiram)Vão em busca de vida

(NETO, Agostinho. Adeus à hora da largada. In: Sagrada Esperança. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1986. p. 13-14)

Page 6: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

O dia 4/2/1961 marca o início da luta armada contra o colonialismo. O MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola) assume a liderança dos combates e vários de seus quadros são formados por escritores, dentre eles, o seu líder, Agostinho Neto, que viria a ser o primeiro presidente do país independente. A poesia passa a ser uma arte necessária, engajada aos ideais revolucionários, a um eu coletivo e à conscientização do povo contra o jugo colonial português. Começa a concretizar-se o sonho da pátria livre.Alguns autores que despontaram neste período: Luandino Vieira, Arnaldo Santos, Costa Andrade.

Imagem: Avenida dos Combatentes, Luanda

Page 7: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Às casas, às nossas lavras às praias, aos nossos campos havemos de voltar

Às nossas terras vermelhas do café brancas de algodão verdes dos milharais havemos de voltar

Às nossas minas de diamantes ouro, cobre, de petróleo havemos de voltar

Aos nossos rios, nossos lagos às montanhas, às florestas havemos de voltar

À frescura da mulemba às nossas tradições aos ritmos e às fogueiras havemos de voltar

À marimba e ao quissange ao nosso carnaval havemos de voltar

À bela pátria angolana nossa terra, nossa mãe havemos de voltar

Havemos de voltar À Angola libertada Angola independente

(NETO, Agostinho. Havemos de Voltar. In: Sagrada Esperança. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1986. p. 126)

Page 8: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

A distopia marca a produção poética a partir dos anos 1980. O desencanto com a política e a cruel guerra civil que assolou o país até o ano de 2002 atinge profundamente as letras angolanas, deixando profundas cicatrizes nos textos. Entretanto, nos escritores dessa geração há um cuidado estético rigoroso, elaborado, recheado de experimenta-lismos, metáforas surrealizantes e corporizações plásticas de palavras, sem jamais abandonar a ironia e a denúncia da corrupção e das contradições do poder.Escritores: João Tala, Paula Tavares, Ondjaki, João Melo, entre outros.

Sem Título - Fernando Alvimhttp://www.artafrica.info/html/artistas/

artistaficha.php?ida=106

Page 9: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

KIMPA VITA: O padre diz que as nossas crendices antigas não têm qualquer valor (...). E sei que Deus está a ser traído por aqueles que o trouxeram até nós. Eles não o respeitam e tratam mesmo de usá-lo contra nós, para se apoderarem das nossas terras e dos nossos irmãos...MULHER 2: E fui eu dar ao padre aquela pepita (de ouro) noutro dia. (...)MULHER1: Não vão descansar enquanto não descobrirem de onde veio.KIMPA VITA: Ela tem toda razão. Esses brancos estão (...) cada vez mais insolentes, mais violentos. (...) Muitos estão a ser caçados e levados à força para fora daqui, sabe-se lá para onde. (...) E os padres aprovam. E rezam-lhes missas na hora da partida. Jesus, para ter sofrido tanto, só podia ter sido negro. Só um negro pode sofrer o que ele sofreu. (...)MULHER 1: Tu viste-o na cruz, lá na igreja. É bem branco.KIMPA VITA: Isso é só uma imagem. Feita pelos brancos, é claro. Se fossemos nós a fazê-la, ia ser preta. Dessa nossa madeira escura, dura como ferro. Deus de certeza que é negro. E mesmo Cristo não nasceu em Belém, mas aqui em Mbanza Congo... e foi baptizado no Nsundi, não na Nazaré. E a mãe dele, Nossa Senhora, nasceu de uma escrava do rei Nzinga Mpangu. E foi também aqui que Deus amassou o barro para criar o homem com as suas próprias mãos.MULHER 2: (admirada) As coisas que tu sabes... mas não seria melhor confirmar isso com o senhor padre?KIMPA VITA: O padre é branco e os brancos não sabem nada dessas coisas. Os brancos têm origem numa pedra bruta chamada ‘fuma’ e nós, os negros, nascemos de duas árvores, uma negra e outra vermelha, a ‘nsanda’ e a ‘nkula’, que têm as raízes ligadas aos espíritos da terra, os ‘Nkisi-Nsi’.(ABRANTES, José Mena. Kimpa Vita – a profetisa ardente. In: Elinga-Teatro – performances do teatro angolano. Belo Horizonte: Nandyala, 2009. p. 27-28)

Page 10: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

“As mesmas palavras largadas ao chão cheias de [caminhos.

As mesmas palavras esquecidas largadas nos [caminhos.

Palavras boçais repletas de tempestades.Palavras insatisfeitas repetidas nos comíciosfebris palavras convulsivas palavras complicadaspalavras vazias destemperadas incertezas;o tédio das palavras muitas palavras!Todas essas palavras como nos ofuscaramninguém mais se lembra. Esquecemo-las nos

[comícios.Nunca mais lhe daremos o valor da palavra

[humanacom nossas vidas lidas nos comícios. Nunca mais.”

(TALA, João. Lugar Assim. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2004. p. 29)

Page 11: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Desintegrações II – Antonio OleTécnica mista s/tela. 2004. http://www.artafrica.info/html/artistas/artista.php?ida=143Nasceu em Luanda em 1951. Trabalhos de desenho, pintura, escultura, colagem, instalação, fotografia, vídeo e cinema. Apropria-se da arte tradicional para recriá-la como estímulo para desenvolver um discurso contemporâneo adequado ao seu tempo e à sua circunstância. Os elementos em sua obra evocam o período colonial, a escravatura, a guerra, a destruição, a pobreza, a capacidade de resistir e sobreviver.

Page 12: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

O Doutor Chico, em vez de dirigir convenientemente a ELMA,

U.E.E., como rezam os manuais de gestão da coisa pública (pelo

menos desde que o capitalismo, nos principais centros, se

civilizou), utilizou o seu cargo de director-geral, desde o primeiro

dia, para resolver os inúmeros problemas pessoais, ou seja, para

se safar, como costuma afirmar o já várias vezes mencionado

povo em geral. É por isso que, a partir de uma dada altura,

quando a roubalheira passou a ser feita às escâncaras, isto é,

quando a gestão se transformou, digamos assim, em simples

“mamação”, os trabalhadores o apelidaram de “Chico Mamão” (o

que, obviamente, não tem nada a ver com a fruta homônima).

(...) De igual modo não apontarei o meu dedo acusatório aos

variados indícios do seu espantoso, gradual e consistente

enriquecimento nos últimos dez anos.

(MELO, João. O rabo do chefe. In: The serial killer e outras estórias risíveis

ou não. Lisboa: Caminho, 2004. p. 34-35)

Page 13: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Phree Style - Instalação. - Yonamine nasceu em Luanda, em 1975. É autodidata, tendo-se iniciado em artes gráficas em Luanda. Apresenta características do neo-expressionismo: pincelada descompromissada em momentos de intensa gestualidade; utiliza-se do grafismo.

Page 14: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Acordei com os pingos da chuva a me bombardearem as pernas e as

bochechas. De repente, começou a cair uma carga d’água daquelas

valentes. Fui pra baixo do telheiro e fiquei a ver a água cair. Lembrei-

me imediatamente do Murtala: na casa dele, quando chove, só podem

dormir sete de cada vez, os outros cinco esperam todos encostados na

parede onde há um tectozinho que lhes protege. Depois é a vez dos

outros dormirem, assim mesmo, juro, sete de cada vez. Sempre que

chove de noite, o Murtala, no dia seguinte, dorme nos três primeiros

tempos.

Ao ver aquela tanta água, lembrei-me das redacções que fazíamos

sobre a chuva, o solo, a importância da água. Uma camarada professora

que tinha a mania que era poeta dizia que a água é que traz todo

aquele cheiro que a terra cheira depois de chover, a água é que faz

crescer novas coisas na terra, embora também alimente as raízes dela,

a água faz “eclodir um novo ciclo”, enfim, ela queria dizer que a água

faz o chão dar folhas novas. Então pensei: “Epá... E se chovesse aqui

em Angola toda...?” Depois sorri. Sorri só.

Ondjaki. Bom dia camaradas. Rio de Janeiro: Agir, 2006. p. 136-137.

Page 15: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Kiluanji Kia HendaNasceu em Luanda em 1979, vive entre Lisboa e Luanda. Preocupa-se em registrar as diferenças sociais do momento neoliberal de Angola, assim como, registrar a população luandense realizando um trabalho com forte viés etnográfico. Integra, com Yonamine, o grupo osinternacionalistas.blogspot.com

Page 16: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Cabo Verde:Localização: arquipélago no oceano Atlântico, a oeste do Senegal

Área: 4.033 km2

Ano de chegada dos portugueses: 1462

Independência: 05/07/1975

Capital: Praia

Subdivisão: 10 ilhas de origem vulcânicas, pequenas e montanhosas.

População: 475.948 (2005); emigração maciça, com mais cabo-verdianos no exterior do que no arquipélago.

Grupos étnicos: descendentes de africanos escravizados e de senhores portugueses

Língua nacional: crioulo cabo-verdiano

Clima: quente e seco, árido ou semi-árido

Recursos naturais: pouca vegetação, peixes

Indústria: alimentos e bebidas, pesca, calçados e roupas, sal, mineração e reparo de navios

Exportação: combustível, calçados, roupas, peixes e couro

Page 17: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Em 1936, é lançada a revista “Claridade”, marco do modernismo literário e do início da cabo-verdianidade. Seus criadores principais, os “claridosos”: Jorge Barbosa, Manuel Lopes e Baltazar Lopes são fortemente influenciados pelo modernismo brasileiro das gerações de 22 e 30. A renovação estético-cultural das nossas letras, principalmente as de Manuel Bandeira, inspirou os poetas do arquipélago que criaram o Pasargadismo. Além disso, há uma relação ambígua com o mar, que ao mesmo tempo aprisiona e liberta. Apresentam-se os dilemas do ilhéu: o terralongismo e a insularidade; ou seja, a prisão pela condição de estar ilhado e a vontade de sair das ilhas, uma ânsia de emigração e/ou evasão.

Imagem: mulheres em mercado na Cidade da Praia, capital de Cabo Verde.

Page 18: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Ai o marque nos dilata sonhos e nos sufoca desejos!

- Ai a cinta do marque detém ímpetosao nosso arrebatamento

e insinuahorizontes para ládo nosso isolamento!

(Convite da viagem apetecidaque se não faz.)

- Ai o cânticoestranhodo Atlântico,que se não cala em nós!

Talvez um diainesperado redemoinho de águas

passeborbulhante,envolvente,

alguma onda mais altase levante...

Talvez um dia...

- Quem sabe!...

(BARBOSA, Jorge. O mar. In: ANDRADE, Mario de. Antologia Temática de Poesia Africana, Vol. 1 – Na Noite Grávida de Punhais. Lisboa: Sá da Costa, 1977. 2ª ed. p. 19)

Page 19: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Eu não te quero malpor esse orgulho que tu trazes;porque este ar de triunfo iluminadocom que voltas... ...O mundo não é maiorque a pupila dos teus olhostem a grandezada tua inquietação e das tuas revoltas. ...Que teu irmão que ficousonhou coisas maiores ainda,mais belas que aquelas que conheceste...Crispou as mãos à beira do mare teve saudades estranhas, de terras estranhas,com bosques, com rios, com outras montanhas– bosques de névoas, rios de prata, montanhas de oiro – que nunca viram teus olhos no mundo que percorreste... (LOPES, Manuel. Poema de quem ficou. In: ANDRADE, Mario de. Antologia Temática de Poesia Africana Vol. 1 – Na Noite Grávida de Punhais. Lisboa: Sá da Costa, 1977. 2ª ed. p. 27)

Page 20: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Abraão Vicente http://abraaovicenti.blogspot.com/2007_01_01_archive.html

Page 21: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Na década seguinte o grande lema é o ficar para resistir que se inicia com a revista “Certeza” (1944), propondo a revalorização da cultura cabo-verdiana, o nacionalismo e a liberdade do sistema colonial português.Os poetas são enfáticos, contestam a postura “claridosa” – não vou para Pasárgada –, acusando-a de evasionista. Autores: Ovídio Martins, Arménio Vieira, Mário Fonseca, Onésimo da Silveira etc.

Imagem ao lado: campo de concentração de Tarrafal de Santiago

Pedirei Suplicarei Chorarei

Não vou para Pasárgada

Atirar-me-ei ao chãoE prenderei nas mãos convulsasErvas e pedras de sangue

Não vou para Pasárgada

Gritarei Berrarei Matarei

Não vou para Pasárgada(MARTINS, Ovídio. Anti-evasão. In: ANDRADE, Mario de. Antologia Temática de Poesia Africana Vol. 1 – Na Noite Grávida de Punhais. Lisboa: Sá da Costa, 1977. 2ª ed. p. 27)

Page 22: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Estendemos as mãosdesesperadamente estendemos as mãos

por sobre o marAs ondas não são murossão laçosde sargaçosque servirão de leiteà grande madrugadaNosso amor de liberdade

e de justiçaserá contempladoe nosso povo terá direito ao pãoPovo que trabalha

Mas não comePovo que sonha

e obteráTemos a ternura das nossas ilhastemos as certezas das nossas rochasEstendemos as mãosdesesperadamente estendemos as mãoscaboverdianamente estendemos as mãos

por sobre o mar.

(MARTINS, Ovídio. Unidos venceremos. In: ANDRADE, Mario de. Antologia Temática de Poesia Africana Vol. 2 – O canto armado. Lisboa: Sá da Costa, 1979. p. 142)

Page 23: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Motim – Manuel Figueira

Óleo s/tela. 1964.

Page 24: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Com o país independente há um momento inicial de cantalutismo, saudando as glórias da nova nação. A partir de meados da década de 1980 a poesia amplia seus temas e busca novas formulações estéticas versando sobre temas universais, existencialistas e metapoéticos. Surge a geração mirabílica, da antologia Mirabilis – de veias ao sol que, além das características citadas, apresenta uma poesia de cariz irônico e distópico por causa das promessas não cumpridas pela revolução. Autores: José Luiz Tavares, Dina Salústio, Mário Lúcio Sousa etc.O Banquete – Tchalê Figueiraacrílico s/ tela, 150x250 cm, 2004http://www.artafrica.info/html/expovirtual/expovirtual.php?ide=4

Page 25: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

QueroUm canto diferentePara Cabo Verde (...)

Já não somosOs flagelado do vento lesteDominamos os ventosJá não somos os contratadosComo animais de carga para o SulConquistamos a dignidade de

[gente (...)

Por issoVou cantarDe forma diferentePara esta Pátria do Meio do MarVou esquecer, enterrarOs lamentos, as lamúriasA tristezaDe quem quer ficarCom o destino de ter de partirNão vou chorar

A pobreza, a fraquezaA secaA natureza madrasta (...)

CantoPara este povoUm canto de alegria (...)

(ALMADA, David Hopffer. Canto a Cabo Verde. Apud: SANTILLI, Maria Aparecida. Literaturas de Língua Portuguesa: marcos e marcas – Cabo Verde: ilhas do Atlântico em prosa e verso. São Paulo: Arte & Ciência, 2007. p.157-160.)

Page 26: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Pinturas de Kiki LimaImagens gentilmente cedidas do acervo digital da Profª Drª Simone Caputo Gomes (USP)

Page 27: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

O barranco olhava-a, boca aberta, num sorriso irresistível, convidando-a para o encontro final. (...)Atirar-se-ia pelo barranco abaixo. Não perdia nada. Aliás nunca perdeu nada. Nunca teve nada para perder.Disseram-lhe que tinha perdido a virgindade, mas nunca chegou a saber o que aquilo era.À borda do barranco, (...), pensou nos filhos e levou as mãos ao peito.O que tinha a ver os filhos com o coração? Os filhos... Como ela os amava, Nossenhor!Apressou-se a ir ao encontro deles. O mais novito devia estar a chamar por ela.Correu deixando o barranco e o sonho de liberdade para trás.Quando a encontrei na praia, ela esperando a pesca, eu atrás de outros desejos, contou-me aquele pedaço da sua vida, em reposta ao meu comentário de como seria bom montar numa onda e partir rumo a outros destinos, a outros desertos, a outros natais.(SALÚSTIO, Dina. Liberdade adiada. In: Mornas eram as noites. Colecção Lusófona. Lisboa: Instituto Camões, 1999. pp. 7-8)

Page 28: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Pintura (1997) de José Maria Barretohttp://www.artafrica.info/html/artistas/artistaficha.php?ida=26

Page 29: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Os sonhos fedem à chuvae os braços apodrecemante o frágil tornozelo dos subúrbios(...)

os sonhos fedemno aglomerado acocorado dedesânimoante a futilidade dos mesese a inadiável fomede todos os diase eis-nos, de órbitas alagadas,sem saber o que fazerda turva humidadee do vazio que com os sonhosfenecem

(ALMADA, José Luís Hopffer C. Anti-chuva. In: À sombra do sol. Vol I. Cidade da Praia: Voz di Povo, 1990. p. 52)

Page 30: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

O Profeta dos Bichos – Tchalê Figueira

Tchalê Figueira saiu de seu país em direção à Europa ao atingir a idade de alistamento militar para não servir às forças armadas portuguesas, no final do colonialismo. Em sua pintura, temos contato com o expressionismo acentuado nas cores e formas; quebra da perspectiva; caracterização de máscaras nas faces das figuras; formas exageradas da figuração humana; figuras zoomorfas; erotização; certo surrealismo; além de valorizar a representação dos desfavorecidos da sociedade que ambientam a Rua da Praia, local de seu ateliê, que são: contraban-distas, prostitutas, pescadores e ociosos. Segundo Mário Lúcio Sousa, “A pintura de Tchalê é ficção permanente, nua e crua realidade cotidiana. Surrealismo na esquina. Tchalê trouxe um dos mais importantes elementos estéticos da arte caboverdeana do séc. XX: ele cria personagens, (...) mas que têm a virtude de representar toda a gente, de ditadores a mendigos, de proletário (pobretário é um termo do Tchalê) a apaixonado.”

acrílico s/ tela, 200x150 cm, 2004http://www.artafrica.info/html/expovirtual/

expovirtual.php?ide=4

Page 31: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

MoçambiqueLocalização: costa oriental africana.Área: 799.390 km2Ano de chegada dos portugueses: 1498Independência: 25/06/1975Capital: MaputoSubdivisão: 10 províncias – Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Tete, Zambézia, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo.População: 19.420.036 (2005)Grupos Étnicos: macuas, angones, macondes, aianas, tongas muchopes e outros; indianos, árabes e europeus.Línguas nacionais: ronga, changana, macua, sena e outras.Clima: tropical e úmido (norte e costa), tropical seco (interior e sul), chuvas (out. a abril), seca (maio a set.)Recursos naturais: energia hidrelétrica, gás, carvão, algodão, castanha de caju, mandioca; minerais (sal, pedras preciosas e semi-preciosas, bauxita, grafite e outros).Indústria: alimento e bebida, têxtil, vestuário e tabaco.Exportação: camarão, algodão, caju, açúcar.

Page 32: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Intensificam-se as

primeiras manifestações

nacionais e de resistência

cultural, valorizam-se a

terra e a cultura local a

partir dos anos 1950.

Apesar da repressão

salazarista, surgem os

primeiros sentimentos de

moçambicanidade e de se

assumir africano.

Autores: José Craveirinha,

Rui Knopfli e Noémia de

Sousa.

Imagem ao lado: embondeiro, árvore sagrada. No Brasil é conhecido como baobá. (...)

Page 33: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Noite morna de Moçambiquee sons longínquos de marimbas chegam até mim- certo e constantes – vindos não sei eu donde.Em minha casa de madeira e zinco,abro e deixo-me embalar...Mas vozes da América remexem-me a alma e os nervos.E Robeson e Marian cantam para mim sprituals negros de Harlem.“Let my people go”- oh deixa passar o meu povo! –dizem.E eu abro os olhos e já não posso dormir.Dentro de mim, soam-me Anderson e Paule não são doces vozes de embalo.“Let my people go”!

Nervosamente,eu sento-me à mesa e escrevo...Dentro de mim, deixa passar o meu povo,“oh let my people go…” (...)

Escrevo...Na minha mesa, vultos familiares se vêm debruçar.Minha Mãe de mãos rudes e rosto cansadoe revoltas, dores, humilhações,tatuando de negro o virgem papel branco. (...)E enquanto me vierem de Harlem vozes de lamentaçãoe meus vultos familiares me visitaremem longas noites de insónia,não poderei deixar-me embalar pela música fútildas valsas de Strauss.Escreverei, escreverei,com Robeson e Marian gritando comigo:Let my people go,OH DEIXA PASSAR O MEU POVO!

(SOUSA, Noémia de. Deixa passar o meu povo. In: ANDRADE, Mario de. Antologia Temática de Poesia Africana Vol. 1 – Na Noite Grávida de Punhais. Lisboa: Sá da Costa, 1977. 2ª ed. p. 153-154)

Page 34: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Tambor está velho de gritarOh velho Deus dos homensdeixa-me ser tamborcorpo e alma só tamborsó tambor gritando na noite quente dos trópicos.

Nem flor nascida no mato do desesperoNem rio correndo para o mar do desesperoNem zagaia temperada no lume vivo do desesperoNem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.

Nem nada!

Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terraSó tambor de pele curtida ao sol da minha terraSó tambor cavado nos troncos duros da minha terra.

EuSó tambor rebentando o silêncio amargo da MafalalaSó tambor velho de sentar no batuque da minha terraSó tambor perdido na escuridão da noite perdida.

Oh velho Deus dos homenseu quero ser tambore nem rioe nem flore nem zagaia por enquantoe nem mesmo poesia.Só tambor ecoando como a canção da força e da vidaSó tambor noite e diadia e noite só tamboraté à consumação da grande festa do batuque!Oh velho Deus dos homensdeixa-me ser tamborsó tambor! (CRAVEIRINHA, José. Quero ser tambor. In: Karingana ua Karingana. Maputo: INLD, 1982. p. 123-124)

Page 35: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Eclode no decorrer da década de 1950 com a afirmação da poesia da moçambicanidade a valorizar a negritude, a denunciar a discriminação racial e a questionar o passado de submissão. Na década posterior, com o início da luta armada (1964), os escritos do período são incisivos na luta contra o colonialismo. É a poesia de combate que deseja a libertação da nação. José Craveirinha é o grande nome desse período.Autores: Albino Magaia, Sebastião Alba, Calane da Silva etc.

Guerrilheiros - momento de decisãoMalangatana

Page 36: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Eu sou carvão!E tu arrancas-me brutalmente do chãoe fazes-me tua mina, patrão.

Eu sou carvão!E tu acendes-me, patrãopara te servir eternamente como força motrizmas eternamente não, patrãoEu sou carvãoe tenho que arder, sime queimar tudo com a força da minha combustão.Eu sou carvãotenho que arder na exploraçãoarder até as cinzas da maldiçãoarder vivo como alcatrão, meu irmãoaté não ser mais a tua mina, patrão.Eu sou carvãoTenho que arderqueimar tudo com o fogo da minha combustãoSim!Eu serei o teu carvão, patrão! (CRAVEIRINHA, José. Grito Negro. In: Xigubo. Maputo: INLD, 1980. p. 13)

Page 37: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Com Luís Carlos Patraquim e Mia Couto a literatura moçambicana liberta-se das temáticas de exaltação do país independente e volta-se para si. Inicia-se uma busca pela “poesia do eu”: intimista, lírica, universal, existencialista. Há também a decepção com a política, a guerra da desestabilização começa nos anos 1970 e só termina em 1992, deixando o país arrasado. Apesar da distopia, o onírico, a beleza e o lirismo persistem na literatura.Autores: Eduardo White, Nelson Saúte entre outros.

Sonhando amanhã sem lágrimas.Acrílico s/tela. 1975. ROBERTO CHICHORRO. Lisboa: Caminho, 1998. p. 54.

Page 38: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. (...)Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. (...)(...) a menina passou a conduzir o cego. Fazia-o com discrição e silêncios. E era como se Estrelinho, por segunda vez, perdesse a visão. Porque a miúda não tinha nenhuma sabedoria de inventar. (...)De manhã chega a notícia: Gigito morrera. O mensageiro foi breve como deve um militar. (...) Até que a ela se chegou o cego e lhe conduziu para a varanda da casa. Então iniciou de descrever o mundo, indo além dos vários firmamentos. Aos poucos foi despontando um sorriso: a menina se sarava da alma. Estrelinho miraginava terras e territórios. Sim, a moça, se concordava. Tinha sido em tais paisagens que ela dormira antes de ter nascido. (...) E quando já havia desvencilhado da tristeza ela lhe arriscou de perguntar: - Isso tudo, Estrelinho? Isso tudo existe aonde?E o cego, em decisão de passo e estrada, lhe respondeu:- Venha, eu vou-lhe mostrar o caminho!(COUTO, Mia. O cego estrelinho. In: Estórias abensonhadas. p. 21-25)

Page 39: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Musicando sonhosacrílico s/tela. 90 x 100 cm.

1997. ROBERTO CHICHORRO. Lisboa:

Caminho, 1998. p. 118.

Nascido em 19/09/1941 no bairro de Malhangalene, subúrbio de Lourenço Marques, atual Maputo. Percebemos a influência de Marc Chagall. Pintura de memória, com cenas da infância, os músicos e as mulatas de sua cidade. Universo onírico com alegorias de pássaros representando os vôos da imaginação.

Obra multifacetada: geometrização cubista, fundo desproblematizado, elementos em livres associações (surrealismo), domínio das vanguardas européias, todavia não o afastaram de sua raiz moçambicana.

Page 40: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Ilha, corpo, mulher. Ilha, encantamento. Primeiro tema para cantar.

Primeira aproximação para ver-te, na carne cansada da fortaleza ida, na

rugosidade hirta do casario decrépito, a pensar memórias, escravos,

coral e açafrão. Minha ilha/vulva de fogo e pedra no Índico esquecida.

(...) Foste uma vez a sumptuosidade mercantil, cortesão impossível

roçagando-se nas paredes altas dos palácios. Sobre a flor árabe e

excisão esboçada com nomes de longe. São Paulo. Fadário quinhentista

de “armas e varões assinalados”. São Paulo e rastilho do evangelho nas

bombardas dos galeões. (...) Ilha, capulana estampada de soldados e

morte. Ilha elegíaca nos monumentos. (...) De oriente a oriente

flagelaste o interior da terra. De Callicut a Lisboa a lança que o vento

lascivo trilhou em nocturnos, espamódicos duelos (...) Porque ao

princípio era o mar e a ilha. Sinbas e Ulisses. Xerazzade e Penélope.

Nomes sobre nomes. Língua de línguas em Macua matriciadas.

(PATRAQUIM, Luís Carlos. Os barcos elementares. In: O osso côncavo e outros poemas. Lisboa: Caminho, 2007. p. 96-97)

Page 41: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Imagem acima: mulheres com máscara m’saho (etnia Macua), Ilha de Moçambique

Imagem ao lado: mesquita na Ilha de Moçambique

Page 42: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

Alquimia de jóias na dança de Ucanho II (2005)

acrílico, pintura corporal, digitalização, impressão litográfica e óleo s/ tela

2,01 X 2,49 m

Naguib AbdulaArtista multifacetado. Além da pintura, que sofre a intervenção de diversos objetos, faz performances e instalações. Inquietante, investiga meios díspares para expressar sua arte. A mulher é representada com exaltação contagiante, onde convive com pássaros, peixes, tartarugas, o embondeiro sagrado, rochas ancestrais e símbolos hieróglifos.Explora a diversidade cultural de sua terra, trabalhando-a de acordo com questões caras à arte contemporânea, instigando o observador à compreensão do universo retratado em suas obras, consequentemente, Moçambique.

Page 43: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AMÂNCIO, Íris Maria da Costa, GOMES, Nilma Lino Gomes, JORGE, Miriam Lúcia dos Santos. Literaturas africanas e afro-brasileira na prática pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

CHAVES, Rita, MACEDO, Tania e VECCHIA, Rejane (Orgs.). A Kinda e a Missanga: encontros brasileiros com a literatura angolana. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2007.

CHAVES, Rita. Angola e Moçambique: experiência colonial e territórios literários. São Paulo: Ateliê Editorial, 2005.

CHAVES, Rita e MACEDO, Tânia. (Orgs.) Marcas da diferença: as literaturas africanas de língua portuguesa. São Paulo: Alameda, 2006.

BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix, Editora da Universidade de São Paulo, 1977.

FERREIRA, Manuel. Literaturas africanas de expressão portuguesa. São Paulo: Ática, 1987.

LARANJEIRA, Pires. Literaturas africanas de expressão portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta, 1995.

LEITE, Ana Mafalda. Poesia angolana: percursos (des) contínuos. In: Revista Poesia Sempre n° 23. Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, 2006.

MEMMI, Albert. Retrato do colonizado precedido do retrato do colonizador. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

PADILHA, Laura Cavalcante. Entre voz e letras – o lugar da ancestralidade na ficção angolana do século XX. Niterói: EDUFF, 1995.

ROZÁRIO, Denira. Palavra de poeta - Cabo Verde e Angola. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil: Fundação Biblioteca Nacional, 1999.

SECCO, Carmen L. T. R. (Org.). Antologia do mar na poesia africana de língua portuguesa do século XX: Cabo Verde. Rio de Janeiro: UFRJ, Coordenação dos Cursos de Pós-Graduação em Letras Vernáculas e Setor de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, 1999. v.2.

SECCO, Carmen L. T. R. A magia das letras africanas – ensaios escolhidos sobre as literaturas de Angola, Moçambique e alguns outros diálogos. Rio de Janeiro: ABE Graph, 2003.

SECCO, Carmen L. T. R. A apoteose da palavra e do canto: a dimensão “neobarroca” da poética de José Craveirinha. In: Revista Via Atlântica n. 5. São Paulo: Universidade de São Paulo, Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, 2002.

SECCO, Carmen L. T. R. (Org.). Antologia do mar na poesia africana de língua portuguesa do século XX: Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: UFRJ, Coordenação dos Cursos de Pós-Graduação em Letras Vernáculas e Setor de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, 1999. v.3.

SEPÚLVEDA, M. C. & SALGADO, M. T. (ORGs). África & Brasil: letras em laços. Rio de Janeiro: Atlântica, 2000.

Page 44: Ler para encenar: introdução às literaturas de Angola, Cabo Verde e Moçambique

SITES E BLOGS:ARTAFRICA - http://www.artafrica.info/ CABO VERDE (site da Profa. Dra. Simone Caputo Gomes/USP) - http://www.simonecaputogomes.com/FUNDAÇÃO MARIO SOARES - http://www.fmsoares.pt/INSTITUTO CAMÕES - http://www.instituto-camoes.pt/JOÃO TALA (blog do escritor angolano) - http://blogtala.blogspot.com/KITÁBU (venda de livros africanos) - http://kitabulivraria.wordpress.com/ LITERATURAS AFRICANAS LÍNGUA PORTUGUESA (blog da Profa. Dra.NORMA LIMA, UNESA) - http://culturaafrobrasileira.blog.terra.com.br/ LIVROS CABO-VERDIANOS - http://livroditera.blogspot.com/ LUÍS KANDJIMBO (escritor angolano) - http://www.nexus.ao/kandjimbo/index_outro.htm MITO (artista plástico cabo-verdiano) - http://www.tanboru.org/mito/ NAGUIB (exposição MAC/USP) - http://www.macvirtual.usp.br/MAC/templates/exposicoes/AfricaBrasil/AfricaBrasil.asp ONDJAKI (escritor angolano) - http://www.kazukuta.com/ondjaki/ondjaki.htmlPEPETELA (escritor angolano) - http://www.pepetela.com.pt/index.phpFILINTO ELÍSIO (escritor cabo-verdiano) - http://albatrozberdiano.blogspot.com/REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA - http://www.realgabinete.com.br/ REVISTA ÁFRICA 21 - http://www.africa21digital.comREVISTA ÁFRICA E AFRICANIDADES - http://www.africaeafricanidades.com/index.htmlREVISTA CRIOULA (revista da USP) - http://www.fflch.usp.br/dlcv/revistas/crioula/index.php REVISTA VIA ATLÂNTICA (revista da USP) - http://www.fflch.usp.br/dlcv/posgraduacao/ecl/index.htmlROBERTO CHICHORRO (artista plástico moçambicano) - http://www.chichorro.comSARARAU (site da Profa. Dra. Claudia Fabiana) - http://www.sararau.com.br/SOSO ARTE CONTEMPORÂNEA - http://www.soso-artecontemporaneaafricana.com/TCHALÊ FIGUEIRA (blog do artista plástico e escritor cabo-verdiano) - http://tchale.blogspot.com/UNIÃO DOS ESCRITORES ANGOLANOS - http://www.uea-angola.org/