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Módulo 01 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Conhecimentos Gramaticais portugues.indb 1 5/25/12 3:24 PM

Língua portuguesa conhecimentos gramaticais (1)

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Módulo 01

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

ConhecimentosGramaticais

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Elaboração de Originais - Módulo 01

Ciências Humanas e suas TecnologiasAlfredo C. de Souza Rosa , Carlos Eduardo Bastos, Josemir Cunha, Rui Alcides da Costa

Ciências da Natureza e suas TecnologiasFernando de Sá Moreira, Francisco Alice, Francislan Eduardo Isotton, Paulo Cesar Penteado, Williann L. Volpato

Linguagens, Códigos e suas TecnologiasAlencar Schueroff, Fatima Duarte Goulart, Mauricio Pierucci Sobrinho, Regina Brasil

Matemática e suas Tecnologias Jorge Paulino da Silva Filho, Henrique Geraldo Folster Jr. Sergio Luis Sarkis

Projeto GráficoVilson Martins Filho

DiagramaçãoAlice Demaria - Escritório de Design

Rede Passaporte Educacional

DireçãoFatima Rosane Genovez

João Vianney Valle dos Santos

Gerencia Administrativa e FinanceiraMiraci José Valle

Gerência PedagógicaJane Motta

Gerência de EaDVilson Martins Filho

Gerência de OperaçõesArthur E. F. Silveira

Gerência de Relacionamento com o Mercado

Jeferson Pandolfo

Coordenação de TutoriaPatrícia Nunes Martins

Coordenação de Relacionamento com Polos

Maria Eduarda Klann Baptistoti

Redes SociaisThiago Jose Loch

Assistente Financeiro e SecretariaRosemary de Oliveira Leite

Assistentes AdministrativosSamoel Raulino

Marina Rupp

Assistente de OperaçõesFrancisco Asp

Equipe de EstúdioLucas Giron, Sergio Flores,

Luiz Fernando Maciel, Cleber Magri

Rede Passaporte Educacional

DireçãoFatima Rosane Genovez

João Vianney Valle dos Santos

Gerencia Administrativa e FinanceiraMiraci José Valle

Gerência PedagógicaJane Motta

Gerência de EaDVilson Martins Filho

Gerência de OperaçõesArthur E. F. Silveira

Gerência de Relacionamento com o Mercado

Jeferson Pandolfo

Coordenação de TutoriaPatrícia Nunes Martins

Coordenação de Relacionamento com Polos

Maria Eduarda Klann Baptistoti

Redes SociaisThiago Jose Loch

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Assistentes AdministrativosSamoel Raulino

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Equipe de EstúdioLucas Giron, Sergio Flores,

Luiz Fernando Maciel, Cleber Magri

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Comunicação HumanaObserve a frase e a imagem a seguir. Depois, relacione-as e conclua a ideia que se estabelece.“A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social.” (Juan Diaz Bordenave)

http://www.praiadosantinho.com.br/praia.php

Cada um desses tipos redaciwonais mantém suas peculiaridades e características. Nesta aula, falaremos, basicamente, do texto narrativo.A palavra “comunicação” origina-se do latim comunnicare e, conforme a etimologia apresentada no dicionário Houaiss, significa “ação de comunicar, de partilhar, de dividir”. Então, podemos definir que comunicação humana consiste em um processo que envolve a troca de pensamentos, conhecimentos, sensações e ideias.Sendo o ato comunicativo a base da vida em sociedade, fica claro o motivo pelo qual o homem cria diferentes linguagens para se fazer compreender.

LinguagemConsiste no conjunto de sinais (códigos) que podemos empregar na comunicação. Esse código pode ser representado por meio da linguagem verbal (oral ou escrita) ou não verbal. Vejamos a seguir alguns exemplos das variadas linguagens: pintura, gestos, cores, símbolos, expressões faciais e corporais, libras, escultura, desenho, fotografia, música, palavra, entre outros exemplos.

“Presságios Favoráveis” (1944), de René Magritte

Observação: Tanto o homem quanto os bichos possuem linguagem, mas apenas os seres humanos são dotados da linguagem verbal.

PalavraConjunto de letras ou sons o qual estabelece uma ideia. A palavra é considerada um signo linguístico, ou seja, para se constituir uma palavra dois elementos inseparáveis se fazem necessários na composição do signo: o significante e o significado. Veja a seguir um esquema dessa situação.

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Assim, o significado é a ideia criada no cérebro da pessoa com base em um estímulo sonoro ou visual ou ambos, que é o significante. Logo, o signo é um símbolo utilizado para substituir a realidade.

LínguaSegundo o dicionário Houaiss, “sistema de representação constituído por palavras e por regras que as combinam em frases que os indivíduos de uma comunidade linguística usam como principal meio de comunicação e de expressão, falado ou escrito”.O português, francês, espanhol, inglês, japonês são exemplos de língua. Veja a seguir a mesma mensagem “Eu te amo” em outras línguas.

Africane – ek het jou lief

Albanês – Të dua

Esperanto – Mi amas vin

Alemão – Ich liebe dich

Italiano – lo ti amo

Francês – Je t´aime

Guarani - Rohayhu

Espanhol – Yo te amo

Inglês – I love you

Elementos do Ato da ComunicaçãoPara que ocorra a comunicação, deve existir a necessidade de interação, ou melhor, uma ação mútua. Em cada ato comunicativo podem os identificar os seguintes elementos:

1- Emissor ou interlocutor: é a pessoa ou grupo de pessoas que envia a mensagem.

2 - Receptor ou interlocutor: é a pessoa ou grupo de pessoas que recebe a mensagem.

3 - Mensagem: é a informação que a pessoa ou grupo de pessoas deseja transmitir.

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4 - Canal de comunicação ou contato: é o meio físico que possibilita a condução da mensagem.

5 - Código: é a linguagem utilizada pelo emissor para se expressar. Essa será recebida pelo receptor. Para que haja a eficácia da comunicação, ambos (emissor e receptor) devem dominar o mesmo código.

6 - Referente ou contexto: é o contexto, o assunto que define a mensagem.

Observação final:Para Fiorin (2005, p.74), quando alguém comunica algo, sua intenção é agir no mundo, isto é, produzir um sentido que influencie outros. Como podemos verificar, o ato comunicativo impulsiona as pessoas a saírem de dentro de si mesmas, motivando-as a construir pontes para interagir com o outro. Sem dúvida, ela favorece a aproximação de culturas, a troca de idéias e o alargamento das visões de mundo que podem abrir caminho para o conhecimento, a convivência harmoniosa e as inovações.(Disponível em:<http://www.orlandoribeiro.trd.br/modules/smartsection/item.php?itemid=3>.Acesso em: 22 fev.2012.)

Exercícios

Questão 1O conhecimento dos componentes do ato de comunicação permite-nos exercer uma avaliação mais consciente de nossa posição nas diferentes situações comunicativas do cotidiano. No caso da leitura da tira de Mafalda, que segue abaixo, assinale V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para a(s)

a) ( ) No segundo quadrinho da tirinha, observamos um diálogo entre pai e filha.

b) ( ) Ainda no segundo quadrinho, o homem assume a posição de emissor.

c) ( ) O código utilizado pela garota (Mafalda) no último quadrinho é a língua portuguesa.

d) ( ) Mafalda assume na história dois papéis do ato comunicativo: o primeiro de ouvinte e, o outro de emissora.

e) ( ) O canal utilizado pelos personagens foi a internet.

Questão 02Com base nos estudo sobre comunicação humana, assinale a alternativa que apresenta uma incorreção.

a) A comunicação só se efetiva quando o receptor entende o significado da mensagem.

b) Não há necessidade de se conhecer o código para compreender o significado de uma mensagem.

c) As mensagens podem ser elaboradas com base em diversos códigos.

d) Para entender bem um idioma, é preciso conhecer suas regras.

e) A fala é o uso individual da língua pelos falantes de uma comunidade linguística.

Questão 3Analise a situação transcrita, considerando os elementos do ato de comunicação. Em seguida assinale a alternativa correta.

falsa(s).

Disponível em:<http://clubedamafalda.blogspot.com/2006_03_01_archive.html>Acesso em 23 fev.2012.)

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Amir enviou um e-mail para sua esposa que está na África. Esse e-mail contém as seguintes palavras: “Amor, chego em dois dias. Tô com saudade! I Love you! Vc é D+. Beijos.”

a) Os códigos, que o emissor usa, são apenas a língua portuguesa e o inglês.

b) O canal utilizado pelo personagem é o meio físico ou virtual, que assegura a transmissão da mensagem. Nesse caso o e-mail encaminhado pelo internet.

c) O destinatário é o Amir.

d) A mensagem, que é o conteúdo transmitido, constitui tudo o que foi escrito pelo remetente.

e) O referente é o contexto, ou seja, o aviso da chegada de Amir da África.

Questão 4Levando-se em consideração os elementos consti-tutivos de um cartaz e a mensagem estabelecida; conclui-se que o autor do cartaz abaixo teve como objetivo:

a) utilizar uma linguagem sintética, amplamente objetiva, contendo informações necessárias para sensibilizar o leitor em relação ao problema do abandono de animais de estimação.

b) criar suspense em relação a um problema social e despertar medo no leitor.

c) Apenas nos informar sobre o problema do abandono de animais.

d) Destacar o emprego da linguagem figurada.

e) Ironizar um problema social, a fim de provocar uma tomada de consciência do leitor para as dificuldades vividas pelos animais de estimação que são abandonados.

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Questão 05(http://f i les.comunidades.net/aulapar ticular) Estabeleça a relação entre as colunas, numerando a segunda de acordo com os elementos do processo de comunicação expressos na primeira:( 1 ) emissor

( 2 ) receptor

( 3 ) código

( 4 ) canal

( 5 ) mensagem

( 6 ) referente

a) ( ) Língua portuguesa formal

b) ( ) Diário Oficial, documentos e publicações

c) ( ) Órgãos Públicos e público em geral

d) ( ) Programas e projetos da Administração Pú-blica

e) ( ) Informações, comunicados e registros

f) ( ) Órgãos Públicos

Anotações

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Variantes LinguísticasToda língua sofre mudanças no decorrer do tempo, e isso ocorre porque ela está em uso e integrada com o cotidiano dos falantes. Sabemos que uma língua não é falada do mesmo modo por todas as pessoas. Ao contrário, dependendo da região, classe social, da idade, do sexo, da época, apresenta variações linguísticas. Podemos dividir em três núcleos: variação histórica, variação regional, variação social e variação estilística.

Variação HistóricaConsiste na transformação da língua através do tempo, ou seja, surgem novas palavras, há o desuso de outras, criam-se sentidos diferentes para um mesmo vocábulo, muda-se a ortografia.

(Capital Paulista: revista mensal de artes e letras. São Paulo, julho/ 1899)

Variação RegionalConsiste nas diferentes formas de pronúncia (sotaque), de vocabulário e de estrutura sintática, em razão da região geográfica em que a língua é usada.

(Disponível em:<http://descomplicandoared.blogspot.com/2011/01/o-modo-de-falar-do-

brasileiro.html >Acesso em 27 fev. 2012.)

Variação Social Relaciona-se a fatores sociais, como idade, sexo, grau de escolaridade, grupo social, grupo profissional, etnia, etc.Veja uma frase nos moldes jurídico e a mesma situação na linguagem popular:- O fato ocorreu em legítima defesa.- Bateu, levou!

Anotações

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(Disponível em:< http://www.ingenuidade.com.br/20-a-30-linhas-dicas-gerais/>Acesso em 27 fev.

2012.)

Variação EstilísticaConsiste no modo formal ou informal de falar ou escrever em uma situação de uso da língua. Dependendo do grau de intimidade, do tipo de assunto, do ambiente familiar ou profissional e de quem são seus interlocutores, a língua será adequada ao contexto. Então, uma mesma pessoa irá usar a língua de variadas maneiras. Um Diplomata não irá se comunicar em serviço da mesma forma familiar que fala em casa com seu filho.

Exercícios

Questão 01Leia o fragmento do texto “Antigamente”, de Carlos Drummond de Andrade.:

AntigamenteAntigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé de alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.

Com base nos estudos de variantes linguísticas, compreende-se que a variante apresentada no fragmento é a:

a) geografia.

b) histórica.

c) estilística.

d) social.

e) geográfica e a social.

Questão 2(Enem/2005) Leia com atenção o texto a seguir.[Em Portugal], você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos — peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola — mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) (Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, no 3, 78.)O texto destaca a diferença entre o português do Brasil e o de Portugal quanto:

a) ao vocabulário.

b) à derivação.

c) à pronúncia.

d) ao gênero.

e) à sintaxe.

Questão 3Leia e analise o poema a seguir. Depois use V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).

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Manuel Bandeira escreve:

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo

Por que ele é fala gostoso o português do Brasil.

Ao passo que nós

O que fazemos

É macaquear

A sintaxe lusíada.

a) ( ) Nos versos 6, 7 e 8, Bandeira critica e denuncia o desapreço às formas populares de expressão.

b) ( ) Língua certa do povo e A sintaxe lusíada representam no poema os níveis de fala, ou seja, os modos variados de um indivíduo usar a língua, de acordo com o meio sociocultural em que ele vive.

c) ( ) Os versos 1 e 2 buscam retratar a forma como o falante adquire a linguagem culta; primeiramente por meio do contato com as pessoas próximas e depois a aprimorando com a leitura de jornais e livros.

d) ( ) O verso 8 estabelece uma relação com a língua portuguesa falada em Portugal.

e) ( ) O gostoso português do Brasil, no texto, faz uma referência à língua padrão usada hoje pelos brasileiros.

Questão 4Sabe-se que no Rio Grande do Sul os guris brincam com pandorga, em São Paulo as crianças brincam com papagaios e no Paraná os piás brincam com pipas ou raias. Com base no estudo de variantes lingüísticas, podemos dizer que, na frase anterior, temos a presença da variante linguística:

a) histórica.

b) social.

c) regional.

d) social e histórica.

e) sociocultural.

Questão 5 (Enem/2009)

A linguagem da tirinha revela:

a) o uso de expressões linguísticas e vocabulário próprios de épocas antigas.

b) o uso de expressões linguísticas inseridas no registro mais formal da língua.

c) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no segundo quadrinho.

d) o uso de um vocabulário específico para situações comunicativas de emergência.

e) a intenção comunicativa dos personagens: a de estabelecer a hierarquia entre eles.

Anotações

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Variantes LinguísticasNorma CultaConsiste na variedade linguística de uso real dos falantes que possuem maior contato com a escrita.

Norma PadrãoÉ a normatização da gramática. O gramático delimita, localiza e identifica quem são os falantes da norma culta, coleta a língua utilizada por eles e fornece uma descrição objetiva e clara da língua.Observação: Com base no conceito de norma padrão, notamos uma situação problema: as normas culta e padrão no Brasil diferem-se em muitos pontos. Isso impede que os estudantes se apropriem de forma efetiva de sua língua como

instrumento de cidadania.

Níveis de linguagemAo usarmos a linguagem verbalizada, podemos registrá-la de forma falada ou escrita. Ambas se ap-resentam aos contextos linguísticos, basicamente, de duas maneiras: de forma culta ou de forma co-loquial.- nível culto: prima pela correção gramatical, pela ausência de gírias e de expressões ou termos regionalistas. As frases são mais bem elaboradas e o vocabulário mais rico. Encontramos esse tipo de linguagem nos livros, nas revistas, nas palestras, nas provas, na entrevista de empregos, dentre outras situações mais formais.- nível coloquial: dispensa formalidades, aceita ter-mos regionais, gírias. É uma maneira mais descon-traída e informal de usar a língua. Empregamos essa situação no bate-papo diário, na conversa familiar, no bilhete a alguém próximo, etc.Observação: Cabe a cada usuário da língua avaliar o contexto de uso e escolher a forma de expressão mais apropriada. Afinal, paralelamente à sua condição de sistema de unidades e regras combinatórias, a língua é expressão da imagem que os interlocutores fazem da situação social em que se encontram – ou seja, uma forma de comportamento -, e como tal

requer de seus usuários discernimento para adequar as formas que empregam à situação e à finalidade do ato comunicativo. É nisso que consiste a competência verbal de um cidadão. (AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008, p.66.)

Exercícios

Questão 1 (Enem/ 2009) A escrita é uma das formas de expressão que as pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar, descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se necessário para que se use a língua nas mais diversas situações comunicativas.Considerando as informações acima, imagine que você está à procura de um emprego e encontrou duas empresas que precisam de novos funcionários. Uma delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao redigi-la, você:

a) fará uso da linguagem metafórica.

b) apresentará elementos não verbais.

c) utilizará o registro informal.

d) evidenciará a norma padrão.

e) fará uso de gírias.

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Questão 2Os dois níveis de fala, o coloquial e o culto, são determinados pela cultura e formação escolar dos falantes, pelo grupo social a que eles pertencem e pela situação concreta em que a língua é utilizada. Um falante adota modos diferentes de falar dependendo das circunstâncias em que se encontra. Leia os quadrinhos a seguir, observando a utilização do nível coloquial e, por fim, transporte as falas das personagens para o culto.

http://www.radicci.com.br/tirinhas.asp

Questão 3 Leia a letra de música a seguir e responda o solicitado.

Quando você vemPra passar o fim de semanaEu finjo que tá tudo bemMesmo dura ou com granaVocê ignora tudo que eu faço Depois vai embora Desatando os nossos laçosQuero te encontrarQuero te amarVocê pra mim é tudoMinha terra, meu céu, meu mar(Buchecha)

a) Identifique e corrija a linguagem coloquial apresen-tada na letra de música.

b) Justifique o coloquialismo empregado pelo autor.

Questão 4 (Enem/ 2009)

Iscute o que tô dizendo,Seu dotô, seu coroné:De fome tão padecendoMeus fio e minha muié.Sem briga, questão nem guerra,Meça desta grande terraUmas tarefa pra eu!

Tenha pena do agregadoNão me dêxe deserdadoDaquilo que Deus me deu.(PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis e outros poemas. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2008 (fragmento).

A partir da análise da linguagem utilizada no poema, infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma variedade linguística específica. Esse falante, em seu grupo social, é identificado como um falante:

a) escolarizado proveniente de uma metrópole.

b) sertanejo morador de uma área rural.

c) idoso que habita uma comunidade urbana.

d) escolarizado que habita uma comunidade do interior do país.

e) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país.

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Questão 5(Enem/ 2011) Entre ideia e tecnologiaO grande conceito por trás do Museu da Língua é apresentar o idioma como algo vivo e fundamental para o entendimento do que é ser brasileiro. Se nada nos define com clareza, a forma como falamos o português nas mais diversas situações cotidianas é talvez a melhor expressão da brasilidade.(SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, Ano II, no 6, 2006.)

O texto propõe uma reflexão acerca da língua portuguesa, ressaltando para o leitor a:

a) inauguração do museu e o grande investimento em cultura no país.

b) importância da língua para a construção da identidade nacional.

c) afetividade tão comum ao brasileiro, retratada através da língua.

d) relação entre o idioma e as políticas públicas na área de cultura.

e) diversidade étnica e linguística existente no território nacional.

Anotações

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Funções da LinguagemAo produzir um texto você também realiza a comunicação. Nesse ato, além de querer ser compreendido, deseja que suas idéias sejam depreendidas e aceitas pelo receptor. E, para a eficácia desse processo, são precisos seis elementos: emissor, receptor, canal, mensagem, código e contexto ou referente. Com base nesses elementos, podemos articular outro elemento, conforme a intenção do ato comunicativo. Deste modo, a linguagem atingiria diferentes funções ao dar prioridade a determinado elemento da comunicação. Classificamos essas funções em seis tipos: emotiva ou expressiva; referencial ou informativa; poética, conativa ou apelativa; fática e

metalinguística.

Emotiva ou ExpressivaLeia a seguir a carta escrita por Jorge Amado a Zélia Gattai quando o escritor participava do Congresso da Paz, em Viena, em 1951. Essa carta é um exemplo de função emotiva.

(Revista Cult, 165 – ano 15, fev.2012 – in Dossiê Jorge Amado, p.41)

Com a leitura, você observa que o autor está centrado em si mesmo, revelando seus sentimentos e suas emoções (minha saudade a ti, Fiquei contente), por isso é comum a constância do pronome de primeira pessoa (minha, meu, mim) e verbos nessa mesma pessoa (recebi, tive, saio, escrevo...)O texto manifesta também opiniões (Oh! Meu Deus!, que senhora chata). A realidade do autor é retratada de forma subjetiva, é o seu ponto de vista que está em jogo. Além dessas características analisadas, o ponto de interrogação, reticências e exclamações são sinais que revelam emoções do emissor.Portanto, tudo o que em uma mensagem revelar emoções, sentimentos, opiniões e avaliações do emissor diante da vida pertencerá à função emotiva da linguagem.Observe ao lado um exemplo na linguagem não verbal da função emotiva.

Viena, 4Meu amor,

Recebi hoje pela manhã teu telegrama, vou a buscar amanhã, segunda-feira, os remédios pedidos.

Faço-te este bilhete durante uma reunião de Comissão para te enviar minha saudade a ti, a João e a Paloma.

Nunca tive tanto trabalho em toda a minha vida. Entro no local da reunião antes das 8 da manhã e saio sempre depois da meia-noite. Ontem saí 1 e meia da manhã e fui despertado com teu telegrama às 6h. Estou fatigadíssimo.

Todo mundo vai sem novidade. Todos te enviam abraços.

Neste momento que te escrevo Dona Branca deve estar falando em plenário. Oh! Meu Deus!,

que senhora chata. Já estou farto.

Fiquei contente em saber que todos estão bem. Beija os meninos por mim e recebe um beijo meu com toda a saudade e o carinho do teu

Jorge”.

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Revista Veja. São Paulo : Abril, n.31 – 03 ago.2011 – Panorama.

Referencial ou InformativaLeia a notícia apresentada a seguir.

06/02/2007 - 13h37 – G1 – Planeta Bizarro

Depois de tentar sem sucesso espantar a horda de invasores, Vergel ligou para a delegacia, segundo foi publicado no site argentino Infobae."Eram dez e pouco da manhã e o homem, alucinado, nos contava sua tragédia. Fomos ao local com um caminhão preparado para o transporte de animais, mas chegando lá vimos que eram realmente muitas", declarou um dos policiais ao Los Andes online.Uma a uma, elas eram colocadas no caminhão na condição de presas. Foram encaminhadas a um centro de detenção de animais da polícia em Los Corralitos.Na mesma tarde, pelo menos três pessoas apareceram dizendo ser as proprietárias do rebanho. A polícia afirmou que não vai ser assim tão fácil tirar a bicharada da cadeia.Elas foram enquadradas no código 114 do Código Penal argentino, e o verdadeiro dono das cabras vai ter que pagar uma nota para libertá-las. Sem falar nos tomates e milhos do agricultor inconformado.

Polícia prende 155 cabras e leva todas de camburão para a delegacia

Devastaram plantação de tomate e milho de um argentino.

Verdadeiro dono não apareceu para pagar fiança.

MENDOZA, Argentina - O agricultor Antonio Vergel decidiu colher alguns dos tomates e milhos que cultiva em seu sítio em Mendoza, na Argentina e, quando pôs os olhos na plantação, seu coração gelou: uma quantidade inacreditável de cabras devorava tudo o que via pela frente.

(Disponível em: <http://g1.globo.com/planeta-bizarro/>Acesso em: 07 mar.2012.)

Você notou, que a notícia acima, o autor utiliza a linguagem de forma direta, objetiva e impessoal: não tece comentários ou expressa qualquer juízo de valor quanto ao assunto abordado. Além disso, os vocábulos não são empregados em sentido figurado, negando a possibilidade de mais de uma interpretação por parte do leitor. A mensagem foi organizada com a intenção de transmitir informação precisa.Portanto, no texto em questão, predomina a função referencial (denotativa) da linguagem, centrada na informação.Pode-se encontrar esse tipo de função em textos de caráter científico e jornalístico. Também predomina a função referencial na combinação do código não-verbal e verbal, como pode ser visto no exemplo.

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Linguagens, Códigos e suas TecnologiasConhecimentos Gramaticais

(Disponível em: <http://blog.mcsx.net/projetos-plantas-de-casas-para-download/ >Acesso em

07mar 2012.)

Poética

A anti-rosa atômica. Sem cor, sem perfume, Sem rosa, sem nada.

A rosa de HiroshimaPensem nas criançasMudas telepáticas,Pensem nas meninasCegas inexatas,Pensem nas mulheresRotas alteradas,Pensem nas feridasComo rosas cálidas.Mas, oh, não se esqueçamDa rosa, da rosa!Da rosa de Hiroshima,A rosa hereditária,A rosa radioativaEstúpida e inválida,A rosa com cirrose,

(Vinicius de Moraes)

O poema A rosa de Hiroshima revela que o poeta desejava valorizar a mensagem a ser transmitida e, para isso, além de explorar o conteúdo (os efeitos da bomba), também se preocupou com a forma de construção do texto. Para construí-lo, o autor cultivou alguns recursos que são capazes de despertar no leitor certo prazer estético (pelo seu caráter inovador) e uma determinada impressão. Logo, quando o emissor se preocupa em enfatizar a construção e a elaboração da mensagem, tem-se o predomínio da função poética. Embora esta seja mais corrente em poesias também pode ser encontrada em textos publicitários, alguns textos jornalísticos (crônicas) e populares (provérbios) e romances (Iracema, de José de Alencar, por exemplo, é um poema em prosa).

Exercícios

Questão 1 Leia este texto abaixo e identifique qual a função da linguagem predominante nele. Dê duas justificativas.

A rainha Elizabeth I, conhecida como a Rainha Virgem, adotou a Rosa Tudor como seu emblema e escolheu as palavras “Rosa sine spina” como seu mote. Ficou conhecida como rosa sem espinho e muitos dos poetas elisabetanos escreveram sobre ela. A rosa tem sido o emblema nacional da Inglaterra desde então. O país é famoso por suas rosas e é raro um jardim que não as contenha. Não há nada igual ao perfume dessas flores, e é uma felicidade que a arte dos perfumistas tenha atingido tamanho grau de sofisticação que lhes permita reproduzir o aroma para nós e para os lares. Mas é Shakespeare que tão perfeitamente sumariza as virtudes da rosa em suas palavras.

(A linguagem das Flores, Sheila Pickles. Melhoramentos: São Paulo, 1990. P.93)

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Questão 2Leia o poema a seguir e identifique qual a função da linguagem predominante nele. Dê duas justificativas.

Soneto LIVÓ como mais bela a beleza torna-se quando tem o doce ornamento da verdade! A rosa é bela, mas mais bela a vemos pelo doce aroma que nela habita.As rosas silvestres têm a mesma cor que as doces rosas perfumadas, os mesmos espinhos, a mesma volúpiaquando o ar do verão expõe os botões escondidos;

mas como têm na aparência única virtude, elas vivem esquecidas e murcham obscuras, sozinhas morrem. As doces rosas, não;de suas doces mortes nascem os mais doces perfumes.

Assim também de ti, bela e amável jovem,fenecido o frescor, tua verdade em meu verso persiste.

(Willian Shakespeare)

Questão 3Observe a tela e identifique qual a função da linguagem predominante nela. Dê duas justificativas.

Os relógios ou As horas derretidas, de Salvador Dali.

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Questão 4Em relação ao texto apresentado a seguir, assinale a opção que indica corretamente qual é a função da linguagem predominante.

HumorExcelente o texto de Sírio Possenti sobre as frases humoradas e seus sentidos (Língua 75). Uma grande oportunidade para entender o idioma sem caretices.

Marta Oliveira Sérgio (BA), na seção Cartas de leitor da Revista Língua Portuguesa.

a) Função poética, porque o texto centra-se na mensagem e em como ela é transmitida.

b) Função conativa, pois o autor utiliza diversos recursos para convencer o leitor de suas ideias.

c) Função metalinguística, uma vez que faz reflexões sobre o próprio código.

d) Função referencial, na qual o emissor tem a função de transmitir informações.

e) Função emotiva, pois o texto expressa uma opinião e de forma subjetiva para revelar o “eu” que fala ao leitor.

Questão 5 (Enem/ 2009)

E varria os teus sorrisos...O vento varria tudo!E a minha vida ficavaCada vez mais cheiaDe tudo.

Canção do vento e da minha vidaO vento varria as folhas,O vento varria os frutos,O vento varria as flores...E a minha vida ficavaCada vez mais cheiaDe frutos, de flores, de folhas.[...]O vento varria os sonhosE varria as amizades...O vento varria as mulheres...E a minha vida ficavaCada vez mais cheiaDe afetos e de mulheres.O vento varria os meses

(BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.)

Predomina no texto a função da linguagem:

a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.

b) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.

c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.

d) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais.

e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto.

Anotações

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Funções da LinguagemDependendo da intenção que se deseja alcançar no processo de comunicação, a linguagem em uso pode assumir diferentes funções. Vimos, na aula anterior, as funções emotiva, referencial e poética. Nesta aula, estudaremos as funções conativa, fática e metalinguística.

Conativa ou apelativaEstá centrada no receptor e possui o objetivo de influenciar o comportamento daquele que recebe a mensagem e também chamar a sua atenção. Essa função tem a intenção de fazer com que as pessoas mudem de atitude, em razão disso, é comum o emprego do verbo no modo imperativo, uso de vocativos. Encontramos esse processo de comunicação em sermões, discursos, anúncios, campanhas publicitárias, placas de trânsito e até mesmo em uma receita de bolo.Observe o anúncio publicitário do perfume Humor da linha Natura.

E se a gente levasse a vida com mais humor?Talvez, a gente descobrisse Um jeito mais leve deSe relacionar com quem está à nossa volta.Reparando menos em chatices E mais nos pequenos prazeres.Abrindo um pouco o sorriso- Nem que seja pra rir de si mesmo.

Espalhe seu humor por aí,Divida uma risada com alguém.

Note que depois de todo um discurso de sedução, no final do poema há os verbos no imperativo (espalhe, divida) indicativos da função conativa.

FáticaLeia o diálogo a seguir.

- Não. Tenho certeza de que nós fomos colega?- Tenho.- Que engraçado. Eu não... Olha: desculpe, viu?- O que é isso? Acontece.- Esse café. Será que a gente pode...- Claro. Fica pra outra vez.- Desculpe, hein? Cabeça, a minha.- Tudo bem.- Então... Tchau.- Ana Beatriz...- Ahn?- E se eu dissesse que meu nome é Martins?- Mas não é.

(VERISSIMO, Luis Fernando. O melhor das comédias da vida privada. Rio de Janeiro: Objetiva:

2004.p.84.)

Nessa conversa entre os dois personagens anônimos, há falas através das quais poucas informações são transmitidas. No caso, o que se pretende é manter o contato entre eles.Portanto, a função fática envolve o contato entre emissor e receptor para iniciar a comunicação, prolongar o contato, interromper o ato de comunicação ou testar a eficiência do canal.

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Outro exemplo de função fática são os bate-papos na internet, as histórias em quadrinhos, algumas charges e tirinhas, como podemos observar a seguir

(Toda a Mafalda. Quino : [tradutores Andréa Stahel M. da Silva... et.al.]. – São Paulo : Martins Fontes,

1993. p. 42.)

MetalinguísticaQuando o código é usado para falar dele mesmo, também pode ser chamado de função metalinguagem. Os dicionários representam bem essa função, tendo em vista que ele define o significado das palavras, revelando o que elas são. A função em questão está centrada no próprio código: uma poesia que fala da própria poesia, uma peça de teatro que explica o próprio teatro, uma pessoa que faz seu autorretrato são exemplos de função metalinguística. Veja os exemplos a seguir na linguagem verbal e na linguagem não verbal.

Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconióticosubstantivo feminino Rubrica: pneumologia.Doença pulmonar (pneumoconiose) aguda causada pela aspiração de cinzas vulcânicas.

O Auto-retrato No retrato que me faço - traço a traço - às vezes me pinto nuvem, às vezes me pinto árvore... às vezes me pinto coisas de que nem há mais lembrança... ou coisas que não existem mas que um dia existirão... e, desta lida, em que busco - pouco a pouco - minha eterna semelhança, no final, que restará? Um desenho de criança... Terminado por um louco!

(Mário Quintana

Disponível em: <http://www.jgaraujo.com.br/antologia/mario%20quintana.jpg>

Acesso em 08 mar.2012.

Para finalizar o assunto das funções da linguagem, é preciso saber que não existe função meramente pura quando redigimos, porém há aquela que predomina no texto. Além disso, cada mensagem a ser transmitida está intimamente ligada à intenção do falante, às funções e aos elementos da comunicação, como mostra o esquema.

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Mensagem

Contato(função expressiva) (função conativa)

(função poética)

(Função metalingüística)

(função fática)

Destinador Destinatário

Código

(função referencial)

Referente

Exercícios Questão 1Funções da linguagem são recursos de ênfase que atuam segundo a intenção do produtor da mensagem, cada qual abordando um diferente elemento da comunicação. Um texto pode apresentar mais de uma função, contudo há sempre uma que predomina. O texto a seguir consiste em um gênero textual, o qual é bastante comum em nossos dias: anúncio publicitário. Com base nesse gênero e no assunto sobre as funções de linguagem, analise as afirmativas.

I - A função apresentada é a poética, pois se centra na mensagem e em como ela é transmitida, e em razão disso, o anúncio possui algumas figuras de linguagem.

II - A função conativa é bem própria do gênero textual que foi apresentado.

III - Os verbos no imperativo são frequentes nos anúncios e conferem mais brevidade e impacto à mensagem que se deseja transmitir.

IV - O anúncio publicitário apresentado proporciona uma reflexão sobre o papel do cidadão em práticas de maus tratos aos animais.

V - Os verbos no imperativo, característicos da função referencial, não interferem na leitura do anúncio, uma vez que o uso deles se trata de uma questão meramente estilística.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):

a) I.

b) II e III.

c) II, III e IV.

d) III, IV e V.

e) I e II.

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Questão 2Leia os textos 1 e 2 para resolver a questão.

Texto 1

O poder do e-mail

Um homem deixou as ruas cheias de São Paulo para tirar férias em Salvador. Sua esposa estava viajando a negócios e planejava encontrá-lo no dia seguinte. Quando chegou ao hotel, resolveu mandar um e-mail para sua mulher. Como não achou o papelzinho em que tinha anotado o endereço eletrônico dela, tirou da memória o que lembrava e torceu para que estivesse certo. Infelizmente, ele errou uma letra, e a mensagem foi para uma senhora, cujo marido havia morrido no dia anterior. Quando ela foi checar os seus e-mails, desmaiou. Ao ouvir o grito, sua família correu para o quarto e leu o seguinte, na tela do monitor.“Querida, acabei de chegar. Foi uma longa viagem. Apesar de só estar aqui há poucas horas, já estou gostando muito. Falei aqui com o pessoal e está tudo preparado para sua chegada amanhã. Tenho certeza que você também vai gostar...Beijos do seu eterno e amoroso marido.P.S.: Está fazendo um calor infernal aqui”.

(Revista Língua Portuguesa, Ano 3, no 42, Abril de 2009,Editora Segmento, São Paulo, p.10)

Texto 2

Disponível em: <http://www.digestivocultural.com/blog/imagens/2238-1.jpg> Acesso em: 08 mar.2012.)

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Após comparar os dois textos, é correto dizer que:

a) o texto 1 apresenta a linguagem padrão, com se observa nas expressões “encontrá-lo”, “uma senhora, cujo marido”; e os quadrinhos somente a linguagem informal, própria da fala.

b) o referente usado na carta “e-mail” e na conversa do sobrinho com o tio é igual.

c) nos textos percebemos símbolos linguísticos utilizados na comunicação escrita, como P.S no texto 1 e :.), no 2.

d) a função fática, que tem por finalidade abrir, manter e fechar o canal de comunicação, permeia-se por ambos os textos.

e) a comunicação processou-se pelo mesmo meio de comunicação e pela mesma maneira.

Questão 3(UFAL)

A análise das características gerais do Texto revela que:

1) ele tem uma função predominantemente fática; nele prevalecem a descrição e a utilização de uma linguagem formal, que está adequada ao gênero em que o texto se realiza.

2) sua função é prioritariamente referencial, embora no início do segundo parágrafo se evidencie um trecho metalingüístico; do ponto de vista tipológico, é caracteristicamente expositivo.

3) nele, podem-se encontrar algumas marcas da oralidade informal; por outro lado, sua linguagem é eminentemente conotativa e, embora seja descritivo, apresenta vários trechos injuntivos.

4) ele é um texto típico da linguagem escrita formal, que apresenta um vocabulário específico, embora numa formulação simples; cumpre uma função informativa e está elaborado conforme a norma padrão da nossa língua.

Estão corretas apenas:

a) 1 e 2

b) 2 e 3

c) 3 e 4

d) 1 e 3

e) 2 e 4

Questão 4Leia as diferentes definições sobre a palavra desejo: a primeira concepção retirada do dicionário Houaiss e a segunda, de Adriana Falcão. Em seguida, indique duas funções de linguagem possíveis para cada texto. Justifique.

DesejoSubstantivo masculino Ato ou efeito de desejar; aspiração humana diante de algo que corresponda ao esperado; aspiração humana de preencher um sentimento de falta ou incompletude; querer, vontade.Rubrica: psicanálise.Segundo Sigmund Freud, moção psíquica que procura restabelecer a situação da primeira satisfação; expectativa consciente ou inconsciente de possuir (um objeto) ou alcançar (determinada situação

O estudo dos gêneros não é novo, mas está na moda.O estudo dos gêneros textuais não é novo e, no Ocidente, já tem pelo menos vinte e cinco séculos, se considerarmos que sua observação sistemática iniciou-se com Platão. O que hoje se tem é uma nova visão do mesmo tema. Seria gritante ingenuidade histórica imaginar que foi nos últimos decênios do século XX que se descobriu e iniciou o estudo dos gêneros textuais. Portanto, uma dificuldade natural no tratamento desse tema acha-se na abundância e diversidade das fontes e perspectivas de análise. Não é possível realizar aqui um levantamento sequer das perspectivas teóricas atuais.O termo “gênero” esteve, na tradição ocidental, especialmente ligada aos gêneros literários, cuja análise se inicia com Platão para se firmar com Aristóteles, passando por Horácio e Quintiliano, pela Idade Média, o Renascimento e a Modernidade, até os primórdios do século XX. Atualmente, a noção de gênero textual já não mais se vincula apenas à literatura, mas é usada em etnografia, sociologia, antropologia, retórica e na linguística.

(MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola,

2008, p.147.)

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que supra uma aspiração do corpo ou do espírito); ambição, exigência.Regionalismo: Portugal.Pesar devido à ausência de (alguém ou algo); saudade. (Dicionário Houaiss)

Desejo Para o bebê, colo de mãe. Para mãe, riso de filho. Para os cabelos, vento. Para chuva, pára-brisa. Para brisa, rede. Para os olhos, paraíso. Para isolados, visita. Para visita, atenção. Para teimosia, não. Para adolescentes, chão. Para adulto, ser criança. Para sobreviver, trabalho. Para trabalho, pagamento. Para pobreza, justiça. Para cima, elevador. Para baixo, tobogã. Para casados, liberdade. Para solteiros, companhia. Para companhia, uma boa pessoa. Para pessoas em geral, alegria. Para coisas, nomes. Para menina, cor de rosa. Para flor, um regador. Para dor, anestesia. Para prazer, suspiros. Para as mãos, aperto. Para os pés, descanso. Para o cansaço, sono. Para mertiolate, sopro. Para agonia, calma. Para a alma, céu. Para um corpo, outro. Para a boca, beijo. E comida para todos.(FALCÃO, Adriana. Pequeno dicionário de palavras ao vento. 2.ed. São Paulo: Planeta do Brasil, 2005.p.30)

Questão 5Em um texto, quase sempre, aparece mais de uma função de linguagem. O essencial é notar aquela que predomina. No anúncio publicitário ao lado, existe mais de uma função. Identifique-as e justifique sua escolha.

(Revista Veja. São Paulo : Abril. n.34. 24 ago. 2011.)

Anotações

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Desvendando Operações e HabilidadesConversa inicial Antes de entrarmos no assunto desta aula sobre as operações do que é compreender, analisar e interpretar; devemos ter clareza de que há dois tipos de texto: o literário e o não literário (técnico). Por que pensar nisso? Ora, o texto literário é plurissignificativo e merece – portanto - um olhar diferenciado em sua leitura. Isso porque ele apresenta a função poética, há um compromisso com a arte. Nesse tipo de texto, encontramos a licença poética, ou seja, a autorização que o autor possui para fugir da norma padrão. Não em razão de não conhecê-la, mas a transgressão é fruto de algo que o autor deseja dizer ao seu leitor. Já, nos textos técnicos, a linguagem deve ser denotativa, com isso encontramos a objetividade, clareza, exatidão e norma padrão culta, constituindo elementos essenciais para a elaboração do texto. Assim, queremos deixar clara a importância do olhar diferenciado para a leitura de um texto literário e, técnico.

Desvendando Operações e HabilidadesNa prova do Enem, você é convidado a enfrentar novos desafios, e esses já se iniciam pelos enunciados das questões, sejam elas das áreas Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Linguagens, Códigos e suas tecnologias. Assim, na aula de hoje e nas duas subsequentes, você aprenderá a lidar com operações e habilidades valorizadas na matriz da prova Enem, tais como relacionar um texto literário e não literário, analisar afirmativas, interpretar textos de diferentes épocas, compreender gráficos, dentre outras operações.

Compreender“A compreensão de um texto abrange o entendimento, a percepção do conteúdo global, da

mensagem que se pretende transmitir, das ideias principais e da opinião do autor, mesmo que essa seja contrária a nossa.”(KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. Ler e Compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.)

O foco da compreensão textual é: - trabalhar com a paráfrase

- solicitar vocabulário

- aplicar os recursos linguísticos (regência, pontu-ação, etimologia, emprego dos tempos verbais etc.)

- reconhecer o sentido denotativo e conotativo das palavras

Então, compreensão = o que está explícito no texto.

AnalisarAnálise de texto consiste no modo como o texto está organizado, a maneira como ele está construído, é a arquitetura do texto. O foco da análise textual é:

- reconhecer o intertexto;

- relacionar títulos ao texto;

- contextualizar a obra no tempo e no espaço;

- identificar a tipologia e o gênero textual;

- reconhecer as figuras de linguagem;

- levantar o problema abordado;

- verificar a coerência e a coesão textual;

- apreender a idéia central e as secundárias do texto;

- buscar a intencionalidade textual.

Logo, a análise aciona em algumas situações conhecimentos prévios.

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Interpretar Conforme Lino Macedo, um dos mentores da prova do Enem, interpretação “constitui sempre uma inferência ou conclusão autorizada por sinais, indícios presentes em um texto. Interpretar supõe acrescentar sentido, ler nas entrelinhas, preencher os vazios e, dentro dos limites de determinado material, ampliar o seu conteúdo.”(MACEDO, Lino de. Esquemas de ação ou operações valorizadas na matriz ou prova do ENEM. In: Eixos Cognitivos do ENEM, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Ministério da Educação, Brasília, 2007.)Para se chegar a uma boa interpretação de texto, temos que passar por outras operações mentais, como se essas fossem passos intermediários. Por isso, as ações de compreender, analisar, comparar, levantar hipóteses são alguns operadores que levam às inferências, ou seja, às entrelinhas do texto. Interpretação = aquilo que está implícito no texto.

Exercícios

Questão 1(UEM – PR)

MAFALDA QUINO

Quanto ao emprego dos elementos linguísticos utilizados nos quadrinhos a seguir, assinale a(s) alternativa(s) que está(ão) correta(s):

a) Mafalda toma sopa com freqüência e a contragosto.

b) Mafalda entende que os assuntos importantes são alheios às relações familiares.

c) Mafalda vê os deveres de casa como uma obrigação inútil.

d) Mafalda, ao contrário de que escreve, não é mimada pela mãe.

e) Mafalda imagina que a professora tenha uma relação hipócrita com a própria mãe.

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Questão 2 (UFBA – BA)

Com base na leitura dos quadrinhos, que apresentam o diálogo entre as personagens Calvin (o garoto) e Haroldo (o tigre) assinale a(s) alternativa(s) que está(ão) correta(s):

a) Os interlocutores estabelecem, no texto, uma interação conflituosa.

b) Haroldo demonstra predisposição para aceitar, sem discussão, as explicações de Calvin.

c) Os argumentos de Calvin expõem um ponto de vista inflexível sobre “o jogo”.

d) A argumentação de Calvin é acolhida por Haroldo no decorrer do “jogo”.

e) A última fala do tigre induz o leitor a uma suposição de que o seu interlocutor não age com lisura em seus negócios.

f ) O humor da história é provocado pela ambiguidade das palavras na conversação.

g) A análise dos quadrinhos permite concluir que a visão de uma dada realidade pode variar, quando as pessoas, a partir de seus interesses, falam de posições distintas.

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1 A linguagemna ponta da línguatão fácil de falare de entender.4

7A linguagemna superfície estrelada de letras,sabe lá o que quer dizer?

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Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,e vai desmatandoo amazonas de minha ignorância.Figuras de gramática, esquipáticas,atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

13Já esqueci a língua em que comia,em que pedia para ir lá fora,em que levava e dava pontapé,a língua, breve língua entrecortadado namoro com a priminha.

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O português são dois; o outro, mistério.

(Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar, Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.)

Questão 3(Enem) Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em:

a) situações formais e informais.b) diferentes regiões do país.c) escolas literárias distintas.d) textos técnicos e poéticos.e) diferentes épocas.

Questão 4(Enem) No poema, a referência à variedade padrão da língua está expressa no seguinte trecho:a) “A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2).

b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” (v. 5 e 6).

c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14).

d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15).

e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).

Questão 5 (UFF – RJ)

Com base na análise da charge, pode-se afirmar que:a) nos desenhos, as palavras “prostituta, pobre, paraíba”, no contexto, nomeando pessoas do mundo real, classificam-se como adjetivos.

b) a expressão “Enquanto isso” estabelece uma coesão de valor temporal entre a expressão dos fatos apresentados na charge e outros que estão ocorrendo em contextos distintos.

c) a expressão grifada em “Então montei uma miniacademia” estabelece uma relação de concessão com a frase anterior.

d) o emprego do diminutivo “ amiguinhos” ressalta a atitude crítica da mãe em relação ao comportamento das crianças.

e) as expressões do diálogo “... Do anúncio? É aqui, sim!” são exemplos de frases nominais em discurso indireto.

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