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Vidas Seladas O Último encontro Marlene schumps

Livro vidas seladas

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Vidas Seladas

O Último encontro

Marlene schumps

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 2 ]

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 3 ]

capítulo 1. O reencontro 6

capítulo 2. A retomada de um sonho 17

capítulo 3 .Um Relacionamento para toda vida 27

Titulo de ca

capítulo 4. Armadilhas do Destino 36

capítulo 5. Uma doença grave 45

capítulo 6. Uma homenagem 76

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 4 ]

Dedico essa obra aos meus queridos amigos,

Henrique, Mário Correia e Aldo Rocha, os quais me

ensinaram os bons princípios da vida, obrigado meus

amigos.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 5 ]

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 6 ]

O reencontro

Nada como um reencontro para aproximar as

pessoas que se amam, Mário mal sabia o quão

bravo estavam seus amigos depois que ele o traiu,

nada era como antes, aquela beleza que remetia a

amizade, como confiar em uma que acabara de

destruir seus sonhos, mas o importante para Mário

Correia, não era o medo e a vergonha do que fez,

mas encontrar e pedir o perdão dos seus amigos.

Como batia forte seu coração, que há muito tempo

carregava uma mágoa absoluta. Trazendo com sigo

seus cabelos brancos e seu rosto entristecido,

muito se perguntava se seria bem aceito no ciclo de

amizade que tinha deixado para trás.

Aldo Rocha, um dos melhores amigos de Mário

Correia, não esperava pelo o que aconteceu, mas

sabia que seu amigo tinha bons motivos para fazer

o que fez, além de Aldo, tinha Henrique que era o

mais egoísta e prepotente, na verdade ele queria

Vidas seladas, por Marlene schumps

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que o amigo Mário se ferrasse de uma vez,

Henrique não era lá de perdoar com facilidade, mas

lá no fundo ele estava louco para reencontrar o

amigo, pensava ele que Mário não tinha se dado

bem na vida e queria ver a cara de sofrimento do

amigo, algumas surpresas o aguardavam, Marlene

era a única mulher do grupo, era pé no chão,

tranquila, mas tinha ela seus motivos para não

procurar seu amigo, ela pensava o quão felizes eles

poderiam ter sido se Mário não tivera traído.

Depois de anos sem se falarem, todos estavam

ansiosos para se encontrarem, alguns tivessem

motivos maiores para o reencontro, outros nem

tanto, mas eles tinham uma única certeza, que

apesar do acontecido todos se gostavam acima de

tudo, para eles a amizade era mais importante que

uma mágoa passada. Naquele dia Mário acordou

cedo, pois estava nervoso, afinal era uma

responsabilidade e tanta que o aguardava,

encontrar seus amigos após década separados,

ainda por cima ter de pedir desculpas sem saber ao

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certo qual seria a reação de cada um. Mário então

pegou seu carro e seguiu para o local marcado para

o encontro, local esse que todos conheciam bem,

naquela velha cidade do interior, Ionia, onde eles

viveram momentos de alegria e muita satisfação,

uma foto era a única coisa que faziam recordar e

lembrar-se daqueles momentos, foto essa que

aproximou de vez os amigos. Um passo e uma

estrada eram a única que os separavam naquele

momento, Mário só imaginava a reação de cada

um, sabia ele que Henrique não aceitaria assim tão

fácil, também não sabia se aquela amizade com

Aldo, ainda ardia como nos velhos tempos, por

outro lado aquela mágoa ainda o perturbava.

Há poucos metros do local combinado, Mário

percebia quanta coisa mudou na cidade, o

progresso já havia chegado ali, e ele não tinha

acompanhado isso, que sucesso eles e seus amigos

poderiam ter feito com os sonhos, já que todos

haviam economizado com a esperança de criar seu

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próprio restaurante, mas a fome que os consumiam

era a da saudade.

O local marcado foi uma praça simplesinha do

interior onde eles moravam o local era bonito,

pacato e muito tranquilo. Aldo, Henrique e Marlene

chegaram ambos ao mesmo tempo no local

marcado. A aparência já não era a mesma, afinal

já tinha se passado 30 longos anos, anos esses que

os fizeram recordar os bons tempos ao se olharem

foram tomados por um sentimento de alegria, onde

comemoraram com um longo abraço em grupo,

Mário que até então não havia chegado, pois o pneu

do carro tinha furado próximo a um posto que

ficava nas redondezas da cidade, isso levou os

amigos a crer que ele não apareceria, mas por que?

Se afinal ele foi o mentor daquele reencontro, Mário

apenas olho no seu relógio e vira que as horas

estavam se passando e pensava no que os amigos

estavam fazendo e se ainda estavam lá a sua

espera, na praça os amigos já acreditavam que ele

não apareceria mais. Depois de uma longa espera

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eles resolveram conversar em outro local, e quando

menos esperavam eis que surge um carro e para na

frente deles, eles tinha certeza que era Mário,

Marlene ao olhar para Mário sentiu algo forte

dentro de si, que levara a crer aquele homem que

estava sua frente era Mário. Henrique não tinha

dúvida que era seu amigo, Aldo não esperou e deu

um forte abraço no amigo, naquele momento uma

lágrima brotou dos olhos de Mário, mal sabia eles

que a partir de agora teriam bons motivos para

conversarem e curtirem cada momento juntos,

nesse momento Mário muito emocionado pede

desculpas aos amigos por tê-los abandonado e de

fato conta todos os detalhes do que levara a fugir

levando o dinheiro, os amigos já sabiam da história,

mas se tivesse alguma dúvida seria tirada ali,os

amigos de Mario se desculpam com ele pois não

tiveram a compreensão adequada que forçara seu

amigo ir embora.

Aquele seria um dia que jamais seria esquecidos

pelos amigos, começaram a conversarem e se

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interagiram, afinal muito tempo tinha se passado, e

nada era como no passado, apesar dos pesares,

Mário se mostrava muito satisfeito com a recepção

dos amigos, que sempre o apoiaria.

Agora o que seria feito das suas vidas, visto que

muitos já tinham família e não dava mais tempo de

se encontrarem e conviver bons momentos, será

que ainda era possível sonhar e reacender a paixão

de construírem seu próprio negócio, a antiga

paixão de infância montar um restaurante, e todos

poderiam reunir se novamente? Só o tempo se

encarregará disso. No momento todos só queriam

curtir um pouquinho mais, Henrique debochava,

pois todos velhos e lhes pareciam apenas ter

dezoito anos, quanto juventude no coração

acabado, mas para os outros a felicidade não tinha

idade. Mário contava aos amigos tudo que depois

que foi embora, o sofrimento e a mágoa que ele

carregava, porém, não tinha mais importância,

afinal tudo começava a partir Dalí.

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Começaram a andar pela velha cidade a onde

moraram, viram o quão diferente a cidade estava,

assim como o tempo fez mudanças neles a cidade

não foi diferente, perceberam que daí por diante

tudo teria que mudar era certo que teriam de

recomeçar a, Mário queria devolver o dinheiro que

ele tivera retirado dos amigos, mas ninguém

aceitou, pois sabiam que se tivesse no lugar dele

fariam a mesma coisa, não é fácil ver seu pai

definhar sem puder fazer nada. Marlene admirava

Mário, o que passava na cabeça dela, algo tomava

conta da sua alma como se fosse devorar seu corpo,

ela tinha muito tempo afastada do seu amigo, será

que era apenas saudades.

Saudade eu tenho algo a mais em seu olhar, naquele

momento eles comentaram sobre suas carreiras,

mais entregava a Mário , por que Marlene parou de

escrever, já que era uma ótima escritora e tinha um

sucesso tremendo.

Não sabia Mário que Marlene buscava novos ares

param se inspirar, e falar do que já que entre eles

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tinha tantas profissões ocultas que eles poderia ter

seguido, a exemplo é Henrique que tocava muito

piano, mas nunca quis seguir A carreira. Marlene

tinha um talento nato para dança, A Lola Rocha

amava cantar, cantou até no baile de formatura, já o

amigo Mário, gostava das artes cênicas tanto gosto

diferente, mas as amarguras do tempo fizeram

tomar decisões precipitadas, talvez fosse a

explicação para Marlene parar de escrever, pensava

Mário.

O tempo passava e a conversa só prolongava foi aí

que surgiu a ideia de Mario de recuperar o tempo

perdido, mas como seria possível já que existiam

diversos restaurantes, e para eles ficam manchado.

Marlene teve a brilhante de reunir os talentos do

todos para que pudesse ser criado algo que pudesse

ter a dedicação de todos. Um talento de todos de

todos daria para organizar um belo centro cultural,

onde pudesse agradar a comunidade o qual, eles

tanto gostara. Resolveram que deixaria tudo para

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trás e abririam mão de muitas coisas para curtir a

amizade.

Depois do longo passeio, todos já estavam cansados

e decidiram para em uma lanchonete e tomar um

café, Mário mal acreditava que aquilo tudo puderam

está acontecendo, apesar das mágoas o empestável

era saber que a confiança havia sido prestada . Com

o passar das horas, perceberam que já havia de

irem para casa, afinal, tudo estava se concretizando.

Foram embora cada um para seu lado, mas com a

esperança que logo se veriam novamente.

Um novo encontro foi marcado para discutirem mais

sobre a nova proposta. Marlene, sugeriu, apostava

que as coisas iriam se engrenar, mas e seu

namorado? Afinal, era já não queria mais manter o

relacionamento, e assim fez. Abriu mão de tudo para

apostar em um novo começo ao lado dos seus

amigos, e tentar conquistar algo que até então,

deixava-a muito triste. Mário que já era viúvo, não

teve dificuldade para ingressar na nova carreira, já

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os outros não abriram de nada, procurando conciliar

tudo.

Dia após dia, eles se encontraram e conversaram,

acertaram detalhes e tudo que tinham direito. O

importante era que tudo estava indo bem. Uma hora

tudo ia se ajeitar e ficar bem, as ideias foram

surgindo, Henrique não concordava com tudo que

era dito, mas aos poucos os amigos foram se

habituando ao jeito dele, afinal eles se conheciam

tão bem, Marlene sugeria algo que se adaptasse a

época e que fosse fácil de trabalhar e ter o controle

dos outros, foi daí que Aldo teve a ideia de todos

trabalharem usando seus talentos, mas não para

ganhar dinheiro e sim para ajudar o próximo, afinal

eles não tinham tanto tempo assim para desperdiçar

com dinheiro, eles queriam se aproximarem e curtir

com tranquilidade o que a vida reservava a eles,

Aldo sugeriu que eles montassem uma peça teatral e

viajasse pelo mundo a fora, Henrique sorriu e não

gostou da ideia logo ele um jornalista bem sucedido

nos palcos da vida, Marlene queria algo seleto e

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exclusivo e que fosse inovador, daí veio Mário e

sugeriu criar um centro cultural, onde pudessem

ajudar a comunidade e levar a conhecimento a

pacata cidade de Ionia.

Ionia agora seria uma cidade voltada para a arte e

cultura, os amigos crentes que haviam solucionado

todo o problema, mas na realidade a diversão e o

trabalho só estavam começando e tinha muito chão

para caminhar, seguir adiante com o sonho não

seria fácil, além do preconceito de serem quase

idosos, Henrique ainda tava meio com a pulga atrás

da orelha com relação a isso, mas acreditava que

poderia dar certo e com a ajuda de alguns amigos da

mídia eles poderiam ganhar visibilidade com seu

centro, parecia um negocio promissor para o grupo,

finalmente viriam bons frutos a serem colhidos.

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A retomada de um sonho

Nada como um reencontro para aproximar as

pessoas que se amam, Mário mal sabia o quão

bravo estavam seus amigos depois que ele o traiu,

nada era como antes, aquela beleza que remetia a

amizade, como confiar em uma que acabara de

destruir seus sonhos, mas o importante para Mário

Correia, não era o medo e a vergonha do que fez,

mas encontrar e pedir o perdão dos seus amigos.

Como batia forte seu coração, que há muito tempo

carregava uma mágoa absoluta. Trazendo com sigo

seus cabelos brancos e seu rosto entristecido,

muito se perguntava se seria bem aceito no ciclo de

amizade que tinha deixado para trás.

Aldo Rocha, um dos melhores amigos de Mário

Correia, não esperava pelo o que aconteceu, mas

sabia que seu amigo tinha bons motivos para fazer

o que fez, além de Aldo, tinha Henrique que era o

mais egoísta e prepotente, na verdade ele queria

que o amigo Mário se ferrasse de uma vez,

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Henrique não era lá de perdoar com facilidade,mas

lá no fundo ele estava louco para reencontrar o

amigo, pensava ele que Mário não tinha se dado

bem na vida e queria ver a cara de sofrimento do

amigo, algumas surpresas o aguardava , Marlene

era a única mulher do grupo, era pé no chão,

tranquila, mas tinha ela seus motivos para não

procurar seu amigo, ela pensava o quão felizes eles

poderiam ter sido se Mário não tivera traído.

Depois de anos sem se falarem, todos estavam

ansiosos para se encontrarem, alguns tivessem

motivos maiores para o reencontro, outros nem

tanto, mas eles tinham uma única certeza, que

apesar do acontecido todos se gostavam acima de

tudo, para eles a amizade era mais importante que

uma mágoa passada.Naquele dia Mário acordou

cedo, pois estava nervoso, afinal era uma

responsabilidade e tanta que o aguardava,

encontrar seus amigos após década separados,

ainda por cima ter de pedir desculpas sem saber ao

certo qual seria a reação de cada um. Mário então

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pegou seu carro e seguiu para o local marcado para

o encontro, local esse que todos conheciam bem,

naquela velha cidade do interior, Ionia, onde eles

viveram momentos de alegria e muita satisfação,

uma foto era a única coisa que faziam recordar e

lembrar-se daqueles momentos, foto essa que

aproximou de vez os amigos. Um passo e uma

estrada eram a única que os separavam naquele

momento, Mário só imaginava a reação de cada

um, sabia ele que Henrique não aceitaria assim tão

fácil, também não sabia se aquela amizade com

Aldo, ainda ardia como nos velhos tempos, por

outro lado aquela mágoa ainda o perturbava.

Há poucos metros do local combinado, Mário

percebia quanta coisa mudou na cidade, o

progresso já havia chegado ali, e ele não tinha

acompanhado isso, que sucesso eles e seus amigos

poderiam ter feito com os sonhos, já que todos

haviam economizado com a esperança de criar seu

próprio restaurante, mas a fome que os consumiam

era a da saudade.

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O local marcado foi uma praça simplesinha do

interior onde eles moravam, o local era bonito,

pacato e muito tranquilo. Aldo, Henrique e Marlene

chegaram ambos ao mesmo tempo no local

marcado. A aparência já não era a mesma, afinal

já tinha se passado 30 longos anos, anos esses que

os fizeram recordar os bons tempos ao se olharem

foram tomados por um sentimento de alegria, onde

comemoraram com um longo abraço em grupo,

Mário que até então não havia chegado, pois o pneu

do carro tinha furado próximo a um posto que

ficava nas redondezas da cidade, isso levou os

amigos a crer que ele não apareceria, mas por que?

Se afinal ele foi o mentor daquele reencontro, Mário

apenas olho no seu relógio e vira que as horas

estavam se passando e pensava no que os amigos

estavam fazendo e se ainda estavam lá a sua

espera, na praça os amigos já acreditavam que ele

não apareceria mais. Depois de uma longa espera

eles resolveram conversar em outro local, e quando

menos esperavam eis que surge um carro e para na

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frente deles, eles tinha certeza que era Mário,

Marlene ao olhar para Mário sentiu algo forte

dentro de si, que levara a crer aquele homem que

estava sua frente era Mário. Henrique não tinha

dúvida que era seu amigo, Aldo não esperou e deu

um forte abraço no amigo, naquele momento uma

lágrima brotou dos olhos de Mário, mal sabia eles

que a partir de agora teriam bons motivos para

conversarem e curtirem cada momento juntos,

nesse momento Mário muito emocionado pede

desculpas aos amigos por tê-los abandonado e de

fato conta todos os detalhes do que levara a fugir

levando o dinheiro, os amigos já sabiam da história,

mas se tivesse alguma dúvida seria tirada ali,os

amigos de Mario se desculpam com ele pois não

tiveram a compreensão adequada que forçara seu

amigo ir embora.

Aquele seria um dia que jamais seria esquecidos

pelos amigos, começaram a conversarem e se

interagiram, afinal muito tempo tinha se passado, e

nada era como no passado, apesar dos pesares,

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Mário se mostrava muito satisfeito com a recepção

dos amigos, que sempre o apoiaria.

Agora o que seria feito das suas vidas, visto que

muitos já tinham família e não dava mais tempo de

se encontrarem e conviver bons momentos, será

que ainda era possível sonhar e reacender a paixão

de construírem seu próprio negócio, a antiga paixão

de infância montar um restaurante, e todos

poderiam reunir se novamente? Só o tempo se

encarregará disso. No momento todos só queriam

curtir um pouquinho mais, Henrique debochava,

pois todos velhos e lhes pareciam apenas ter

dezoito anos, quanto juventude no coração

acabado, mas para os outros a felicidade não tinha

idade. Mário contava aos amigos tudo que depois

que foi embora, o sofrimento e a mágoa que ele

carregava, porém, não tinha mais importância,

afinal tudo começava a partir Dalí.

Começaram a andar pela velha cidade a onde

moraram, viram o quão diferente a cidade estava,

assim como o tempo fez mudanças neles a cidade

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não foi diferente, perceberam que daí por diante

tudo teria que mudar era certo que teriam de

recomeçar a, Mário queria devolver o dinheiro que

ele tivera retirado dos amigos, mas ninguém

aceitou, pois sabiam que se tivesse no lugar dele

fariam a mesma coisa, não é fácil ver seu pai

definhar sem puder fazer nada. Marlene admirava

Mário, o que passava na cabeça dela, algo tomava

conta da sua alma como se fosse devorar seu corpo,

ela tinha muito tempo afastada do seu amigo, será

que era apenas saudades.

Saudade eu tenho algo a mais em seu olhar, naquele

momento eles comentaram sobre suas carreiras,

mais entregava a Mário , por que Marlene parou de

escrever, já que era uma ótima escritora e tinha um

sucesso tremendo.

Não sabia Mário que Marlene buscava novos ares

param se inspirar, e falar do que já que entre eles

tinha tantas profissões ocultas que eles poderia ter

seguido, a exemplo é Henrique que tocava muito

piano, mas nunca quis seguir A carreira. Marlene

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tinha um talento nato para dança, A Lola Rocha

amava cantar, cantou até no baile de formatura, já o

amigo Mário, gostava das artes cênicas tanto gosto

diferente, mas a amargura de tempo fizeram tomar

decisões precipitadas, talvez fosse a explicação para

Marlene parar de escrever, pensava Mário.

O tempo passava e a conversa só prolongava foi aí

que surgiu a ideia de Mario de recuperar o tempo

perdido, mas como seria possível já que existiam

diversos restaurantes, e para eles ficam manchado.

Marlene teve a brilhante de reunir ao talentos do

todos para que pudesse ser criado algo que pudesse

ter a dedicação de todos. Um talento de todos de

todos daria para organizar um belo centro cultural,

onde pudesse agradar a comunidade o qual, eles

tanto gostara. Resolveram que deixaria tudo para

trás e abririam mão de muitas coisas para curtir a

amizade.

Depois do longo passeio, todos já estavam cansados

e decidiram para em uma lanchonete e tomar um

café, Mário mal acreditava que aquilo tudo puderam

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está acontecendo, apesar das mágoas o empestável

era saber que a confiança havia sido prestada . Com

o passar das horas, perceberam que já havia de

irem para casa, afinal, tudo estava se concretizando.

Foram embora cada um para seu lado, mas com a

esperança que logo se veriam novamente.

Um novo encontro foi marcado para discutirem mais

sobre a nova proposta. Marlene, sugeriu, apostava

que as coisas iriam se engrenar, mas e seu

namorado? Afinal, era já não queria mais manter o

relacionamento, e assim fez. Abriu mão de tudo para

apostar em um novo começo ao lado dos seus

amigos, e tentar conquistar algo que até então,

deixava-na muito triste. Mário que já era viúvo, não

teve dificuldade para ingressar na nova carreira, já

os outros não abriram de nada, procurando conciliar

tudo.

Dia após dia, eles se encontraram e conversaram,

acertaram detalhes e tudo que tinham direito. O

importante era que tudo estava indo bem. Uma hora

tudo ia se ajeitar e ficar bem, as ideias foram

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surgindo, Henrique não concordava com tudo que

era dito, mas aos poucos os amigos foram se

habituando ao jeito dele, afinal eles se conheciam

tão bem, Marlene sugeria algo que se adaptasse a

época e que fosse fácil de trabalhar e ter o controle

dos outros, foi daí que Aldo teve a ideia de todos

trabalharem usando seus talentos, mas não para

ganhar dinheiro e sim para ajudar o próximo, afinal

eles não tinham tanto tempo assim para desperdiçar

com dinheiro, eles queriam se aproximarem e curtir

com tranquilidade o que a vida reservava a eles,

Aldo sugeriu que eles montassem uma peça teatral e

viajasse pelo mundo a fora, Henrique sorriu e não

gostou da ideia logo ele um jornalista bem sucedidio

nos palcos da vida, Marlene queria algo seleto e

exclusivo e que fosse inovador, daí veio Mário e

sugeriu criar um centro cultural, onde pudessem

ajudar a comunidade e levar a conhecimento a

pacata cidade de Ionia.

Ionia agora seria uma cidade voltada para a arte e

cultura, os amigos crentes que haviam solucionado

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todo o problema, mas na realidade a diversão e o

trabalho só estavam começando e tinha muito chão

para caminhar, seguir adiante com o sonho não

seria fácil, além do preconceito de serem quase

idosos, Henrique ainda tava meio com a pulga atrás

da orelha com relação a isso, mas acreditava que

poderia dar certo e com a ajuda de alguns amigos da

mídia eles poderiam ganhar visibilidade com seu

centro, parecia um negocio promissor para o grupo,

finalmente viriam bons frutos a serem colhidos.

Um Relacionamento para toda vida

Após seis meses mantendo um relacionamento

quase escondido, poucas pessoas sabiam que o

Mario e a Marlene estavam em um namoro. Tudo

permaneceria dessa forma se não fosse o flagrante

inoportuno do amigo Henrique.

Certo dia quando fora fazer as vistorias

corriqueiras e acompanhar o andamento do

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 28 ]

trabalho no centro cultural idealizado por ele e pelos

amigos, Henrique subiu pelo galpão olhou se nas

portas haviam algum sinal de violação, mas

percebeu que a luz da salinha de almoxarife, que

fica no andar de cima , estava acesa. Pensou em

subir as escadas para ir apagá-la, mas deparou-se

com o chão do ambiente sujo, e por um tempo

esqueceu-se que na noite anterior alguém também

havia esquecido de desligá-la.

O Henrique não era exigente, mas gostava de tudo

muito limpo e organizado. Então, em uma expressão

brusca, este homem meteu as mãos no bolso do seu

casaco de linho, onde puxou seu inseparável relógio

suíço Piacet e logo ficara aliviado com o resultado

que vira nas horas:

_ Ainda é cedo! Suspirou ele. Percebera que a

ajudante de limpeza não estava atrasada, ainda

eram 07h20min da manhã, então em um leve riso

no canto da boca, Henrique teve a certeza de que

tudo estava indo bem. Esse camarada de perfil um

pouco mais ácido, não era má pessoa ou um chefe

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 29 ]

daqueles que aterroriza os funcionários, apenas

gostava de ter a certeza de que os deveres estavam

sendo cumpridos.

Depois disso, Henrique subiu as escadas e

finalmente foi em direção a salinha de almoxarife

que estava com as luzes acesas. Ao aproximar,

Henrique observou a porta que estava entreaberta.

Foi ai que se deparou com seus amigos Mario e

Marlene dormindo em uma grande intimidade.

O Henrique não era um homem tagarela, apesar de

nascer com vocação de jornalista, o fato é que ele

odiava guardar estórias. No momento em que foram

vistos de surpresa pelo amigo, Marlene e Mário se

esforçaram para tentar explicar a situação, mas foi

inútil. Em um gesto típico do seu gênio árido,

Henrique levou o dedo indicador aos lábios fazendo

sinal de silencio:

_Nada tens que me explicar. Parabéns! Disse ele,

que selou a porta do almoxarife com um disfarçado

sorriso e saiu do local. Enquanto descia as escadas,

este homem que pretendia deixar o prédio o mais

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 30 ]

rápido possível teve um daqueles pensamentos

maquiavélicos que vem na mente de um ser humano

quando se sente traído. Traído? O que pensou na

verdade o Henrique ao ver a sena? Na verdade o que

ele sentiu foi remorso. É foi sim. O Mário sempre foi

um cara extrovertido e apesar de aparentar um

homem com mais idade, era jovem na alma e sempre

conquistava as mulheres que queria. Já o

Henrique... Ah! O Henrique era inteligente, mas era

calculista, disciplinado, adorava mostrar a deus e ao

mundo o quanto era culto. E apesar do seu

excessivo nariz afilado que segurava na ponta um

óculos de Nerd parecido com o Clark Kant, era

bonito. Sim era um belo homem! Mas tinha o

espírito fechado. Esta era afinal a sua grande falha:

_Sou um grande besta! Pensou ele. Entrou no carro

e finalmente deixou o espaço cultural.

Em casa, Mário estava embebido nos pensamentos

dolorosos do passado. Apesar de estar namorando a

Marlene, Mário não era totalmente feliz. Afinal de

contas, foi casado, amou muito sua ex-mulher que o

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 31 ]

acompanhara durante quase vinte anos de vida. Ele

tinha medo de sofrer novamente, ah como tinha!

Uma vez confiara nos prazeres da vida, valsou

conforme a musica, mas ao final, a musica acabou e

ele ficara triste e só em sua vida medíocre. Com a

morte de sua amada esposa, Mário pegou um vício

de só dormir depois de uma taça de vinho tinto. Esta

aliás, foi a melhor forma encontrada por ele nos

quase dez últimos anos após a lamentável morte de

sua esposa. Deitado em seu leito solitário como a

lua ele suspirou:

_Que sina me reservou a vida... Mereço mesmo esse

sofrimento, pois fui um grande traidor!

No fundo Mário nunca se perdoara da traição que

fez com os amigos de infância. Na época ele havia

sumido não só com a soada economia acumulada

com tantos esforços pelo grupo de quatro amigos,

que vendiam objetos antigos em bazar a fim de

levantar grana para assim realizar o tão sonhado

restaurante em Iona.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 32 ]

Talvez nunca precisasse ter de sair da pequena

cidade se não tivesse feito o que fez, talvez nem

tivesse sofrido tanto na vida com a dor da perda da

esposa, pois nunca a conheceria, talvez até nunca

precisasse de amigos, pois os seus verdadeiros

nunca os deixariam._Mas fiz! Pensou ele lembrando

do dia em que enganou a todos levando o dinheiro

na sacola.

Já era tarde da noite quando o sono tomou conta de

Mário que fechou os olhos e pegou a pensar na

Marlene. Em pensamento, Mário dormia com ela,

era verdade, mas tinha medo de tê-la. Quando O sol

de Iona despertou no céu da pequena cidade, nosso

protagonista foi acordado com os pequenos fios de

luz emitidos pelo astro rei. Mário vagarosamente

abriu os olhos e viu que já era dia. Levantou-se,

calçou o chinelo que estava ao lado da cama

amarrou o laço do pijama em volta da cintura e saiu

para a varanda da casa. Lá ele observou que uma

carta havia sido deixada pelos entregadores dos

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 33 ]

correios. Marlene era uma mulher romântica e

adorava expressar o seu amor em cartas.

Mário não se importava muito com essas coisas,

mas não poderia ser tão grosso em desapontar os

carinhos da amada. Certo dia ele escreveu uma

carta de amor para Marlene que recebera em sua

residência como se recebe um premio Nobel. Ela

esperou por outras cartas outras vezes, mas essas

nunca mais lhe retornaram. Mário não gostava

muito de escrever, era galante no jeito, conquistava

qualquer mulher em um simples olhar, apesar dos

seus poucos mais de quarenta anos de idade, nosso

ator nunca perdera o encanto. Não era muito de se

envolver, nunca soube de nenhuma traição por

parte de sua ex-mulher, mas se tornara muito

experiente e cauteloso na arte de amar.

Já Marlene era muito doada, quer dizer, se tornara

muito doada quando reencontrou com Mário. No

passado, quando eram quase crianças chegou a se

apaixonar pelo rapaz, mas esse nunca a enxergou de

forma diferente. Depois de muito tempo, quando ele

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 34 ]

foi embora, ela ficara muito triste, chorou várias

vezes, escrevia cartas, mas sem respostas. Então,

eis que apareceram outros garotos em sua vida, mas

ela nunca os levou a sério. Não queria ninguém,

ficou com mágoa da vida, só vivia para o trabalho,

para as conquistas, desafios e prazeres

momentâneos daqueles que a vida nos trás e leva.

Adorava estar com os amigos e nunca percebera que

um desses também amava esta ao lado dela. Esse

era o Henrique. Nunca havia te abandonado, nunca

deixara só. Ela sabia que podia contar com ele para

o que desse e viesse. Mas, ela o tinha como um

grande irmão e nunca o olharia com olhos de

amante.

Mesmo com certo receio em se entregar novamente

ao amor, Mario se esforçara. Deu mais uma chance

a si mesmo. Certo dia ele despertou com uma

vontade de viver, saltou da cama, lavou o rosto,

banhou-se, vestiu uma roupa mais jovem e foi à

procura da Marlene que ainda se encontrava

dormindo. Chamou na companhia, mas ninguém o

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 35 ]

atendia, então começou a chamar batendo palmas

no portão, mas foi impossível, a moça estava

embebida em um sono profundo, alem disso a casa

era muito grande e o quarto da jovem era o ultimo

dos aposentos. Então, Mario decidiu dar um tempo e

esperar que a moça despertasse naturalmente.

Sentando em uma pracinha, em frente a casa de

Marlene, Mario observou que um vendedor de flores

estava com buquês de rosas lindas, aliás, rosas

brancas eram as preferidas da amada. Então se

levantou para escolher o mais belo botão para

cortejá-la, mas ao cheirar as flores, veio em sua

mente as lembranças do passado. Relembrou o dia

em que sua ex-mulher foi sepultada, lembrou das

velas, do cheiro de flores que cercava o ambiente

fúnebre e sentiu-se vulnerável. Repentinamente uma

angustia tomou conta do seu ser. Lembrou-se de

como fora feliz com aquela mulher. Lembrou dos

olhos negros da Marlene, mas novamente foi tomado

por um sentimento depressivo, largou as flores e

saiu desesperado em busca de algum entorpecente.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 36 ]

Nessas horas de angustia meu caro leitor, você deve

concordar comigo que a busca mais procurada pelos

amantes é o álcool. E assim o fez. Sentado em um

barzinho da esquina, após ter tomado alguns goles

de tequila, Mário acalmou-se. Percebeu que um

carro acabara de estacionar em frente ao bar onde

estava, e eis que desce Henrique. Em um gesto de

decoro, Mário se levanta, estende as mãos ao amigo

convidando-o a sentar.

_Como, vai ? O que faz em um bar tão cedo?

Perguntou Henrique. Mário, um pouco tímido lhe

respondi:

_Na verdade eu... Henrique meu amigo, não é mais

nem um segredo para você que eu e a Marlene

estamos de caso não é? Hoje acordei com vontade de

assumir este relacionamento, mas sempre que tento

me libertar do passado, as lembranças me impedem

de ser feliz. A Marlene é uma pessoa adorável,

madura, inteligente, decidida, também é muito

compreensiva, nada tenho do que reclamar, já eu

sou o contrário do seu jeito firme. Tenho medo de

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 37 ]

não me envolver, sair do relacionamento e deixá-la

ferida.

Enquanto falava, o amigo Henrique o observava

com aqueles olhares irônicos, uma mistura de

sentimentos bons e ruins, hora sentia dó do

sofrimento do amigo, hora sentia inveja do poder de

decisão que tinha esse homem sobre as mulheres. A

ele nunca coube o poder de escolha, sempre foi a

vitima dos relacionamentos, nunca compreendera a

alma feminina, nunca teve a certeza de um amor

verdadeiro. Henrique o admirava é claro, mas sentia

angustia a cada vez que o Mário tocava no nome de

Marlene. Estaria ele gostando da mesma mulher?

Nem mesmo ele saberia responder ao certo. Ficaram

ali naquele bar, era um sábado, fazia um sol

daqueles que nos convida a sair. E lá ficaram eles

até ao meio dia. Beberam várias cervejas, mas

Henrique não o aconselhou. Apenas disse que a vida

tinha dessas coisas que só o tempo poderia resolver,

ficaram sem trocar palavras por um tempo até que

Mário quebrou o silencio.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 38 ]

_Esta é a ultima rodada para mim Henrique, vem

comigo? Não. Respondeu o amigo que levantava

apressado dizendo ter esquecido um compromisso

marcado.

Mário riu, deu lhe um abraço e foram embora. Nosso

protagonista não poderia imaginar como a Marlene

ficaria feliz se tivesse recebido aquelas flores. Mas a

amada não as recebeu. Mário chegou em casa,

tomou banho e deitou-se. Dormiu pensando

novamente em Marlene. Quando acordou, vestiu-se

e foi a sua procura.

_Janta comigo? Perguntou Marlene.

_Sim eu aceito. Disse Mário, obedecendo à gentileza

de sua namorada que puxava a cadeira o

convidando a sentar. _O jantar está maravilhoso.

Disse ele.

_Obrigada. Disse ela que ria agradecida ao galanteio.

Neste momento, Mário a enxergou com um olhar

materno, não era só o amor de homem e mulher que

estava presente em seu coração, Marlene era linda!

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 39 ]

Sim, não poderia existir mulher tão agradável igual

a ela.

Enquanto ele a observava, Marlene corou, mas ele

pegou em suas mãos e disse: __Me amas realmente

como diz? Ela, com a voz meio travada não sabia se

o respondia ou se atirava-lhe logo um beijo, mas se

conteve e disse:_ Eu te amo Mário! Sempre te quis,

mas guardei esse segredo por toda a vida. Ele sorriu

sentindo-se homenageado, com as palavras daquele

anjo. Pareciam palavras aveludadas então,

levantando-se. Mário a convidou para tomar um ar

no jardim. Ela meigamente levantou-se dando lhe as

mãos.

A noite estava perfeita para um convite, e Mário

tirando um anel do bolso lançou-lhe uma pergunta:

Aceita ser a minha esposa? Dessa vez Marlene não

resistiu e deu lhe um beijo profundo. __ Aceito!

Disse ela. _Aceito, aceito! E novamente o beijou. Não

poderia existir noite mais feliz para ela. Realmente

Marlene o amava, nada poderia impedir o

casamento. O anel era lindo, devia ter custado uma

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 40 ]

nota, mas Marlene não se importava com essas

coisas, e nem ele, mas o momento pedia algo

especial e assim ele o fez.

_Podemos marcar a data do nosso casamento?

Perguntou ele.___ Claro! Respondeu ela. Que

completou:___ Quando casaremos?

_ Marlene, não sou tão moço assim, temos nossas

casas, por enquanto aluguei aqui na cidade um

pequeno cômodo para me hospedar, mas tenho

minha casa na capital, posso vendê-la e me mudar

de vez para Iona, você tem seu trabalho, nos

amamos verdadeiramente, nada pode nos impedir de

casar-mos. Quero que seja o mais rápido possível,

afinal a vida é muito curta.

_ Nem penses nisso! Disse ela olhando-o com olhos

críticos!

_ Vamos nos casar mês que vem, e vamos morar

aqui mesmo em Iona. Afirma ele.

_ Não poderia haver lugar melhor para viver-mos

Mário! Eu te aceito onde for.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 41 ]

Aquela noite fora tão especial para Marlene que mal

conseguira dormir de tanta felicidade. Quando Mário

fora embora, ela ficou sonhando acordada com a

noite do casamento, cada segundo havia sido

mágico, quando conseguiu adormecer já eram mais

de cinco da manhã, e os primeiros raios de luz já

começavam a invadir a sala onde havia adormecido

no sofá.

No dia seguinte, os amigos aproveitaram o feriado

dominical para se reunirem no espaço cultural.

Mário viu na ocasião, o melhor momento para

contar do compromisso que havia selado com a

Marlene:

_Eu e a Marlene estamos de casamento marcado.

Disse Mário olhando os outros amigos que também

o olharam espantado:

Você e a Marlene Vão se casar? Como? Por quê?

Perguntou o Aldo sem nem entender o que estava

acontecendo. Aldo era uma pessoa muito simples,

não era muito observador, por isso nunca passara

em sua cabeça que os dois poderiam estar juntos, a

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 42 ]

final Mário e Marlene eram bons fingidores, em um

bom sentido é claro.

_Sim! Respondeu Marlene.

_ Por que eu fui o ultimo, a saber? Disse o Aldo.

Que fora respondido por um riso irônico do amigo

Henrique:

_Por que só vive ocupado na oficina. E todos

começaram, a rir da expressão desentendida do

Aldo. Que disse: Então viva ao casal! Este momento

mereceria uma comemoração entre os amigos, mas o

Henrique apenas levantou, cumprimentou o amigo

Mário desejando lhe parabéns e voltando-se para a

noiva, dando um abraço e disse lhe aos ouvidos:

Desejo-te muita sorte querida. Sorte? Por que o

Henrique lhe desejaria sorte? Marlene ficou meio

sem entender o porque que o amigo havia lhe dito

essas palavras e durante o restante da reunião não

lhe parava de fitar os olhos. Mário por algumas

vezes percebeu a troca de olhares entre os dois e no

intervalo da reunião chamou sua noiva em

particular:

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 43 ]

_O que esta havendo entre você e o Henrique?

Desesperada e sem entender nada, a moça lhe

indagou:

_Mário? O que há contigo meu amor? Desconfias de

mim? O que poderia existir entre eu e o amigo

Henrique além da amizade?

_Esquece! Desculpe-me por pensar mal de ti. Peço

que me perdoe.

_Tudo bem, mas para o nosso bem, não torne a

desconfiar de mim. Disse ela, com sua voz de

veludo.

Os dois saíram, e novamente foram estar com o

restante do grupo. Mário ainda observava os dois ,

como se quisesse dar um flagrante, mas Marlene e

Henrique não mais trocaram olhares. Ás quinze da

tarde foi à hora em que a reunião acabou. Todos se

despediram um do outro e o casal saiu de mãos

dadas. Mário levou a Marlene até o portão de casa,

ela o convidou para entrar, ele se negou, disse que

precisava resolver algumas coisas, então, nada

tendo mais a falar um para o outro ele se retirou.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 44 ]

Enquanto ia-se a moça ficou a observá-lo, ficou

admirando o futuro esposo caminhado na rua até

dobrar a primeira esquina e desaparecer de vista.

Ela suspirou, abriu a porta e entrou. Logo quando

anoiteceu, Marlene se preparou para receber o seu

amado em casa, mas ele não foi visitá-la. O que

houve? Ela confiava em seu amor:

_Algum motivo ele teve para não ter vindo me

visitar. Pensou ela despreocupada.

Na manhã seguinte, Mário foi ter com ela. Para não

ser quebra prazer ela nem perguntou pelo motivo do

sumiço na noite anterior, apenas o apertou em seu

peito, e com aqueles olhares de sedução o chamou

para entrar. Ele entendeu o convite, mas se negou,

disse que só estava passando para explicar a razão

do desaparecimento na ultima noite:

_ Amor, desculpas por não ter vindo te ver, estava

muito cansado e acabei adormecendo, mas já

comecei a pensar na festa do nosso casamento. O

modo como Mário falava deixava Marlene encantada,

ela jamais poderia pensar que seu amado a trairia.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 45 ]

Apesar da beleza e do jeito galante capaz de

conquistar as mais belas mulheres que desejasse

nosso protagonista jamais cairia nessas ciladas da

vida. Admirada com a iniciativa do futuro esposo,

Marlene disse que já estava se encarregando da lista

de convidados, afinal, tantas pessoas novas haviam

conhecido naquela humilde cidade, coisa que o

Mário não daria conta. Ele concordou sorrindo com

ela e novamente precisou sair. Ela desmanchou o

sorriso da face e perguntou: Já vai? Mas tão cedo!

_Sim. Preciso organizar o espaço para festa, a

igreja, a viagem (...) ainda tenho muito a fazer.

Respondeu ele.

_ A viagem? Disse ela.

_sim! A viagem, ou não pretende viajar após a

cerimônia? Nem esperou pela resposta da sua futura

esposa, mais que depressa Mário se retirou e sumiu

pela porta da frente. Marlene ficara tão sem ar que

foi tomada por um sentimento que nem mesmo ela

conseguiria explicar, só sabia que era bom.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 46 ]

Mas, caro leitor, não pense você que uma visita de

amor é inesperada, por que agente sempre o espera,

só não sabe exatamente a hora em que irá aparecer.

A visita inesperada a qual trata o tema desse

capitulo é a do amigo Henrique.

Marlene estava sentada na mesinha do computador

fazendo a lista de convidados quando se depara com

Henrique entrando pela sala:

___Oh! Veja só quem esta aqui! Meu amigo, que bom

que vieste me visitar. O que houve? Não foi

trabalhar hoje?

___ Não, hoje devo chegar um pouco mais tarde,

passei pela praça que esta florida e lembrei-me de

você.

___ Lembrou de mim em ver as flores? Disse ela com

ar de risos. Vem, veja como estão lindos os convites,

o Mário saiu daqui não faz muito tempo.

__Dormiu aqui novamente? Perguntou ele.

__ Não! Mas não teria nenhum problema se caso

tivesse dormido teria? Afinal de contas já somos

adultos e de casamento marcado.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 47 ]

__Desculpas! Não era para ter feito essa pergunta.

___ Esta tudo bem Amigo Henrique. Disse ela.

Nesse momento ele sentou-se no sofá olhou bem

aquela mulher em sua frente e disse:

___Vai mesmo casar com o Mário?

Marlene, não entendia o porquê que o amigo estava

tão interessado na pergunta e responde:

__Sim! Mas do que nunca eu o amo! Na verdade você

sempre soube que eu o amava, depois de tanto

tempo sem vê-lo, não posso deixá-lo escapar

novamente.

Henrique achou melhor ir embora, perdera a

batalha pensou ele. Basta olhar nos olhos dela para

perceber o quanto o ama. Na verdade ele nunca

havia lutado, era exigente, esperto, mas para o amor

era sempre pusilânime, covarde.

___ tenho que ir agora! Disse ele.

___ Mas já? Não tem dez minutos que chegara.

___ Preciso ir trabalhar. Até mais.

Marlene, de nada desconfiara sobre a intenção de

Henrique e voltou aos afazeres.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 48 ]

A carta

Logo o dia do casamento se aproximava e o casal

mal podia esperar por esse momento. Toda a cidade

já se preparava para a festa, até mesmo os atores do

centro cultural já ensaiavam um espetáculo para a

ocasião, encenaram a peça mais famosa do grande

dramaturgo inglês Shakespeare. A pesar de

dramática, a história de Romeu e Julieta conta uma

grande história de amor e era uma das preferidas da

Marlene, mas tudo era surpresa.

Faltando um dia para a data do casamento, tudo já

se encontrava pronto. Apesar da trabalheira, que

deu em organizar a festa, seria a semana mais linda

para Marlene, se ela não tivesse recebido uma carta

em sua residência. Uma carta? Sim, quem a teria

deixado? Marlene adorava ler carta, mas desde que

ficou sabendo que o Mário não gostava de escrever

que ela nunca mais esperou nenhuma. Enfim, ela

apanhou -a do chão sentou-se em uma cadeira na

varanda e, pois a ler.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 49 ]

___ Cafageste! Como pode fazer isso comigo!

Imediatamente, ela amassou a carta e a jogou fora,

depois se arrependeu e pegou-a novamente

refazendo a leitura. Marlene passou a tarde inteira

olhando para o papel ainda amassado. Quem

poderia ter deixado aquela carta? Pensou ela. A

carta referia-se ao Mário, na verdade a

correspondência era cheia de indagações contra ele.

No final ela leu uma frase que ficou em sua mente:

“Ele casou-se, a esposa morreu. Cuidado querida você pode ser

a próxima! Ninguém sabe bem como a ex faleceu, até hoje é um

mistério, o que se sabe é que ela era rica, e ele ambicioso. Sabia

que ele é ambicioso?”

A moça pensou em ir à procura do Mário para ele se

explicar sobre todas aquelas acusações, mas

desanimou-se. Será mesmo verdade? No fundo

Marlene não estava dando muita atenção para

aquela carta, mas guardou-a em sua bolsa.

Era uma sexta feira, fazia um sol maravilhoso. O

noivo estava radiante, esquecera de todas as

lembranças negativas do passado, descobrira o

quanto era feliz ao lado da Marlene, queria construir

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 50 ]

com ela uma família, ainda dava tempo de ter filhos,

dois ou três. Ela ainda era jovem estava na casa dos

trinta e ele nos quarenta. Nunca tivera um filho se

quer por isso a pressa de viver.

Em sua bela casa, Marlene já começava a se

arrumar, convidara um profissional em penteados

para ajudá-la a escolher aquele que melhor lhe

combinasse. Um maquiador também estava

presente para ajudá-la a se arrumar, no portão da

frente uma limusine a esperava. Enquanto se

admirava no espelho vendo o quanto estava bonita,

Marlene percebeu quando um joalheiro entrou em

seu quarto para ela escolher o colar que mais lhe

agradasse. Mário havia se encarregado de deixá-la

mais elegante do que era.

Na igreja os convidados já aguardavam pelos noivos,

o ambiente estava divinamente arrumado parecia o

paraíso dos deuses, o noivo contratara grandes

decoradores para agradar a amada. Marlene adorava

a cultura grega, e assim Mário decorou a igreja.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 51 ]

Quando a noiva apareceu na porta, os convidados

ficaram de pé para vê-la. No altar, seu amado

também a esperava com ansiedade. A noiva reparou

que seus amigos estavam ao lado de Mário como ela

havia pedido. O Aldo estava emocionado, Henrique

estava sério e Mário sorria olhando para ela.

Finalmente Marlene entra sobre o som da

tradicional valsa de casamento. Ao aproximar do

altar, Marlene lembra da carta recebida no dia

seguinte, mas se conteve. Mário que nesse momento

já pegava em suas mãos disse-lhe:

___ Você esta linda!

Ela riu levemente e retribuiu o elogio:

___Também estás maravilhoso meu amor.

O Padre fez a pergunta principal e ambos aceitaram.

Ninguém poderia impedir aquela felicidade.

Finalmente o casamento se realizou. Os dois agora

eram marido e mulher, deveriam se amar na saúde e

na doença, na riqueza e na pobreza como batizou o

santo padre. Após a cerimônia todos os convidados

foram para a festa, na ocasião os recém casados

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 52 ]

agradeceram a presença de todos, principalmente a

dos amigos que sempre os acompanharam. Depois

disso o casal abriu a festa com uma valsa ensaiada,

depois teve o momento surpresa da peça teatral de

Romeu e Julieta que deixou Marlene muito

emocionada, ela abraçava seu esposo como nunca

havia lhe apertado antes tudo estava diferente,

estavam mais unidos.

Ao chegar a meia noite, a princesa teve que deixar a

festa com o príncipe, pois já tinha agenda marcada.

A lua de mel foi na Grécia, tudo estava indo bem.

Durante a viagem de avião Marlene não soltava a

mão do seu esposo que também lhe retribuía o

gesto. Ao chegar ao Hotel previamente agendado,

Mário toma sua amada pelos braços e a deita na

cama, lá eles se amaram como se fosse à primeira

vez de cada um. Apesar da idade, ambos estavam

perfeitamente conservados, ninguém dormiu

durante a lua de mel. No dia seguinte foram

recepcionados com uma bela comida grega, tinha de

quase tudo um pouco, e Marlene cuidava de

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 53 ]

apresentar cada prato ao seu marido que provava as

delicias que a sua amada lhe punha na boca.

Ao retornar a suíte, Mário e Marlene deram

continuidade a lua de mel, ambos estavam muito

felizes. Era um rodízio de promessas para o futuro,

ela concordava com quase tudo que ele dizia, estava

tudo muito perfeito, nada de errado poderia

acontecer, até que Marlene deixa a bolsa aberta em

cima da pia do banheiro e Mário enxerga um papel

todo amassado.

É caro leitor, nem tudo é perfeito, nem nas

histórias de amor, Deveria ele mexer na bolsa da

Marlene? O Mário não era de bisbilhotar as coisas

alheias, mas aquela mulher era agora a sua esposa:

__Não há nada de mais em fazer isso, Pensou ele.

Ao abrir o papel totalmente amarrotado, Mário leu a

carta e imediatamente corre dos seus olhos um vale

de lágrimas. Estava tudo tão bem, logo agora que

havia esquecido o passado, este novamente bate em

sua porta: ___ Marlene! Ele a chama e ela logo vêm

lhe atender: ___ o que houve? Vendo a carta nas

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 54 ]

mãos do seu amado, Marlene cai de joelho e diz: ___

Eu posso lhe explicar. Ele repentinamente sai em

direção ao quarto dizendo que não fica mais

nenhum minuto ali com ela. Marlene com os olhos

triste diz:

___Sou eu quem exige uma explicação droga! Mário

fica ainda mais decepcionado com ela:

___ Como pode acreditar no que diz esta carta?

___ Eu não acredito! Então por que guardou este

papel? Disse ele. Ela ficou sem resposta e ele disse:

Estou indo embora.

Uma doença grave

Marlene então, mesmo sem Mario querer escutar,

ela tenta convencê-lo e explica : - Mario, acabamos

de viver um conto de fadas, onde o padre celebrou

a nossa eterna aliança, proclamando e selando

nossas vidas para todo o sempre. Lembra-te das

santas palavras dele: - na saúde e na doença, na

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 55 ]

alegria e na saúde, confiança é o alicerce maior de

um relacionamento, não acha? Mário, esse pedaço

de papel amassado, sem nenhuma importância foi

colocado em baixo da porta, e hesitei muito em

querer saber o teor, por sua causa mesmo, para que

não causasse nenhum resquício duvidoso quanto a

minha paixão por você e não acontecesse

exatamente o que está ocorrendo agora. Sua

desconfiança em mim demonstra que você não

confia plenamente em mim., não é? Ela, então

continua se explicando: - olha, Mario confesso que

errei, não em ler o bilhete, mas em não ter

destruído, já que parta mim não representa nada, e

quem a enviou não foi suficiente corajoso em

entregar pessoalmente. - Ora, parece-me que foi um

ato infantil, e pior que quem o planejou a essa

altura deve estar adorando, pois, sua reação foi de

pura incerteza, desconfiança.

Armadilhas do Destino

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 56 ]

Mário- aproveita uma pequena pausa, e lhes faz

uma surpreendente revelação: revelação esta que

poria em xeque o seu (Mário) verdadeiro sentimento

para com Marlene.

___Marlene lembras daquele dia em que Henrique

foi notificado do nosso casamento que ele não

parava de lhe fitar os olhos. E parece-me que foi

correspondido, pois, vocês se entreolharam por

muito tempo, tempo este suficiente para que eu me

perguntasse:

___Senhor, como dizem por aí “aqui se faz, aqui se

paga! E, um outro “Olho por Olho, dente por dente”

, será que estou castigado punido pelos meus

próprios erros e da pior forma possível, ou seja,

sendo traído? Mereço!? Pois bem, ao sair, fui à

procura dele, Henrique, e ele me confessou que

estaria apaixonado por você, mas que você não

esboçou nenhuma reação de esperança parta com

ele, você ratificou-lhe que estava de casamento

marcado com o grande amor de sua vida. E que

nada no mundo nem a morte iria os separar.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 57 ]

Marlene então, o interrompe e reitera que suas

desconfianças é improcedente e infundadas,

perante o relato narrado. Porém o que ninguém o

esperava acontecia.

___Marlene então, percebe que, o tom da conversa

já começara a ser dissipado e aproveita para atenuar

colocando um ponto final e iniciando um outro,

deixando sutilmente o desejo de insinuação de que

à noite estava apenas começando, pois, a lua lá

fora estava dos amantes prometia, já que passara

das 18 horas e nesse momento auspicioso, lança-

lhe em seus braços e tasca-lhe um caliente e

apaixonado beijo.

Os dois resolvem então, meu caro leitor, esquecer

todos os atenuantes que os levaram a provocarem

todos os “quere- quequés” e passaram uma noite

literalmente de Mel . onde a Lua foi a protagonista

iluminada que fizeram dos dois ser apenas,

coadjuvantes numa noite de céu estrelado. No dia

seguinte, Marlene, resolve pôr um fim definitivo em

toda essa celeuma, e, após tomarem um delicioso

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 58 ]

Break Feast, ela o chama-o e com um isqueiro na

mão vai em direção à sua bolsa e pega-lhe todo o

protagonista responsável por ter quebrado o

momento único dos pombinhos e, queima-lhe o

problema, ou seja, o bilhete. Após jogar as cinzas

dentro de um recipiente que está sobre à mesa, eles

resolvem aproveitar o dia passeando aos arredores

do bairro. Vão ao cinema, Comem pipocas, (nada

real, pois, bem?) tiram fotos e usam seu precioso

tempo somente em discussões prazerosas. E, após o

final da sessão de cinema, onde assistiram a uma

comédia hilariante com Jerry Lewis, astro

americano da época, uma espécie de mistura de

Renato Aragão e Mazzaroppi. E sentados num

banco com vista ampla, eles apreciam os casais

apaixonados que passam de mãos dadas e alguns

trocando carícias e se iniciam uma sessão

nostalgia. Onde começam a trazer à tona fatos

quando mutuamente se amavam porém tinham

vergonha talvez de se declarar, com medo de uma

possível repulsa, de negação de afeto.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 59 ]

Correia, vestido em uma camisa Azul, com um

sapato escolhido a dedo para essa ocasião, cabelos

bem, tratados, e penteados, unhas aparadas e barba

feita. E bonito como era, nesse sentido, dispensava

muitos cuidados, já que estar na linha lhe era um

qualidade peculiar, e portanto, não podia causar

efeito negativo, haja vista que, a demora em se

enfeitar é mais do sexo oposto. Ela também não

ficava atrás, cintura fina, curvas a a “La Marilyn

Monroe”, que por onde passava deixava os homens

loucos, muito provinciana, mais parecia uma

duquesa de que uma simples brasileira, recém

casada e super apaixonada, que apenas estava de

passagem na cidade, em sua lua de Mel.

E O PRIMEIRO SUSTO,

ENTÃO, ACONTECE!

Conversa vai e conversa vem, relato daqui, estórias

dali, aos poucos Marlene percebe nele uma certa

dificuldade em falar, e reclama:

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 60 ]

___ Correa, você está se sentindo bem? Caiu em

algum lugar? Pois, reparando bem, estou

observando que há um pequeno sangramento nas

suas articulações, o qual temos que resolver. Ele,

tentando se esquivar das explicações, tenta mudar

de assunto, sem êxito. Ela repete a pergunta: ___

caiu onde? Ele então, resolve responder? Amor,

foi nada, não! Devo ter sido hoje pela manhã,

enquanto me preparava para o banho para virmos

para cá, me desequilibrei no lavabo indo ao chão,

para não lhe preocupar, dei um jeitinho a La

brasileiros.E para completar, enquanto você

procurava o toylete, aproveitei para lhe fazer juma

surpresa, procurei um florista, e, na pressa pra

comprar as flores vermelhas que tanto admiras,

tropecei nessas malditas pedras portuguesas. Mas

Nada que atrapalhe nossa tarde de Felicidade e de

lazer. __ E continuou: ___Desculpe amor, foi para

não despertar preocupação Já estou bem! E essa

constante dificuldade em respirar, o que tens a

dizer? Não é de hoje que estou percebendo essa

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 61 ]

constante intervalos ao respirar. Mas ela muito

preocupada no sangramento lhe informa: É bom

pararmos em algum lugar e verificar, fazer pelo

menos um paliativo momentâneo enquanto

chegamos em casa. Ele para não contrariar e ao

tempo despreocupá-la resolve ceder e vão à procura

de um local adequado e apropriado para realizar

essa limpeza, até por quê não poderiam continuar

o passeio com suja perna sangrando causando mal

estar a si, e as pessoas. Eles então, encontram um

pequeno barzinho que o atendente é muito solícito e

lhe fornece gases, algodão e todo o aparato parta os

pequenos socorros. Após realizar o estancamento e

agradecê-lo, a desconfiança ainda mais aumenta

quando o Atendente de nome Michel, lhe chama

reservadamente e faz uma recomendação

preocupante: Michel, então diz: ____Minha

Senhora, me permita, uma observação, na verdade ,

um alerta. Olha, por experiência, não deixe de

procurar um médico imediatamente, pois, os

sintomas que seu Marido, não, é? Ela confirma com

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 62 ]

a cabeça positivamente. Michel retoma a orientação.

Pois, pelos sintomas que pude observar nele deve

ser, torço para que esteja errado e espero

sinceramente, mas, os sintomas são de um típico

caso de homifilia, já que tive, infelizmente, um na

família, e o mesmo veio a óbito, anos mais tarde.

Por acaso, conhece na sua ou na dele alguém que

teve pois, se for comprovado o que estou falando

essa doença é hereditária. Me responda juma coisa:

além desse sangramento, ele tem Dolores,

tornozelos, joelhos, e quadris,? O 2º passo é

observar essas Atenuantes, por que o 1º é ir ao

médico, independente do que seja, o médico é o mais

aconselhável .

Após agradecer mais uma vez, se despedem. E ele

questiona o que tanto ela falava com o atendente.

Ela por sua vez , tranqüiliza, ele só estava

recomendando para que, quando precisasse dos

serviços hospitalares não fizesse cerimônia, poderia

procurar ele, só isso.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 63 ]

Os pombinhos, então continuam o passeio, Ele

então muito brincalhão, pergunta-lhe ___ onde foi

mesmo que estávamos antes dessa parada. Antes

mesmo dela responder, surpreendentemente, ele lhe

rouba um beijo. Ela então devolve em tom de

brincadeira, e diz: para quem, há pouco estava

sangrando, perdendo sangue, estás muito afoito,

não acha?

E, enquanto caminhava, começa a divagar, viajar

nas palavras do atendente e o convida a por um

fim no passeio, alegando seu estado. Que tal irmos

embora? ele é incisivo: ___ Calma, Marlene, é só um

momento de descontração, só isso. não se

preocupe! Não gostou do beijo, não, foi? Ele volta a

sentir fortes dores nas pernas e região do

tornozelos, mas tenta disfarçadamente escondê-las

em vão, ela parece mais um soldado, fiscaliza tudo

e, mesmo divagando está visualizando tudo, o

contrário do que ele pensa.

“O PASSEIO ENTÃO RETOMA O

AMBIENTE INICIAL”

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 64 ]

O passeio então, toma outros rumos, como que

prevendo que aqueles seriam seus últimos

momentos de felicidade ao lado de sua amada.

Amor, diz ele: Vamos aproveitar esse momento, que

acha tirar umas fotos? Ainda não registramos

nossos momentos de lua de mel, nenhuma foto foi

tirada nesse nosso momento tão esperado. Lembre-

se os verdadeiros apaixonados só se casam uma

única vez, e não somos exceção. Por coincidência,

passam justamente por um estúdio fotográfico e,

entram para tal feito. Registram fotos de tudo que é

posição de todas os trejeitos. Juntos separados, até

com o próprio fotográfico, que é intimado para essa

missão. E pede para que um auxiliar tire dos três,

pedido realizado. Depois, pede que registrem seus

dados numa ficha. para que seja enviado ao

endereço. E vão depois do registro, um

enamorando do outro, continuando a sessão

nostalgia.

E, as dores, insistem em atacar cada vez mais. E,

apesar dele, sem sucesso tentar disfarçar ela

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 65 ]

percebe e por vários momentos, Marlene o corta,

sugere que vão embora. Ele não desiste. diz

enfaticamente que continuará a conversarem, e

quando for o momento, ele saberá dar o tom de

término. Ela então para não deixar ele mais

preocupado decide não insistir, atendendo o seu

desejo. Que poderia ser o último, e ela não queria

ser culpada por não realizá-lo.

“Hemartroses (sangramento nas articulações) são

comuns em articulações tais como tornozelos,

joelhos, quadris e cotovelos. Elas são

frequentemente dolorosas, e episódios repetidos

podem levar à destruição da sinóvia e à diminuição

da função articular. Sangramentos intracranianos

também são comuns, e, antes do advento de um

tratamento efetivo para os episódios de

sangramento, essa era a causa que levava à morte

entre os hemofílicos. Deve ser enfatizado que a

atividade plaquetária é normal em hemofílicos, de

modo que lacerações e abrasões secundárias

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 66 ]

normalmente não levam a um sangramento

excessivo.

___ (Marlene) Amor, então fale devagar, não precisa

se preocupar que estou a entenderei. Porém,

amanhã nas primeiras horas do dia, iremos não

médico pra saber o que está acontecendo realmente

com você, certo? E não me venhas com desculpas,

isso é uma ordem.

Henrique, então como um soldado, de patente

inferior obedece. E continuam a conversarem. E

ainda sentados no banco, um casal muito bem

trajados, e acompanhado de seu suposto filho, lhes

cumprimentam.

Boa Noite, meu senhor e senhora! Henrique muito

educado e sua senhora simultaneamente retribui do

mesmo modo. Marlene, por sua vez, não deixa

escapar a oportunidade de deixar claro parta Mário,

que sente e nutre um forte desejo de ser mãe e

pergunta-lhe:

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 67 ]

__ Senhora, é seu filho? Quantos têm? Antes

mesmo que a senhora lhe respondesse, Philippe

Michael, o menino de aproximadamente 07 anos se

antecipa e diz:

__É Sim, Senhora! E não tenho irmãos, não!

Contudo, aponta-lhe para a barriga da mãe e

complementa a informação::

___ por enquanto! mas minha irmãzinha ou

irmãozinho está chegando! O Sr e Srª Hans

Halzemberg então, confirma a interferência do filho e

devolve-lhe a pergunta?

___E vocês, não tem, não? Não pretendem ter, não

querem filhos? Um filho na vida de um casal é um

presente Divino, uma dádiva de Deus. Apesar de

trazer muitas preocupações que é normal dentro de

um contexto familiar, traz consigo alegria de um

casal. Descontrai além de fazer com que

esqueçamos dos problemas rotineiros do dia-a-

dia.Pois, como dizia minha a senhora minha sogra,

não se pode fazer um omelete sem quebrar os ovos,

interpela o Sr. Hans. E se despedem do casal. Antes,

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 68 ]

porém, Marlene pergunta a gestante, se pode pegar

um pouco Phillipe em seus braços, o menino não

esboça nenhuma reação em contrário. É acolhido e

oferecido troca de carinhos mutuamente e de forma

recíproca

Após o casal e seu filho se afastarem

completamente do local onde eles se encontravam

Marlene, propunha, então o desejo de se tornar mãe.

E espera ansiosa pela decisão positiva do Mário,

que não esboça nenhuma negatividade em ser pai,

és também um desejo dele, para que ensine ao filho

como não ser mal caráter, e disse-lhe. Sim , vamos

começar a preparar o nosso rebento. Pois, hoje

estamos aqui, e amanhã poderemos não está. A vida

é efêmera. Temos que aproveitar em todos os

sentidos, inclusive e principalmente constituir uma

saudável família para que depois possa sentir

orgulho de nós. Marlene continua a sessão Flash

Back . E lembram quando se encontraram pela

primeira vez, ainda muito jovens. E diz quanto

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 69 ]

tempo perdemos, podíamos estar desfrutando

desses propícios momentos há muito tempo, diz

Henrique. Nesse dado momento, Henrique constata

não somente uma falta de oxigênio, uma aguda e

chata dificuldade de se expressar, um respirar

muito ofegante, mas também uma forte dor na

região do estômago. Com isso a conversa tem o seu

fim. Ele, então resolve retomar o episódio da

subtração doa quantia dos amigos. Que não

consegue se perdoar, não pelo erro, pois, para ele, se

tivesse errado com outras pessoas, talvez a sua

culpa fosse redimida por ele, o fato é para quem ele,

os traiu.seus verdadeiros amigo. E ele refuta:

Marlene, responda pra mim: Você acha que eles me

perdoaram de verdade? Responda sem mentir?

Antes mesmo da resposta, ele complementa com a

face desenhada de preocupação: afirma para

Marlene que pode passar cem anos, mas ele não se

perdoa , pela sua falta de caráter, do deslize do

passado. Ela então disse-lhe: __ Mário, não se

preocupe com essas coisas do passado, pois o

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 70 ]

momento agora é de se preocupar com o seu futuro,

e o presente. O fato é que apesar de estar tentando

me enganar, parta que não me preocupe, estou

percebendo que há algo muito sério e grave estar

acontecendo com você. Por isso desistimos do

sorvete, porque a prioridade é sua saúde e iremos

dormir para quando for amanhã, logo nas primeiras

horas procurarmos um médico e sanarmos essa

preocupação porque com saúde não se brinca.

Decisão tomada, sem ponderações da parte dele,

eles vão para o hotel.

E como parecendo mais um último desejo, o menino

do sorvete aparece e ele de tanto insistir, claro

galanteador e cavalheiro, como sempre soube ser,

jamais iria deixar de agradar sua querida amada. E

escolheu parta ela o de morango coberto de passas

de chocolate e para ele o de maracujá com a mesma

cobertura da amada. E, em casa não se tocaram,

ambos disfarçando cada um, à seu jeito, suas

respectivas preocupações, procuraram sem

sucesso, adormecer. Ele, com suas dores, ela, com

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 71 ]

a dúvida que lhe perseguia, cerca das dúvidas dele

para com ela. E, sem contar da abrupta

interrupção da noite. Marlene não escondeu sua

ansiedade de ver chegar o dia clarear, pois, não

sairia de sua mente as dores do seu amado,

Correia, refletia na face seu ar de preocupação

com as dores constantes, ela enquanto se vestia

para ir ao médico, lembrava do alerta que Henrique

lhe fizera antes do casamento. E vem como um raio,

um flash do bilhete colocado em baixo da porta, dias

antes do casamento. Uma outra lembrança,

ressurge: as constantes previsões de supostos

pretendentes, entre elas, uma ficou encravada em

sua Memória: “ __ Você não será feliz com Henrique!

“Se não for minha, não será de mais ninguém”.

Caro leitor, lembrando que, havia situações

distintas, porém pertinentes, pois, como ela, Era

uma Diva e esbanjava beleza e sensualidade, apesar

de não dar muito trela parta o que os homens

dissera a seu respeito, houve de certo alguns

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 72 ]

paqueras, alguns casinhos, hoje rebatizados como

“ficante” ou, passatempo., se assim, o preferir.

E, essa frase, ela encarou como se fosse uma

premonição, ou seria, uma blefe do destino?. Pois, o

suposto pretendente, poderia saber de alguma, de

alguma doença familiar que a família não a

comunicou. E, então chegaram os dois pegaram um

taxi e se dirigiram para o centro médico mais

próximo do hotel. Aguardaram sua vez de ser

atendido. Enquanto chegava sua hora, folhearam

algumas revistas a mostra, e a intranqüilidade era

nítida e visível em ambos. E, com a aproximação de

sua vez, a ansiedade e a angústia tomava cada vez

mais forma. A secretária nota os ajustes dos pés, e

lhes pergunta: Aceita um copo com água, um

cafezinho? Marlene aceita. Aceito um cafezinho, sem

açúcar, por favor! Na verdade, Marlene aceita só

para que Henrique não perceba que ela está mais

nervosa e preocupada com a situação do que ele.

Para amenizar, talvez! Mas os dois, apesar de

tentarem disfarçarem transbordam de ansiedade,

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 73 ]

tamanha era suas preocupações. Os pés, as mãos,

não achavam lugar,para se encontrarem, pois se

fosse calcularmos, a quantidade dos ajustes, troca

daqui, bota ali, já teriam dado uma volta e meia ao

centro das terra. Todavia, a ansiedade e a

expectativa foi dada por encerrada, quando fora

substituída pela comunicação da secretaria que

podia entrar.

- E o relógio informava que já passava das 10

horas quando enfim, a secretaria coloca de vez um

ponto final e lhes informa: ___ Srº Henrique, Dr

Richard lhe aguarda. Eles adentraram à sala do

médico, para receber o diagnóstico. Foi mais de 90

minutos de espera, para eles, uma eternidade, desde

o passar da sala de espera, até a sala de consulta.

Muito embora, ele já teria uma prévia suspeita, até

pelo quadro e os sintomas apresentados. Bem, a

hora é chegada. E somente o médico poderia

dirimir quaisquer sombra de suspeita. E dentro da

sala.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 74 ]

___ Drº Richard, o médico então, indaga: _ diga ai,

meu amigo, relate o que está sentido. Depois de

fazer um breve histórico dos sintomas, o médico

pede uma série de bateria de exames, para, então

depois, fazer o diagnóstico e, conseqüentemente, o

prognóstico, o tratamento, propriamente dito. Mais

estranho ainda, é quando, antes de encerrar a

consulta, o médico pergunta-lhe se na família já

houve algum caso de hemofilia. Aí é que a porca

torce o rabo. Eles, então, foram pra casa, avexados,

agoniados com o que ouvira. E mais ainda

Mário que, já suspeitava da gravidade do seu

estado., faltava então o parecer final do especialista

na questão pois, só depois da conclusão dos

exames é que poderia ter um indicativo de como

seria e qual o tratamento adequado a ser utilizado.

Os dois, então ligam parra o serviço de taxi e

solicita que venha pegar no Centro Médico.

Enquanto, esperava o Taxi, os dois se entreolharam

com uma de perda e trocaram rapidamente mais

um prolongado beijo. E um pergunta para o outro: E

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 75 ]

agora, Henrique? Ele ____ Como vai será agora,

nosso futuro? logo agora, amor, que estávamos

planejando ter nosso filho! E concomitante se

abraçam um não desamparar do outro. Nesse

momento, ela abre sua bolsa, retirando

silenciosamente um crucifixo o entrega e lhes diz:

Amor, tenha fé! lembrem-se que, passamos

momentos mais difíceis que esse e,conseguimos

vencer juntos, com muita fé perseverança e não será

essa “doença”, que... Ele a interrompe, querendo

tranqüilizá-la. E complementa a frase: “... que ainda

não foi confirmada, somente um pré-diagnóstico,

não é mesmo?

Minutos antes do taxi chegar ele ainda tem um

pequeno surto de memória que pergunta a si

mesmo.

___Oh! meu Deus, Confesso que errei, mas será que

mereço passar por esse triste momento. Arrependi-

me do que fiz, decidir ressarcir todo o montante

subtraído dos meus colegas, não basta, meu Deus?

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 76 ]

Perdoe-me então. Nisso cai dos seus olhos, uma

pequena gota de lágrimas que, sutilmente, ele tenta

enxugar-lhe sem que Marlene a perceba.

É, caro leitor, nada é despercebido da pessoa que

ama. Vocês pensam que ela não percebeu não? só

não percebeu como timidamente pegou seu lenço

na bolsa e a enxugou carinhosamente, e salpicou-

lhe mais um beijo caloroso, desta vez, não somente

de amor, mas de demonstração que ele não estava

só nessa batalha. Pois, uma fortaleza não se quebra

quando se tem um bom soldado.

E, enfim o taxi chega. Lágrimas enxugadas e lenços

guardados. Henrique informa ao taxista Deixe-nos

por favor, no Hotel Meridian Plaza. Do Consultório

Médico até o Hotel, todo o percurso gira em torno de

40 a 45 minutos. Lembrando que a Lua de Mel é na

Grécia.

Ao chegar em casa, o casal, ainda muito

impactados e transtornado com ao fato da doença

resolvem não perder mais tempo, em nada e

decidem que logo nas primeiras horas do dia

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 77 ]

seguinte, irá preparar um roteiro de todos as

recomendações feitas pelo Dr Richard e seguir à

risca, não deixando de fazer nenhum. Pois, lembrou

um velho ditado> Quando a pessoa está sem sorte,

o pássaro de baixa suja o de cima”. Correia, então

indaga num ímpeto impensado: Marlene por que não

avisamos aos nossos amigos do Brasil? Marlene

então, corrige> pra que os preocupar se nem mesmo

eles poderão resolver. E nós estamos em Lua de Mel,

vamos deixar eles preocupados a troco por que se

nós vamos sair dessa? Correia- Ainda vamos dar

muitas gargalhadas dessa história quando

desembarcar no Aeroporto de Santos.

No dia seguinte, Marlene é a primeira a se levantar

com o cantar dos pássaros, tão ansiosa que estava

para poder resolver essa primeira fase do problema,

que era fazer os exames. Antes de chamar o

marido, liga para o serviço de atendimento do hotel,

e pede que Prepare um super café da manhã

recheado, enquanto o banquete não chega, ela

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 78 ]

chama o Correia, para se arrumar e tomar seu café

para ir direto ao exames, e é o que eles fazem, após

o break feast. ___ Vamos Correia, tome esse café, por

favor! Olhe o adiantado da hora! Falou Marlene.

UMA SEMANA

DEPOIS

ENFIM, SAI O

DIAGNÓSTICO!

Depois de decorridos 07 dias, o casal retoma ao

consultório para pegar os exames, assim como fora

recomendada pelo médico Richard. Desta feita,

apenas para surpresa do casal, o tempo de espera

foi o mínimo possível.Depois, de 15 minutos, a

secretaria, o convocou para entrar na sala do

médico.

Henrique aproveitou o momento oportuno e pediu

acenou que tinha 03 perguntas a fazer acerca da

sua doença, como, por exemplo: Se ele, o médico

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 79 ]

conhecia casos semelhantes de que o paciente tinha

sido curado 100% 2º Se com o avanço tecnológico

da medicina, se haveria possibilidades dele sair

dessa, se recuperar 3º pergunta Drº: ___ numa

estimativa de 100& qual as minhas reais condições

de sair dessa, pelo seu conhecimento, sua

experiência e, principalmente pelo estágio em que se

encontra minha enfermidade? Diga a verdade não

minta, fale absolutamente, a verdade.

Drº Richard, então responde:

_ Srª e Srº Correia, na minha profissão, esconder,

ou omitir dados, são ações totalmente fora de

cogitações, pelo único fato, além de ser

contraditórios fogem à minha formação e, aos meus

princípios básicos, portanto, vamos aos fatos. Com

todo o avanço da ciência e o estágio avançado do seu

caso, é praticamente nulo, mas, há uma esperança:

Jesus é o Médico dos médicos e costuma operar

milagres.basta para isso ter fé. Acima de Deus,

ninguém, abaixo somente os médicos, que são os

instrumentos, o qual ELE costuma usar para

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 80 ]

realizar suas vontades. E segue com suas convicções

acadêmicas, tentando lhe convencer de que seu

legado não permite tais ações, até por quê houve

um juramento, quando da formatura.

Marlene muito ansiosa, interrompe as contundentes

explicações dispensáveis e irrelevantes e pergunta

ao Dr Richard: Diga, diga logo, acabe com toda essa

tensão, essa louca ansiedade, antes que me mate,

pois, to aqui, só Deus sabe como. Então, o caso

dele tem cura, podemos ir pra casa com algum fio

de esperança por pequena que seja?

A tensão continua, e parecendo mais cenas de

dramalhão de novela mexicana… Drº Richard lhe

oferece um copo de água e pede para que ela se

acalme e permaneça sentada coisa que ela não

aceita nem o conselho do renomado medico, muito

menos o copo de água. Que lhe é oferecido. Mas

calma e tranqüilidade, Marlene, pois, em vez de

um doente terminal, serão dois.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 81 ]

Ao pronunciar essa frase, Marlene que não é boba,

e bem esclarecida de todos os assuntos, fisgou logo

o que o conceituado médico tentou passar: ou seja,

preparar ele para essa amarga informação. Marlene,

então, resolve aceitar o copo de água, minutos

antes oferecidos por Richard. Contudo, faz uma

ressalva. Ponha um pouco de açúcar, pois, não

estou passando bem. Correia, fica sem saber o que

fazer, se pede pra explicar sua real situação ou se

procura adiantar o copo de água para sua querida.

Depois de socorrer Marlene, acalmando-a , o

médico, então conclui.

Srº e Srª Correia, sem mais delongas e partindo

para os finalmente e, tomando como base o

relatório por mim solicitado e que vocês habilmente

entregaram, o que tenho para lhes informar não é

nada tranqüilizador, pois, como havia perguntado,

quando da 1ª consulta se, por ventura eram ciente

e conhecedores de algum familiar que tinha tido

Hemofilia, infelizmente, não foi por acaso, pois

trabalha com duas frente lineares de pensamentos

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 82 ]

Uma das hipótese eram: Diabetes, que seria a

menos complicadas do ponto de vista médico e

científico, embora há muitos avanços na área, 2º

hipertensão, no meu haver á mais fácil de resolver,

assim como obesidade, e alergias, porém os

sintomas apresentados e relatados por você, só

sobrou Hemofilia, uma das piores enfermidades.E a

que menos eu torci para que você tivesse contraído,

mas infelizmente.

A viagem do destino

- Infelizmente o diagnóstico o diagnóstico está

confirmado, o Senhor é Hemofílico – diz Dr Richard

- e o diagnóstico indica Hemofilia do tipo B, a mais

grave manifestação dessa doença, mas isso não

significa que o senhor não tenha chances de

tratamento para conviver com essa enfermidade.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 83 ]

Marlene sente o coração acelerar, uma mistura de

nervoso com tristeza a invade, logo agora que

encontrou seu grande amor, e que viviam momentos

de intensa felicidade, a notícia caiu como uma

avalanche numa tempestade de neve. Mas precisava

disfarçar a tristeza, para não deprimir mais ainda

seu amado Mário, agora mais do que nunca ele iria

precisar de sua força e energia positiva para

enfrentar essa doença. Criou coragem e perguntou:

_ Dr Richard quais os avanços da medicina quanto

ao tratamento dessa doença? Temos que correr

contra o tempo. Voltaremos ao Brasil urgente! Ou o

senhor aconselha que façamos o tratamento aqui na

Grécia onde os tratamentos são avançados?

- Calma amor – disse Mário – vamos fazer tudo

conforme orientação do médico, prometo para você

que não vou te abandonar, vou fazer o que for

necessário para ficar curado ou pelo menos viver o

máximo possível.

Dr Richard, o único aparentemente calmo naquela

sala, diz com voz confortadora:

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 84 ]

- Fiquem calmos, com o tratamento adequado você

poderá viver muito tempo e aconselho que vocês

retornem ao Brasil imediatamente, pois o país de

vocês tem tratamento para esta doença, centro

avançados de pesquisa, médicos também

competentes, e nada melhor para um pessoa doente

que estar em seu país de origem, perto de amigos e

familiares para se adaptar melhor ao tratamento.

Além disso, mesmo se vocês não tivessem condições

financeiras o SUS no Brasil oferece tratamento

gratuito para os hemofílicos, o que não parece ser o

caso de vocês, aproveitem que vocês podem pagar

um tratamento particular e façam o melhor possível.

Eu vou enviar um relatório para uma Hematologista

amiga minha no Brasil, especialista em Hemofilia,

fez quatro anos de especialização nos melhores

hospitais do mundo, e agora voltou ao seu

maravilhoso país, portanto, fiquem tranquilos,

retornem ao Brasil o mais rápido que puder, pois

quanto antes o tratamento, maior as possibilidades

de sobrevivência.

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 85 ]

Mário e Marlene retornam ao hotel abraçados, cada

um pensando nos últimos acontecimentos, e cheios

de esperança, quanto mais rápido interromper a

maravilhosa lua de mel, maiores as chances de dar

continuidade a essa linda história de amor.

Ao chegar ao hotel Marlene sobe para preparar as

malas, pois precisavam retornar imediatamente ao

Brasil, Mário fica na recepção cuidando dos

protocolos para interromper a lua de mel. Depois de

todas as formalidades com passagens e hotel, ele vai

ao bar do hotel, precisava ficar um pouco sozinho,

não queria mostrar suas angústias para Marlene,

sentado no bar ele pediu apenas uma Perrier, não

conseguia mais colocar uma gota de álcool na boca,

em outras ocasiões ele pediria um Whisky Johnnie

Walker, mas agora ele queria preservar sua saúde,

prolongar o máximo possível seus momentos com

Marlene, e umas das coisas que ele queria evitar

nesse momento era fugir da realidade através da

bebida, o tempo agora corria contra ele, e cada

minuto seria aproveitado ao máximo. Sentado

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 86 ]

saboreando a Perrier ele pensou em se dedicar ao

tratamento, como prioridade, ao amor com Marlene

e também ao Instituto, pois queria deixar o Instituto

conhecido no Brasil, assim que chegasse de volta

iria convocar os colaboradores do Instituto para que

adiantassem a peça de estreia, não seria essa

doença que iria desanimar. Precisava ser forte,

precisava lutar para sobreviver a essa tempestade

em sua vida, e que essa crise não afetasse o

casamento dele com Marlene, não queria que ela

sofresse.

Pediu em oração para que Deus o ajudasse a

superar mais esse momento de tristeza, a mesma

força que teve quando perdeu seu pai, sua esposa

agora precisava reunir mais coragem pois o desafio

seria na própria pele.

No quarto Marlene terminou de arrumar as malas, e

olhava desolada pela janela do hotel, não conseguiu

segurar as lágrimas, em seu coração a possibilidade

de perder seu grande amor já deixava um

sentimento de saudade. Enxugou as lágrimas,

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 87 ]

precisava ser forte, decidiu então que aproveitaria

cada minuto com Mário, cada dia como se fosse o

último, o tempo agora era curto, amanhã quando

chegassem ao Brasil, tinha fé que ele ficaria bem

com o tratamento, não sairia do seu lado. Pensou

nos amigos no Brasil, Henrique e Aldo, no Instituto,

na peça que pensavam em produzir para divulgar o

grupo pelo país, assim que chegassem iria pedir que

os colaboradores cuidassem da produção, enquanto

ela cuidaria de acompanhar Mário no tratamento.

Por sorte antes do casamento ela tinha entregado o

roteiro da peça, e a equipe de produção já deveria

estar estudando as estratégias, para produzir o

espetáculo. Parecia coisa do destino, essa peça

escrita por ela, homenageando a história deles,

agora seria uma questão de honra concluir o projeto,

pois, isso alegraria mais ainda a vida de Mário, se

algo acontecesse com ele, seria uma realização o

sucesso desse projeto.

Ficou decidido que o nome da peça seria VIDAS

SELADAS, pois na vida dos quatro amigos, cartas

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 88 ]

foram fundamentais, para a união deles, causaram

também desencontros, quando ela lembra daquela

carta anônima que recebeu dá até arrepio de pensar

que alguém fez tamanha maldade, tentando destruir

o relacionamento deles. O nome veio como uma

representação da amizade que foi selada pela carta

que Mário enviou para a reconciliação e o reencontro

com os amigos, e por coincidência do destino a

primeira empresa que patrocinou a peça teatral de

lançamento do Instituto de Artes, foi o CORREIO,

então o nome alegrou os colaboradores.

Marlene depois que reencontrou Mário, encontrou

inspiração novamente para escrever, os anos de

bloqueio criativo foram apagados de sua memória e

ela buscou no grande amor da sua vida, incentivo

para criar novamente, e a peça depois de analisada

por vários especialistas em teatro do próprio

Instituto, foi elogiada, tinha tudo para ser um

sucesso.

Mário só saiu dos devaneios quando o avião pousou

no aeroporto de São Paulo, tiveram que mudar a

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 89 ]

programação pois eles não poderiam pousar em

Santos já que tinham que ir à Dra Ana Clara

Kneese, Hematologista indicada por Dr Richard,

para acompanhar o tratamento de Mário, o médico

agendou a consulta em contato direto com a colega

de medicina, além de enviar o relatório.

Ao chegarem ao Centro de Hematologia de São

Paulo, aguardaram por 2 horas o atendimento,

Mário ficou nervoso, estava impaciente, acho que

seria rápido, mas viu que assim como ele, várias

pessoas buscavam tratamento com a mesma

médica, e cada história que ouvia no consultório o

deixava mais angustiado, não tem coisa pior para

um paciente, que ficar aguardando atendimento na

recepção de consultório, ele passa a saber de casos

piores, às vezes também escuta histórias de

superação, mas o que realmente o preocupou foi que

não ouviu um caso de cura.

Ao saírem do consultório com todas as

recomendações para o tratamento, viajaram para

Lonia, Mário não parecia nada bem, dores o

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 90 ]

incomodavam, não estava aguentando tanta viagem

e fortes emoções.

No dia seguinte Marlene convidou Aldo e Henrique

para almoçar na casa deles, queria dar a notícia,

decidiram que não esconderiam a doença dos

amigos mais íntimos, toda ajuda agora seria

necessária para o tratamento, ajuda psicológica, era

importante que Mário sentisse amado por todos, o

carinho das pessoas mais próximas era importante

no tratamento.

Quando os amigos chegaram, Marlene logo conta

sobre a doença, o clima de tensão reinou na sala. A

reação de Henrique foi inesperada, um choro

descontrolado o acometeu, ele abraçou Mário, pediu

perdão, soluçando disse nunca ter desejado a morte

dele, mesmo amando Marlene não queria que a

separação dos dois fosse por morte, confessou na

frente dos amigos em lágrimas o amor que sentia

por Marlene, mas que sempre desejou que eles

fossem infelizes no casamento, que se divorciassem,

menos que ele morresse. Um clima tenso se formou

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 91 ]

na sala, mas Mário surpreendentemente o perdoou,

choraram feito crianças, e tudo ficou esclarecido,

parecia que a nuvem carregada da inveja que

sempre pairou sobre eles tinham se dissipado e um

alívio veio em seguida ao desabafo dos dois.

Aldo ouvia tudo atentamente e só lamentou que

tudo tivesse acontecido assim, essa doença foi

inesperada para ele, e também ele nunca tinha

percebido o quanto os dois tinham ciúmes um do

outro.

Depois do almoço conversaram agora sobre a peça

VIDAS SELADAS, tinha que estrear em breve,

prometeram empenho na realização, Henrique e

Aldo sabiam que o sucesso dessa peça envolvia mais

que dinheiro e fama, era uma forma de homenagear

o amigo, que poderia com essa alegria, prolongar os

seus dias de vida.

Os dias que antecederam a estreia foram muito

ativos, Aldo e Henrique decidiram se dedicar mais

ainda a realização do evento, já que Marlene e Mário

estavam em pleno tratamento, e muitas vezes, Mário

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 92 ]

precisou ficar internado para transfusões de sangue,

Marlene dedica agora seu tempo integral no

acompanhamento de Mário, já que ele anda fraco,

mas entra em contato diário com Aldo e Henrique

sendo informada do andamento do Instituto. Mário

também acompanha tudo via internet, agora ele se

dedica as facilidades da tecnologia para distrair, nos

momentos em que vai para o hospital aproveita para

conversar com os amigos quando é possível. Aldo

sempre que fala com ele pela internet brinca dizendo

que ele é consultor online do Instituto. Apesar do

tratamento intenso, Mário está muito feliz, sua

amada, Marlene não o deixa ficar triste um só

instante, a cada dia eles vivem momentos de amor e

companheirismo.

Chegou finalmente o dia da estreia da peça,

Henrique conseguiu a participação da imprensa

local e o evento foi divulgado em vários programas,

inclusive em rede nacional, um programa de

entrevista convidou na véspera da estreia os 4

amigos para falar sobre a peça e o Instituto que já

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 93 ]

era um sucesso na região, tendo formado a primeira

turma de excelentes atores, dançarinos e música,

tendo as matrículas disputadas por talentos do

Estado, o que fez de Lonia o reduto dos artistas em

ascensão, jovens talentos vinham de diversas

cidades para estudar no Instituto.

Mário compareceu nos estúdios de TV para a

entrevista de moletas, ultimamente ele andava fraco

e o risco de quedas poderia piorar a situação,

Marlene sempre ao seu lado, muito feliz com a

chegada da estreia da peça, escrita por ela,

inspirada pela amizade dos 4 amigos, e

impulsionada pelo amor de infância que sentia por

Mário. Aldo e Henrique mereciam todos os créditos

na realização deste evento pois a ajuda deles nesse

momento também foi muito importante. Cada um

contribuiu para o sucesso do Instituto e a peça seria

apenas a confirmação de tudo.

O teatro municipal de Lonia estava lotado, toda as

pessoas que apreciavam a arte, compraram

ingressos antecipados, os convidados especiais

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 94 ]

compareceram e toda imprensa fazendo a cobertura

do evento. Mário, Aldo, Marlene e Henrique

ocuparam o camarote principal, junto com as

autoridades convidadas, afinal o Instituto era um

grande incentivo para a cultura local. Com o

patrocínio dos CORREIOS, um representante da

empresa também estava assistindo atentamente ao

espetáculo. Se a peça realmente agradasse ao

público e a crítica, a empresa vai aumentar o apoio e

circular nos maiores capitais do país, nos melhores

teatros, e já no roteiro escrito por Marlene a aposta é

que seria uma sucesso.

A plateia aplaudiu de pé, os atores foram

ovacionados por um público satisfeito com o

espetáculo teatral, confirmando a aposta do

Instituto de que aquela peça levaria o nome da

escola para todo o Brasil.

Mário esqueceu os problemas, a felicidade era maior

que seus problemas de saúde, agora ele poderia

partir feliz, se sentia plenamente realizado, era

muito amado por Marlene, por seus amigos, e

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 95 ]

conseguiu realizar o sonho deles e fazer outras

pessoas também felizes.

Uma homenagem

Mario seguiu com o tratamento durante mais um

ano. Apesar dos esforços de Marlene e dos amigos, a

doença tem se mostrado cada vez mais voraz e a

idade de Mario não o ajudava muito, passando a ser

comuns sangramentos e às vezes nos casos mais

estremos convulsões fortíssimas que obrigavam

Marlene a correr pra emergência toda vez que elas

vinham. A força de vontade de Mario se esvairia aos

poucos a medida que a doença lhe consumia. Era

difícil lidar com as crises e ainda ver o sofrimento de

sua esposa tentando apoia-lo e esconder dele seu

próprio esforço para mantê-lo feliz e esperançoso

uma vez que a morbidez da Hemofilia o deixava cada

vez mais fraco e com a aparência sofrida. Era a

imagem de um homem idoso, muito magro e sem

Vidas seladas, por Marlene schumps

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cabelos que vivia sangrando pelo nariz que Marlene

tinha de conviver.

Mario sabia que Marlene começava a enfraquecer,

aquele clima pesado se instalava e parecia ficar cada

vez mais confortável ali na casa dos dois. Era

terrível, ambos sabiam que seus parceiros estavam

muito esgotados, mas não queriam ceder na frente

um do outro. Os dias seguiam desse jeito, entre idas

a consultórios e hospitais receber aplicações de fator

IX, às vezes recebiam visita dos amigos Aldo e

Henrique, mas na maior parte do tempo o casal

passava seus momentos na companhia um do outro.

Marlene acordava às seis horas todos os dias,

preparava o café de Mario, em seguida lembrava-o

de tomar seus remédios, seguindo a risca os

horários, apesar de tudo ele ainda conseguia tomar

banho e cuidar de sua higiene sozinho. Alguns dias

Mario pegava o carro e saia, visitava a instituição às

vezes ficava de bobeira no parque curtindo o sol e

até fez amizades com os idosos da associação

atlética de domino de pedra da cidade de Lonia, com

Vidas seladas, por Marlene schumps

[ 97 ]

quem passava a maior parte da manhã, em seguida

voltava para casa e tomava mais remédios antes do

almoço .

Marlene achava saldável às saídas matinais de

Mario, isso a alegrava muito, a fazia pensar que seu

marido continuava positivo e feliz para continuar

com o tratamento. Mas não era bem assim, ele sabia

que tinha de dar um tempo de sua doença a

Marlene, ele não podia sobrecarrega-la com todo o

fardo que esse mal os trazia. Na verdade Mario

escondia sua verdadeira condição clinica, saia com o

carro porque não tinha forças para caminhar além

da quantidade de sangue que tinha perdido nos

últimos meses, o que o fez frequentar ainda mais o

hospital publico de Lonia por conta das frequentes

transfusões de sangue que recebia, inclusive do

próprio Henrique, que havia se tornado seu

cumplice nesse segredo. O amigo doava sangue

semanalmente no hospital, pois ambos – Mario e

Henrique – possuíam o mesmo tipo sanguíneo, o que

terminou aproximando ainda mais os dois.

Vidas seladas, por Marlene schumps

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Mario sempre pedia: - Henrique, nunca conte a

Marlene sobre essa piora, ela vive muito

sobrecarregado, e as vezes tenho a impressão de que

eu possa estar tornando sua vida miserável com

todo esse meu problema.

- Que é isso Mario! Marlene já mais vai se sentir

desse jeito por ter de estar ao seu lado nesse

momento. Muito pelo contrario, é a prova de que o

relacionamento de vocês é solido e verdadeiro. Vocês

sobreviveram ao tempo e ao desentendimento, não

vai ser essa doença que terminara com tudo.

-Valeu Henrique. Eu sei disso, mas as vezes é difícil

pensar desse jeito. Eu sinto que ela está cansada,

apesar de tentar disfarçar. Mas é inevitável e muito

doloroso eu entendo ela.

-Mario, sua mulher é muito forte, ainda mais

quando ela se apega na esperança da sua melhora.

Nada vai fazê-la desistir de você.

-Eu sei, mas eu já passei pelo que ela vive agora.

Quando eu digo que a entendo é porque eu já estive

no lugar dela. Eu estive com o meu pai até o ultimo

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dia, eu tinha esperança de que tudo ia ficar bem,

mas à medida que os dias passavam eu me sentia

cada vez mais desgastado vendo ele piorar, sentindo

sua vida se esvaíra ao poucos, tendo que suportar

toda a frustração de perder meu pai para essa

doença.

-Mas Mario, os tempos são outros, a medicina

melhorou muito, suas chances são maiores que as

que seu pai tinha. Vamos lá seu velho decrepito,

animo!

Mario ri alto. –Velho decrepito? Vamos parar por

aqui se você não quiser que eu desenterre seu

apelido.

-Eu não lembro de nenhum apelido da nossa época.

-A meu caro você que pediu por isso. Capenga!

Entonou Mario com ar de brincadeira e esperando

Henrique cair na risada.

E foi o que aconteceu, depois que Henrique aceitou a

brincadeira e caiu na risada foi a fez de Mario

acompanhar.

Vidas seladas, por Marlene schumps

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Assim que Mario termina a transfusão vai direto

para casa, Marlene acha que Mario esta na praça

matando o tempo e não o espera tão sedo, é quando

Mario chega sorrateiro e se surpreende,

encontrando-a aos prantos na mesa da cozinha. Ele

a deixa em seu momento e volta para o carro. Tudo

o que Mario temia com relação ao que sua esposa

pudesse estar passando, agora era evidentemente

realidade. Não haviam mais hipóteses ou teorias,

estava tudo claro na cabeça de Mario, estava

acontecendo como ele havia previsto.

Dessa vez Mario bate na porta e chama por Marlene.

–Querida, você está em casa? Pergunta ele fingindo

estar chegando em casa pela primeira vez. –Sim

Mario, aqui na cozinha. Mario a encontra dessa vez

terminando o almoço. Sem lagrimas mas com os

olhos vermelhos é a deixa para ele perguntar o que

houve. –Foram as cebolas, benditas cebolas!

Responde Marlene, que emenda dando uma noticia.

-Sabe quem está vindo aqui para Lonia ver você?

-Não. Responde Mario com ar de desconfiança.

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-É o Borges, seu sobrinho está a caminho, ele deve

estar chegando amanhã.

-Sim claro, o Borges, que boa noticia. Eu vou tomar

um banho. Depois disso Mario sobe para o banheiro

onde fica sozinho com seus pensamentos durante

longos minutos, o suficiente para preocupar Marlene

que insiste em apreça-lo para o almoço. Durante o

resto do dia Mario se mantem pensativo e distante.

Mario sentia estar se enganado com relação a sua

melhora, mas o pior era pensar em Marlene,

engana-la também, faze-la crer num milagre que

sabia ele não viria a acontecer. Era questão de

tempo até as coisas continuarem desandando e

transformar a vida deles na mais miserável possível,

levando a um desfecho inevitável e arrasador para o

apaixonado coração de Marlene. O que pesava mais

nos pensamentos de Mario era prolongar o

sofrimento dela com relação a ele.

Na mesma tarde, Mario decide dar uma volta a pé

pela praça o que não era comum. Marlene se

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ofereceu para ir junto, mas Mario insistiu em ir só. –

Sim claro, você tem certeza? Pergunta Marlene.

-Sim, acho que consigo caminhar mais agora. Tenho

me sentindo bem melhor ultimamente. Quero ver

quão bem eu acho que estou.

-Que boa noticia, mas não esqueça o telefone e os

remédios, você tem três para agora à tarde. Não se

esforce muito cuidado.

Na verdade Mario caminhou com muito esforço até a

associação atlética de dominó de pedra encontrar

com seus amigos, ele ficou lá por um tempo jogando

e conversando com os senhores que lá estavam até

se recompor e despedir-se de todo mundo, seguindo

agora para a fundação na qual era fundador. Mario

chega de surpresa e vai direto à parte administrativa

onde ele pode encontrar Aldo e Henrique.

-Ei Aldo, veja só quem resolveu fazer surpresa!

Exclamou Henrique ao ver o amigo. Henrique de pé

aperta a mão do companheiro enquanto Aldo sai de

traz da mesa e vai de encontro a Mario estendendo-

lhe a mão. –Que é isso pessoal, venham aqui vocês

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dois. Fala Mario abrindo os braços e chamando os

amigos para um caloroso e duradouro abraço

carregado verdade e emoção.

-Eu vim aqui ver a fundação. Tem tempos que não

venho aqui.

-Sim claro. Vou fingir que não é uma desculpa para

você ver sua nova namorada. Fala Aldo risonho

olhando para Henrique fazendo brincadeira com a

aproximação dos dois.

Henrique como sempre invocado dá um leve tapinha

na cabeça de Aldo que continua rindo dos dois.

Que é isso pessoal só estou aqui passando o tempo.

E quero aproveitar para dizer que quero levar todo

mundo para comer fora hoje. Os dois ficaram muito

empolgados e confirmaram presença.

Marlene eu te amo

A Noite por volta das nove horas, Marlene chega

acompanhada de Mario no restaurante combinado e

lá já se encontravam esperando os dois amigos Aldo

Vidas seladas, por Marlene schumps

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e Henrique, este fazendo gestos com o dedo

indicador apontando para o relógio de pulso, falando

sobre o atraso dos dois. Mais é claro, tudo em tom

de brincadeira, parecia ser esse o clima que

perduraria o resto da noite, descontraído e leve, algo

com que Marlene tinha se desacostumado nos

últimos meses. Mario aparentava estar muito feliz

naquele momento, cercado pelos melhores amigos e

é claro na companhia do amor de sua vida. Era uma

sensação magica já que isso tinha deixado de

acontecer com frequência. Provavelmente a ultima

vez que Mario e os amigos se sentiram felizes desse

jeito por estarem reunidos foi no grande reencontro.

Os amigos riam e conversavam sobre o passado, as

coisas que deixaram para traz para poder estra

vivendo aquele momento, as coisas da infância, o

sucesso da fundação. Mas Mario evitava falar sobre

sua doença, aquela noite era muito especial para ele

e jamais poderia deixar que seu pior inimigo na vida

lhe tirasse o momento. Ele olhava para Marlene e

em seguida ao redor, os amigos o lugar, as pessoas,

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estava tudo perfeito, a comida, o humor de todo

mundo. Parecia que Mario havia conseguido o que

queria e depois de tantas historias parecia ser a

hora de ir, já estava tarde e o quarteto pareciam ser

as ultimas pessoas do lugar. Foi tão natural que

nenhum deles viu o tempo passar ou as pessoas

indo embora.

Depois de racharem a conta que Mario insistia em

pagar sozinho, todos se despediram e seguiram para

suas casas. Durante o caminho de volta houve

silêncio no carro de Marlene e Mario. Ambos ficaram

calados e durante todo o percurso não houve uma

única palavra. Era tarde, os dois seguiram do carro

para o quarto. –Vou tomar banho primeiro e já parto

para cama. Disse Marlene.

-Sim, eu estou na sala. Mario ficou isolado até

Marlene pegar no sono, foi quando ele entrou no

quarto e finalmente deitou-se ao seu lado. Nessa

noite Mario não conseguiu dormir, ele olhou para

Marlene o máximo que pode até o sol começar a

mudar o céu e ele levantar-se. Dessa vez Mario fez o

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café e esperou Marlene acordar, o casal comeu junto

e Mario parecia estar conseguindo mudar o clima

para Marlene. Ela estava contente, disso Mario

poderia ter certeza.

No final da refeição Mario se levanta e beija a cabeça

de Marlene. –Tenho que ir. Fala Mario. –Mais tão

cedo? Pergunta Marlene.

Mario não responde, então Marlene completa

lembrando-o. –Não esqueça ... Desta vez Mario

interrompe. –Telefone e remédios! Estão comigo, não

se preocupe. Tchau! Eu te amo! Gritou Mario antes

de Bater a porta sem dar a chance de Marlene falar

qualquer coisa. Ela ficou parada e estranhou o afeto

incomum de Mario, mas gostou do gesto.

Ela seguiu sua rotina, e depois de horas recebeu um

repentino telefonema.

-Senhora Marlene?

-Sim.

-Você é a esposa do senhor Mario Quintana?

-Sim

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-Senhora, seu marido sofreu um acidente de carro e

está conosco no hospital das Preces.

-Ele está bem? Oque aconteceu? Desespera-se

Marlene ao telefone. –Nós estamos fazendo o possível

senhora, você pode vir ao hospital acompanhar.

Marlene corre para o encontro de Mario enquanto

liga para a fundação atrás de Aldo e Henrique, ela

pede que os dois a encontrem no hospital. Aonde ela

chega desesperada perguntando pelo Marido, até ver

os dois amigos acenando. –Calma Marlene, nos já

estamos esperando noticias do medico, ele prometeu

trazer informação a qualquer momento. Nesse

momento um dos médicos se aproxima e pergunta...

–Vocês estão acompanhando o paciente Mario

Quintana? –Sim! Responde Henrique.

Senhores, o paciente sofria de hemofilia tipo B e

tinha desenvolvido um inibidor para o fator IX, ele

sofreu uma hemorragia interna e não conseguiu.

Desculpe, nós fizemos o possível para salva-lo, mas

foi inevitável. Eu sinto muito! Nesse momento

Marlene desaba no chão de joelhos e chora

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silenciosamente enquanto os amigos assimilam o

que aconteceu e vão consola-la.

-Mas como, ele sempre se cuidou, vinha tomar as

aplicações de IX. Até ontem ele recebeu. Isso não

pode ter sido de uma hora pra outro.

-Já faz um tempo. Na verdade ele vinha receber

transfusões de sangue e não queria lhe contar

porque temia sua reação. Eu sempre conversava

com Mario, e ele me dizia que não conseguiria.

Explicou Henrique.

-“Minha reação”! O que eu poderia fazer? Falou

Marlene aos prantos.

-Calma Marlene, ele só se preocupava demais com

você, é só isso. O acidente foi uma terrível

fatalidade. Disse Aldo. –Isso mesmo, precisamos ser

fortes agora uns pelos outros.

Em seguida todos na cidade já sabiam da trágica

morte de Mario, Seu sobrinho soube pelos vizinhos

quando chegou à casa dos tios e não encontrou

ninguém. Borges foi muito firme quanto à situação.

Foi fundamental para organizar o funeral do tio

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enquanto Marlene não tinha forças se quer para

pensar no futuro sem o marido. Aldo e Henrique

foram muito importantes também, eles consolaram

Marlene durante todo o tempo não a deixaram só

por um único minuto.

O funeral ocorreu no dia seguinte ao acontecimento.

Foi na fundação dos quatro que o corpo de Mario foi

velado e recebeu a todos para sua despedida. A

cidade foi vê-lo pela ultima vez e agradece-lo pelo

feito em contribuição a cidade. Os amigos e

Principalmente Marlene puderam ver o quanto Mario

era respeitado e considerando entre os habitantes de

Lonia. Sua causa era conhecida, sua luta cativava

as pessoas e sua historia as inspirava. Era dessa

forma que Mario iria partir, como um guerreiro que

morreu no campo de batalha, mas deixou uma

mensagem de vida. Marlene não poderia deixar a

memoria de Mario morrer com o momento. Ela sabia

que as pessoas precisavam continuar sendo

inspiradas pelo feito de Mario, Mas não apenas o

dele, o seu próprio e o de seus amigos também,

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historias como essa são raras e precisam ser

gritadas aos quatro cantos do mundo, porque dão

esperança as pessoas e as fazem continuar

acreditando no mundo.

Por isso em memoria de Mario Quintana, a historia

das vidas seladas.