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Para ler o começo do texto visite o blog do Family More http://family-more.blogspot.com http://family-more.blogspot.com.br/2012/04/minhas-teorias-de-conspiracao.html
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Você é o seu próprio Juiz. O seu acusado. E seu acusador. E a sua sentença.
Dar palpites é uma coisa muito comum. Você sabe, pensar que está dando outras opções ou
saídas para algo que está incomodando alguém. Às vezes, confundimos isto com o ato de dar
conselhos. Porém existe uma pequena diferença nestas duas ações. O ato de palpitar está
diretamente ligado ao fato de que você está dizendo o quê a outra pessoa deve fazer.
Aconselhar alguém é dar-lhe outras opções, além das que ela já tem, sem buscar envolver o
que você quer esta pessoa faça e sim, o que é melhor para ela neste caso. Cabe à outra pessoa
aceitar este conselho ou não. Já na questão do palpite, você está, mesmo que não perceba,
dizendo á outra pessoa como e o quê ela deve fazer, como se a outra opção fosse a errada e a
sua, a certa.
O que nos leva a outro conceito que confundimos bastante: Julgar. Entre palpitar, aconselhar e
julgar existe grossas paredes divisórias, que às vezes, apesar da sua dimensão, é bastante
invisível.
“Eu não sei por que fulano sai com ela, a garota parece tão fresca.” “Ela não gosta dele, só
está namorando-o porque ele tem dinheiro. Ela é muito bonita para ele.”
Se você não conhece, não julgue. Se você conhece, não julgue. Se você não sabe o porquê,
porque diabos você está fazendo julgamentos?
Todo mundo faz julgamentos. É verdade. Dentro do pensamento humano parece existir um
mecanismo próprio para isso, às vezes. Julgamos sem nem ao menos perceber que estamos
fazendo. Pré-julgamentos e Pré-conceitos são comuns por que você os faz apenas e
meramente vendo ou ouvindo uma situação. Você não a conhece, mas você a julga. É como
uma proteção; eu julgo aquilo antes, porque quero saber se me oferece algum tipo de ameaça.
No entanto, temos que tomar cuidado com este tipo de coisa quando se trata das pessoas.
Nem tudo o que parece é. Você não a compreende, então, você não pode dizer conhecê-la
realmente. As aparências são uma ótima forma de farsa, procure tentar conhecer este alguém.
E mesmo quando você já tiver feito isso, tente compreender as suas razões. E depois disso,
aconselhe-a. Se você realmente quiser o bem desta pessoa, seu conselho será feliz.
O trecho no começo do texto foi extraído do livro “O Diário da Princesa”, onde a protagonista
Mia Thermopolis, princesa de Genovia, têm uma melhor amiga chamada Lilly que é um claro
exemplo de como não se deve controlar a vida das pessoas.
Na literatura, casos como esse, são muito comuns. Principalmente entre amigas e o potencial
par romântico da protagonista.
Lilly de “O Diário da Princesa” é o tipo de personagem que consegue ser muito chata ou muito
legal, ao mesmo tempo. Ela tem um visível controle sobre as decisões de Mia e a julga
conforme seus conceitos, e eles são muito mesquinhos na maior parte do tempo. Você
consegue perceber isso desde o primeiro livro (O Diário da Princesa) até seu estopim, no
penúltimo livro. E, além disso, essa serie de livros da autora Meg Cabot é cheia de reviravoltas.
E há também um exemplo perfeito de como não se deve julgar alguém, e que as pessoas
podem te surpreender por conta de que você pensa que as conhece, mas na verdade não o
faz.
“O que é que você é?”, perguntou. “Uma pessoa inteiramente passiva? Você é muda ou coisa
assim? Incapaz de dizer a palavra não? Sabe, Mia, a gente precisa realmente trabalhar sua
positividade. Você parece ter problemas sérios com sua avó. Você não parece ter problema
para me dizer não. Eu precisei muito de sua ajuda hoje com o episódio Ho e você me deixou na
pior. Mas não viu problema em deixar sua avó cortar seu cabelo e pintá-lo de louro...”
Ok, apenas se lembre que acabei de passar o dia inteiro ouvindo alguém dizer que eu parecia
um horror — pelo menos até Paolo me pegar e me deixar parecida com Lana Weinberger. E
nesse momento eu ainda tinha que ouvir que há alguma coisa errada com minha
personalidade.
Perdi o controle e disse: “Lilly, cale a boca.”
E ainda...
“Infelizmente, no exato momento em que eu estava mandando Lilly calar a boca, Michael
apareceu, com uma caixa vazia de cereal na mão e sem camisa.
“Uaaau”, disse ele, recuando. Não sei bem se ele disse uaaau e recuou por causa do que eu
acabava de dizer ou por causa da minha aparência.
(...)
Então, em vez disso, continuei: “Estou cansada de você me humilhar o tempo todo. Durante o
dia todo, minha mãe, meu pai, minha avó e os professores estão me dizendo o que fazer. E não
preciso que meus amigos façam isso também comigo.”
“Uaaau”, repetiu Michael. Desta vez tive certeza de que foi por causa do que eu disse.
“Qual”, disse Lilly, apertando os olhos, “é o seu problema?”
Eu respondi: “Quer saber? Não tenho nenhum problema. Você é que está com um problema.
Parece que você tem um grande problema comigo. Quer saber de uma coisa? Vou resolver seu
problema para você. Vou embora. De qualquer jeito, eu nunca quis ajudar você com aquela
história estúpida do Ho-Gate. Os Ho são gente fina. Eles não fizeram nada de errado. Não vejo
motivo para você pegar no pé deles. E...”, continuei enquanto abria a porta, “meu cabelo não é
amarelo.”
E me mandei. E meio que bati a porta quando saí.” – Mia Thermopolis (O Diario da Princesa – Meg
Cabot)
Outro caso claro de controle é o Daniel da série de livros Fallen. Ele é o tipico mocinho
controlador, do jeito mais ruim possivel, que beira a manipulação. Ele é irritante e mandão.
Daniel usa o fato de que Luce, a protagonista do livro, não conhece, digamos, a “historia” deles
para fazê-la seguir de acordo com o que ele deseja. Ele consegue fazer isto também, por conta
do claro afeto demasiado que Luce tem por ele. E por conta de que ele é o ser sobrenatural da
historia e ela, a simples humana.
De fato, até o segundo livro, Luce concorda com muitas coisas das quais Daniel “pede”. Ela
mantem o que ela quer, oculto, pelo motivo de amá-lo e não querer magoá-lo. Ou por achar
que ele tem um melhor julgamento para as situações, já que ela não parece conhecer as coisas
tanto quanto ele. O problema, é que Daniel faz questão de não revelar. Ele diz que é o melhor
para ela.
“- Desobedeci você? – Ela riu, mas por dentro se sentia tonta e enjoada. – Você é o que, meu
namorado ou meu dono?” - Luce (Tormenta – Lauren Kate)
Então, até que você compreenda o porquê de ele agir assim, seu ódio por ele já ultrapassou
milhares de barreiras e depois é quase impossível criar alguma simpatia pelo personagem. Essa
é uma coisa que atrapalha um pouco a leitura, por conta de que, muitas vezes, você torce por
qualquer outro “mocinho em potencial” que apareça na trama. Só para aliviar um pouco a
irritação que te dá nas cenas românticas que deveriam ser agradáveis.
A questão é: tanto na ficção quanto na vida real, o controle, o julgamento, o palpites devem
ser coisas que se deve evitar. Ou se você não puder fazê-lo, procure centrar essa quantidade
de energia na sua propria vida.
Na maior parte do tempo, as pessoas não conseguem resolver seus proprios conflitos por
acharem dificeis e complicados demais em relação aos conflitos alheios. Mas não é bem assim.
Por ser uma parte do problema em questão você se sente mais obviamente ligado a ele. Suas
emoções são bem mais profundas em comparação á quem estar do lado de fora. E verdade
que ás vezes pode ser mais claro para quem estar de fora. Mas na maioria dos casos a solução
está intrisecamente ligada aos envolvidos naquilo. E, em varios casos, decisões ruins são
tomadas por conta da intervenção de pessoas leigas na questão.
Por isso, devemos ter em mente uma coisa importante: você é o melhor juiz quando o que está
em questão, são os seus proprios problemas. Você é quem sabe melhor sobre você mesmo.
Ninguém, absolutamente ninguém pode sentir suas emoções melhor do que você. Nem os
seus conflitos. Ou os seus dilemas.
Você é o seu próprio Juiz. O seu acusado. E seu acusador. E a sua sentença.
Para terminar deixo uma frase do brilhante Paulo Coelho que descreve este tipo de situação
com maestria:
“Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o
único. Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe da sua própria dor e
renúncia...”. – Paulo Coelho.
Pense nisso.
Millena Portela