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Quadrinhos e Ideologias Natania Nogueira e Valéria Fernandes

Minicurso: Racismos, Relações de Gênero e Ideologias Políticas nas Histórias em Quadrinhos: perspectivas de ensino e pesquisa - Parte 1

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VIII Encontro Nacional de Perspectivas do Ensino de História e III Encontro Ibero-Americano de Ensino de História.

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Quadrinhos e Ideologias

Natania Nogueira e Valéria Fernandes

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O QUE É IDEOLOGIA?

• “Sistema de ideias peculiar a determinado grupo social, condicionado quase sempre pela experiência e interesses desse grupo. A função da ideologia consiste na conquista ou conservação de determinado status social no grupo. Atitudes ou doutrinas políticas, econômicas ou filosóficas desempenham, geralmente, funções de ideologia. Uma ideologia pode estar em harmonia com valores que prevalecem na própria sociedade, ou opor-se a eles.” 2

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FUNÇÃO IDEOLÓGICA DOS QUADRINHOS

• A importância dos quadrinhos pode ser medida por capas como esta de 1988 da revista Time, marcando os 50 anos do Super-Homem.

• A Morte do Super Homem foi inclusive tema de redação no vestibular da UFRJ para o ano de 1993. 3

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FUNÇÃO IDEOLÓGICA DOS QUADRINHOS

• Os quadrinhos passam mensagens.

• Eles podem ou não serem fruto de um engajamento consciente.

• No entanto, como fruto de uma determinada conjuntura social estão parcialmente condicionados por pelas condições de produção do momento.

• Quem produz e quem consome, onde e quando o material foi produzido, tudo isso influencia as HQs. 4

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BÉCASSINE: HEROÍNA PEDAGÓGICA

• Bécassine, criada em 1905, foi a primeira personagem feminina protagonista.

• A empregada bretã saia na revista para meninas La Semaine de Suzette, ela era carregada de estereótipos.

• Representada sem boca e orelhas, era modelo para as leitoras e outras criadas. 5

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BÉCASSINE: HEROÍNA PEDAGÓGICA

• Com o tempo e a popularidade, Bécassine passou a ser retratada de forma mais favorável.

• Foi até convocada para lutar contra os alemães na I Guerra.

• Posteriormente, ganhou boca, desenho animado e mesmo filme. 6

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Cartaz da exposição “General Mobilisation! 1914-1918 In The Comics”. 7

OS HERÓIS VÃO À GUERRA...OS HERÓIS VÃO À GUERRA...

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O FARDO DO HOMEM BRANCO

• Tarzan, criado por Edgar Rice Burroughs, em 1912.

• Estreou em 1929 em tiras dominicais de jornal.

• Desenhado inicialmente por Hal Foster, mas tornou-se famoso no traço de Burne Hogarth. 8

• Típico herói branco do início do século, encarnava o bom selvagem.

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O FARDO DO HOMEM BRANCO

9O Fantasma, de Lee Falk, criado em 1936.

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O FARDO DO HOMEM BRANCO

• Personagens como Tarzan e Fantasma ajudaram a cria um imaginário fantástico sobre o continente africano.

• Tais personagens reforçam a ideia da superioridade do homem branco sobre a natureza hostil, e, também, sobre os negros.

• Estes são vistos, assim como no poema de Kipling, como selvagens, ora, perigosos, ora, vítimas que precisavam do auxílio do herói.

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PARA LER O PATO DONALD

• Uma das mais famosas obras abordando o uso ideológico dos quadrinhos é Para Ler o Pato Donald – Comunicação de Massa e Colonialismo.

• Esta obra aponta como os quadrinhos Disney foram utilizados para disseminar os valores do capitalismo norte americano pelo mundo.

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O ENGAJAMENTO POLÍTICO DE WALT DISNEY

• O comprometimento dos produtos Disney com os valores norte americanos nunca foi negado.

• Um dos exemplos mais importantes do engajamento é a Política de Boa Vizinhança.

• Uma das expressões dessa política foi a criação da personagem Zé Carioca. 12

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NASCE O ZÉ CARIOCA

• Zé, Panchito e Donald no desenho de 1945: política de boa vizinhança contra o nazismo

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OS LIMITES DE UMA ANÁLISE IDEOLÓGICA

• O que escapa muitas vezes para quem lê a obra de Ariel Dorfman e Armand Mattelart é que eles também estavam norteados por uma ideologia, neste caso, o marxismo.

• Limitados por suas condições de produção, os autores percebiam as HQs como um mero mecanismo de dominação capitalista.

• Tal análise elimina qualquer outra possibilidade de percepção e fruição.

• Esta tese vem sendo combatida nos últimos anos.14

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A PLURALIDADE NOS QUADRINHOS DISNEY

• Em sua obra Para Reler os Quadrinhos Disney, Roberto Elísio dos Santos, ressalta que os quadrinhos Disney são uma obra coletiva.

• Vários autores produziram para a empresa, inclusive brasileiros (Renato Canini, Fernando Ventura, Deiverson, Carlos Mota).

• Os artistas não-americanos inscreveram nos quadrinhos Disney traços da realidade social de diferentes nações, de seu imaginário, costumes e lugares. Não se tratava somente de reprodução de valores americanos. 15

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• Zé Carioca por Roberto Canini. Paisagens e hábitos dos brasileiros presentes nos quadrinhos Disney.

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A PERSEGUIÇÃO AOS A PERSEGUIÇÃO AOS QUADRINHOSQUADRINHOS

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• Em 1954, no auge do Em 1954, no auge do Macarthismo, momento marcado Macarthismo, momento marcado pelo conservadorismo político e pelo conservadorismo político e social, o psicólogo Frederick social, o psicólogo Frederick Wertham iniciou uma guerra Wertham iniciou uma guerra contra as HQ. contra as HQ.

• Com base em uma “pesquisa”, Com base em uma “pesquisa”, Wertham concluiu que a Wertham concluiu que a insubordinação e delinqüência insubordinação e delinqüência juvenil, homossexualidade, eram juvenil, homossexualidade, eram estimuladas pela leitura de HQs.estimuladas pela leitura de HQs.

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A PERSEGUIÇÃO AOS A PERSEGUIÇÃO AOS QUADRINHOSQUADRINHOS

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• Como resultado, foi criado o Como resultado, foi criado o Comics Code Comics Code AuthorityAuthority. Assim, foi criado um sistema de . Assim, foi criado um sistema de classificação e censura à temáticas. classificação e censura à temáticas.

•Quadrinhos para adultos foram particularmente atingidas.•Gêneros como o de guerra, de terror e mesmo de romance entraram em decadência.•Os quadrinhos de super-heróis foram infantilizados.

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A PERSEGUIÇÃO AOS A PERSEGUIÇÃO AOS QUADRINHOSQUADRINHOS

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•Os heróis e heroínas sobreviventes foram Os heróis e heroínas sobreviventes foram descaracterizados, idiotizados. A partir de descaracterizados, idiotizados. A partir de então HQs passaram a ser coisa de criança.então HQs passaram a ser coisa de criança.

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•A Editora Brasil-América A Editora Brasil-América (EBAL) foi fundada em 1945 (EBAL) foi fundada em 1945 por Adolfo Aizen.por Adolfo Aizen.• A EBAL foi pioneira no Brasil A EBAL foi pioneira no Brasil na produção em massa de na produção em massa de HQs com proposta educativa. HQs com proposta educativa. • Com a proposta de Com a proposta de exaltação dos heróis da exaltação dos heróis da pátria, um dos destaques foi a pátria, um dos destaques foi a coleção “Grandes Figuras em coleção “Grandes Figuras em Quadrinhos”.Quadrinhos”.

QUADRINHOS “EDUCATIVOS”QUADRINHOS “EDUCATIVOS”

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HERÓIS DA PÁTRIA PELA EBALHERÓIS DA PÁTRIA PELA EBAL

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RELIGIÃO EM QUADRINHOS

• Para os editores da EBAL, os heróis eram aqueles que estavam nos livros de História, em sua maioria brancos e do sexo masculino.

• Na mesma linha havia a “Série Sagrada” com a história de santos católicos. 22

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A BÍBLIA PARA AS CRIANÇAS

• A própria Bíblia virou quadrinho várias vezes. Normalmente, o material se apresenta abertamente como educativo e/ou catequético.

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QUADRINHOS E ESTRATÉGIAS DE CONVERSÃO

• Um dos quadrinhos mais comprometidos com a difusão de valores religiosos cristãos em uma perspectiva protestante é a coletânea O Novo Testamento Ilustrado.

• Publicado originalmente nos Estados Unidos, a HQ traz um encarte no final com perguntas e respostas de cunho catequético. 24

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IDEOLOGIA

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IDEOLOGIA

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APRENDENDO A AMAR...

• Quadrinhos também são tecnologias de gênero, como tais, eles disseminam e reforçam papéis de gênero.

• As Romance Comics, criadas no final dos anos 1940, tinham esse papel nos Estados Unidos.

• Algumas foram adaptadas e publicadas no Brasil. 27

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E VOLTAR PARA CASA

• Em 1947, foi criada a My Date, de Joe Simon e Jack Kirby. Primeira revista em quadrinhos para mulheres adultas.

• As Romance Comics colocavam contos e romances em formato HQ.

• Estes materiais promoviam o backlash cultural que marcou os anos Pós II Guerra.

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ROMANCE COMICS NO BRASILROMANCE COMICS NO BRASIL

• A mais famosa publicação foi a Rosalinda da EBAL, que publicava material da revista Young Love da DC Comics.

• A primeira edição é de 1973 e as histórias eram adaptadas para cidades brasileiras.

• No entanto, as Romance Comics eram publicadas desde os anos 1950 no tradicional Jornal das Moças.

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PRODUÇÃO FEMININA DE QUADRINHOS NO JAPÃO

• No Ocidente a maioria dos quadrinistas era do sexo masculino, e no Japão, não era diferente até os anos 1970.

• Havia quadrinhos para meninas (shoujo), mas os autores eram homens.

• Com a expansão do mercado e o crescimento das leitoras, as mulheres começaram a escrever para as meninas.

Arte de Machiko Satonaka.

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PRODUÇÃO FEMININA DE QUADRINHOS NO JAPÃO

• A entrada em massa das mulheres japonesas no mercado de quadrinhos começou em 1966, quando a jovem Machiko Satonaka, então com 16 anos, ganhou um concurso de uma editora.

• Na década de 1970, o Nijûyonen Gumi, grupo do ano 24, pois a maioria das autoras era nascida no ano 24 da Era Showa, o nosso ano de 1949. Revolucionou os mangás femininos.

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PRODUÇÃO FEMININA DE QUADRINHOS NO JAPÃO

• Ainda que o romance fosse universal, as autoras ampliaram as temáticas e as ambientações dos quadrinhos femininos.

• Homossexualidade, o direito de escolher o marido, estupro, racismo, a lutas das mulheres por um lugar no mercado de trabalho, nada era proibido.

• Linda Hutcheon (1991) diz que “(...) foi nesses anos que ocorreu o registro, na história, de grupos anteriormente ‘silenciosos’ definidos por diferenças de raça, sexo, preferências sexuais (...)”

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PRODUÇÃO FEMININA DE QUADRINHOS NO JAPÃO

Arte de Hagio Moto,Keiko Takemiya, Riyoko Ikeda e Yasuko Aoike.

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PRODUÇÃO FEMININA DE QUADRINHOS NO JAPÃO

• Machiko Satonaka, definiu assim as suas motivações para se tornar autora de mangá:

“Eu achava que poderia fazer um trabalho melhor eu mesma, e que as mulheres eram mais capacitadas para entender o que as meninas queriam ler do que os homens. (...) Era alguma coisa que eu poderia fazer por mim mesma, era um tipo de trabalho que permitia que as mulheres fossem iguais aos homens.” (Frederik Schodt, 1983) (Grifo meu)

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““Nos anos de 1930, o Sonho Americano Nos anos de 1930, o Sonho Americano tinha se tornado um pesadelo, (...) e os tinha se tornado um pesadelo, (...) e os super-heróis em particular ofereceram uma super-heróis em particular ofereceram uma forma escapista de entretenimento que forma escapista de entretenimento que permitia ao público americano entrar em um permitia ao público americano entrar em um mundo de fantasia onde os males do mundo mundo de fantasia onde os males do mundo eram corrigidos por esses heróis eram corrigidos por esses heróis extraordinários, (...)” extraordinários, (...)” (1)

A CRIAÇÃO DOS SUPER-A CRIAÇÃO DOS SUPER-HERÓISHERÓIS

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•O primeiro super-herói foi o O primeiro super-herói foi o Super-HomemSuper-Homem, criado em , criado em 1933, por Jerry Siegel e Joe 1933, por Jerry Siegel e Joe Schuster.Schuster.• O Super-Homem apareceu O Super-Homem apareceu oficialmente no primeiro oficialmente no primeiro número da revista Action número da revista Action Comics em 1938. Comics em 1938.

A CRIAÇÃO DOS SUPER-A CRIAÇÃO DOS SUPER-HERÓISHERÓIS

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• Em 1941, William M. Em 1941, William M. Marston criou a primeira Marston criou a primeira super-heroína dos comics: super-heroína dos comics: a a Mulher MaravilhaMulher Maravilha. . • Criada adulta e sem a Criada adulta e sem a tutela masculina, a Mulher tutela masculina, a Mulher Maravilha servia para Maravilha servia para propagandear o modelo de propagandear o modelo de mulher moderna defendido mulher moderna defendido pelo autor.pelo autor. 37

A CRIAÇÃO DOS SUPER-A CRIAÇÃO DOS SUPER-HERÓISHERÓIS

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““Uma vez que a Guerra começou, sentimos Uma vez que a Guerra começou, sentimos a necessidade de heróis mais patrióticos a necessidade de heróis mais patrióticos para lutar contra Hitler. (...) Na verdade, para lutar contra Hitler. (...) Na verdade, Hitler baniu os quadrinhos americanos, pelo Hitler baniu os quadrinhos americanos, pelo menos Super-Homem e os super-heróis. Ele menos Super-Homem e os super-heróis. Ele disse que eles eram judeus. Ele mal sabia disse que eles eram judeus. Ele mal sabia que os seus criadores eram judeus de que os seus criadores eram judeus de verdade... Hitler baniu os quadrinhos verdade... Hitler baniu os quadrinhos americanos, exceto um: Mickey Mouse, que americanos, exceto um: Mickey Mouse, que era o seu favorito.” era o seu favorito.” (2)(2)

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OS HERÓIS VÃO À GUERRA...OS HERÓIS VÃO À GUERRA...

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Um dos super heróis mais importantes da II Um dos super heróis mais importantes da II Grande Guerra foi o Grande Guerra foi o Capitão América Capitão América criado criado por por Joe Simon and Jack Kirby.Joe Simon and Jack Kirby. 39

OS HERÓIS VÃO À GUERRA...OS HERÓIS VÃO À GUERRA...

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OS HERÓIS VÃO À GUERRA

• Se o Capitão América e outros super-heróis foram criados para combater os nazistas, O Homem de Ferro nasceu atrelado á Guerra Fria.

• O primeiro super vilão enfrentado pelo herói, foi o líder comunista vietnamita, Wong-Chu, no episódio "The Origin of Iron Man”. 40

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OS HERÓIS VÃO À GUERRA

• No filme Homem de Ferro de 2008, a origem do herói foi atualizada. O inimigo era outro, desta vez, afegão. 41

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A PROPAGANDA DE GUERRA JAPONESA

• O expansionismo japonês, também produziu quadrinhos e animações belicistas. A maioria usava animais antropomorfizados.

• Norakuro, de Suihō Tagawa, era um cão soldado e sua publicação começou em 1931.

• Já Momotarō: Umi no Shinpei (1944), primeiro longa metragem de animação japonesa, era uma apologia à guerra.

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OS MANGÁS E A CRÍTICA À GUERRA

• A política expansionista e militarista japonesa marcou as primeiras décadas do século XX.

• Autores de mangá, como Osamu Tezuka, criticaram esta política que culminou na II Guerra Mundial em suas obras, como Adolf.

• A série foi publicada no Brasil. 43

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OS MANGÁS E A CRÍTICA À GUERRA

• Talvez o mangá pacifista mais conhecido seja Gen Pés Descalços (1973-1985), de Kenji Nakazawa.

• O mangá é lembrado pelo retrato da tragédia nuclear, mas sua crítica é bem mais ampla.

• O autor mostra os excessos do militarismo japonês e a violência contra os civis. 44

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DESMONTANDO O COMPLÔ

• O Complô foi um dos últimos trabalhos de Will Eisner e, talvez, o mais engajado politicamente.

• Seu objetivo expor a construção de um dos maiores mitos antissemitas: O Protocolo dos Sábios de Sião.

• Em tempos de neonazismo, é uma obra obrigatória. 45

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ASTERIX, OBELIX E A ASTERIX, OBELIX E A GUERRA CULTURALGUERRA CULTURAL... ...

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•Entre os quadrinhos Entre os quadrinhos franceses, um dos mais franceses, um dos mais conhecidos mundialmente é conhecidos mundialmente é AsterixAsterix, criado por Albert , criado por Albert Uderzo e René Goscinny no Uderzo e René Goscinny no ano de 1959.ano de 1959.• Asterix critica a invasão Asterix critica a invasão cultural norte americana e cultural norte americana e mostra a resistência de uma mostra a resistência de uma pequena vila gaulesa ao pequena vila gaulesa ao poderia romano. Tudo com poderia romano. Tudo com muito humor.muito humor.

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ASTERIX, OBELIX E A ASTERIX, OBELIX E A GUERRA CULTURALGUERRA CULTURAL... ...

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•““Asterix, o herói que Asterix, o herói que muitas vezes é evocado muitas vezes é evocado para simbolizar a para simbolizar a resistência à influência resistência à influência norte-americana na norte-americana na França, agora come no França, agora come no McDonald’s.” McDonald’s.”

•““A agência BETC Euro RSCG fez uma campanha A agência BETC Euro RSCG fez uma campanha publicitária com o personagem e, segundo o site do publicitária com o personagem e, segundo o site do jornal Le Figaro irritou os franceses.” jornal Le Figaro irritou os franceses.” Fonte: Radar Fonte: Radar EconômicoEconômico

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VELHOS HERÓIS CONTRA A VELHOS HERÓIS CONTRA A CRISE ECONÔMICACRISE ECONÔMICA... ...

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•Durante a crise de Durante a crise de 2008/2009, um dos mangás 2008/2009, um dos mangás japoneses mais icônicos teve japoneses mais icônicos teve capítulos republicados em capítulos republicados em uma revista para homens uma revista para homens adultos.adultos.•Ashita no Joe Ashita no Joe foi publicado foi publicado inicialmente entre 1968-1973, inicialmente entre 1968-1973, e contava o sonho de um e contava o sonho de um jovem que queria ser lutador jovem que queria ser lutador de boxe.de boxe.

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VELHOS HERÓIS CONTRA A VELHOS HERÓIS CONTRA A CRISE ECONÔMICACRISE ECONÔMICA... ...

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•O objetivo de O objetivo de republicar um mangá republicar um mangá para meninos em uma para meninos em uma revista para adultos é revista para adultos é estimular os estimular os salarymansalaryman a superar o desânimo a superar o desânimo provocados pela crise provocados pela crise econômica.econômica.

• Joe não desistiu de seu ideal e sacrificou-se até o fim, e os tempos difíceis exigem o mesmo dos trabalhadores japoneses.