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O Princípio da Concentração e os títulos não previstos na Lei de Registros Públicos Luiz Egon Richter

O princípio da concentração e os títulos não previstos na Lei de Registros Públicos

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Page 1: O princípio da concentração e os títulos não previstos na Lei de Registros Públicos

O Princípio da Concentração

e os títulos não previstos na

Lei de Registros Públicos

Luiz Egon Richter

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DO PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS

Da gênese

Artigo 167 da Lei dos Registros Públicos: numerus clausus ou números apertus?

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Do surgimento doutrinário no Brasil do princípio da concentração no Registro de Imóveis

O denominado “princípio da concentração” surgiu na doutrina registral imobiliária como resultado dos estudos realizados por Décio Antônio Erpen (Desembargador aposentado do TJRS) e João Pedro Lamana Paiva (Registrador Imobiliário no RS). No ano de 2000, por ocasião do XXVII Encontro de Oficiais de Registro de Imóveis do Brasil, em Vitória (ES), os autores apresentaram o trabalho intitulado “A autonomia registral e o princípio da concentração”.

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Da apresentação do princípio da concentração no Registro de Imóveis no exterior

Os autores do estudo - Décio Antônio Erpen e João Pedro Lamana Paiva apresentaram trabalho teórico sobre o tema na 2ª Jornada Ibero-americana de Direito Registral, ocorrida em Havana (Cuba), no ano de 2001, ocasião em que recebeu atenção especial entre as conclusões daquele evento.

“Estudar la propuesta del Delegado Brasileño com relación al princípio de la Concentración de los Actos administrativos Y Judiciales de manera que estén contenidos em el Folio Real a fin de peseer uma verdadera história de la finca.”

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Da noção conceitual do princípio da concentração no Registro de Imóveis

Esse princípio significa que se deve trazer para a matrícula tudo o quanto se referir ao imóvel, para que haja uma publicidade ampla e de conhecimento de todos, preservando e garantindo, com isso, os interesses do adquirente e de terceiros de boa-fé. João Pedro Lamana Paiva

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Da primeira publicação da teoria no BrasilEm 2002 foi publicado o texto “A autonomia registral e o princípio da concentração” no livro Registro de imóveis: estudos de direito registral imobiliário, edição de Sérgio Fabris Editor, sob a coordenação de Sérgio Jacomino (do Instituto do Registro Imobiliário do Brasil - IRIB)

Do desenvolvimento teórico do princípio da concentraçãoEstudos, conferências, palestras, aulas e publicações;Reconhecimento da doutrina brasileira do Direito Registral imobiliário e do Direito Imobiliário. Julgados reconhecendo a aplicação prática do princípio da concentração.

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Alcance do princípio da concentração da concentração no Registro de Imóveis

“Nenhum fato jurígeno ou ato jurídico que diga respeito à situação jurídica do imóvel ou às mutações subjetivas que possa vir a sofrer podem ficar indiferentes ao registro/averbação na matrícula.” João Pedro Lamana Paiva.

Constatação:O princípio da concentração integra a estrutura ideológica do microsistema – direito registral imobiliário.

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Proposição conceitual ampliativa do princípio da concentração no Registro de Imóveis.

O princípio da concentração significa que devem ser recepcionados no Registro de Imóveis, todos os títulos que têm por objeto fatos jurídicos enquadráveis nos limites da Lei dos Registros Públicos e dos princípios sobrejacentes, cuja publicidade seja imprescindível para a segurança jurídica.

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O Princípio da Concentração e os títulos não previstos na Lei de Registros Públicos.

 

Proposta de trabalho:1. Noções sobre princípios jurídicos2. Distinção entre regras e princípios3. Do princípio da legalidade e a atividade registral imobiliária4. Do princípio da publicidade e a atividade registral imobiliária5. Do princípio da segurança jurídica6, Da existência, validade e eficácia dos atos registrais7. Da Lei dos Registros Públicos: numerus clausus ou numerus apertus?8. Da harmonização entre os princípios da concentração e da legalidade estrita pela teoria dos princípios.

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1. Noções sobre princípios jurídicosO Jusnaturalismo moderno tinha a crença no direito natural. O positivismo tinha a crença de que não existia outro direito a não ser aquele oriundo de normas estatais. “Direito é norma, ato emanado do Estado com caráter de imperativo e força coercitiva.” O que não estava na lei não estava no Direito. Pós-positivismo surgiu com o declínio do positivismo jurídico e abriu espaço importante para os princípios, como valores finalísticos de uma sociedade democraticamente organizada. Os princípios deixaram de ser utilizados como meros fatores de integração do Direito e passaram a normas jurídicas vinculantes, que obrigam por si só.

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O princípio possui uma função especificadora dentro do ordenamento jurídico: ele é de grande valia para a exegese e perfeita aplicação, assim dos simples atos normativos que dos próprios mandamentos constitucionais.

Os princípios estipulam fins a serem perseguidos, sem determinar, de antemão, quais os meios a serem escolhidos. “Princípios são aquelas normas que estabelecem fundamentos para que determinado mandamento seja encontrado”. Josef Esser “Os princípios são normas de grande relevância para o ordenamento jurídico, na medida em que estabelecem fundamentos normativos para a interpretação e aplicação do Direito, deles decorrendo, direta ou indiretamente, normas de comportamento”. Karl Larenz

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“Os princípios, além de orientar o julgador e economizar preceitos, "facilitan el estudio de la materia y elevan las investigaciones a la categoria de científicas". Por isto eles têm valor teórico e a eficácia prática. Roca Sastre (Derecho Hipotecario, 6.ª ed., t. 1/205, Barcelona, 1968)

“los princípios del derecho registral son las orientaciones fundamentales, que informam esta disciplina y dan la pauta em la solución de los problemas jurídicos planteados en el derecho positivo”. Carta de Buenos Aires, I Congresso Internacional de Direito Registral, Cinder (Centro Internacional de Direito Registral), em 1972

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A só diversidade das funções suscetíveis de desempenho pelos vários princípios registrários permite avistar as dificuldades que aguardam nossos doutrinadores. Trata-se de, com os princípios, buscar a 1/ legitimação da instituição registrária, uma 2/ sistematização científica e critérios razoáveis para a 3/ interpretação (: função hermenêutica), a 4/ expressão (: assinalativa), a 5/ explicação (: didática),  a 6/ comunicação da doutrina (: função dialógica), 7/ integração jurídica (: colmatação de lacunas do Direito posto) e a 8/ limitação do campo de atribuições dos registradores — recorte fundamental para assinar-lhe a esfera de independência jurídica. Por aí se compreende o vulto do empreendimento doutrinário que se projeta. DIP, Ricardo

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2. Distinção entre regras e princípios

Regras = estabelecem condutas, comportamento, o quê e como

fazer.Normas jurídicas

Princípios = estipulam fins a serem perseguidos Austin – “o direito é um conjunto de regras especialmente selecionadas para reger a ordem pública, definindo, ainda, que ter uma obrigação era estar subsumido a uma regra, sendo regra vista como uma ordem de caráter geral e ordem como uma expressão do desejo de que outras pessoas comportem-se de um modo específico.” 

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Hart – “em qualquer sistema jurídico, haverá sempre certos casos juridicamente não regulados em que, relativamente a determinado ponto, nenhuma decisão em qualquer dos sentidos é ditada pelo direito e, nessa conformidade, o direito apresenta-se como parcialmente indeterminado ou incompleto”.

Em tais casos o juiz atua discricionariamente e cria direito novo e aplica o direito estabelecido que não só confere, mas também restringe, os seus poderes de criação do direito.

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Dworkin - para o positivismo o direito é tido como um conjunto de regras com o propósito de determinar qual comportamento será punido ou coagido pelo poder público.  Dworkin – visualiza o direito como um sistema formado tanto por princípios como por regras, por isto propõe: nos hard cases o intérprete deve operar com princípios, políticas e outros tipos de padrões, tendo em vista que tais casos não conseguem ser solucionados como regras.

A diferença entre princípios jurídicos e regras jurídicas é de natureza lógica, pois, enquanto as regras são aplicáveis à maneira do tudo-ou-nada, os princípios possuem uma dimensão que as regras não têm – a dimensão de peso ou importância.

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Dworkin:

Regras: se a hipótese de incidência é preenchida e a norma é valida, a consequência jurídica deve ser aceita.

Havendo colisão, uma delas deve ser considerada inválida. 

Princípios – possuem uma dimensão de peso, demonstrável na hipótese de colisão entre princípios.

Havendo colisão entre eles, o princípio com peso relativo maior se sobrepõe ao outro, sem que este perca sua validade.

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Alexy – também visualiza o direito como um conjunto de regras e princípios. Regras – são normas cujas premissas são, ou não, diretamente preenchidas e que não podem nem deve ser ponderadas.  Princípios – são deveres de otimização aplicáveis em vários graus segundo as possibilidades normativas e fáticas: normativas, porque a aplicação dos princípios depende dos princípios e regras que a eles se contrapõem; fáticas, porque o conteúdo dos princípios como normas de conduta só pode ser determinado quando diante de fatos.

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Alexy - a distinção entre regras não pode ser baseada no modo tudo ou nada de Dworkin. Propõe dois fatores:  

Diferença quanto à colisão:Princípios – têm sua realização normativa limitada reciprocamente, por meio do método da ponderação.Regras – solucionada com a declaração de invalidade de uma delas ou com a abertura de uma exceção que exclua a antinomia. Diferenças quanto à obrigação que instituem.Regras – instituem obrigações absolutas, não superadas por normas contrapostas.Princípios – instituem obrigações prima facie, na medida em que podem ser superadas ou derrogadas em função dos outros princípios colidentes.

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Luiz Roberto Barroso e Ana Paula Barcellos:As regras são comandos jurídicos, descritivos de condutas, cuja aplicação se opera na modalidade tudo ou nada, ou seja, “ou ela regula a matéria em sua inteireza ou é descumprida.”  Ocorrendo a hipótese prevista no seu relato, a regra deve incidir, pelo mecanismo tradicional da subsunção: enquadram-se os fatos na previsão abstrata e produz-se uma conclusão. 0s princípios freqüentemente entram em tensão dialética, apontando para direções diversas, razão pela qual a aplicação deverá se dar mediante ponderação. Princípios contêm relatos de maior grau de abstração, não especificam a conduta a ser seguida e se aplicam a um conjunto amplo, por vezes indeterminado, de situações.

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Humberto Ávila:As regras são normas imediatamente descritivas, primariamente retrospectivas e com pretensão de decibilidade e abrangência, para cuja aplicação se exige a avaliação da correspondência, sempre centrada na finalidade que lhes dá suporte e nos princípios que lhes são axiologicamente sobrejacentes, entre a construção conceitual da descrição normativa e a construção conceitual dos fatos. Princípios são normas imediatamente finalísticas, primariamente prospectivas e com pretensão de complementaridade e de parcialidade, para cuja aplicação demandam uma avaliação da correlação entre o estado de coisas a ser promovido e os efeitos decorrentes da conduta havida como necessária à sua promoção.

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3. Do princípio da legalidade e a atividade registral imobiliáriaO positivismo oitocentista reduziu a legalidade administrativa à estatalidade das fontes do Direito. “A lei era o Direito e o Direito era estatal.” Policentrismo jurídico. Crise do princípio da legalidade? O princípio da legalidade está positivado na Constituição Federal no artigo 5.º, II “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

Dimensão privada – aquilo que não está vedado, proibido pelo Direito, é permitido.Dimensão pública – o exercício da função pública encontra na legalidade o seu único e próprio fundamento de ação, porque o seu agir deverá estar submetido ao Direito.

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“Para avaliar corretamente o princípio da legalidade e captar-lhe o sentido profundo cumpre atentar para o fato de que ele é a tradução jurídica de um propósito político: o de submeter os exercentes do poder em concreto – o administrativo – a um quadro normativo que embargue favoritismos, perseguições ou desmandos.” Celso Antônio Bandeira de Mello. 

Registro de Imóveis – concreção de atos administrativos sujeitos ao princípio da legalidade (Direito)

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4. Do princípio da publicidade e a atividade registral imobiliária

Constituir o direito realDuplo efeito:

Anunciá-lo a terceiros Finalidade: segurança jurídica

Atos e fatos jurídicosR.I. publiciza fatos jurídicos

Fatos jurídicos stricto sensu Limites e possibilidades – legalidade em sentido amplo

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5. Do princípio da segurança jurídica 

Não existe no ordenamento jurídico qualquer regra definidora de segurança jurídica. Previsibilidade jurídica que gera confiança É impossível uma sociedade viver razoavelmente segura e equilibrada jurídica, social e economicamente, sem que ela disponha de instrumentos e instituições jurídicas capazes de lhe dar segurança.

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Fundamento na Constituição Federal: “O Direito tem dupla vocação: a de proporcionar segurança a uma sociedade e a de fazer imperar a justiça em suas relações.Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

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O Registro de Imóveis é uma instituição que contribui para a concretização da certeza e da segurança jurídica de parcela dos direitos fundamentais, notadamente àqueles relacionados aos negócios jurídicos de natureza econômica, na seara dos direitos de propriedade imobiliária, entre outros.  O princípio da segurança jurídica é o grande norteador teleológico do registrador público imobiliário.

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6. Da existência, validade e eficácia dos atos registrais

ElementosRequisitos do ato registral: Pressupostos de existência

Pressupostos de validade.

Forma – é o revestimento exterior do ato.Elementos:

Conteúdo – é aquilo que o ato dispõe: decide ou modifica na ordem jurídica.

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Objeto – é aquilo sobre que o ato dispõe.

Pressupostos de existência Pertinência do ato ao exercício da função registral.

Publicidade. 

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Subjetivo: (sujeitos)

Objetivo: motivo (fato e de direito) e os requisitos procedimentais (título).

Pressupostos Teleológico: segurança jurídica de Validade Lógico: relação de pertinência entre o fato jurídico e o ato registral.

Formalístico: solenidade dos atos registrais.

Valores finalísticos do ordenamento jurídico.

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Pressuposto de eficácia: ato apto a produzir efeitos.

Ordinariamente os efeitos são imediatos.

Condição suspensiva

Condição resolutiva

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7. Lei dos registros públicos: numerus clausus x numerus apertus 

“Quando se disse, originariamente, quod non est in tabula, non est in mundo, queria dizer-se que o registrador, na sua função primordial de decidir sobre a inscrição concreta de um título, está limitada ao que se acha no registro. O registro é o seu mundo oficial.” DIP, Ricardo.

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Art. 167. No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feito: I - o registro: II - a averbação:Art. 169. Todos os atos enumerados no art. 167 são obrigatórios e efetuar-se-ão no cartório da situação do imóvel, salvo:Art. 172. No Registro de Imóveis serão feitos, nos termos desta Lei, o registro e a averbação dos títulos ou atos constitutivos, declaratórios, translativos e extintivos de direitos reais sobre imóveis reconhecidos em lei, inter vivos ou mortis causa, quer para sua constituição, transferência e extinção, quer para sua validade em relação a terceiros, quer para a sua disponibilidade. Art. 246. Além dos casos expressamente indicados no item II do art. 167, serão averbadas na matrícula as sub-rogações e outras ocorrências que, por qualquer modo, alterem o registro.

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Negócios jurídicos transitórios - parece ter sido superada pela norma extraível do parágrafo único do artigo 463 do Código Civil, ao prever O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.

 Jurisprudência:“REGISTRO DE IMÓVEIS. As hipóteses de registro são previstas, de modo taxativo, nos diversos itens do inciso I do artigo 167 da LRP, constituindo numerus clausus. O mesmo não ocorre nos casos de averbação, nos quais as hipóteses descritas no inciso II do mesmo artigo 167 são meramente exemplificativas, constituindo numerus apertus. Dúvida procedente. Negado provimento ao recurso. APELAÇÃO CÍVEL Nº 0035067.98.2010.8.26.0576, da Comarca de SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP”

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A taxatividade dos direitos reais e a necessidade da previsão legal dos direitos não devem, a rigor, ser confundida com a taxatividade dos atos inscritíveis no registro imobiliário. Embora a publicidade registral esteja submetida ao princípio da legalidade, é de se afastar eventual interpretação que leve ao extremo este entendimento. “Muitos confundem a taxatividade dos direitos reais com a taxatividade dos atos inscritíveis no registro de Imóveis. Diariamente, nega-se a prática de atos de registro ou de averbação sob argumento de que não estão expressamente previstos em lei, afirmando alguns que tal praxe causa lesão a terceiros que, eventualmente, poderiam ser alertados com a inserção de fatos relevantes e vinculados ao imóvel”. CHICUTA, Kiotsi.

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É o Oficial do registro de Imóveis que diz o direito registral imobiliário ao concretizar a sua decisão, seja na qualificação positiva, seja na qualificação negativa. A dicção imediata e dele, cabendo ao Poder Judiciário a dicção mediata, na hipótese de suscitação de dúvida ou outro recurso cabível.

Profissional do Direito

Independência funcional

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8.Da harmonização entre os princípios da concentração e da legalidade estrita pela teoria dos princípios.

Fato não previsto expressamente no rol do artigo 167 da LRP.

Sopesamento, pelo método da ponderação, entre os princípios envolvidos em função do princípio norteador que é o da segurança jurídica.

Verificar a prevalência.

Direito é linguagem. Linguagem se expressa. O registrador expressa a sua linguagem através do ato registral.

Motivação do ato – artigo 93, X da CF

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Principais conclusões sobre o tema:

O princípio da concentração integra a estrutura ideológica do microsistema do direito registral imobiliário.

O princípio da concentração significa que devem ser recepcionados no Registro de Imóveis, todos os títulos que têm por objeto fatos jurídicos enquadráveis nos limites da Lei dos Registros Públicos, cuja publicidade seja imprescindível para a segurança jurídica.

O princípio da concentração tem base legal no artigo 172 da Lei dos registros públicos.

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O sistema registral imobiliário brasileiro é aberto, informado e conformado por um conjunto de regras e princípios articulados entre si, orientado para a concretização da certeza e da segurança jurídica.

O alcance e os condicionamentos do princípio da concentração estão desenhados nas regras e nos demais princípios informativos e conformativos do sistema registral imobiliário.

A concretização do princípio depende da atuação do registrador, porque ele faz a (re)construção normativa (interpretação) em face do fato e das regras e princípios incidentes e em função do princípio da segurança jurídica.