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Projeto da Escola de Educação Básica - Escola de Aplicação Feevale, finalista ao 4o Prêmio Inovação em Educação SINEPE/RS - categoria gestão pedagógica: "O processo de formação de professores para uso dos tablets na sala de aula: da alfabetização digital a criação de conhecimento"
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4º Prêmio Inovação em Educação – SINEPE-‐RS
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O USO DOS TABLETS NA SALA DE AULA:
da alfabetização digital a criação de conhecimento
Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação
Categoria: Gestão Pedagógica
Novo Hamburgo, agosto de 2013.
1 O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O USO DOS TABLETS NA SALA
DE AULA: da alfabetização digital a criação de conhecimento
Estudos apontam que há um descompasso entre o potencial das tecnologias digitais
no contexto educativo e o seu uso efetivo para impulsionar os processos de ensino e de
aprendizagem (CONOLE, 2013). Também pesquisas nacionais mostram, que apesar de todo o
investimento realizado para a introdução das tecnologias da informação e comunicação (TIC)
na educação, o uso efetivo do computador e da Internet pelos professores, nas atividades com
os alunos, ainda se caracteriza como um grande desafio. Dentre as maiores dificuldades
destacam-‐se problemas de infraestrutura e a necessidade de formação de professores (TIC
EDUCAÇÃO 2011, 2012).
O Projeto de Padrões de Competência em TIC para Professores, desenvolvido pela
UNESCO, tem por objetivo apresentar diretrizes que possam orientar e impulsionar novas
práticas educativas combinando habilidades em TIC com inovações em pedagogia, currículo e
organização escolar. A proposta da UNESCO contempla três abordagens complementares:
alfabetização digital, aprofundamento do conhecimento e criação de conhecimento (UNESCO,
2009).
Este trabalho apresenta um relato de experiência envolvendo a proposta de formação
de professores para uso dos tablets na sala de aula, desenvolvida no âmbito do projeto
Educanet, na Escola de Educação Básica – Escola de Aplicação Feevale/RS. Resultados parciais
apontam para um avanço na proposta curricular, contemplando os tablets como artefatos
tecnológicos digitais.
1.1 Apresentação da instituição educacional
Em 27 de fevereiro de 1989 foi criada a Escola de 2º Grau Feevale, para o
funcionamento dos cursos de Formação Técnica de Desenhista de Calçados e Acessórios, de
Contabilidade e de 2º Grau como formação geral, oferecendo à comunidade um trabalho de
inserção na região do Vale do Sinos. Nessa ocasião, a Federação de Estabelecimentos de
Ensino Superior – Feevale – justificava a criação desta escola como sendo um espaço de
aplicação para os acadêmicos dos cursos de Pedagogia, de Educação Física e de Educação
Artística, possibilitando, também, os estágios exigidos por esses cursos, que eram os
oferecidos na época.
O ano letivo de 1989 iniciou no dia 1º de março, com uma equipe de 14 professores,
para atender a 117 alunos matriculados. Uma das atividades daquele ano foi a fundação do
Grêmio Estudantil, no dia 19 de junho. Em 28 de janeiro de 1994, surgiu, por iniciativa de um
grupo de pais, a Escola de 1º Grau, tendo iniciado com uma turma de Jardim de Infância e
outra de 6ª série, conforme Projeto de Implantação Gradativa de Séries.
Nessa trajetória, muitas modificações e melhorias aconteceram, como a integralidade
da educação básica, a implementação de novos cursos técnicos, muitos investimentos na
criação de novos laboratórios, projetos interdisciplinares, organização curricular por ciclos e
oferecimento de várias atividades no turno inverso, desde práticas esportivas a oficinas no
currículo ampliado, assim como a mudança do nome da escola. A Escola de Educação Básica
Feevale – Escola de Aplicação passou a ter essa denominação em 2003, atendendo não só a
exigências legais, mas, também, inserindo-‐se na indissossiabilidade entre Ensino, Pesquisa e
Extensão da Feevale.
Atualmente, a Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação conta com
uma equipe pedagógica completa, com orientadoras e supervisoras, organização colegiada,
toda a infraestrutura do Campus I, equipe de agentes patrimoniais, bem como estreita
parceria junto ao Instituto de Ciências Humanas, Letras e Artes (ICHLA) e aos demais Institutos
da Feevale.
Conta, também, com a Associação de Pais e Professores (APP), que, ao longo desse
tempo, vem contribuindo com o crescimento e a valorização do trabalho desenvolvido na
escola, promovendo eventos e aproximando pais/mães, professores(as) e alunos(as).
A escola tem como missão “oportunizar ao educando a construção do conhecimento,
proporcionando a continuidade e a conclusão da educação básica, a partir de um ensino
inovador, tendo a pesquisa como princípio educativo, respeitando os tempos de aprendizagem
dos sujeitos, visando à formação de cidadãos éticos e críticos”.
A partir de uma concepção sociointeracionista, a Escola de Educação Básica Feevale -‐
Escola de Aplicação compreende a educação como construção coletiva permanente, baseada
nos princípios de convivência, solidariedade, justiça, respeito, valorização da vida na
diversidade e na busca do conhecimento. Nessa perspectiva, utiliza-‐se de uma metodologia
cooperativa e participativa, que contribua na construção da autonomia.
1.2 Cenário, relevância e viabilidade
A Escola de Aplicação tem como proposta pedagógica o uso das tecnologias da
informação e comunicação (TIC) de forma integrada às atividades curriculares, baseada em
uma perspectiva que busca articular o trabalho docente às atividades de aprendizagem
realizadas em laboratório de informática.
Desde 2012 a Escola de Aplicação Feevale mantém o projeto EDUCANET, que tem por
objetivo oportunizar diferentes espaços de interação para impulsionar práticas educativas
inovadoras com o uso das tecnologias da informação e comunicação. Destacam-‐se como
objetivos específicos do projeto:
-‐ oportunizar, aos professores, experiências no uso de diferentes tecnologias da
informação e comunicação no contexto educativo;
-‐ selecionar aplicativos para dispositivos móveis que possam ser utilizados em projetos
educativos;
-‐ selecionar e analisar ferramentas web com potencial para uso na sala de aula.
O projeto EDUCANET foi contemplado no 3º Prêmio Inovação em Educação – SINEPE-‐
RS (categoria Bronze – área fim). O relatório apresentou o histórico do projeto, que iniciou
articulado com a proposta de formação de professores da Universidade Feevale e intitulado
Coruja Digital, mas que depois focou no uso das TIC na Escola de Aplicação Feevale,
especialmente as experiências no uso da Sala Conectada e das primeiras experiências no uso
dos tablets na educação, passando a se chamar Educanet.
Para o 4º Prêmio Inovação em Educação -‐ SINEPE-‐RS a Escola de Aplicação Feevale
compartilha um recorte das atividades desenvolvidas no projeto Educanet, apresentando um
relato de experiência envolvendo a proposta de formação de professores para uso dos tablets
na sala de aula, sob a perspectiva da gestão pedagógica.
A utilização dos tablets na educação iniciou em 2012, quando a escola adquiriu 20
iPads, que atualmente são utilizados na educação infantil e nos anos iniciais do ensino
fundamental.
O uso dos dispositivos móveis no contexto educativo, como os tablets, se apoia no
modelo um a um (1:1, 1-‐1 ou 1 a 1). Esse modelo sugere que cada aluno tenha o seu
dispositivo portátil digital, geralmente com acesso à Internet. Estudos apontam que o uso de
dispositivos 1:1 na sala de aula maximiza as oportunidades de aprendizagem (iPads for
Learning, 2012).
Severín e Capota (2011) apresentam uma reflexão destacando três aspectos
problemáticos desta definição. Do ponto de vista educacional, destacam-‐se dois aspectos:
a) o modelo 1:1 centra a discussão na relação do aluno e seu dispositivo digital e não
na essência da experiência, que envolve a forma como o aluno aproveita o dispositivo para
mediar a aprendizagem;
b) o modelo destaca as vantagens de cada aluno administrar o seu dispositivo, não
abordando outras possibilidades que impulsionem o uso compartilhado e colaborativo destas
tecnologias.
Do ponto de vista tecnológico, Severin e Capota (2011) destacam que, como os alunos
já vêm utilizando diferentes dispositivos pessoais digitais, como notebooks, celulares e tablets,
e articulando diferentes experiências coordenadas em diferentes plataformas, a noção de um
dispositivo por aluno pode se tornar anacrônica em pouco tempo.
Assim, Severin e Capota (2011) propõem um modo diferente de entender o modelo
1:1. Conforme os autores, em lugar de focar a relação entre aluno e dispositivo, o modelo 1:1
deveria ser entendido como a relação entre um aluno e sua aprendizagem, conforme tabela 1.
Tabela 1: Modelo 1:1 (Fonte: Severín e Capota, 2011, p. 36)
1 : 1 Dispositivo digital è Uma criança
Uma criança è Aprendizagem
Nessa perspectiva, o modelo 1:1 refere-‐se a relação de cada estudante e sua
aprendizagem, que acontece formalmente na escola, mas que pode acontecer, também, em
diferentes tempos e lugares. Assim, entende-‐se a educação como um processo que se
desenvolve de forma ubíqua e permanente (SEVERIN, CAPOTA, 2011).
Moreira (2011) também discute o modelo 1:1, destacando que este não pode se
caracterizar exclusivamente pelo fato de disponibilizar equipamentos a professores e alunos. O
autor concorda que a disponibilidade de tecnologia é necessária, mas não é garantia de
mudanças automáticas na prática de ensino e em inovações pedagógicas.
Neste estudo, assume-‐se que as mudanças nos processos de ensinar e de aprender
não acontecem simplesmente com a inserção de novos dispositivos tecnológicos, mas é
necessário reconfigurar as práticas pedagógicas. Entretanto, práticas pedagógicas inovadoras exigem competências específicas dos professores. Conforme a Unesco (2009, p.1), “os
professores na ativa precisam adquirir a competência que lhes permitirá proporcionar a seus
alunos oportunidades de aprendizagem com apoio da tecnologia” (UNESCO, 2009, p.1).
Portanto, além de disponibilizar os tablets para uso na sala de aula é importante
oportunizar, aos professores, espaços de formação específicos, a fim de conhecer o dispositivo
e refletir sobre as possibilidades pedagógicas no contexto da sala de aula.
Vários desafios foram encontrados ao longo do processo:
a) organizar tempo para a formação dos professores;
b) organizar os tablets para uso compartilhado, uma vez que a escola possui 20
equipamentos e algumas turmas têm em torno de 30 alunos;
c) selecionar aplicativos adequados para uso, de acordo com os objetivos educativos;
d) desenvolver propostas pedagógicas inovadoras com o uso dos tablets.
2 Envolvimento com os públicos de interesse
O projeto envolve professores e alunos da educação infantil e anos iniciais do ensino
fundamental.
Atualmente a escola conta com 02 turmas de educação infantil e 06 turmas nos anos
iniciais do ensino fundamental, totalizando 177 alunos e 09 professores titulares (na terceira
etapa do segundo ciclo/quinto ano há bidocência). Além desses, 08 professores especialistas
dão aulas de Inglês, Espanhol, Arte, Música, Informática e Educação Física para as turmas,
desde a educação Infantil até o última etapa do segundo ciclo/quinto ano).
Até o momento apenas os professores titulares participaram do processo de formação
de professores.
A formação dos professores para uso dos tablets aconteceu com base na proposta
Padrões de Competência em TIC para Professores, desenvolvido pela UNESCO (2009). Todos os
professores das turmas envolvidos no projeto foram acompanhados de forma individual e/ou
em pequenos grupos para estudos sobre o uso dos tablets na sala de aula. professores.
O processo de formação está detalhado na seção 3.
3 Gestão do projeto
A equipe gestora do projeto é composta por quatro integrantes:
a) a diretora da Escola de Aplicação1 e a diretora do Instituto de Ciências Humanas
Letras e Artes2, responsáveis pela gestão administrativa;
b) um professor do curso Técnico em Informática3 e uma professora-‐doutora do Grupo
de Pesquisa em Informática na Educação4, vinculada ao Programa de Pós-‐Graduação em
Diversidade e Inclusão, responsáveis pela formação de professores.
A equipe trabalha em parceria com a coordenação pedagógica da escola, que auxilia a
organizar os encontros de formação.
3.1 Metodologia
A metodologia proposta para o projeto segue as orientações do documento Padrões
de Competência em TIC para Professores, desenvolvido pela UNESCO (2009), que tem por
objetivo apresentar diretrizes que possam orientar e impulsionar novas práticas educativas
combinando habilidades em TIC com inovações em pedagogia, currículo e organização escolar.
1 Profa. Me. Lovani Volver 2 Profa. Dra. Cristina Ennes da Silva 3 Prof. Esp. Elias Wallauer 4 Profa. Dra. Patrícia B. Scherer Bassani
Dessa forma, entende-‐se que a efetiva utilização das TIC no contexto educativo
perpassa pelo processo de formação dos professores.
A proposta da UNESCO (2009), embasada nos quatro pilares da aprendizagem
(aprender a conviver, aprender a saber, aprender a fazer, aprender a ser), compreende a
aprendizagem como um processo contínuo ao longo da vida, e delineia novas metas de
aprendizagem e participação em uma sociedade de aprendizagem, com base na construção e
compartilhamento de conhecimento. A proposta contempla três abordagens complementares:
alfabetização digital, aprofundamento do conhecimento e criação do conhecimento (figura 1).
A primeira abordagem envolve a alfabetização digital do professor, para que ele possa
integrar o uso das TIC ao currículo escolar padrão, à pedagogia e às estruturas de sala de aula.
Entende-‐se que os professores devem saber como, onde e quando usar (ou não usar) a
tecnologia para as atividades educativas em sala de aula, atividades de gestão ou para
formação profissional do próprio docente.
Na Escola de Aplicação, conforme dito anteriormente, o uso do computador na
educação já é uma realidade, mas as atividades são centralizadas em laboratório de
informática. Percebe-‐se o desafio de oportunizar aos professores o conhecimento e a
experiência em novos espaços de interação, que possam oportunizar diferentes práticas
educativas com o uso das TIC. Portanto, este processo de alfabetização digital envolve um
movimento de (re)aprender novas possibilidades de uso do computador sob a perspectiva da
mobilidade.
Esta etapa de formação, que ocorreu no primeiro semestre de 2012, envolveu as
seguintes atividades:
Figura 1 – Proposta para o processo de formação de professores (UNESCO, 2009)
a) organização dos recursos tecnológicos (configurações gerais, estudo sobre o
funcionamento dos tablets, especialmente a parte de gerenciamento de aplicativos);
b) seleção de aplicativos pela equipe de gestão;
c) formação dos professores para uso dos iPads;
d) seleção de aplicativos pelos professores;
e) primeiras experiências de uso de iPads com alunos da educação infantil e anos
iniciais do ensino fundamental.
Conforme pode-‐se perceber, inicialmente a equipe de formação organizou os
dispositivos e instalou alguns aplicativos, especialmente de raciocínio lógico e alfabetização.
Depois, os professores foram envolvidos no processo de formação e também de seleção de
novos aplicativos.
Nesta primeira fase de uso dos iPads as atividades com alunos envolveram
entretenimento e uso de aplicativos diversos, para reforço escolar. Atividades de
entretenimento foram realizadas nas primeiras vezes, para fazer um levantamento do
conhecimento dos alunos sobre os dispositivos e, também, para possibilitar aos professores a
familiarização com a dinâmica de uso dos iPads na sala de aula. Estas primeiras atividades
foram acompanhadas pelos professores participantes da gestão do projeto.
A segunda abordagem proposta pela UNESCO (2009) envolve o aprofundamento do
conhecimento. Nesta etapa as mudanças devem ser amplas e ter mais impacto sobre a
aprendizagem, oportunizando habilidades para experienciar e utilizar metodologias e
tecnologias mais sofisticadas, impulsionando mudanças no currículo.
Esta etapa foi desenvolvida durante o segundo semestre de 2012. As atividades
desenvolvidas envolveram:
a) reuniões individuais com professores, para analisar aplicativos adequados aos
conteúdos escolares;
b) seleção de novos aplicativos que pudessem integrar o planejamento.
Nesta segunda fase de uso dos iPads os professores começaram a utilizar os tablets na
sala de aula sem acompanhamento da equipe de formação. As atividades propostas aos alunos
envolveram o uso de aplicativos para reforço aos conteúdos escolares em desenvolvimento.
Portanto, as atividades propostas neste etapa, aos alunos, buscaram uma articulação entre os
aplicativos e a proposta de aula, mas ainda as atividades estavam muito centradas nos
aplicativos.
Ao longo deste primeiro semestre do ano de 2013 novos professores assumiram
turmas envolvidas na proposta de uso dos tablets e estes professores passaram pelo mesmo
processo de formação.
Importante destacar que em 2013/01, uma parceria com os projetos de pesquisa
Ensinar e aprender em/na rede5 e Aprendizagem com Mobilidade6, desenvolvidos junto ao
Programa de Pós-‐Graduação em Diversidade e Inclusão da Universidade Feevale, possibilitou
ampliar o acervo de aplicativos instalados para uso na Escola de Aplicação. Os projetos
envolvem o estudo do uso dos tablets na educação em diferentes contextos (educação formal
e informal).
Também em 2013/01 percebeu-‐se a necessidade de organizar os aplicativos existentes
nos tablets e instalar aplicativos diferenciados, que possibilitem maior participação dos alunos,
por meio da inserção de vídeos, imagens, comentários e áudio, a fim de orientar as atividades
da terceira etapa de formação de professores.
A terceira e mais complexa das abordagens é a de criação de conhecimento, uma vez
que nessa modalidade o “currículo ultrapassa as fronteiras das disciplinas escolares, com a
inclusão das habilidades provenientes das demandas do século XXI em direção a um novo
conhecimento que envolve o aprendizado por toda a vida – a habilidade de colaborar,
comunicar, criar, inovar e pensar de forma crítica” (UNESCO, 2009).
Entende-‐se que esta abordagem se aproxima de uma proposta que entende os tablets
como artefatos culturais. Um artefato cultural pode ser entendido como qualquer objeto
produzido, que possui um significado e transmite informações sobre o sujeito e sua cultura.
Desta forma, esses artefatos, carregados de significado, representam modos de ser e de estar
para os sujeitos e seu meio social.
5 O projeto “Ensinar e aprender em/na rede: a arquitetura de participação da web 2.0 no contexto da educação presencial”, contemplado no edital MCTI/CNPq/MEC/CAPES No 18/2012 e coordenado pela Profa. Dra. Patrícia B. Scherer Bassani (Feevale), foca no uso dos tablets para impulsionar a aprendizagem colaborativa nos anos finais do ensino fundamental. O público-‐alvo são professores e alunos da Escola de Aplicação Feevale. 6 O projeto “Aprendizagem com Mobilidade: análise do impacto do uso das tecnologias móveis no processo de ensino e aprendizagem em crianças e adolescentes com necessidade de tratamento oncológico”, contemplado no edital MCTI/CNPq/MEC/CAPES Nº 07/2011 e coordenado pela Profa. Dra. Débora Barbosa (Feevale), foca na utilização das tecnologias móveis nos processos de ensino-‐aprendizagem de alunos em tratamento oncológico.
Segundo Lemos (2010), as tecnologias móveis e sem fio estão transformando a relação
entre as pessoas e os espaços urbanos em que elas vivem, criando novas formas de
mobilidade. Entende-‐se que a possibilidade de o sujeito levar consigo o objeto de estudo, ou
de poder acessá-‐lo de qualquer lugar, potencializa o uso de dispositivos móveis na educação.
Desse modo, os dispositivos móveis tipo tablets podem ser vistos na perspectiva de artefatos
culturais, assumindo um enfoque desde uma perspectiva de utilização pedagógica.
Portanto, a etapa de criação do conhecimento, que iniciará no segundo semestre de
2013, busca explorar práticas pedagógicas com o uso dos tablets na perspectiva de artefato
cultural digital. Nesta perspectiva, busca-‐se superar a ênfase nos aplicativos e oportunizar
atividades efetivamente integradas aos conteúdos e ao dia-‐a-‐dia dos alunos.
As atividades de formação de professores nesta etapa envolvem:
a) reunião geral para explicitar e discutir a proposta de uso dos tablets sob a
perspectiva de artefato cultural digital;
b) encontros individuais com os professores para planejamento das atividades;
c) acompanhamento dos professores da equipe de formação nas atividades com os
alunos, caso necessário.
Algumas propostas para uso dos tablets incluem:
a) articulação entre diferentes espaços: laboratório de informática, sala de aula e
ambiente aberto;
b) utilização de aplicativos que possibilitem a criação de conteúdos, como caderno
digital, mapa conceitual, entre outros;
c) possibilidade de articular diferentes mídias: áudio, imagem e vídeo.
Assim, entende-‐se que a efetiva utilização dos tablets no contexto educativo perpassa
por um processo de formação docente que envolva tanto a apropriação individual dos
dispositivos móveis, quando a compreensão do potencial do modelo 1:1 para o
desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras.
3.2 Estratégias
A tabela 1 apresenta as estratégias de desenvolvimento das atividades envolvendo os
tablets na sala de aula.
Tabela 1 - Tablets na sala de aula
Semestre Atividade Detalhamento
2012/01
Apropriação tecnológica Atividade realizada pela equipe gestora
Seleção de aplicativos Seleção e análise de aplicativos, para subsidiar o início das atividades com tablets e iniciar processo de formação de professores.
Formação de professores (etapa 1-‐ alfabetização digital)
Curso de formação de professores para a apropriação no uso dos tablets e aplicativos
Seleção e análise de aplicativos Atividade realizada ao longo do processo de formação com os professores envolvidos no projeto
Primeiras experiências no uso dos tablets Apresentação dos tablets aos alunos e acompanhamento da aula junto com a professora
2012/02
Formação de professores (etapa 2 – aprofundamento do conhecimento)
Reuniões para discussão e planejamento sobre o uso dos tablets na sala de aula (em grupo e individual)
Seleção e análise de aplicativos Seleção e análise de aplicativos que possam integrar o planejamento
Tablets na sala de aula Efetivo uso dos tablets na sala de aula, realizado pelos professores (sem acompanhamento da equipe de formação)
Divulgação do projeto Apresentação de trabalho no Seminário Internacional de Educação (SIE 2012 – Feevale)
Desenvolvimento de aplicativos Primeiras experiências em andamento, mediante parceria com os cursos da Computação.
2013/01
Formação de professores (professores novos)
Espaço de formação para professores novos na escola, para a apropriação no uso dos tablets e aplicativos.
Instalação de novos aplicativos Parceria com projeto de pesquisa “Aprendizagem com Mobilidade”.
Seleção e análise de aplicativos Seleção de análise de aplicativos que possam orientar as
Semestre Atividade Detalhamento atividades da terceira etapa de formação de professores (etapa 3 – criação do conhecimento)
2013/02
Formação de professores (etapa 3 – criação do conhecimento)
a) reunião geral para explicitar e discutir a proposta de uso dos tablets sob a perspectiva de artefato cultural digital; b) encontros individuais com os professores para planejamento das atividades; c) acompanhamento dos professores da equipe de formação nas atividades com os alunos, caso necessário.
Divulgação do projeto -‐ Mesa-‐redonda no Encontro Nacional de Língua e Literatura 2013 (ENALLI/Feevale) em agosto; -‐ Artigo aceito para apresentação no 5o Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação, em novembro.
3.3 Recursos
Para a realização deste projeto os seguintes recursos foram utilizados:
a) Recursos materiais:
-‐ Tablets: 20 iPads.
b) Recursos humanos:
-‐ 16h de atividades semanais, divididas em dois professores responsáveis pelo
processo de formação.
c) Recursos financeiros: o projeto tem apoio financeiro da Feevale.
3.4 Aspectos inovadores relacionados à prática
Destacam-‐se os seguintes aspectos inovadores relacionados à prática proposta:
a) os dispositivos móveis do tipo tablets são uma tecnologia recente e há poucos
estudos sobre o seu uso na educação;
b) a parceria com Programa de Pós-‐Graduação em Diversidade e Inclusão da
Universidade Feevale, por meio dos pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Informática na
Educação, constitui importante articulação para fortalecer teoricamente a proposta e
compartilhar resultados;
c) o processo de formação de professores, teoricamente embasado na proposta da
UNESCO (2009), respeita a organização escolar, especialmente no que se refere ao tempo
destinado à formação. Além disso, oportuniza que o processo de formação de professores seja
complementado na prática, por meio do acompanhamento, pela equipe de gestão, das
intervenções em sala de aula.
4 Resultados alcançados
Considerando os aspectos quantitativos, todos os professores titulares da educação
infantil e anos iniciais do ensino fundamental participaram do processo de formação e estão
utilizando os iPads na sala de aula (09 professores titulares).
Em relação aos aspectos qualitativos, destaca-‐se:
a) os professores da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental estão
utilizando os tablets no contexto educativo, de forma autônoma;
b) o uso dos tablets enfoca, principalmente, atividades centradas nos aplicativos; os
tablets ainda são utilizados para atividades de reforço escolar;
c) os professores estão familiarizados com as possibilidades dos tablets e começam
sugerir novas possibilidades de aplicativos para instalação.
Entretanto, novas possibilidades estão delineadas para 2013/02, visando aplicar uma
proposta de uso dos tablets na educação considerando-‐os como artefatos digitais:
a) explorar novos aplicativos que permitam a integração de mídias;
b) explorar e experienciar atividades em diferentes espaços;
c) explorar a articulação de atividades em diferentes dispositivos, como desktops,
notebooks e smartphones.
Além disso, é importante ampliar o processo de formação para incluir os 08
professores especialistas.
5 Considerações finais
A partir da experiência documentada neste projeto, entende-‐se que a proposta de
formação de professores adotada está oportunizando diferentes práticas pedagógicas,
envolvendo o uso de dispositivos móveis, tipo tablets.
Importante destacar que o processo de formação de professores realizado com base
na proposta da Unesco (2009) mostrou-‐se um importante balizador das atividades propostas.
O processo de formação, que teve início com a alfabetização digital dos professores, seguiu
com o a fase de aprofundamento do conhecimento, onde as novas práticas estão sendo
integradas de forma articulada ao currículo, e agora encontra-‐se na fase de criação do
conhecimento, onde novas e diferentes perspectivas irão ser exploradas e experienciadas.
Entretanto, percebe-‐se que ainda são vários os desafios, a fim de consolidar a prática
docente em novos espaços de interação, especialmente o tempo destinado para a formação
dos professores e o seu envolvimento no processo de seleção e análise de aplicativos.
Entende-‐se que este trabalho em desenvolvimento na Escola de Aplicação da Feevale
constitui importante referência para escolas que planejam a inserção dos dispositivos móveis
no contexto educativo.
Referências
CONOLE, Grainne. Designing for learning in an open world. UK: Springer, 2013.
iPads for Learning. Disponível em: <http://www.ipadsforeducation.vic.edu.au/> Acesso em: mar, 2012.
MOREIRA, Manuel A. Los efectos del modelo 1:1 en el cambio educativo en las escuelas: evidencias y desafíos para las políticas iberoamericanas. Revista iberoamericana de educación. n.º 56 (2011), pp. 49-‐74
SEVERÍN, Eugenio, CAPOTA, Christine Capota. La computación uno a uno: nuevas perspectivas. Revista iberoamericana de educación. n.º 56 (2011), pp. 31-‐48.
TIC EDUCAÇÃO 2011. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação no Brasil. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2012.
UNESCO. Padrões de Competência em TIC para Professores. 2009.