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Escola EB 2,3 Francisco Torrinha PORTUGUÊS Resumo do livro O RAPAZ DE BRONZE de Sophia de Mello Breyner Andresen Trabalho realizado por: Junho de

O rapaz de bronze

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resumo

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Page 1: O rapaz de bronze

Escola EB 2,3 Francisco Torrinha

PORTUGUÊS

Resumo do livro

O RAPAZ DE BRONZE

de Sophia de Mello Breyner Andresen

Trabalho realizado por:

                                                                   Junho de 

Page 2: O rapaz de bronze

2010

O RAPAZ DE BRONZE

Sophia de Mello Breyner Andresen

RESUMO

1. As Flores

Era uma vez um jardim maravilhoso, onde havia árvores muito grandes

e altas, mas também roseirais, buxo, camélias, pomares, pinheiros, trigo,

papoilas, urzes, fetos... Também existia uma estufa com plantas

extraordinárias.

Num dos jardins de buxo havia um canteiro de gladíolos, flores muito

mundanas e vaidosas, que se achavam superiores a quase todas as outras.

Desprezavam, por exemplo, as plantas selvagens, mas tinham grande

admiração pelas flores estrangeiras da estufa, como as orquídeas e as

begónias. Contudo as flores que os gladíolos mais admiravam eram as

túlipas, porque são flores caras, raras e muito bem vestidas e porque

descendem em linha recta das túlipas holandesas do Príncipe de Orange! Mas

havia uma flor que os gladíolos detestavam: a flor do muguet. Eles

consideravam-na uma flor exibicionista que fingia esconder-se por entre as

folhas, mas espalhava o seu perfume por todo o enorme jardim...

2. O gladíolo

Um dia, naquele jardim, nasceu um gladíolo ainda mais mundano do

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que os outros, que se achava muito bonito e que invejava os outros gladíolos

que tinham sido colhidos para uma festa. Depois de conversar com as outras

flores percebeu que os gladíolos estavam na moda e que eram muitas vezes

colhidos para irem a festas, o que o deixou muito contente.

No entanto, daí a dias, o Gladíolo teve um grande desgosto: a dona da

casa disse que já estava farta de gladíolos e que não queria que o jardineiro

colhesse mais gladíolos.

Apesar de estar muito triste e para se consolar, o Gladíolo, à noite, foi

visitar as suas amigas Orquídea e Begónia de quem já se tinha despedido,

pois pensava que iria ser colhido no dia seguinte. Justificou a decisão da dona

da casa dizendo que os gladíolos faziam muito falta no jardim e, por isso, não

seriam mais colhidos.

Quando regressava da estufa, resolveu espreitar a casa, onde estava a

haver uma festa. Com a ajuda do Carvalho, o Gladíolo conseguiu ver o que se

passava lá dentro: havia homens todos vestidos de preto, senhoras todas

vestidas de sedas claras, com brincos e colares, que se riam, conversavam e

dançavam. O Gladíolo ficou espantado com tanto luxo, elegância e riqueza...

O Carvalho ia-lhe explicando quem eram as pessoas, comparando-as com as

flores que eles conheciam.

Quando todas as pessoas saíram e a música se calou, o Gladíolo teve

uma ideia:

- Vou dar uma festa! Uma festa de flores igual às festas das pessoas.

Vou dar uma festa à noite aqui no jardim.

Então, começou por ir pedir autorização ao Rapaz de Bronze, que vivia

no centro de uma ilha que fica no centro do lago, no meio do jardim, entre o

roseiral e o parque. Durante o dia, o Rapaz de Bronze era uma estátua e não

se podia mexer, mas de noite, ele falava, caminhava, dançava e era o senhor

do jardim e o rei da noite.

Depois de algum esforço e porque se mostrou muito desgostoso por

nunca ter ido a nenhuma festa, o Gladíolo conseguiu convencer o Rapaz de

Bronze a deixá-lo organizar a festa que ficou marcada para daí a dois dias, à

noite.

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De seguida, foi à estufa contar a novidade às suas amigas Orquídea e

Begónia que ficaram muito entusiasmadas com a ideia e, de imediato,

escolheram a Comissão Organizadora da festa. A Comissão era constituída

pelo Gladíolo, pela Orquídea, pela Begónia, pela Túlipa, pelo Cravo e pela

Rosa. Marcaram uma reunião desta Comissão para a noite seguinte.

3. Florinda

Na manhã seguinte, o Gladíolo pediu a três borboletas que levassem à

Túlipa, ao Cravo e à Rosa a notícia de que ia haver uma festa e que, como

pertenciam à Comissão Organizadora, deveriam ir nessa noite ao jardim do

Rapaz de Bronze. As borboletas foram espalhando a notícia por todo o jardim

e, por isso, todos comentavam a realização da festa.

Mal apareceu a noite, o Gladíolo pôs-se a caminho e foi o primeiro a

chegar ao jardim do Rapaz de Bronze. Depois chegaram o Cravo e a Rosa e

logo a seguir a Orquídea e a Begónia. A Túlipa chegou atrasada.

Começaram a reunião discutindo quem seria convidado, mas por

imposição do Rapaz de Bronze, com a concordância do cravo e da rosa,

combinaram convidar todas as flores do jardim.

De seguida pensaram no local onde se deveria realizar a festa e, por

sugestão do Cravo, acordaram que seria na Clareira dos Plátanos, um lugar

maravilhoso com um pequeno lago oval e um caramanchão romântico. À

sombra dos plátanos estavam bancos velhos de pedra cobertos de musgo e

no meio da clareira havia uma jarra velha de pedra que estava vazia, pois as

plantas tinham secado e o jardineiro tinha tirado a terra.

O terceiro assunto a discutir foi a orquestra, mas rapidamente

decidiram que o melhor seria cantarem todos: rãs, cucos, pica-paus,

rouxinóis, melros, moscardos e sapos-tambores.

Quanto à ornamentação da clareira, combinaram pôr uma fileira de

pirilampos à roda do lago e colocar uma pessoa na jarra de pedra. Mas não

podia ser uma pessoa qualquer, tinha que ser uma pessoa que fosse como

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uma flor. O Rapaz de Bronze propôs que se escolhesse a filha do jardineiro, a

Florinda, pois tinha cabelos loiros como o girassol, os olhos azuis como duas

violetas, as mãos brancas e finas como as camélias, a pele fresca e macia

como uma rosa e a boca vermelha como um cravo. Todos concordaram e,

como estava tudo combinado, as flores foram-se embora.

4. A festa

No dia seguinte, quando já era noite escura, um rouxinol acordou

Florinda com o seu canto e convidou-a para uma festa maravilhosa. Foram os

dois pelo jardim, mas Florinda começou a ter medo das sombras das árvores.

Então, o Rapaz de Bronze, que entretanto tinha chegado, disse-lhe para não

ter medo, pois ele tomaria conta dela. Depois explicou-lhe que durante a

noite tudo se transformava e as coisas e as flores ganhavam vida.

Chegados à festa, o Rapaz de Bronze colocou Florinda na jarra de

pedra. Então, a um sinal do Rapaz de Bronze, iniciou a festa: a orquestra

começou a tocar, as flores a dançar e tudo era muito lindo e maravilhoso.

Florinda estava a adorar.

Entretanto, o Gladíolo estava preocupado porque a Túlipa ainda não

tinha chegado. No fim da terceira dança a Túlipa, enfim, chegou, mas

recusou-se a dançar com todos os que a convidavam. Mantinha-se sentada

na beira do lago a ver o seu reflexo na água, enquanto o Gladíolo lhe fazia

companhia.

Florinda estava admirada com tudo o que via e o Rapaz de Bronze

ensinou-lhe um grande segredo: quando se vê alguma coisa, mesmo que

todos digam que não é verdade, deve-se acreditar.

A Túlipa, que continuava a olhar para o seu reflexo doirado no lago,

viu aproximar-se um reflexo branco acompanhado por um perfume

extraordinário. Era o Nardo. Este convidou-a para dançar e ela aceitou para

grande espanto e desgosto do Gladíolo. Ao fim de três danças, o Nardo sentiu

um perfume maravilhoso e, abandonando a Túlipa, foi atrás da Flor do

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Muguet. Com ela foi para a beira do lago e conversaram sobre aquele

perfume encantador que ele pensava ser o perfume da Primavera.

De repente uma voz alta, clara e direita atravessou o parque. As flores

pararam de dançar, ficaram imóveis e suspensas. O Rapaz de Bronze

esclareceu que aquela voz era o galo a anunciar o nascer o dia. Por isso

todas as flores correram para os seus canteiros e a clareira ficou vazia.

Então, Florinda adormeceu. O Rapaz de Bronze pegou nela ao colo,

com muito cuidado, e foi deitá-la na sua cama em casa do jardineiro. Depois,

voltou para o seu lugar na ilha no meio do lago redondo e, quando o sol

nasceu, transformou-se em estátua.

Nessa manhã, Florinda dormiu até mais tarde. Quando foi para a

escola começou a lembrar-se do que tinha acontecido e, no recreio, contou

tudo às amigas. Mas estas disseram-lhe que tudo aquilo não passava de um

sonho e gozaram com ela. Então Florinda achou que talvez elas tivessem

razão. Voltou ao jardim, mas tudo estava imóvel e calado. Concluiu que não

tinha acontecido nada. Ela só tinha sonhado...

Passado muitos anos, Florinda teve de atravessar o jardim durante

uma noite de Maio. Quando entrou no parque, lembrou-se da festa das

flores. Caminhando ao acaso chegou ao jardim do Rapaz de Bronze. Florinda

parou. Então, o Rapaz de Bronze esticou-lhe a mão e disse:

- Florinda, lembras-te de mim?

E Florinda percebeu que tudo o que ela pensava ser um sonho afinal

era realidade.

E soube que as coisas extraordinárias e as coisas fantásticas também

são verdadeiras. Porque há um país que é a noite e um país que é o dia.

E, de mãos dadas com o Rapaz de Bronze, passearam os dois pelo

jardim.

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