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O surgimento de um pensamento reflexivo para uma cidade histórica influenciada
pelas alteridades sociopolíticas: as identidades de São Borja como um instrumento
de mobilização civil para o processo de planejamento local*
Muriel Pinto**
*Artigo publico no Jornal Armazém da Cultura de São Borja, Maio/ 2012
**Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRGS, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul/ Bolsista CAPES. Geógrafo. Pesquisador das áreas: identidades, geografia cultural,
fronteira São Borja-Santo Tomé, políticas culturais, paisagens culturais. E-mail:
Após algumas edições ausente retorno com a perspectiva de discutir a importância das
identidades locais para a participação civil no processo de planejamento público
local/regional. Antes de falar sobre o tema proposto, gostaria de relatar minhas
percepções durante participação na primeira Semana Missioneira de São Borja. No
devido evento fiquei sensibilizado e muito contente em perceber que a cultura local está
sendo tratada e pensada como uma estratégia vital para a melhor compreensão do
cenário social, político e econômico de São Borja. Claro que ainda há muitos objetivos
e projetos a serem implementados, mas uma coisa tem que ser dita: é notório o
afloramento de ideias, pesquisas e apelo popular no que diz respeito às discussões
referentes ao contexto histórico, cultural, político e identitário samborjense. Nesse novo
sistema de pensamento aparece uma nova proposta de refletir o espaço local através de
uma ótica reflexiva e crítica, que percebe São Borja como uma cidade Histórica, que vai
além das manifestações culturais relacionadas ao pampa e às relações sociopolíticas
influenciadas pela ideologia trabalhista, mas sim como um espaço que possui múltiplas
identidades. Minha discussão referente à valorização da diversidade de narrativas
identitárias locais, busca pensar São Borja através de um mosaico de representações,
que também interprete outras manifestações culturais que de certa estão/ estavam foro
do foco do planejamento cultural da cidade, como as identidades ribeirinha e
missioneira. Cabe expor que tais identidades representam discursos populares e não
hegemônicos. Para tanto, deixo a disposição minhas publicações sobre o tema das
“Identidades de São Borja”, que estão publicadas na USP, UNESP, Espanha e
Ministério do Turismo/FGV. A partir desta discussão identitária vem à tona uma nova
forma de planejamento regional contemporânea, que é a chamada política do lugar! que
objetiva organizar a cidade a partir de sua base territorial, que são os bairros, vilas,
praças, parques, entre outros. Esta política do lugar esta perfeitamente adequada para
São Borja, visto que a cidade possui diversos lugares com grande difusão cultural, como
é o caso da Praça XV, bairro do passo, Cais do porto, bairro Maria do Carmo, entre
outros. Lugares estes, que podem contemplar diversos projetos culturais, que
contribuiriam para um melhor conhecimento e valorização da cultura local, assim como
poderiam gerar uma maior motivação para a população samborjense. Um dos grandes
desafios deste tipo de atividade seria a disponibilização de perspectivas para aqueles que
possuem potencial, que poderia despertar e gerar uma rede de qualificação e otimização
de potencialidades e multiplicadores de projetos culturais, além de instigar na população
o senso de participação no processo de planejamento local. Através destes pensamentos
é salutar que surjam resistências e oposições a estas novas discussões, pois a partir dos
debates poderemos sair da inércia participativa e da falta de criticidade no que diz
respeito ao surgimento de novas alternativas socioeconômicas para a região. Sendo
assim, é importante ressaltar que neste diálogo ninguém é dono da verdade, tanto as
reflexões da década de 1980 quanto às discussões atuais devem ser respeitadas. No
entanto, assim como a história, a ciência e os estudos avançam nas suas formas de
interpretação, o que permite melhor entendimento das mudanças e transformações
sociais, visto que este espaço histórico vive um momento estratégico e de mudança de
conceitos e valores. Neste sentido deve ser mencionado que a Universidade não é a
solução para tudo, para melhor planejar e discutir os projetos culturais locais é
imprescindível à participação dos pensadores e comunidade nativa de São Borja, pois
estes possuem um olhar sistêmico para o contexto local. Para finalizar gostaria de
informar que estou participando através da UFRGS, de um projeto do governo do
Estado do RS, intitulado “Plano de Desenvolvimento da
Região da Fronteira (PDIF)”. Na devida ação vou ter a oportunidade de elencar
prioridades para a fronteira São Borja-Santo Tomé, assim como para a Região das
Missões. As devidas propostas serão enviadas para o Ministério da Integração. Acredito
que esta oportunidade será importante para expor as potencialidades e carências da
região. Desde já adianto que defenderei o objetivo de propor um melhor planejamento
para as políticas culturais transfronteiriças na fronteira Brasil-Argentina. Qualquer
interesse na contribuição de propostas, as mesmas poderão ser enviadas para meu e-mail
citado acima.