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ATLAS GEOGRÁFICO ESCOLAR DO MUNICÍPIO DE ARACITABA – MG Cristiane Campos Toledo– UFV; Juliana Campos de Souza – CES/JF; Sebastião de Oliveira Menezes – UFJF. RESUMO: A construção da noção de espaço e sua representação são ferramentas de grande importância para a percepção do contexto sócio-cultural do aluno (CAVALCANTI, 2002). No entanto, existe uma grande dificuldade por parte de professores, pois a representação do espaço exige uma ligação forte com o que é real. Para os alunos, os conceitos de referenciais espaciais são abstratos. A partir do momento em que o aluno começa a observar a realidade, ele faz o levantamento de dados e a conseqüente representação através de mapas, ele chega a conclusões, aumentando sua concepção de espaço (ALMEIDA, 1991). A participação do aluno, baseada na Teoria de Piaget de construção do conhecimento (ALMEIDA, 1991), através de suas ações na construção do Atlas de seu município, por exemplo, leva-o a pesquisar a realidade em que vive e a fazer comparações e investigações. As informações sobre o município não são simplesmente repassadas, havendo preocupação em não se realizar o ensino denominado por Freire (1987) como “Ensino Bancário”. Este ensino consiste em não considerar o aluno como parte do processo de aprendizagem, onde as informações são apenas repassadas a ele, sem que ele possa exercer sua criatividade e desenvolver a habilidade de criticar. O presente estudo teve como objetivo identificar as características físicas, sociais e econômicas inseridas no município de Aracitaba e gerar subsídios para o ensino do espaço vivido pelos alunos.O município de Aracitaba localiza-se na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, pertencendo à micro – região de Juiz de Fora. De acordo com o Censo de 2000, realizado pelo IBGE, o município possui 2086 habitantes e sua área é de 106 km 2 . O Atlas de Aracitaba consiste em um conjunto de mapas e de diversas informações sobre a realidade local, com dados gerais sobre a população, as atividades econômicas desenvolvidas e suas características físicas, descritas em trabalhos realizados anteriormente no município. Esses trabalhos resultaram em mapas de cobertura vegetal, hidrografia e relevo que foram gerados com o auxílio da carta topográfica SF-23-X-D-I-3, folha PAIVA, escala 1:50.000 e resolução de 10 metros. Já o mapa de Cobertura Vegetal/Uso e Ocupação Atual tem como base as fotografias aéreas CEMIG, na escala 1:10.000, do ano de 2001.Além destas informações básicas, os alunos foram incentivados a desenvolverem investigações, para elaborarem conceitos e opiniões sobre sua própria realidade. Como por exemplo, o clima do município, ação que poderá ser descrito pelo próprio aluno através de anotações diárias sobre as condições de tempo. Nesse Atlas, linguagem utilizada é simples e adaptada ao ensino fundamental, ao qual o ele se destina, passando as informações do saber universitário para o saber adaptado à capacidade mental dos alunos de acordo com Simielli (2003). Após o aluno passar por todas as fases propostas pelo Atlas, ele estará apto a reconhecer o espaço vivido e suas relações com o entorno. Estará apto também a reconhecer as relações de ocupação do espaço em outras localidades aumentando a sua percepção sobre as características físicas, sociais e econômicas destes lugares. Palavras-chave: Cartografia; Atlas Escolar; Espaço vivido. 1 - Introdução Durante o processo histórico do uso de signos, o mapa surgiu como ferramenta para suprir a necessidade do homem em conseguir registrar a espacialização das informações fora de sua memória. A partir de então, tornou-se viável trabalhar com um grande número de informações, o que permitiu entender melhor a natureza e agir sobre o espaço com um maior conhecimento (ALMEIDA, 2001). Atualmente há um grande número de recursos para gráficos como mapas, globos, fotografias, imagens de satélites, gráficos, perfis topográficos, maquetes, etc., para buscar a leitura do espaço geográfico. Entretanto, o resultado final pode ser complexo demais para a compreensão das crianças

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ATLAS GEOGRÁFICO ESCOLAR DO MUNICÍPIO DE ARACITABA – MG

Cristiane Campos Toledo– UFV; Juliana Campos de Souza – CES/JF;

Sebastião de Oliveira Menezes – UFJF.

RESUMO: A construção da noção de espaço e sua representação são ferramentas de grande importância para a percepção do contexto sócio-cultural do aluno (CAVALCANTI, 2002). No entanto, existe uma grande dificuldade por parte de professores, pois a representação do espaço exige uma ligação forte com o que é real. Para os alunos, os conceitos de referenciais espaciais são abstratos. A partir do momento em que o aluno começa a observar a realidade, ele faz o levantamento de dados e a conseqüente representação através de mapas, ele chega a conclusões, aumentando sua concepção de espaço (ALMEIDA, 1991). A participação do aluno, baseada na Teoria de Piaget de construção do conhecimento (ALMEIDA, 1991), através de suas ações na construção do Atlas de seu município, por exemplo, leva-o a pesquisar a realidade em que vive e a fazer comparações e investigações. As informações sobre o município não são simplesmente repassadas, havendo preocupação em não se realizar o ensino denominado por Freire (1987) como “Ensino Bancário”. Este ensino consiste em não considerar o aluno como parte do processo de aprendizagem, onde as informações são apenas repassadas a ele, sem que ele possa exercer sua criatividade e desenvolver a habilidade de criticar. O presente estudo teve como objetivo identificar as características físicas, sociais e econômicas inseridas no município de Aracitaba e gerar subsídios para o ensino do espaço vivido pelos alunos.O município de Aracitaba localiza-se na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, pertencendo à micro – região de Juiz de Fora. De acordo com o Censo de 2000, realizado pelo IBGE, o município possui 2086 habitantes e sua área é de 106 km2. O Atlas de Aracitaba consiste em um conjunto de mapas e de diversas informações sobre a realidade local, com dados gerais sobre a população, as atividades econômicas desenvolvidas e suas características físicas, descritas em trabalhos realizados anteriormente no município. Esses trabalhos resultaram em mapas de cobertura vegetal, hidrografia e relevo que foram gerados com o auxílio da carta topográfica SF-23-X-D-I-3, folha PAIVA, escala 1:50.000 e resolução de 10 metros. Já o mapa de Cobertura Vegetal/Uso e Ocupação Atual tem como base as fotografias aéreas CEMIG, na escala 1:10.000, do ano de 2001.Além destas informações básicas, os alunos foram incentivados a desenvolverem investigações, para elaborarem conceitos e opiniões sobre sua própria realidade. Como por exemplo, o clima do município, ação que poderá ser descrito pelo próprio aluno através de anotações diárias sobre as condições de tempo. Nesse Atlas, linguagem utilizada é simples e adaptada ao ensino fundamental, ao qual o ele se destina, passando as informações do saber universitário para o saber adaptado à capacidade mental dos alunos de acordo com Simielli (2003). Após o aluno passar por todas as fases propostas pelo Atlas, ele estará apto a reconhecer o espaço vivido e suas relações com o entorno. Estará apto também a reconhecer as relações de ocupação do espaço em outras localidades aumentando a sua percepção sobre as características físicas, sociais e econômicas destes lugares. Palavras-chave: Cartografia; Atlas Escolar; Espaço vivido.

1 - Introdução

Durante o processo histórico do uso de signos, o mapa surgiu como ferramenta para suprir a necessidade do homem em conseguir registrar a espacialização das informações fora de sua memória. A partir de então, tornou-se viável trabalhar com um grande número de informações, o que permitiu entender melhor a natureza e agir sobre o espaço com um maior conhecimento (ALMEIDA, 2001).

Atualmente há um grande número de recursos para gráficos como mapas, globos, fotografias, imagens de satélites, gráficos, perfis topográficos, maquetes, etc., para buscar a leitura do espaço geográfico. Entretanto, o resultado final pode ser complexo demais para a compreensão das crianças

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(PETCHENIK,1987). Já os atlas escolares que apresentam estas informações de forma menos complexa, mas a cada dia, vem sendo a cada dia mais esquecido pelos professores (SANTIL, 2001).

Para Cavalcanti (2002), no estudo da geografia estes atlas são recursos metodológicos indispensáveis para que o aluno localize os aspectos naturais e sociais, promovendo a compreensão da realidade espacial.

A construção deste conhecimento espacial e sua representação são ferramentas de grande importância para a percepção do contexto sócio-cultural do aluno, além de permitir segundo Almeida (1991), que eles tenham deslocamentos mais racionais e uma maior compreensão da organização do espaço.

No entanto, existe uma grande dificuldade por parte de professores quando trabalham com a representação espacial, pois para os alunos a representação do espaço exige uma ligação forte com o que é real, mas os conceitos de referenciais espaciais são abstratos.

Existe também outra dificuldade no que diz respeito aos conceitos e a linguagem do mapa que são muito peculiares da geografia, sendo necessário que se faça uma alfabetização cartográfica para professores e alunos para tornar possível a construção das relações espaciais. (PASSINE, 1994).

No caso dos alunos a construção do conhecimento passa por níveis próprios de acordo com o seu crescimento e sempre se inicia pelo espaço vivido, para depois ele passar a ter noção do todo e suas inter-relações.

Baseando-se nestes níveis de construção do conhecimento, o presente estudo propõe que o aluno participe então da construção do Atlas do seu município baseada na teoria de Piaget citado por Almeida (1991), pois segundo a autora o conhecimento da criança dever ser construído através de suas ações com influência mútua do meio e do conhecimento anterior garantindo uma maior assimilação dos conceitos.

Fundamentada nesta teoria o Atlas propõe então a realização de tarefas em campo, em sala de aula, conversas com os familiares e entrevistas, levando a uma maior percepção do espaço vivido e também à aprendizagem dos conceitos geográficos.

A partir deste momento, o aluno começa a observar a realidade, ele faz o levantamento de dados e posteriormente a representação através de mapas. Assim ele chega a conclusões, aumentando a sua percepção de espaço.

Esta metodologia leva o aluno a constatar a realidade em que vive e a fazer comparações e investigações. As informações não são simplesmente repassadas. Há toda uma preocupação em não se realizar o ensino denominado por Freire (1987) como “Ensino Bancário”, que consiste em não considerar o aluno como parte do processo de aprendizagem onde as informações são apenas repassadas a ele sem que este aluno possa exercer sua criatividade e desenvolver a habilidade de criticar.

Para tanto, é necessário que o aluno faça várias observações da paisagem. Este procedimento é considerado de suma importância para Cavalcanti (2002), pois no ensino da geografia, a análise da paisagem pode oferecer elementos para construção de conhecimentos sobre o espaço que ela abarca. As informações e conceitos adquiridos através da observação da paisagem devem ser também adaptados à realidade local, tendo como objetivo levar o aluno a compreender o espaço vivido e sua relação com o todo, tornando-os aptos para discutir, criticar e sugerir mudanças no ambiente em que vivem. Para Vesentini (1995) este é o principal papel que a escola, que deve desenvolver nos dias atuais dando-lhe autonomia para aprender e pesquisar. Deve-se adequar também a linguagem utilizada para que o processo de aprendizagem flua corretamente e no caso do atlas ela é simples e adaptada ao ensino fundamental, passando as informações do saber universitário para o saber adaptado à capacidade mental dos alunos (SIMIELLI, 2003).

O presente estudo tem como objetivo identificar características físicas, sociais e econômicas inseridas no município de Aracitaba e gerar subsídios para os professores no ensino das relações espaciais vividas pelos alunos. 2 - Material e métodos

O município de Aracitaba localiza-se na Zona da Mata do estado de Minas Gerais, pertencendo à micro – região de Juiz de Fora a 21°20’34” de latitude sul e 43º22’40”de longitude oeste. De acordo com o Censo de 2000, realizado pelo IBGE, o município possui 2086 habitantes e sua área é de 106 km2.

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O município, já contava com vários trabalhos sobre suas características físicas, Cintra, et al (2002, 2003, 2004), desenvolveram estudos básicos para a proposta de criação da área de preservação ambiental (APA) no município. Em Guiseline, et al (2004), apresentam a primeira proposta de criação do atlas municipal, em Toledo, et al (2004 a, 2004 b), concluíram estudos sobre a base cartográfica digital e sobre o diagnóstico ambiental do município.

O presente estudo tem por base os trabalhos anteriores que foram elaborados utilizando técnicas de cartografia digital, investigações científicas e trabalhos de campo para melhor aquisição dos dados.

Os mapas de relevo, vegetação, hidrografia foram gerados com o auxílio da carta topográfica SF-23-X-D-I-3, folha PAIVA, escala 1:50.000 e resolução de 10 metros. Já o mapa de Cobertura Vegetal/Uso e Ocupação Atual, que tem como base as fotografias aéreas CEMIG, na escala 1:10.000, do ano de 2001,

Para aquisição dos dados referentes aos aspectos econômicos e sociais do município realizaram-se consultas ao site do IBGE, através do Sistema IBGE de Recuperação Automática. As informações estão disponíveis de acordo com o código do município. Aracitaba recebeu o código 310330 com base nos dados do censo realizado no ano 2000.

3 - Resultados e discussão

O Atlas consiste em um conjunto de mapas e de diversas informações sobre a realidade local, com dados gerais sobre a população, as atividades econômicas desenvolvidas e suas características físicas.

Além destas informações básicas, os alunos são incentivados a desenvolver investigações, para em seguida elaborar conceitos e opiniões sobre sua própria realidade. Ao realizar as atividades no atlas o aluno possuirá uma maior percepção do lugar em que vive.

Para tanto, o Atlas propõe que o aluno faça um reconhecimento do seu lugar na sociedade. Ele deverá identificar-se pelo seu nome, da sua escola, do seu município, do seu estado e do seu país. Também é proposta a primeira atividade de representação espacial: da sua casa, com objetivo de que ele perceba sua dimensão e sua configuração; depois, um mapa do caminho realizado por eles, várias vezes por semana, que é o trajeto da casa até a escola, levando o aluno a perceber a realidade local. Nesta tarefa o professor irá orientá-los sobre a noção de escala proposta. Em seguida, o atlas traz uma rosa-dos-ventos e um mapa de localização. O aluno terá que localizar os municípios e/ou cidades, que fazem limite com o município ao norte, ao sul, a leste e a oeste, se orientando pela rosa-dos-ventos (figura 1).

Tabuleiro

PaivaOliveiraFortes

Santos Dumont

Mercês

Aracitaba

N

Escala: 1:1.500.000 Fonte: IPLAM Figura 1: Localização de Aracitaba.

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Sobre a localização, na área urbana do município, foi proposto ao aluno que, utilizando um croqui de arruamento e um papel vegetal, construísse um mapa com informações sobre o nome da rua e as instituições que nelas se localizam, construindo uma legenda e fazendo uso das noções básicas de escala. Após realizadas estas atividades é apresentado o histórico do município é apresentado ao aluno com uma linguagem simples e adaptada à sua capacidade, com objetivo de que ele conheça a história do lugar onde vive (quadro 1).

O estado de Minas Gerais foi responsável por um período muito importante do Brasil,

onde foram descobertas várias áreas onde se podia encontrar ouro, mas na região da Zona da

Mata onde se localiza Aracitaba ele não foi encontrado, então a região foi utilizada apenas

como caminho para transportar o ouro para o porto do Rio de Janeiro, que depois seria

mandado para a Europa. Com o passar dos anos como o ouro começou a ficar mais difícil de

ser achado, as pessoas começaram a se dedicar ao plantio do café e mais tarde a atividades

agropecuárias. Portando neste período que começaram a surgir pequenos povoados ou

aglomerados na nossa região. O aglomerado de Aracitaba era conhecido neste período como

povoado do “Nosso Senhor do Bonfim” e data de 21 de novembro de 1825 a capela com o

mesmo nome onde nascera o município de Aracitaba, então pertencente ao município do

“Pomba”, hoje Rio Pomba. Com o passar dos anos o aglomerado foi crescendo e, em 1868

foi elevado à categoria de freguesia. Em 1911, houve a transferência do então povoado do

“Senhor do Bonfim” para o município de Palmira (hoje Santos Dumont). Logo após, o

município passou a denominar-se Bomfim de Palmira e mais tarde Belmonte. Porém, cinco

anos após ganhara denominação indígena: Aracitaba ( “Aracy” significa mãe do dia,

enquanto “Taba” significa aldeia). Em 1962 Aracitaba foi elevada à categoria de cidade, de

acordo com a Lei 2764 de 30 de dezembro, emancipando-se de Santos Dumont. Quadro 1: Histórico de Aracitaba

Sobre a configuração do relevo, o atlas trás uma foto, um mapa de relevo e informações sobre sua localização. Aos alunos é proposto que eles façam um desenho do relevo e que utilizando o mapa reconheçam a localização das áreas com maiores altitudes, com coloração mais escura e as áreas com as menores altitudes, com coloração mais clara, levando em consideração o símbolo que representa o norte.

A vegetação é apresentada ao aluno em seguida, utilizando o mapa de Cobertura Vegetal Atual/ Uso do Solo Atual (mapa 1) e fotografias. A partir destas informações o aluno vai perceber que houve um grande desmatamento da área municipal restando somente algumas “ilhas” de vegetação natural. A ele é proposto que investigue a causa da retirada da vegetação; que construa o conceito de desmatamento e que conte como esse evento ocorreu em Aracitaba.

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Mapa 1: Cobertura Vegetal Atual/ Uso do Solo Atual. Ainda utilizando o mapa de Cobertura Vegetal Atual/ Uso do Solo Atual (mapa 1), o aluno deverá

responder, com base em suas observações, o tipo de vegetação que cobre a maior área municipal, e como se caracterizam as áreas de cultivo representadas. Também é proposto ao aluno que faça um desenho sobre o que ele observa que ocupa o solo, na área do trajeto que ele faz de casa à escola.

A hidrografia trás posteriormente os conceitos de rio principal e de afluente. Para que o aluno compreenda estes conceitos foi incluído um esquema de acordo com a hierarquia das bacias hidrográficas (figura 2). Um texto descreve a hierarquia dos rios do município, a partir da bacia do ribeirão Bonfim até o rio Paraíba do Sul, dando a noção de que elas estão interligadas e que existe a relação de hierarquia.

Legenda:MataÁrea de RegeneraçãoPastagemCultivoVias de acessoÁrea Urbana

CoberturaVegetal Atual/ Uso do solo Atual de Aracitaba -MG

Escala:1:10000Fonte: CEMIGAutores: TOLEDO C.C.& MENESES S.O. Data: Julho 2004

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Figura 2: Esquema de hierarquia de bacia hidrográfica. Depois, é proposto que o aluno observe os rios e riachos inseridos no mapa de hidrografia (mapa

2) do município, para que ele perceba se há algum fator que interfere na sua dinâmica. Ao aluno é também é proposto que faça um desenho dos rios e riachos com seu entorno, pede-se que o aluno coloque o nome de acordo com o costume da comunidade.

Rede de Drenagem do Município de Aracitaba - MG

2000 m7626000 : 653000 7626000 : 678000

7649000 : 6780007649000 : 653000

N

LegendaÁrea MunicipalRede de Drenagem

SAGA/UFRJ (Sistema de Análise Geo-Ambiental)Resolução: 10mFonte: IBGEAutores: TORRES, F. T. P., CINTRA, L. M. & MENEZES, S. O. Data: Julho de 2002

Mapa 2: Hidrografia de Aracitaba Sobre o clima do município, o aluno é estimulado a observar as condições de tempo, umidade e

temperatura, durante todo o ano. Ao final de cada mês o aluno terá que discutir com os colegas e com o professor sobre a característica dominante no mês(quadro1). No final do ano ele conseguirá fazer relação com as características do clima Tropical de Altitude e então o reconhecerá como o clima que predomina no município (quadro 2).

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Clima Durante o ano observe as condições de tempo todos os dias e vá anotando no seu caderno. Ao fim de

cada mês, junto com seus colegas, chegue a uma conclusão e anote nas tabelas abaixo: Você deve anotar se choveu muito ou pouco.

Meses

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Quat. De chuva

Você deve anotar se fez frio, calor ou uma temperatura agradável.

Quadro 2: Esquema de anotações de condições de tempo

No final do ano ele conseguirá fazer relação com as características do clima Tropical de Altitude e

então o reconhecerá como o clima que predomina no município. No que se refere à agricultura do município é apresentado aos alunos a sua principal finalidade,

que no caso do município a produção agrícola destina-se principalmente à subsistência da população. A partir de então o conceito de subsistência passa a ser discutido pelos alunos, que também são estimulados a fazer pesquisas sobre o tema. Também é apresentada uma tabela com base nos dados do IBGE, com os principais produtos e a quantidade em toneladas que são produzidos (tabela 1).

Produtos cultivados Quantidade em toneladas Arroz 37 Cana-de-açúcar 90 Feijão 64 Mandioca 210 Milho 500

Fonte: Censos Demográfico 2000 - IBGE Tabela 1: Produção Agrícola de Aracitaba.

Ao aluno é proposto que observe a tabela e diga qual é o principal produto produzido e em entrevista aos agricultores, procure saber sua finalidade de produção. Como o IBGE não traz todos os dados de produtos produzidos em Aracitaba, pois obedece a um padrão de pesquisa para todos os municípios do Brasil, propôs-se também ao aluno que ele observe se há algum outro produto produzido e qual a sua finalidade. A Pecuária do município é apresentada utilizando-se dados do Censo 2000, destacando-se o rebanho e a produção do rebanho leiteiro. Aos alunos propõe-se que realizem uma entrevista com os pecuaristas sobre as características da atividade. Para que o aluno compreenda a importância da atividade para o município, pede-se que ele observe o mapa de Cobertura Vegetal Atual/ Uso do Solo Atual, reconheça a área que esta atividade ocupa. As características da população de Aracitaba foram apresentadas aos alunos através de dados e tabelas com base nos Censos realizados pelo IBGE. Depois de observar a tabela sobre a evolução da

Meses JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Temperatura

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população, o aluno irá perceber que houve aumento da população total do Brasil e de Minas Gerais e que a população de Aracitaba diminui durante o período analisado.

Ano Aracitaba Minas Gerais Brasil 1970 2.825 11.487.415 93.139.037 1980 2.671 13.387.553 119.002.706 1991 2.400 15.746.200 146.154.502 2000 2.086 17.835.488 170.968.230

Fonte: Censos Demográfico 2000 - IBGE Tabela 2: Evolução populacional de Aracitaba, Minas Gerais e Brasil.

Em seguida é apresentado o conceito de população e suas divisões em urbana e rural. O aluno irá observar a tabela sobre população urbana e rural e irá responder onde mora a maior parte da população.

Fonte: Censo Demográfico 2000 - IBGE Tabela 3: População de Aracitaba.

Outra ferramenta utilizada para apresentar a população de Aracitaba ao aluno é a pirâmide etária do município (Figura 2). Ao observar a pirâmide o aluno deverá caracterizá-la dizendo como é a sua configuração.

Homens (%) Mulheres (%) 80+70 a 7960 a 6950 a 5940 a 4930 a 3920 a 2910 a 19

0 a 9

24

810

18

1312

2013

15

79

1816

1317

14

Fonte: Censo Demográfico 2000 - IBGE

Figura 3: Pirâmide etária de Aracitaba.

4 - Considerações Finais Por se tratar de um Atlas que abrange as diversas áreas do conhecimento da geografia deve ser trabalhado gradualmente durante o ano letivo.

O Atlas consiste em um material rico em informações atualizadas, o que incentivará ao aluno do município há conhecer melhor as principais características que nele estão inseridas.

População em 2000 Urbana 1405 Rural 681

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As diversas informações apresentadas pelo Atlas, são mais um recurso didático e poderão ser utilizadas pelos professores em outras atividades. Tais informações também poderão ser utilizadas por toda a comunidade e pela prefeitura municipal para os mais diversos fins.

Após o aluno passar por todas as fases propostas pelo Atlas, ele estará apto a reconhecer o espaço vivido e suas relações com o entorno. Estará apto também a reconhecer as relações de ocupação do espaço em outras localidades aumentando a sua percepção sobre as características físicas, sociais e econômicas destes lugares.

O aluno que conseguir aumentar a sua percepção estará mais atento para reconhecer seus direitos e deveres, tornado-se um cidadão atuante na sociedade em que vive. Terá mais condições de promover sua ascensão social e ajudar a promover as mudanças que ele julga necessárias para um mundo melhor.

5 - Referências Bibliográficas ALMEIDA, R. D. de. Espaço Geográfico: Ensino e Representação. São Paulo: Contexto, 1991. ALMEIDA, R. D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2001. CAVALCANTI, L. de S. Geografia e Práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002. CINTRA, L.M., TORRES, F.P.T., GUISELINE,J.C.A., MENESES, S.O. Criação da APA do município de Aracitaba – MG, com auxílio de sistemas de informações geográficas. In: 4° Congresso Internacional sobre Planejamento e gestão ambiental em centros urbanos,4. Florianópolis. 2002.p. 33-34. CINTRA, L.M., TORRES, F.P.T., GUISELINE,J.C.A., MENESES, S.O.Utilização de sistemas geográficos de informações na elaboração da proposta de criação da área de preservação ambiental da Cachoeira do Formoso /Taquara Preta, município de Aracitaba – MG. In X Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada,10. Rio de Janeiro.2003. CINTRA, L.M., TORRES, F.P.T., GUISELINE,J.C.A., MENESES, S.O. Utilização de sistemas geográficos de informações na elaboração da proposta de criação da área de preservação ambiental da Cachoeira do Formoso /Taquara Preta, município de Aracitaba – MG. In I Mostra de Trabalhos de Graduação da UFJF. Juiz de Fora. 2004. FREIRE, P. Pedagogía do Oprimido.17a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. GUISELINE,J.C.A. e MENEZES, S.O. Criação do atlas geográfico escolar do município de Aracitaba – MG. In I Mostra de Trabalhos de Graduação da UFJF . Juiz de Fora.2004. PASSINI, E. Y. Alfabetização Cartográfica. Belo Horizonte: Lê, 1994. PETCHENIK, B. B. Fundamental considerations about atlases for children. Cartographica.Toronto: University of Toronto, Califórnia, v.24, n.1, p.16-23, spring. 1987. SANTIL, F. L. P. Desenvolvimento de um protótipo de Atlas eletrônico de Unidades de Conservação para educação ambiental. 2001. 167 f. Dissertação (mestrado em Ciências Cartográficas) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Presidente Prudente. SIMIELLI, M. E. R. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: BOLETIM PAULISTA DE GEOGRAFIA. N° 79. Especial de Ensino de Geografia. São Paulo: AGB, 2003.

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