O PORTO HÁ CEM ANOS

O coração da cidade

Há cem anos o coração da cidade era a Praça de D. Pedro –

actual Praça da Liberdade - com a estátua equestre do rei que,

deixou ao o seu coração em testamento. O monumento

1 - Praça de D. Pedro e Câmara Municipal

estava rodeado por uma grade de ferro. A norte da Praça situava-

se a Câmara Municipal, onde muitos revoltosos do 31 de Janeiro

resistiram ao ataque da Guarda Municipal.

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A revolta republicana também foi conspirada nos cafés da Praça,

especialmente no Café Central. Foi esta Praça que intelectuais,

políticos e artistas escolheram como local de encontro, e todas as

manifestações públicas passaram por lá. Aquilino Ribeiro

considerou-a a verdadeira Universidade, não só do Porto, mas do

país inteiro.

O Porto e o trabalho

O Porto era chamado a “capital do trabalho”.

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A cidade acordava cedo com as sirenes das fábricas. Antes

do nascer do sol as ruas já estavam cheias de gente que se dirigia

para as fábricas, oficinas, lojas e ateliers diversos.

Os pregões dos vendedores enchiam o ar e no rio havia muita

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Movimento de barcos na Ribeira.

actividade de cargas e descargas de pipas de vinho do Porto, do

carvão e das mercadorias que de todos os dias chegavam à cidade,

transportadas pelos navios que ali ancoravam.

Mercado da Ribeira

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Do Bonfim a Massarelos havia muitas fábricas: de bater

ouro e prata na Rua do Souto, de sabão no Freixo, de fiação e

tecelagem no Bonfim. Havia muita actividade nas retrosarias da

Rua dos Clérigos e nas ferragens das Carvalheiras ... O Porto

também era conhecido como a “Manchester portuguesa”.

O Porto e o lazer

- Havia dezenas de colectividades musicais e de recreio.

As mais importantes eram o Clube Portuense (frequentado

pela alta burguesia), o Ateneu Comercial do Porto (ligado à classe

comercial) e o mais popular, o Clube Fenianos Portuenses. Pode-

se ainda referir o grupo Unidos de Santos Pousada, o Musical dos

Empregados da Carris, a Academia Musical Portuense, o Clube

Artístico Comercial Portuense, o Centro Recreativo Aurora da

Liberdade e outros mais.

- As romarias, com a sua música, as danças, os foguetes e as

tendas de comes e bebes, eram acontecimentos de grande

animação. Entre essas romarias podemos citar a de S. Lázaro, a de

Santa Clara no Bonfim, a do Senhor da Boa Fortuna à entrada da

Rua dos Caldeireiros, a da Senhora do Ó no Largo do Ferreirinho,

na zona da Ribeira ...

- Procissões e feiras também davam grande movimento à

cidade e atraíam muita gente.

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- Os teatros eram vários e neles actuavam artistas

conhecidos nessa época, como João Rosa, Augusto Rosa, Chaby

Pinheiro, Lucinda Simões, Ângela Pinto ...

- O Palácio de Cristal era uma réplica do Crystal Palace de

Londres (destruído por um incêndio em 1936) e nele ficaram

célebres as exposições de flores (camélias, rosas ...), de

horticultura e os espectáculos de beneficência com kermesses e

bailes de máscaras, organizados pelas senhoras da

Palácio de Cristal (inaugurado em 1865, demolido em 1951)

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melhor sociedade Portuense.

- O futebol – Este desporto, tão popular nos nossos dias,

chegou ao Porto trazido pela chamada colónia inglesa, isto é pelos

cidadãos britânicos que escolheram esta cidade para

desenvolverem as suas actividades comerciais e industriais. Era

uma comunidade numerosa ligada ao comércio do vinho do Porto

e às indústrias têxtil e de cortumes. O Futebol Clube do Porto foi

criado em 1893, e em 1910 foi mandado arrelvar o seu campo, no

Campo da Rainha.

O Boavista Futebol Clube foi fundado em 1903 por técnicos

ingleses da fábrica Graham. O nome que então lhe foi dado era

The Boavista Footballers. Em 1910 já existia o Campo do Bessa.

Ainda em 1910, foi criado o Sport Grupo de Salgueiros, que

mais tarde se fundiu com outro clube fundado por “rapazes do

comércio”, nascendo assim o Sport Comércio e Salgueiros.

- Foi no Porto que nasceu o cinema português

No Porto nasceu e viveu o primeiro homem que , com um

aparelho de captação e reprodução de imagens, produziu as

primeiras cenas de cinema. O primeiro filme a ser rodado

intitulava-se “Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança”.

O seu autor chamava-se Aurélio Paz dos Reis. Em 1910 já tinha

emigrado para o Brasil, mas não pode ser esquecido.

Assim se vivia, gozava e trabalhava no Porto há 100 anos.

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Fontes:

Visão-História, Fevereiro de 2010.

Postais editados pela Papelaria Progresso - Porto

Trabalho de Francisco nº10 do 9ºC

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