Processos organizacionais 02

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  • 1. 39 A abordagem funcional versus a abordagem por processos O mundo muda, o ambiente se transforma, as organizaes precisam se adaptar. A busca constante pelo aumento da eficcia sugere a implementao de mudanas organizacionais. Essas mudanas podem envolver alguma unidade organizacional ou toda a organizao; podem alterar as linhas de autoridade, os nveis de responsabilida- de, as linhas de comunicao. O certo que elas precisam acontecer devido s mudanas das necessidades dos clientes, dos avanos tecnolgicos, dos aspectos econmicos, sociais, culturais, legais. Da mesma forma, os gestores tambm precisam mudar. O papel da gerncia Segundo Mintzberg (2010, p. 24),no existe a melhor maneira de gerenciar, tudo depende da situao. O autor, ao referir-se aos gestores, diz que necessrio[...] reunir habilidades prticas com o toque certo de arte e um pouco de uso de cincia e voc acaba com um trabalho que , acima de tudo, uma prtica. Em 1973, Henry Mintzberg publicou um captulo sobre os Papis do Gerente, su- gerindo um modelo das atribuies gerenciais, percebendo depois que era mais um modelo, como tantos outros, cheios de setas. Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

2. 40 Figura 1 Os papis do gerente de Mintzberg (1973). Status e autoridade formal Papis interpessoais Representante da empresa ( figurehead) Lder Contato Papis informacionais Monitor Disseminador Porta-voz Papis decisrios Empreendedor Resolvedor de conflitos Alocador de recursos Negociador (MINTZBERG,2010,p.58) Mintzberg atribua ao gerente papis interpessoais que envolvem relaes do ge- rente com as pessoas, seja dentro ou fora da organizao. Inclui, segundo Maximiano (2004) a imagem do lder figura de proa (comparecer a solenidades, falar em pblico); o lder (persuaso, negociao, motivao); e o papel de ligao (mantendo a equipe integrada com as outras). Os papis de processamento de informaes se voltavam necessidade de infor- maes para a tomada de decises. Inclua o monitor (capacidade de lidar com grande variedade de fontes de informao desde a formal at a informal), o disseminador (fazendo circular as informaes pela organizao) e o porta-voz (falando oficialmente pela organizao no meio externo). Os papis de deciso incluem o empreendedor (incentivador de mudanas, de novos negcios, de ideias), de controlador de distrbios (controlando eventos impre- vistos, crises), o administrador de recursos (responsvel pela alocao de recursos, Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 3. 41 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos administrar o tempo e o trabalho das pessoas) e o negociador (negociaes com clien- tes, fornecedores, sindicatos, empregados). Passadas quase quatro dcadas, Mintzberg (2010) questiona a eficcia do modelo apresentado com base em pesquisas, que foi desenvolvendo ao longo desse tempo. Segundo o autor (2010, p. 32) [...] os processos bsicos da gesto no mudam muito com o tempo, caractersticas essas sendo possivelmente as que menos mudam. As caractersticas a que o autor se refere so as seguintes: o ritmo implacvel da gesto;a) a brevidade e variedade de suas atividades;b) a fragmentao e descontinuidade do trabalho;c) a orientao para a ao;d) a preferncia por modos informais e orais de comunicao;e) a natureza lateral do trabalho (colegas, scios);f) o controle no trabalho, mais implcito do que explcito.g) Aps muitas pesquisas e vrias tentativas, Mintzberg (2010) apresenta um novo modelo, procurando evidenciar as reais funes de um gerente, conforme ilustrado na figura 2. O modelo apresenta o gerente, administrador, no centro, entre a unidade para a qual foi definido como responsvel formal; e o contexto, que tanto podem ser as demais reas da organizao, como o ambiente externo. Na figura, pode-se observar que[...] a gesto ocorre em trs planos, do conceitual ao concreto: o das informaes, o das pessoas e diretamente para a ao(MINTZBERG, 2010, p. 61). Percebe-se, visualizando a figura, que no plano das informaes os geren- tes comunicam em todas as direes, e tambm exercem atividades de controle. No plano da ao, os gerentes executam internamente e negociam externamen- te. Se observa, ainda, que no plano da cabea os gerentes estruturam, modelam e programam seu prprio tempo. Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 4. 42 Figura 2 Um modelo de gesto Mintzberg. Fora da organizao Na direo do resto da organizao No plano das informaes No plano das pessoas No plano da ao (MINTZBERG,2010,p.60) Negociando Fazendo conexes Comunicando Gestor Comunicando controlando Liderando Agindo Dentro da unidade Estruturando (modelando) Programando Segundo Mintzberg (2010, p. 98), apenas juntos todos esses trs papis e em todos os trs planos que chegamos ao equilbrio essencial para a prtica da gesto. O quadro 1 ilustra essa mistura entre os diferentes papis, salientando a perspectiva interna e a perspectiva sistmica. Quadro 1 Os papis da gesto Modelo de gesto Estruturando o trabalho e programando o trabalho Interno Externo Plano das informaes Monitoramento Centro nervoso Controle Concepo Delegao Designao Distribuio Ordenao Comunicao Porta-voz Centro nervoso Disseminao (MINTZBERG,2010,p.99) Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 5. 43 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Modelo de gesto Estruturando o trabalho e programando o trabalho Interno Externo Plano das pessoas Liderana Energizar indivduos Desenvolver indivduos Construir equipes Fortalecer a cultura Ligao Formao de redes Representao Convencimento/apresentao Transmisso Amortecimento de presses Plano da ao Ao Gerenciar projetos Manejar perturbaes Negociao Formar coalizes Mobilizar apoio A abordagem funcional Em razo da simplicidade das cadeias produtivas, as primeiras formas de administra- o hierrquica ocorreram por meio de organogramas, conforme exemplo na figura 3. Essa formadeestruturaorganizacionaldeterminaaesverticais,funeslimitadasaosdeparta- mentos e aos setores. Essa estrutura j no suficiente para atender as principais decises dos gestores atuais, devido, principalmente, complexidade da cadeia produtiva, das orga- nizaes e do impacto da tecnologia da informao (MARANHO; MACIEIRA, 2004). Figura 3 Forma usual de apresentao de um organograma. Departamento A Setor A Setor B Departamento B Setor C Setor D Departamento C Setor E Setor F PRESIDENTE (KWASNICKA,2004.Adaptado.) De acordo com De Sordi (2008, p. 1),uma caracterstica muito comum encontrada em diversas organizaes a estrutura organizacional concebida segundo o conceito de silos funcionais, que executam e gerenciam um conjunto de atividades bastante especficas e especializadas.Os estudos de Taylor, no sculo passado, introduziram os conceitos de eficincia, especializao e medio do processo. Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 6. 44 Foi a partir desses estudos de Taylor que surgiu a necessidade de medio do desempenho das atividades, da definio dos perfis e habilidades para os executantes dos processos, emergindo a especializao, tanto dos profissionais, quanto da execu- o das atividades. Os especialistas, com domnio de determinada tcnica, foram con- centrados em reas ou departamentos afins a essa especializao (DE SORDI, 2008). Figura 4 Silos funcionais. SILOS FUNCIONAIS INCIO DO SCULO XIX FREDERICK TAYLOR CONCEITOS DE: EFICINCIA ESPECIALIZAO MEDIO DO PROCESSO Em consequncia: medio do desempenho das atividades; definio do perfil e habilidades para os ocupantes dos cargos; especializao de atividades; especializao dos profissionais. (DESORDI,2008.Adaptado.) Anjos, Reis e Soratto (2002, p. 3) citam Rados et al. ao afirmar que A estrutura fun- cional intrinsecamente verticalizada e hierrquica. Os autores complementam que uma organizao que se utiliza de uma estrutura vertical, provavelmente identifique uma ou mais das seguintes situaes em suas atividades: a informao entra e sai somente pelas chefias;a) existncia delacunaspor onde as informaes desaparecem;b) gargalos de informao, distoro, retransmisso;c) gesto das reas sem percepo das interfaces;d) comunicao escassa, vertical, na maioria das vezes de cima para baixo;e) interesses e motivaes das pessoas tambm funcionais. As chefias no poder e os emprega-f) dos na sobrevivncia; no h foco no cliente, as prioridades esto no atendimento dos interesses funcionais;g) os ciclos dos processos se alongam, pois as decises sobem e descem a estrutura vertical;h) as tarefas so realizadas dentro do solicitado, sem entendimento de como cooperar com oi) todo organizacional; processos inteis so realizados sem questionamento.j) Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 7. 45 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos As empresas so vistas como um grande agrupamento de departamentos que decorrem da diviso do trabalho, preconizada por Taylor. Os departamentos no pos- suem responsabilidade total por um processo completo, criam-se barreiras entre os mesmos, e a gesto acaba mais voltada para a estrutura do que para os resultados, conforme pode ser visto na figura 5: - NO MOSTRA COMO O VALOR AGREGADO - FUNES MAIS IMPORTANTES QUE CLIENTES - RESPONSABILIDADES SE PERDEM NAS INTERFACES OTIMIZAO FUNCIONAL OTIMIZAO DA ORGANIZAO COMO UM TODO (CAMPOS,2007.Adaptado.) Figura 5 Viso tradicional vertical. ATRAVS DAS FUNES De acordo com Harrington (1993), as gestes tradicionais focam as empresas numa viso funcional. Assim, as anlises, os planejamentos, as propostas de mudanas, tm uma viso normalmente vertical, e, por conseguinte, parcial da cadeia de valor.O autor complementa dizendo que preciso parar de pensar numa organizao funcio- nal e olhar os processos empresariais. A abordagem por processos Os movimentos para buscar a especializao das reas funcionais se aceleraram nas ltimas dcadas, motivados principalmente pela introduo dos modernos con- ceitos de qualidade por W. Edwards Deming. De acordo com De Sordi (2008), a busca de excelncia pelos silos organizacionais resolvia problemas localizados, mas isso no necessariamente atendia questes ligadas satisfao do cliente final. Os problemas, por vezes, eram oriundos da comunicao, da interao de trabalho entre as reas; eram apontadas lacunas, sem gerenciamento. Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 8. 46 (DESORDI,2008.Adaptado.) Figura 6 Busca da qualidade total. 1980 1990 Busca da qualidade total Especializao das reas funcionais Os silos funcionais resolvem problemas localizados Constatao: desempenhar funes com excelncia no implica satisfao do cliente final; problemas na comunicao e integrao do trabalho entre as reas funcionais; surgimento de lacunas no compreendidas pela gerncia. Em consequncia: reviso das estruturas organizacionais; arquitetura organizacional sob a tica do cliente; foco administrativo do fluxo de trabalho de reas funcionais para processos organizacionais. De acordo com Maximiano (2004), uma importante inovao do Terceiro Milnio administrar as organizaes como conjuntos de processos interligados, e no como conjuntos de departamentos independentes. A administrao por processos (ou orga- nizao por processos) consiste em administrar as funes permanentes como elos de uma corrente, e no como departamentos isolados uns dos outros. O resultado uma cadeia horizontal de processos, em lugar da estrutura vertical criada pela cadeia de comando. A horizontalizao produz bons resultados porque reformula o modo de ad- ministrar as operaes, orientando todas as funes para a soluo de um problema. Segundo Robbins (2000, p. 188),companhias como AT&T, Boeing, British Teleco- munications, Canadian Imperial Bank of Commerce, Xerox e Volvo reformularam com- pletamente seu modo de fazer negcios.De acordo com o autor, essas empresas bus- cavam maior produtividade, velocidade em suas operaes e a satisfao do cliente. [...] examinaram cuidadosamente como seu trabalho era realizado e ento reorganiza- ram horizontalmente suas empresas em torno de processos de trabalho. De acordo com Hammer (apud ANJOS; REIS; SORATTO, 2002, p. 3), diversas em- presas esto se organizando por processos, o que requer uma viso horizontal com as pessoas trabalhando no mais em uma funo, mas em um processo voltado para o cliente. Existem responsveis pelos processos e no pelos departamentos ou funes. Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 9. 47 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos A gesto horizontal[...] faz com que a empresa seja gerenciada ao longo da cadeia de processos, com estes permeando cada departamento, seguindo o fluxo de agrega- o de valor. Este gerenciamento deve estar voltado para as atividades que agregam valor ao longo da cadeia(ANJOS; REIS; SORATTO, 2002, p. 3). Figura 7 A viso por processos. ENTRADAS SADAS DEPTO A DEPTO B FLUXO DE AGREGAO DE VALOR DEPTO C DEPTO D PROCESSO 1 PROCESSO 2 (RADOSetal.apudANJOS;REIS;SORATTO, 2002,p.3.Adaptado.) De acordo com Gonalves (2000, p. 9) a ideia de processo no nova na admi- nistrao das empresas, mas um novo entendimento que diz que o negcio precisa focar aquilo que pode ser feito para agradar aos clientes externos. O autor comple- menta dizendo queos processos so fundamentais no planejamento das aes pelas quais a empresa [...] pretende produzir e entregar seus produtos e servios aos seus clientes. A Gesto por Processos, segundo Campos (2007, p. 3), traz muitos benefcios para a organizao, entre eles: concentra o foco no que realmente interessa: o trabalho;a) uma ferramenta para implementao da estratgia organizacional;b) confere simplicidade e agilidade s atividades;c) dota a organizao de flexibilidade organizacional;d) facilita a gesto atravs da identificao de indicadores de desempenho ee) medio de melhorias nos processos; permite uma viso integrada da organizao;f) instrumentaliza a aplicao de abordagens inovadoras;g) facilita a gesto do conhecimento organizacional e a gesto de competncias.h) Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 10. 48 Figura 8 Viso por processos horizontal. PROCESSO 1 PROCESSO 2 (CAMPOS,2007apudLIMA,1999) CLIENTES Diferenciao entre a gesto funcional e a gesto por processos H vrias caractersticas que diferenciam as duas abordagens administrativas, ou seja, a gesto por processos e a gesto funcional. Essas caractersticas podem ser elen- cadas em 12 grupos, de acordo com De Sordi (2008), que so: alocao de pessoas, autonomia operacional, avaliao de desempenho, cadeia de comando, capacitao dos indivduos, escala de valores da organizao, estrutura organizacional, medidas de desempenho, natureza do trabalho, organizao do trabalho, relacionamento externo e utilizao da tecnologia. No que tange alocao de pessoas, estas representam a disposio do conjun- to operacional humano, que executa as tarefas dentro da organizao. As diferenas esto elencadas no quadro 2. Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 11. 49 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Quadro 2 Alocao de pessoas Alocao de pessoas Organizao funcional Organizao por processos As pessoas so distribudas por departamentos funcionais, que se responsabilizam pelas tarefas daquele setor. As pessoas fazem parte de uma equipe respons- vel pelas tarefas de um processo multifuncional. Os profissionais so agrupados em equipes com papis bem delimitados, em que todos possuem um mesmo conjunto de atividades a serem rea- lizadas. As equipes so formadas por profissionais de di- ferentes perfis e habilidades, em que cada um desempenha um papel e atividades diferentes, po- rm complementares. Os profissionais se vinculam a um ou mais proces- sos de negcio, como executor ou coordenador, e, eventualmente, a centros de desenvolvimento de competncias. O quadro 3 apresenta as diferenas entre as duas abordagens sobre a autonomia operacional, ou seja, o grau de autonomia e controle que cada colaborador possui das tarefas sob sua responsabilidade. Quadro 3 Autonomia operacional Autonomia operacional Organizao funcional Organizao por processos As tarefas so executadas sob rgida superviso hierrquica. fortalecida a individualidade com delegao de autoridade para a tomada das decises essenciais. H o fortalecimento e valorizao do papel do fun- cionrio (empowerment). Os princpios da Administrao Cientfica de Taylor determinaram a forma de gesto dos ne- gcios, at meados do sculo XX, onde ocorria a gesto do tipo comando-controle. Aburocracia mecnicaatingia altos ndices de produtividade nas organizaes. A evoluo das tecnologias de comunicao, o sur- gimento da internet e a globalizao dos negcios, no final do sculo XX, exigiram reconfiguraes nas transaes comerciais, em funo, principalmente, da reduo do tempo dos processos. Empresas estruturadas verticalmente e com ges- to funcional operam com dificuldade, os exe- cutores precisam obter autorizao dos nveis hierrquicos de superviso. A gesto por processos desloca a gesto funcio- nal, verticalizada, para uma gesto direcionada ao cliente final (gesto por processos), criando auto- nomia aos executores dos processos, tornando-os mais produtivos, mais qualificados e com menores custos operacionais. Poder de deciso nos nveis hierrquicos supe- riores. Poder de superviso e controle para os prprios executores dos processos. Os executores e donos do processopossuemautonomia paraerespon- sabilidade por. (DESORDI,2008.Adaptado.)(DESORDI,2008.Adaptado.) Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 12. 50 A avaliao de desempenho descreve os critrios de valorizao e promoo do trabalho das pessoas, conforme descrito no quadro 4. Quadro 4 Avaliao de desempenho Avaliao de desempenho Organizao funcional Organizao por processos As pessoas so avaliadas por seu desempenho funcional individual. O que conta o resultado final do processo. As equipes organizadas para executar processos ou subprocessos esto ligadas estrutura fun- cional. A estrutura funcional continua a existir, a ques- to definir como e por quem os membros da equipe devem ser avaliados. Uma soluo criar uma organizao por processos isolada ou que trabalhe em conjunto com o rgo fun- cional, mas dar aos representantes do proces- so um papel igual ao dos gerentes funcionais na avaliao e recompensa dos membros da equipe. Outra diferena est na cadeia de comando, ou seja, a superviso do trabalho operacional. Quadro 5 Cadeia de comando Cadeia de comando Organizao funcional Organizao por processos O trabalho est estruturado funcionalmente sob forte superviso de nveis hierrquicos superpos- tos, que comandam a execuo do trabalho e o desenvolvimento dos profissionais envolvidos. Apenas o processo de negcio gerenciado pelos donos de processos que direcionam a ateno para a agregao de valor ao produto ou servio entregue. O gestor de processo no ochefe, ele no pode mandar, tem que negociar e exercer in- fluncia. A cadeia de comando se baseia em comando e controle. A cadeia de comando se baseia em negociao e colaborao. Existe um chefe que est acima das pessoas di- zendo o que fazer e como fazer. Esse papel no existe, fica disperso entre muitas pessoas. O foco dos gerentes est na superviso e controle. Os funcionrios so capacitados e motivados. A capacitaodaspessoas uma das caractersticas que diz respeito s competn- cias e ao direcionamento da viso dos objetivos do trabalho operacional. As diferenas principais entre as duas abordagens encontram-se no quadro 6. (DESORDI,2008.Adaptado.) (DESORDI,2008.Adaptado.) Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 13. 51 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Quadro 6 Capacitao das pessoas Capacitao das pessoas Organizao funcional Organizao por processos As pessoas so treinadas para se ajustar funo especfica que desempenham. A ampla abrangncia, tanto dos processos de ne- gcio quanto da autonomia e responsabilidade designada aos colaboradores (empowerment), implica a demanda de um processo contnuo de capacitao, que deve atender a mltiplas com- petncias transdisciplinares requeridas ao longo de todo o processo. Criao de ilhas isoladas de conhecimento que engessam a atividade dos colaboradores, no per- mitindo um aproveitamento integral do seu po- tencial criativo. Permite a transparncia do trabalho ao longo do processo, independente das cadeias funcionais das organizaes, trazendo novo entendimento aos executores, exigindo um empowerment que evidencie a transfuncionalidade que o processo apresenta. Lealdade como objeto central. Conquista da confiana. Fora de trabalho como encargo trabalhista. Fora de trabalho como um produto a ser co- mercializado. O que eu quero para mim? O que eles querem e quais so seus objetivos? Foco no produto. Foco no cliente. Os valores da organizao referem-se aos princpios e crenas adotados pela orga- nizao, no sentido de direcionar o comportamento dos empregados. Quadro 7 Valores da organizao Valores da organizao Organizao funcional Organizao por processos Incentivo ao trabalho funcional, direcionado aos resultados do departamento. Abertura das comunicaes, transparncia no trabalho e trabalho participativo. Sentimentos de desconfiana, insegurana no tra- balho e atritos. Sentimento de colaborao e cobrana mtua. Forte influncia das foras internas. Incorpora valores cultura, abrangendo clien- tes, fornecedores, parceiros e colaboradores. Quanto estrutura organizacional, as comparaes dizem respeito ao modelo or- ganizacional sobre o qual a empresa est estruturada. (DESORDI,2008.Adaptado.)(DESORDI,2008.Adaptado.) Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 14. 52 Quadro 8 Estrutura organizacional Estrutura organizacional Organizao funcional Organizao por processos Empresa estruturada hierarquicamente, depar- tamentos trabalham isoladamente, direcionados aos prprios objetivos. Hierarquia reduzida, os nveis que no agregam valor ao resultado so eliminados em benefcio de uma viso voltada proposio de valor na entre- ga final do produto de cada processo. O organograma uma representao visual da estrutura, til para demonstrar os departamentos funcionais, os nveis hierrquicos de comando e a alocao de pessoas. O organograma pouco transmite a respeito dos processos de negcios que sustentam a organi- zao como um todo, e que perpassam diversos departamentos funcionais da organizao. Estrutura organizacional tradicional, burocratiza- da. Provoca alteraes na estrutura organizacional, tais como: deslocamento do processo decisrio para os donos de processos e operadores, eli- minao das barreiras das comunicaes hierr- quicas, enxugamento dos nveis hierrquicos; re- configurao das habilidades necessrias para o trabalho orientado para processos, fortalecimento de parcerias externas, terceirizao de atividades no fundamentais para a organizao. Estruturas altas. Estruturas planas (Toyota de 20 nveis para 11, GM de 28 para 19). As medidas de desempenho caracterizam as formas de avaliao do trabalho, de acordo com a comparao elencada no quadro 9. Quadro 9 Medidas de desempenho Medidas de desempenho Organizao funcional Organizao por processos O trabalho avaliado com foco no desempenho de trabalhos fragmentados das reas funcionais. Valoriza-se o desempenho de cada processo, de forma a manter uma linha de agregao cons- tante de valor s suas propostas de entrega. Nas organizaes orientadas para a tarefa, espera- -se dos funcionrios umdesempenho satisfatrio. Processos fragmentados homogenezam o traba- lho individual, e o desempenho pessoal excelente passa despercebido. Os processos devem ser relacionados com as ra- zes de sua existncia, iniciando-se pelos reque- rimentos e fatores crticos de sucesso do ponto de vista dos stakeholders1 . Em seguida, exami- nam-se os componentes da arquitetura do pro- cesso, identificando-se seu nvel de importncia ou de contribuio potencial para gerao de oportunidades de melhoria no desempenho do processo. Fazer um grande esforo considerado um desper- dcio. Os indivduos que tm um excelente desempe- nho nos processos podem gerar um resultado de alto desempenho. (DESORDI,2008.Adaptado.)(DESORDI,2008.Adaptado.) 1 Partes interessadas em um negcio: clientes, funcionrios, fornecedores, comunidade, entre outros. Shareholders: acionistas em um negcio (MORAES, 2004). Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 15. 53 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos A natureza do trabalho se refere s caractersticas das tarefas que requerem com- petncias especficas para execuo. O quadro 10 mostra as principais diferenas entre a abordagem funcional e a abordagem por processos. Quadro 10 Natureza do trabalho Natureza do trabalho Organizao funcional Organizao por processos Prevalecem os conceitos da Administrao Cientfica de Taylor, da Teoria Clssica de Fayol, da Burocracia de Weber, nos quais o mximo de trabalho deve ser executado no menor espao de tempo, sendo as atividades fortemente es- truturadas e especializadas com seus respecti- vos grupos de trabalho. Prevalece a abordagem sistmica, viso do todo. A natureza do trabalho repetitiva e com esco- po bastante restrito, em termos do que se faz. A natureza do trabalho bastante diversificada. Um profissional pode desempenhar diversas atividades ao longo do processo de negcio, tanto operacional como de coordenao. Autonomia e responsabili- dade so integrantes dos trabalhos. A organizao do trabalho identifica a forma como o trabalho operacional est organizado dentro da estrutura da empresa, de acordo com o quadro 11. Quadro 11 Organizao do trabalho Organizao do trabalho Organizao funcional Organizao por processos Cada rea est estruturada por departamentos que funcionam isoladamente dos demais. O trabalho organizado por processos multifun- cionais. H equipes de trabalho especializadas em um grupo especfico de atividades correspondentes abrangncia de uma rea funcional. O trabalho est organizado por processos de ne- gcios, de forma a prover sinergia e interao entre os profissionais de diferentes habilidades e competncias necessrias aos extensos processos de negcios. Departamentos tradicionais atuam como guardi- es de normas e padres, como centros de trei- namento e distribuio de especialistas. Nos laboratrios farmacuticos, por exemplo, a se- quncia tradicional de pesquisa, desenvolvimento, fabricao e marketing, est sendo substituda pela sincronia de especialistas de todas essas funes tra- balhando juntos como equipe, do incio da pesquisa at o lanamento do produto no mercado. O relacionamento da empresa com o ambiente externo, principalmente com consu- midores, fornecedores e clientes, tambm possui caractersticas diferentes, de acordo com a abordagem. O quadro 12 contm os principais elementos diferenciais. (DESORDI,2008.Adaptado.)(DESORDI,2008.Adaptado.) Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 16. 54 Quadro 12 Relacionamento externo Relacionamento externo Organizao funcional Organizao por processos Objetiva a competio por meio da presso constante sobre clientes e fornecedores. Privilegia o processo colaborativo por meio de par- cerias de negcios em que todos tenham a sua sus- tentabilidade assegurada. Individualismo. Alianas de negcios que permitem que as organi- zaes do mundo inteiro somem conhecimento e atuem em conjunto no mercado internacional. A utilizao dos recursos de Tecnologia da Informao (TI), no apoio execuo e gerenciamento de processos, fortemente utilizada pela abordagem por processos, claramente percebido no quadro 13. Quadro 13 Tecnologia Tecnologia Organizao funcional Organizao por processos As ferramentas de TI so apresentadas por sis- temas de informao ligados, limitados pela viso de reas funcionais para as quais eles fo- ram desenvolvidos. Os processos de negcios exigem cada vez mais in- teratividade entre diferentes reas internas e exter- nas empresa. Forte demanda por recursos tecnolgicos espec- ficos para integrao entre sistemas de informao (Enterprise Application Integration EAI) permitindo a intercomunicao entre os diversos sistemas de in- formao das reas funcionais (legados). O gerenciamento ou orquestrao dos processos passa a ser realizada por uma camada de software especfica, denominada Business Process Manage- ment System (BPMS). Essa camada constantemente informada pela ca- mada EAI, sobre o status da operao de cada ins- tncia do processo de negcio, independentemente de instituio e plataforma computacional na qual esteja ocorrendo o processamento. Com os dados das instncias em processamento ao longo do processo, o sistema BPMS capaz de prover ao gestor do processo de negcio uma atu- alizao contnua dos indicadores de desempenho do processo, informando gargalos e caminho crtico, ocorrncias de excees, entre outras informaes importantes. Na arquitetura deTI das organizaes que praticam a gesto por processos, h dois componentes diferen- ciados: o EAI e o BPMS. (DESORDI,2008.Adaptado.)(DESORDI,2008.Adaptado.) Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 17. 55 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Maranho e Macieira (2004, p. 35) citam o paradoxo da ortogonalidade como uma das desvantagens da abordagem funcional, comparativamente abordagem por processos. Segundo os autores, esse termotenta representar a ortogonalidade (cruza- mento em linha reta) entre o interesse funcional (vertical de cima para baixo) e o inte- resse do cliente (sempre transversal organizao). A figura 9 ilustra essa percepo. Figura 9 Paradoxo da ortogonalidade. INTERESSES FUNCIONAIS INTERESSE/SATISFAO DOS CLIENTES PERCEPO DOS CLIENTES FORNECEDORES CLIENTES (MARANHO;MACIEIRA,2004.Adaptado.) A figura 9 ilustra que esse paradoxo acaba gerando conflitos de prioridade entre os interesses das chefias funcionais e os interesses dos clientes. Maranho e Macieira (2004, p. 36) citam que cabe ao chefe funcionaldar sua contribuio para que a organi- zao funcione no seu aspecto hierrquico, interno, orgnico e vegetativo (fluxos ver- ticais), e ao dono do processo coordenar a obteno da satisfao do cliente, mediante a operao eficiente e eficaz do processo. Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 18. 56 Texto complementar A empresa voltada para processos (HAMMER, 1998) Se a reengenharia est caindo de moda, um novo conceito gerencial atrelado a ela vem subindo muito e com fora: a organizao orientada para processos. Quem lana esse novo paradigma empresarial ningum menos do que o pai da reen- genharia Michael Hammer, para quem esse tipo de empresa descendente direto da reengenharia. Ele tem a seu lado exemplos de companhias que vm adotando o novo modelo com sucesso, como IBM eTexas Instruments, entre as mais conhecidas. Em entrevista exclusiva HSM Management, Hammer explica o que processo, o que a nova organizao e o papel de executivos e demais funcionrios dentro dela, entre outros assuntos. Uma organizao voltada para processos, diz o especialista, projeta e mensura cuidadosamente seus processos. Alm disso, faz com que todos os funcionrios os entendam e se responsabilizem por eles, criando o que Hammer chama depropriedade de processo. Segundo Hammer, o novo tipo de organizao capaz de acabar com alguns dogmas do mundo da administrao, alterando, por exemplo, o status do profissio- nal de linha de frente. A entrevista de Mercedes Reincke. O que significa ser uma organizao orientada para processos, como o Sr. costuma dizer? Esse um novo paradigma? Certamente, esse um novo paradigma para as empresas. Uma organizao orientada para processos tem neles o centro das aten- es. Nas organizaes tradicionais, os processos so ignorados. Em uma organiza- o orientada para processos, eles so cuidadosamente projetados, mensurados e, o que mais importante, todos os entendem. Dentro desse modelo, os processos funcionam bem e trazem bons resultados para a empresa. Seultimolivro, Alm da Reengenharia,nofalaexatamentedareengenharia,mas de suas consequncias. O Sr. pode detalh-las? Talvez a principal consequncia da reen- genharia seja o surgimento da organizao orientada para processos, da qual acaba- mos de falar. A reengenharia comeou como um projeto para melhorar o desempe- nho organizacional, mas o que ela realmente criou foi um paradigma totalmente novo de organizao. novo porque baseado em um princpio diferente daquele das or- ganizaes tradicionais. E voc me perguntar: Qual o princpio das organizaes tradicionais? Elas se baseiam no fato de que os funcionrios tm foco restrito, e a viso Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 19. 57 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos mais geral do quadro cabe unicamente aos gerentes. Na organizao voltada para processos, todos tm uma viso ampla. O que eu costumo dizer : As pessoas tm de cumprir tarefas, mas pensar a respeito de processos. o oposto do que ocorreu na Revoluo Industrial, que pregavaespecialize-se e concentre-se. As organizaes orientadas para processos dizem veja o quadro maior e tenha um foco mais amplo. A ideia central de um processo a reunio de tarefas ou atividades isoladas. Se voc pensar no preenchimento de um pedido, uma pessoa estaria dedicada ao gerencia- mento do estoque, outra pessoa faria a expedio e uma terceira estaria engajada na obteno do pedido do cliente. Normalmente, ningum pensa como essas partes se juntam,criandoumprocessoquedresultadosresultadosessesquecheguematos clientes. Por isso, na organizao de processos, as pessoas tm papis maiores e mais amplos. Nas organizaes tradicionais, o funcionrio realiza uma tarefa comandado por seu chefe. Nas empresas voltadas para processos, o funcionrio tambm trabalha com outras pessoas, mas no seguindo ordens, e sim em um esprito de equipe, com o propsito de alcanar determinados resultados e objetivos definidos pelos clientes. Ento, o que deve fazer uma empresa para enfrentar a transio, ou seja, para deixar de ser tradicional e se transformar em uma organizao orientada para proces- sos? Para trabalhar dessa maneira, a empresa precisa principalmente de duas coisas. Em primeiro lugar, um comprometimento srio dos altos executivos com a parte que lhes cabe, sem isso nada acontece. Feito isso, o passo seguinte identificar os processos e colocar as chefias como responsveis por eles. Isso difere daquelas orga- nizaes onde ningum nunca tem responsabilidade pelo processo em questo e, portanto, nunca h ningum para estimular os esforos. O novo jeito de administrar que se relaciona com essa responsabilidade chamado depropriedade de proces- sos(process ownership, em ingls). Na transio para esse tipo de gerenciamento, muito importante o papel dos funcionrios da linha de frente. Como essa transio para os membros da organizao? Na verdade, uma mu- dana muito difcil, porque as pessoas tm de aprender a pensar de novas formas. Tm de aprender a compreender o negcio, a assumir mais responsabilidades, a tra- balhar em equipe. E essa adaptao est longe de ser fcil. O Sr. acredita que os executivos, os chefes, tero dificuldade em mudar sua forma de pensar e trabalhar de acordo com o novo modelo? Para alguns, a transio ser muito difcil; para outros, no. H os executivos receptivos mudana e h os que acham simplesmente impossvel faz-la. Estes tm duas escolhas: sair da empresa ou voltar para um cargo da linha de frente e isso que a maior parte deles faz. O que, alis, no nenhum demrito, pois a linha de frente muito importante na nova organizao voltada para processos, to importante quanto os executivos. A linha de frente na empresa orientada para processos aquela que toma as decises Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 20. 58 e assume a responsabilidade. Em uma empresa tradicional, a chefia interpreta esse papel, mas isso significa atrasos e muitos outros problemas. Em uma organizao de processos, existe menos chefia e muito mais responsabilidade da linha de frente. O Sr. no acha que os executivos podem relutar em voltar a ser da linha de frente porque isso significaria uma perda de status? Sim, possvel. Uma das coisas que as empresas tm de fazer mudar esse status social subliminar e passar a mensagem de que ser chefe no a nica maneira de obter sucesso. Se eu acho que os execu- tivos vo resistir? Sim, alguns deles vo, mas eu acho que, quando compreenderem que no h outra escolha, eles podero ultrapassar essa relutncia. Uma das tarefas da liderana executiva fazer com que as pessoas entendam que no h outra esco- lha, e que isso tem de acontecer. Em sua opinio, qual exatamente a importncia desse novo paradigma? Estou convencido de que essa a nica maneira de conseguirmos os avanos que a eco- nomia globalizada de hoje exige. O Sr. pode dar exemplos de empresas que estejam aplicando esse novo paradigma com sucesso? Muitas das melhores empresas que eu conheo esto fazendo isso de maneira bastante ostensiva para ter sucesso em setores econmicos muito difceis e concorridos. Um exemplo a Motorola; outro a Texas Instruments. A IBM, por exemplo, est se concentrando muito em seus processos, e esse tem sido um dos principais ingredientes de seu sucesso recente. O Sr. acha que o renascimento da IBM se deve sua localizao nos processos? Certamente, esse um dos aspectos mais importantes de sua recuperao. No digo que seja o nico, mas um dos principais. E existem muitas outras empresas destacadas fazendo isso. Uma delas, sobre a qual eu falo em meu livro, a American Standard. Ela menor do que a IBM; atua em todo o mundo nos segmentos de apa- relhos de ar-condicionado, encanamentos e freios para caminhes, e est fazendo isso com bastante seriedade. Em seu livro, o Sr. afirma que esse enfoque gera novas oportunidades de trabalho. Como isso acontece? Ns vemos que as organizaes orientadas para processos so aquelas que deixam os clientes mais satisfeitos e, consequentemente, crescem mais. Crescimentosignificanovosempregos.Portanto,noestamosfalandoemreduode empregos, mas de aumento, embora os novos empregos sejam diferentes, de outros tipos. O crescimento a maneira de obter sucesso. Em meu livro, menciono o caso de empresas como a Eastern Airlines, que por continuarem a fazer negcios da ma- neira antiga, saram do mercado e no existem mais. Empresas desse gnero no tm futuro, porque os concorrentes j esto fazendo as coisas de um modo diferente. Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 21. 59 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Como o cliente se beneficia dos resultados do novo modelo? O cliente est no centro dessa nova organizao de processos. O objetivo total desse trabalho ofe- recer para o cliente mais valor, de forma mais rpida e a um custo mais baixo. Nossas organizaes atuais so um entrave para isso. Ao optar pelo paradigma de proces- sos, podemos fazer as coisas de forma muito melhor para o cliente. Qual a alma da nova empresa orientada para processos? realmente o tra- balho em equipe, a cooperao, a responsabilidade individual e a vontade de fazer um trabalho melhor. De muitas maneiras, essa uma organizao idealista. Seus resultados financeiros so a consequncia, mas a proposta no fazer dinheiro sim- plesmente criar mais valor e fazer um trabalho melhor. Que caractersticas marcam uma empresa de sucesso de forma geral? Em minha opinio, a chave do reconhecimento do sucesso de uma empresa , provavelmente mais do que qualquer outra coisa, a medida de quanto esse tipo de cultura est introjetado na organizao. Os CEOs vm e vo, mas, se se tem uma cultura que valoriza as coisas sobre as quais falamos, esse tipo de empresa sempre encontrar uma maneira de ter sucesso. Se como o Sr. diz Os CEOs vm e vo, qual a importncia dos presidentes na organizao? O papel do CEO ou presidente realmente o de criar a cultura desej- vel, abrir o caminho e garantir sua continuidade. Se ele fizer isso, a organizao ter sucesso, mesmo depois que ele for embora. Atividades Mintzberg apresenta dois modelos acerca dos papis do gerente em uma orga-1. nizao, um modelo de 1973 e outro modelo mais recente. Tomando por base tais modelos, apresente a principal diferena entre eles. Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 22. 60 Tomando por base o contedo visto, caracterize a abordagem funcional.2. Que vantagens a Gesto por Processos apresenta s organizaes?3. Preencha as lacunas abaixo, identificando com:4. ( 1 ) Organizao funcional ( 2 ) Organizao por processos Rgida superviso hierrquica.(( As pessoas fazem parte de uma equipe responsvel pelas tarefas de um(( processo multifuncional. Desloca a gesto, verticalizada, para uma gesto direcionada ao cliente(( final. As pessoas so avaliadas por seu desempenho funcional individual, e no(( como uma equipe. Os funcionrios no possuem autonomia no processo, desconhecendo-o,(( na maioria das vezes. O poder de superviso e controle so dos prprios executores dos(( processos. As ferramentas de TI procuram resolver problemas pontuais, no esto(( todas interligadas, o que gera retrabalho. Incorpora valores cultura, abrangendo clientes, fornecedores, parceiros(( e colaboradores. Os indivduos que tm um excelente desempenho podem gerar um(( resultado de alto desempenho. essencialmente vertical e hierarquizada.(( Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 23. 61 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Referncias ANJOS, Francisco Antonio dos; REIS, Hilton Rodrigues; SORATTO, Alexandre Nixon. Gesto por processos nas organizaes e sua interao com o meio ambiente. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produo. Curitiba: ENEGEP, 2002. Disponvel em: . Acesso em: 14 nov. 2010. CAMPOS, Eneida Rached. Metodologia de Gesto por Processos. Campinas: Uni- camp, 2007. Disponvel em: . Acesso em: 10 set. 2009. DAFT, Richard L. Administrao. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. DE SORDI, Jos Osvaldo. Gesto de Processos: uma abordagem da moderna adminis- trao. 2. ed. So Paulo: Saraiva, 2008. GONALVES, J. E. L. Processo, que processo. RAE Revista de Administrao de Em- presas, v. 40, n. 4, p. 8-19, out./dez. 2000. HAMMER, Michael. A empresa voltada para processos. HSM Management, n. 9, ano 2, jul./ago. 1998. HARRINGTON, James H. Aperfeioando Processos Empresariais: estratgia revolu- cionria para o aperfeioamento da qualidade, da produtividade e da competitivida- de. So Paulo: Makron Books, 1993. KWASNICKA, Eunice Lacava. Introduo Administrao. 6. ed. So Paulo: Atlas, 2004. MARANHO, Mauriti; MACIEIRA, Maria Elisa Bastos. O Processo Nosso de cada Dia: modelagem de processos de trabalho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. MAXIMIANO, Antonio Csar Amaru. Teoria Geral da Administrao: da Revoluo Urbana Revoluo Digital. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2004. MINTZBERG, Henry. Managing: desvendando o dia a dia da gesto. Porto Alegre: Book- man, 2010. MORAES, Anna Maris Pereira de. Introduo Administrao. 3. ed. So Paulo: Pren- tice Hall, 2004. ROBBINS, Stephen P. Administrao: mudanas e perspectivas. So Paulo: Saraiva, 2000. Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 24. 62 Gabarito Em 1973, Mintzberg atribua ao gerente trs tipos de papis: interpessoais, de1. processamento de informaes e de deciso. A gesto estava centrada apenas no gerente numa perspectiva clssica, em que o gestor o detentor de todo o conhecimento na organizao. Passado pouco mais de trs dcadas, o autor apresenta um novo modelo, baseado principalmente nas abordagens sistmi- ca e contingencial, ou seja, no existe uma nica e melhor forma de gerenciar, depende da situao. Nessa nova abordagem, o gerente um dos principais elos entre sua atividade na unidade em que atua, na organizao como um todo e no relacionamento desta com o meio em que est inserida. A principal diferena est na forma de atuao do gerente, passou de uma forma centrali- zada e linear para uma forma sistmica e contingencial, em que o profissional gestor atua em diferentes planos, que vo do conceitual ao concreto. A estrutura funcional essencialmente vertical e hierarquizada: as pessoas so2. distribudas por departamentos funcionais, so responsveis pelas tarefas da- quele setor; rgida superviso hierrquica; o poder de deciso est nos nveis hierrquicos superiores, levando a dificuldades na operacionalizao das tare- fas para qualquer interveno na tarefa, o executor precisa de autorizao da superviso (viso mecanicista); as pessoas so avaliadas por seu desempenho funcional individual, e no como uma equipe; os funcionrios no possuem autonomia no processo, desconhecendo-o, na maioria das vezes; h umchefe, que reafirma constantemente seu poder formal, dizendo o que fazer e como fa- zer; os processos so fragmentados, assim como o a atuao dos funcionrios (comportamento padronizado), o desempenho pessoal excelente acaba pas- sando despercebido; alguns departamentos atuam como guardies de normas e padres, esquecendo-se de que o cliente deve ser o foco de atuao da em- presa; as pessoas recebem treinamento para executar uma funo especfica; o conhecimento privilgio de poucos funcionrios, a maioria desconhece o que est acontecendo na organizao e no pode contribuir para o processo criativo na mesma; as ferramentas de TI procuram resolver problemas pontu- ais, no esto todas interligadas, o que gera retrabalho; no ambiente externo, a empresa atua por meio da presso constante sobre clientes e fornecedores, visando somente a competio; e destaca-se, ainda, que cada rea est estrutu- rada por departamentos que funcionam isoladamente dos demais, o trabalho fragmentado, levando os funcionrios a preocuparem-se somente em fazer benfeita a sua parte, sem se preocupar com o todo. Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 25. 63 Aabordagemfuncionalversusaabordagemporprocessos Algumas das vantagens da gesto por processos, quando bem implementada,3. so: foco no cliente e em suas necessidades os processos so organizados em cadeia horizontal, reformulando o modo de administrar as operaes todos buscam a soluo de um problema; a coordenao e integrao do trabalho melhora todos na empresa esto focados no atendimento das necessidades do cliente, trata-se de uma viso holstica, contrapondo-se a uma viso frag- mentada da gesto funcional; mudanas complexas tornam-se mais fceis de serem executadas muda a cultura. No modelo tradicional, a cultura est centrada na tarefa que o indivduo deve fazer, na gesto por processos, cliente satisfeito um compromisso de todos, sinergia fundamental, j no basta o funcionrio preocupar-se somente em fazer a sua parte benfeita, o resultado de todos. Por fim, a gesto por processos pode gerar uma importante vanta- gem competitiva organizao. 4. ( 1 ) Rgida superviso hierrquica. ( 2 ) As pessoas fazem parte de uma equipe responsvel pelas tarefas de um processo multifuncional. ( 2 ) Desloca a gesto, verticalizada, para uma gesto direcionada ao cliente final. ( 1 ) As pessoas so avaliadas por seu desempenho funcional individual, e no como uma equipe. ( 1 ) Os funcionrios no possuem autonomia no processo, desconhecendo-o, na maioria das vezes. ( 2 ) O poder de superviso e controle so dos prprios executores dos processos. ( 1 ) As ferramentas de TI procuram resolver problemas pontuais, no esto todas interligadas, o que gera retrabalho. ( 2 ) Incorpora valores cultura, abrangendo clientes, fornecedores, parceiros e colaboradores. ( 2 ) Os indivduos que tm um excelente desempenho podem gerar um resultado de alto desempenho. ( 1 ) essencialmente vertical e hierarquizada. Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br 26. Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br