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1 ESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTE-ESMAC CURSO BACHARELADO EM DIREITO DIEGO DE ANDRADE VIANA FABRÍCIO ARAÚJO DE SOUZA ISABELA DOS SANTOS RAMALHO KISLA SARAH MAGALHÃES DA SILVA LADIRENE NAYAR CAVALCANTE DA COSTA ODIRLEY DA SILVA RODRIGUES RICELLY LUCIANA LUZ MAIA DO ROSÁRIO SANDRO RAIOL MONTEIRO O CONSELHEIRO TUTELAR: OS DESAFIOS DO CARGO FRENTE A FORMAÇÃO DO CONSELHEIRO.

Projeto conselheiro tutelar 2

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ESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTE-ESMAC

CURSO BACHARELADO EM DIREITO

DIEGO DE ANDRADE VIANA FABRÍCIO ARAÚJO DE SOUZA

ISABELA DOS SANTOS RAMALHOKISLA SARAH MAGALHÃES DA SILVA

LADIRENE NAYAR CAVALCANTE DA COSTAODIRLEY DA SILVA RODRIGUES

RICELLY LUCIANA LUZ MAIA DO ROSÁRIOSANDRO RAIOL MONTEIRO

O CONSELHEIRO TUTELAR:OS DESAFIOS DO CARGO FRENTE A FORMAÇÃO DO

CONSELHEIRO.

ANANINDEUA2015

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DIEGO DE ANDRADE VIANA FABRÍCIO ARAÚJO DE SOUZA

ISABELA DOS SANTOS RAMALHOKISLA SARAH MAGALHÃES DA SILVA

LADIRENE NAYAR CAVALCANTE DA COSTAODIRLEY DA SILVA RODRIGUES

RICELLY LUCIANA LUZ MAIA DO ROSÁRIOSANDRO RAIOL MONTEIRO

O CONSELHEIRO TUTELAR:OS DESAFIOS DO CARGO FRENTE A FORMAÇÃO DO

CONSELHEIRO.

Projeto Interdisciplinar apresentado como requisito parcial para obtenção de nota nas disciplinas do primeiro semestre do curso de Bacharelado em Direito, da Escola Superior Madre Celeste – ESMAC. Professores: Adriana Maia e Mário Ribeiro.

BELÉM2015

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DIEGO DE ANDRADE VIANA FABRÍCIO ARAÚJO DE SOUZA

ISABELA DOS SANTOS RAMALHOKISLA SARAH MAGALHÃES DA SILVA

LADIRENE NAYAR CAVALCANTE DA COSTAODIRLEY DA SILVA RODRIGUES

RICELLY LUCIANA LUZ MAIA DO ROSÁRIOSANDRO RAIOL MONTEIRO

O CONSELHEIRO TUTELAR:OS DESAFIOS DO CARGO FRENTE A FORMAÇÃO DO

CONSELHEIRO.

Projeto Interdisciplinar apresentado como requisito parcial para obtenção de nota nas disciplinas do primeiro semestre do curso de Bacharelado em Direito, da Escola Superior Madre Celeste – ESMAC. Professores: Adriana Maia e Mário Ribeiro.

Aprovado em de de 2015. Nota .

BANCA EXAMINADORA

Prof.Escola Superior Madre Celeste – ESMAC

Prof.Escola Superior Madre Celeste – ESMAC

Prof.Escola Superior Madre Celeste – ESMAC

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ESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTE-ESMAC

LISTA DE SIGLAS

.

CT CONSELHO TUTELAR

ECA ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................6

1.1. TEMA....................................................................................................................7

1.2. PROBLEMA..........................................................................................................7

1.3. HIPÓTESE............................................................................................................7

2. OBJETIVOS...........................................................................................................8

2.1. GERAL..................................................................................................................8

2.2. ESPECÍFICOS......................................................................................................8

3. JUSTIFICATIVA......................................................................................................8

4. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................10

5. METODOLOGIA DA PESQUISA..........................................................................21

6.CRONOGRAMA.....................................................................................................22

REFERÊNCIAS.........................................................................................................23

APÊNDICE................................................................................................................26

APÊNDICE A.............................................................................................................26

APÊNDICE B.............................................................................................................26

ANEXOS....................................................................................................................31

ANEXO A .................................................................................................................. 31

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1 INTRODUÇÃO

O século XX para Brasil foi relativamente de grande importância no que se

refere à defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, pois as

transformações no campo jurídico e social trouxeram a tona a necessidade de

diferenciação no tratamento dos problemas relacionados com o mundo infanto-

juvenil, códigos como Mello Mattos e a constituição de 88, retratam bem a tentativa

de estabelecer limites, porem a grande revolução no ordenamento jurídico nacional

ocorreu através da implementação da Lei n. 8.069/90 que instituiu o ECA (estatuto

da criança e adolescente), hoje o principal instrumento de defesa dos direitos das

crianças e adolescentes.

O Estatuto divide-se em 2 (dois) livros: o primeiro trata da proteção dos

direitos fundamentais à pessoa em desenvolvimento e o segundo trata dos órgãos e

procedimentos protetivos. Encontram-se os procedimentos de adoção (Livro I,

capítulo V), a aplicação de medidas sócio-educativas (Livro II, capítulo II), do

Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos crimes cometidos contra

crianças e adolescentes

O Conselho Tutelar foi criado conjuntamente ao ECA (Estatuto da Criança e

do Adolescente), instituído pela Lei 8.069 no dia 13 de julho de 1990, com a função

transformar a lei em algo concreto e realizar a mudança social objetivada pelo

legislador. O conselho é formado por (05) cinco conselheiros, que são escolhidos

direta/indiretamente pela população através de votação. As regras pra concorrer à

eleição em parte são definidas pela ECA e outra pelos municípios, conforme suas

peculiaridades. A sua função é zelar pelo direito da criança e do adolescente,

garantindo que o direito e justiça sejam alcançados.

Conhecer os direitos da criança e do adolescente não é pré-requisito para

candidatar-se ao cargo de Conselheiro Tutelar. Desconhecê-los porém pode ser

motivo para não concorrer a eleição, visto que em muitos municípios Brasileiros, é

feito um teste antes da efetiva candidatura para a eleição popular.

Apesar do ECA já estar em vigor há 25 anos, as regras eleitorais para

concorrer ao conselho tem sofrido uma continua transformação, buscando cada dia

mais conduzir cidadãos capacitados para exercer a função, e é referente a este

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ponto que nossa pesquisa trará discussões pra buscar traçar o perfil deste

conselheiro, suas dificuldades e anseios.

1.1. TEMA: Conselho tutelar.

O conselho tutelar teve origem a partir do Projeto de Lei do Senado Federal,

PLS n° 5. 172/901, e foi instituído de fato em 13 de julho de 1990 pela Lei Federal n°

8.069/90 (ECA).

Porém ao ser criado o ECA, o seu texto original foi alterado, sendo dada uma

redação diferente daquela aprovada pelo PLS n° 5. 172/901, mudando de forma

significativa sua finalidade e os requisitos para investidura no cargo de conselheiro

tutelar.

Observa-se que no PLS n° 5. 172/901, a finalidade do conselho era de

atender direitos, e na atual redação passou a ser apenas de fiscalizar, zelar pelo

cumprimento dos direitos.

Em relação aos conselheiros, o Projeto de Lei previa como critério para a

escolha do candidato à conselheiro tutelar prioritariamente pessoas com formação

universitária nas áreas de direito, educação, saúde, psicologia e serviço social,

porém na atual redação os conselheiros tutelares necessariamente não precisam ser

técnicos, e nem ter qualquer formação universitária ou curso superior, bastando para

tanto além da idade superior a vinte e um anos, residir no município e ter

reconhecida idoneidade moral.

1.2. PROBLEMA

Qual a necessidade de uma formação superior especifica dos conselheiros

tutelares de Ananindeua, no trabalho desenvolvido na defesa dos direitos das

crianças e do adolescente?

1.3. HIPÓTESE

Uma formação qualificada é sem dúvida alguma um aspecto de suma

importância para uma atuação de qualidade do conselheiro tutelar, porém, a

ausência desta, como capacitação especializada é preocupante, logo, a eficiência do

atendimento prestado à comunidade estará prejudicada à medida que esses

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profissionais não possuem qualificação superior adequada aos tipos de situações

que enfrentam.

2. OBJETIVOS:

2.1. GERAL: Investigar como a formação dos conselheiros tutelares de Ananindeua

influencia no trabalho desenvolvido na defesa dos direitos das crianças e dos

adolescentes.

2.2. ESPECÍFICOS:

Conhecer o processo eleitoral para concorrer ao cargo de conselho tutelar de

Ananindeua;

Destacar quais as principais dificuldades dos conselheiros tutelares de

Ananindeua no atendimento a comunidade;

Saber se o conselheiro tutelar de Ananindeua tem acesso a cursos de

capacitação para atuar neste caso.

3. JUSTIFICATIVA

Dentre tantos os desafios que o Brasil tem apresentado, a realidade das

crianças e adolescentes em situação de risco e aquelas famílias que não sabem

recorrer aos órgãos competentes para resolução de dilemas é alarmante.

O presente trabalho acadêmico é relevante por contribuir socialmente com a

informação e divulgação do Órgão Conselho Tutelar, focado diretamente no papel

desempenhado pelo conselheiro tutelar, no que tange a sua formação técnica e

acadêmica.

Sua atividade merece ter uma relevância mais extensiva, sendo divulgadas

pelos veículos de comunicação - não apenas em períodos de candidatura e eleição

dos futuros conselheiros - consolidando, dessa forma, sua atuação e imagem junto

às famílias brasileiras, questão que nos levou ao presente tema, tendo em vista a

fragilidade psicossocial e física dessa parcela da sociedade, que tem seus direitos

garantidos por um estatuto próprio (ECA), entretanto é frequentemente distorcido e

ignorado, pela ineficiência de alguns membros de conselhos tutelares.

Tal ineficiência essa, julgada por nosso conhecimento empírico, como a falta

de uma formação superior ou mais rigorosa dos conselheiros e a obrigatoriedade de

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uma reciclagem constante das suas práticas e de sua função, tendo em vista o seu

papel importantíssimo na sociedade, que parece ainda não ter o devido

reconhecimento dado tanto pela população quanto pelo poder público, nos

remetendo a refletir sobre as consequências futuras do alvo dessas políticas cada

vez mais interessadas em cortar custos do que investir em questões sociais básicas

como a proteção eficiente dos menores, e a formação adequada dos profissionais

que aferem essa proteção em caráter expressamente educacional.

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4. REVISÂO DE LITERATURA

4.1. A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA – DIREITOS HUMANOS.

De acordo com Lima (2009, p.16), os direitos fundamentais são poderes

jurídicos reconhecidos, sem discriminação, ao ser humano, sujeito de direito por razão

de nascimento. Ou seja, qualquer indivíduo desde a sua concepção faz jus a esses

direitos. Partindo desse pressuposto, entendem-se a respeito de direitos humanos e

fundamentais quaisquer medidas que venham a amparar e resguardar a integridade

física, psíquica e moral dos gêneros.

Nesse sentido, a carta magna de 1988, reza em seu artigo 5º, incisos I, II, III e

IV:Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos termos seguintes.I- Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos desta constituição;II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de Lei;III- Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;IV- É livre a manifestação do pensamento sendo vedado o anonimato.

Observa-se que o constituinte buscou universalizar os direitos apresentados

no referido artigo a todos os brasileiros, independente de gênero, conferindo assim,

tanto à mulher quanto ao homem os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e a propriedade.

Norberto Bobbio (1992, p. 17) conceitua os direitos humanos, ou seja, os

direitos do homem como;

Aqueles que pertencem a todos os homens ou dos quais nenhum homem pode ser privado. São aqueles direitos cujo reconhecimento é condição necessária para que ocorra o aperfeiçoamento da pessoa humana, ou para o desenvolvimento da civilização.

No entendimento de Dias (2010, p. 23) “didaticamente, é necessário observar

a diferença de conceituação existente entre direitos humanos e direitos

fundamentais”.

Na teoria dos direitos fundamentais, o usado termo direitos humanos para indicar estas aspirações expressas em documentos internacionais,

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enquanto a expressão direitos fundamentais passam a designar tais pretensões, só que positivadas na ordem jurídica interna, ou sendo nas constituições, quando finalmente ganham proteção do estado passando a ter por esse dispositivo, força cogente. (DIAS, 2010, p.92)

É fato que a ciência jurídica tem o dever de sempre buscar aprimorar,

desenvolver e aperfeiçoar a sua atuação no contexto social. É exatamente nesses

aspectos que os direitos humanos e fundamentais se prendem no sentido de

garantir o bem estar do indivíduo.

O Estado é apenas meio para a promoção e defesa do ser humano, sendo,

no entanto, mais que um princípio, é norma, é regra, valor que não pode ser

esquecido jamais. São irrenunciáveis os valores em favor dos direitos humanos e

esses decorrem do reconhecimento da dignidade do ser humano.

Logo, procurou-se com esse documento buscar um tratamento igualitário e

digno ao ser humano, independente de credo, cor, sexo ou status econômico.

4.2. ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE.

Durante um longo período, do descobrimento até a confecção das primeiras

codificações pátrias, submetia-se o Brasil aos regramentos provenientes da

Metrópole, sendo acolhidas e aplicadas na Colônia as Ordenações (Afonsinas,

Manuelinas e Filipinas), até mesmo porque os registros oficiais permaneciam em

Portugal. Em matéria criminal pode-se dizer que nas Ordenações Filipinas o marco

etário de irresponsabilidade penal fora delimitado nos sete anos de idade, havendo

ainda os sujeitos que eram considerados como “jovens adultos” (entre dezessete e

vinte e um anos), podendo vir a ser condenado à morte ou ter sua pena diminuída,

de acordo com as circunstâncias do caso concreto.

Em 15 de novembro de 1889, ocorrera a Proclamação da República. Nesta

oportunidade, diferentemente do que havia acontecido no período anterior, antes

mesma da promulgação da Constituição Republicana do Brasil, fora promulgado em

11 de outubro de 1890 o Código Penal dos Estados Unidos do Brasil (Decreto n.

847). Ou seja, a legislação penal antecedeu a Lei Fundamental do período. Isto é

apenas uma característica da época, em que os textos constitucionais não tinham a

relevância que lhe devia ser dada, não ocupando a centralidade dos sistemas

jurídicos.

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O Código Penal Republicano de 1890, Decreto nº 847, adotou uma

sistemática um pouco diversa, pois determinava a inimputabilidade absoluta aos

menores de nove anos completos; aumentou, portanto, o marco anteriormente

adotado. Para os maiores de nove e menores de quinze, procedia-se a uma análise

acerca do discernimento para que fosse afirmada, ou não, a responsabilidade

criminal. De acordo com o dispositivo da época.

Com esta codificação criminal fora mantido o acertado sistema do

discernimento, havendo apenas a exclusão apriorística e com presunção absoluta

de incapacidade ao jovem infrator que ainda não tivesse completado 9 anos de

idade. Além disso, aqueles que ainda não ultrapassassem a marca etária dos 14

anos poderiam vir a ser alvo de um estudo casuístico para que pudesse vir a ser

considerado, ou não, capaz de responder criminalmente pela conduta praticada.

Fica claro que o sistema do discernimento fez parte de significativa parcela histórica

e legislativa do aparato punitivo relacionado ao tratamento a ser dispensado ao

indivíduo delitivo.

Esta situação perdurou até que dispositivo que tratava do tema foi revogado

em 1921, mais especificamente, pela Lei n. 4.242, de janeiro de 1921, tendo sido

abandonado o critério biopsicológico vigente desde o Código Penal de 1890. Nesta

feita, passou-se a adotar um parâmetro objetivo. Esta lei representa o reflexo de um

movimento mundial em favor do tratamento diferenciado do menor, não mais o

considerando em mesmo nível e patamar que o adulto, devendo, assim, por

derradeira consequência lógica, ser submetido a um tratamento diverso e

especializado.

Conforme o pensamento e entendimento de Michel Foucault, o mesmo

afirmava que o afrouxamento da severidade penal no decorrer dos últimos séculos é

um fenômeno bem conhecido dos historiadores do direito. Entretanto, foi visto,

durante muito tempo, de forma geral, como se fosse fenômeno quantitativo: menos

sofrimento, mais suavidade, mais respeito e humanidade.

“A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho”. Este trecho encontra-se no artigo 53 do Estatuto da

Criança e do Adolescente – ECA e vem ratificar a crença da sociedade brasileira na

educação enquanto instrumento de construção de cidadania.

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A mudança do Código de Menores para o Estatuto da Criança e do

Adolescente - ECA ocorreu como resultado de dois processos: um de âmbito

internacional e outro de nível nacional. No cenário internacional, a Convenção dos

Direitos da Criança (1989) foi o compromisso de diversos países, inclusive do Brasil,

de fazer cumprir os direitos da infância e da adolescência previstos na Declaração

dos Direitos da Criança de 1959.  Para tanto, a Convenção prevê a descentralização

da elaboração das políticas públicas, de modo que organizações não

governamentais (ONGs) possam colaborar na decisão sobre as ações que serão

feitas em sua comunidade, tendo a criança e o adolescente como prioridade. Esse

novo modelo vem ao encontro do princípio do Estado Participativo, introduzido pela

Constituição de 1988, e rompe com a visão de democracia apenas representativa

(SÊDA, 1998).

Com isso, os movimentos organizados no Brasil passaram a ter mais força

para exigir do Poder Legislativo um estatuto que estabelecesse formas de garantir

esses direitos. Organizações governamentais e não-governamentais redigiram,

então, o Estatuto da Criança e do Adolescente (1995).

Assinado em 1990, foi o primeiro estatuto do mundo a aplicar as normas da

Convenção. O documento propõe a doutrina da proteção integral: rompe com a

visão de menoridade e conduz à ideia de criança como cidadã, com direitos e

deveres, enquanto prioridade das políticas públicas.

Essa doutrina não faz discriminação entre crianças em situação irregular ou

não, aplica-se a todas as crianças e adolescentes. Deixam de ser vistos como

objetos e passam a ser tratados como sujeitos de direito.

O ECA implanta outras formas de relação do Poder Público com a

comunidade, destacando-se o canal de organização e de participação da sociedade

civil denominado Conselho Tutelar.

4.3. O CONSELHO TUTELAR

4.3.1. Criação e finalidade

O Conselho Tutelar – CT - é um órgão civil criado pelo Estatuto com a

finalidade de zelar pelo cumprimento dos direitos da infância e da adolescência no

espaço social existente entre o cidadão e o juiz. Isto quer dizer que o Conselho

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Tutelar é escolhido pela comunidade para executar medidas constitucionais e legais

na área da infância e adolescência (SÊDA, 1997). Assim, são assegurados à criança

e aos adolescentes direitos particulares, dada a sua condição peculiar de pessoa em

desenvolvimento.

Criado os alicerces basilares de organização funcional, segundo Roberto

João Elias, ressalva-se que a lei nº 8242/90, trouxe uma pequena modificação na

redação do artigo 132 da lei 8069/90, pois originalmente o texto referia-se a eleitores

por cidadãos locais ao invés de escolhidos pela comunidade local. Portanto, com

intuito de não haver restrição a determinado grupo de eleitores que decidiam pela

coletividade, essa modificação teve como requisito principal, dar à comunidade o

exercício democrático de escolha dos seus membros, que irão compor o Conselho

Tutelar de forma que a comunidade irá atuar integralmente nas decisões daquela

região.

O Conselho Tutelar é um órgão autônomo, que não integra o poder judiciário.

Vincula-se à Prefeitura, mas a ela não se subordina. Sua fonte de autoridade pública

é a lei, o Estatuto da Criança e do Adolescente e está sob a responsabilidade do

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O Conselho Municipal tem a função de controlar as políticas públicas

municipais voltadas à criança e ao adolescente, zelando para que sejam cumpridos

os princípios da Convenção e do Estatuto. O papel do Conselho Tutelar é atender

pessoas que tiveram seus direitos violados.

A psicóloga Maria Geci, funcionária do Conselho, relata que viveu uma

experiência, na qual participou de um grupo de profissionais criado em 1994 no

município de Porto Alegre/ RS, através da Secretaria do Governo Municipal no III

Seminário dos Conselhos Tutelares de Porto Alegre, no qual se reuniram um grupo

de profissionais das áreas da Medicina, Psicologia, Serviço Social, Direito e

Sociologia para agregar seus conhecimentos.

A partir deste Seminário, este grupo veio a dar suporte aos trabalhos dos

Conselhos Tutelares, com o intuito de auxiliar na forma de capacitação e na maneira

de transmitir seus conhecimentos específicos, visando dar um melhor atendimento a

quem necessitasse. Com essas características e atribuições o Conselho Tutelar se

torna um órgão permanente, pela especificidade de atuar em uma área que

necessita de pessoas qualificadas e envolvidas diretamente com a causa, buscando

dar suporte para aqueles que realmente precisam.

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No decorrer deste período afirma a psicóloga, que houve uma melhor

resposta nas demandas enfrentadas pelos conselheiros, pois conseguiram de fato

dar um suporte e respostas de imediato nos atendimentos que participavam, através

destes mecanismos de auxílio às microrregiões houve de fato uma atuação coletiva

da sociedade vinculando áreas técnicas, buscando dar prioridade e qualidade nos

atendimentos das demandas cotidianas do órgão Conselho Tutelar.

A característica de zelar pelos direitos da criança e do adolescente

prevaleceu com essa aproximação técnica, pois são essas atitudes coletivas que

buscam qualificar seus serviços, fazendo com que o artigo constitucional 227, fosse

aplicado de forma efetiva e solidária.

Com o surgimento do Estado de bem-estar social, emergiram várias

políticas com o objetivo de conter os déficits públicos em diversas áreas da

sociedade. Nesse contexto, uma vertente que foi seguida, principalmente a partir

dos últimos anos do século XIX até os dias atuais, foi a busca pela implementação

da efetiva proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes como se esclarece

a seguir:Considerando que o Conselho Tutelar constitui-se órgão essencial do Sistema de Garantia dos Direitos de Crianças e Adolescentes, tendo sido concebido pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, para desjudicializar e agilizar o atendimento prestado à população infanto-juvenil (CONADA, RESOLUÇÃO Nº 152 DE 09 DE AGOSTO DE 2012).

4.3.2. Requisitos para a Candidatura.

A lei federal contentou-se em estabelecer os requisitos mínimos para a

candidatura a membro do Conselho Tutelar, conforme se concluem da análise do

art. 133 do Estatuto. Nada impede, porém, que o município amplie o rol das

exigências para atender às peculiaridades locais. Isto porque a Constituição Federal

de 1988, no seu art. 30, II, dá competência ao município para “suplementar a

legislação federal e a estadual, no que couber”. Além disso, o art. 139 do próprio

Estatuto – que regulamenta o processo de escolha dos conselheiros– abre a

possibilidade de outras exigências.

Sendo a educação e a proteção consideradas uns dos requisitos de suma

importância para o crescimento de um país, é natural que seus agentes também

sejam instruídos de forma adequada, transferindo confiança e segurança para os

que buscam auxílio aos mesmos, para isso são estabelecidas regras, normas, em

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função de algumas atribuições específicas. No caso de membros de conselhos

tutelares serão levados em consideração requisitos mínimos em caráter federal,

como dispõe no artigo a seguir:

Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:I - reconhecida idoneidade moral;II - idade superior a vinte e um anos;III - residir no município.

(Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.)

Tendo em vista como requisitos básicos; residir no município, ter

reconhecida idoneidade moral, e ter idade maior de 21 anos, há outros requisitos

que são características exigidas pelo próprio município, conforme com que diz o art.

139: “O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será

estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho

Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente” [...] (Redação dada pela Lei nº

8.242, de 12.10.1991).

Almejando a futura excelência do trabalho prestado pelos mesmos, visto

que lidarão com um dos setores mais incógnitos e frágeis de nossa sociedade,

crianças e adolescentes, o Município de Ananindeua exige além dos requisitos da

previstos no ECA, também uma formação básica ligada as peculiaridades desse

setor, como dispõe no dispositivo a seguir:

V - comprovada atuação na área da infância e juventude de no mínimo, 01 (um) ano no município, relacionada à promoção, proteção, protagonismo, controle social e gestão política dos direitos da criança e adolescente, em ao menos 02 (duas) instituições registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente ou credenciada pelo Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e Conselho Municipal de Assistência Social;VII - ensino médio completo, concluído até a data da inscrição;IX - ter participado de cursos, seminários ou jornadas de estudo cujo objetivo seja o Estatuto da Criança e do Adolescente (E.C.A.) ou a discussão de políticas de atendimento a criança e ao adolescente, devidamente comprovado em documento por cópia acompanhados dos originais para conferência pela Comissão Eleitoral;XII - além do preenchimento dos requisitos indicados neste item, será obrigatória a aprovação em prova de conhecimentos específicos sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, prova de redação e avaliação psicológica, todas de caráter eliminatório. (DIÁRIO OFICIAL MUNICÍPIO DE ANANINDEUA, SEXTA FEIRA 10 DE ABRIL, 2015).

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Segundo o Guia de orientações-processos de escolha em data unificada dos

membros dos conselhos tutelares, o número de candidatos para voto será

determinado de acordo com a Legislação municipal vigente.

De acordo com o inciso II do art. 5º da Resolução nº 170/2014, publicada pelo

CONANDA a candidatura deverá ser individual não sendo admitida composição de

chapas. Quanto ao processo de escolha será obrigatória uma data Unificada nos

termos do art.139, do parágrafo 1º, da Lei Federal 8.069/90 (ECA), das resoluções

152 e 170 do Conselho Nacional dos Direito das crianças e Adolescentes.

Uma Comissão Especial será encarregada de analisar os pedidos de registro

de candidatura e dar ampla publicidade à relação dos pretendentes inscritos;

notificar os candidatos impugnados, concedendo-lhes prazo para apresentação de

defesa; realizar reuniões para decidir acerca da impugnação da candidatura;

estimular e facilitar o encaminhamento de notícias de fatos que constituam violação

das regras de campanha por parte dos candidatos ou à sua ordem; divulgar,

imediatamente após a apuração, o resultado oficial da votação, entre outras

atribuições que garantam o bom andamento do processo.

O processo de escolha se dará mediante sufrágio universal e direto, pelo voto

facultativo e secreto dos eleitores (pessoas maiores de 16 anos, com título de

eleitor) do respectivo Município ou Distrito Federal, em data unificada em todo

território nacional, a cada quatro anos, no primeiro domingo do mês de outubro do

ano subsequente ao da eleição presidencial, em processo estabelecido em lei

municipal e sob responsabilidade do Conselho Municipal ou Distrital dos Direitos da

Criança e do Adolescente

4.4. PROCESSO DE ESCOLHA DOS CONSELHEIROS.

O processo de escolha dos conselheiros, que deverão atuar perante o

Conselho Tutelar, será estabelecido em lei municipal, sendo realizado sob a

responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,

com fiscalização a cargo do Ministério Público, em conformidade com o art. 139 da

Lei 8.069/90. Assim, cada município, atendendo a suas próprias peculiaridades,

legislará sobre como se fará a escolha, respeitando as exigências mínimas

dispostas em lei.

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Pode a lei municipal optar pela eleição direta, universal e facultativa, com voto

secreto, ou pela escolha indireta, por meio da formação de um colégio eleitoral

composto por entidades de atendimento a crianças e adolescentes, instituições ou

associações que compõem o Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente, ou

conforme a lei municipal dispuser. Não há, porém, como a lei exigir que o voto ou o

sufrágio universal seja obrigatório, pois tal seria totalmente inviável.

A eleição, na forma indireta, pode ocorrer desde que realmente represente a

comunidade local. Nada impede, todavia, que a lei municipal estabeleça requisitos

mínimos, a serem preenchidos pelos candidatos, além dos exigidos pela lei, numa

forma de tentar buscar aqueles candidatos que tenham mais afinidade com a

função.

Neste ponto cabe uma breve análise sobre a maneira pela qual deve ocorrer

o pleito, o que significa saber se a eleição direta deve prevalecer sobre a indireta ou

vice-versa. A favor da eleição direta temos todos os argumentos que fundamentam a

democracia, ou seja, a participação efetiva e direta do povo na vida social.

O pleito direto apresenta, porém, algumas desvantagens, como o voto por

amizade, o voto comprado, o voto por interesse e muitos outros fatos que

desnaturam esta forma de eleição, em que a escolha do candidato que melhor

represente os interesses da criança e do adolescente não prevaleça. Outro aspecto

que se pode verificar na prática é a existência de remuneração para a função, o que

traduz, para alguns, a mera possibilidade de auferir uma renda.

No que respeita ao pleito indireto, ele representa uma maior apuração em

relação ao direto, na medida em que é deferido a pessoas que têm maior

envolvimento com os assuntos relacionados à matéria, ou seja, por colégio eleitoral

formado por entidades de atendimento a crianças e adolescentes, instituições ou

associações que compõem o Fórum, entre outros. Aqui as desvantagens encontram-

se por conta de eventuais apadrinhamentos e, sobretudo no afastamento da

participação efetiva do povo local, real interessado.

De qualquer maneira, é certo que tanto uma quanto outra forma de eleição

somente representará a vontade da comunidade em relação aos direitos da criança

e do adolescente se desvinculadas dos vícios que a acompanham. O ideal é que:

As instituições públicas ou privadas que atuem há mais de um ano na proteção aos direitos das crianças e dos adolescentes [orfanatos, creches,

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19

escolas, centros de defesa] exercitem um papel semelhante ao dos partidos políticos, só elas indicando os candidatos para registro, em número estabelecido na lei municipal, quer seja direto, quer indireto o processo de escolha. Onde a eleição direta fosse inviável, as organizações comunitárias que funcionem pelo menos há um ano [sindicatos, associações de bairros, escolas, hospitais, etc.] indicariam os eleitores, seus representantes. As qualificações e as inscrições prévias desses eleitores seriam feitas perante o Conselho Municipal de Direitos, na forma estabelecida na lei municipal. [...] Importante é evitar a possibilidade de pessoas ou instituições com segundas intenções e sem qualquer compromisso com o atendimento da criança e do adolescente poder conduzir ou dominar o processo de escolha, desviando-o de seus verdadeiros e nobres objetivos. (Soares, apud Cury et al., 1996, p. 423).

Não poderá participar do processo de escolha, segundo Diário Oficial

Município de Ananindeua, Sexta feira 10 DE ABRIL DE 2015.

1. Aqueles que não preencham as exigências previstas na Lei Federal nº

8.069 de 1990 e na Lei Municipal de criação do Conselho Tutelar

2. Conselheiros e Conselheiras Tutelares que estão no segundo mandato

consecutivo, exceto àqueles que foram empossados em 2013, cuja duração do

mandato tenha ficado prejudicada, conforme previsto na Resolução nº 152 de 2012,

publicada pelo CONANDA;

3. Conselheiros e Conselheiras Tutelares que exerceram a função por dois

mandatos consecutivos e que tiveram o mandato estendido/prorrogado;

4. Conselheiros e Conselheiras Tutelares que já tinham exercido o primeiro

mandato e que foram empossados para exercer um segundo mandato, nos anos de

2011 e 2012, conforme previsto na Resolução nº 152, de 2012, publicada pelo

CONANDA;

5. Para fim de candidatura os mandatos dos Conselheiros e Conselheiros

Tutelares anteriores ao Processo de Escolha em Data Unificada serão considerados

com base na norma que orientou o seu processo de escolha.

Talvez não seja possível ou viável que aconteça uma eleição, mas de

qualquer forma a que se fizer haverá de ser representativa da comunidade local e de

conformidade com a lei federal que institui as regras-base e posterior lei municipal

que a regulamenta.

No que tange a capacitação, Willing Apud Silva (2004) argumenta que os

conselheiros Tutelares precisam ser pessoas capacitadas, profundas conhecedoras

da realidade em que vão trabalhar e conhecedoras dos instrumentos que poderão

utilizar em defesa dos tutelados, sendo moralmente importante que a sociedade

cobre uma qualificação necessária ao desempenho de suas funções.

Page 20: Projeto conselheiro tutelar   2

20

Segundo Silva (2001) há necessidade de capacitação da equipe de

conselheiros tutelares, [...] reconhecer propriamente as categorias de maus tratos,

assim como perceber indícios de casos nos quais haja suspeita de violência.

Segundo Silvia (2004, p.20) “após identificar as dificuldades encontradas

pelos conselheiros tutelares quanto a categorização nos prontuários de denúncia, de

acordo com a modalidade de violência”.

De acordo com o Conanda (2011), é de extrema importância a existência de

uma política municipal, de qualificação e capacitação de Conselheiros Tutelares,

antes de serem empossados e durante seu mandato de forma sucinta e perspicaz.

Para que isso funcione cabe ao município ter compromisso e dar as condições para

a efetivação da atuação qualificada do Conselheiro:

A contínua capacitação dos integrantes do Conselho Tutelar também é indispensável, de modo que eles sejam preparados para o exercício de suas relevantes atribuições em sua plenitude, o que obviamente não se restringe ao atendimento de crianças e adolescentes, mas também importa numa atuação preventiva, identificando demandas e fazendo gestões junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e prefeitura municipal para a criação e/ou ampliação de programas específicos, que darão ao órgão condições de um efetivo funcionamento (2011, p.45).

Segundo Silva (2004) geralmente, os programas de capacitação existentes

são direcionados a compreensão do papel do Conselheiro, detalhes sobre os locus

de atuação, ao invés de ser também, uma fonte de aprimoramento sobre o

desenvolvimento infanto-juvenil e fatores que põe em risco e protegem tal

desenvolvimento.

Entretanto o bom funcionamento do Conselho Tutelar não se restringe

exclusivamente ao aprimoramento, uma vez que tal profissional exerce suas funções

sob condições adversas como falta de materiais, suportes adequados e

insegurança.

5. METODOLOGIA

Page 21: Projeto conselheiro tutelar   2

21

Metodologia significa estudo do método. Método é um procedimento, ou

melhor, um conjunto de processos necessários para alcançar os fins de uma

investigação. É o procedimento geral. É o caminho percorrido em uma investigação.

Mostra como se irá responder aos objetivos estabelecidos. Deve se ajustar aos

objetivos específicos. Envolve a definição de como será realizado o trabalho.

Sendo a pesquisa um procedimento para reflexão, sistemático e crítico, que

servirá para se descobrir fatos novos para serem usados no campo do

conhecimento, cabe ao pesquisador utilizar técnicas onde estas responderão as

perguntas inerentes ao tema abordado.

Dessa forma, a metodologia é uma das partes mais importantes no projeto de

pesquisa, pois possibilita a aplicação, análise e conclusão dos dados de forma mais

aproximada da realidade.

O método de pesquisa empregado na elaboração do presente trabalho será

de cunho qualitativo, concernente ao referencial teórico e de análise e discussão de

dados. Esta em seu conteúdo será constituída de texto com origem de perguntas

abertas.

No que concerne aos sujeitos submetidos à pesquisa de campo, amostra, será

feita com quatro Conselheiros tutelares, denominados na pesquisa como A, B, C e

D, de duas comunidades no município de Ananindeua, região metropolitana de

Belém, um localizado na Estrada do Maguari, 1174 - Maguari CEP:   67000-001 /

contato: (91) 3255-3177, e outro no Bairro do Coqueiro, conselho tutelar II Cidade

Nova VI – WE 69 Nº 972 –CEP: 67133-340 /Tel.: 3295-1451 com melhor estrutura.

Como instrumento de coleta de dados será utilizado um questionário de

perguntas abertas direcionadas aos quatro conselheiros tutelares. Os questionários

são qualitativos e contem cinco perguntas, que tratam de forma explicita e implícita

sobre conflitos, negociações e experiências.

6. CRONOGRAMA

Page 22: Projeto conselheiro tutelar   2

22

Atividades Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Pesquisa do tema

x

Definição do tema

x

Pesquisa bibliográfica

x x

Coleta de Dados

x x

Apresentação e discussão dos dados

x x

Elaboração e entrega do projeto

x

Defesa do projeto

x

Entrega de nova Cópia

x

Orientação X

2º EPEX X

Page 23: Projeto conselheiro tutelar   2

23

REFERÊNCIAS

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25

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26

APÊNDICE

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA DIRECIONADO AOS CONSELHEIROS TUTELARES.

1) Quais os motivos que o levou a tornar-se conselheiro tutelar?

2) Quais as principais dificuldades enfrentadas pelos conselheiros tutelares?

3) Você recebe qualificação-capacitação, objetivando um melhor atendimento

como Conselheiro Tutelar?

4) Qual a sua opinião sobre o conselheiro obter nível superior, ou um curso de

formação para uma maior eficiência na área que esta atuando?

5) Quais os casos mais comuns atendidos pelos conselheiros?

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27

APÊNDICE B: RELATÓRIO

PRIMEIRO DIA 12/05/2015

CONSELHO TUTELAR II

O conselho tutelar visitado foi “Conselho Tutelar II” Cidade Nova VI – WE 69

Nº 972 –CEP: 67133-340. O local é um tanto escondido e nos moldes das casas da

Cidade Nova, ou seja, um local inadequado para o desenvolvimento do trabalho do

conselheiro e para o atendimento ao público.

Fui recebida de maneira ríspida e despreparada por uma atendente de 47

anos de idade que não deu a mínima a minha solicitação de entrevistar um dos

conselheiros de plantão. A atendente simplesmente fez que não ouviu e voltou a sua

digitação no computador. Em quanto estou aguardando, um homem com aparência

de 42 anos de idade anos entra aos “berros” e com um tom de autoridade dentro do

conselho exige que a conselheira apareça ali, pois ele estar com um rapaz que diz

ser adolescente. Segundos depois sai de um dos cômodos do local uma mulher

morena que desenvolve uma tensa conversa com o cidadão.

O tal homem, sempre com um tom alto e de autoridade, identifica-se dizendo

que trabalhava na SESAN e tinha apreendido um “dimenor” furtando. A conselheira

então, impondo autoridade o encarou o homem e olhando nos olhos e disse com

essas palavras: “dimenor, Não! ...O MENOR!”. E Continuou dizendo: “aqui não é

DATA e nem delegacia. Onde estar o garoto?”.

O carro do cidadão estava estacionado em frente ao conselho tutelar

assegurado por dois guardas municipais. A conselheira insiste querendo saber onde

estava o garoto. O Cidadão mostra que o garoto estava no porta-malas do carro e

não no banco de traz. Imediatamente ela diz que o rapaz não pode ficar daquela

maneira no carro. A conselheira indaga com o rapaz procurando saber se ele é

menor de idade, ao que responde não ser menor de idade. Neste sentido, a

conselheira diz que irá encaminhar um relatório para que o homem conduza o rapaz

a Seccional da Cidade Nova.

No mesmo dia, a tarde, retorno ao conselho tutelar e o atendimento melhora,

pois sou recebida modo simpático por outra atendente com 27 anos de idade. Digo

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28

que estou ali para realizar uma entrevista com a Conselheira Tutelar com fins

acadêmicos. No entanto, precisei a guardar ao lado das pessoas que receberiam

atendimento, pois a conselheira estava com consultas pendentes. Dois casais que

aguardavam atendimentos começaram a murmurar reclamando sobre a demora no

atendimento. Na ocasião, havia apenas uma conselheira tutelar e o atendimento

demorando em torno de 1 hora cada caso. Os dois casais expressam dois

contrastes. O primeiro apresentaram-se bem vestidos e moderados na espera do

atendimento, ou seja pareciam pessoas de classe média. O outro casal,

aparentando de uma classe mais baixa estavam vestidos de maneira mais

despojada com se estivessem em casa, apresentaram-se inquietos e preocupados.

Estes por sua vez reclamavam da demora da conselheira para resolver as situações,

das situações que estão passando, de quantas vezes já havia voltado no conselho e

em seguida afirmaram que o atendimento do conselho é ruim.

Neste momento percebe-se que os atendimentos foram diferenciados, ou seja, o

casal “bem apresentado” foi atendido com mais cortesia do que o outro casal.

Finalmente o meu atendimento com a Conselheira tutelar inicia em uma sala

disforme e inadequada para os fins de um Conselho Tutelar. A disposição do

ambiente e recursos, além de escassos, eram desorganizados e bagunçados. Ou

seja, no mesmo armário com todos os documentos dos casos atendidos estavam

também os brinquedos pedagógicos. Que segundo a conselheira é usado para

extrair de forma pedagógica as informações das crianças que sofreram algum abuso

ou trauma , ou até mesmo extrair uma informação para outros casos.

A conselheira mostrou na prática como se fazia, onde a mesma exemplificou

que eu era a criança é ela a conselheira, a mesma me deu uma caixa de giz e um

desenho onde havia uma família, ela pediu para que eu começasse a pintar, no

momento que comecei a pintar ela me fez algumas perguntas “você gosta da sua

família?”, “como é o seu dia com seu pai?”. Ela mostrou que é assim a criança ia

passando informações sem maldade alguma. Relatou ainda, que isso funcionava

muito bem, porém sempre fazia distante de todos, a sós com a criança.

Durante a conversa algumas perguntas foram se formando em torno de nossa

conversa. A primeira foi: “Como porque você se tornou conselheira?”, ao que

respondeu: “que seu maior desejo era ajudar sua comunidade, mas não sabia como

até que através de uma amiga ouvir falar sobre o conselho tutelar e para que o

mesmo servia”. Disse ainda que fez a prova, passou, recebeu a quantidade de votos

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necessários e passou a ser conselheira tutelar. Perguntei se quando concorreu ao

cargo teria recebido uma capacitação dentro da área?. Conselheira hesitou um

pouco, mas respondeu que com força de vontade “não precisa de diploma”. Mas, a

mesma informou, que agora cursa seu primeiro semestre de pedagogia. A

pesquisada complementou dizendo que dentro do COMDICA a formação não é

essencial, porém é facultativo, “você faz se você quiser, mas quando você entra

para ser conselheiro você vêem com a cara e a coragem” afirmou.

Neste momento, a conselheira relata seu primeiro caso: “lembro-me do meu

primeiro caso, foi um estupro, onde a garota de 13 anos relatava que o pai abusava

dela e que mãe sabia,”. Continuou: “lembro-me até hoje aquela criança me contando

com detalhes tudo o que ocorreu. Eu pensei em minha filha, que tinha a mesma

faixa de idade. Fiquei com nojo, peguei uma toalha é fui para o banheiro chorar em

baixo do chuveiro, pois já havia recebido a informação de que o pai que a garota

tinha descrito estava lá. E na minha cabeça começou a passar um filme, e eu

comecei a sentir nojo dele antes mesmo de o ver”.

Eu não queria sair dali, mas a minha assistente tornou a me chama dizendo

que ela estava me aguardando. E ai respirei fundo e pedi mais tempo. Depois me

arrumei, enxuguei meu rosto e me dirigi para minha sala fazendo sinal para minha

assistente manda ele entrar. Quando ele entrou, começou a difamar a garota, mas

nenhuma de suas desculpas para mim foram válidas, pois estava constatados que a

garota estava sendo molestada”.

Depois a conselheira disse que preparou um relatório sobre o ocorrido e

encaminhou a garota para um abrigo. Como este foi o seu primeiro caso, um

atendimento de estupro, a conselheira afirmou que ficou em pânico, pois não havia

passado por isso antes em sua vida. Afirmou: “sabemos que ocorre estupros todos

os dias, mas eu nunca tinha analisado um tão de perto assim”.

Nossa conversa é interrompida por outro conselheiro, que entrou subitamente e

começa a relatar “Hoje fui na casa dela. É!! A mãe não se importa ou não quer

acreditar que o padrasto abusa da sua filha do meio. A mãe usa a desculpa que está

doente e que tudo é culpa da garota” Continuou dizendo: “É uma mãe ‘filha da ...’

(palavrão) que não se importa com a filha. Ela não quer saber da filha, isso vai dar a

maior “cagada”, pois dentro do carro do conselho, eu virei para a mãe e disse: ‘ela é

sua filha, você tem que cuidar dela e eu só posso dar o apoio maternal. A mãe se

‘fez de doida’ e diz que não tem condições de ajudar pois estar operada.

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Nesta hora o Conselheiro indignado disse: “acho melhor passarmos a guarda para a

madrinha da garota, ela é a única que parece se importar com a criança”. A

conselheira o interrompeu e disse que depois resolvia essa situação.

Depois que o conselheiro se retirou da sala a conselheira tornou a me falar sobre as

condições dos conselhos tutelares da região e disse que “o único conselho padrão

com psicólogo e assistente social é o de Recife em Pernambuco”. Ressaltou ainda

que “a realidade de Recife está longe de chegar por aqui no estado, mas não perco

as esperanças, afinal já conquistamos muitas coisas”.

Finalizei com a seguinte pergunta: Além de fiscalizar é encaminhar os casos de

crianças e adolescentes você pode me dizer outro propósitos?. A conselheira

respondeu: “sim, também fiscalizamos o prefeito, a merenda escolar, educação,

saúde. Somos um vigia do município, representamos a comunidade”.

Neste momento, a minha visita termina e agradeço a disponibilidade da experiência

do dia e da entrevista com a Conselheira. Ao que se disponibilizou e que

possibilitará outras entrevistas.

PARECER

Segundo a análise do material coletado percebeu-se que o processo de

desenvolvimento do trabalho do Conselheiro tutelar em questão é desafiador e ao

mesmo tempo crítico. Pois a tensão que envolve o trabalho e toda a dinâmica para

um atendimento eficaz a comunidade no zelo dos direitos da criança e do

adolescente é uma constante que coloca o agente do conselho tutelar em um

processo contínuo de aprendizado e capacitação durante sua execução diária.

O Conselheiro poderia ir muito mais preparado para a execução de sua árdua tarefa

se o mesmo tivesse uma formação mínima adequada ligada a sua prática diária no

enfrentamento das mazelas das crianças e adolescentes.

Na prática, os conselheiros aprendem e executam suas atividades “fazendo”. Os

desafios e os problemas da sociedade são grandes, no que concerne a manutenção

dos direitos já adquiridos pelas crianças e adolescentes, e o profissional garantidor e

zelador dos direitos das crianças e dos adolescentes precisa responder a contento

os anseios diários da comunidade.

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ANEXOS

ANEXO A:

DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÌPIO DE ANANINDEUA: SECRETARIA MUNICIPAL DE CIDADANIA, ASSISTÊNCIA SOCIAL E TRABALHO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – COMDICA, 10 de Abril de 2015.