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Universidade do Algarve Escola Superior de Educação e Comunicação Licenciatura em Educação Social Unidade Curricular de Metodologias de Intervenção Comunitária 2º Ano 1º Semestre 2011/2012 PROJETO DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA PRAIA DE FARO Docente: Emílio Lucio-Villegas Discentes: Ana Abreu, aluna n.º 1757; Ricardo da Palma, aluno n.º 43043; Rita Gonçalves, aluna n.º 41807; Telvia Costa, aluna n.º 43728. Faro e UAlg-ESEC, Janeiro de 2012

Projeto - Metodologias de intervenção comunitária

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Universidade do Algarve

Escola Superior de Educação e Comunicação

Licenciatura em Educação Social

Unidade Curricular de Metodologias de Intervenção Comunitária

2º Ano – 1º Semestre

2011/2012

PROJETO DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA

PRAIA DE FARO

Docente:

Emílio Lucio-Villegas

Discentes:

Ana Abreu, aluna n.º 1757; Ricardo da Palma, aluno n.º 43043; Rita Gonçalves,

aluna n.º 41807; Telvia Costa, aluna n.º 43728.

Faro e UAlg-ESEC, Janeiro de 2012

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Projeto de Intervenção Comunitária Praia de Faro

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Índice Fase Preliminar .................................................................................................................................. 4

Análise SWOT ................................................................................................................................ 5

Fase Interventiva ................................................................................................................................ 6

Objetivos gerais: ............................................................................................................................. 8

Objetivos específicos: .................................................................................................................... 8

Vertente Piscatória ......................................................................................................................... 9

Vertente Turística ......................................................................................................................... 10

Parcerias ...................................................................................................................................... 11

Orçamento .................................................................................................................................... 13

Cronograma .................................................................................................................................. 14

Atividades formativas ................................................................................................................... 15

Avaliação do projeto ..................................................................................................................... 16

Considerações finais ........................................................................................................................ 17

Referências Bibliográficas ................................................................................................................ 18

Índice de Ilustrações

Ilustração 1 - Análise SWOT da Praia de Faro .......................................................................................... 5

Ilustração 2 - Orçamento ............................................................................................................................. 13

Ilustração 3 - Cronograma de Formação .................................................................................................. 14

Ilustração 4 - Atividades Formativas .......................................................................................................... 15

Ilustração 5 - Tabela de indicadores .......................................................................................................... 16

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PROJETO – DESENVOLVER PARA O FUTURO

O presente trabalho enquadra-se no conteúdo programático da Unidade Curricular de

Metodologias de Intervenção Comunitária, do 2º ano – 1.º semestre da Licenciatura de

Educação Social (pós laboral), orientada e coordenada pelo professor Emílio Lúcio-

Villegas, o qual incide sobre a elaboração de um projeto de intervenção comunitário na

Ilha/Praia de Faro.

Numa perspectiva de futuros Educadores Sociais, onde o “traço” marcante é, sem dúvida,

a capacidade para saber encontrar e ajudar a percorrer caminhos que vão no sentido do

bem-estar da pessoa e da sociedade” (Cardoso, 2006:14), pretendemos, neste sentido,

elaborar um projeto de intervenção comunitária, tendo como princípios fundamentais o

despertar da participação ativa e da consciência crítica, procurando desenvolver as

capacidades do individuo; fomentar a ocupação dos tempos livres e do trabalho em

equipa, de modo a envolver as próprias pessoas da comunidade, que devem participar

na elaboração e discussão do projeto, e assim contribuir para a resolução dos problemas

existentes.

Propõe-se assim projetar um plano de intervenção, procurando, de forma simples mas

objetiva, contribuir para uma boa política de desenvolvimento do mundo das pescas,

promovendo o empowerment e a participação ativa desta comunidade prevalecendo o

sentimento de pertença territorial, patrimonial e de desenvolvimento.

A elaboração deste projeto foi dividida em duas partes, a primeira parte consistiu em

observar a comunidade de modo a caracterizá-la, procurando perceber quais os seus

problemas, as suas necessidades, as aspirações sentidas, os valores, as

representações, as tradições, identificar as várias infraestruturas, com a finalidade de

fazer um descrição e criação de um mapa da comunidade.

Este estudo de caso, trata-se de uma abordagem metodológica de investigação

especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever

acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos

diversos factores. Yin (1994), afirma que esta abordagem adapta-se à investigação em

educação quando o investigador é confrontado com situações complexas, de tal forma

que dificulta a identificação das variáveis consideradas importantes, quando o

investigador procura respostas para o “como?” e o “porquê?”, quando o investigador

procura encontrar interacções entre factores relevantes próprios dessa entidade, quando

o objectivo é descrever ou analisar o fenómeno, a que se acede directamente, de uma

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Projeto de Intervenção Comunitária Praia de Faro

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forma profunda e global, e quando o investigador pretende apreender a dinâmica do

fenómeno, do programa ou do processo. Assim, Yin (1994:13), define “estudo de caso”

com base nas características do fenómeno em estudo e com base num conjunto de

características associadas ao processo de recolha de dados e às estratégias de análise

dos mesmos.

Fase Preliminar Numa fase preliminar da investigação para ajudar às questões pertinentes para o estudo

e para a recolha de dados foram utilizadas a técnica de observação direta não

participante, efetuadas durante os meses de Outubro, Novembro e Dezembro.

Posteriormente, foram recolhidos registos fotográficos, pesquisa documental e efetuadas

algumas conversas informais, de modo a enriquecermos o nosso projeto.

A elaboração de um projeto, exige várias fases, numa primeira fase, é necessário

identificar o problema. Tendo em conta esta questão, consideramos importante obter

informações através dos representantes da comunidade, e, neste caso, os presidentes

das três associações existentes na comunidade. Considerando a importância das

associações neste território foram realizadas algumas conversas informais, das quais

com o presidente da Associação para a Defesa e Desenvolvimento da Praia de Faro

(APRAFA), com o presidente da Associação Nascente Duna Mar, com o presidente da

Associação dos Utentes da Ilha de Faro (AUIF), com um comerciante da Ilha de Faro e

alguns residentes.

Na comunidade da Praia de Faro procurámos saber como está organizado, quer a nível

funcional - comércio, equipamentos, infraestruturas, espaço residencial ou de lazer, quer

a nível de ocupação - quem são os moradores, quem utiliza este espaço, quem são os

líderes e representantes da população.

Consideramos o território da Praia de Faro, enquadrado no contexto tipológico, como

sendo um território rural, dado o seu cariz piscatório, em que a atividade principal deriva

da pesca e dos recursos naturais deste espaço, mas em via de urbanização (Reis, 2001),

ou seja, dadas as suas características estruturais e a sua relação de proximidade,

geográfica, social, económica e política, existente entre este espaço rural, recorrendo-nos

do paralelismo referido por Campêlo (2000) entre o rural agrícola e rural piscatório, quer

com o grande centro urbano que é a cidade da Faro (capital de Distrito), quer com a

capital de freguesia, à qual pertence, Montenegro, bem como à grande infraestrutura

sediada no limítrofe fronteiriço da sua área que é o Aeroporto Internacional de Faro.

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Com as devidas adaptações do paralelismo referido por Campêlo (2000), as perspectivas

de Reis (2001) e Ferrão (2000), quanto à redescoberta do mundo rural (agrícola e

piscatório), apostam nas competências e valorizações das pessoas e motivando-as a

encarar o território como património. O reaproveitamento e valorização do território,

centrado na renaturalização – conservação e protecção da natureza; a procura de

autenticidade – com vista a criar identidade própria e privilegiar a conservação e

protecção do património histórico, com capacidade de suportar as tendências actuais da

globalização; e a comercialização das paisagens – valorizando as actividades de turismo

e lazer, num sentido de resposta à expansão de novas práticas de consumo, são

medidas que, não só promovem o território em si, tornando-o multifuncional e com valor

patrimonial, como fomentam a pluriatividade das famílias pesqueiras, levando a que estas

contribuam na manutenção e expansão do mundo de produção tradicional, quer em

termos económicos quer também em termos sociais e ambientais (Ferrão, 2000).

Análise SWOT

A análise SWOT, sistematiza os aspetos considerados mais pertinentes na comunidade,

tendo servido para uma melhor perceção dos recursos e problemas existentes.

Ilustração 1 - Análise SWOT da Praia de Faro

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Desta análise detetámos que um dos problemas sentidos pela comunidade relacionava-

se com o fato de existir desemprego e um claro desânimo para o reaproveitamento dos

recursos (naturais, físicos e humanos). Para colmatar esta lacuna desenvolvemos o

nosso projeto tendo em conta os fatores positivos que esta comunidade apresenta. Não

obstante da forte relação e sentimento de pertença que esta comunidade tem com o

território, pretende-se de uma forma geral estimular a valorização deste espaço, elevando

a sua conscientização para a riqueza do ambiente natural, a valorização da ria, a

presença de estruturas de apoio ao turismo de natureza e da sua própria localização

geográfica.

Fase Interventiva Após a análise descritiva da comunidade procuramos identificar os fatores positivos e

negativos, tendo em conta os fatores internos e externos. Utilizamos a análise SWOT,

que nos pareceu simples e objetiva.

Foram traçadas algumas linhas de intervenção na elaboração do presente projeto.

Partindo do pensamento Freireano e do empowerment da comunidade da Praia de Faro,

e, não obstante da crise económica actual que o país (e o mundo) atravessa,

consideramos que esta componente económica podia ser “espicaçada”. Através de

acções de formação, enquadradas na modalidade não formal do sistema educativo, quer

para a vertente social e educacional, numa clara aposta na formação das pescas e num

volte-face para a actividade piscatória e dos seus derivados, quer para a vertente

económica, no sentido de valorizar as actividades económicas em articulação com a

preservação dos recursos naturais e patrimoniais e que podem ser usados como

propensores à atividade turística e de lazer, enquanto fatores de competitividade e

geração de riqueza. É deste modo também possível promover uma maior dinâmica à

população local, para que sejam desenvolvidas soluções para os problemas atuais,

contribuindo assim para uma maior aprendizagem e desenvolvimento baseados nos

saberes locais e na capacitação individual dos sujeitos.

Partindo do princípio de que a participação das pessoas está intimamente ligada ao

processo de conscientização, tal como foi definido por Paulo Freire (1987), todos os

resultados conseguidos através desta participação fazem com que as próprias pessoas

sintam que é possível transformar a sociedade que as rodeia e toda a sua realidade

social. Esta conscientização, alargando os horizontes e permitindo que as pessoas

enfrentem desafios e os tomem como alavanca de dinamização, autonomia, capacitação,

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espírito crítico e reflexivo, etc., irá emancipar esta comunidade e fazer com que exista

uma maior potencialidade e competitividade saudável entre todos, reforçando as suas

próprias capacidades que irão não só impulsionar como potenciar o desenvolvimento.

Como refere Fragoso (2005:68), “Corresponde a valorizar as vivências das populações

para atingir finalidades mais orgânicas.”

Um projecto de intervenção comunitária compreende várias fases, em primeiro lugar

pretende-se fazer um diagnóstico da situação, no qual será detetado e analisado o

problema principal existente na comunidade, e é a partir deste que será desenvolvido

todo o projeto. Deste modo, os problemas sentidos pela comunidade da praia de Faro,

(identificados na análise SWOT) são vários, sendo o enfoque principal do presente

projeto dirigido essencialmente ao subaproveitamento do território, aliado ao fato das

próprias pessoas da comunidade se mostrarem bastante preocupadas com esta questão.

Depois de diagnosticado o problema, partimos desta primeira etapa estabelecendo

prioridades de ação, com base em critérios bem definidos. A praia de Faro possui

recursos naturais e culturais que deverão ser aproveitados de modo a manter a sua

sustentabilidade e é nesta perspetiva que este projeto é direcionado, implementando

formações que irão de encontro à resolução destas problemáticas.

Após delineadas as ações a desenvolver na comunidade da ilha de faro, procedemos à

análise do público-alvo destinado a participar neste projeto. De um modo geral todo o

projeto implica a participação da comunidade da Praia de Faro, mas, especificamente,

destina-se aos desempregados, dando lugar a 30 participantes, de modo a possibilitar a

aquisição de conhecimentos e competências, para que consigam valorizar e reaproveitar

o seu território e melhorar os seus hábitos e modos de vida.

Deste modo, foram traçadas linhas de intervenção e de aplicabilidade na comunidade da

Praia de Faro, as quais partindo de uma participação e interação ativas com a população

e com o contributo de algumas instituições governamentais e não-governamentais,

podem contribuir para o “emancipar” desta comunidade.

Após delineadas as ações a desenvolver na comunidade da praia de faro, utilizámos a

teoria de Rezsohazy (1988) que consiste em primeiramente tentarmo-nos assegurar que

a comunidade-alvo reconhece os seus problemas para posteriormente se poder aspirar a

organizar as necessidades e subsequentemente representa-las em algo que viesse a ser

assumido através da ação pela própria, de modo a aprofundar as questões centrais de

todo o projeto. Após identificados os recursos que a comunidade possui, o problema de

enfoque, as consequências e causas que advém do mesmo, já referidas, segue-se a

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definição dos objetivos e estratégias que levarão por diante o projeto, ou seja, as

atividades que serão realizadas, de acordo com os objetivos definidos.

Objetivos gerais:

Valorizar as atividades económicas em articulação com a preservação dos

recursos naturais e patrimoniais enquanto fatores de competitividade e de geração

de riqueza;

Manter a atividade da pesca de modo a manter a sua sustentabilidade;

Promover a vertente turística e de “refuncionalização” e comercialização no

espaço mar.

Objetivos específicos:

Melhoria da autoestima da comunidade-alvo;

Aquisição de novos conhecimentos, para uma melhoria das qualificações;

Adaptação das embarcações, para o desempenho de atividades turísticas.

Garantir a preservação e valorização do património ambiental e cultural;

Promover a melhoria das condições de vida da comunidade local.

Assim, no nosso entender, existem várias estratégias de intervenção no mundo

mareante, das quais há algumas que se destacam. A visão do “voltar às origens” e (re)

aproveitar os recursos naturais, quer do ponto de vista económico através da

mercantilização do mar e optando por abrir o mundo piscatório a novos horizontes de

mercado, onde a predominância da produção marítima deixa de ter tanta expressão e

passa a considerar os recursos naturais carregados de simbolismos como património

histórico, social e cultural, como parte multifuncional da realidade actual; quer do ponto

de vista social que permite cativar e fixar pessoas para o meio mareante através da

criação de infra-estrutras e políticas sustentáveis gerando de uma forma geral alguns

empregos partindo da capacitação das pessoas, permitindo assim uma participação mais

activa e de envolvimento social, são, em nosso entender, as principais formas de

contribuição positiva para o desenvolvimento local desta comunidade piscatória.

O presente projeto, visa também, de uma forma geral, contribuir para uma visão do actual

conceito “rurbano”, tentando de uma forma objectiva sensibilizar para a reestruturação e

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valorização territorial e patrimonial. Entende-se, deste modo, que o mundo rural piscatório

e o mundo urbano são indissociáveis e logo complementam-se natural e socialmente.

Pretende-se com este projeto estimular a comunidade da Praia de Faro a fazer uma

reflexão pessoal sobre as novas perspectivas de reaproveitamento e valorização do

território, baseando esta política de desenvolvimento territorial como uma mais valia para

o património e impulsionando o fato de que a produção piscatória/marítima pode ser uma

forma de resposta à actual situação de crise económica, quer como forma de

subsistência quer como forma de impulso à produção marítima (turística e piscatória)

como “veículo” de dinamização e capacitação social.

Definidos os objetivos, pretende-se desenvolver este projeto a partir de duas vertentes:

Vertente Piscatória

A pesca é ainda uma actividade a preservar, quer por motivos económicos, uma vez que

este sector primário é imprescindível para a manutenção de uma série de indústrias e

serviços, quer por motivos sociais porque torna vantajosa a qualidade de vida de quem lá

reside, criando postos de trabalho, permitindo assim a fixação das populações, tendo em

conta a não absorvência de todos os grupos sociais nos sectores secundário e terciário

(Martinho, 2000). Para além da importância social e económica das atividades

piscatórias, e pelo seu contributo directo para a criação de riqueza e de emprego, elas

são também relevantes para a dinamização de outras actividades, designadamente a

construção e reparação naval (associada às embarcações de pesca), a indústria (de

transformação e conserva), o comércio e o turismo (como factor de atractividade da

região).

É nestes pontos que se baseia o presente projecto: apostar nos recursos da Praia de

Faro (naturais e humanos) com vista a criar novos horizontes sociais e económicos,

partindo da própria participação da comunidade. Verifica-se, em parte, algum cepticismo

quanto às novas tendências de reaproveitamento do espaço-mar, quer por motivos

económicos, dada a débil conjuntura financeira actual, quer por motivos sociais, pela

dificuldade em cativar e fixar pessoas nestes meios marinhos.

Partindo das condições físicas (quanto ao espaço) e sociais (quanto à mão de obra; as

pessoas) pretende-se assim romper com as resistências de afastamento da comunidade

do seu território de origem e fazer com que vejam e sintam este seu território com

sentimento de pertença, valorizando-o e levando a que esta mesma comunidade se

identifique com este espaço e interiorize o conceito de mais-valia, reaproveitando-o e

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tirando partido da sua riqueza. Com isto, cremos que existem medidas de dinamização.

Tais medidas, partem da formação de novos agentes de desenvolvimento marítimo,

desenvolvendo projetos de cooperação além-fronteiras a fim de se trocarem experiências

e desencadear processos de desenvolvimento nos mundos piscatórios e criar condições

de acesso a infra-estruturas e contribuir para uma melhoria da baixa densidade física e

social do mundo das pescas. É com esta dinâmica de valorização do território, de

capacitação e participação das pessoas, de promoção da reflexão e espírito critico e

criativo, de promoção de autonomia (social, económica, política) que este projeto assenta

a sua funcionalidade.

Vertente Turística

De acordo com Brito (2006), o sector do turismo, apesar da sua prática ter sofrido

grandes alterações ao longo do tempo, é atualmente entendido como um latente meio de

dinamização da economia, de modernização de infraestruturas e de criação de empregos

e (re) qualificação operária, e logo, tem sido perspectiva como polo de atração do

desenvolvimento socioeconómico, quer pelas receitas obtidas quer por permitir a criação

de relações de proximidade com outros sectores de atividade como o agropecuário, a

indústria, o comércio e os serviços e ainda por exigir uma atenção particular no que

respeita aos meios natural e sociocultural.

“O turismo pode contribuir para uma múltipla valorização, de âmbito

sociocultural, económico e ambiental. Sociocultural, ao promover a divulgação

da cultura popular, das práticas tradicionais e das formas de expressão artística

ancestrais, fundamentadas na tradição oral e no costume e ameaçadas de

perda, da preservação patrimonial, histórica e arquitectónica, bem como da

promoção das formas artísticas emergentes. Económica, pela capacidade de

incentivar e dinamizar actividades produtivas complementares, criando postos

de trabalho e melhorando as condições de vida e de trabalho da população

activa, mas também retendo divisas e valorizando o investimento produtivo,

promovendo a revitalização do tecido empresarial. Ambiental, ao criar

condições para que a preservação ambiental e a protecção de espécies se

efective, através da criação de áreas protegidas e de reserva natural.” (Brito,

2006:22).

E a Praia de Faro, nestas relações de proximidade dada a sua boa localização geográfica

quer com o grande centro urbano que é a cidade da Faro (capital de Distrito), quer com a

capital de freguesia, à qual pertence, Montenegro, bem como pela proximidade com a

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grande infraestrutura sediada no limítrofe fronteiriço da sua área, que é o Aeroporto

Internacional de Faro, pode tirar partido das mesmas, cativando, com os objetivos a que

se propõe o presente projeto (dinamização territorial, com alternativas turísticas, e dotar a

sua comunidade de empreendorismo, numa clara participação-ação e impulsionando

assim o setor económico), quer as próprias pessoas da comunidade e assim evitar o

êxodo, quer turistas nacionais e estrangeiros e servir assim como polo de atração.

O Algarve continua claramente identificado com o tradicional produto turístico, em que o

principal mercado são viagens de lazer, não obstante o desenvolvimento de produtos

alternativos e complementares, este articula-se com a oferta regional (e nacional), como

é assumido na estratégia nacional para o sector, que o apresenta como um produto

tradicional a requalificar.

As condições climáticas e oceanográficas da costa do Algarve e a sua localização numa

zona de passagem para o Mediterrâneo têm contribuído para uma procura crescente por

parte da navegação de recreio e o aparecimento de novos portos e marinas aumentaram

consideravelmente a oferta associada a esta actividade no Algarve.

O turismo náutico é um dos cinco “produtos inovadores” que deverão constituir uma

aposta de acordo com o Plano Estratégico Nacional do Turismo. O turismo natureza

também merece destaque, sendo outro dos “produtos inovadores” seleccionados com

potencialidade dada as características inerentes da Ria Formosa, nomeadamente no

âmbito do birdwatching (Polis Litoral, 2008).

Os índices de produção piscatória da praia de Faro não atingem valores muito

satisfatórios, logo, há que apostar nesta dimensão do marítimo não piscatório, ou seja,

numa vertente turística, aproveitando ainda o fato desta se situar muito perto do

Aeroporto Internacional de Faro.

Parcerias

Para a realização deste projeto será imprescindível o estabelecimento de parcerias com

as seguintes entidades públicas e privadas:

Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), com atribuição de bolsas de

formação;

Um protocolo com Rendimento Social de Inserção (RSI) celebrado com o apoio

técnico e financeiro do Instituto de Segurança Social (ISS);

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CCDR-Alg (Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Algarve),

sendo esta a entidade coordenadora do projeto

Polis Litoral, a fim de serem partilhados esforços de reestruturação.

Junta de Freguesia do Montenegro, no apoio às deslocações;

Câmara Municipal de Faro, com apoio nos materiais de desgaste;

Região de Turismo do Algarve (RTA), com apoio de recursos humanos na área da

formação de formadores;

Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, com apoio de recursos

humanos na área da formação de formadores;

Aeroporto Internacional de Faro, que contribuirá financeiramente para a obtenção

das cartas de marinheiros;

Companhias Petrolíferas – GALP, CEPSA e BP, patrocinadores das acções

cívicas;

Visualforma, apoio logístico ao nível informático.

Associações Locais (APRAFA, DUNAMAR, AUIF, CENTRO NAÚTICO)

Estas parceiras valem-se essencialmente pelo apoio financeiro e logístico, no sentido de

proporcionar condições físicas (em termos de equipamento e infraestruturas) e

monetárias (de comparticipação de vencimentos e quantias para aquisição de material

pedagógico e estrutural).

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Orçamento

Atendendo ao plano de atividades/formação, foi definido o seguinte orçamento:

Ilustração 2 - Orçamento

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Cronograma

A formação terá uma duração de 6 meses, compreendida entre Outubro e Março, com o

total de 182 horas de formação.

Ilustração 3 - Cronograma de Formação

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Atividades formativas

Na seguinte tabela são apresentadas as atividades propostas, bem como os seus

objetivos e recursos (humanos, físicos, materiais) necessários para implementação do

projeto de intervenção.

Ilustração 4 - Atividades Formativas

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Projeto de Intervenção Comunitária Praia de Faro

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Avaliação do projeto

Consideramos necessário para avaliação do sucesso deste projeto os indicadores abaixo

descritos.

INDICADORES RESULTADOS

Habilitações literárias da comunidade-

alvo 7º ano

Nº Desempregados

aderentes

Masculino 25

Feminino 5

Nº de Instalações disponíveis para

formação 1

Nº Parcerias

Públicas 8

Privadas 9

Aproveitamento 30

Nº de co-investigadores (de dentro da

comunidade) 3

Ilustração 5 - Tabela de indicadores

Consideramos que este projeto terá sucesso se o número inicial de formandos se

mantiver até ao final do mesmo e o concluir com aproveitamento.

No entanto, só será possível avaliar os objetivos propostos inicialmente se existir um

acompanhamento dos formandos após terminus do projeto.

Assim, espera-se que estes consigam aplicar os conhecimentos e competências

adquiridos no decorrer da formação, para que possam reaproveitar a ria e os seus

recursos para a sua própria sustentabilidade.

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Considerações finais Consideramos que existem várias estratégias de intervenção no mundo mareante, das

quais há algumas que se destacam. A visão do “voltar às origens” e (re) aproveitar os

recursos naturais, quer do ponto de vista económico através da mercantilização do mar e

optando por abrir o mundo piscatório a novos horizontes de mercado, onde a

predominância da produção marítima deixa de ter tanta expressão e passa a considerar

os recursos naturais carregados de simbolismos como património histórico, social e

cultural, como parte multifuncional da realidade actual; quer do ponto de vista social que

permite cativar e fixar pessoas para o meio mareante através da criação de

infraestruturas e políticas sustentáveis gerando de uma forma geral alguns empregos

partindo da capacitação das pessoas, permitindo assim uma participação mais activa e

de envolvimento social, são, em nosso entender, as principais formas de contribuição

positiva para o desenvolvimento local desta comunidade piscatória.

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Projeto de Intervenção Comunitária Praia de Faro

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Projeto de Intervenção Comunitária Praia de Faro

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