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REDAÇÃO E EDIÇÃO EM REVISTA
Fábio R. da Silva
O ESTILO MAGAZINE: PROJETO
O texto é uma conciliação entre as técnicas jornalísticas e literárias. Asrevistas exigem dos profissionais que nela trabalham, texto maiselegante e sedutor. Não há regras muito rígidas. Elas tratam de umarealidade comum a todos, mas não fazem exatamente literatura.
As revistas fazem o tão sonhado jornalismo interpretativo. Como os textos são maiores, exigem que o pensamento seja organizado de forma tal, que tenha uma lógica e seqüência próprias, para beneficiar o leitor diretamente.
Pensar/ organizar as idéias (texto com início, meio e fim) para queprenda a atenção do leitor do começo ao fim. Um texto com beleza.
Tonalidade: Após a organização das idéias (ganchos) escolha o tom doseu texto. Não esqueça que tom é diferente de angulação. O primeiroé a escolha prévia da linguagem enquanto o segundo será o sentidoque você vai dar a matéria para que ela seja “neutra” ou não.
Texto da revista busca interpretar o fato, diferentemente do jornal,que apenas vai noticiar.
Contextualize o tema! O texto de revista é um documento histórico.
DESENVOLVIMENTO• Quanto melhor organizado o texto mais clara ficará a matéria.
• Neologismos, coloquialismo e gírias podem ser utilizados no texto
para revista, mas com moderação.
• Crânio da mulher aumentou com o tempo É o que indicam análises de crânios
europeus que remontam a 400 anos atrás, feitas por pesquisadores dos EUA.
Normalmente, assim como o corpo, o crânio do homem tende a ser maior do que o
da mulher. Mas, comparando ossadas, os caras notaram que essa diferença está
desaparecendo com o tempo.
• Thomas Hobbes e Charles Darwin foram homens simpáticos cujos nomes se tornaram
adjetivos detestáveis. Ninguém quer viver num mundo hobbesiano ou darwiniano (para
não falar malthusiano, maquiavélico ou orwelliano). Os dois homens foram
imortalizados no léxico por terem feito uma síntese cínica da vida em estado natural –
Darwin, com a “sobrevivência do mais apto” (frase que ele usou, embora não a tenha
cunhado), e Hobbes, com a “vida solitária, pobre, sórdida, brutal e curta do homem”.
No entanto, ambos nos deram percepções da violência que são mais profundas, mais
sutis e, no fim das contas, mais humanas do que fazem crer seus adjetivos epônimos.
Hoje, qualquer tentativa de compreensão da violência humana tem de começar pelas
análises que eles nos legaram.
Dormir pouco pode acabar com seu namoro
Esse negócio de ficar sem dormir acaba com a vida de qualquer um: deixa você
mais feio, com cara de acabado, cada vez mais gordo, mau caráter (pois é),
e ainda pode colocar um fim no seu relacionamento.
É que quando dormimos pouco, ficamos mais egoístas. E sem tempo (ou
paciência) para agradecer ou prestar atenção nos cuidados e carinhos do
parceiro. Aí se a chatice for constante e seu amor se sentir desvalorizado, por
conta da falta de atenção e reconhecimento, as chances de seu namoro
acabar mal e antes do que você desejava são bem grandes.
Foi o que indicou a pesquisa da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos
Estados Unidos. Eles convidaram 60 casais, de 18 até 56 anos, para
participarem de dois testes. No primeiro, cada voluntário teve de listas em um
diário, durante alguns dias, 5 atitudes legais do parceiro que mereciam
reconhecimento. Eles também relatavam quanto tempo haviam dormido – e se
tinha sido uma boa noite de sono. No segundo experimento, os casais tiveram
de resolver, juntos, alguns desafios de lógica.
Em geral, nos dois casos, quem dormia pouco se importava e valorizava
menos o parceiro – e nem sequer se davam conta disso.
Por via das dúvidas, melhor ir dormir…
Cuidado com a pontuação para o texto não ficar
cansativo, troque, quando necessário, : por ; ou , por .
Ilustre, lembre, exemplifique, confronte idéias.Use verbos
de apoio quando confrontar idéias: alfinetou, zombou,
implorou, insultou ao invés de: afirmou, disse...
Não encha lingüiça, quando for a hora, acabe o texto.
DICAS
•Não edite o texto enquanto escreve, isso pode bloquear o
fluxo criativo.
•Seja tolerante com seus erros.
•Deixe esfriar!
•Saia do “automático”
•A hora de parar
FOCO
“Por onde começar? Pela definição do foco, o fio
condutor. É em torno dele que tudo vai girar. O que
você quer dizer com a matéria? Qual a mensagem
ou essência? Tente responder essas perguntas
com uma ou duas frases de forma direta, rápida e
simples. O conteúdos dessas frases passará a ser
o fio condutor, um guia para as decisões que serão
tomadas a cada passo no processo de edição do
texto. Com ele você terá condições de selecionar o
que fica e o que sai, o que é bom e o que é
supérfluo, além de “amarrar” a matéria” (ELI, 2010,
p. 247)
A abertura da matéria precisa atrair o leitor, as informações
principais, assim como o fato que originou a matéria, não têm,
necessariamente, de vir nas primeiras linhas.
Relevância: Se um disco voador aterrissou em Patos, basta dizer
isso. Entretanto, se o assunto não for tão fantástico, será preciso
que tenha informação, uma ideia, uma história. Evite palavras vazias
e frases soltas!
Promessa: A abertura faz uma promessa, geralmente implícita. Qual
a promessa feita? A matéria cumpre?
Curiosidade: é mais aguçada quando o texto omite alguma coisa do
que revela tudo. O elemento que falta pode ser um motivo, uma
identificação, uma explicação ou uma declaração. Numa abertura
longa, pode-se construir o suspense no primeiro parágrafo,
desvendá-lo parcialmente no segundo, e apresentar a revelação no
terceiro.
ABERTURA
Realçar a visão (abertura fotográfica, cinematográfica ou descritiva)
Realçar a visão (abertura fotográfica, cinematográfica ou descritiva)
Aconteceu lá pelos idos de 1950, numa pequena cidade do
interior de Minas Gerais. O prefeito avisou que iria ligar, pela
primeira vez, o único aparelho de televisão da cidade. Montou
uma espécie de oratório no coreto da pracinha e a população
correu ao local. Na hora marcada, o político acionou o botão e
a tela ficou cheia de chuviscos. Não conseguiu sintonizar a
programação. Mas o povo achou lindos os arabescos
eletrônicos. Era o princípio de uma idolatria à televisão que
chegaria ao ponto de, hoje em dia, muita gente não ter
geladeira, mas não dispensar um aparelho de tevê. Não sem
certa razão. Afinal, este eletroeletrônico onipresente é a
grande diversão gratuita. Ao longo de 50 anos de atividade no
Brasil, a serem completados no próximo dia 18, o veículo
proporcionou muitas alegrias, tristezas e informação.
Realçar a visão (abertura fotográfica,
cinematográfica ou descritiva)
Pesquisadores brasileiros desenvolveram painéis plásticos
capazes de gerar eletricidade a partir da luz do Sol. A
descoberta é parte de uma tendência em alta no Brasil: o
desenvolvimento e a inserção de tecnologias verdes. O
plástico é fino e flexível, com aparência bastante comum, mas
se trata de um painel de geração de energia fotovoltaica. O
material, que em nada se parece com as pesadas e caras
placas de silício que imaginamos ao pensar nesta fonte de
eletricidade, foi criado por cientistas do CSEM Brasil, instituto
com sede em Minas Gerais.
Realçar a audição (abertura-citação–declaração real ou imaginada)
“Muitas vezes, ter uma carreira profissional de sucesso nada mais é do
que vender a alma para o sistema. Cheguei a coordenar equipes, tinha
um cargo de confiança e a expectativa de um plano de carreira, mas
vivia insatisfeito. Vivendo aqui, ganhei, de cara, três a quatro horas do
meu dia, pelo simples fato de trabalhar a cinco minutos de casa.
Trabalho de chinelo, bermuda, camiseta e feliz.”
A conclusão é do jovem paulistano, Leandro Diego Lima Pequeno, de
28 anos. Funcionário da companhia aérea TAM por 12 anos, e formado
em Marketing, Diego, como é conhecido em Jericoacoara, decidiu
abandonar carreira profissional e bens materiais, e ainda convenceu a
noiva Bruna – única filha mulher, para desespero de seus pais que
moram em São Paulo – a partir com ele para viver na antiga vila de
pescadores, em março de 2012.
Realçar a audição (abertura-citação–declaração real ou imaginada)
Realçar a audição (abertura-citação–declaração real ou imaginada)
Às 22h30 de um recente dia útil, Luiz Paulo Roriz
aproximou o rosto do gravador e, ao ouvir o
primeiro acorde no palco, sussurrou: “Começando
o registro de música ao vivo. Danceteria Far Up,
Rio de Janeiro.” Acrescentou data, hora e nome
completo. Depois se calou, concentrando-se na
balada romântica que a banda executava: I’m
never gonna dance again,/ guilty feet have got no
rhythm, de George Michael. “Se alguém me
pergunta o que estou fazendo, digo que explico
depois. A conversa atrapalha”, justifica.
Realçar a imaginação (Abertura comparativa ou imaginativa)
Realçar a imaginação (Abertura
comparativa ou imaginativa)
Desde 1992 a Organização das Nações Unidas (ONU) busca
um acordo entre seus países membros com o objetivo de
atenuar a influência humana em mudanças no clima global.
Mas uma das principais medidas, a redução na emissão de
carbono, esbarra em consequências negativas às economias
locais. Mais de 20 anos depois, as negociações ainda não
resultaram em tratados consensuais.
Realçar a pessoa (Contar a história pessoal colocando-se em causa
ou pondo o leitor em cena)
Realçar a pessoa (Contar a história pessoal colocando-se em causa
ou pondo o leitor em cena)
Você tem 30 e poucos anos, namora firme ou acaba de casar.
Logo, começa a ouvir dos pais, dos amigos e até da
manicure: “Quando vai engravidar?”. Raramente a pergunta é
feita com o verbo “pretende”. Até porque muitas – ou a
maioria – das mulheres não questionam a maternidade,
considerada natural. E quando a resposta é “não quero”, as
reações frequentes de quem se espanta com o fato são
acompanhadas de: “Como assim? É algum problema?”. Vale
lembrar que estamos no século 21. As mulheres são chefes
de família, presidentes da República e de empresas, e a
pílula anticoncepcional existe há cinco décadas. Além disso, o
número de casais sem filhos no Brasil aumentou de 13%
(1999) para 17% (2009), enquanto as famílias com filhos
diminuíram 5%, segundo o IBGE.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALI, Fátima. A arte de editar revistas. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2009.
SODRÉ, Muniz. Técnica de reportagem: notas
sobre a narrativa jornalística. São Paulo:
Summus,1986.
VILAS BOAS, Sergio. O estilo magazine: o texto em
revista. São Paulo: Summus, 1996.