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REGISTRO REFLEXIVO DAS ATIVIDADES ENVOLVENDO O LIVRO “O QUE TEM NESTA VENDA? ELIAS JOSÉ Sou Ana Lúcia Antunes. Leciono na Escola Santo Antônio, em Petrópolis, Rio de Janeiro. Minha turma de 1° ano é composta de 15 crianças. Através do blog oficinasdealfabetizacao, conheci o livro O que tem nesta venda?, de Elias José e algumas propostas de atividades bem interessantes, as quais pude colocar em prática na minha classe. Como foi muito relevante o trabalho, cujos resultados foram muito positivos, resolvi compartilhar o registro a seguir. Comecei o trabalho com o livro “O que tem nesta venda?”, de Elias José, muito entusiasmada e ansiosa. Minha turma gosta muito de brincadeiras, textos rimados e sabia que este poderia ser um trabalho interessante. Iniciei explorando, como sempre faço, a capa do livro, informando sobre o autor e sobre o ilustrador. As crianças acharam interessante uma pessoa em uma cadeira de rodas. Conversamos sobre isso. Quando perguntei sobre o que deveria falar este livro, eles responderam que deveria ser sobre alguma loja e que iria mostrar prateleiras com produtos de um mercado. Quando li a primeira parte: “Fui à venda comprar ricota. Como não tinha, comprei torta.” Começaram a rir! Naquele momento tive a certeza de que gostariam muito do livro. Acharam inusitado, porém não fizeram perguntas. Fui lendo cada parte e fui deixando um suspense quanto ao produto que ser ia substituído. Cada vez que eu lia achavam muita graça. Ao término da leitura disseram que gostaram muito e pediram para que eu lesse novamente. Fui lendo e eles respondendo com a rima correta. Quando terminei de ler perguntei o que acharam interessante. Luis Eduardo disse: “Eu já entendi. Quando ela não encontra o que quer compra outra coisa que rima!” Todos perceberam! A pedidos, fiz uma terceira leitura e depois deixei o livro com as crianças, passando de mão em mão para que vissem de perto! Eles adoram isso! Fui perguntando se rimar era fácil, como eles faziam quando queriam rimar e pedi que explicassem. Algumas crianças disseram que tinha que ter o mesmo som, entretanto não souberam dar mais detalhes. Comecei então a explorar a rima em nossos nomes. Fui anotando o que iam falando para as rimas dos nomes da classe. Algumas crianças confundiam o final da palavra com o começo. Assim, quando perguntava sobre uma palavra que rimava com Gabriel, alguém disse: garoto. Penso que seja porque começa com ga e porque Gabriel é um menino, talvez. Mas a maioria da turma conseguiu fazer as reflexões sonoras e encontramos diversas rimas. Bacana nisso tudo foi a alegria na classe! Todos achavam a maior graça em tudo que era falado e inventado. Os que não gostavam da rima pediam outra. Fizemos uma atividade com as rimas do próprio livro. O trabalho era completar uma tabela com as rimas do livro, afinal queria trabalhar com o Lince, então estávamos apenas começando. O desafio da tarefa era ler o nome do produto e escrever a rima correta, de acordo com o livro.

Registro completo O que tem nesta venda?

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REGISTRO REFLEXIVO DAS ATIVIDADES ENVOLVENDO O LIVRO “O QUE TEM NESTA VENDA? “ ELIAS JOSÉ

Sou Ana Lúcia Antunes. Leciono na Escola Santo Antônio, em Petrópolis, Rio de Janeiro. Minha turma de 1°

ano é composta de 15 crianças.

Através do blog oficinasdealfabetizacao, conheci o livro O que tem nesta venda?, de Elias José e algumas

propostas de atividades bem interessantes, as quais pude colocar em prática na minha classe. Como foi muito

relevante o trabalho, cujos resultados foram muito positivos, resolvi compartilhar o registro a seguir.

Comecei o trabalho com o livro “O que tem nesta venda?”, de Elias José, muito entusiasmada e ansiosa.

Minha turma gosta muito de brincadeiras, textos rimados e sabia que este poderia ser um trabalho interessante.

Iniciei explorando, como sempre faço, a capa do livro, informando sobre o autor e sobre o ilustrador. As crianças

acharam interessante uma pessoa em uma cadeira de rodas. Conversamos sobre isso. Quando perguntei sobre o

que deveria falar este livro, eles responderam que deveria ser sobre alguma loja e que iria mostrar prateleiras com

produtos de um mercado.

Quando li a primeira parte: “Fui à venda comprar ricota. Como não tinha, comprei torta.” Começaram a rir!

Naquele momento tive a certeza de que gostariam muito do livro. Acharam inusitado, porém não fizeram perguntas.

Fui lendo cada parte e fui deixando um suspense quanto ao produto que ser ia substituído. Cada vez que eu lia

achavam muita graça. Ao término da leitura disseram que gostaram muito e pediram para que eu lesse novamente.

Fui lendo e eles respondendo com a rima correta. Quando terminei de ler perguntei o que acharam interessante.

Luis Eduardo disse: “Eu já entendi. Quando ela não encontra o que quer compra outra coisa que rima!” Todos

perceberam! A pedidos, fiz uma terceira leitura e depois deixei o livro com as crianças, passando de mão em mão

para que vissem de perto! Eles adoram isso!

Fui perguntando se rimar era fácil, como eles faziam quando queriam rimar e pedi que explicassem. Algumas

crianças disseram que tinha que ter o mesmo som, entretanto não souberam dar mais detalhes. Comecei então a

explorar a rima em nossos nomes. Fui anotando o que iam falando para as rimas dos nomes da classe. Algumas

crianças confundiam o final da palavra com o começo. Assim, quando perguntava sobre uma palavra que rimava

com Gabriel, alguém disse: garoto. Penso que seja porque começa com ga e porque Gabriel é um menino, talvez.

Mas a maioria da turma conseguiu fazer as reflexões sonoras e encontramos diversas rimas. Bacana nisso tudo foi

a alegria na classe! Todos achavam a maior graça em tudo que era falado e inventado. Os que não gostavam da

rima pediam outra.

Fizemos uma atividade com as rimas do próprio livro. O trabalho era completar uma tabela com as rimas do

livro, afinal queria trabalhar com o Lince, então estávamos apenas começando. O desafio da tarefa era ler o nome

do produto e escrever a rima correta, de acordo com o livro.

Fiz oralmente, como sugerido, a atividade de “ Lá vai a barca carregadinha de...” Utilizei palavras que

davam várias possibilidades de respostas. Todos gostaram muito. Em outra oportunidade fizemos também por

escrito. Gabriel disse que gostou da atividade porque teve que pensar muito para achar as respostas. Maria

Antonia disse que gostou por achar divertido e engraçado. Luis Eduardo gostou porque a barca pode carregar

qualquer coisa.

Quando a atividade da barca foi escrita (feijão e canela), levei várias palavras em forma de ficha. Umas

terminadas com ão e outras com ela. Eles classificaram os finais para saber em qual barca cada palavra deveria

embarcar. Após, guardei as palavras e fui ditando para que escrevessem no lugar certo. Dessa forma, houve o

primeiro desafio que seria o de classificar e o segundo de refletir na escrita de tais palavras e não ficar apenas

numa tarefa de cópia.

Parti para o objetivo de reconhecimento das imagens que foram utilizadas no jogo. Fiz uma nova tabela com

as imagens. Eles deveriam escrever os nomes das figuras, mas para não ficar igual à primeira atividade propus uma

ampliação das rimas. Foi uma atividade interessante porque tiveram que pensar em novas rimas a partir de outras

construídas pelo autor. Essas atividades de ampliação das rimas foram interessantíssimas porque propuseram

novas reflexões. A principal foi que puderam observar na prática que um mesmo som pode ter escritas diferentes:

pastel/chapéu pé de moleque/Shrek. Nesse momento pensei que se o tabuleiro do Lince não estivesse pronto eu

poderia ampliá-lo. Também há outra possibilidade: ampliar as cartas que servem de base para a busca das imagens

no tabuleiro. Assim o torna até mais desafiador. Mas isso só se descobre na Prática mesmo!

Levei para a sala de aula diversas palavras para que classificassem. Deixei folhas coloridas coladas no

quadro e disse que teriam que fazer a leitura das palavras e classificar num grupo de rimas. Todos participaram

dando dicas para os colegas. Quando terminamos essas classificações, lemos os grupos e as crianças ilustraram.

Formamos um painel de rimas.

Propus aos alunos que utilizássemos as rimas com nossos nomes para a criação de um novo livro! Ana

Carolina, muito esperta, disse “ O que tem na venda do 1° ano?” Considero que o processo de pensamento dessas

rimas foi um dos mais produtivos, pois tinham que seguir a linha do livro e foi muito interessante e em alguns

momentos espantoso. Usamos as rimas do trabalho inicial, em alguns casos achamos outras e ainda ampliamos.

Ana foi à venda comprar banana (rima inicial), como não tinha, comprou.... iguana (ampliação), disse Luis Filipe.

Gabriel perguntou o que era iguana e Luis todo metido responde: “É um bicho, você não sabe! Meu pai já me

mostrou num livro de bichos!” Os alunos ficam repetindo oralmente o final de cada palavra até encontrarem uma

rima. Maria Antonia.... onia, onia, onia: colônia/Amazônia. Maria Antonia foi à venda comprar colônia. Como não

tinha, viajou para a Amazônia. A ampliação do vocabulário é outra grande contribuição: histérica, iguana, colônia,

manicure, pequi, América... e tudo isso de forma bem lúdica. A interação entre eles também foi muito positiva!

Certamente se tivesse todos esses objetivos, com atividades tradicionais eu não teria esses resultados.

No dia 16 de agosto cheguei à sala de aula com um computador para mostrar uma novidade: o Lince no

blog! Fiz a leitura do post e expliquei o jogo. Eles ficaram interessados e intrigados em saber como algo que eu

havia feito estava na internet. Tirei o jogo da bolsa e todos começaram a gritar! Tive que contê-los! Todos queriam ir

para a mesa coletiva para jogar. Aos poucos foram se acalmando. Expliquei as regras e jogamos o Lince fonológico.

Jogaram muito bem, procuraram as imagens e foi uma diversão! Todos gostaram bastante. Como era o jogo de

reflexão fonológica e envolvia o pensamento rápido, todos tiveram a chance de jogar de igual pra igual, inclusive

alguns alunos que possuem mais dificuldades. Como o tabuleiro é feito de vinil, a cada rodada girávamos o tabuleiro

e dessa forma não se decorava a posição das figuras.

No dia seguinte jogamos o Lince como reconhecimento de palavras. Ficou evidente que quem tem mais

autonomia e fluência na leitura consegue ganhar o jogo. É necessário equilibrar os participantes. Jogávamos sempre

com quatro pessoas. Os outros torciam e aguardavam sua vez. Dessa forma, pude organizar os quartetos para que

o jogo ficasse desafiador e interessante para todos. Durante uma avaliação perguntei a cada aluno qual o tipo de

jogo preferido. Como imaginava, os que ainda não lêem com fluência preferem o lince fonológico e aqueles cuja

leitura já é autônoma, preferem o lince de reconhecimento de palavras. Maria Luiza: “Eu prefiro o jogo de ler porque

eu li rápido e ganhei!”

Tivemos também uma proposta de escrita na aula de informática. Samuel lia as frases e as crianças

completavam com a rima e escreviam no Word.

Nosso livro ainda não está pronto porque as crianças ainda estão ilustrando. Em breve mando notícias dele.

Estamos ampliando o trabalho com a música “Sopa” Palavra Cantada. Iremos propor novas rimas para a música.

Estou terminando a confecção do baralho e do bingo fonológico “O que tem nesta venda?” Vou continuar

explorando. Mandei plastificar para ficar mais resistente.

Este trabalho para mim foi muito interessante, principalmente por confirmar a ideia de que um trabalho

significativo é a certeza de bons resultados. As crianças estiveram muito motivadas e aprenderam com interesse.

Além disso, todos participaram, inclusive os mais quietinhos, silenciosos. Aproveitei para elogiar o grupo e espero

continuar proporcionando novos desafios e poder mostrar que aprender a ler e escrever pode ser de forma divertida,

alegre e estimulante. O blog da Lica proporciona a qualquer professor novas possibilidades, basta querer.

Ana Lúcia Pinto Antunes